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Portugués, Political, 1 temporada, 42 episodios, 0 horas, 0 minutos
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Acompanhe os repórteres da RFI em conteúdos que ilustram o pulsar do mundo na sua diversidade.
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O belo na Ressonância do Ser que Nuno Martins apresenta em Lisboa

Ressonância do Ser é o título da exposição de pintura que Nuno Martins apresenta no Centro Cultural de Cabo Verde. Na primeira mostra que o artista e poeta cabo-verdiano realiza em Lisboa, o fruidor é confrontado com um jogo de experiências que remetem para uma introspecção onde o ser e o outro se constroem enquanto átomos pictóricos e se prestam a serem representados.  A intensidade poética de Ressonância do Ser vai além das expressões que se nos mostram, apela à razão, à evolução filosófica e cognitiva para que nos aproximemos de uma contemplação do belo.A exposição, que apresenta uma selecção de obras do multifacetado artista, está dividida em três núcleos temáticos e pode ser visitada no Centro Cultural de Cabo Verde, em Lisboa, até 23 de Março.Clique aqui para conhecer a obra de Nuno Martins.Veja aqui algumas das pinturas do artista: 
27/1/20240 minutos, 0 segundos
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"Maior sucesso para nós tem sido na área da reconciliação e pacificação" de Timor-Leste

Ramos-Horta está em Paris onde teve um encontro com Emmanuel Macron e onde é patrono de um prémio da organização Líderes para a Paz. Em entrevista à RFI, o Presidente de Timor-Leste e Prémio Nobel disse que na Ucrânia vão ser precisos muitos anos para construir a paz e que a reconciliação entre timorenses é o maior sucesso do país. Em entrevista à RFI, o líder timorense falou sobre o encontro com o Presidente Emmanuel Macron, o interesse de França em Timor-Leste, mas também sobre a paz e a reconciliação em Timor-Leste como um potencial exemplo para os conflitos que existem actualmente no Mundo. José Ramos-Horta disse ainda estar preocupado com a situação na Guiné-Bissau, mas que espera que o seu homólogo Umaro Sissoco Embaló consiga dialogar com todos os guineense a bem da democracia no país.RFI: Como correu o encontro com Emmanuel Macron?José Ramos-Horta: Fui muito bem recebido por Emmanuel Macron. Falámos sobre Timor-Leste, eu dei-lhe as notícias, um quadro positivo de Timor-Leste tranquilo [...] Num quadro mundial tão negro, pelo menos há um oásis de tranquilidade.Do ponto de vista regional e internacional, falámos da China, de Myanmar, eu enfatizei o problema de Myanmar e outras questões. Falámos sobre a fome no Mundo e do meu papel com o Presidente do Chile para mobilizar e sensibilizar o Mundo para as pessoas com mais idade, mas também do combate à subnutrição infantil. É uma questão moral e ética.Falei no meu interesse em ver uma Embaixada francesa em Timor-Leste, ele reagiu bem e vamos ver agora como fazer o seguimento disto. O encontro foi magnífico e caloroso.Há actualmente em Timor-Leste um grande investimento francês, do grupo Bolloré, que é o porto de águas profundas de Tibar Bay. Falou com Emmanuel Macron sobre outros projectos e outras oportunidades de investimento em Timor?No sector hoteleiro, Timor-Leste tem urgência em atrair investimento. Desde logo, com a necessidade de diversificar a nossa economia, mas para além do turismo há muita coisa a fazer. Uma delas são as nossas infra-estruturas com a modernização do nosso aeroporto. Outra área são as telecomunicações, este ano esperamos receber o cabo submarino que vem da Austrália que vai modernizar as telecomunicações em Timor e precisamos de hotéis, para além do turismo, para a nossa adesão à ASEAN, já que vamos receber centenas de pessoas e falei da importância de mobilizar os grandes conglomerados franceses de hotéis.Falaram também desta adesão em curso à ASEAN? A França apoia a rápida adesão de Timor-Leste a esta organização?A União Europeia no seu todo e países individualmente como Portugal sempre apoiaram a adesão de Timor à ASEAN e, neste momento, vários países têm programas de apoio para acelerar e melhorar os nossos recursos humanos. É um enorme investimento e uma exigência para respondermos à agenda da ASEAN, como a União Europeia, com reuniões intermináveis e isso mobiliza centenas de pessoas. A França e a Inglaterra ofereceram-se para intensificar a formação de quadros timorenses.Está em França para participar na atribuição de um prémio da organização Líderes pela Paz do antigo primeiro-ministro francês Jean-Pierre Raffarin. O que pode dizer sobre a paz no Mundo actualmente?Já perdi a conta das intervenções que tenho feito ao longo de anos sobre a Paz e, às vezes, tenho dito até a outros Prémio Nobel, talvez tenhamos passado a mensagem errada porque há tanto tempo que falamos de paz e o Mundo está pior.Em Roma, falei com o Papa Francisco, que me recebeu em Roma calorosamente, sobre a Paz e a minha frustração e partilhamos estas angústias, mas ele disse que temos de continuar a combater pela Paz e não há que desistir.Esta iniciativa com a organização Líderes pela Paz é extremamente importante, sobretudo tendo às portas da França a guerra da Ucrânia, com todas as consequências e as feridas vão durar muitos e muitos anos.No dia em que as armas se calarem, começa a reconstrução do país e começa também o sarar das feridas e isso vai exigir líderes com credibilidade de parte a parte, na Rússia, na Ucrânia e na Europa toda. Sem sarar as feridas da guerra, a paz vai ser sempre frágil.E nisso Timor pode ser um exemplo?Eu não sei se seremos exemplo para alguém, mas a verdade é que o maior sucesso para nós tem sido na área da reconciliação e pacificação nas relações internas entre timorenses, entre timorenses com a Indonésia e com países que no passado apoiavam a Indonésia como os Estados Unidos ou a Austrália, hoje temos boas relações com eles. Assim como com o Japão ou com a China.Países pequenos têm muito menos responsabilidades. Isto é, temos capacidade para fazer mal a nós próprios, não temos capacidade para fazer mal aos outros. Agora os países grandes quando tomam decisões erradas, afectam todos nós.Sendo Timor um país pacífico e calmo, os nossos amigos como Portugal já não se preocupam connosco. Somos uma preocupação a menos. Ao longo de anos foi um angústia para Portugal e outros países amigos, hoje já não. Timor é uma consolação.Esteve com o Papa Francisco que lhe disse que irá a Timor este ano. O que é que isso significa para os timorenses?Nada no Mundo é mais importante para os timorenses do que uma visita papal. E Sua Santidade disse-me que quer ir a Timor-Leste. Uma equipa papal já está a caminho de Timor para estudar o programa e todas as condições relacionadas com uma visita talvez este ano, eu digo talvez porque não posso adiantar o anúncio oficial por parte da Igreja.Uma visita de Sua Santidade é o acontecimento do século para nós, mas preocupa-me o estado de saúde do Papa Francisco.Foi durante um ano e meio enviado do secretário-geral das Nações Unidas para a Guiné-Bissau. Qual é a sua mensagem para este país que está passar um momento muito conturbado?Há muita preocupação perante as notícias vindas da Guiné-Bissau sobre a situação actual, mas eu acredito que o senhor Presidente Sissoco que eu conheço bem, esteve em Timor-Leste há pouco tempo, falo com ele muitas vezes ao telefone, que encontre uma oportunidade de diálogo com Domingos Simões Pereira, o presidente da Assembleia Nacional guineense e com todos os outros para que a Guiné-Bissau seja pacificada e estabilizada.Tem um potencial enorme para ser um país próspero na região. Tem todos os recursos naturais e estratégicos.Eu acredito que o Presidente Sissoco vai falar com os seus irmãos guineenses e é preciso que todos sejam humildes, disponíveis para o diálogo.Diferenças políticas há sempre numa democracia, mas temos de as saber gerir e aceita-las. Quem é eleito governa, nós facilitamos a vida a quem é eleito, não vamos criar obstáculos ou problemas. É a minha presidência em Timor-Leste.
25/1/20241 minuto, 0 segundos
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"Amílcar Cabral é uma bússola", Rita Ié, directora da Casa da Cultura da Guiné Bissau

No dia em que se assinalam 51 anos do assassínio de Amílcar Cabral, em Conacri, a 20 de Janeiro de 1973, e no ano em que se comemora o centenário do nascimento de Cabral, foi inaugurada a Casa da Cultura da Guiné-Bissau. O projecto, que surge após alguns actores culturais reconhecerem a ausência de representação da cultura da Guiné-Bissau, foi apresentado na sede da UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa), em Lisboa."Albergar toda a vasta cultura da Guiné-Bissau e todos os actores culturais" são os objectivos da Casa da Cultura na capital portuguesa, por enquanto ainda sem espaço físico, que tem como directora a socióloga e escritora Rita Ié.O destaque que a programação da Casa da Cultura da Guiné-Bissau vai dar à celebração do centenário de Amílcar Cabral, a importância de realizar a inauguração da Casa da Cultura a 20 de Janeiro, o legado de Amílcar Cabral para as gerações mais novas e as situações complexas que se vivem actualmente na Guiné-Bissau, são alguns dos temas abordados ao longo da entrevista com Rita Ié.
20/1/20240 minutos, 0 segundos
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Encontro histórico de Jazz em Bissau

Os músicos portugueses de Jazz André Sousa Machado, Bernardo Moreira, João Pedro Coelho e João Moreira estiveram em Bissau, onde tocaram um repertório que criou pontes entre Portugal e a Guiné-Bissau. Os músicos portugueses de Jazz André Sousa Machado, Bernardo Moreira, João Pedro Coelho e João Moreira estiveram em Bissau com três concertos: no Centro Cultural Português de Bissau, na escola de música Nino Galissa e no hotel Coimbra.Fazer estes três concertos na Guiné-Bissau "foi um sonho tornado realidade", começou por lembrar Bernardo Moreira. O convite partiu do Director do Centro Cultural Português em Bissau, António Nunes, que lançou o desafio de levar à Guiné-Bissau um grupo de jazz a tocar música instrumental."Os concertos correram muito bem. As salas estiveram cheias e houve um lado emocional por tocar na escola em construção do Nino Galissa. O espaço é absolutamente fantástico. É um projecto embrionário e foi marcante poder inaugurar o espaço", afirma André Sousa Machado.Também João Pedro Coelho partilha a emoção que foi "chegar a Bissau e tocar com pessoas que estão a aprender música, com um background muito diferente, foi muito emocionante".Em Bissau, os músicos portugueses deram um workshop. Para João Moreira este foi "um desafio no sentido em que é pouco tempo para se falar de muita coisa. Naquele momento já não sou músico a tocar, nem o ouvinte na assistência, sou um professor. Tentei explicar  coisas que podem tomar o seu tempo, cinco a dez anos de estudo: o desafio foi tentar falar destas coisas de forma directa e inteligível",contou."O músico jazz está preparado para ter uma capacidade de adaptação quase imediata e instantânea ao que ouve e o rodeia, mas claro que há químicas, como em tudo na vida. As relações musicais também vivem da química e é verdade que entre nós há uma cumplicidade que têm a ver com as nossas personalidades, gostamos das mesmas coisas. O público é sempre muito sensível àquilo que vê e que ouve e esse resultado é que faz com que haja essa troca de energia entre o palco e plateia. Quando as coisas funcionam dessa maneira é como que um somatório de emoções várias que circulam na sala", descreve Bernardo Moreira. O repertório foi escolhido para criar uma ponte entre Portugal e Guiné-Bissau. "O João Pedro tem um trio onde eu e o André tocamos. Eu tenho alguns projectos em que cruzo a música popular portuguesa com o universo do Jazz. Propus mostrar este nosso percurso e trouxemos duas figuras absolutamente incontornáveis da história da musica popular em Portugal: trouxemos um tema do Zeca Afonso e outro tema do Carlos Paredes", descreve Bernardo Moreira.De Bissau, os músicos portugueses levam "uma colecção de emoções: muito do que vivemos aqui é absolutamente comovente, fascinante e fica um sentimento de maravilha e deslumbro. É inegável que há um choque com uma realidade duríssima e às vezes fica difícil conciliar sentimentos", concluiu João Moreira. 
24/12/20230 minutos, 0 segundos
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"O nosso parlamento continua intacto e deve continuar a funcionar"

A polícia guineense impediu esta quarta-feira, 13 de Dezembro, o acesso de deputados da coligação PAI - Terra Ranka à Assembleia Nacional Popular e dispersou as pessoas que se encontravam em frente ao Parlamento com recurso a granadas de gás lacrimogéneo.  Entre as 10 e 10h30 da manhã, a Polícia de Intervenção Rápida atirou granadas de gás lacrimogéneo nas estradas que dão acesso ao parlamento, obrigando deputados cidadãos e crianças a fugir. Foi o caso do militante Queba que acompanhámos numa corrida à procura de um lugar seguro."Estive em frente ao Parlamento esta manhã e, de repente, surgiram carros com polícias para dispersar as pessoas. As forças tomaram diferentes posições; norte, oeste e sul para impedir o avanço das pessoas. A polícia começou a dispersar as pessoas para que a comunidade internacional e o mundo não veja que os guineenses estão a reivindicar", conta o jovem militante.Sabino Junior, jovem quadro do partido PAIGC, defende que "o uso da violência contra a população foi inútil" e mostra-se surpreendido quanto "à agressão dos deputados pelas forças policiais"."Infelizmente, constatamos uma vez mais forças da ordem e segurança a usar a violência contra a população. Esta violência de forma inútil é dispensável. Ninguém está a fazer barulho ou a criticar. Todos estão parados a tentar ver o que está acontecer", alertou.O jovem quadro do partido PAIGC lamenta que "crianças a caminho da escolas assistam a cenas desta brutalidade. É triste que aconteçam estas coisas". A escola do primeiro ciclo Patrice Lumumba, que se encontra perto do parlamento, foi evacuada por causa do fumo do gás lacrimogéneo que chegou ao interior da escola.Depois da dispersão dos deputados, o porta-voz dos 54 deputados do PAI-Terra Ranka, Armando Mango, falou aos jornalistas na sede do PAIGC, defendeu que o "Parlamento não foi dissolvido uma vez que o decreto presidencial que tentou dissolver o parlamento não é constitucional"."O Presidente da Assembleia Nacional Popular convocou os deputados para dar continuação à sessão da Assembleia Nacional Popular, uma vez que tinha sido interrompida. Como deputados fomos cumprir a convocação, mas surpreendentemente encontrámos forças da ordem que nos impediram de entrar na casa do povo. Nós, deputados, fomos cumprir com a nossa obrigação na casa do povo e fomos recebidos com gás lacrimogéneo. O que é descabido e ilegal", afirmou.Armando Mango garantiu, ainda, que a Assembleia Nacional Popular continua intacta. "Esta tentativa de dissolver a Assembleia Nacional Popular é inconstitucional. O nosso parlamento continua intacto e deve continuar a funcionar. Quem interrompeu a continuação foram as autoridades policiais", acrescenta."É preciso continuar a tentar cumprir a lei e estamos determinados em fazê-lo porque fomos eleitos para fazer com que haja legalidade na Guiné-Bissau", concluiu.Ate ao momento, a Presidência da República da GB escusou-se a fazer quaisquer comentário e não aceitou o pedido de entrevista da RFI.
13/12/20230 minutos, 0 segundos
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Guiné-Bissau: "O que está a acontecer tem a ver com as próximas presidenciais"

Depois de ter dissolvido a Assembleia Nacional Popular e o governo, o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, reconduziu Geraldo Martins ao cargo de primeiro-ministro. "A grande agenda são as eleições presidenciais que devem acontecer, segundo o calendário eleitoral, a partir de Novembro do próximo ano. Esta é uma armadilha inconstitucional que pretende garantir a continuidade do poder político na Guiné-Bissau", afirma o politólogo, Rui Jorge Semedo. Para o analista guineense é preciso olhar "não apenas para o que está a acontecer neste momento na Guiné-Bissau", mas para o que tem vido a acontecer "desde Fevereiro de 2020". "O país continuou no mesmo modos operando à forma como o Presidente da República chegou ao poder. Contrariamente a todos os anteriores Presidentes que assumiram o mais alto cargo da magistratura na Guiné-Bissau, que passaram por um ritual Constitucional em termos de investidura, o actual Presidente não passou por esse ritual. As instituições responsáveis por essa regulação não se pronunciaram a até hoje", lembra Rui Jorge Semedo.Nos últimos três anos, o poder político tem vindo a "ter dificuldades no relacionamento com a Constituição da República da Guiné-Bissau e com os órgãos de soberania", descreve o analista, que questiona as intenções do Presidente; "não sei se o Presidente tem dificuldades em respeitar os órgãos de soberania ou se é intencional". "Mais do que ninguém, o Presidente da República e a sua família política sabem que a acção do Presidente é inconstitucional", acrescenta."A situação política da Guiné-Bissau não é muito diferente do que se vive na Guiné Conacri, Mali, Níger, Burkina Faso, se compararmos com o que aconteceu aqui em 2019", compara. "Estes países sofreram reveses. São países democráticos que têm partidos a competir e leis que suportam o sistema, mas momentaneamente decidiram alterar o sistema. Na Guiné-Bissau nós não assumimos a posição como assumiram estes países, apesar da forma como as instituições se relacionam e a Presidência da República se posiciona como órgão detentora do poder. Em democracia não é assim", defende.O analista acrescenta que esta é uma situação "que pode ser má para o país caso a Guiné-Bissau queira consolidar as instituições do país e permitir que haja possibilidade de governabilidade. Nenhum país pode ser estável e progredir social e politicamente se continuar numa dinâmica de demonstração de força e de sequestro das instituições". Rui Jorge Semedo lembra, ainda, que este "não é apenas um erro do Presidente, mas também das forças de segurança, que deixam ser utilizadas pelas lideranças políticas e actual poder político na Guiné-Bissau".Tudo o que está a acontecer no país tem que ver com "a corrida eleitoral do próximo ano", acredita Rui Jorge Semedo, que compara a situação da Guiné-Bissau ao que está acontecer no Senegal entre Macky Sall e Ousmane Sonko. "A grande agenda são as eleições presidenciais que devem acontecer, segundo o calendário eleitoral, a partir de Novembro do próximo ano. Esta é uma armadilha inconstitucional que pretende garantir a continuidade do poder político na Guiné-Bissau. A CEDEAO é uma comunidade que tem patrocinado a ingovernabilidade e todas as crises um pouco por todos os países da comunidade, com excepção de Cabo Verde", concluiu.
12/12/20230 minutos, 0 segundos
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"Cesariny é actual porque é uma poesia da vida e a vida é sempre actual"

A antologia bilingue da poesia de Mário Cesariny "Dever de Falar" acaba de ser publicada pelas edições Chandeigne e apresentada, através de uma leitura de poemas, ao público no Théâtre de la ville de Paris. O actor francês Denis Lavant e a actriz portuguesa Tersa Coutinho leram no domingo, 19 de Novembro, poemas de Mário Cesariny, no Théâtre de la ville de Paris. A antologia "Dever de Falar" de Mário Cesariny com tradução de Bernardo Haumont foi publicada pelas edições Chandeigne e apresenta um amplo panorama de obra de Cesariny."Acho que [Mário Cesariny] teria gostado de Denis Lavant e de Teresa Coutinho, que é precisa na sua maneira de dizer os poemas de Cesariny. A escolha do Théâtre de la Ville foi justamente a de procurar um actor que seria parecido, de certa forma, na loucura, na voz e fisicamente com o Cesariny. Denis Lavant aceitou e gostou muito", descreve Bernardo Haumont.Mário Cesariny é um dos poetas mais atípicos do mundo artístico português e conhecido como uma das figura mais irritantes do surrealismo internacional. "Dever de falar" é uma recolha da obra escrita: uma poesia da exuberância, amor e sensualidade.O trabalho de tradução de Cesariny tem acompanhado Bernardo Haumont. "Não sei como é que se escolhem poemas [para fazer esta antologia], estou a traduzir Cesariny há muito tempo, na minha cabeça, porque gosto muito. Começou a tornar-se mais sério, fiz novas amizades que me levaram até à Emília Pinto de Almeida com quem fizemos este livro. A mesma amizade levou-me até à Ana Lima, que é directora de edição das edições Chandeigne e estas amizades fizeram este livro", conta-nos.Bernardo Haumont lembra que o trabalho de tradução "é trabalho e é gostar de uma coisa e tenta fazer o melhor que se pode". Neste processo, "foi mais o Cesariny que veio até nós. Ia lendo Cesariny, sempre gostei muito dele, do que ele dizia, da sua velocidade". "Cesariny é actual porque é uma poesia da vida e a vida é sempre actual. Cesariny é uma revolta e não é só uma revolta contra a ditadura, ele escreve nos anos 50, 60, 70, mas é uma revolta contra uma ditadura da linguagem, da civilização ocidental, do peso das instituições e de uma certa administração seja das estruturas políticas, sociais, mas também da língua e ele está sempre em revolta sobre essa coisa", explica.De Cesariny "resta traduzi-lo em muitas línguas. Resta traduzir outros livros em francês e torná-lo mais internacional porque é dos poetas mais importantes do século XX português, na sombra do Fernando Pessoa. A Fundação Cupertino de Miranda tem feito um excelente trabalho de relembrar e mostrar os poetas surrealistas portugueses. As edições Chandeigne têm feito a mesma coisa com a literatura portuguesa e brasileira", concluiu.A ideia deste livro surge de uma proposta do Bernardo; "o nosso papel é o de estarmos abertos e ver as possibilidades de publicação e sentir o investimento e desejo dos autores. Na nossa grande antologia da poesia portuguesa, publicada em 2021, também havia poemas de Cesariny integrados, mas não nada a ver com este trabalho", conta Ana Lima, directora de edição das edições Chandeigne. 
23/11/20230 minutos, 0 segundos
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Marco Mendonça: "No limite, seremos todos vítimas de uma ignorância colectiva"

Blackface é o espectáculo que marca a estreia a solo de Marco Mendonça.O actor escreveu, encenou e apresenta no palco do Teatro do Bairro Alto, em Lisboa, um trabalho onde, a partir de "experiências pessoais e da história do blackface como prática teatral racista", "procura os limites do que pode ser representado num palco." Em cena, o monólogo Blackface é apresentado como uma "conferência musical, entre o stand-up e a fantasia, entre a sátira e o teatro físico, entre o burlesco e o documental".Marco Mendonça, que começa por fazer uma contextualização histórica apresentando as origens do blackface nos Estados Unidos da América, questiona a prática em Portugal no século XXI."Isto não é um espectáculo que pretende acusar ninguém de nada, mas, acima de tudo, que as pessoas se divirtam a ver um espectáculo sobre um tema que podem não conhecer tão bem, ou, se o conhecem, podem não saber o quão longe é que vai a presença do blackface em Portugal," esclareceu Marco Mendonça na entrevista à RFI antes de subir ao palco com Blackface
17/11/20230 minutos, 0 segundos
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Guiné-Bissau assinala 50 anos da independência: recordar o início da luta armada

A Guiné-Bissau comemorou a 24 de Setembro os 50 anos da sua independência, efeméride assinalada de forma solene a 16 de Novembro. Neste quadro, a RFI volta a difundir uma reportagem de uma série realizada em Setembro passado acerca deste evento, entrevistas alusivas à História do país e em particular ao período da luta de libertação. Tratava-se de uma reportagem efectuada sobre o início da luta armada.Nos finais dos anos 50 e início da década de 60, numa altura em que tanto os vizinhos Senegal como a Guiné Conacri tinham acabado de alcançar as suas respectivas independências, tornava-se cada mais evidente para os sectores independentistas da Guiné-Bissau que o país deveria igualmente libertar-se da tutela do colonialismo português.Em 1961, um movimento concorrente do PAIGC, o MLG -Movimento de Libertação da Guiné- efectua actos de sabotagem no norte do país, mas o envio de reforços militares portugueses inibe veleidades de novos ataques. Cenários já vistos que Cabral pretende evitar segundo Julião Soares Sousa, historiador guineense ligado ao centro de estudos interdisciplinares da Universidade de Coimbra. "Há uma data que é o início da luta feita pelo MLG que faz ataques nos norte da Guiné em Julho de 61 e que provocou até uma certa preocupação a Amílcar Cabral porque ele pensou que se o MLG ocupasse o norte da Guiné, nós íamos ter uma situação muito idêntica àquilo que estava a acontecer em Angola. Naquele país, com a UPA-FNLA a ocupar parte do norte de Angola, o MPLA teve muitas dificuldades em infiltrar os seus homens para o interior de Angola", nota o estudioso.Será preciso esperar 1963 para que, após uma minuciosa preparação, com a entrega de armas e formação de combatentes, o PAIGC lance um primeiro ataque contra o quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, dando início a uma guerra que só terminaria formalmente com o reconhecimento da independência do país por Portugal em 1974. Iancuba Ndjai, político guineense, antigo aluno da escola piloto de Cabral e antigo membro da aviação das forças independentistas, fala dos bastidores dessa preparação à guerra."Amílcar Cabral foi obrigado a pensar em termos militares. Os primeiros escritos de Amílcar Cabral sobre a problemática militar foi em 1962, quando decidiu criar dois grupos, uma acção política e outra militar. Daí surgiu a guerrilha, a guerrilha como uma componente da luta armada e que estava circunscrita a localidades concretas. Mas em 1964, reúne-se o congresso do PAIGC e Amílcar Cabral cria as FARP, Forças Armadas Revolucionárias do Povo, que seriam o principal instrumento material da conquista da independência nacional", sublinha o responsável político.O recrutamento de forças faz-se em todo o lado, no campo, na cidade, fora do país. Todos têm um familiar preso ou envolvido na luta. Foi o caso do escritor guineense Ernesto Dabo que se envolveu nesse combate em Portugal na clandestinidade, no início dos anos 70. "A situação em que estávamos a viver era inumana, injusta e nenhum indivíduo que crescesse, que evoluísse do ponto de vista cultural podia suporta uma situação daquelas com indiferença. Isto foi determinante porque eu tive a sorte de viver em Portugal com gente que não me fez sentir discriminado como era regra noutros países. Vivi normalmente com muita gente (...), de maneira que isso, contrariamente àquilo que poderia ter acontecido, eu me alienar e pensar que era de lá e que tinha outros privilégios e que já não era da Guiné-Bissau, ajudou-me a perceber que a qualidade de vida que eu via lá, a atitude de respeito de mútuo que eu vivia lá, eu pensei que tinha que ter isso também no meu país", conta o autor. A necessidade imperiosa de liberdade e de perspectivas de futuro também levaram José Turé, antigo militar e antigo representante do PAIGC no estrangeiro, a combater as forças portuguesas. "Entrei na luta de libertação por haver tanto movimento africano nessa altura. Todos os jovens tinham a aspiração de se libertar. Eu pensava estudar. Infelizmente, não consegui e fiz os estudos mais tarde. Tínhamos muitas limitações. Primeiro, tínhamos dificuldade em integrar-nos na sociedade portuguesa, segundo, não podíamos ir mais longe nos estudos. Então, um dia consegui falar com uns colegas. Eles disseram 'se pretende ir lá, não fazia mal'. Eu ofereci-me voluntariamente" conta o antigo combatente.O general Fodé Cassamá, entrou também na guerra muito jovem, aos 17 anos. "Precisávamos de ser livres, estar fora do colonialismo. O papel da juventude era muito necessário. Foi o que me motivou a entrar na luta de libertação, como cidadão deste país", refere o militar que, ao recordar o ambiente que se vivia na frente luta, conta que "se vivia em camaradas, segundo a situação que se apresentava" e que "era normal porque precisavam da independência".Podem ver e ouvir na íntegra da entrevista do escritor Ernesto Dabo aqui:
16/11/20230 minutos, 0 segundos
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Alkantara Festival e os corpos que questionam e denunciam

O Alkantara Festival decorre em Lisboa até 26 de Novembro e apresenta nos principais palcos da capital portuguesa espectáculos e projectos com artistas nacionais e estrangeiros do universo da dança, do teatro e da performance "dialogam com questões urgentes nas sociedades contemporâneas". No ano em que se assinalam 30 anos de actividade, se tivermos em conta os anos iniciais da plataforma Danças na Cidade, a experimentação artística e o debate com diferentes contextos fazem parte de uma programação que na actual edição passa, por exemplo, pelo Teatro Nacional D. Maria II., Culturgest, São Luiz Teatro Municipal, Teatro do Bairro Alto, Centro Cultural de Belém e Espaço Alkantara.Pouco antes do início do festival, a RFI esteve no Espaço Alkantara e, no meio da azáfama da produção de um evento que só na equipa do festival e nas equipas dos artistas envolve mais de 230 pessoas, falou com os co-directores artísticos do Alkantara Festival, Carla Nobre Sousa e David Cabecinha, que contam como surgiu o festival e apontam destaques na edição de 2023.
10/11/20230 minutos, 0 segundos
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"Beyond Boundaries", a exposição que afirma a arte africana sem fronteiras

"Beyond Boundaries" é a exposição colectiva que desafia o fruidor a participar numa viagem que atravessa o mundo de sete nomes da arte contemporânea africana, para quem a noção de fronteira pode ser constantemente questionada. Cristiano Mangovo, Gonçalo Mabunda, Luís Damião, Nelo Teixeira, Rómulo Santa Rita, Uólofe Griot e Samuel Nnorom são os artistas que, até 21 de Novembro, na Galeria This is Not a White Cube, em Lisboa, apresentam um conjunto de obras onde a celebração da liberdade se materializa.Na exposição com a curadoria de Graça Rodrigues, o alto poder da diversidade criativa apresentada está em perfeita sintonia com o engajamento social dos artistas.
4/11/20230 minutos
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Portugal: Madeira e os desafios da insularidade em região ultraperiférica

A Madeira, região autónoma portuguesa, é conhecida como a Pérola do Atlântico.Para além dos trunfos turísticos procurámos levantar o véu também sobre os constrangimentos ligados à insularidade desta região ultraperiférica.António Jardim Fernandes, responsável pelo turismo no seio da ACIF, Associação comercial e industrial do Funchal / Câmara de comércio e indústria da Madeira, e Carla Berenguer, da DECO, jurista da Associação de defesa do consumidor na Madeira falaram à reportagem da rfi. António Jardim Fernandes é responsável pelo turismo no seio da ACIF, Associação comercial e industrial do Funchal / Câmara de comércio e indústria da Madeira.Uma das maiores dificuldades é a distância ao mercado e os custos inerentes à insularidade.A inexistência de uma ligação marítima com outras parcelas do território português ou com arquipélagos vizinhos são temas abordados, para além da velocidade do crescimento do sector turístico.Os constrangimentos da insularidade, num território como a Madeira, têm impacto nos consumidores. Quais as respectivas queixas ?Carla Berenguer é jurista na delegação local da DECO, Associação de defesa do consumidor.Os essenciais são os transportes aéreos e o bloqueio geográfico.Questões que se prendem com conflitos relativos à obtenção a posteriori do subsídio de mobilidade ou o "bloqueio geográfico" e as empresas que não garantiriam entregas de artigos ao consumidor no arquipélago são dos temas que merecem mais denúncias por parte dos utentes madeirenses.Instantâneos de reportagens neste arquipélago português: para além do importante destino turístico a RFI procurou conhecer o que implica também viver nesta região ultraperiférica europeia.
26/10/20230 minutos, 0 segundos
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Cabo Verde: Turismo de Natureza na ilha de Santo Antão

A ilha de Santo Antão vive no momento a época alta do turismo de natureza, é neste período que vai até Abril do próximo ano que a ilha mais montanhosa de Cabo Verde é frequentada por mais turistas internacionais, na sua maioria franceses. Para o presidente da Associação dos Guias de Turismo de Santo Antão, Odair Gomes, o turismo de natureza tem um impacto positivo na economia da segunda maior ilha do país. “O turismo de natureza é o que mais se pratica aqui na ilha de Santo Antão. O turista que vai aventurar pelas montanhas, conhecer os povoados que estão entre as montanhas e a biodiversidade da ilha. O mercado que mais procura o turismo para trekking é o francês, mas temos deparado um aumento de alemães, holandeses, belgas, polocas, espanhóis e portugueses, tambem” disse Odair GomesEm Santo Antão há a maior rede de caminhos vicinais de Cabo Verde e esses trajectos são muito utilizados para a prática de caminhadas em trilhas, ou seja, trekking.O presidente da Associação dos Guias de Turismo de Santo Antão, Odair Gomes, explicou que todos os trilhos tem uma história por trás.“Nós temos os trilhos chamados de clássicos, que são os que normalmente os turistas fazem com maior facilidade, são os mais procurados, como Cova – Paul e Ponta do Sol – Cruzinha, os mais vendidos pelas agências. E, normalmente, fazemos um briefing com o turismo no sentido de lhes explicar o que vão ver ao longo do percurso e a sua história, bem como o porquê da construção desses trilhos”  afirmou o Guia de Turismo.Por sua vez, Sandra Pereira que é gerente e directora de operações  da Atlantur, uma agência de viagens e turismo especializada em circuitos entre-ilhas e turismo de Natureza disse à RFI, na cidade do Porto Novo que para o turista conhecer Santo Antão é necessário ir a três pontos da ilha“Tem a estrada de Corda, não somente Cova-Paul, a estrada de Corda que vai do cais de Porto Novo até Ribeira Grande, com várias paragens. Depois temos Ponta do Sol com Fontaínhas, esta última considerada a segunda aldeia com a melhor vista do Mundo, isto é uma visita muito importante, porque dá a conhecer internacionalmente Fontaínhas. Tem o Vale do Paul que é jardim de Cabo Verde, onde se consegue encontrar toda a parte mais exótica com as papeiras, as bananeiras, tudo o que as pessoas vêem e querem entender o que é Santo Antão” disse Sandra Pereira afirmando que antigamente a ilha era conhecida somente pelas caminhadas, mas agora é destino aberto a todas as idades “onde se pode fazer pequenas caminhadas para conhecer a ilha e aproveitar Santo Antão o ano inteiro”.Por outro lado, a directora de operações da agência de Viagens e Turismo, Atlantur, considera  que o aeroporto não é prioridade, no momento, para a ilha de Santo Antão. “O aeroporto não é uma prioridade (…) traz sempre mais trabalho e possibilidade de se chegar mais rápido a Santo Antão, mas temos São Vicente logo ao lado, a opção deve ser a combinação dos horários dos ferrys com os voos” disse Sandra Pereira. Já o presidente da Associação dos Guias de Turismo de Santo Antão, Odair Gomes, defende que a ilha de Santo Antão tem de ter um aeroporto e continuar a apostar no turismo de natureza preservando a sua essência “Santo Antão tem de ter o seu aeroporto, mas é necessário estabelecer prioridades das infraestruturas a serem construídas nesta ilha que não tem condições de receber qualquer tipo de resort, vamos diversificar e se Santo Antão é Turismo de Natureza vamos concentrar e tentar transformar no turismo sustentável” disse Odair Gomes.Ainda de acordo com o presidente da Associação dos Guias de Turismo de Santo Antão, o turismo de natureza na ilha das montanhas tem contribuído para diversificar o produto ‘sol e praia’ e enriquece o destino turístico do arquipélago.
20/10/20230 minutos, 0 segundos
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Sismo em Marrocos: um mês depois, resiliência dos desalojados é posta à prova

Em que estado se encontra Marrocos, mais de um mês depois do sismo que causou 3 000 mortes e feriu mais de 5 000 pessoas com o epicentro localizado na província de Al-Haouz, região de Marraquexe. Fomos tentar perceber qual é a situação neste território montanhoso do Alto Atlas. O que é feito das 50.000 habitações destruídas, segundo os dados de uma comissão ministerial mobilizada para avaliar os danos, e em que situação vivem os cerca de 300 000 desalojados? A 8 de Setembro de 2023, era já de noite, e as pessoas preparavam-se para ir dormir quando um sismo assolou uma das regiões mais pobres do país. Em Outubro, cerca de um mês depois, avistam-se tendas da Proteção Civil marroquina, de associações nacionais e internacionais e por vezes, tendas de campismo, pelas aldeias do Alto Atlas, de Imlil a Taroudant e Ouarzazate. Na cidade de Marraquexe, o ambiente é outro. Os comércios estão abertos, os turistas passeiam entre as bancas de sumo de abacate e as de tapeçaria marroquina e espalha-se pela medina, a parte velha da cidade, a voz do muezim, a pessoa que apela os muçulmanos à oração. Sentada num café da muito movimentada praça Jama El Fnaa, no centro de Marraquexe, Patrícia Lorenzo, portuguesa a viver em Marrocos há 13 anos, onde é professora de yoga, recorda a noite do sismo."Estava em casa deitada no sofá, com o meu companheiro, a ver televisão. Eram 23h10 e de repente pôs-se tudo a tremer. Olhei para o meu companheiro do género "O que se está a passar ?" e depois saímos para o jardim. Isto tudo durou cerca de 40 segundos mas havia aquela adrenalina a passar pelo corpo porque realmente é impressionante sentir tudo a tremer à tua volta. Tudo. O chão, as paredes... Há pormenores... Por exemplo, havia o ruído... Parecia que absorvia todos os outros ruídos, era uma espécie de rugido da terra."  Passado o momento do choque, veio a consciência do drama. Em Marraquexe, nas noites seguintes, os habitantes dormiram ao relento nas praças da cidade, com medo das réplicas. Para as populações das aldeias do Alta Atlas a situação foi mais complicada devido ao acesso difícil, algumas não estando ligadas a qualquer estrada em betão, atrasando a chegada dos socorros e dos primeiros carregamentos de ajuda humanitária. Para Patrícia Lorenzo, habituada a uma Marraquexe efervescente, os dias que seguiram foram algo sombrios: "Foi um bocado surreal saber que eu estava bem, que Marraquexe no geral estava bem, mas houve pessoas que perderam tudo. Muitas pessoas. No fim de semana a seguir havia um clima um bocado pesado na cidade. Marraquexe é uma cidade muito viva, como se está a ver agora. Há muita alegria, muito barulho. Mas a cidade parecia calma, estava tudo assim apaziguado. Era uma sensação um bocado estranha."       Casas destruídas: para onde ir?Al-Hassan é paraquedista no exército francês. Chegou a Marrocos inicialmente para formar militares marroquinos, mas dois dias depois o terramoto abalava o país e Al Hassan foi enviado para Marraquexe para participar nas missões que todos os dias partiam da cidade até às aldeias mais remotas, trazendo bens alimentares mas sobretudo tendas para abrigar os desalojados. "Fomos até uma aldeia perto de Ouarzazate, aonde os carros não têm acesso. Fomos de helicóptero, não havia outra opção. Quando chegámos ainda havia corpos nos escombros das casas destruídas. Sim. Foi muito triste. Há aldeias que já não existem, todas as habitações desmoronaram. Inicialmente, quando chegámos, o plano era levar os habitantes para outra aldeia, mais segura. Mas não quiseram. Não quiseram deixar a sua aldeia. Em muitos casos preferiram que lhes coinstruíssemos tendas para poderem ficar na sua aldeia."  As autoridades marroquinas distrubuíram tendas pelas aldeias, a Protecção Civil e as forças militares, auxiliadas no terreno por várias associações, responderam de forma rápida às necessidades mais urgentes: distribuição de comida, ajuda humanitária e até, apoio psicológico. Um mês depois, desalojados continuam à espera de um tecto   Chegamos à aldeia de Imesker, 70 quilómetros a sul de Marraquexe, 1 500 metros de altitude. É aqui que vive Mustafa, 43 anos. De pé, no meio dos escombros de uma das casas destruídas, Mustafa recorda as primeiras semanas depois do terramoto, em que mulheres e crianças dormiam no chão, na rua, as tendas ainda não tinham chegado até à aldeia. "A maioria das pessoas em Iskar ficou sem tecto, e agora vivem em tendas. Naquela casa morreu uma miúda. Ela tinha 18 anos e estava prestes a casar, agora em Outubro. A mãe da menina e o irmão ficaram feridos. O resto da família partiu para Marraquexe porque é difícil para eles ficar aqui e relembrar o acontecimento. Têem família em Marraquexe e preferiram ir para lá porque nos primeiros dias foi complicado... Tinham que dormir na rua, não havia tendas ainda nas primeiras semanas. Não era como agora." Quando vão começar as reconstruções? Ninguém sabe. Ou, pelo menos, ninguém recebeu a informação, relativiza Mustafa. "Nos últimos três dias houve uma comissão de peritos que veio avaliar os danos. Mas quando é que poderemos reconstruir? Ainda não sabemos. Estamos à espera que o Governo diga algo. A vida continua. Estamos melhor do que na primeira semana. Mas ainda há um problema, são as escolas. As aulas não recomeçaram aqui. As crianças iam ao colégio e ao liceu em Asni, mas como está tudo destruído, têm que ir até Marraquexe. Para a escola primária, instalaram umas tendas aqui. Mas para o colégio e o liceu..... Nada." O Ministério marroquino da educação anunciou que cerca de 530 escolas e 55 internatos foram destruídos ou danificados, interrompendo as aulas de muitos alunos. Mustafa aponta ainda para a dificuldade de enviar diariamente as crianças de Imesker para a escola de substituição em Marraquexe, a 70 quilómetros de distância, numa região em que os transportes públicos são quase inexistentes: "Se tiveres família lá, é fácil. Mas sem familiares em Marraquexe, é um problema." Uma semana depois do sismo, o Governo anunciou um plano de ajuda de emergência, com, nomeadamente, 250 euros por mês por família cuja habitação foi totalmente ou parcialmente destruída, e isto, durante um ano.  "Normalmente, o Governo vai nos dar 250 euros por mês. Vai ser melhor. Mas.... Ainda estamos à espera. A reconstrução vai demorar muito tempo, de três a cinco anos... Porque há muitas aldeias, e não sabemos exactamente como é que eles pretendem reconstruir." Salima Naji, a arquitecta que defende construções de forma tradicional Como reconstruir as aldeias do Alto Atlas, de forma eficaz, pouco custosa e garantindo a segurança dos habitantes? Colocámos a pergunta à arquitecta e antropóloga Salima Naji, membro da comissão de peritos mobilizada em Marrocos depois do sismo e titular de vários prémios internacionais como o Aga Khan, e condecorada como Cavaleiro das Artes e das Letras de França.Para Salima Naji o importante é reconstruir com base nos materiais do terreno e respeitando as tradições locais. "Apercebemo-nos, com os outros membros da comissão, que todas as arquitecturas em betão armado, situadas perto do epicentro, colapsaram. Houve momentos de grande estupefacção porque havia arquitecturas em betão que tinham caído e outras, ao lado, arquitecturas vernaculares que tinham resistido.Hoje em dia, caímos por vezes na facilidade do "solucionismo". Acho que temos a oportunidade de repensar um modo de construção que sempre existiu nessas regiões. Estamos a falar de comunidades agro-pastorais, portanto não podemos chegar com planos de reconstrução e planos de realojamento.... Não faz sentido quando vemos a diversidade das situações na montanha. Portanto espero que não vamos estragar uma arquitectura milenar para substituí-la por uma arquitectura de má qualidade, supostamente anti-sísmica com base em materiais inadaptados. É preciso pensarmos que por exemplo se utilizarmos o betão armado, é um material extremamente poluente, e estamos longe das fábricas de cimento... Seria um disparate."  A outra proposta da arquitecta e antropóloga Salima Naji é a criação de grupos de trabalho com os próprios habitantes das aldeias, através de remunerações. "Em vários municípios, fiz uma lista de todos os membros da comunidade que estão em condições de participar ans obras. A reconstrução tem que ser feita com os próprios habitantes das aldeias. Em primeiro lugar para lhes dar salários e, em seguida, para aproveitar os seus conhecimentos e técnicas ancestrais. Fiz então a proposta de uma cooperativa de serviços, com base num modelo que existe nas províncias, liderado pelo governador-geral e utilizado em obras, por exemplo, depois de inundações. Chamamos a isso "Al Kuraj" ou seja, construção, atelier... e então as pessoas são pagas pelo Estado para ajudar a reconstruir uma ponte, para ajudar a emendar uma série de danos materiais, depois de uma inundação, ou para reabilitar o património." Depois do traumatismo, vem a resiliência das populações. As aldeias preparam-se para acolher o inverno, Marraquexe voltou à normalidade, irrequieta, agitada e festiva.A ajuda anunciada por Rabat de cerca de 11 mil milhões de euros para as zonas montanhosas sinistradas servirá para a reconstrução das habitações e poderá beneficiar para o desenvolvimento da agricultura local.  
19/10/20230 minutos, 0 segundos
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50 anos da independência da Guiné-Bissau: o início da luta armada

A Guiné-Bissau comemora no próximo dia 24 de Setembro os 50 anos da sua independência. Neste quadro, a RFI propõe desde esta segunda-feira até domingo uma série de reportagens e entrevistas alusivas à História do país e em particular ao período da luta de libertação. Hoje, no quarto episódio desta série, debruçamo-nos sobre o início da luta armada.Nos finais dos anos 50 e início da década de 60, numa altura em que tanto os vizinhos Senegal como a Guiné Conacri tinham acabado de alcançar as suas respectivas independências, tornava-se cada mais evidente para os sectores independentistas da Guiné-Bissau que o país deveria igualmente libertar-se da tutela do colonialismo português.Em 1961, um movimento concorrente do PAIGC, o MLG -Movimento de Libertação da Guiné- efectua actos de sabotagem no norte do país, mas o envio de reforços militares portugueses inibe veleidades de novos ataques. Cenários já vistos que Cabral pretende evitar segundo Julião Soares Sousa, historiador guineense ligado ao centro de estudos interdisciplinares da Universidade de Coimbra. "Há uma data que é o início da luta feita pelo MLG que faz ataques nos norte da Guiné em Julho de 61 e que provocou até uma certa preocupação a Amílcar Cabral porque ele pensou que se o MLG ocupasse o norte da Guiné, nós íamos ter uma situação muito idêntica àquilo que estava a acontecer em Angola. Naquele país, com a UPA-FNLA a ocupar parte do norte de Angola, o MPLA teve muitas dificuldades em infiltrar os seus homens para o interior de Angola", nota o estudioso.Será preciso esperar 1963 para que, após uma minuciosa preparação, com a entrega de armas e formação de combatentes, o PAIGC lance um primeiro ataque contra o quartel de Tite, no sul da Guiné-Bissau, dando início a uma guerra que só terminaria formalmente com o reconhecimento da independência do país por Portugal em 1974. Iancuba Ndjai, político guineense, antigo aluno da escola piloto de Cabral e antigo membro da aviação das forças independentistas, fala dos bastidores dessa preparação à guerra."Amílcar Cabral foi obrigado a pensar em termos militares. Os primeiros escritos de Amílcar Cabral sobre a problemática militar foi em 1962, quando decidiu criar dois grupos, uma acção política e outra militar. Daí surgiu a guerrilha, a guerrilha como uma componente da luta armada e que estava circunscrita a localidades concretas. Mas em 1964, reúne-se o congresso do PAIGC e Amílcar Cabral cria as FARP, Forças Armadas Revolucionárias do Povo, que seriam o principal instrumento material da conquista da independência nacional", sublinha o responsável político.O recrutamento de forças faz-se em todo o lado, no campo, na cidade, fora do país. Todos têm um familiar preso ou envolvido na luta. Foi o caso do escritor guineense Ernesto Dabo que se envolveu nesse combate em Portugal na clandestinidade, no início dos anos 70. "A situação em que estávamos a viver era inumana, injusta e nenhum indivíduo que crescesse, que evoluísse do ponto de vista cultural podia suporta uma situação daquelas com indiferença. Isto foi determinante porque eu tive a sorte de viver em Portugal com gente que não me fez sentir discriminado como era regra noutros países. Vivi normalmente com muita gente (...), de maneira que isso, contrariamente àquilo que poderia ter acontecido, eu me alienar e pensar que era de lá e que tinha outros privilégios e que já não era da Guiné-Bissau, ajudou-me a perceber que a qualidade de vida que eu via lá, a atitude de respeito de mútuo que eu vivia lá, eu pensei que tinha que ter isso também no meu país", conta o autor.A necessidade imperiosa de liberdade e de perspectivas de futuro também levaram José Turé, antigo militar e antigo representante do PAIGC no estrangeiro, a combater as forças portuguesas. "Entrei na luta de libertação por haver tanto movimento africano nessa altura. Todos os jovens tinham a aspiração de se libertar. Eu pensava estudar. Infelizmente, não consegui e fiz os estudos mais tarde. Tínhamos muitas limitações. Primeiro, tínhamos dificuldade em integrar-nos na sociedade portuguesa, segundo, não podíamos ir mais longe nos estudos. Então, um dia consegui falar com uns colegas. Eles disseram 'se pretende ir lá, não fazia mal'. Eu ofereci-me voluntariamente" conta o antigo combatente.O general Fodé Cassamá, entrou também na guerra muito jovem, aos 17 anos. "Precisávamos de ser livres, estar fora do colonialismo. O papel da juventude era muito necessário. Foi o que me motivou a entrar na luta de libertação, como cidadão deste país", refere o militar que, ao recordar o ambiente que se vivia na frente luta, conta que "se vivia em camaradas, segundo a situação que se apresentava" e que "era normal porque precisavam da independência".Podem ouvir a íntegra da entrevista do escritor Ernesto Dabo aqui:Podem igualmente consultar a entrevista completa do general Fodé Cassama aqui:
19/9/20230 minutos, 0 segundos
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50 anos da Independência da Guiné-Bissau: a escravatura

A Guiné-Bissau comemora no próximo dia 24 de Setembro os 50 anos da sua independência. Neste quadro, a RFI propõe até domingo uma série de reportagens e entrevistas alusivas à História do país e em particular ao período da luta de libertação. Antes disso, recuamos um pouco no tempo e neste que é o segundo episódio da série, abordamos a história do comércio de escravos pelos portugueses na Guiné-Bissau, algo que praticaram desde que chegaram à região em meados do século XV.Logo nessa época, o historiador português Gomes Eanes de Zurara, na sua "crónica da Guiné", relatou a chegada a Portugal de escravos da Guiné nos seguintes termos : "Começaram os marinheiros a tirar os escravos que tinham trazido para os levarem como lhes fora mandado (...)Uns tinham as caras baixas e os rostos lavados em lágrimas, outros estavam gemendo dolorosamente, (...) outros faziam as suas lamentações em maneira de canto (..).Mas, para a sua dor ser mais acrescentada, chegaram os que estavam encarregados da partilha e começaram a separá-los uns dos outros, a fim de fazerem lotes iguais. Por isso havia necessidade de se separarem os filhos dos pais, as mulheres dos maridos e os irmãos uns dos outros (...). As mães apertavam os filhos nos braços para não lhes serem tirados".Até meados do século XIX, milhões de pessoas foram levadas à força da Guiné-Bissau para o continente americano, tendo inclusivamente sido criadas no século XVII grandes companhias de navegação e comércio como a Companhia de Cacheu e Rios da Guiné. A nível da Guiné-Bissau, a cidade de Cacheu, no noroeste do país, foi o ponto onde se centralizou este tráfico. Em 2016, foi inaugurado naquela cidade um memorial da escravatura. Por detrás da criação deste museu está a ONG guineense ‘Acção para o Desenvolvimento’. A RFI falou com Jorge Handem, secretário executivo desta entidade, que começou por explicar a forma como eram capturados rio acima os escravos, geralmente prisioneiros de guerra, Jorge"Eram lutas intensas. Mas com o apoio de alguns nativos nossos, nomeadamente pessoas de influência, chefes de aldeias (...). Ás vezes, as pessoas influentes recebiam em troca alguns materiais, alguns produtos que faziam falta, nomeadamente arroz, espelhos, açúcar, óleo, tabaco, até roupas, em troca das pessoas. Certas pessoas, ao assumirem a consciência de que iam e que nunca mais voltavam, apresentavam resistência e as pessoas começaram a se organizar, criando focos de revolta", conta o dirigente da ‘Acção para o Desenvolvimento’.Questionado sobre a dimensão assumida por Cacheu na história do comércio de escravos no país, o estudioso refere que "Cacheu era um ponto de partida devido à sua situação geográfica. Fica situado junto ao rio Cacheu, ao pé do oceano, onde a viagem é mais fácil, perto de Cabo Verde que era o ponto de concentração dos escravos para depois seguirem os destinos finais".Dada a importância passada de Cacheu no tráfico negreiro mas também como foco de resistência, Jorge Handem, que pretende agora ter o apoio do governo guineense e de organizações internacionais no sentido de valorizar o memorial e criar uma linha de geminação com a ilha de Gorée, no Senegal, com a Cidade Velha de Cabo Verde e com o Brasil, enumera as várias actividades desenvolvidas pela estrutura que tutela, nomeadamente seminários, conferências e festivais. O responsável sublinha sobretudo que "a 'Acção para o Desenvolvimento' tem tentado convencer o governo a utilizar o tema da escravatura e da História como sendo um conteúdo curricular nas escolas". Na optica do estudioso, as jovens gerações "têm muito pouca informação sobre essas questões históricas. Daí, o memorial tem jogado esse papel fundamental de tentar contar essa história e ir buscar a comunidade jovem, através de visitas de estudo e através de visitas de intercâmbio".Situada junto ao rio Cacheu, não muito longe do mar, a cidade do mesmo nome parece quase adormecida. Junto ao forte de onde partiam os escravos, pode-se hoje encontrar pescadores a concertar os seus barcos e a alguns metros, nas antigas instalações da casa comercial Gouveia, encontra-se o Memorial da Escravatura.Ao evocar o impacto que teve a instalação do memorial em Cacheu, Pascoal Gomes, jovem responsável administrativo e guia nesse museu refere que "a comunidade recorda uma coisa: antes do surgimento do Memorial da Escravatura, o próprio projecto fez durante pelo menos seis anos a divulgação da história (...). A partir da abertura do memorial da escravatura, Cacheu tornou-se mais visível a nível nacional, uma das cidades mais visitadas em termos turísticos, em termos académicos, graças à existência do memorial da escravatura. Trouxe uma coisa que as pessoas querem conhecer: a nossa história, a nossa cultura, a nossa identidade".O técnico de turismo que não esconde o seu sentimento de orgulho por se inserir neste projecto, também considera que "a Guiné-Bissau precisa de mais um grupo de jovens com qualidade, com experiência, com sabedoria para ensinar muitas e muitas gerações para que, no futuro, se sinta que a Guiné-Bissau tem uma história que as pessoas conhecem da melhor forma".Podem ouvir aqui a íntegra da entrevista de Jorge Handem:Também podem consultar a entrevista completa de Pascoal Gomes:
18/9/20230 minutos, 0 segundos
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Cabo Verde: São Vicente diversifica oferta hoteleira

A ilha de São Vicente, no barlavento cabo-verdiano, tem registado forte aposta no aumento da oferta holeira. A reportagem da RFI esteve a apurar as novas receitas do sector turístico. A oferta turística do mercado da ilha São Vicente é dividida em quatro eixos: natural, gastronómico, histórico-cultural e património imaterial (festividades).O centro histórico do Mindelo, as diferentes arquitecturas que se encontram espalhadas pela cidade, os festivais de música e de teatro, o artesanato, a arte, as feiras entre outras manifestações que fazem parte da temática cultural são alguns dos atractivos que motivam a deslocação do turista à ilha de São Vicente.E isto para além dos recursos naturais como: a  Baía do Porto Grande, considerada uma das baías mais lindas do mundo  e faz parte do exclusivo clube das 27 baías mais lindas do mundo; o Monte Cara, que faz lembrar o perfil de um rosto humano a olhar para céu e que integra o conjunto das Sete Maravilhas de Cabo Verde; o Monte Verde, ponto mais alto da ilha, um miradouro natural, que constitui também uma área protegida albergando algumas espécies endémicas, sendo um local para a prática do trekking e de outras actividades de lazer na natureza, bem como as inúmeras praias, cada uma diferente da outra.Aliado aos atractivos de São Vicente, nos últimos anos houve um forte investimento em construção de estabelecimentos hoteleiros, em que de 2018 ao primeiro semestre deste ano entraram em funcionamento sete  estabelecimentos hoteleiros e oito estão em construção. A Cabo Verde Trade Invest que gere o balcão único do investidor onde os projectos são tramitados destaca o impacto que os hotéis vão ter na ilha de São Vicente. José Almada Dias, Presidente do Conselho de Administração da Cabo Verde TradeInvest.Neste momento, no centro histórico da cidade do Mindelo, há vários hotéis boutique. A poucos passos da praia da Laginha, encontra-se em funcionamento desde Setembro do ano passado, o Luna Boutique Hotel Morna Concept. A sócia-gerente, Elisa Oliveira explica que a ideia de construir o estabelecimento hoteleiro surgiu primeiro da falta de camas em São VicenteHá nove meses em funcionamento está o Santa Cruz Boutique Hotel, no centro comercial de Mindelo, que durante o dia tem muito movimento por causa do comércio, mas à noite é um dos locais mais tranquilos da ilha de São Vicente. O Santa Cruz Boutique Hotel é um investimento privado que transformou o antigo edifício comercial da Casa Serradas numa unidade hoteleira.A responsável pelo projecto é a arquitecta, Analisa Santos, que é também sócia-administradora do Santa Cruz Boutique Hotel, que avança as razões de apostar no mercado turístico emergente de São Vicente.O maior hotel de capital 100% cabo-verdiano, com 130 quartos foi construído na cidade do Mindelo, na Avenida de Marginal em frente a  Baía do Porto Grande, uma das baías mais lindas do mundo.Uma aposta do Ouril Hotels, que no dia 30 de Agosto inaugurou o quinto e o maior hotel do grupo –Ouril Hotel Mindelo – Um grupo hoteleiro com mais de 30 anos de experiência nas ilhas do Sal e da Boa Vista e que agora chega a São Vicente. Carina Mendes, Administradora do Ouril hotels, disse que a construção do hotel na cidade do Mindelo é a materialização de um sonho concretizado com o desafio lançado pelo governo de Cabo VerdeNa avenida marginal do Mindelo estão em construção mais três hotéis, dois são investimentos de cabo-verdianos e um de grupo internacional.Aliado ao forte investimento privado em estabelecimentos hoteleiros, o Ministério do Turismo e Transportes, através do Instituto do Turismo de Cabo Verde (ITCV) desafiou o sector do turismo a desenvolver experiências turísticas locais em São Vicente como mais atrativos para a ilha. E vários membros da Associação dos Guias de Turismo de São Vicente desenvolveram experiências turísticas como o Mindelo By Night e o snorkeling/ mergulho na enseada de corais na praia da laginha, como explica o presidente da Associação dos Guias de Turismo de São Vicente, Rúben MoreiraDe acordo com o Inventário Anual de Estabelecimentos Hoteleiros, feito pelo Instituto Nacional de Estatística, em 2022, a ilha de São Vicente tinha em funcionamento 47 estabelecimentos de alojamento turístico.
14/9/20230 minutos, 0 segundos
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Portugal: Ilha da Madeira e desafios das alterações climáticas

O clima ameno da Madeira é um dos argumentos tradicionais para fazer a sua divulgação como destino turístico no mundo.No entanto o território situado no Atlântico Norte, ao largo das costas de Marrocos, tem vindo a padecer nos últimos anos de vagas de calor, com registo de recordes de temperatura até há pouco invulgares.  Victor Prior é o delegado local do Instituto português do mar e da atmosfera. No final de Junho, em plena vaga de calor na Madeira, com registo de temperaturas na ordem dos 39 graus centígrados, um recorde, ele dava-nos conta da evolução térmica e do estado do tempo nos últimos anos no território.2020 foi o ano mais quente de sempre na Madeira com 20,8° [centígrados] e em 2021 baixou para 20,6. Portanto nos últimos anos podemos dizer que há recordes em tudo ! Naquilo que se refere à precipitação, no que se refere às temperaturas máximas, temperaturas médias ! Mesmo a temperatura da água do mar este ano em Março, Abril, Maio os valores da temperatura média registados no Funchal, portanto, na Pontinha, foram os maiores valores de sempre ! Portanto é este o panorama, é esta a situação em que vivemos. E, com certeza, temos que, no fundo, lutar e adaptarmo-nos a este tipo de situações, que são bastante críticas para a Madeira.Interrogado quanto a se tratar de efeitos das alterações climáticas este responsável conformou esse cenário.Tudo isto é resultado das alterações climáticas presentes, e que estamos a viver. E com uma velocidade cada vez maior ! Episódios que, aparentemente, se previa ocorrerem daqui por umas décadas estão a acontecer agora.Têm havido crises cíclicas de incêndios a consumirem parte da área arborizada. Confrontado com tal situação sobre se a floresta tem, também, que ser vigiada de perto Victor Prior refere:Em termos de meteorologia acompanhamos todas as situações: episódios de precipitação forte, de agitação marítima forte, de vento forte e temperatura... vagas de calor, como aquela que está agora a ocorrer aqui, na Madeira [em Junho de 2023]. Em 2016 tivemos valores de temperatura máxima, no Funchal, da ordem dos 38°. Num dos dias a temperatura mínima do ar foi de 29°. E 29° é um valor abrasador ! E eu recordo-me dessa noite ! O recorde anterior era 25°, portanto foi um recorde que foi ultrapassado em 4° ! Portanto embora a temperatura máxima tenha sido semelhante àquela que já tinha sido registada em 1976 a temperatura mínima foi muito mais alta ! É evidente que, nessa situação, ocorreram incêndios devastadores na Madeira, e em especial nas zonas altas da Madeira. Mas já tinha acontecido, também, em 2013 incêndios gigantescos ! Todas as autoridades regionais: Serviço regional de protecção civil, governo, em geral, portanto... todas as entidades estão atentas a esta situação e, como é lógico, fazem o máximo para que os impactos sejam o menos possível. Nestes dias muito quentes, hoje [26 de Junho de 2023] já foram registados 30° aqui, no Funchal. Todas as autoridades estão, portanto, em alerta e a vigiar a floresta na Madeira.A Madeira tem também vindo a sofrer de uma publicidade menos abonatória para a sua imagem de destino turístico. No caso a velocidade do vento que obriga ao cancelamento com relativa frequência dos voos no seu aeroporto.Em que medida é que a intensificação deste fenómeno se ficaria a dever também às alterações climáticas ?Eis as respostas de Victor Prior.Estudos que foram feitos recentemente, principalmente pela Faculdade de ciências da Universidade de Lisboa referem que são situações cíclicas que ocorrem na Madeira. Depois de 2014 ou 2015, se não estou em erro, registou-se em termos médios um aumento da intensidade do vento em toda a parte desde o [Pico do] Areeiro até ao Caniçal [a leste], incluindo o Aeroporto. No ano passado estas situações não foram tão frequentes e, este ano, recomeçam outra vez, com alguma frequência. Quando o vento é de Norte ou de Nordeste, acima de determinados limites, há situações (nem todas) que geram alguma turbulência. Mas são situações que devem ser estudadas, devem ser postas com alguma urgência na mesa dos decisores para resolver esta situação que começa a ser incomportável. Estas situações de condicionalismos, nomeadamente no funcionamento do Aeroporto da Madeira, não deixam de ter impacto económico.António Jardim Fernandes é responsável pelo turismo no seio da ACIF, Associação comercial e industrial do Funchal / Câmara de comércio e indústria da Madeira.Ele tem defendido, mesmo, que o aeroporto da ilha vizinha do Porto Santo venha a ser utilizado, em caso de inoperacionalidade do da Madeira, com uma consequente linha marítima rápida entre as duas ilhas. O vice-presidente da direcção da ACIF admite que a situação actual acarreta riscos para a actividade turística.Nós consideramos que é, se calhar, um dos factores de risco relativamente à indústria do turismo porque acaba por acrescer custos, quer aos operadores, às companhias aéreas. Sempre que há inoperacionalidade acarreta sempre uma série de custos. Isto tem a ver até com o Anticiclone dos Açores que está-se a deslocar um pouco mais a Sul. E nos últimos 100 anos tem-se notado um aumento da intensidade e da sua dimensão e que provoca, com mais intensidade, ventos e calor. E, portanto, a tendência é aumentar esse fenómeno. Portanto deveríamo-nos preparar para isso. Nós, obviamente, pautamo-nos pela segurança no Aeroporto. Defendemos, o que já está a ser feito, portanto, a aquisição de equipamentos modernos, para a leitura em tempo real de toda a informação para que os pilotos possam tomar as melhores decisões possíveis, e com segurança. O que sabemos, hoje em dia, é que a Madeira é o único aeroporto do mundo onde os limites [da velocidade do vento] não são recomendáveis, mas são obrigatórios. Portanto fecha mesmo, não podem [fazer-se à pista] ! Em qualquer outro aeroporto do mundo é uma decisão do comandante. Até porque não é só a variável vento ! Há uma série de variáveis e o comandante tem que estar consciente dessas variáveis todas ! Mas aqui temos esta obrigatoriedade que está desde que o aeroporto foi construído em 1964. Nós temos, por um lado, esta obrigatoriedade. Por outro lado os limites que foram [fixados] na altura, em 1964, com uma pista significativamente menor, com tecnologia de [19]64 e não de hoje em dia. Mas, obviamente, o que defendemos é ter agora equipamentos modernos que permitam aos pilotos actuarem com segurança. E, nesse sentido, pode ser que permita, ou deixar a obrigatoriedade, ou que seja revisto. Mas aí têm que ser estudos muito bem feitos, cientificamente muito bem fundamentados. Tendo esta informação com estes aparelhos modernos possam, depois, inclusive reavaliar esses limites, ou pelo menos revisitar: se fazem sentido, se devem ser reajustados. Se não essa é também outra linha que poderia aliviar. Só para ter a informação bastavam 5 milhas por hora porque já 80% dos casos de inoperacionalidade desapareciam da Madeira. Não haveria essa condicionante. As alterações climáticos e seu impacto quanto às vagas de calor na Madeira ou aos ventos fortes na zona do aeroporto, nomeadamente... pois num arquipélago celebrizado também pela exuberância da sua vegetação. O geógrafo Raimundo Quintal é uma figura emblemática da preservação ambiental.Ele está por detrás do Campo de Educação Ambiental Eva e Américo Durão do Santo da Serra que aposta na luta contra espécies invasoras e pelo regresso à flora da Laurissivila, a floresta de loureiros endémica.Ele elucida-nos sobre o impacto que as alterações climáticas estão a ter ao nível das espécies da flora local.Nós vamos constatando e registando alterações nos períodos de floração, de frutificação. O caso mais notável é o do Vaccinium padifolium, a Uveira da Serra: um arbusto endémico que produz frutos fantásticos, riquíssimos em vitamina A ! E que são excelentes para produzir compota. Nós inclusivamente produzimos compota e é uma das fontes de receita da associação. Mas estamos a constatar isto. Estamos a constatar que outras espécies que floririam lá para Setembro começam a florir, estou-me a lembrar do tangeirão bravo. Ele já está a desenvolver [em Junho de 2023] as inflorescências. Em Julho vai estar florido, estamos atentos a essa situação.A Madeira às voltas com condicionantes meteorológicas, sejam elas as vagas de calor e os ventos fortes... estes últimos obrigando ao cancelamento de muitos voos de e para a ilha enquanto as vagas de calor têm beliscado, de certa forma, a imagem do território, tido até recentemente como particularmente ameno. Esta é uma reportagem efectuada neste verão europeu na Pérola do Atlântico.
6/9/20230 minutos, 0 segundos
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Portugal: Aeroporto da Madeira e o quebra-cabeças do vento

A Madeira, região autónoma portuguesa, embora não muito afastada das costas de Marrocos não tem ligações marítimas regulares com nenhum porto, seja ele nacional ou internacional fora do arquipélago.Daí ser imprescindível viajar de avião pelo que o aeroporto é uma passagem obrigatória para ligar o território ao mundo. Um aeroporto cujos condicionalismos são um quebra-cabeças para as autoridades.  Aterrrar na Madeira é, para muitos, uma experiência que fica por muito tempo na memória. Devido aos ventos que, regularmente, se fazem sentir sobre a pista, tendo esta sido conquistada em parte ao mar.Este é mesmo o único aeroporto do mundo onde a velocidade dos ventos fica limitada a 15 nós... obrigando a muitas interrupções do tráfego aéreo e a grandes constrangimentos para operadores e passageiros. Victor Prior dirige o gabinete local do Instituto português do mar e da atmosfera. No final de Junho ele descrevia-nos o cenário observado no Aeroporto da Madeira, com alguns dias de grandes condicionamentos e, mesmo, de encerramento da aerogare, quando noutras zonas da ilha o vento quase nem se fazia sentir.O vento médio no aeroporto era 40 quilómetros por hora e no Funchal era 4 quilómetros por hora. Temos aqui algumas montanhas, mas bem mais baixas do que o [Pico do] Areeiro que, no fundo, protege parte da costa Sul, principalmente o Funchal. É uma zona que está desabrigada, não tem praticamente nada a proteger destes ventos de Norte ou Nordeste.O aeroporto tem 59 anos e já foi ampliado por duas vezes, a pista mede actualmente quase 2 800 metros de comprimento.Os cancelamentos de voos obrigam regularmente a reagendamentos e a custos para companhias aéreas e ou passageiros, com registo de muitos prejuízos económicos e de atrasos para passageiros e agentes económicos.Carla Berenguer é jurista na delegação local da DECO, Associação de defesa do consumidor.Ela admite que nem sempre é óbvio para os utentes fazer valer os seus direitos, em caso de cancelamento do respectivo voo.Quando há um cancelamento de uma viagem que seja por um facto imputável à transportadora, o consumidor tem direito a uma indemnização que vai entre o valor de 250 euros a 600 euros. No entanto, quando a companhia conseguir comprovar que o tal cancelamento da viagem deu-se relativamente a causas naturais, por exemplo ventos fortes, [a companhia] não tem de proceder com uma indemnização. No entanto, os consumidores têm outros direitos, nomeadamente a assistência, ou reembolso da viagem ou reencaminhamento para outro voo. Mas estes últimos três direitos têm que ser sempre assegurados. A ACIF, Associação comercial e industrial do Funchal / Câmara de comércio e indústria da Madeira preconiza que esta situação seja resolvida com base na utilização a prazo do aeroporto da ilha vizinha do Porto Santo, com ligação, em seguida, num barco rápido até à Madeira.António Fernandes é responsável pelo turismo no seio desta estrutura.Não são muitos dias por ano, mas já é significativo os custos que isto acarreta. Isto leva a competitividade porque acabam por aumentar os preços para cobrir esse risco e esse custo. Há também o custo reputacional, que é um custo grande quando acontece e acaba por afectar a região. Nós aqui na ACIF defendemos, pelo menos a meio-prazo, que deveríamos caminhar para uma solução de infraestruturas aeroportuárias na Madeira e Porto Santo. Devíamos não só melhorar as capacidades dos dois aeroportos como ter uma interligação muito forte através de transporte marítimo ou de um ferry rápido entre as duas [ilhas]. Isto, para podermos contar com o crescimento que haverá ao longo dos anos como também, o Porto Santo poder servir de contingência e de aeroporto de saída e de entrada no arquipélago para não ficarmos isolados. O que se sabe com as alterações climáticas é que a tendência é aumentar o número de dias de inoperacionalidade.  Miguel Albuquerque, presidente do governo regional, apela a que um comité de peritos se debruce sobre a questão, lembrando que o aeroporto actual não tem muito a ver com o que tinha sido inaugurado em 1964.Ninguém toma decisões políticas num assunto com a complexidade técnica da questão dos ventos do aeroporto. Não é isso que está em questão ! O que está em questão é o seguinte: nós temos que tomar uma decisão política, no sentido de criar... desse corpo técnico chegar a um estudo exaustivo sobre as novas condições que estão criadas. No sentido de tecnicamente,  e com toda a segurança, tirar novas conclusões. A Região [autónoma da Madeira] investiu 550 milhões de euros no novo aeoporto. O novo aeroporto tem o dobro da pista que existia anteriormente. O novo aeroporto está posicionado numa situação completamente diferente da do aeroporto antigo ! E estes cálculos técnicos de segurança de aproximação [à pista em função da velocidade do vento] têm de ser feitos não em função daquilo que existia em 1964, mas naquilo que existe hoje.De acordo com um comité técnico 80% dos voos que não podem aterrar na Madeira dizem respeito a dias em que a velocidade do vento está situada em apenas 3 nós acima do limite.A partir de Maio de 2024 será implementado todo um equipamento visando avaliar a situação no local ao longo de um ano.Uma decisão sobre a alteração dos limites de vento no Aeroporto só deverá ser anunciada, porém, em 2026.Enquanto isso uma viagem à Madeira ou a partir da ilha pode ser sinónimo de voos cancelados devido à velocidade do vento.As aterragens na pista à beira-mar geram, frequentemente, alguma ansiedade junto dos passageiros devido à turbulência... precisamento no momento em que o avião se prepara para pousar na pista do Aeroporto que, desde 2017, tem o nome da lenda local e mundial do futebol: Cristiano Ronaldo.
1/9/20230 minutos, 0 segundos
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Lisboa reúne o Mundo no Festival TODOS

Há quinze anos que o festival TODOS acontece ininterruptamente em Lisboa. São 15 edições dedicadas a uma "caminhada de culturas", a viajar pelo Mundo sem sair da capital portuguesa.O evento parte da ideia central de avançar de uma multiculturalidade, de uma cidade de guetos, em direcção à interculturalidade, estimulando a descoberta e a convivialidade.  O Festival TODOS propõe-se inquietar e, até 10 de Setembro, apresentar diferentes eventos e iniciativas em vários espaços da Freguesia de Santa Clara .Com um programa repleto de momentos imperdíveis, o TODOS junta intervenientes de Portugal, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Angola, Brasil, Colômbia, Congo, Síria, Turquia, Itália ou França, para mencionar apenas alguns.Os eventos podem ser, por exemplo, de música, teatro, gastronomia, fotografia, performance ou dança, mas também podem ganhar a forma de uma conversa sobre desafios climáticos ou uma oficina de construção de instrumentos a partir do lixo. O festival promovido entre a Academia de Produtores Culturais e a Câmara Municipal de Lisboa é um convite ao convívio entre culturas.Para nos ajudar a descobrir o festival que derruba barreiras, a RFI falou com o director do festival TODOS, Miguel Abreu.
31/8/20230 minutos, 0 segundos
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Moçambique: "Não se pode desprezar a paz"

João Mário chegou à cidade de Quelimane em 1972 para estudar. Na altura, com apenas 12 anos, a cidade de Quelimane "era bem mais pequena", conta-nos. Entre 1980 e 1984 foi "soldado do governo", um combatente na guerra civil cuja "responsabilidade foi de se manter vivo para defender o país".  O funcionário no departamento de finanças no Conselho Municipal de Quelimane, João Mário, conta-nos que durante o regime colonial "a cidade Quelimane era pequena e com pouco movimento. Havia poucos negros, a maioria eram brancos, portugueses. Havia a questão de colonizador e do colonizado e sentíamos essa diferença. Em 1972, tinha uns 12 anos, fazia parte de uma família de assimilados".Durante mais de quinze anos, no período da guerra civil, não havia quase alimentos em Moçambique. "Toda a guerra é difícil, não há guerra fácil. Durante a guerra, tudo era árduo... Acordávamos a pensar 'estou vivo'. E manter-se vivo fazia com que pudéssemos defender a pátria. Foi uma guerra de discórdia. Fui soldado do governo, tratando-se de uma guerra civil todos somos família", acrescenta.Hoje o país não está completamente em paz, com um conflito armado no norte de Moçambique, em Cabo Delgado. "É pena haver terrorismo em Cabo Delgado porque o distrito estava a desenvolver-se e as guerras destroem infra-estruturas, tecido sociais e obrigam as pessoas a deslocar-se", concluiu.Um conflito armado que teve início em 2017, na província de Cabo Delgado, no norte do país. Numa luta é travada entre as forças governamentais apoiadas por forças regionais da SADC e do Ruanda e uma milícia islâmica, que reivindica lealdade ao auto-proclamado Estado Islâmico. A região de Cabo Delgado é rica em recursos naturais, incluindo gás natural e pedras preciosas, a falta de investimento nesta região por parte do governo resultou em pobreza e exclusão social.Quelimane, a nova “cidade das bicicletas” Na província da Zambézia, os carros e autocarros foram substituídos por bicicletas, que são hoje o meio de transporte mais popular. Quelimane conta com cerca de 10 mil ciclo-taxistas e tornou-se a “cidade das bicicletas”, como nos explica o presidente da associação dos taxistas e motociclos da Zambézia, António Bernardinho.Em Quelimane, a quarta maior cidade de Moçambique, o sub desenvolvimento urbano e o desemprego forçam os jovens a procurar empregos alternativos. 
23/8/20230 minutos, 0 segundos
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Cacau deu a conhecer São Tomé e Príncipe ao mundo

Água Izé foi a primeira roça de São Tomé e Príncipe, detentora de um grande património histórico e cultural. Um local escolhido em 1822 pelo precursor da cultura do cacau em S. Tomé e Príncipe, o “Barão de Água Izé”, João Maria de Sousa e Almeida. Uma cultura que deu a conhecer São Tomé e Príncipe ao mundo desde o século XIX até aos nossos dias. A Roça água Izé é a mais antiga roça de cacau na ilha de São Tomé e Príncipe. Perto da Roça Agua-Izé encontramos a Boca de Inferno, uma extensão de terra e rochas encravadas no mar. Conta a história que, quando o icónico Barão de Água Izé queria ir a Portugal, lançava-se com o seu cavalo branco pela Boca do Inferno, em São Tomé, e saía na Boca do Inferno, em Portugal. "É um ponto turístico em São Tomé que tem uma história fantástica. O Barão de Água Izé era o dono da roça e quando ele ia Portugal ele só viajava de cavalo. Ele entrava na boca do inferno e saia em Portugal. Ele foi o primeiro homem a trazer o cacau para São Tomé", conta Maldini Vaz, que vive na roça Água Izé.Água Izé foi a primeira roça de São Tomé e Príncipe, detentora de um grande património histórico e cultural. Um local escolhido em 1822 pelo precursor da cultura do cacau em S. Tomé e Príncipe, o Barão de Água Izé, João Maria de Sousa e Almeida. Uma cultura que deu a conhecer São Tomé e Príncipe ao mundo desde o século XIX até hoje. "Cacau e café é o nosso ouro aqui em São Tomé. O cacau veio do Brasil. O Barão de Água Izé vivia no Brasil, ele era jovem. Os brasileiros lutaram pela liberdade, correram com os portugueses. Eles queriam plantar cacau em Portugal, mas decidiram fazê-lo aqui", conta.Com cais próprio para exportação do cacau e café, e para abastecimento, com a própria Igreja que ainda existe, dois hospitais, hoje a roça Água Izé está em ruínas. Hoje vivem cerca de 2.000 pessoas na roça Agua Izé que vivem da agricultura, da criação de gado, da pesca e do turismo.
18/8/20230 minutos, 0 segundos
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"Roça Água Izé foi uma das maiores plantações de São Tomé e Príncipe"

Fomos visitar a antiga fábrica de cacau com Maldini Vaz e Moises Vaz, habitante da roça Água Izé, uma das maiores e mais importantes plantações de São Tomé e a que lançou a indústria do cacau no arquipélago. Com uma extensão de 80 quilómetros quadrados, 12 km de costa e 4.800 hectares de área cultivada, a Roça Água Izé era pertença de João Maria de Sousa e Almeida, um são-tomense descendente de uma família mestiça, abastada de São Salvador da Baía, que em 1855 introduz a cultura de cacau em de São Tomé e Príncipe.Uma parte significativa dos habitantes da Roça Água Izé são cabo-verdianos ou de origem cabo-verdiana. Outros são de origem angolana e também moçambicana. Há também uma comunidade de Angolares que na era colonial prestava serviços à roça Água Izé como tripulantes de embarcações, que transportavam a produção de cacau para os navios que ancoravam no pontão da Roça.No início do século XX, a Roça Água-Izé contava com mais de 1.000 trabalhadores. Era uma cidade com casas, comércio e até dois hospitais. O grão de cacau ainda é cultivado, mas com níveis de produção muito mais baixos.A roça Água Izé começa a renascer para outros desafios ligados à agricultura apesar de ser também um ponto turístico importante para o país.
18/8/20230 minutos, 0 segundos
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Timor também marcou presença na Jornada Mundial da Juventude

Mais de 60 timorenses marcaram presença na Jornada Mundial da Juventude, que decorreu há uma semana, em Lisboa. Conhecer Portugal e falar do seu país, desconhecido para muitos jovens nascidos no XXI século, foram algumas das missões de quem veio até à Europa para este encontro católico. Pelo menos 62 timorenses inscreveram-se como peregrinos na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa. No meio dos milhares de pessoas, a RFI encontrou Leo Pinto que é timorense e para se destacar, carregava a bandeira do seu país. Vive há cerca de cinco anos na Irlanda e mostrou-se satisfeito por conhecer, finalmente, Portugal.“Estou muito feliz de participar na Jornada Mundial da Juventude. Para mim é uma experiência surreal. Os portugueses fizeram um trabalho maravilhoso para manter toda a gente em segurança durante a Jornada o que é fantástico quando estamos a falar de um milhão de pessoas que visitam Lisboa nesta altura. Há sempre comida e a hospitalidade é fantástica. As pessoas são muito simpáticas. Estou a adorar estar aqui e quero muito voltar a Lisboa”, declarou.Após as eleições legislativas de Maio deste ano, em que Xanana Gusmão ganhou, tornando-se primeiro-ministro, Leo diz que o país está em paz e planeia voltar já em 2024 para visitar a família.“Eu vou voltar a Timor em 2024 e acho que a situação se tornou pacífica agora. Estou particularmente feliz que a situação política se tenha estabilizado. Os nossos líderes tentam trabalhar em conjunto, mesmo quando têm ideias políticas diferentes e parece-me que querem trabalhar para o bem comum. A minha família diz-me que tudo está bem no país e pede-me para que onde quer que eu vá, espalhe também a paz”, contou à RFI.Não foi só a RFI que reparou na bandeira de Timor no meio de centenas de outras bandeiras. A estrela branca, envolta em preto, amarelo e vermelho chamou a atenção de outros jovens que se mostraram curiosos sobre esta nação o que possibilitou a Leo Pinto falar sobre o seu país.“Muita gente se aproxima de mim porque tenho esta bandeira e muitos jovens que já nasceram no século XXI não sabem onde é Timor nem conhecem a nossa história. Eles estão sempre a perguntar de onde sou e dizem-me que a nossa bandeira é linda e nunca a tinham visto antes e aí eu explico: nós somos um país no Sudeste asiático, entre a Austrália e a Indonésia, fomos uma colónia portuguesa e durante 24 anos estivemos sob a controlo da Indonésia, mas agora somos independentes. Depois digo que o português, assim como o tétum são as nossas línguas oficiais e eles dizem: Uau! Eu, por exemplo, percebo bem o português, mas só falo tétum, nunca fui à escola portuguesa”, indicou.Durante o quase quarto de século de ocupação indonésia, os timorenses foram obrigados a escolher uma das cinco religiões oficiais da Indonésia e cerca de 90% escolheram o catolicismo, sendo obrigados a deixar para trás a religião tradicional dos seus antepassados. Nessa altura, o clero instalado na ilha há quase cinco séculos com muitas ordens com fortes laços com Portugal, foi substituído por clero da Indonésia, levando a própria Igreja a tomar uma posição de conciliação, com o Papa João Paulo II a ter visitado Timor em 1989, ainda ocupado, e falar indirectamente dos abusos de direitos humanos cometidos contra os timorenses.Na feira das vocações, organizada nos jardins de Belém durante a Jornada Mundial da Juventude para que os jovens contactassem com diferentes ordens católicas encontrámos a irmã Fátima, da ordem das Escravas da Santa Eucaristia e da Mãe de Deus, que é missionária em Timor-Leste há 11 anos. Esta ordem acompanha jovens timorenses que queiram integrar a missão e também cerca de 500 crianças em diferentes cidades do país."Estamos a apoiar quase 500 crianças, estamos em três dioceses. Em Baucau são 300 crianças mais desfavorecidas, é também mais longe, a 200 quilómetros, demoramos seis horas a chegar lá e estamos com o apoio do Ministério da Solidariedade de Portugal e de Timor. Ali as crianças fazem uma refeição quente e lanche, a única para alguns, e reforçamos a escola porque temos pré-escolar e tempos livres", descreveu a irmã Fátima.
13/8/20230 minutos, 0 segundos
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Arquipélago português da Madeira entre principais destinos de nómadas digitais

São milhares os nómadas digitais que, nomeadamente, desde a pandemia de Covid-19 escolheram vários locais pelo mundo para aí se instalarem.Estes novos trabalhadores do século XXI cumprem as suas funções de forma remota, graças à internet, e usufruem, frequentemente, de condições mais aprazíveis no dia-a-dia.A RFI esteve no arquipélago português da Madeira para contactar com as autoridades locais e também com nómadas digitais. Entre muitos destinos internacionais dois territórios em Portugal têm estado a acolher importantes comunidades de nómadas digitais.Lisboa, a capital, mas também a região autónoma da Madeira.Desde finais de 2020 a Startup Madeira contou com mais de 17 000 pessoas inscritas, mais de metade já concretizou a experiência.Primeiro, com um pequeno centro, na Ponta do Sol, no sudoeste da ilha: a experiência agora cobre as duas ilhas habitadas do arquipélago (Madeira e Porto Santo).Carlos Lopes é um dos promotores do projecto.Ele conta como é que o programa ganhou a dimensão que agora tem colocando o território no ranking de destinos preferidos de nómadas digitais. Nós começámos na Ponta do Sol com um projecto para testar e conhecer melhor o que os nómadas digitais procuravam quando estavam no destino Madeira, na Ponta do Sol. Mas, rapidamente, percebemos que havia outras localidades que nos podiam ajudar. Essencialmente com entidades privadas, tal como estamos aqui, hoje, no Funchal, num espaço co work, totalmente privado, debaixo de um hotel.Tal como podemos também estar em Machico, com uma comunidade mais ligada à natureza, ou no Santo da Serra. Ou até, mesmo, no Porto Santo onde o destino praia e o destino mar acontecem.Ou seja, acima de tudo, cada localidade da Madeira tem algo diferente a dar. E a verdade é que os nómadas digitais procuram autenticidade, comunidade, e é isso que a Madeira tem para dar.  Martin Donadieu é francês. Este nómada digital explica ter-se envolvido num projecto "Madeira friends" onde se tenta, também, capacitar os madeirenses que se podem manter na sua terra natal se conseguirem um trabalho que possa ser exercido de forma remota a partir da ilha."Enquanto nómadas digitais, sabendo que podemos, com as competências que temos, trabalhar a partir do lugar que quisermos... Ora as pessoas de cá, frequentemente, acham que, tendo competências de gabarito, não têm outra opção a não ser sair da Madeira por forma a serem pagos à altura do que merecem. O que gostaríamos de fazer com a associação "Madeira friends" seria mostrar aos locais que se eles, de facto, gostam e apreciam o arquipélago poderiam continuar a viver cá ao conseguirem vender as suas competências a quem delas precisar. Já não precisariam, obrigatoriamente, de partir morar em Lisboa ou em Paris. É também o que procuramos transmitir ao estarmos cá com a associação e todos os eventos que organizamos para transmitir aos madeirenses essa cultura."Já Shannone Controu se diz determinada em continuar a trabalhar à distância para a sua startup, instalada em França. Apesar de a Madeira ter sido, sobretudo um acaso, ela assume a sua satisfação com a experiência."Trabalho para uma startup francesa, de Paris. Trabalho a tempo integral a partir da Madeira. Trabalhar desta forma já não é uma questão que me coloque. É um modo de vida com o qual me identifico plenamente e que quero manter. Antes do Covid nunca tinha ouvido falar da Madeira, nem sequer que era a ilha do Ronaldo ou algo do género !Quando olhei da janela do avião e vi todas estas montanhas fiquei a perguntar-me o que era tudo isto ? Só para que tenham noção do meu grau absoluto de desconhecimento da Madeira e do quão grande foi a minha surpresa, da beleza da ilha, as pessoas são, mesmo, fabulosas !"Por seu lado Victor Leduc conta-nos como é que a sua vida de nómada digital na Madeira acabou por se concretizar e como decorre o seu dia-a-dia."Apaixonei-me pela Madeira e no fim da primeira semana cá já estava à procura de casa. De há um ano para cá já sou residente e comprei um apartamento. Adoro esta natureza, o clima, uma qualidade de vida incrível para trabalhar. Na Madeira eles são até quase mais modernos do que em França: a fibra está em quase todo o lado. Tenho um excelente sinal em casa, um giga por segundo, sem problemas técnicos. Prefiro trabalhar a partir de casa, mas também há muitos locais de trabalho partilhado, se se tem vontade de trabalhar com outras pessoas. Trabalhamos o dia inteiro, mas ao final do dia, com a diferença horária e o facto de estarmos mais a sul e a oeste temos muito sol ao entardecer e podemos também aproveitar pelas 6, 7 horas, a seguir ao trabalho, como ainda há luz do sol podemos sair e aproveitar e ao fim de semana podemos, mesmo, fazer caminhadas, há muito que fazer !"Em que medida é que a vinda de nómadas digitais para a Madeira não tem sido sinónimo de especulação de preços, nomeadamente no mercado imobiliário, deixando de lado os habitantes sem poder de compra, relativamente a pessoas oriundas de outros mercados laborais ? Esta uma pergunta que colocámos a Carlos Lopes da Startup Madeira.Testemunhos de um fenómeno social e económico que tem estado a revolucionar vários territórios dispersos pelo planeta, incluindo a célebre "Pérola do Atlântico".
9/8/20230 minutos, 0 segundos
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Jovens ouviram mensagens do Papa, querendo uma Igreja mais aberta e sentindo-se menos sozinhos

As principais mensagens do Papa Francisco chegaram aos jovens que vieram até Lisboa e mais de um milhão e meio de pessoas regressa agora às suas casas com mais abertura, esperança e menos sozinho como muitos peregrinos contaram à RFI em Lisboa. Durante uma semana, todo o Mundo - excepto As Maldivas - esteve presente em Lisboa, com 192 nacionalidades a marcarem presença na capital portuguesa para participar na Jornada Mundial da Juventude. Cerca de um milhão e meio de católicos romaram de diferentes pontos do globo para participar no maior evento jamais realizado em Portugal.José, de 23 anos, veio pela primeira de Angola para Portugal para participar na Jornada Mundial da Juventude e disse ter sido maravilhoso encontrar  jovens de todo o Mundo, onde mesmo sem se falar a mesma língua, todos se compreendem. "É um encontro com toda a juventude a nível mundial e é muito maravilhoso receber muitas experiências e também partilhar. Temo-nos comunicado apesar de não entendermos as línguas de toda a gente, se com palavras não dá certo passar uma informaçaõ, passamos por gestos. A mensagem que ficou é quando tivemos o encontro com o Papa, quando eles nos disse que a Igreja está sempre aberta para todos, seme xceção. Então somos convidados a vir independentemente do tipo de vida e tem espaço para todos", disse o jovem angolano.O Papa Francisco foi a estrela desta Jornada Mundial, tendo permanecido quase uma semana em Portugal, com muitos momentos com os jovens, mas também muitos encontros com a sociedade civil e autoridades políticas portuguesas. Logo na quinta-feira, o Papa proferiu as palavras que mais marcaram José."Amigos, quero ser claro convosco que sois alérgicos à falsidade e às palavras vazias. Na Igreja há espaço para todos. Para todos. Na Igreja ninguém está a mais, há espaço para todos", afirmou o Papa.Lisa, também vinda de Angola, tentou explicar o porquê desta popularidade do Papa Francisco junto dos jovens."Ele é muito popular, o Papa Bento XVI era mais reservado. O Papa Francisco é mais moderno", assegurou.De Cabo Verde, o padre Elias trouxe muitos fieis da ilha de Santiago e o maior voto do arquipélago é paz, uma paz promovida pelo Papa Francisco."O Papa é amigo dos jovens, da Igreja, e é amigo do Mundo e, neste momento particular, que o Mundo precisa de paz, a presença do Papa é a presença da paz. Estamos entusiasmados para viver esta festa, que haja alegria e tudo de bom para a juventude", declarou o padre Elias.Pedindo a paz, mas falando de guerra, Marta Luíz falou na noite de Sábado da guerra em Cabo Delgado, junto do Papa e para 1m5 milhões de pessoas. A jovem moçambicana explicou como a sua família teve de fugir da sua casa devido aos ataques terroristas e como não perdem a fé da reconstrução do país."Pedia a Deus que nos ajudasse e tirasse toda maldade do mundo e que as pessoas que estavam provocando essa guerra mudassem de vida. As populações das nossas aldeias estão todas espalhadas. Temos sido acolhidos nas paróquias onde fomos morar, mas temos muitas saudades da nossa aldeia e dos nossos costumes, cantos e danças. Mas em meio a todo sofrimento numa perdemos a fé a esperança de que um dia vamos reconstruir de novo a nossa vida", disse a jovem.Para realizar esta Jornada Mundial da Juventude foram precisos mais de 25 mil voluntários e Eldwing é um deles. Veio de Aruba, cerca de três dias de viagem para chegar a Portugal, e no Parque Teja tinha uma das responsabilidades mais importantes devido ao calor de 36 graus: tomar conta de um dos pontos de água."É muito trabalho, nem sempre é o trabalho mais fácil, mas para mim é optimo. Ver as outras pessoas felizes, faz-me feliz. É a primeira vez na minha vida que vejo tanta gente! Se olharmos ali para a ponte pedonal, ainda está tanta gente a chegar. Aqui temos o posto da água e as pessoas estão loucas porque está tanto calor que toda a gente quer chegar à àgua. É difícil manter a ordem aqui! A mensagem que eu levo daqui é que é importante trabalhar duro, manter sempre a cabeça erguida, vamos encontrar dificuldades na vida, mas temos de nos lembrar que fazemos isto não só pelas pessoas, pelos outros, mas por Jesus e o nosso maior propósito é servir", declarou.Numa Jornada em que o mote era "Maria levantou-se e partiu apressadamente", assinalando a importância de os jovens deixarem a vida virtual e dedicarem-se ao bem comum, o Papa Francisco lembrou a importância da solidariedade e de servir."Quando eu dou a mão a alguém, a um doente, a um marginal, limpo depois a mão para que não seja contagiado? Tenho nojo da pobreza? Estou sempre à procura de uma vida destilada, que só existe na minha cabeça, mas não existe na realidade. Quantas vidas destiladas e inutéis, que passam pela vida sem deixar marca? Porque a sua vida não tem peso", avisou o Papa.Vinda do Japão, mais precisamente de Osaka, Samy disse que a partir de agora já não se vai sentir sozinha como católica num país onde a maioria da população não tem esta orientação religiosa."Eu acho que nunca vou esquecer esta experiência, tem sido magnífico. É a primeira vez que estou na jornada mundial da juventude. Primeiro estava muito nervosa porque não sabia muito bem orientar-me, mas percebi que ninguém sabia então tornou-se mais fácil. Agora estou a ir com a multidão e só aproveitar e falar com as pessoas. A mensagem que eu levo comigo é que eu não estou sozinha, no Japão não há muitos católicos, eu não tenho nenhum amigo católico, então é fantástico conhecer outros católicos que vieram também do Japão e do Mundo inteiro para estar aqui. E também percebi que nunca é tarde demais. Ás vezes eu acho que se torna difícil fazer alguma coisa e quer desistir, mas ao ver estes jovens com tanta energia, percebo que nunca é tarde para começar algo novo", disse a peregrina japonesa.E tal como Samy aprendeu nestes dias em Lisboa, também o Papa disse que nunca é muito tarde para ter objectivos e para os concretizar, mesmo que por vezes, caia pelo caminho."Pensem no que acontece quando estamos cansados. Não temos vontade de fazer nada, sentimos as nossas forças a abandonarem-nos, deixamos de caminhar e caímos. Vós achais que a vida de quem cai e até quem tem um fracasso ou faz coisas muito más na vida está terminada? Não, o que é que é preciso fazer? Levantar-se! E há algo muito bonito que os alpinistas dizem que é: na arte de subir à montanha, o que é importa não é não cair, mas sim não permanecer caído", lembrou o Santo Padre.Os jovens católicos têm agora encontro marcado para 2027 na Coreia do Sul, em Seul.
6/8/20230 minutos, 0 segundos
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Jovens de Pemba em Lisboa "com fé" de que a paz vai voltar a Cabo Delgado

Ernesto, Rodrigues, David e Esmênia são quatro jovens vindos de Pemba e arredores, em Cabo Delgado, que vieram até Lisboa para participar na Jornada Mundial da Juventude. Aqui, vieram falar sobre a necessidade de paz no seu país, mas também a esperança de apresentar a sua fé como uma alternativa ao terrorismo que assola a região há vários anos. Moçambique conta com uma participação de cerca de 300 peregrinos na Jornada Mundial da Juventude que se realiza até 6 de Agosto em Lisboa e alguns destes peregrinos são jovens vindos de Pemba e aldeias nos arredores, na província de Cabo Delgado, há vários anos fustigada pelo terrorismo.Para os quatro jovens que falaram com a RFI, Ernesto, Rodrigues, David e Esmênia, esta é uma oportunidade para pedir paz para uma região que parece cada vez mais afastada dos noticiários em todo o Mundo."A paz é um indicador que todos querem e esse é um desejo nosso, jovens moçambicanos, concretamente os jovens que vêm da província de Cabo Delgado. Nós acompanhamos na televisão e agora raramente se fala na guerra em Cabo Delgado, antes, conseguíamos acompanhar mais. Desde os ataques da Rússia, sentiu-se que já não se fala muito de Cabo Delgado, mas nós ainda estamos numa situação caótica", explicou Ernesto.Mesmo se uma parte da população já está a voltar às suas casas, David, que vem da paróquia de Santa Cecília de Ocua, conta que a situação ainda não é completamente segura."Há quem acredite que os insurgentes pararam de atacar, mas, na verdade, os insurgentes continuam com as suas acções, continuamos em guerra. Os insurgentes estragaram muita coisa e temos falta muitas coisas, falta água, muitas escolas e igrejas foram destruídas", indicou.Uma jovem de Pemba vai ter a oportunidade de falar durante a Vigília dos Jovens no Sábado perante o Papa, mas para Rodrigues o pedido essencial a fazer ao Santo Padre é a paz na região."Se houvesse uma oportunidade falar com o Papa será de pedir a Paz, para Moçambique, para a Rússia e a Ucrânia para todo o Mundo. Uma perspectiva importante deste encontro é a troca de experiências. Na catequese de hoje referimos, porque se falava na Europa, que nós africanos sentimos que a Europa até está estável, comparando com Moçambique ou outros países em África. Todo o continente africano merece uma chamada de atenção incluindo no que diz respeito ao desenvolvimento", declarou.Apesar das dificuldades, estes jovens de Pemba trazem uma mensagem de esperança e alegria para partilhar com os outros jovens católicos, representando as suas famílias e a sua província na capital portuguesa."O que as nossas famílias nos mostraram é que nós por mais que estejamos numa situação caótica, tentamos mostrar a nossa alegria, a nossa esperança, estamos aqui todos juntos que temos fé, independentemente da situação que a nossa pronvícia enfrenta, que um dia a paz voltará à nossa região", concluiu Ernesto.
4/8/20230 minutos, 0 segundos
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São-tomenses vêm a Lisboa pedir uma benção para o seu país e a abertura da Igreja

Quase 700 são-tomenses decidiram encurtar a distância entre São Tomé e Príncipe e Lisboa para participar na Jornada Mundial da Juventude. Para muitos é a primeira viagem até Portugal com uma grande vontade ver o Papa, mas também de partilhar momentos de comunhão com jovens do Mundo inteiro e pedir um futuro melhor para o seu país.  Quase 700 são-tomenses vieram até Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude. Um feito inédito e um recorde de participação que se explica pela proximidade de Portugal e da língua. A organização deste grupo cabe ao Frei Gilson, que mobilizou centenas de fieis para este encontro da Igreja Católica."Foi uma novidade porque é a primeira vez que estamos a trazer tantos jovens para um evento da grandeza da Jornada Mundial da Juventude, cerca de 670 jovens. Cada um faz a sua parte e as coisas vão correr bem", declarou o Frei Gilson.Dani, chefe dos escuteiros da Paróquia da Conceição, está à frente de um grupo de 60 pessoas e garante que apesar das dificuldades, com organização tudo é possível."Foi com muita preparação e muita catequese, com organização conseguimos!", declarou Dani.De forma a vir para Lisboa, muitos são-tomenses pouparam durante anos, de forma a custear a viagem, mas também alojamento e outras despesas da viagem."Durante uns bons três ou quatro anos as pessoas já começaram a organizar-se para chegar aqui, e alguns familiares aqui em Portugal enviaram um eurozinho e tudo ajudou", explicou Dani.No ponto de reunião que juntou toda a delegação antes da partida para a paróquia de Miratejo, em Corroios, onde os jovens são-tomenses vão ficar até domingo, o entusiasmo era palpável e cada um fazia já os votos para esta jornada."Nós somos um povo divertido e alegre e partipar nestas actividades é muito gratificante e grande parte de nós somos escuteiros e gostamos de saídas e acampamentos. Aqui vamos encontrar gente diferente e isso é muito gratificante. Queremos ter uma partilha da fé. Eu quero pedir uma benção para o nosso país, temos tido muitos governantes que não têm feito nada para o país, não temos crescido, o nosso país não se desenvolve e quero uma benção para o nosso país para ver se rumamos para a frente e ficamos todos bem", pediu Dani.Atrair mais jovens para a Igreja e ter uma Igreja mais aberta são também algumas das preocupações dos são-tomenses."A Igreja tem de se renovar e adaptar-se aos novos tempos. Isso não significa abandonar a doutrina, mas adaptar-nos ao que é o Mundo hoje. Há questões fundamentais que temos de continuar a abordar. O empoderamento da mulher na Igreja Católica, para mim, seria algo muito importante, temos de ver mais isso. Então a Jornada deve servir para isso. Discutir tudo isto, dar mais acesso e trazer mais jovens, porque se eles virem que a Igreja se adapta, eles vão querer continuar" concluiu Edelena.Este é um momento de importante também para Edelena porque ela ainda se lembra da vinda do Papa João Paulo II a São Tomé e Príncipe em 1992, mas era "muito pequena" e emociona-a quase 30 anos depois ter a oportunidade de ver o Papa Francisco em Lisboa.
3/8/20230 minutos, 0 segundos
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Jornada Mundial da Juventude arranca em Lisboa até domingo

Um milhão de pessoas vão passar entre dia 31 de Julho e 6 de Agosto em Lisboa para participar na Jornada Mundial da Juventude. Mas o que é este evento que vai trazer mais de um milhão de católicos e o próprio Papa Francisco à capital portuguesa? Durante uma semana, entre 31 de Julho e 6 de Agosto a Igreja Católica quer mobilizar os jovens esperando-se mais de um milhão de peregrinos em Lisboa para a Jornada Mundial da Juventude, um encontro proposto pela primeira vez pelo Papa João Paulo II em 1986 e que já teve 14 edições em quatro continentes diferentes. O Papa Francisco não vai faltar a esta iniciativa, ficando entre dia 2 e dia 6 de Agosto em Portugal.O que é a JMJ?A ideia é aproximar jovens vindos de 184 países não só da sua própria fé, mas fazê-los perceber que há outros jovens noutros pontos do Mundo com as mesmas convicções e até as mesmas dúvidas. No entanto, os jovens de há 40 anos não são os mesmos que em 2023 se vão encontrar em Lisboa.Esta é uma realidade clara para o recém-nomeado cardeal português, Américo Aguiar, que é o presidente da Fundação da Jornada Mundial da Juventude, entrevistado pela nossa correspondente em Lisboa, Marie-Line Darcy.“É a primeira vez que a Jornada Mundial da Juventude acontece para jovens considerados 'nativos digitais', porque a idade deles é de 1990. Quem nasceu antes é imigrante digital. Portanto estamos a falar para um contingente novo, não é melhor nem pior, é diferente na maniera de pensar, de comunicar, de se relacionar, e na maneira como quer organizar e pensar o Mundo. Estes jovens devem ser para nós Igreja, Estado, Europa e Mundo, não os protagonistas do futuro, mas os protagonistas hoje”, disse o cardeal.Para evitar mal-entendidos e chegar à geração Z, a Igreja Católica que ouvir mais os jovens.“Às vezes estamos a falar e parece que não os entendemos ou que os jovens falam e nós não os entendemos. Então, como o Papa diz, é preciso um esforço mútuo de conversão para que os jovens gritem, consigamos ouvir e juntos tracemos o futuro”, declarou.Mas como ouvir os jovens se eles passam uma parte importante do seu tempo nas redes sociais e em espaços digitais ausentando-se cada vez de locais como a missa ou outros espaços comunitários? A Igreja Católica pensa que é através destes grandes encontros, que em Lisboa vai juntar cerca de um milhão de pessoas e trazer à capital portuguesa o Papa Francisco durante quase uma semana, multiplicando encontros entre o Santo Padre e os jovens.A edição deste ano tem o mote “Maria levantou-se e partiu apressadamente”, uma passagem do Evangelho segundo São Lucas, que não quer pedir aos jovens que partam rapidamente para outro lado, mas sim que se mobilizem.“É muito importante que os jovens tenham uma cultura do encontro, do encontro com o que é diferente, o encontro da ternura, dos nossos sentimentos, desta fraternidade universal. o que eu espero é que estes jovens regressem aos seus países, às suas realidades e sintam o desejo e a força de quererem mudar, de quererem ser protagonistas do futuro e que não tenham a sensação de ficar sentados no sofá, que não fiquem a ver passar a vida e a sociedade, que se sintam protagonistas”, indicou o cardeal Américo Aguiar.Quem vem à JMJ?Todos os jovens católicos foram convidados a vir à JMJ quando em 2019 o Papa Francisco anunciou esta edição em Lisboa. Desde essa altura, as paróquias e as dioceses têm-se organizado para angariar fundos para a viagem. De Espanha, de onde ainda não se sabe quantos peregrinos virão, passando por França de onde são esperados 40 mil ao Brasil, cerca de 15 mil, mas também São Tomé e Príncipe, com 900, ou Angola com 500 jovens, 184 nacionalidades estarão presentes.Uma destas jovens é Amanda, uma norte-americana de 27 anos vinda de Tyler, no Texas, está a viajar há mais de 24 horas para chegar a Lisboa. Encontrámo-la na sua escala em Paris e esta é a segunda vez que participa num evento desta magnitude, tendo estado em Cracóvia em 2016. Amanda está entusiasmada para encontrar outros jovens católicos e aproveitar para ver algumas igrejas.“Vim para ter uma experiência da Igreja Católica com outros jovens vindos de todos o Mundo. Estou à espera de muita gente, catequese, oração e muita celebração, muitos ensinamentos. E claro, ver igrejas bonitas”, disse a norte-americana.Do que se vai falar na JMJ?A perda de crentes para outras igrejas e como resolver a crise de fé serão um dos pontos importantes nesta Jornada, algo que nos Estados Unidos, apesar da pluralidade religiosa, segundo Amanda não é um problema.“A Igreja Católica continua a ter um papel muito importante nos Estados Unidos e claro que existem muitas outras igrejas cristãs, mas ainda temos muita força. Claro que há pessoas que vão mais ou menos à missa. Mas ainda estamos aqui”, declarou Amanda.Também o celibato, assim como o papel da mulher na Igreja vão ter um papel de destaque nesta Jornada. Quanto ao papel da mulher, o Padre Armando Pinho que vem de Angola com cerca de 500 jovens não duvida que as coisas estão a mudar.“Há as visões tradicionais da mulher mãe, conselheira, gestora e que assegura o lar, mas vamos percebendo uma mudança nestas ideias em Angola nos últimos tempos, vemos uma mulher protagonista, líder e que na Igreja campeia todos os sectores e faz a Igreja crescer. Mais do que nunca e melhor do que no passado, sentimos uma presença activa e dirigente no seio da comunidade cristã”, disse o padre Armando Pinho Alberto.Outro tema que tem afastado não só os jovens mas a própria sociedade da Igreja Católica são os escândalos de abusos sexuais no seio desta instituição milenar. Em Fevereiro de 2023, uma comissão independente sobre os abusos sexuais na Igreja Católica portuguesa divulgou que nos últimos 70 anos terão havido, pelo menos, 4.500 vítimas com uma média de idades de 11 anos quando os crimes foram cometidos.Para Américo Aguiar, a melhor mensagem para os jovens sobre estes abusos é reconhecer que estes crimes aconteceram, pedir perdão às vítimas e mudar o funcionamento da Igreja Católica."O que era grave era em Portugal não se ter investigado, ter continuado a nuvem, a dúvida, isso era grave. Agora, ter feito o relatório com os danos colaterais que isso implicou, com os sofrimentos, com as dificuldades, isso é a melhor mensagem aos jovens. Aconteceu um pecado, aconteceu um crime, aconteceu uma coisa má. Somos adultos, assumimos as responsabilidades, crescemos, mudámos e queremos fazer melhor", indicou o cardealDe forma a pedir perdão, o Papa Francisco, que chega já na quarta-feira a Lisboa vai reunir-se com um grupo de vítimas, embora ainda não se saiba quando e onde é que este encontro terá lugar.
31/7/20230 minutos, 0 segundos
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Encontrar a liberdade com Os Músicos do Tejo

Têm o nome de Os Músicos do Tejo e há dezoito anos que desenvolvem um trabalho de realce no panorama europeu da música antiga. Com a direcção artística de Marcos Magalhães e Marta Araújo, o trabalho do agrupamento tem seguido duas linhas primordiais: dar a conhecer obras do património musical português inéditas ou pouco acessíveis, mas também desenvolver projectos inovadores e transdiciplinares com artistas contemporâneos.As cinco óperas produzidas, os inúmeros concertos em Portugal e no estrangeiro, o fazerem parte do catálogo da maior editora de música clássica a nível mundial e as excelentes críticas nas publicações da especialidade, são alguns dos reflexos dos desafios que Marcos Magalhães e Marta Araújo gostam de se colocar e da maneira original e holística como entendem o que é a música, o que é a arte.Afinal, "devir" pode ser sinónimo de Os Músicos do Tejo. 
29/7/20230 minutos, 0 segundos
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Cabo Verde: Programa em São Vicente permite acesso a materiais de construção

Duzentas famílias da ilha do barlavento cabo-verdiano de São Vicente beneficiam da plataforma de bolsa de troca virtual comunitária incentivada pelo Centro Social SOS do Mindelo.  No âmbito do programa -Reforço Familiar das Aldeias Infantis SOS de Cabo Verde- duzentas famílias na ilha de São Vicente estão a beneficiar da plataforma de bolsa de troca virtual comunitária, que é um subprograma , através do qual as famílias solicitam materiais para a melhoria habitacional e em troca oferecem serviços, bens e produtos, sem necessidade de usar dinheiro.As duzentas famílias foram escolhidas nas comunidades de Monte Sossego, Fonte Felipe, Ribeira Bote e Ribeirinha. Na comunidade de Ribeira Bote, conversámos com a assistente social, Noémia Lopes, técnica do Centro Social SOS do Mindelo que acompanha a execução da bolsa de troca virtual comunitária.Na comunidade de Monte Sossego são 60 famílias a serem beneficiadas com a  plataforma bolsa de troca virtual comunitária, em  Ribeira Bote, Fonte Felipe e Ribeirinha são 140 famílias no total.A assistente social, Vânia Lopes que acompanha a execução do projecto em Fonte Felipe e Ribeirinha explica que muitas famílias vivem em casas de lata e com o aproximar da época das chuvas há um forte apelo para adesão à bolsa de troca virtual comunitária e recorda que inicialmente algumas famílias receiaram entrar no projecto.Maria Pires, residente na comunidade de Ribeirinha, na ilha de São Vicente foi uma das beneficiadas da bolsa de troca virtual comunitária afirma que o projecto tem um impacto positivo na sua vida. No sistema de bolsa de troca virtual comunitária as associações têm um papel fundamental. Em Monte Sossego onde o projecto começou a ser implementado pelo Centro Social SOS de São Vicente conta com a Associação de Moradores e Amigos de Monte Sossego e a Associação Comunitária Alto Bomba Unido.O presidente da ONG, Aldevino Fortes explica que as associações que conhecem realmente as condições de vida das famílias que vão sendo beneficiadas com os produtos. A bolsa de troca virtual comunitária que está a ser experimentada na ilha de São Vicente pelas Aldeias Infantis SOS de Cabo Verde decorre até Dezembro de 2024 e tem a finalidade, também, de evitar o assistencialismo.Neste momento as associações parceiras do projecto piloto estão no terreno a mobilizar as empresas de venda de produtos de construção a aderirem à bolsa de troca virtual comunitária aceitando que os beneficiários paguem com serviços pelos produtos recebidos. 
26/7/20230 minutos, 0 segundos
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"Viagem por mim terra" e o olhar de Venâncio Calisto para o Teatro Nacional

"Viagem por mim terra" é o mais recente projecto de Venâncio Calisto. Em resposta a um convite lançado por Pedro Penim, director artístico do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, o encenador, dramaturgo e actor moçambicano avança num "processo de escrita itinerante e interactivo" que "resultará do encontro entre o criador e diferentes cenários, situações, comunidades, culturas e vivências em Portugal." "A releitura de "Viagens na minha terra" de Almeida Garrett e de outras obras clássicas e contemporâneas, portuguesas e moçambicanas" serão "fonte de pesquisa e de inspiração para a dramaturgia" de Venâncio Calisto.A criação "Viagem por mim terra", que é um projecto em construção, já teve apresentações em Paredes de Coura, Guimarães, Covilhã e Torres Vedras.A RFI falou com Venâncio Calisto, no momento em preparava a apresentação do primeiro livro de poesia que edita, "Nas traseiras do horizonte", uma elegia ao pai, Calisto Guilherme.O trabalho com o Teatro Nacional D. Maria II, o lançamento do livro "Nas traseiras do horizonte" e os projectos futuros, onde se incluem iniciativas a desenvolver em Moçambique, são alguns dos temas da nossa conversa com Venâncio Calisto.
16/7/20230 minutos, 0 segundos
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Protecção da biodiversidade e dos mangais de São Tomé e Príncipe

São Tomé e Príncipe é rico em biodiversidade e os mangais têm um papel fundamental no seu equilíbrio. O país tem doze mangais dos quais onze estão na ilha de São Tomé e um na ilha do Príncipe. Os mangais são de extrema importância para os seres vivos e para a natureza, pois providenciam uma série de serviços ecossistémicos, como berçários para reprodução de várias espécies marinhas.Causas antrópicas ou seja humanas e alterações climáticas são apontadas como algumas que estão na origem da degradação dos mangais em São Tomé e Príncipe, sendo que o processo de restauração dos mangais é lento e leva muitos anos. A RFI falou com diversos intervenientes no processo de conservação destes frágeis ecossistemas em São Tomé e Príncipe.
14/7/20230 minutos, 0 segundos
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Moçambique: População confirma receber ajuda da TotalEnergies

Nos últimos meses, a petrolífera francesa TotalEnergies tem mostrado sinais de querer retomar a exploração de  gás natural em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, mas impõe condições como: o regresso das populações, garantias de segurança e o acesso rodoviário e portuário. O governo não confirma o regresso da petrolífera francesa, mas o administrador do distrito de Mocímboa da Praia, Sérgio Domingos Cipriano, garante que "a Total está de volta". Nos últimos meses, a multinacional francesa TotalEnergies mostra sinais de querer voltar a explorar as jazidas de gás natural. Mas impõe condições como o regresso das populações, garantias de segurança e o acesso rodoviário e portuário. Três exigências às quais o governo tenta encontrar resposta.Há dois anos, a petrolífera francesa TotalEnergies encerrava as suas instalações na província de Cabo Delgado, em resposta ao ataque de Março de 2021, perto da unidade de gás natural em Afungi, no norte de Moçambique.“As populações regressaram mais por factores de repulsa dos locais onde estavam no sul da província do que por factores de atracção nos seus locais de origem”, descreve o investigador do Observatório do Meio Rural, João Feijó, que desenvolve trabalho de campo no norte do país.A população está a regressar às suas terras, o acesso ao porto de Mocímboa da Praia é uma realidade e a segurança é uma garantia no triângulo de Mocímboa da Praia, Palma e Afungi, afirma o ministro da Defesa, Cristovão Chume."Em segurança não há garantias totais. Os eventos relacionados com questões de segurança podem alterar de um momento para o outro. Vamos continuar a construir melhores condições de segurança, negando o acesso a terroristas às zonas onde habitam populações", garantiu.Quanto ao regresso da Total, o ministro da Defesa diz não ter informações “credíveis”, mas pela informação disponível no site da TotalEnergies “quanto ao número de trabalhadores e companhias, estes podem indiciar um regresso da Total em breve”.O governo não confirma o regresso da petrolífera francesa, mas o administrador do distrito de Mocimboa da Praia, Sérgio Domingos Cipriano, garante que "a Total está de volta e sentimos a ajuda deles. A Total está em peso e é um parceiro que nos ajuda muito. A actividade da Total à comunidade é excelente. Recentemente, ofereceram-nos kits aos funcionários com mantas, tendas, capulanas, termos, coisas que nos ajudam. Ajudaram-nos com máquina, com o transporte de famílias”, descreve o administrador do distrito de Mocimboa da Praia.  Quase todas as infra-estruturas de Mocímboa da Praia foram destruídas, como os sistemas de água, energia, comunicações e hospitais. “Foi quase tudo destruído, equipamentos infra-estruturas”, conta o director distrital de Saúde, Nelson Ernesto Guambe. “A nossa maior preocupação são as infra-estruturas porque estamos a funcionar em espaços provisórios, enquanto decorre o processo de reconstrução. Hoje contamos com dois médicos e 36 enfermeiros”, acrescenta.Nos últimos anos mais de 600.000 pessoas fugiram das zonas de combate para a capital provincial, Pemba, foi o caso da família de Romão. “A minha família contou-me que foi um ataque impressionante, no qual perderam muitos membros da família. Tiveram que fugir para centros. Cada distrito criou centros de acolhimento para deslocados. Fui visitar a minha mãe ao centro de Pemba, eles foram bem acolhidos, tinham condições, acolheram-nos bem”, descreve.Durante quase um ano, Mocímboa da Praia foi o reduto do grupo terrorista Al Shabab. Uma cidade servida por um porto, essencial para a entrada abastecimento e saída de mercadorias. O capitão do porto, António Frederico Cândido, descreve uma “situação estável. As nossas operações estão a prosseguir”.  O exército moçambicano foi durante muito tempo ineficiente, mal equipado, mal pago, conta agora com treino da União Europeia e reforço do exército ruandês e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) no combate ao terrorismo. A missão militar da organização regional anunciou esta quarta-feira, 12 de Julho, prorrogar a presença no norte de Moçambique por um período de um ano."Uma coisa é promover a violência e outra é defender as populações. Não é possível proteger todas as pessoas. Seria um erro estratégico acreditar que se vai restabelecer a paz, unicamente, acreditando no número de forças no terreno", aponta Borges Nhamire, investigador do Instituto para Estudos de Segurança (ISS, Institute for Security Studies).A exploração das gigantescas reservas de gás natural descobertas entre 2010 e 2013 na Bacia do Rovuma, na costa norte de Moçambique, que são as maiores reservas de gás em África e as nonas maiores no mundo, avaliadas em 5.000 mil milhões de metros cúbicos, têm investimentos previstos no valor de 60 mil milhões de dólares - 4 vezes o PIB de Moçambique em 2019 - sobretudo por parte das petrolíferas francesa TotalEnergies. Esta exploração pode tornar Moçambique no quarto país exportador de gás natural liquefeito (GNL). O governo moçambicano envolvido em corrupção e dívidas ocultas, não esconde a pressa em retirar os dividendos do gás inesperado o mais rápido possível e as empresas não escondem a vontade urgente de retomar a exploração.A RFI viajou a convite da Presidência de Moçambique
13/7/20230 minutos, 0 segundos
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Cabo Delgado: "Pouco a pouco a qualidade de vida está a melhorar"

Nos últimos seis anos, estima-se que mais de 600.000 pessoas tenham fugido dos ataques do grupo terrorista islamita Shebbab, em Cabo Delgado. As populações regressam a Mocímboa da Praia e a Palma, onde "a estabilidade da região se mede através do regresso da população às zonas afectadas", afirmou o ministro da Defesa de Moçambique. Há cada vez mais pessoas a regressar a Cabo Delgado. Os habitantes voltam para cidades destruídas por uma guerra que se alastra desde 2017, no Norte de Moçambique. O ministro da defesa Cristóvão Chume garante que o governo criou condições de segurança para o regresso das populações; "Mocímboa da Praia é um local estável, com um nível elevado de retorno da população. O termómetro em relação à estabilidade e instabilidade da região mede-se através da quantidade de população que regressa às zonas afectadas" pelos insurgentes, disse o ministro à RFI.Depois de um longo período de paralisação, as estradas que conduzem a Cabo Delgado voltam a ter circulação de pessoas e de veículos. Milhares de deslocados regressam a casa, bem como os comerciantes e as empresas retomam as suas actividades.No Norte de Moçambique, os vestígios da guerra estão por todo o lado: paredes crivadas de balas, casas, lojas e veículos queimadas; os serviços administrativos, os postos de gasolina, as escolas e os bancos foram completamente destruídos. Perto de 80% da população já está de volta a Palma. "As populações vieram de várias partes desta e de outras províncias, onde se tinha refugiado. As pessoas querem continuar a realizar as suas actividades, a nível da agricultura e na recuperação das casas", descreve o administrador da cidade de Palma, João Buchili.O regresso das populações acontece depois da intervenção dos soldados ruandeses e da força da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que tentam garantir a segurança na região. "A população aceita soldados, não só do Ruanda, mas as forças locais de Moçambique. Estas forças actuam juntas contra os terroristas. A população sabe que a vida deles está entregue aos militares neste distrito", acrescenta o administrador de Palma.Mocímboa da Praia foi tomada a 12 de agosto de 2020. A ocupação durou 11 meses e 27 dias, obrigando os habitantes a fugir pelos matos para sobreviver. Três anos depois, temem-se novos ataques. "As pessoas que morreram eram pessoas como nós. É dificil viver aqui e é preciso ter coragem porque deixamos de confiar. Eles vieram sem avisar" conta-nos Júlio Rafael, 27 anos."Não sabemos que guerra é esta, nem quem são os autores dos ataques. Vimos chegar pessoas com armas a matarem pessoas, a queimarem casas. Fugi para Nampula com a minha família. Em Nampula não vivia bem. Foi por iso que voltei. Recebia 1.000 meticais dos meus avós, que recebem a pensão de antigo combatente", acrescenta.De regresso a Mocímboa da Praia, Júlio Rafel diz sentir "segurança dos ruandeses e da força local. Vivemos bem o convívio com as forças. Pouco a pouco a qualidade de vida está melhorar" com o regresso do comércio de rua, a abertura de escolas. Júlio Rafael recorda, ainda, ter ouvido os terroristas dizer "'todos queremos ser muçulmanos', mas a maioria dos habitantes de Mocímboa da Praia são muçulanos e estas eram palavras em vão".Muitos fugiram em direcção à capital regional Pemba, outros partiram para Mueda. É o caso de Jordão Sabime, 25 anos, que percorreu 150 quilómetros até chegar a Mueda, onde se refugiou com a familia. "Fugimos todos. Andámos durante três dias no meio do mato. Fugi com os meus filhos e a minha esposa, que estava grávida, o bébé nasceu a caminho de Mueda. Vivemos durante um ano em Mueda", conta-nos.Jordão Sabime, queixa-se de ter perdido tudo; "não temos nada, queimaram tudo, não temos casa".Apesar do regresso de uma parte da população, centenas de milhares de pessoas continuam deslocadas no Norte de Moçambique. Durante a fuga, muitas pessoas sofreram ataques de homens armados. A violência sexual, os casamentos forçados e o recrutamento forçado de rapazes para esses grupos armados começam hoje a ser denunciados. As famílias separadas contam-se às centenas e tentam agora reconstruir-se na esperança de que esta página obscura do terrorismo no Norte de Moçambique seja definitivamente virada.RFI viajou a convite da Presidência de Moçambique
11/7/20230 minutos, 0 segundos
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Gisela Casimiro e as palavras acutilantes que constroem histórias

Gisela Casimiro é a escritora, poeta, curadora, artista, tradutora e activista portuguesa que nasceu na Guiné Bissau, e lançou recentemente em Portugal dois livros. "Giz", um livro de poesia, e "Estendais, um livro de crónicas. "Estendais" é um livro de crónicas, "Giz" é um livro de poesia, são os mais recentes trabalhos de Gisela Casimiro a serem editados em Portugal.As energias cósmicas do universo editorial reuniram-se para, com o lançamento de "Estendais" e "Giz" num espaço temporal coincidente, oferecerem-nos o momento para entrarmos no mundo da escritora, poeta, curadora, artista, tradutora e activista portuguesa que nasceu na Guiné-Bissau.E, quando abrimos a porta da leitura e entramos por "Estendais", ou por "Giz", para o caso pode-se dizer que será indiferente, o que é garantido é que a mão de Gisela Casimiro vai-nos levar. Depois, o pouco pode ser tudo.Link editora de "Estendais" : https://www.leya.com/pt/gca/novidades-editoriais/estendais-de-gisela-casimiro/Link editora de "Giz" : https://editoraurutau.com/titulo/gizOuça aqui a reportagem de Luís Guita, correspondente em Portugal.
2/7/20230 minutos, 0 segundos
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Moçambique: reconstrução de Palma e Mocímboa da Praia avança de forma gradual

A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, tem sido palco de ataques armados desde 2017. A reconstrução de Palma e Mocímboa da Praia está a decorrer de forma gradual, à medida que as populações regressam às zonas ocupadas por terroristas. Na aldeia de Mute, a 50 quilómetros de Mocímboa da Praia, regressaram cerca de 70% da população. Silvestre Saudjandja encontrou a sua casa destruída. “A minha casa foi destruída, restam apenas as paredes, não encontrei nada. Desde que voltamos em Março, a situação voltou ao normal", contou.Uma normalidade onde falta tudo, comida, água, infra-estruturas sanitárias e onde as populações continuam dependentes da ajuda humanitária, testemunha Jordão Matias Sabime. "Estamos com fome. Não temos nada para comer ou fazer. Cheguei e as casas estavam todas incendiadas. Não temos nada para fazer, sobrevivemos”, lamenta.A aldeia de Mute foi tomada pelas forças de Moçambique e do Ruanda. No entanto, os ataques terroristas continuam na memória de quem regressa a casa, conta-nos Silvestre Saudjandja. “Hoje estamos seguros, conseguimos dormir. Não conhecia os terroristas, sei que o país está em guerra e que tem que correr se eu ouvir tiros porque é sinónimo de morte”, conta.Um exemplo entre muitas das atrocidades perpetradas pelos insurgentes da província de Cabo Delgado, que deixaram para trás uma região devastada e milhares de pessoas.
1/7/20231 minuto, 0 segundos
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Alice lança "Sonhava" e consolida fusão Portugal-Guiné Bissau

Alice acaba de lançar o mais recente trabalho do projecto AfroLusitana, tem o nome de "Sonhava".O tema confirma as qualidades de uma voz pura e forte que funciona como uma assinatura inigualável e consolida um trabalho de fusão entre Europa e África que Alice imprime no seu projecto AfroLusitana de forma inovadora. Afinal, a portuguesa Alice tem as raízes e a cultura da Guiné-Bissau presentes no dia-a-dia. Os muitos milhões de visualizações que alcançou no YouTube com trabalhos anteriores são a prova da aceitação de Alice pelo público. A perspectiva é que agora, com o tema Sonhava, e com Sombras, ambos lançados pela KaviMusic, a mulher que foi cantora principal na Orquestra Ligeira do Exército Português, valide na carreira a solo o que já foi constatado por grandes referências do panorama musical lusófono.A RFI falou com Alice antes da apresentação do tema "Sonhava". Uma entrevista onde Alice fala, por exemplo, da música como identidade, da fusão entre Portugal e Guiné-Bissau, da experiência como actriz e a presença no Festival de Cinema de Cannes.Vídeo "Sonhava": https://www.youtube.com/watch?v=G7WvJDBe9IQVídeo "Sombras": https://www.youtube.com/watch?v=t1yNQDY16NAAs redes socias de Alice:Instagram: https://www.instagram.com/itsalicemusic/TikTok: https://www.tiktok.com/@itsalice.music?_t=8bP50q3MX4V&_r=1Facebook: https://www.facebook.com/profile.php?id=100063621010924
17/6/20230 minutos, 0 segundos
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Augusto Fraga e a fórmula de sucesso de "Rabo de Peixe"

"Rabo de Peixe" é a série portuguesa que está no Top 10 da Netflix a nível mundial. A série de ficção, baseada em factos reais, foi criada por Augusto Fraga e no mercado internacional ganhou o título de "Turn of the Tide", enquanto no Brasil ficou com o nome de "Mar Branco". A série produzida pela Ukbar Filmes tem por base uma história real: em 2001 um barco carregado de pacotes de cocaína naufragou perto da ilha de São Miguel, nos Açores. O mar acabou por arrastar parte dessa droga, avaliada em milhões de euros, até à localidade de Rabo de Peixe.Na série, um grupo de amigos ficcional tenta vender a droga mas a polícia portuguesa e os mafiosos italianos, verdadeiros donos da droga, aparecem em cena.A RFI falou com o realizador Augusto Fraga. A conversa aconteceu precisamente na mesa onde foi escrita a série portuguesa de maior sucesso na Netflix. Os desafios durante as filmagens, a escolha do casting, as opções na forma como abordou o tema, a relação com os Açores e em particular com os micaelenses são algumas das questões abordadas na entrevista com Augusto Fraga. O realizador começa por nos falar da fórmula que está na origem do sucesso de Rabo de Peixe.Elenco: José Condessa (protagonista)Helena CaldeiraAndré LeitãoRodrigo TomásMaria João BastosAlbano JerónimoAfonso PimentelKelly BaileyPêpê RapazoteFrancesco AcquaroliAdriano CarvalhoMarcantonio Del CarloVeja aqui o trailer oficial: https://www.youtube.com/watch?v=4EWC1WTZews
11/6/20230 minutos, 0 segundos
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Cremilda Medina  apresenta em São Vicente novo disco “Nova Aurora”

Após em 2017 ter editado o seu primeiro disco “Folclore” que fez com que Cremilda Medina fosse reconhecida nacional e internacionalmente, a cantora cabo-verdiana de Morna e Coladeira regressa agora com mais um disco de estúdio intitulado “Nova aurora”. O lançamento oficial do álbum aconteceu em Maio passado. E, na noite deste sábado, na sua terra natal, na ilha de São Vicente, Cremilda Medina, vaii apresentar num concerto intimista o novo trabalho discográfico. Em conversa com a RFI, na cidade do Mindelo, Cremilda Medina explicou que com o álbum “Nova Aurora” continua a viagem que iniciou com o disco “Folclore” pelos ritmos da morna e da coladeira e  mais um disco a pensar na essência da tradição, continuando a busca e preservação pelo antigamente, em sonoridades que lhe trazem à recordação outros tempos e gentes de outrora Também Cremilda Medina, não deixou de fora intérpretes como Tito Paris.Em 2018, por altura em que a morna era ainda candidata a Património Cultural Imaterial da Humanidade, quando Cremilda convidou Tito Paris para gravar a célebre “Nôs Morna” como incentivo e apoio á candidatura que mais tarde, já em Dezembro de 2019 veio a ser ratificada pela Unesco. E  foi com “Nôs Morna” do Manuel de Novas, o compositor preferido da Cesária Évora, que Cremilda Medina conquistou em 2019 o “award” de “World Music” nos Estados Unidos da América, dando assim o pontapé de saída ao novo trabalho.No espectáculo deste sábado, às 21 horas de Cabo Verde, meia-noite em Paris,  Cremilda Medina vai estar acompanhada de músicos locais sob a direção do pianista Tchenta Neves e ainda da figura incontornável na música de Cabo Verde, o instrumentista, Bau Almeida. O concerto intimista de apresentação do disco “Nova Aurora”, acontece no Mansa Marina Hotel, antigo espaço cultural Pont D’Agua, no Centro da cidade do Mindelo.
9/6/20230 minutos, 0 segundos
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Mudança, progresso, prosperidade. O que esperam os guineenses nestas eleições

Em declarações à RFI, muitos guineeneses expressaram antes e depois de votarem nas sétimas eleições legislativas no país as suas esperanças, mostrando-se positivos quanto ao futuro e acreditando que o escrutínio vai decorrer de forma democrática. Para quem se apressou a ir votar esta manhã em Bissau, este dia de voto representa a esperança de uma vida melhor para o país. Para um dos eleitores, "a população vai colaborar" e "os políticos vão aceitar os resultados", sendo este o cenário mais defendido por quem esteve na mesa de voto 24 da capital esta manhã.Para o realizador Flora Gomes, que quis ser dos primeiros a votar, estas eleições legislativas vão servir para "refazer a casa do povo"."Estamos a refazer a casa do povo, a Guiné-Bissau precisa desta renovação na Assembleia, pessoas mais ousadas e mais sérias", declarou.Para este cineasta, que presenciou há quase 50 anos o momento da declaração da independência do país, é preciso agora dar lugar aos mais jovens e aos mais capacitados para liderarem o país."O nosso povo é um povo que mesmo sofrendo, passa o tempo a rir, esperando um amanhã melhor. 50 anos para um povo não é nada e eu que tive privilégio de filmar a proclamação do estado da Guiné-Bissau nas matas da Guiné, não é nada. Não havia nada como ponto de partida. Mesmo em termo de recursos humanos, hoje a Guiné tem quadros impressionantes e temos de lhes dar a possibilidade de mostrar do que que são capazes", concluiu.
4/6/20230 minutos, 0 segundos
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"Os avanços das negociações para o tratado sobre plásticos são limitados"

Até sexta-feira a sede da UNESCO em Paris é o palco da segunda sessão preparatória para o futuro tratado internacional sobre a poluição provocada pelo plástico. Cerca de 175 países estarão reunidos, incluindo Angola e Moçambique. O problema da poluição provocada pelo plástico constitui uma das maiores ameaças ao meio ambiente e para a saúde humana. Face ao avanço da produção de elementos poluidores em escala industrial, os países tentam agora encontrar uma porta de saída para esta questão.Em entrevista à RFI no local, Syanga Abilio, Embaixador de Angola no Quénia, chefiou a delegação do seu país na sede da UNESCO na capital francesa. O diplomata angolano começa por fazer um diagnóstico da situação do planeta terra à luz dos principais desafios colocados ao meio ambiente que passam pelas alterações climáticas, mas também pela dificuldade em gerir os fluxos de plástico. Por outro lado, Jerónimo Chivava, Alto-comissário de Moçambique no Quénia e e também chefe da delegação do seu país nesta ronda negocial, estima que os avanços negociais até ao momento foram limitados, devido às divergências entre os países.Ouça aqui a reportagem na íntegra.
1/6/20230 minutos, 0 segundos