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Portuguese, News, 1 season, 1173 episodes, 20 minutes
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Um grande assunto do momento discutido com profundidade. Renata Lo Prete vai conversar com jornalistas e analistas da TV Globo, do G1, da GloboNews e dos demais veículos do Grupo Globo para contextualizar, explicar e trazer um ângulo diferente dos assuntos mais relevantes do Brasil e do mundo, além de contar histórias e entrevistar especialistas e personagens diretamente envolvidos na notícia.
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Bolsonaro: o ato na Av. Paulista e o pedido de anistia

Quando as investigações da Polícia Federal fecharam o cerco sobre a participação do ex-presidente em uma suposta trama golpista, nomes proeminentes do bolsonarismo se engajaram para organizar uma manifestação em sua defesa. Neste domingo (25), o ato ocupou sete quadras da Avenida Paulista e reuniu pelo menos 185 mil pessoas, de acordo com um levantamento da USP – entre elas, os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Jorginho Mello (Santa Catarina). “Ele conseguiu a foto”, resume Gerson Camarotti, comentarista da TV Globo e da GloboNews e colunista do g1, em conversa com Natuza Nery. Mesmo assim, a situação de Bolsonaro perante a Justiça se complicou. “Ele admite crimes”, completa Camarotti. Sobre o palanque, o ex-presidente ajustou sua versão sobre minutas golpistas encontradas com seu ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e citadas por seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid.
2/27/202432 minutes, 6 seconds
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Covid: alta em meio ao surto de dengue

Há exatos quatro anos – em 26 de fevereiro de 2020 -, o primeiro caso de Covid era confirmado no Brasil. De lá para cá, foram mais de 38 milhões de casos e quase 710 mil mortos. No auge da pandemia, mais de 4 mil vidas eram perdidas por dia. Agora, as vítimas chegam a 200 por semana, número “inaceitável” para uma doença com vacina, define a infectologista Rosana Richtmann. E as confirmações da doença estão em alta - resultado de dias de aglomeração, por causa do carnaval. Tudo isso enquanto o país vive o aumento exponencial de outra doença: a dengue. Para entender as diferenças de sintomas entre Covid e dengue, os riscos de uma nova variante de Covid e a importância da vacinação hoje em dia, Natuza Nery conversa com Rosana Richtmann, do Instituto Emilio Ribas e diretora do comitê de imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia.
2/26/202421 minutes, 46 seconds
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A condenação de Daniel Alves por estupro

Preso preventivamente desde janeiro de 2023, o ex-jogador brasileiro ouviu nesta quinta-feira (22) a sentença por abuso sexual. A vítima alega que Daniel Alves a penetrou sem consentimento no banheiro de uma boate de Barcelona em dezembro de 2022. Daniel mudou de versão cinco vezes e pagou o equivalente a R$ 800 mil à vítima - o que atenuou sua sentença. O ex-jogador terá que ficar na cadeia por 4 anos e 6 meses, e anunciou que vai recorrer da decisão da justiça espanhola. Para entender por que a sentença foi menor do que a pedida pela promotoria e pela defesa da vítima, Natuza Nery conversa com o correspondente da TV Globo Guilherme Pereira. Ele, que acompanhou os depoimentos, o julgamento e o anúncio da sentença direto de Barcelona, explica o que o resultado do julgamento representa para a Espanha e para a proteção de vítimas de violência sexual.
2/23/202424 minutes, 57 seconds
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Racismo: quando o agredido é tratado como agressor

O motoboy Everton Goandete da Silva foi ferido de raspão por um homem no último sábado em Porto Alegre (RS). No meio da confusão, a polícia foi chamada e, ao chegar, deteve Everton, um homem negro de 40 anos – a alegação é que ele estava agressivo e desacatou os policiais. O agressor, um homem branco de 72 anos, também foi levado à delegacia e, depois, foi liberado. Para Everton, o fato de ter sido detido tem outro motivo: racismo. Para entender as condições que permitem que casos como este ocorram, Natuza Nery conversa com Luiz Augusto Campos, professor do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ.
2/22/202417 minutes, 4 seconds
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Fuga de Mossoró - as brechas de segurança

Nascido em 2006, o sistema de presídios federais nasceu com a meta de isolar líderes de facções criminosas e presos de alta periculosidade. Nas cinco unidades federais de segurança máxima estão criminosos como Fernandinho Beira-Mar, Marcola, Marcinho VP e Nem da Rocinha. Em quase duas décadas, nenhuma fuga havia sido registrada. A história mudou no último dia 14, quando dois detentos do Regime Disciplinar Diferenciado conseguiram escapar da unidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Enquanto centenas de policiais e a Força Nacional estão mobilizados nas buscas, as brechas que permitiram a fuga começam a ser expostas: protocolos abandonados, falhas no projeto da prisão, estrutura desgastada e câmeras de monitoramento precárias. Para entender como é a rotina do Presídio de Mossoró e os fatores que permitiram este fato inédito, Julia Duailibi conversa com o jornalista Mahomed Saigg, que entrou no presídio de segurança máxima após a fuga, e também com Francisco Augusto Cruz de Araújo, professor e pesquisador que por dois anos deu aulas em Mossoró.
2/21/202435 minutes, 47 seconds
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A fala de Lula sobre Israel

Em viagem à Etiópia, o presidente Lula comparou os ataques de Israel em Gaza ao holocausto promovido pelos nazistas contra os judeus – período em que mais de 6 milhões de pessoas foram exterminadas. A reação foi rápida e duríssima: Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, classificou as palavras de Lula como vergonhosas e graves; em seguida, o premiê deu uma reprimenda pública no embaixador brasileiro em Tel-Aviv e declarou Lula como “persona non grata” em Israel. O Itamaraty, por sua vez, convocou o embaixador israelense para dar explicações e trouxe de volta a Brasília seu representante no país. Para explicar por que a comparação feita por Lula é tão grave para os judeus e analisar as repercussões diplomáticas do entrevero entre Brasil e Israel, Natuza Nery conversa com Daniel Sousa, comentarista da GloboNews, criador do podcast Petit Journal e professor de economia do Ibmec, e com Guilherme Casarões, cientista político e professor de relações internacionais da FGV-SP.
2/20/202430 minutes, 29 seconds
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O assassinato da oposição na Rússia

Nome mais forte dentre os poucos opositores que Vladimir Putin tem na política nacional, Alexey Navalny morreu na última sexta-feira (16). De acordo com a informação oficial do Kremlin, o ativista teria sofrido um mal súbito durante uma caminhada, sob custódia de um presídio localizado no Ártico. A explicação não convenceu a comunidade internacional – o presidente americano, Joe Biden, afirmou que Putin “é o responsável pela morte”. O caso de Navalny entra para a lista de acidentes suspeitos que, ao longo de quase três décadas, vitimaram todos aqueles que entraram em conflito com o líder russo. A morte do opositor acontece ainda um mês antes das eleições presidenciais marcadas para março, nas quais Putin tem o caminho aberto para ser mantido no comando do país - naquele que será seu quinto mandato. Para analisar os efeitos da morte suspeita de Navalny e o futuro da Rússia, Natuza Nery entrevista Vicente Ferraro, professor da FGV-SP e pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da USP.
2/19/202420 minutes, 22 seconds
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A enrascada jurídica do plano golpista

O vídeo da reunião entre Jair Bolsonaro, ministros e integrantes da alta cúpula das Forças Armadas foi citado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes como parte das condutas criminosas do ex-presidente para atentar contra a democracia e tentar dar um golpe. Neste Assunto a 3, Natuza Nery recebe os advogados criminalistas e professores Davi Tangerino (UERJ) e Frederico Horta (UFMG). Juntos, eles debatem quais as implicações jurídicas da reunião - analisando se o encontro se classifica como “conspiração” e “ato preparatório”, se ali já havia materialidade de crime, e quando as práticas criminosas começam. E discutem possíveis mudanças na lei para aprimorar medidas de controle e proteção do Estado Democrático de Direito.
2/16/202436 minutes, 30 seconds
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Reconhecimento facial - o uso na segurança pública

Recife, Olinda, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador estão entre as cidades que usaram a tecnologia que alia câmeras, inteligência artificial e um enorme banco de imagens para identificar e capturar foragidos da Justiça durante o Carnaval. A capital baiana adotou o reconhecimento facial nos dias de folia pela primeira vez em 2019, quando a polícia conseguiu identificar e capturar um foragido - fantasiado com roupa de mulher - em meio à multidão com o auxílio da tecnologia. Em 2024, o resultado nas cidades não foi promissor: além do baixo índice de capturas, os sistemas cometem erros e levam à prisão de inocentes. No centro da crítica ao uso do reconhecimento facial pelas polícias estão a invasão da privacidade de cidadãos livres e o risco de abordagem racista das imagens. Para descrever como a tecnologia funciona, Natuza Nery ouve João Paulo Papa, professor do departamento de computação da Unesp e pesquisador do Recogna, laboratório de pesquisas sobre inteligência artificial. Ainda neste episódio, Daniel Edler, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP e um dos organizadores do livro “Tecnologia, segurança e direitos: os usos e riscos de sistemas de reconhecimento facial no brasil”, debate as aplicações e os desafios éticos e aplicados da ferramenta.
2/15/202424 minutes, 36 seconds
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Dengue e seus riscos neurológicos

O Ministério da Saúde já conta mais de 500 mil casos da doença nas primeiras semanas desse de 2024 – desse total, são pelo menos 75 mortes confirmadas. O ano caminha para ser o pior de todos os tempos: o governo federal estima 4,2 milhões de registros, um salto de 2,5 vezes em relação a 2015, ano que detém o recorde de quase 1,7 milhão de casos. A doença tem como sintomas febre, dor nas articulações e dor de cabeça. Quando evolui para dengue hemorrágica há riscos de lesão no fígado e no cérebro. Os perigos da doença, contudo, podem aparecer no longo prazo e se manifestar em efeitos neurológicos: a neurologista Marzia Puccioni alerta que entre 1% e 20% dos pacientes da dengue podem desenvolver encefalite (inflamação no cérebro), mielite (inflamação na medula), meningite (inflamação na meninge) e até síndrome de Guillain-Barré (quando o sistema imunológico ataca parte do sistema nervoso). Para explicar todos esses riscos, Marzia Puccioni, que também é professor da Escola de Medicina da Unirio e da pós-graduação em doenças infeccionais e parasitárias da UFRJ, é a convidada de Natuza Nery neste episódio.
2/14/202422 minutes, 23 seconds
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EDIÇÃO EXTRA - A reunião golpista de Bolsonaro

Um festival de palavrões, ofensas, ameaças, conspirações e confissões de ilegalidades. A íntegra do encontro do então presidente da República Jair Bolsonaro com seus ministros no dia 5 de julho de 2022 chegou ao conhecimento público nesta sexta-feira (9), com a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, de suspender o sigilo da íntegra da reunião. As imagens escancaram os objetivos e as estratégias do bolsonarismo para ignorar o processo eleitoral e passar por cima do resultado das urnas. Na organização para o golpe, Bolsonaro assumia o comando da operação: o então presidente reconheceu que perderia a eleição e convocou ministros a “agirem” antes de 2 de outubro. Os desvios de funções apareceram também nas falas dos então ministros da Defesa (Paulo Sérgio Nogueira, que se referiu ao TSE como “inimigo”), da Justiça (Anderson Torres, que alertou aos presentes que iriam “se f...”) e do Gabinete de Segurança Institucional (Augusto Heleno, que admitiu que pedira à Abin para “montar um esquema” para monitorar as campanhas adversárias à de Bolsonaro). Para analisar ponto a ponto o que foi dito na reunião, Natuza Nery conversa com Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, âncora na rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura.
2/10/202429 minutes, 34 seconds
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O cerco a Bolsonaro e a prisão de militares na trama golpista

Novos detalhes do plano golpista de Jair Bolsonaro foram revelados na quinta-feira (8), na operação Tempus Veritatis (Hora da Verdade) da PF. O ex-presidente teve o passaporte apreendido e agora está impedido de sair do Brasil. No mesmo dia, militares foram presos e a investigação chegou a militares de alta patente, aliados de primeira ordem do ex-presidente na tentativa de golpe contra a democracia. Para entender como a operação se aproxima do núcleo duro do governo passado e o ineditismo da prisão de militares, Natuza Nery recebe a jornalista Daniela Lima, apresentadora e comentarista da GloboNews e colunista do g1. Participa também Adriana Marques, professora e coordenadora do Laboratório de Estudos de Segurança e Defesa da UFRJ.
2/9/202441 minutes, 57 seconds
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A nova cara dos concursos públicos

Um número recorde de candidatos no que já é considerado o maior concurso da história do país. O Concurso Nacional Unificado – cujas inscrições terminam nesta sexta-feira (9) - vai selecionar candidatos para mais de 6,6 mil vagas em instituições federais. A prova única, aos moldes do Enem, foi o caminho encontrado pelo governo federal para, segundo a ministra da Gestão e Inovação dos Serviços Públicos, democratizar o acesso ao funcionalismo público. Para entender o novo modelo do processo seletivo e analisar a situação do funcionalismo, Natuza Nery recebe Marco Antônio Araújo Jr., presidente da Associação de Apoio aos Concursos Públicos e Exames (Aconexa), e Félix Lopez, coordenador do Atlas do Estado Brasileiro, do Ipea. Neste episódio: - Marco aponta duas mudanças importantes no processo de seleção para o funcionalismo. A primeira se refere à estrutura da prova, e a segunda em relação ao conteúdo. Para ele, a tendência é “tirar o concurso da linha tradicional de decorar regras, trechos de lei e outros temas, e trazê-lo para uma linha de análise interpretativa crítica”; - Para ele, as mudanças trazidas pelo “Enem dos concursos” causam uma concorrência mais equilibrada, permitindo um processo de "democratização no acesso aos órgãos públicos”; - Félix avalia como equivocada a ideia de que funcionalismo brasileiro é inchado: “do ponto de vista comparativo, o Brasil tem 12% da população no serviço público, enquanto, em média, países da OCDE tem em torno de 20%”. Ele pontua ainda que o gasto com servidores públicos se manteve “praticamente estável no período de 2002 a 2020”; - Apesar da expectativa de que o concurso permita maior igualdade no acesso a cargos públicos, por ampliar o número de cidades que vão aplicar as provas e pelas políticas de cotas, Félix aponta que “as desigualdades estruturais na qualidade de ensino e de preparo para concursos públicos vão continuar”.
2/8/202427 minutes, 10 seconds
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Chile – os incêndios mortais

O fogo que assola a costa chilena provocou a maior tragédia do país desde 2010. Mais de 130 pessoas morreram, centenas estão desaparecidas e outras milhares ficaram desabrigadas. No auge do verão, com temperaturas acima dos 40°C, os incêndios atingiram as cidades de Valparaíso e Viña del Mar, deixando um rastro de cinzas e destruição. Cerca de 43 focos já foram controlados, mas outras dezenas persistem. O presidente chileno, Gabriel Boric, decretou situação de emergência e convocou o Conselho de Segurança Nacional para solucionar as sequelas da tragédia, e também para investigar a causa dos incêndios avassaladores. Morador de Viña del Mar, o brasileiro Cleo Menezes Júnior descreve a Natuza Nery o horror pelo qual ele e família passaram para fugir do incêndio. Participa também Nilton Cesar Fiedler, coordenador do Núcleo de Pesquisas sobre Incêndios Florestais na Universidade Federal do Espírito Santo. Neste episódio: - Cleo detalha o momento em que percebeu a gravidade dos incêndios. Num primeiro momento, não estava preocupado, já que os incêndios acontecem anualmente no país, mas ao sair de casa, viu o céu alaranjado e uma forte fumaça: “entrei em modo de sobrevivência”; - O brasileiro relata que, conforme caminhava por áreas mais próximas dos focos de incêndio, viu o que parecia cena de filme, com pessoas desesperadas nas ruas, carros amontoados e abandonados, botijões explodindo nas casas já vazias, tomadas pelo fogo: “um cenário apocalíptico”; - Nilton Cesar Fiedler explica que incêndios "na grande maioria das vezes, começam pela ação humana”, mas que os chilenos foram potencializados por questões meteorológicas da região, como a vegetação local, altamente inflamável em tempos de seca elevada, principalmente em decorrência do El Niño; - O pesquisador conta que, em incêndios dessa magnitude, nas copas das árvores, “as temperaturas passam de 1000°C, e o vento leva esse material incandescente, como se fossem nuvens de fumaça, para regiões muito distantes”, aumentando o risco até em regiões distantes dos focos do fogo.
2/7/202427 minutes
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Lira x Planalto: o novo round da luta

Em seu discurso de abertura do ano parlamentar, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mandou duros recados ao governo Lula. A tensa relação entre Executivo e a Câmara ganha um novo capítulo, com Lira na expectativa de receber apoio na construção de seu sucessor, além da pressão para liberar R$ 6 bilhões em emendas. Do outro lado, o governo busca cumprir a meta fiscal e aprovar as medidas que abrem espaço para investir em políticas públicas - tudo em um ano marcado pelas eleições municipais. Para analisar o atual status da relação entre Lira e o Planalto e o que esperar da relação do governo federal com o Congresso, Natuza Nery recebe Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da CBN. Neste episódio: - Maria Cristina analisa o discurso de Lira na abertura do ano parlamentar. Para ela, o presidente da Câmara “entregou as razões pelas quais não tem mais tanta força”. A jornalista pontua como, “na política, o tom elevado não é sinal de força”, ao citar o discurso de alguém que está “com menos tinta na caneta”; - Ela avalia que, neste ano eleitoral, a relação entre Executivo e Legislativo será mais difícil, não apenas por causa de Lira, mas por três fatores de estresse: as eleições municipais, a disputa pelas Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, e também o futuro político de Arthur Lira e de Rodrigo Pacheco, atuais presidentes das duas Casas; - Maria Cristina diz que, ao não ceder a cabeça de Alexandre Padilha à pressão de Lira, Lula “quer mostrar ao Congresso que quem governa é ele [Lula]”, depois de anos de fortalecimento dos parlamentares; - A jornalista conclui sinalizando mudanças determinantes na relação de Lula com o Congresso em seu terceiro mandato. “Lula cede menos, aceita menos”, diz, em um momento em que o o Parlamento está com força redobrada. “O Congresso nos dois primeiros governos Lula não tinha a força que têm agora”, lembra.
2/6/202428 minutes, 2 seconds
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O primeiro grande teste de Milei

Durante a campanha eleitoral, Javier Milei apareceu diante de seus apoiadores empunhando motosserras e bradando contra todo o sistema político e econômico da Argentina. Assim, foi eleito presidente e prometeu a “reconstrução” e uma “nova era” para o país. A primeira ação foi a apresentação de um pacotaço com 664 artigos ao Congresso argentino – na lista de medidas, cortes totais em subsídios setoriais, privatizações das mais importantes empresas estatais e poderes especiais para o Executivo. Apelidado de “Lei Ônibus”, o texto-base foi desidratado para menos de 360 artigos, mas manteve o tom ultraliberal característico de Milei e conseguiu a aprovação na Câmara dos Deputados na última sexta (2) – agora, os parlamentares vão analisar item a item e, depois, enviarão a versão final ao Senado, casa mais hostil às pautas do presidente argentino. Para explicar o que caiu e o que ficou do megapacote, e as possíveis consequências políticas e econômicas para os hermanos, Natuza Nery entrevista o jornalista Raphael Sibilla, correspondente da Globo em Buenos Aires, e a economista Carla Beni, professora da FGV. Neste episódio: Sibilla descreve os principais pontos do projeto de lei apresentado pelo Executivo. Na economia, evidencia-se a “obsessão de Milei pelo fim do déficit fiscal”. No âmbito da política, busca sobrepor seus poderes ao Legislativo “para fazer com que leis sejam decretadas sem que os parlamentares possam barrá-las”; O repórter descreve o clima das ruas da capital argentina, onde manifestantes protestam em frente ao Congresso e são reprimidos com violência pelas forças policiais: “Há tempos não se via uma Buenos Aires tão militarizada”. Mas reforça que, embora a oposição esteja nas ruas, o presidente eleito “mantém seu núcleo duro de apoiadores”; Carla comenta como o pacotaço apresentado por Milei virou “um embrulhinho”: “É o que dá para ele no momento”. E, na política externa, ela avalia que o presidente argentino “perdeu uma grande oportunidade” de apresentar seu plano econômico no Fórum Econômico Mundial em Davos, em janeiro. “O plano estratégico ainda não existe. É cedo para falar se a economia vai para o caminho certo ou não”, resume.
2/5/202423 minutes, 24 seconds
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Big techs sob pressão por mais segurança nas redes sociais

Uma audiência realizada pelo Congresso americano nesta semana escancarou alguns dos crimes aos quais crianças e adolescentes estão expostos nas redes sociais. Vítimas relataram abusos sexuais, cyberbullying e até indução ao suicídio frente a frente com representantes das principais plataformas do mundo – caso da Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), Tiktok, Snap, Discord e X (antigo Twitter). No Brasil, durante a abertura do ano de trabalho do Tribunal Superior Eleitoral, o ministro Alexandre de Moraes discursou duramente em prol da responsabilização das big tech nas redes sociais. Para entender o que está em jogo nas casas legislativas e judiciárias de EUA e Brasil e os riscos da internet como terra sem lei para crianças e adolescentes, Natuza Nery entrevista Kelli Angelini, advogada especialista em educação digital e autora do livro “Segredos da internet que crianças e adolescentes ainda são sabem”. Neste episódio: Kelli comenta o pedido de desculpas de Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta, às famílias de vítimas de crimes em redes sociais: “Não sabemos a intenção, mas não muda o que está por vir. Nada tem sido eficaz o suficiente até aqui”; (3:05) Ela justifica que, ainda que não haja legislação específica para redes sociais no Brasil, as empresas precisam levar em consideração o que diz a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente em seus modelos de negócio. “A omissão também gera responsabilização”, resume; (6:00) A advogada cobra a aprovação de uma lei específica para a proteção de crianças e adolescentes na internet. “Agora, empresas estão lucrando com o uso delas nas redes sociais. Sem a responsabilização efetiva das big techs, nada as motivará”, afirma; (12:10) Kelli alerta para como os pais e responsáveis devem agir para garantir a segurança de menores de idade nas redes. (23:15)
2/2/202424 minutes, 56 seconds
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Terra Yanomami - a guerra sem fim contra o garimpo

Em janeiro de 2023, as imagens de crianças e idosos yanomamis subnutridos e enfraquecidos por doenças infecciosas, parasitárias e respiratórias expuseram ao mundo o tamanho da crise humanitária dentro da maior terra indígena brasileira. O governo federal decretou estado de emergência no território para oferecer melhores condições de saúde pública aos indígenas e para expulsar de vez os cerca de 40 mil garimpeiros ilegalmente instalados lá. No começo, deu certo: 80% deles saíram da Terra Indígena. Mas desde o segundo semestre do ano passado o retorno dos criminosos se acelerou, e o governo não consegue deter o avanço do garimpo ilegal – enquanto Executivo e Forças Armadas vivem sob tensão velada a respeito das responsabilidades no enfrentamento do crime. Para entender o que acontece dentro do território do povo Yanomami, e as crises políticas decorrentes disso, Natuza Nery entrevista Rubens Valente, escritor e jornalista da Agência Pública. Neste episódio: Rubens relata como a presença dos garimpeiros ilegais voltou a crescer na Terra Indígena, sobretudo a partir do segundo semestre do ano passado. “O movimento de retorno coincide com a redução de fiscalização e controle, atividades que dependem muito das Forças Armadas”, afirma. “A grande crítica é de que o papel delas não tem sido eficaz”; Ele informa que até dezembro de 2023 havia cerca de 40 mil cestas básicas destinadas aos indígenas que não haviam sido entregues pelas Forças Armadas – o que motivou uma representação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) no Supremo sugerindo “sabotagem” dos militares. “Enquanto isso, 29 yanomamis morreram de desnutrição. Ou seja, havia comida, mas não chegou à boca dos indígenas”, lamenta; Rubens também fala sobre o clima no Palácio do Planalto em relação à crise dos Yanomami. Ele menciona a falta de firmeza de Lula (PT) ao cobrar o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, sobre a atuação dos militares. “O presidente tenta medir o solo onde pisa, mas isso é irrelevante para os indígenas. O que eles precisam é de ações duras, rápidas e imediatas para evitar que morram de fome”, conclui; O jornalista, por fim, comenta a “contaminação ideológica nas fileiras militares a respeito da Amazônia e das terras indígenas”.
2/1/202426 minutes, 35 seconds
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A pá de cal no acordo entre Mercosul e União Europeia

Centenas de tratores estão ocupando as mais importantes rodovias da França. Os agricultores protestam contra impostos, contra preço dos combustíveis e, principalmente, contra o que chamam de crescente competição com o mercado externo – em outras palavras, eles pressionam o presidente francês, Emmanuel Macron, a fazer força para que o bloco econômico desista de vez de concluir o acordo com o Mercosul. As negociações para a assinatura final entre europeus e sul-americanos se arrastam desde 1999, ainda que um contrato tenha sido celebrado em 2019 e as partes tenham criado expectativa para que as últimas arestas fossem eliminadas até o fim do ano passado. Agora, para o presidente da segunda maior potência econômica do bloco europeu, isso teria se tornado “impossível”. Para analisar as remotas chances de sobrevivência do acordo e os impactos para a agricultura e indústria brasileiras, Natuza Nery entrevista Oliver Stuenkel, professor de relações internacional da FGV-SP, e Marcos Jank, coordenador do Centro Insper Agro Global e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri). Neste episódio: Oliver avalia que o acordo entre os dois blocos econômicos subiu no telhado pois “a última janela de oportunidade foi no fim do ano passado”. Agora, diz, que Macron quer encerrar “de uma vez por todas” o assunto para agradar ao eleitorado francês, que é refratário à pauta; (3:00) O professor recorda que Lula travou a evolução das negociações pelo acordo durante seus dois primeiros mandatos, mas, agora, “os tempos são outros e ele mudou de opinião”. “Sem o acerto, Lula precisa definir quais são os próximos passos do Mercosul. Antes, ele precisa saber se os membros do bloco têm visão de mundo semelhante”, afirma; (9:30) Marcos avalia os eventuais benefícios do livre comércio entre Mercosul e União Europeia e lamenta que “o bloco perdeu essa oportunidade lá atrás”. “Agora, a Europa colocou novas restrições, especialmente na área ambiental, e não vejo mais nenhuma chance desse acordo avançar”, afirma; (16:00) Ele explica que a legislação ambiental da Europa ficou, de fato, mais rígida e que as exigências para os produtos do Mercosul agora impõem taxas de desmatamento zero. “Ficou rígido demais e o próprio governo brasileiro não quis ir à frente”, resume. (20:30)
1/31/202424 minutes, 29 seconds
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Carlos Bolsonaro e a espionagem da Abin

Agentes da Polícia Federal cumpriram nesta segunda-feira (29) mandados de busca e apreensão na residência oficial, na casa de praia em Angra dos Reis e no gabinete da Câmara Municipal do Rio de Janeiro do filho Zero Dois do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Os autos da operação registram que foram apreendidos 11 computadores, 3 notebooks, 4 celulares e uma série de dispositivos de memória eletrônica dos endereços relacionados ao vereador (que exerce seu mandato pelo Republicanos). Desde 2020, o nome de Carlos é relacionado ao que seria uma ‘Abin paralela’. Agora, a investigação da PF vai além e sugere que há ligação direta entre possíveis ilegalidades cometidas dentro da Agência Brasileira de Inteligência durante a gestão de Alexandre Ramagem (PL) e ordens que viriam de dentro da família Bolsonaro. Para explicar o que busca a operação contra Carlos Bolsonaro, as hipóteses da investigação e os potenciais crimes relacionados, Natuza Nery conversa com os jornalistas Andréia Sadi, apresentadora da GloboNews e colunista do g1, e Breno Pires, repórter da revista Piauí. Neste episódio: Sadi afirma que o atual momento, no qual a PF avança sobre as possíveis ilegalidades cometidas dentro da agência de inteligência a serviço da Presidência, “é o de maior risco para a família Bolsonaro”. E que Carlos ocuparia a posição de “grande entusiasta da Abin paralela”: “assessores dele obtinham informações que abasteciam e municiavam a família Bolsonaro contra inimigos políticos e investigações judiciais”; Sadi e Natuza comentam que a suposta organização criminosa não era paralela à Abin, mas, durante o governo Bolsonaro, “integrava a Abin oficial”: “Nesse caso, a instituição estava a serviço de um projeto de poder”. E alertam para o fato de que ainda há agentes “que abastassem os bolsonaristas e agem em conluio para proteger os investigados”; A jornalista informa que existe uma “guerra de bastidores” entre Abin e PF – e que a atual cúpula da agência de inteligência está por um fio. “O Lula mandou fazer uma limpa, e o que foi feito nesse meio tempo? Fica uma gestão muito desgastada desse jeito”, conclui; Breno explica a hipótese da PF e da PGR de que “a tal da Abin paralela era uma das fontes de informações que alimentava o gabinete do ódio” - supostamente uma milícia digital chefiada pelo filho Zero Dois de dentro do Palácio do Planalto durante o governo de Bolsonaro; Ele descreve também como se organizava “o ecossistema da desinformação” e a função de Carlos Bolsonaro de “dar coesão e união a um conjunto de fake news”.
1/30/202436 minutes, 28 seconds
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Clima árido, pela primeira vez no Brasil

A Caatinga, bioma que se espalha predominantemente pelo Nordeste brasileiro e que ocupa aproximadamente 10% do território nacional, é bem adaptada a altas temperaturas e à escassez de água - um clima que é classificado pelos cientistas como semiárido. Nas últimas décadas, no entanto, a falta de chuvas por períodos ainda mais prolongados, somada ao impacto do aquecimento global, tem alterado de forma acelerada a paisagem. O impacto foi tanto que uma área de 5 mil quilômetros – equivalente ao Distrito Federal – foi classificada, pela primeira vez na história, como árida. Um alerta de risco para o clima de todo planeta e de urgência para que o poder público atenda aos milhões de brasileiros que vivem na região. Para contar o que está acontecendo por lá, Natuza Nery entrevista Fábio dos Santos Paiva, presidente da Associação de Agricultores do Frade, do município de Curaçá, norte da Bahia, e Humberto Barbosa, professor e pesquisador especialista em desertificação da Universidade Federal de Alagoas. Neste episódio: Fabio relata as muitas alterações que ele observou no clima e na vegetação ao longo das últimas décadas: “A chuva era mais frequente, e não conseguimos mais colher os cultivos que a gente estava acostumado a plantar”. E se emociona ao contar suas lembranças da juventude. “A gente tinha pé de umbuzeiro e, agora, vou lá e o encontro seco e morto. Chega a cortar o coração”, diz; Ele conta o desafio de alguns colegas que moram em fazendas para conseguir água potável ou irrigação adequada para plantar ou criar animais. “Os jovens veem que não é viável viver em um ambiente que não tem como crescer”, lamenta. “E quando piora para nós, do semiárido, todo mundo também é afetado”, resume; Humberto explica como nas últimas três décadas a região Nordeste sofreu com fortes secas, degradação da paisagem e desmatamento – e de que modo isso se reflete nas alterações do ecossistema. “É como se fosse um vulcão adormecido. Houve transições e o nosso semiárido se tornou mais árido”, esclarece; O pesquisador afirma que há dois motivos para o processo de desertificação na Caatinga: as mudanças climáticas e a ação humana. “A degradação do solo e rios aumenta a pressão e, no futuro, vai trazer desafios para as populações ribeirinhas e para a produção de alimentos pela agricultura familiar”, alerta.
1/29/202428 minutes, 55 seconds
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A Abin e a república da espionagem

O ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência acordou com agentes da Polícia Federal na porta de casa nesta quinta-feira (25). Alexandre Ramagem, hoje deputado federal (PL-RJ), foi um dos alvos da operação Vigilância Aproximada, que investiga o suposto uso criminoso da ferramenta FirstMile. A extensa lista de ilegalidades apontadas na decisão judicial assinada pelo ministro Alexandre de Moraes destaca o possível monitoramento de autoridades públicas (caso de ministros do Supremo, parlamentares e governadores) e cidadãos comuns (como advogados, jornalistas e até a promotora do caso Marielle Franco), e também a obtenção de informações sigilosas que ajudassem a proteger os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em diferentes imbróglios judiciais. Para explicar o que diz a investigação da PF sobre o uso político da Abin e os alvos ilegalmente monitorados, Natuza Nery conversa com Daniela Lima, apresentadora da GloboNews e colunista do g1. Neste episódio: Daniela recorda como as descobertas da operação Última Milha, de outubro do ano passado, avançaram para a atual ação da PF: “São indícios claríssimos de que a agência de inteligência, ligada à Presidência da República, foi utilizada para espionar ilegalmente ministros do STF, governadores, deputados e senadores”; Ela apresenta aquilo que a investigação da PF aponta como “motivações” para as ordens de Ramagem aos agentes da Abin: blindagem e abastecimento de informações para Flavio Bolsonaro e Jair Renan; monitoramento de adversários políticos; e fabricação de fake news. “Bolsonaro não mentia quando disse que tinha dados de inteligência”, afirma; Daniela e Natuza informam que a decisão judicial fala em mais de 60 mil registros coletados pela ferramenta FirstMile, relativos a aproximadamente 1.500 números de telefone que teriam sido ilegalmente observados pela Abin – cujos agentes impuseram dificuldades para a investigação em curso; A jornalista relaciona o atual escândalo da Abin aos inquéritos das milícias digitais e do 8 de janeiro: “O uso de equipamento público para arapongagem se insere no contexto de ataque à democracia e às instituições”.
1/26/202431 minutes, 23 seconds
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O Orçamento da União sequestrado pelo Congresso

De 2019 até agora, o total da verba público destinada a emendas parlamentares praticamente triplicou. O Orçamento de 2024 prevê o montante inédito de R$ 47,5 bilhões para bancar essas emendas. E esse valor só não é maior porque, nesta segunda-feira (23), o presidente Lula (PT) vetou um total de R$ 5,6 bilhões - veto que gerou reações contrárias no Congresso e que já sofre ameaça de ser derrubado. Diante da pressão de senadores e deputados por nacos do Orçamento, o governo precisa se equilibrar entre a meta de déficit fiscal zero e a promessa de gastos destinados ao novo PAC. Para analisar o impacto das emendas na organização dos recursos da União e o resultado político dos conflitos orçamentários, Natuza Nery entrevista Ursula Dias Peres, professora de finanças públicas da USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole, e Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: Ursula descreve todos os tipos de emendas parlamentares e pondera que elas são um instrumento legítimo para a composição do Orçamento da União, mas que a atual escalada de valores, que engole até 40% dos recursos discricionários, evidencia um conflito. “O investimento sem a análise dos indicadores é abrir mão do uso da técnica em prol da política”, diz; A pesquisadora celebra a melhora na transparência na tramitação das emendas com o fim do orçamento secreto, mas diz que segue impossível fazer a avaliação qualitativa sobre o bom uso desse dinheiro. “Emendas pulverizadas não resolvem os problemas de política pública. Essa distorção pode piorar o problema da desigualdade, ao invés de melhorar”, avalia; Bernardo recorda o contexto no qual o orçamento secreto foi criado, durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), e como os parlamentares “reciclaram” o modelo após sua proibição, imposta pelo Supremo Tribunal Federal. “Houve ganho de transparência, mas do ponto de vista da economia não houve mudança nenhuma. E sem controle do Orçamento, o presidente vira uma rainha da Inglaterra”, afirma; O jornalista analisa também a “engenharia política” tentada por Lula para conquistar apoio no Congresso – e a “chantagem parlamentar” imposta pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), ao poder Executivo. “A situação é delicada, e a negociação está cada vez mais cara”, conclui.
1/25/202434 minutes, 28 seconds
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Dengue – explosão de casos e vacina no SUS

Os números da doença em 2023 não têm precedentes: mais de 1,6 milhão de pessoas foram contaminadas e 1.094 morreram em decorrência de complicações. E agora, em janeiro deste ano, a situação é ainda pior. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a quantidade de casos de dengue mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado. A novidade no combate à doença é a vacina Qdenga, desenvolvida por um laboratório japonês, aprovada pela Anvisa e que será oferecida a um público-alvo específico no SUS. Para analisar o boom de casos e a entrada do imunizante no Brasil, Natuza Nery entrevista os médicos infectologistas Stefan Cunha Ujvari, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e autor do livro “A história das epidemias”, e Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. Neste episódio: Stefan explica por que a epidemia de dengue foi tão forte no início deste ano: “Depende de vários fatores, mas alguns principais são o aumento de temperatura e um período de chuvas intensas”. E alerta que o número de casos deve aumentar. “O pico deve ser no fim de março ou início de abril”, afirma; (2:20) Ele fala sobre a importância da força-tarefa governamental para reduzir focos de multiplicação do aedes aegypti. “É unânime a compreensão de que nenhum país vai erradicar o mosquito de seu território, será preciso lugar para controlar sua proliferação”, afirma; (10:20) Kfouri comenta a chegada da vacina contra a dengue no Brasil: “No primeiro momento, não terá nenhum impacto, mas à medida que tivermos mais imunizados, aí sim”. Isso porque o SUS recebeu apenas 750 mil doses até o momento - de um total de 50 milhões de doses que serão entregues em 5 anos; (15:15) O médico esclarece por que a faixa etária elegível para a imunização é a de crianças e adolescentes: “É onde a vacina encontrou melhor eficácia”. E apresenta quais são os sintomas mais comuns para a doença - e aqueles que mais representam riscos para a saúde do paciente. (23:00)
1/24/202427 minutes, 7 seconds
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O caminho aberto para Trump na eleição americana

Desde que deixou a Casa Branca, em janeiro de 2021, Donald Trump enfrenta uma via crucis judicial, na qual responde a mais de 90 acusações em quatro processos criminais – como aquele no qual é réu por conspirar contra os Estados Unidos e incentivar a invasão do Capitólio. E nada disso reduziu seu capital político entre os correligionários de Partido Republicano. Nas primeiras prévias do partido para decidir o candidato que irá concorrer contra Joe Biden pela presidência americana, em Iowa, Trump venceu com mais de 50% dos votos. Na sequência, recebeu o apoio formal do governador da Flórida, Ron DeSantis, que desistiu da candidatura – agora, precisa vencer apenas Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul, para ter sua revanche contra Biden. Para analisar a força política do ex-presidente e quais desafios eleitorais e judiciais que ele deve enfrentar este ano, Natuza Nery conversa com Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de relações internacionais da FAAP e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: Magnotta explica por que os votos de DeSantis devem migrar quase na totalidade para Trump dentro do partido: “Há compatibilidade de agenda entre o que os dois defendem”. Ela informa ainda que as pesquisas indicam 70% de apoio à agenda trumpista entre os eleitores republicanos. “Ainda é cedo para dizer que a disputa acabou, mas ele é evidentemente favorito”, afirma; (2:00) A especialista em relações internacionais comenta as disputas pelo protagonismo do campo conservador nos Estados Unidos e descreve em que posições estão Trump e Nikki Haley. “Ela é considerada moderada entre os republicanos, mas pode ser vista também como alguém da direita radical”, diz; (6:50) Ela descreve o atual status jurídico de Donald Trump, que deve enfrentar condenações e restrições eleitorais em alguns dos estados americanos – no Colorado e no Maine a candidatura dele chegou a ser barrada. “Essa será a marca das eleições, que serão decididas mais na Justiça do que nas urnas”, sentencia; (15:50) Magnotta afirma que nos corredores de Washington DC, o “cenário base” imaginado por todos é de uma reedição da disputa entre Biden e Trump. “São dois candidatos que beiram os 80 anos e não têm figuras alternativas. A pergunta mais importante é o que vem depois”, conclui. (21:15)
1/23/202424 minutes, 26 seconds
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As cidades escondidas da Amazônia

Estima-se que pelo menos 8 milhões de pessoas vivessem na Amazônia quando o continente americano recebeu as expedições europeias. Essa população nativa amazônida trazia consigo uma história de ocupação de pelo menos 14 mil anos – tempo nos quais diversos tipos de organizações sociais e econômicas nasceram e morreram, assim como tecnologias e expressões culturais e artísticas. Aos poucos, a ciência moderna encontra vestígios desses povos. O caso mais recente foi a descoberta de cidades com 2,5 mil anos de história na Amazônia equatoriana, encontrada graças ao equipamento óptico Lidar, o mesmo que mapeou dezenas de estruturas milenares na região do Alto Xingu, no Brasil – um trabalho liderado pelo geógrafo Vinícius Peripato, sob a orientação de Luiz Aragão, biólogo chefe da divisão de observação da terra e geoinformática do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Luiz Aragão é o convidado de Natuza Nery para explicar essas descobertas e o impacto delas para o futuro do planeta e da própria humanidade. Neste episódio: Luiz relata como os pesquisadores utilizaram os lasers da tecnologia Lidar para identificar as construções de 2,5 mil anos no Brasil e no Equador. “Havia uma complexidade muito grande com estradas e conexão entre cidades e produção agrícola. É mais uma evidência de que a Amazônia foi extensamente ocupada”, afirma; O biólogo descreve o que as pesquisas encontraram nas cidades amazônicas - e como elas foram “recolonizadas” pela floresta. “Grande parte dessas estruturas foram utilizadas para rituais e outras áreas foram construídas para defesa de aldeias ou para produção agrícola”, detalha; Ele informa que os estudos mais recentes avaliam que pode ainda existir, “embaixo da floresta amazônica mais de 10 mil áreas com essas estruturas”; Luiz explica a relação entre os resquícios de civilizações antepassadas e a biodiversidade de espécies já domesticadas pela humanidade. “Isso pode ser aprendido e utilizado para um desenvolvimento bioeconômico”, afirma. “É uma porta para o futuro do planeta”, resume.
1/22/202421 minutes
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O vaivém da relação de Lula com os evangélicos

Durante a campanha eleitoral de 2022, o contingente de 30% de brasileiros que seguem religiões cristãs protestantes foi um dos polos de disputa dos então candidatos Lula (PT) e Bolsonaro (PL) - a quem as principais lideranças evangélicas tinham como aliado. O petista sofreu com a forte resistência das principais entidades religiosas neopentecostais e, agora como presidente da República, tenta uma aproximação tanto com parlamentares da Bancada Evangélica, quanto com a massa de 60 milhões de brasileiros filiados a essas igrejas. Para analisar os movimentos de altos e baixos da relação do presidente com os evangélicos, Natuza Nery conversa com a cientista política Ana Carolina Evangelista, diretora executiva do Instituto de Estudos da Religião, e com Ronilso Pacheco, pastor auxiliar da Comunidade Batista e teólogo com mestrado pela Universidade Columbia (EUA). Neste episódio: Ana Carolina e Ronilso questionam a eficiência da estratégia de Lula em dialogar apenas com as lideranças religiosas que estão no Congresso. “A estratégia desses líderes é fazer estardalhaço e colocar o governo contra a parede. É uma relação sensível”, afirma o pastor; (1:30) A cientista política destaca que o diálogo com as cúpulas está contaminado porque elas “se radicalizaram ainda mais e defendem seus princípios como uma agenda para o país”. E Ronilso reforça que a abordagem da população evangélica exclusivamente a partir da pauta religiosa é um erro; (5:50) Ana Carolina avalia os impactos da proximidade que os líderes religiosos tiveram com o poder durante os anos de governo Bolsonaro. “É uma bancada que sabe que pode conseguir mais”, resume; (14:50) Ronilso fala sobre como a maioria das igrejas e dos pastores se organizam economicamente – e de que modo a decisão recente da Receita Federal de acabar com a isenção de impostos sobre líderes religiosos foi recebida. “Segue a vida normal como a de qualquer outro brasileiro”, diz; (17:00) Os dois comentam como os fiéis ponderam suas escolhas eleitorais, que passa por fatores de organização comunitária e efetividade de políticas públicas. (20:45)
1/19/202423 minutes, 47 seconds
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A influência do Irã nos conflitos do Oriente Médio

O ataque terrorista do Hamas a Israel em 7 de outubro desencadeou a mais sangrenta guerra já promovida em território palestino e abriu uma caixa de Pandora para mais violência no Oriente Médio. Frentes de combate se abriram na fronteira entre Israel e Líbano, onde atua o grupo terrorista Hezbollah, e no Mar Vermelho, onde rebeldes houthis atacam navios e são bombardeados pelos EUA. Ataques a grupos militantes também foram registrados no Iraque, na Síria e no Paquistão. E a ligação entre todos os conflitos é o Irã, país controlado por aiatolás xiitas que investe muito dinheiro em sua máquina de guerra e patrocina grupos armados em sua área de influência. Para explicar como o governo iraniano impõe seus tentáculos por toda a região e os riscos de que esses conflitos ganhem escala global, Natuza Nery entrevista Vitelio Brustolin, professor de relações internacional da UFF e professor adjunto na Universidade de Columbia (EUA), e também pesquisador da faculdade de Direito de Harvard. Neste episódio: Vitelio afirma que a guerra entre Israel e Hamas já se espalhou pela região e repercute até na Europa e nos Estados Unidos, onde foram ativados alertas máximos contra atos terroristas. “A estratégia do Hamas se mostra eficiente se a tática terrorista se espalhar pelo mundo”, avalia; Ele comenta a agenda geopolítica do Irã, que financia partidos e milícias xiitas em países vizinhos – e enfrenta agrupamentos também armados sunitas, como é o caso do Talebã e do Estado Islâmico. E descreve o poder militar das forças armadas iranianas – que está perto de ter tecnologia suficiente para construir uma ogiva nuclear; Vitelo explica como agem os rebeldes houthis, sediados no Iêmen: “Eles controlam a entrada do Mar Vermelho, por onde passa 12% do comércio mundial”. E como os ataques do grupo a navios são usados como moeda de troca pelo Irã. “Mostra o uso de terrorismo internacional como ferramenta de política externa”, sentencia; O professor fala sobre sua preocupação em relação à multiplicação de conflitos, que poderiam “desembocar em uma guerra maior, que daria início a uma 3ª Guerra Mundial”.
1/18/202424 minutes, 21 seconds
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A ameaça de Bolsonaro ao PL de Valdemar

Em uma entrevista recente, o presidente do partido que abriga os principais nomes da direita brasileira rasgou elogios a Lula (PT). As declarações de Valdemar Costa Neto pegaram mal entre os apoiadores de Jair Bolsonaro, e o próprio ex-presidente entrou em cena: ele as classificou como “absurdas” e sinalizou que esse tipo de fala tem potencial para “implodir” o partido – o mesmo pelo qual ele disputara a eleição de 2022. Em disputa, mais do que um racha ideológico estão os capitais político e financeiro do PL: é a maior bancada na Câmara e no Senado e recebe a maior fatia dos fundos partidário e eleitoral (que, em 2024, será de R$ 4,9 bilhões). Para explicar as rusgas entre Bolsonaro e Valdemar e os riscos para ambos em caso de racha partidário, Natuza Nery conversa com Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: Flávia recorda a aliança do PL com o PT em 2002, que culminou numa então improvável chapa encabeçada por Lula, candidato à Presidência, com o empresário de direita José Alencar: “Essa articulação se deve a Valdemar”. E relaciona a situação com o atual status da relação de Valdemar e Bolsonaro. “É como se estivessem algemados um no outro, e para saírem do lugar precisam combinar o compasso”, afirma; (3:45) A jornalista compara as personalidades de Valdemar - “um político de acomodação, que faz acenos e é a cara do PL” - e de Bolsonaro - “um outsider que tem desprezo pela lealdade partidária”. E aponta o que um tem a ganhar com o outro: uma robusta estrutura partidária, de um lado; e muitos votos puxados por um valioso cabo eleitoral, de outro; (9:30) Ela comenta o perfil “combatido e autoritário” do ex-presidente e como essa característica colaborou para implodir o partido pelo qual foi candidato à Presidência pela primeira vez, o PSL. “E o Lula é o oposto disso. E também por isso é elogiado por Valdemar”, afirma; (15:00) Flávia avalia que, em caso de uma guerra deflagrada entre Bolsonaro e o líder do PL, Valdemar deve levar a melhor. “Bolsonaro pode sair e levar com ele parlamentares fiéis e capital político, mas com muito menos recursos”, conclui. (24:00)
1/17/202428 minutes, 19 seconds
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Lei do Cyberbullying: proteção para crianças e adolescentes

O presidente Lula (PT) sancionou nesta segunda-feira (15) a lei que inclui os crimes de bullying e cyberbullying no Código Penal. O texto apresenta a definição dos crimes (que, agora, são considerados hediondos) e impõe pena de até 4 anos de reclusão e multa – no caso de crime de indução ou auxílio ao suicídio, a punição pode até dobrar. Para explicar o impacto do bullying em crianças e adolescentes e como a nova lei pode preservar a saúde mental de milhões deles, Natuza Nery entrevista Patrícia Peck, advogada especialista em direito digital e presidente do Instituto iStart, e Gustavo Estanislau, especialista em psiquiatria da infância e da adolescência e coautor do livro “Saúde mental nas escolas: o que os educadores devem saber”. Neste episódio: Patrícia descreve quais são os formatos mais recorrentes de bullying nas redes sociais: ofensas discriminatórias em grupos e uso indevido ou manipulação de fotos. "Se um ato isolado já poderia causar tanto estrago, imagina em ambiente digital?”, alerta; Ela celebra a nova lei como uma demonstração “de que estamos tratando o tema com seriedade”. E destaca como o texto atualiza a legislação criminal brasileira e constrói uma política nacional de prevenção ao abuso e exploração da criança e do adolescente; Gustavo comenta o impacto do bullying, virtual ou não, na formação da personalidade de crianças e adolescentes: “Os mais novos têm dificuldade em identificar parâmetros de até onde as pessoas podem ir”. E explica por que muitas vezes eles não levam a violência para pais, professores e responsáveis. “Em casos mais graves, afeta a autoestima e a criança passa a acreditar que merece aquilo”, afirma; O psiquiatra fala sobre a urgência de um debate amplo para a prevenção contra o bullying. “Temos dificuldade em detectar, principalmente com as redes sociais”, diz. Ele também lista sintomas que podem sinalizar uma vítima desse tipo de violência: a criança pode ficar mais assustada e menos atenta que o normal, apresentar alteração no padrão de sono e na dieta e falar em medo de ir à escola.
1/16/202428 minutes, 38 seconds
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CBF e Seleção - o futebol brasileiro em crise

Único pentacampeão mundial de futebol, o Brasil chegará à Copa do Mundo de 2026 em jejum de 24 anos sem levantar a taça. Em campo, a Seleção coleciona fracassos e ocupa a 6ª posição nas Eliminatórias para o próximo Mundial. Na administração, a Confederação Brasileira de Futebol vai ainda pior: denúncia de irregularidade nas eleições internas, afastamento (e recondução) do presidente Ednaldo Rodrigues e um “perdido” do treinador italiano Carlo Ancelotti – que recusou o convite para dirigir a Seleção, que, agora, tem Dorival Júnior como técnico. Para explicar como a entidade deixou a credibilidade do futebol brasileiro em ruínas, Julia Duailibi entrevista Martín Fernandes, colunista do jornal O Globo e do ge.com e comentarista do SporTV. Neste episódio: - Martín descreve como as alterações no processo eleitoral da CBF culminou no imbróglio judicial que invalidou os resultados do pleito, e como Ednaldo foi escolhido para assumir um vácuo de poder na entidade: “Ele teve muito apoio para chegar ao poder, mas fez uma gestão centralizadora e criou adversários internos”; - Ele comenta como esse estilo “centralizador” de Ednaldo se relaciona aos péssimos resultados da Seleção em campo. É o caso da negociação entre CBF e Ancelotti: enquanto a entidade esperava o sim do treinador, manteve dois técnicos interinos (Ramon Menezes e, depois, Fernando Diniz); ainda assim, o italiano assinou sua renovação com o Real Madrid; - Martín também alerta para o risco de uma punição esportiva à Seleção, imposta pela Fifa e pela Conmebol por uma suposta interferência externa da Justiça na CBF. “A imagem do futebol brasileiro já estava arranhada, mas essa situação toda gera uma percepção de bagunça”, conclui.
1/15/202421 minutes, 25 seconds
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O desafio de Lewandowski à frente da Justiça

Escolhido pelo presidente Lula para comandar um dos ministérios mais políticos da Esplanada, Ricardo Lewandowski vai assumir a Justiça em fevereiro. À frente da pasta, o ex-ministro do STF herda o desafio de lidar com um tema sensível ao governo: a violência, que está no topo de preocupações dos brasileiros. Ao definir quem comandará o ministério, Lula também decidiu não desmembrar a pasta, mantendo Justiça e Segurança Pública sob o mesmo guarda-chuva. Para entender os principais desafios de Lewandowski no cargo e quais os entraves para combater o crime organizado, Julia Duailibi recebe o ex-ministro da Segurança Pública Raul Jungmann. Neste episódio: - Jungmann defende que Justiça e Segurança Pública sejam ministérios distintos de forma permanente e justifica que o país “não tem um sistema centralizado de segurança pública”. “A responsabilidade é dos Estados e, portanto, não há uma política nacional para o tema”, afirma; - Ele crava que o “desafio número 1” de Lewandowski é superar a lacuna de poder do governo central no controle da segurança pública. E destaca o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) como principal ferramenta para articular entes estaduais contra o crime organizado; - Jungmann destaca também a urgência de se reformar o sistema prisional brasileiro: “Ele amplia e amplifica a violência e criminalidade no Brasil”. Isso porque, afirma, as mais de 70 facções que atuam nos presídios brasileiros cooptam jovens para atuarem como “soldados do crime organizado”; - O ex-ministro elogia a escolha de Lewandowski para o comando do Ministério, um cargo que define como “evidentemente político”: “Ele tem autoridade, conhecimento e articulação, além de ótima relação com o governo e o respeito da oposição”, conclui.
1/12/202419 minutes, 57 seconds
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O Equador mergulhado no caos

"Vivemos um estado de guerra”, assim o presidente Daniel Noboa classificou a situação do país depois da escalada de violência e mortes. A crise se agravou depois da fuga de um dos chefes do narcotráfico, e é a primeira prova de fogo do atual governo. Noboa assumiu em novembro para um “mandato tampão”, depois de um processo eleitoral marcado pela violência e pelo assassinato de um candidato à presidência. Para entender a situação no Equador e os fatores que levaram o país ao domínio do narcotráfico, Julia Duailibi recebe Maria Teresa Escobar, jornalista baseada em Quito, e Thiago Rodrigues, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). Neste episódio: - Direto de Quito, Maria Teresa narra a situação na capital depois da “madrugada de terror”, quando policiais foram sequestrados e a população entrou em pânico. “Quito amanheceu vazia, com as pessoas trancadas em casa”, relata; - A jornalista classifica como positiva a medida do presidente de admitir a existência de um conflito armado contra o narcotráfico. “Existe um conflito interno. É bom que não falemos mais em crise de segurança”, diz, ao lembrar a explosão do número de mortes no país desde 2019. “Não é uma coisa pequena”, afirma; - Thiago explica como, ao ser eleito com a promessa de “repressão total” ao narcotráfico e de “outsider” da política, Noboa adotou medidas que desencadearam resposta violenta de grupos criminosos no país; - O professor conclui como a crise e a “declaração de guerra” pode ajudar Noboa em uma eventual tentativa de reeleição, em 2025. Para ele, se o atual presidente conseguir transmitir uma imagem de diminuição da violência, “vai ser visto pela opinião pública como alguém que resolveu o problema, sem resolver”, afirma.
1/11/202435 minutes, 4 seconds
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Redes sociais: a regulação urgente

A cerimônia para celebrar a democracia no dia em que os atos golpistas completaram 1 ano foi também usada para cobrar a regulamentação das redes sociais. O presidente Lula e o ministro do STF Alexandre de Moraes sinalizaram a necessidade de regular plataformas, hoje solo fértil para o espalhamento de fake news e de desinformação. O tema deve ser uma das prioridades do Congresso na volta do recesso parlamentar – o chamado PL das Fake News está parado na Câmara, depois de ser aprovado no Senado. Para entender em que pé está a discussão sobre o tema e a importância de uma legislação clara sobre conteúdo em redes sociais, Natuza Nery recebe Pablo Ortellado, professor da USP, coordenador do Monitor do Debate Político Digital e colunista do jornal O Globo, e Iná Jost, coordenadora do InternetLab. Neste episódio: - Pablo explica como o texto original do projeto de lei foi transformado até sua versão final, que deve ser aprovada na Câmara. “É bastante abrangente e o coração dele é a mudança na regulação de conteúdo na internet”, resume. Agora, a moderação desse conteúdo deixa de ser feita exclusivamente pelas empresas e “passa a ter diretrizes e regras que estão acima das regras da plataforma”; - Ele aponta quais eram os principais “pontos de tensão” da versão original do PL: a compreensão “maximalista” do que é liberdade de expressão pela direita conservadora e a remuneração de conteúdo que circula nas redes sociais para artistas e produtores de conteúdo. “O debate sobre direitos autorais virou um projeto a parte”, esclarece; - Iná comenta a importância da clareza de regras de cada plataforma de redes sociais para os usuários. “As empresas têm o direito de ter essas regras, desde que sejam claras sobre como estão operando”, afirma; - A coordenadora do InternetLab fala sobre o “poder político enorme” das empresas de tecnologia que controlam as plataformas. “É por isso que é importante haver regulação. E acredito na capacidade do Congresso em encontrar um texto aprovável”, conclui.
1/10/202422 minutes, 20 seconds
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2024, uma odisseia no espaço

A primeira de muitas missões espaciais previstas para este ano foi lançada nesta segunda-feira. O foguete Vulcan partiu com a meta de ser a primeira espaçonave de uma empresa particular a conseguir pousar na Lua. Problemas no sistema de propulsão da sonda, no entanto, podem adiar o objetivo da missão, que faz parte do projeto da Nasa de mandar uma mulher ao satélite da Terra. Para entender por que a exploração lunar continua sendo um desafio, 55 anos depois de o primeiro homem pousar no satélite, e explicar quem são os países - e as empresas – que fazem parte da atual corrida espacial, Natuza Nery recebe Salvador Nogueira. Jornalista científico, Salvador é autor de livros sobre astronomia e astronáutica, e sócio fundador da Associação Aeroespacial Brasileira. Neste episódio: - Salvador explica a importância do lançamento do foguete Vulcan - feito pela Nasa em parceria com uma empresa privada –, no que ele classifica como um momento de “transição para a exploração comercial da Lua”; - Ele lista os interesses de nações e de empresas na corrida pela exploração da Lua: disputa de influência para mostrar “tecnologia superior”. O aspecto militar, com o espaço visto como “área de conflito” no futuro. E o interesse comercial, com a construção de empreendimentos em solo lunar e até o serviço de transporte até a Lua; - O jornalista pontua como passamos por um momento de “revolução”, com a construção de foguetes de custo mais baixo. Ele cita a Space X, empresa do bilionário Elon Musk, e como a produção financiada por Musk revolucionou a indústria espacial, ao fazer concorrentes e até países “correrem atrás”. O resultado, segundo Salvador, é a redução do custo de acesso ao espaço, num processo “bom para todo o mundo”; - Salvador fala sobre a expectativa para a Artemis 2, quando a Nasa quer mandar astronautas para a órbita lunar pela primeira vez desde a década de 1970. “Na prática, a Nasa está reaprendendo as coisas que aprendeu no século passado”, diz. E conclui como a missão serve como “um teste drive” para saber se a agência espacial consegue mandar astronautas para a Lua e trazê-los de volta.
1/9/202422 minutes, 17 seconds
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8/01 - A Democracia 1 ano depois

"O ato de vandalismo mais forte que já aconteceu nesse país”, assim o presidente Lula classifica as invasões de apoiadores de Bolsonaro em entrevista exclusiva à Julia Duailibi, diretora de ‘8/01 - A Democracia Resiste”. Com imagens e depoimentos exclusivos, o documentário narra a tensão do momento dos ataques e a forma como o governo respondeu ao golpismo que destruía a Praça dos Três Poderes. Para abordar todos os detalhes da produção, Natuza Nery recebe Julia Duailibi. Depois, sobre as consequências do 8 de janeiro neste primeiro ano de mandato de Lula, conversa com Oscar Vilhena, professor de Direito Constitucional da FGV. Neste episódio: - Julia relata como, ao fazer o documentário, concretizou o grau de tensão entre civis e militares para desmobilizar o acampamento golpista na noite do 8 de janeiro de 2023. E destaca como a democracia sobreviveu “ao grande solavanco” da tentativa golpista. “As ordens funcionaram. Todas as Instituições da República deram uma resposta, a resposta que a gente precisava para a manutenção da democracia”, lembra; - "O objetivo do filme é mostrar o que ninguém viu”, diz Julia. Ela relata o momento em que o presidente Lula é informado das invasões e a reação do alto comando da República à tentativa de golpe. E como Lula reagiu à inação das forças de segurança para conter os invasores; - Julia descreve os momentos decisivos em que Lula e seus ministros descartaram a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e decidiram adotar uma intervenção federal na Segurança do Distrito Federal. E o clímax do conflito entre o poder civil e o militar para a desmobilizar o acampamento golpista na frente do QG do Exército; - Oscar Vilhena afirma que, um ano depois, o Brasil deve comemorar o fato de a democracia estar de pé. “Se o 8 de janeiro tivesse triunfado, nós não estaríamos aqui”, sentencia. Mas sinaliza haver uma preocupação grande com “setores que foram desleais com a democracia”, ao lembrar a regra básica da democracia: “Quem perde, a eleição vai para casa”.
1/8/202444 minutes, 59 seconds
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Padre Júlio Lancellotti e o pedido de CPI em SP

O nome do padre Júlio Lancellotti foi colocado no meio de uma disputa política depois que um vereador do União Brasil pediu a abertura de uma CPI para investigar a ação de ONGs que trabalham com a população de rua na cidade de São Paulo. Por trás dessa disputa, um problema de mais de três décadas: a Cracolândia, região da capital paulista onde dependentes químicos alimentam o vício a céu aberto. Para entender o trabalho de assistência feito com a população em situação de rua, Natuza Nery conversa com o padre Júlio Lancelotti, e com Aluízio Marino, coordenador do LabCidade da USP e doutor em Planejamento e Gestão de Território pela Universidade Federal do ABC. Neste episódio: - O padre Júlio Lancellotti reflete porque o nome dele foi parar na boca de quem pede a abertura de uma CPI na Câmara Municipal de SP. “Talvez porque identifiquem em mim as pessoas com quem eu convivo. Pessoas que incomodam a sociedade, em situação de rua, dependentes químicos”, diz, ao citar uma população que “ninguém quer ver”; - Atuante há quatro décadas, padre Júlio faz uma retrospectiva do que viu e testemunhou sobre o crescimento da Cracolândia. E aponta como a política para lidar com a população de rua muda a cada quatro anos, com a mudança nos governos locais: “a questão da população de rua não é tratada como política de estado, mas como política de governo, por isso sofre com a questão de continuidade”, resume; - Padre Júlio classifica como “simplista” o raciocínio de que o auxílio à população de rua e a dependentes químicos estimula o crescimento do problema. “Até na guerra os prisioneiros não são privados de água e de alimento. Por que que nós queremos penalizar e criminalizar o dependente químico, proibindo dar comida a eles?”, questiona; - Aluízio Marino relembra como a Cracolândia nasceu e cresceu, em uma área da cidade onde o território sempre foi marcado pela “imoralidade” de diversas naturezas. “É importante pensar que o nome serve para delimitar um lugar marcado para morrer”, expõe.
1/5/202428 minutes, 41 seconds
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Juros do cartão de crédito: a solução tampão

As dívidas complicam a vida das famílias que têm pendências financeiras e travam a roda da economia. E o vilão desse problema é um conhecido de muita gente: o cartão de crédito. Com juros acima dos 400% ao ano, os cartões apareciam como principal problema de 60% das pessoas com contas atrasadas, segundo dados do Instituto Locomotiva de dezembro. A partir de agora, uma regra limitou o teto para os juros dessa modalidade. Para entender o que muda na prática e o que precisa ser feito como solução definitiva para a tensão entre juros altos e inadimplência, Natuza Nery conversa com Otto Nogami, professor de Economia e Finanças do Insper. Neste episódio: - Otto sinaliza a necessidade de “conscientizar o consumidor a adequar seu consumo à renda”. E aponta a recomendação de primeiro reservar dinheiro para, só depois, comprar produtos de alto valor agregado; - O professor destaca a importância da educação financeira das famílias, algo que, para ele, deveria começar ainda “no berço”. Mas afirma que, no Brasil, há herança do período inflacionário, quando havia a ideia de que não vale a pena guardar dinheiro, por causa da desvalorização da moeda; - Ele fala como o consumo das famílias - responsável por mais de 60% do PIB - é o principal afetado quando não há crédito no mercado. “Qualquer ação de limitar o acesso ao crédito impacta no consumo do cidadão. E impactando na vida do cidadão, pode afetar a performance da atividade econômica”, diz; - E dá uma “dica de ouro” para quem gastou muito no fim do ano: “o segredo é procurar equacionar o problema o mais rápido possível”, diz. E continua: “separar o que é consumo indispensável e deixar de lado o supérfluo”.
1/4/202421 minutes, 23 seconds
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Trump x Biden (de novo) na eleição dos EUA

Em 2024, os eleitores da maior economia do planeta vão escolher quem vai comandar a Casa Branca. A disputa deverá repetir as eleições de 2020, com o democrata Joe Biden em busca da reeleição enfrentando o ex-presidente republicano Donald Trump. Ambos enfrentam problemas para consolidar suas candidaturas. De um lado, Trump lida com processos jurídicos e sua permanência na disputa foi parar na Suprema Corte. Do outro, Biden enfrenta resistências e um processo de impeachment. Para entender os principais desafios de cada um deles e o que vai pesar na eleição de novembro, Natuza Nery conversa com Guga Chacra, comentarista da TV Globo e da GloboNews, e colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Guga explica por que o caucus de Iowa (15/01) e as primárias de New Hampshire (23/01) são datas importantes para a disputa de quem vai ser escolhido candidato Republicano. “Trump é o franco favorito”, diz. Mas ele lista os motivos que fazem Nikky Haley despontar como uma ameaça ao ex-presidente. Do outro lado, diz, nenhum pré-candidato democrata parece ameaçar Joe Biden; - O jornalista detalha as implicações da decisão do Colorado, onde o nome de Trump foi barrado nas primárias republicanas. "A campanha vai para a Suprema Corte nacional”, o que, segundo Guga, teria “impacto muito grande” para a campanha do ex-presidente. No entanto, ele pondera que, sem ter sido condenado por incentivar os atos de 6 de janeiro de 2021, é pouco provável que Trump tenha a candidatura barrada nacionalmente; - Guga avalia os motivos que fazem Joe Biden estar em “situação vergonhosa”, ao aparecer atrás de Trump nas pesquisas de intenção de voto, apesar de os EUA estarem com PIB em tendência de alta e com taxa de desemprego em baixa; - E conclui apontando os temas que vão pesar na eleição de 5 de novembro: fronteira com o México, gastos com as guerras da Ucrânia e de Israel contra Gaza, e a idade dos candidatos. “A imagem que Biden passa é de fragilidade”, diz, ao relatar que muitos norte-americanos o veem como alguém “sem energia” para aguentar mais quatro anos de mandato.
1/3/202431 minutes
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A disputa Lula x Bolsonaro na eleição municipal

Em outubro os brasileiros vão voltar às urnas para escolher prefeitos e vereadores dos 5.570 municípios. Uma eleição regada a muito dinheiro público: o fundo eleitoral terá R$ 5 bilhões, o dobro das eleições municipais em 2020. Historicamente, a eleição municipal é marcada por problemas e questões locais, mas a polarização ainda presente entre o presidente Lula e o ex-presidente Jair Bolsonaro pode mudar o quadro. E ambos já atuam para eleger aliados. Para entender como vão atuar os dois cabos eleitorais mais influentes do país e o que esperar da eleição deste ano, Natuza Nery conversa com o cientista político Felipe Nunes, professor da UFMG e diretor da Quaest, autor do livro recém-lançado ‘Biografia do Abismo’. Neste episódio: - Felipe detalha os temas que devem pautar a campanha nas pequenas, médias e grandes cidades. Para ele, a polarização entre Lula e Bolsonaro deve se fazer mais presente em cidades de grande porte, principalmente da região Sudeste, onde "há um debate ideológico importante que não acabou em 2022”; - Ele analisa como o PL – partido do ex-presidente Bolsonaro - tem o desafio de crescer nos municípios. “É a primeira eleição com Bolsonaro fora do poder. É um teste para o bolsonarismo”, afirma. E lembra: “o PT teve o seu pior desempenho em 2020”, e agora tenta recuperar protagonismo nas cidades, tendo nas mãos a máquina pública federal e uma agenda econômica positiva; - Para ele, “a eleição de 2024 é crucial para entender a correlação de forças no Congresso”. E chama atenção para a mudança no “jogo legislativo”, com parlamentares tendo nas mãos o valor recorde de R$ 53 bilhões em emendas. “O que determina quem vai ganhar o Congresso são os prefeitos. A eleição de 2024 é o termômetro para saber quem vai mandar na agenda legislativa brasileira em 2026”, sentencia; - E aponta a tendência de uma alta taxa de reeleição de prefeitos, resultado de um “círculo virtuoso e vicioso”, com bases eleitorais irrigadas com dinheiro de emendas parlamentares. “Deputados passaram a ter mais poder para ajudar prefeitos que no futuro vão poder ajudá-los a vencer as eleições de novo”, explica.
1/2/202433 minutes, 57 seconds
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REPRISE - Recordes de calor e a ameaça à vida humana

2023 chega ao fim com uma marca histórica: foi o mais quente dos últimos 125 anos. Nesta sexta-feira, 20 de dezembro, O Assunto reprisa um episódio para explicar os recordes de calor e a ameaça dos eventos extremos à vida humana. Ameaças que podem ficar ainda mais intensas em 2024. Para comentar o risco do calor em excesso para a saúde humana e explicar até onde a temperatura pode chegar, Natuza Nery conversa com Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima e integrante do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, e com o biomédico fisiologista Daniel Mendes Filho, um dos autores do livro “Condições extremas: como sobrevivemos?”. Neste episódio: - Marcio lembra que as ondas de calor estão cada vez mais intensas, mas que os recordes de temperatura vêm sendo registrados há pelo menos duas décadas: “São gritos de alerta do planeta”. E a situação deve piorar. “A gente não vai mais recuperar os gases emitidos para a atmosfera. O planeta tem um problema já contratado”, afirma; - Ele avalia que as soluções para mitigação e adaptação dos impactos do clima são de responsabilidade de governos e estão, principalmente, nas mãos dos líderes dos países desenvolvidos: “As pessoas mais pobres vão pagar a conta”. “Quanto menos a gente fizer agora, maior será a conta para as próximas gerações”, conclui; - Daniel explica como o organismo humano reage às mudanças de temperatura, e quais são os riscos associados aos episódios de calor extremo – que afetam mais as crianças e os idosos: “Os mecanismos de adaptação do corpo são insuficientes para manter a temperatura em níveis fisiológicos. Pode haver quadros de hipertermia e insolação”; - Ele também comenta sobre o que as cidades podem fazer para enfrentar as mudanças climáticas, com ações dedicadas a aumentar a arborização e os ambientes com circulação de ar. Daniel orienta sobre como cada um pode se proteger: roupas leves, alimentação saudável, plantas domésticas e até papel alumínio na janela.
12/28/202329 minutes, 58 seconds
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REPRISE - Israel x Palestina - a história do conflito

O dia 7 de outubro de 2023 marcou o maior ataque terrorista do Hamas sobre o território israelense. Começava ali mais um capítulo de uma disputa milenar pelo controle da região que é berço das três maiores religiões ocidentais. Nesta quinta-feira, 28 de dezembro, O Assunto reprisa o episódio que explicar essa história de expulsões, perseguições, conflitos militares e terrorismo. Julia Duailibi entrevista Guilherme Casarões, professor da FGV-SP, doutor em ciência política, mestre em relações internacionais com especialização em nacionalismo judaico e pesquisador convidado da Universidade de Tel Aviv. Neste episódio: - Casarões recupera a história de milênios de ocupação de Jerusalém e seus arredores. Ele lembra que a tradição judaica reivindica mais de 5 mil anos no local que hoje compreende o Estado de Israel; mas que também os palestinos argumentam que já estavam lá desde os cananeus, há 10 mil anos; - Ele aponta que o início do conflito moderno se deu na virada do século 19 para o século 20, num momento em que despontam o sionismo e o nacionalismo árabe: “É quando começam aparecer os projetos nacionais como projetos políticos”. E completa que a disputa escala de nível com o plano de partilha proposto pela ONU para a criação dos Estados israelense e palestino - o que nunca aconteceu; - O professor descreve os efeitos das guerras dos Seis Dias (1967) e do Yom Kippur (1973) na formulação “da dinâmica que rege até hoje esse conflito” - com a primazia do domínio israelense sobre o território -, e como elas repercutiram para o crescimento da Organização para a Libertação Palestina; - Casarões explica as duas principais tentativas de acordo de paz entre Israel e os Estados árabes. O primeiro no Camp David (EUA) ao fim da década de 1970 entre Israel e Egito. E o segundo assinado em 1993: o Acordo de Oslo, entre as autoridades israelenses e palestina, definiria a divisão definitiva dos territórios entre os dois Estados. Nos dois casos, o processo de entendimento foi interrompido pelo assassinato de lideranças políticas por extremistas; - Por fim, ele comenta o aumento das tensões resultante da eleição do grupo terrorista Hamas como representante do povo palestino da Faixa de Gaza – resultado da única eleição realizada por lá, em 2006: “Vira uma guerra interna entre o Hamas e o Fatah” - organização palestina moderada.
12/28/202338 minutes, 17 seconds
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REPRISE - Como acabar com o garimpo na Terra Yanomami

Datam da década de 1980 os primeiros sinais da presença de garimpeiros ilegais na região onde historicamente vive a etnia. Quando o então presidente Fernando Collor assinou a demarcação da Terra Indígena, em novembro de 1991, estima-se que o garimpo tivesse cerca de 40 mil pessoas em atividade. Aquele foi o início de um bem-sucedido processo de desintrução: liderada pela Funai e pela Polícia Federal, a operação Selva Livre expulsou os garimpeiros e desobstruiu os rios que abastecem as aldeias com água e peixes. O presidente da Funai à época era Sydney Possuelo, um dos principais indigenistas do país - ele relata a Natuza Nery as ações que liberaram o território da atividade criminosa. Natuza conversa também com a jornalista Sônia Bridi, que acompanhou in loco a comitiva do governo que decretou estado de emergência para levar comida e resgatar indígenas doentes. Neste episódio: - Sônia recorda o que viu ao ir à região do garimpo em terras Yanomami: cenário de destruição, pessoas com fome, crianças muito abaixo do peso, muitos contaminados com malária. “E os relatos mais horríveis que você pode imaginar”, reforça; - Ela também conta a história por trás da imagem na qual está segurando um bebê no colo – uma ação de emergência para evitar que as crianças morressem; - Sydney compara a situação do garimpo ilegal de 1992 e a de agora. E conta como agiu a operação Selva Livre: fechamento do espaço aéreo e dos rios, ação de tropa em campo e corte no abastecimento de alimentação e combustível dos garimpeiros. “Não vejo maiores problemas em fazer isso”; - O indigenista pondera que, embora o contingente atual de garimpeiros seja metade daquele enfrentado em 92, eles são “mais eficazes na destruição ambiental”. Ele também questiona sobre a presença do crime organizado e do narcotráfico na região; - E conclui, sobre a urgência da interferência das Forças Armadas em prol dos yanomamis: “Se a gente fala em guerra, uma guerra não avisa quando chega. Basta uma ação rápida”.
12/27/202337 minutes, 48 seconds
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REPRISE - Adeus a Zé Celso, o revolucionário do teatro

A dramaturgia brasileira perdeu um de seus mais importantes nomes. José Celso Martinez Corrêa morreu depois de um incêndio em seu apartamento em São Paulo, onde vivia com o marido, o ator Marcelo Drummond – com quem mantinha um relacionamento de quase 40 anos, cujo último ato foi a cerimônia de casamento um mês atrás. No Teatro Oficina, fundado em 1958, Zé Celso escreveu, adaptou e dirigiu peças que entraram para a história da cultura brasileira e que formaram artistas ao longo de seis décadas. Para dimensionar o tamanho da história e da contribuição do artista ao Brasil, Natuza Nery ouve Pascoal da Conceição, ator, diretor e produtor cultural que começou a carreira no Teatro Oficina e que era amigo íntimo de Zé Celso. Neste episódio: - Pascoal conta quais eram os planos profissionais do dramaturgo: a adaptação do livro "A Queda do Céu", com pensamentos do xamã yanomami Davi Kopenawa, para uma peça que seria exibida em comunhão com a natureza no parque do Teatro Oficina. “Ele anunciou que este seria o trabalho mais importante da vida dele”, relata; - O ator comenta as qualidades de Zé Celso como diretor de teatro: “Ele faz trabalhos coletivos e tem a capacidade de catalisar o trabalho de muita gente”. E recorda como as atuações que fez na TV como Dr. Abobrinha, do Castelo Ra-Tim-Bum, e no teatro com Hamlet tiveram influência de sua direção. “Ele falava que não existe atuação no particular, ela é sempre pública”, lembra; - Ele também detalha a história do Teatro Oficina, alvo de censura e perseguições pela repressão da ditadura militar: atores e atrizes foram agredidos e houve até um incêndio criminoso. E, mais recentemente, a tentativa do dramaturgo em comprar o terreno – que está em disputa judicial com o Grupo Silvio Santos. “Ele foi até o Banco Central e disse: que economia você quer pro Brasil, a dos que fazem teatro ou carnê?”, conta; - Por fim, Pascoal recupera a ideia de Zé Celso que “não somos drama, somos tragédia” para explicar sua morte. E justifica porque ele tinha o apelido de ‘fênix’. “É obrigado a levantar e sair à luta, sair pra vida”, conclui.
12/26/202338 minutes, 8 seconds
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REPRISE - Rita Lee, a majestade do rock, por Ney Matogrosso

Morreu aos 75 anos a voz mais importante do rock ‘n roll brasileiro – mas que não se limitava ao gênero e experimentou diversos ritmos ao longo de 5 décadas de carreira e 40 álbuns publicados, que renderam a ela mais de 55 milhões de exemplares vendidos. Rita Lee nasceu em São Paulo e explodiu para a cena musical na década de 1960, durante o movimento tropicalista, quando integrava os Mutantes. Depois, em carreira solo – mas sempre em parceria com seu companheiro de vida, Roberto de Carvalho, com quem teve três filhos – colecionou hits e sucessos. Além do talento, deixa um legado de autenticidade e liberdade. Para dar conta de contemplar diversos aspectos desta rica personalidade, Natuza Nery conversa com Ney Matogrosso, uma das maiores vozes da música brasileira e amigo de Rita. Neste episódio: - Ney conta que observa a Rita Lee desde antes de ser artista e o quanto a imagem dela de “noiva grávida” na década de 1960 imprimiu nele uma marca da revolução e da transgressão. “Me fez sentir como sua alma gêmea”, afirma; - Ele recorda as características da cantora que a faziam “diferente” e algumas das canções que a parceira escreveu para que ele cantasse: “Ela me sacava. Eu via a letra e pensava que era eu. Mas era ela também”; - Ney também fala sobre a forma como Rita Lee fazia questão de se mostrar uma representante de São Paulo: “Ela era uma representação dessa cidade desvairada”; - Ele explica como a artista venceu a resistência de um cenário “careta” na música brasileira e “reforçou a visão de que a música brasileira é antropófaga”.
12/25/202331 minutes, 36 seconds
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A reforma tributária, enfim, na Constituição

Pela primeira vez na história democrática do Brasil foi aprovado um novo sistema tributário. Depois de décadas de discussões e tentativas para viabilizar uma proposta de reforma, Congresso e Executivo chegaram a um termo comum e promulgaram a PEC que revoluciona a cobrança de impostos sobre produção e consumo no país. Para explicar o impacto da reforma tributária e esclarecer o que ainda falta, Natuza Nery entrevista o principal formulador técnico da proposta, o economista Bernard Appy, secretário extraordinário da reforma no Ministério da Fazenda. Neste episódio: Appy justifica a urgência em alterar a forma como os impostos são cobrados sobre a produção e o consumo no Brasil: "Disfuncionais e têm efeito negativo na economia”. A lista de motivos apresentada por ele elenca a alta complexidade do sistema, as falhas nos mecanismos de não-cumulatividade e as distorções na organização da produção. “O efeito da reforma pode ser maior que 10% no PIB e na renda das famílias”, afirma; Ele afirma que o texto final, “embora não seja o ideal [devido às exceções impostas pelo Congresso], é muito melhor do que o que temos hoje”. E explica as três etapas de implementação do novo sistema, que tem duas datas mais importantes: uma simplificação de impostos em 2027 e a reforma completa em 2033; O economista comenta o apelido que recebera décadas atrás: o de ‘Dom Quixote’ em busca de viabilizar a reforma tributária. “Me sinto realizado”, celebra. “Deu certo agora porque aprendemos com os erros do passado e porque a reforma passou a ser prioridade para o Executivo e para o Parlamento”, conclui.
12/22/202319 minutes, 16 seconds
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O ano de Haddad na economia

A gestão de Fernando Haddad (PT) à frente do Ministério da Fazenda começou com um ponto de interrogação sobre qual seria a política econômica do governo Lula 3. Um ano depois, o ministro celebra vitórias no seu esforço de equilibrar gastos públicos e controle do déficit público - seu currículo na pasta já soma as aprovações de um novo marco fiscal, de medidas para aumentar a arrecadação e da tão desejada reforma tributária. Nesta semana, ele comemorou a elevação da nota de crédito do Brasil de BB- para BB na agência de classificação de risco Standard & Poor's. Para avaliar o desempenho de Haddad em 2023 nas batalhas com o PT e com o Congresso e nos índices econômicos, Natuza Nery recebe a jornalista Vera Magalhães, apresentadora do Roda Viva, da TV Cultura, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, e o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros, ex-presidente do BNDES. Neste episódio: - Vera descreve o “arco de reposicionamento” de Haddad, que precisou enfrentar fogo cruzado entre o apetite de parte do governo por mais fatias do orçamento e a desconfiança do mercado em relação à responsabilidade fiscal da Fazenda. “Agora é um Haddad mais humilde, ele entendeu que precisa negociar das teses dele”, avalia; - Ela avalia o desafio que o ministro impôs ao orçamento do ano que vem de atingir a meta de déficit zero nas contas públicas e a estratégia dele para chegar a esse resultado por meio de aumento de receitas. “Ele não vai conseguir a lista inteira do que pediu ao Papai Noel. Será uma meta impossível de cumprir em 2024”, afirma; - Luiz Carlos explica por que acredita que a elevação da nota de crédito do Brasil é a coisa mais importante dos últimos meses: “Quando agência muda a nota é coisa séria, e o mercado aqui é ‘Maria vai com as outras’. Isso abre espaço de trabalho para o Haddad ano que vem”; - O economista prevê que o “ciclo natural da economia começa a cair” e mostra apreensão em como Lula vai reagir quando os índices caírem, às vésperas das eleições municipais. E o principal motivo para a queda do desempenho é o recuo do agronegócio - que pode registrar PIB negativo em 2024. “É da vida, não é culpa de ninguém”, conclui.
12/21/202334 minutes, 21 seconds
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A guerra esquecida entre Rússia e Ucrânia

Iniciada em fevereiro de 2022 com a invasão do exército russo à região leste da Ucrânia, a guerra na região está perto de completar dois anos sem avanços de lado a lado. As tropas de Vladimir Putin avançaram cerca de 20% do território ucraniano. Já Volodymyr Zelensky arrecadou mais de US$ 200 bilhões em ajuda estrangeira para evitar mais perdas. Para explicar o atual contexto dessa guerra, Natuza Nery entrevista Tanguy Baghdadi, professor de Política Internacional na Universidade Veiga de Almeida e fundador do podcast Petit Journal. Neste episódio: Tanguy faz uma análise dos quase 2 anos da guerra. Para ele, ao longo de 2023 houve “poucas mudanças estruturais no conflito e estagnação”. Agora, os russos tentam consolidar seu domínio sobre as regiões anexadas e os ucranianos buscam recursos para poder reconquistar esses territórios; Ele avalia a “difícil situação” de Zelensky, que logo após a invasão russa conseguiu traduzir a grande onda de solidariedade dos países ocidentais em ajuda financeira e militar, mas agora vê um “cansaço” de seus pares; Tanguy também comenta o possível ingresso da Ucrânia na União Europeia depois do anúncio da negociação para que o país seja aceito no bloco. “É uma demonstração simbólica de que há apoio à Ucrânia, mas é improvável que aconteça num futuro breve”, afirma; Por fim, ele explica o impasse sobre um possível acordo no qual a Ucrânia abrisse mão de 20% de seu território para a Rússia. “Faz sentido que o governo ucraniano não aceite isso. E Putin quer fazer essa ocupação uma situação definida”, resume.
12/20/202320 minutes, 15 seconds
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CACs e a coleção de mortes violentas no Brasil

À luz do dia, em um bairro nobre de São Paulo, um homem com registro de CAC (caçador, atirador esportivo e colecionador) iniciou um tiroteio que culminou na morte de três pessoas: dele mesmo, de uma policial civil e de um vigilante. E a arma do crime, uma .45, estava legalizada. A tragédia é mais uma para a lista de incidentes provocados por armas de fogo depois da flexibilização dos critérios para porte e posse dos itens. Para analisar o quadro atual do país, Natuza Nery conversa com Natália Pollachi, gerente de projetos do Insituto Sou da Paz. Neste episódio: Natália questiona a eficácia da fiscalização sobre as armas de fogo depois de quatro anos de liberou-geral, durante o governo Bolsonaro: “Já era precária antes de 2019, quando começou a flexibilização. E não acompanhou o crescimento”. E critica o sistema Sigma, utilizado pelo Exército para o registro das armas e que já foi descrito duas vezes pelo Tribunal de Contas da União (TCU) como “antigo e deficiente”; (3:40) Ela alerta para a fragilidade do processo de concessão de registro de armas de fogo: “Não pode ser apenas um check list de documentos”. E relata casos nos quais CACs são suspeitos de fornecer armas legalizadas para o crime organizado. “Existe conexão entre os mercados legal e ilegal”, afirma; (13:25) Por fim, Natália elogia as atuais restrições à quantidade (até janeiro de 2023, CACs podiam ter até 60 itens; agora são 4) e ao poder letal das armas (caso dos fuzis, agora liberados apenas para atiradores experientes). “Vamos sentir os danos por muito tempo, mas voltamos a uma regra responsável”, conclui. (18:10)
12/19/202320 minutes, 50 seconds
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Dezembrite - a angústia de fim de ano

O mês é de confraternizações entre familiares, amigos e colegas, de reflexões sobre os meses que passaram e de planos para o futuro. Tudo isso junto é fonte de ansiedade e angústia para quem tem que lidar com excesso de atividades ou com perdas e frustrações que tenham ocorrido ao longo do ano. No momento em que o Brasil tem quase 10% da população com ansiedade - é o país mais ansioso do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) - O Assunto trata do fenômeno que aflige a saúde mental de muita gente, a “dezembrite”. Para isso, Natuza Nery conversa com o psiquiatra Arthur Danila, coordenador do programa de mudança de hábito e estilo de vida do Instituto de Psiquiatria da USP. Neste episódio: - Arthur descreve a dezembrite: “Não é um diagnóstico em si”. Ele também relata os principais sintomas desse fenômeno, e como ele aparece nos consultórios de psicólogos e psiquiatras. “A procura por assistência aumenta, e é um desafio porque é preciso entender que há questões que precisam de tempo para serem resolvidas”, afirma; - O psiquiatra teoriza sobre a busca pela felicidade: “Há dificuldade em entender a felicidade em seu contexto mais amplo. Não é uma coisa estanque, é um processo”. E explica como a solidão - classificada como uma ameaça global urgente à saúde pela OMS – impacta biologicamente o ser humano. “Estar em solidão deixa o corpo mais vulnerável e reduz a expectativa de vida”, diz; - Ele alerta para a importância de procurar ou oferecer ajuda e apoio em casos de mudança de padrões de comportamento que se acentuem no fim do ano. E recomenda a introdução de hábitos saudáveis, como a prática de atividades físicas, o consumo de alimentos integrais e não-industrializados e a regularização do sono.
12/18/202322 minutes, 46 seconds
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Plano motosserra de Milei: o futuro da Argentina

Eleito com ampla maioria dos votos, Javier Milei prometeu um choque de gestão radical para resolver os profundos problemas da economia argentina – cuja inflação deve encerrar 2023 acima de 200%. Mas depois de assumir a Casa Rosada, o discurso se moderou. Pautas como a dolarização total da economia e o fim do Banco Central desapareceram, mas medidas duras já afetam a população. Para explicar o clima das ruas da Argentina e o que se espera para os índices econômicos do país, Natuza Nery conversa com Ariel Palacios, correspondente da Globonews em Buenos Aires e comentarista da TV Globo e da rádio CBN, e com Carla Beni, economista e professora da FGV-SP. Neste episódio: - Ariel relata como a população argentina reagiu às primeiras medidas de austeridade promovidas pelo novo governo, que já impactaram preços de produtos e tarifas de serviços básicos, como transporte e eletricidade. “Há filas em supermercados e postos de gasolina. E o clima é de muitas pessoas assustadas”, conta; - Carla explica como Milei conseguiu a adesão de parcela grande do eleitorado com “a capa de candidato” e que agora, depois de ser eleito, ele “precisa pensar em que roupa vai ter que vestir”. “A gente começa a ver a nova roupagem”, diz sobre a indicação da irmã a um cargo importante na Casa Rosada; - A dupla questiona a demora da gestão Milei em definir e anunciar qual é, de fato, a política econômica argentina a partir de agora. “Ainda não há um plano econômico fechado, a estratégia não foi definida”, afirma Carla. “A sensação que dá é que ele está colocando band-aids para tapar hemorragias”, completa Ariel; - O jornalista conta a curiosa história do bastão presidencial de Milei, que tem gravado as imagens de seus cachorros: Conan, o falecido mastim inglês com quem o presidente argentino diz conversar, e os quatro clones feitos a partir do DNA dele. "A segunda economia da América do Sul será comandada por cartas de tarô e conselhos de um cachorro defunto”, resume; - Por fim, a economista comenta a “personalidade egocentrada” do presidente argentino e como isso irá refletir na relação com o Brasil: “Haverá momento de agressividade e discursos inflamados”.
12/15/202324 minutes, 47 seconds
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COP 28: o início do fim dos combustíveis fósseis

A Conferência do Clima deste ano durou um dia a mais do que o previsto, mas por um bom motivo: para combater as mudanças climáticas, todos os países participantes conseguiram chegar a um acordo para o texto final, que selou a necessidade de o planeta acelerar a transição energética para matrizes renováveis. Mas o acordo foi brando em relação ao que fazer em relação ao petróleo. Para analisar os avanços e as omissões desta edição da COP, Natuza Nery recebe Daniela Chiaretti, repórter especial de meio ambiente do jornal Valor Econômico, que fala diretamente de Dubai, e Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU no Brasil. Neste episódio: - Daniela apresenta o que considera “as três pontas” que o planeta precisa trabalhar para que o aumento da temperatura global não passe de 1,5°C em relação à média do período pré-Revolução Industrial. São elas: a “discussão do dinheiro”, a ser realizada na COP 29, no Azerbaijão; os “novos compromissos climáticos”, que serão apresentadas na COP 30, em Belém, no Brasil; e a “transição energética”, principal pauta da Conferência deste ano; - Ela comenta o texto que deu forma final aos debates realizados em Dubai, que nasceu de recomendações “desesperadas” de cientistas e teve aprovação de 198 países. “O grande artigo, o elefante na mesa, apresenta um cardápio de oito soluções para a transição energética e pede ações profundas, rápidas e sustentadas”, resume; - Carlo justifica a escolha dos Emirados Árabes Unidos – 7º maior produtor de petróleo do mundo – como sede da COP deste ano, justamente na edição que debateria o futuro dos combustíveis fósseis. “Trata-se de uma boa provocação”, afirma; - O CEO do Pacto Global da ONU destaca o protagonismo brasileiro nesta pauta, afinal “não existe um mundo neutro em carbono se o Brasil falhar”. Ele justifica que temos uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta e, somados ao Congo e à Indonésia, 80% das florestas tropicais do mundo. “Isso traz várias vantagens comparativas para o Brasil”, conclui.
12/14/202325 minutes
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Licença-paternidade: regulamentação urgente

A Constituição de 1988 ampliou de 1 para 5 dias o tempo de afastamento de homens depois do nascimento de filhos. O texto estabeleceu também que o Congresso precisaria regulamentar a licença, algo que segue em aberto 35 anos depois. Nesta quarta-feira (13), o STF retoma um julgamento para decidir se há ou não omissão do parlamento sobre o tema. Para entender a importância da licença-paternidade ampliada e quais os modelos adotados por outros países - e que podem servir de exemplo para o Brasil -, Natuza Nery conversa com Marcos Piangers, jornalista e autor de “O papai é pop”, e com Odilon Schwerz Burtet, mestre em Direito e Políticas Públicas e autor de “Dá licença: sou pai!”. Neste episódio: - Piangers revela como a paternidade funciona como uma ferramenta de autoconhecimento e pode ser libertadora. "Quando eu descubro na paternidade essa realização, descubro que também tenho uma espécie de chave de prisão. Uma espécie de abertura para não viver mais preso” no que ele chama de “comportamento autodestrutivo”; - Ele pontua como homens que cuidam da família têm vidas mais saudáveis e maior longevidade. Além de contribuir para que mulheres tenham um puerpério mais confortável, sem tanta sobrecarga. “Temos pesquisas que mostram que pais que tiram licença-paternidade estendida se mantêm conectados com os filhos até a adolescência”, diz; - Odilon cita modelos adotados em outros países, como a licença de gênero neutro, num período depois da licença-maternidade. Mas pondera que “independente do modelo que o Brasil vier adotar, tem que desenhar uma política pública para induzir o homem a participar dos cuidados dos filhos”; - E conclui como, além de impactar a vida de famílias inteiras, a licença-paternidade ajuda a diminuir a desigualdade de gênero no mercado de trabalho. “[A licença estendida] é capaz de diminuir a penalidade da mulher tanto no ambiente de trabalho quanto no ambiente doméstico, nas horas de trabalho não-remunerado”.
12/13/202325 minutes, 17 seconds
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A corrida de bilhões do ministro Haddad

A menos de dez dias do encerramento do ano legislativo, o titular da Fazenda corre contra o tempo para salvar seu projeto de déficit fiscal zero em 2024. Fernando Haddad (PT) precisa aprovar três medidas para aumentar as receitas da União em busca do equilíbrio fiscal - somadas, podem acrescentar até R$ 47 bilhões na arrecadação anual. O ministro ainda vive a expectativa de ver carimbadas pelo Congresso sua reforma tributária e sua proposta orçamentária para o próximo ano. Para explicar o que está em jogo até o recesso parlamentar, que começa em 22 de dezembro, Natuza Nery conversa com Manoel Ventura, jornalista de O Globo, em Brasília. Neste episódio: - Manoel descreve as três medidas fundamentais para Haddad. A mais importante é a MP da subvenção do ICMS, cuja aprovação pode aumentar a arrecadação em R$ 35 bilhões, diz o governo. “Esses números podem mudar porque o Congresso, como sempre, deve desidratar o texto”, afirma. “E no cenário de hoje, mesmo com a aprovação desses projetos, é pouco factível o déficit zero”; - O jornalista comenta as falas de lideranças do PT em um evento do partido durante o fim de semana e as possíveis reverberações delas nas negociações com o Congresso: o tom foi de críticas a um suposto “austericídio fiscal” proposto por Haddad. “Parlamentares dizem que se o PT não apoia, eles não têm por que apoiar. Cria constrangimento ao ministro”, revela; - Ele fala também sobre como o governo está sendo cobrado pela liberação de verbas destinadas a emendas – algumas delas prometidas desde 2019 – por setores do Congresso para obter vitórias nas casas. “É difícil, os parlamentares hoje têm o valor muito alto”, conclui.
12/12/202322 minutes, 44 seconds
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Venezuela: a entrada da Rússia na América Latina

O alinhamento de interesses russos e venezuelanos se dá desde a era Hugo Chávez, mas chegou a seu estágio mais avançado nos últimos dias. As ameaças de Nicolás Maduro para anexar a região de Essequibo, território da Guiana, seguem o mesmo roteiro da anexação russa da Crimeia. Ameaças que podem colaborar como forma de diversionismo em relação ao apoio dos Estados Unidos aos ucranianos diante da invasão russa. Ainda este ano, o autocrata venezuelano vai a Moscou visitar Vladimir Putin. Para explicar os interesses russos na região, tradicional zona de influência americana, Natuza Nery entrevista Vicente Ferraro, cientista político e pesquisador do Laboratório de Estudos da Ásia da USP, com foco em Rússia e Eurásia. Neste episódio: - Vicente faz a retrospectiva da relação entre os dois países e explica por que a partir dos anos 2010 houve uma aproximação ainda maior: “A Rússia começa aquilo que é chamado de projeção para um exterior distante”. Desde então, Putin faz da Venezuela seu “principal instrumento geopolítico na América Latina”; - Ele aponta que o objetivo maior da Rússia é criar “uma divisão mais forte na política externa dos EUA” com o surgimento de um novo foco de tensão - o que beneficiaria os russos na guerra da Ucrânia; - O cientista político analisa como Putin e Maduro usam o “nacionalismo” e a presença de “inimigos externos” para conquistar apoio popular – o venezuelano deve enfrentar eleições presidenciais em 2024, e o russo anunciou recentemente que deve tentar mais um mandato à frente do Kremlin; - Vicente avalia o pedido de ajuda da Guiana aos americanos – que já realizaram exercícios militares dentro do território guianense – e afirma que o Brasil deve apresentar uma “posição mais enfática, pelas vias diplomáticas, mas nenhuma pressão militar”.
12/11/202319 minutes, 38 seconds
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Mussum

No aniversário de 20 anos de "Os Trapalhões", em 1994, Mussum, Renato Aragão e Dedé Santana foram chamados para apresentar o Criança Esperança, campanha beneficente da TV Globo, mas o que era para ser uma data festiva, acabou sendo triste. No dia anterior, o Brasil acordou com a notícia da morte de Mussum. Após sofrer complicações causadas por um transplante de coração, o humorista morreu, aos 53 anos, deixando uma legião de fãs e um legado para a TV, o cinema e a música do país. Desde então, Antônio Carlos é consagrado no imaginário popular como Mussum, o trapalhão, e se tornou um símbolo do reco-reco de metal, do banjo brasileiro e de bordões como "tranquilis", "cacildis" e "como de fatis". Mesmo quase 30 anos após sua morte, o artista continua a inspirar desde obras como a cinebiografia "Mussum, o Filmis" até lugares como o Bar do Mussum, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.
12/10/202320 minutes, 5 seconds
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O acelera e breca da economia brasileira

O crescimento de 0,1% do PIB no 3º trimestre de 2023 foi recebido como um copo pela metade. O lado meio vazio indica uma desaceleração brusca em relação ao trimestre anterior, que cresceu 0,9%. O lado meio cheio é o desempenho acima do esperado pelo mercado, que projetava resultado negativo. Entre os destaques está o setor de serviço, puxado pelo consumo das famílias, que subiu 0,6%. E o principal sinal de alerta é a taxa de investimento, em queda desde o ano passado, que ficou abaixo de 17%. Para olhar esses dados afundo e avaliar o desempenho da economia brasileira em 2023, Natuza Nery conversa com a economista Juliana Inhasz, professora do Insper, e com o jornalista Vinicius Torres Freire, colunista do jornal Folha de S.Paulo e mestre em administração pública pela Universidade Harvard. - Juliana e Vinicius analisam os resultados do 3º trimestre da economia brasileira - e classificam como “bom” o crescimento de 3% previsto para o PIB deste ano. “O difícil é manter este ritmo, e eu acho que não vai manter”, avisa Vinicius. “O problema é a qualidade do crescimento”, diz Juliana. “Ainda não conseguimos melhorar capacidade produtiva e o lado fiscal”; - A economista elenca os motivos pelos quais acredita que o mercado mudou as expectativas em relação ao governo: a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o controle inflacionário feito pelo Banco Central. Já Vinicius chama atenção para a surpresa dos analistas em relação ao consumo das famílias - que veio mais alto que o previsto. “Ainda falta um impulso, a taxa de investimento é uma das menores do século”, alerta; - Vinicius prevê que, para 2024, a taxa de empregabilidade e a renda média do trabalhador devem se manter estáveis ou até subir timidamente, mas reforça que o investimento só crescerá com juros menores: “E não adianta só dar pontapé no BC”. Juliana acrescenta a necessidade do governo de “captar poupanças privadas e externas” para isso; - A dupla também avalia os primeiros 12 meses do trabalho de Haddad à frente da pasta mais importante da economia. Juliana destaca entre os acertos a reforma tributária; entre os erros, a falta de uma política clara para controle de gastos. O jornalista pondera as limitações enfrentadas pelo ministro – “de um lado, Lula e o PT, e de outro, o Congresso” – e dá nota 8 para ele.
12/8/202335 minutes, 25 seconds
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A nota vermelha do Brasil em matemática

No primeiro ranking do Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) depois da pandemia, a educação brasileira ocupa os últimos lugares. Em matemática, o desempenho foi especialmente ruim: 73% dos alunos de 15 anos não conseguem resolver problemas simples, como converter moedas ou comparar distâncias; o que rendeu ao país a fraca pontuação de 379 (de até 600) e a 52ª posição entre 81 países - atrás, por exemplo, de Costa Rica e Peru. Para explicar as causas e apresentar possíveis soluções para o problema, Natuza Nery fala com Luiza Tenente, repórter de Educação do g1, e com Katia Smole, ex-secretária de educação básica do MEC, diretora-executivo do Instituto Reúna e especialista em formação de professores de matemática. Neste episódio: - Luiza descreve o desempenho brasileiro no Pisa, que se mantém estável nos últimos 10 anos, mas é “bem pior do que a média”. E explica por que o resultado em matemática é tão ruim: “Os alunos dependem mais da escola. E há defasagem cumulativa, pela baixa qualidade das escolas e da formação dos professores”; - Ela comenta o posicionamento do Ministério da Educação em relação aos dados do Pisa. Na lista de ações anunciadas está o foco na formação de professores e a redução dos cursos de licenciatura em formato EAD. “Tem professores que pisam pela primeira vez numa sala de aula depois de formados”, afirma; - Katia avalia que parte do mau desempenho dos alunos brasileiros em matemática se justifica pela “falta de proposta clara para a educação básica no país”. E fala sobre como novos elementos da pedagogia poderiam ser utilizados para tornar o estudo da disciplina mais atraente: “As faculdades deveriam trazer isso para dentro da formação de novos professores”.
12/7/202325 minutes, 33 seconds
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O inacreditável caso da Braskem em Maceió

Na década de 1970, teve início o processo de mineração para extrair, do subsolo da capital alagoana, o sal-gema, minério utilizado na fabricação de soda cáustica e PVC. Na época, a empresa do ramo de indústrias químicas Salgema – que pouco mais de 20 anos depois seria uma das operações da gigante Braskem – teve autorização do poder público para tal. A operação motivou alertas de risco durante quatro décadas – todos ignorados pelas autoridades públicas. Até que em 2018 evidenciou-se o risco de uma tragédia: tremores de terra abriram crateras no solo e rachaduras em prédios, causando danos irreversíveis a pelo menos 14 mil imóveis. Hoje, cerca de 60 mil pessoas vivem fora de suas casas e o solo de uma área enorme, que engloba pelo menos cinco bairros maceioenses, está afundando, com risco de um colapso total. Para explicar essa história, Natuza Nery entrevista Lenilda Luna, jornalista da UFAL que cobre a atuação da Braskem em Maceió há 27 anos, e Cau Rodrigues, coordenador de conteúdo do g1 Alagoas. Neste episódio: - Lenilda recorda a atuação da Salgema (e da Braskem) desde o começo da mineração, quando alertava-se para um possível risco de vazamento de cloro no ar: “A gente não tinha ideia de que Maceió estava sendo transformada em um queijo suíço”. Ela também critica a “acomodação” da sociedade alagoana e da imprensa diante de um “monstro adormecido”; - A jornalista descreve o processo de subsidência, no qual o subsolo é inundado a cerca de 800 metros de profundidade para se obter o sal-gema, e conta o choque de ver pessoas tendo que abandonar suas casas às pressas, devido ao risco de desabamento, em 2019. “Não parecia lógico que um dia ia desmoronar, não? Tinha uma cidade em cima”, lamenta; - Cau relata a situação das mais de 60 mil pessoas que perderam suas casas e, ainda que tenham recebido indenizações, não conseguem manter o padrão de vida pré-colapso, e o clima de tensão que toma a capital alagoana. “Essa área abandonada hoje é uma espécie de cidade fantasma”, afirma.
12/6/202333 minutes, 48 seconds
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Venezuela x Guiana: a liderança do Brasil em xeque

No domingo (3), o presidente venezuelano Nicolás Maduro confirmou em referendo uma das poucas pautas que une o país: a anexação de Essequibo. Com a aprovação de 95% dos votantes, Maduro subiu o tom na reivindicação do território que atualmente pertence à Guiana e guarda mais de 11 bilhões de barris em reservas de petróleo. Com o aumento das tensões na área de influência do Brasil, o Ministério da Defesa já enviou mais homens e veículos para a fronteira norte - enquanto o presidente Lula tenta contornar o conflito pelas vias diplomáticas. Para explicar o contexto interno e externo da política venezuelana, e apontar qual missão cabe ao Brasil nesse quadro, Natuza Nery conversa com Oliver Stuenkel, professor da FGV-SP. Neste episódio: • Oliver detalha os principais momentos dos quase dois séculos de disputa por Essequibo, um território que já foi colônia holandesa, inglesa e espanhola e que ainda aguarda uma decisão final da Corte Internacional de Justiça da ONU (Organização das Nações Unidas). “É um assunto que realmente une a população”, afirma; • Ele conta como Maduro tenta se apropriar de uma reivindicação muito popular entre os venezuelanos para garantir votos na eleição presidencial prevista para 2024 – e cuja principal opositora, María Colina Machado, está com a candidatura travada na Justiça; • O professor de relações internacionais diz que “o risco de guerra é bastante baixo”. E revela que a Guiana já tem conversas com os Estados Unidos para a instalação de uma base americana no país. “O impacto sobre a reputação da América do Sul é significativo”, explica. “Em função dessas ameaças, pode ser prejudicada a percepção de que a região não tem tensões geopolíticas”; • Oliver comenta o que classifica de “incapacidade brasileira de parar a Venezuela”, um país que não depende política ou economicamente do Brasil. “A crise já produziu algo negativo para o Brasil, e sua liderança regional já é questionada por um país vizinho”, conclui.
12/5/202327 minutes, 28 seconds
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Violência patrimonial contra mulheres

Ana Hickmann (modelo e apresentadora) e Nayara Azevedo (cantora), duas mulheres famosas e bem-sucedidas, denunciaram episódios de violência doméstica. A Lei Maria da Penha define pelo menos cinco modalidades violência: além da física, ela pode ser psicológica, moral, sexual e patrimonial – quando um companheiro, o pai ou mesmo um filho danifica, subtrai ou controla dinheiro e bens da mulher, à revelia de sua vontade. Para contextualizar esse tipo de crime na sociedade, Natuza Nery entrevista Vanessa Almeida, promotora de enfrentamento à violência doméstica na cidade de São Paulo e assessora do Núcleo de Gênero do Ministério Público. Neste episódio: - Vanessa esclarece o que é violência patrimonial e lista as práticas mais comuns desse tipo de crime: dano ao patrimônio, apropriação de rendimentos ou benefícios, e furto ou apropriação de dinheiro, bens e objetos de valor. “A violência é uma escalada. Começa danificando um celular, com uma ofensa e passa para a agressão”, explica; - Ela diz por que muitas mulheres têm dificuldade em sair de uma relação violenta, ainda que vivam situações de terror psicológico por todo o período do relacionamento: “O rompimento é um fator de risco”. E, no caso das vítimas de menor poder financeiro, é ainda mais difícil. “Por isso que, hoje em dia, há medidas protetivas com benefícios assistenciais”, afirma; - A procuradora, por fim, comenta o alto índice de subnotificação de ocorrências de violência de gênero - ainda que o Brasil registre uma média de 1.200 medidas protetivas por dia. “A mulher, quando se vê nessa posição, ela se culpa ou tem medo de ser culpabilizada pela sociedade”, conclui.
12/4/202320 minutes, 53 seconds
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Negão

Seja nos filmes, ou nas esquetes de "Os Trapalhões", Mussum protagonizou várias cenas de humor em que ele era zombado devido à cor retinta de sua pele. Piadas como essas dividiam os espectadores. Algumas pessoas rolavam de rir. Outras acusavam o programa de racismo. Mussum chegou a dizer que o Brasil não era um país de preconceitos raciais, mas, contraditoriamente, afirmou que a TV brasileira era racista. Apesar das críticas de que foi alvo em "Os Trapalhões", o artista tinha orgulho de enaltecer sua negritude e era fã de José do Patrocínio, um dos maiores nomes do abolicionismo do país.
12/3/202324 minutes, 36 seconds
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Lula: erros e acertos da política externa

Em um giro pelo Oriente Médio, o presidente Lula visitou Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes Unidos, país que sedia a 28ª edição da Conferência do Clima, nessa que é a décima-quinta viagem internacional dele desde que tomou posse em janeiro desse ano – ao todo, foram mais de 2 meses fora do país; estratégia para tentar recuperar o prestígio diplomático brasileiro. Para analisar onde Lula errou e acertou, e projetar os próximos passos das relações internacionais do Brasil, Natuza Nery conversa com o economista Daniel Souza, comentarista da Globonews, professor do Ibmec e criador do podcast Petit Journal, e com o cientista político Guilherme Casarões, professor de relações internacional da FGV-SP. Neste episódio: - Daniel e Guilherme comentam a rodada de encontros do presidente brasileiro com líderes de países árabes. “O mundo árabe nos oferece hoje um cardápio completo de comércio, investimentos potenciais e protagonismo político”, diz Casarões. “Eu fico preocupado com a certa ambiguidade do Brasil em relação a energias renováveis”, diz o economista, ao falar do convite feito ao país para integrar a Opep+. “Acredito que não deveria aceitar”, completa; - Casarões descreve a relação do governo com líderes autoritários como parte de uma estratégia pragmática da diplomacia brasileira: “A crítica a Bolsonaro era sobre personalização excessiva das relações. Lula preserva uma impessoalidade institucional”. Daniel sinaliza incômodos com a visita de Lula ao príncipe saudita. “Quando Lula vai a Riad, ele assume um fardo excessivo”; - O cientista político avalia que a visita de Lula à Alemanha – marcada para depois da COP28 – é o contrapeso da agenda árabe na geopolítica global. “É um momento importante para sinalizar compromisso com os valores ocidentais”, afirma. E Daniel chama a atenção para o potencial estratégico do encontro com o primeiro-ministro alemão pouco antes da data prevista para a celebração do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul (7 de dezembro); - Daniel alerta para a crescente tensão entre Venezuela e Guiana, na fronteira norte do país: “O Brasil é o grande mediador de conflitos na América do Sul e vai ter que transitar nele com muito cuidado”. Casarões concorda e acrescente que, caso a tensão escale para um enfrentamento militar, todos os outros problemas diplomáticos “vão parecer fichinha para o Brasil”. “Será o grande teste do governo Lula”, resume.
12/1/202335 minutes, 20 seconds
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A Conferência do Clima no berço produtor de petróleo

Começa nesta quinta-feira (30) a 28ª edição da COP, encontro anual dos líderes globais para debater e tomar medidas para evitar a catástrofe climática. Neste ano, o encontro será realizado em Dubai, capital dos Emirados Árabes Unidos – sétimo maior produtor de petróleo do planeta – exatamente quando o consumo de combustíveis fósseis está no centro do debate. Para analisar o que se espera da COP deste ano, Natuza Nery entrevista Stela Herschmann, especialista em política climática do Observatório do Clima. Neste episódio: - Stela esclarece a pauta principal da agenda de negociações desta COP: o balanço global. “É uma avaliação periódica sobre os objetivos do Acordo de Paris”, afirma. “O que a gente já sabe é que existe uma lacuna entre o que os países propõem e o que precisa ser feito”; - Ela comenta também a expectativa sobre a construção de um fundo para financiar os países que mais sofrem com as mudanças climáticas. “A boa notícia é que parece que vai sair. Mas, para ser operacional, ele precisa de dinheiro”, avisa; - Stela critica o que chama de “conflito claro de interesses”: os Emirados Árabes Unidos sediam a Conferência do Clima. E alerta para as “cascas de banana” que podem aparecer nos acordos firmados para redução do consumo de combustíveis fósseis; - Ela acredita que há uma grande expectativa para um possível protagonismo do Brasil na COP – e destaca a redução no desmatamento da Amazônia como um aspecto positivo para o país. “O Brasil chega com muitos resultados, mas dentro de casa temos lambanças no Congresso Nacional”, conclui.
11/30/202324 minutes, 28 seconds
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Tarcísio, as greves e as privatizações em SP

Os paulistanos acordaram nesta terça-feira (28) com a greve de serviços públicos: metroviários, ferroviários e professores pararam. A mobilização se deu para exigir do governo do Estado mais debates antes da votação, na Assembleia Legislativa de São Paulo, da privatização da Sabesp, empresa de saneamento público paulista. O tema está previsto para entrar na agenda da Alesp na próxima semana – e a perspectiva é de que a empresa vá a leilão. Para analisar a atuação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao capitanear a pauta das privatizações, e a relação dele com o Legislativo e com a população, Natuza Nery conversa com Fabio Zambeli, jornalista e vice-presidente da Ágora Assuntos Públicos. Neste episódio: • Zambelli afirma que o conjunto de greves em São Paulo “funciona como um palanque para a pauta de privatizações” e são uma oportunidade para que o governador “defenda e acelere o processo de privatizações”, em especial a joia da coroa, a Sabesp. “Seria um troféu pra ele, inclusive para novos voos políticos”, resume; • Ele avalia que o maior desafio de Tarcísio é “manter alinhamento e lealdade ao grupo de Bolsonaro e, ao mesmo tempo, conversar com a política tradicional”. Para esta função, ele depende do secretário de Governo e Relações Institucionais, Gilberto Kassab (PSD), que embora tenha seu poder fragilizado, é o articulador político da gestão; • Zambelli comenta o racha “superficial” de parte do bolsonarismo paulista com o candidato de Bolsonaro ao governo do Estado, na esteira da crise da energia elétrica e da Enel: “É um recado para o governo, mas não vai causar dificuldade no plano de leiloar a Sabesp ano que vem”; • O analista político também avalia a “tênue linha da relação de Tarcísio com Bolsonaro” - e cita o episódio da reforma tributária para exemplificar as resistências que o governador de SP enfrenta ao discordar do ex-presidente. “Não precisa muito para Bolsonaro se insurgir contra seu pupilo”, conclui.
11/29/202324 minutes, 32 seconds
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STF e PGR: os escolhidos de Lula

Foram quase dois meses de espera, até que nesta segunda-feira (27) o presidente Lula anunciou a indicação de Flávio Dino para uma vaga no Supremo, e de Paulo Gonet para a Procuradoria-Geral da República. Agora, Dino e Gonet devem ser sabatinados pelos senadores e ter os nomes avaliados em Plenário. Para explicar as decisões de Lula, analisar o estado das relações entre os Três Poderes e discutir o que esperar de Dino e de Gonet caso sejam aprovados, Natuza Nery recebe Andréia Sadi, apresentadora da Globonews, e colunista do g1. Neste episódio: - Sadi aponta que a data das indicações revela um presidente em busca de pacificar as relações entre os Três Poderes, dias depois de o Senado aprovar a PEC que limita a atuação do STF: "A gente veio de uma semana em que uma crise estava se desenhando"; - A jornalista sinaliza como, com Dino e Gonet, Lula agradou o Senado, o Supremo e “deixa na chuva o PT”, partido que tinha outros nomes na lista de preferências. “Lula, no jogo de agradar as várias alas, só desagradou o partido”, resume; - Ao comentar a escolha para o STF e como a diversidade fica prejudicada na Corte, Sadi fala que o nome da ministra Simone Tebet é apontado como opção para comandar a Justiça, na vaga aberta por Dino; - Sadi e Natuza concluem a conversa analisando a indicação de Paulo Gonet à PGR, um nome mais conservador, e o que a escolha diz sobre o governo Lula 3. “Lula não se apaixonou por Gonet”, resume. “O nome está na cota dos ministros do Supremo, apoiado por Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes”, afirma. “Lula ouviu que se quisesse previsibilidade, indicaria Gonet”, finaliza.
11/28/202337 minutes, 42 seconds
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Inteligência Artificial - avanço x controle

Sam Altman foi um dos fundadores da empresa de inteligência artificial Open AI e uma das mentes por trás da criação do celebrado ChatGPT. Duas semanas atrás, ele foi demitido do cargo de CEO da Open AI, mas a demissão foi rapidamente revertida: três dias depois, a Microsoft, principal investidora da empresa, o contratou - agora, ele tem um acordo para voltar à posição de CEO da Open AI. O vai-e-vem de Altman simboliza a crescente preocupação com o futuro da inteligência artificial e seus mecanismos de controle e proteção. Para explicar tudo isso, Natuza Nery entrevista Carlos Affonso Souza, professor da UERJ e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade. Neste episódio: - Carlos Affonso comenta como o caso da demissão de Sam Altman da Open AI explicita um “cabo-de-guerra" entre dois modelos de desenvolvimento de inteligência artificial: o conselho da empresa defendia um processo mais cauteloso, já Altman queria liberar produtos e serviços ao público. “De um lado fica a segurança, de outro a inovação”, resume; - Ele afirma que a regulação sobre a inteligência artificial precisa ser “feita pelas leis do direito e pela ação governamental, mas também por medidas como incentivos econômicos e aspectos sociais”. Um exemplo seria o uso de marcas de identificação da origem de um conteúdo, “um caminho de regulação que misturaria tudo isso”; - Carlos Affonso analisa as propostas de regulamentação de inteligência artificial debatidas na Europa e nos Estados Unidos. “A proposta europeia é abrangente e avança pelo caminho da segurança. Nos EUA, estão dando o primeiro passo para criar uma estrutura administrativa”, afirma. “O risco é que governos criem regulações incapazes de lidar com a inovação”, conclui.
11/27/202326 minutes, 34 seconds
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O Trapalhão

Conhecido por colocar "is" no final das palavras, Mussum foi um dos protagonistas de "Os Trapalhões". Foi com esse papel que Antônio Carlos cravou de vez sua fama de humorista, embora negasse ter talento para a profissão. Ao lado de Renato Aragão, Dedé Santana e Mauro Gonçalves, o carioca gravou 25 filmes e incontáveis esquetes de humor. Tudo isso sob o nome do maior quarteto da história da comédia nacional. Mas, assim como na carreira de músico, nos Originais do Samba, Antônio ganhou, nos "Trapalhões", não só uma legião de fãs, como também algumas dores de cabeça, com o impacto de sua fama e brigas por dinheiro entre o elenco.
11/26/202334 minutes, 3 seconds
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O voto-bomba que abalou os Três Poderes

Na votação da Proposta de Emenda Constitucional que limita os poderes dos ministros do STF, um voto foi especialmente decisivo para a vitória do texto por 52 a 18: o do líder governista, o senador Jaques Wagner (PT-BA). Descrito como “surpresa” e como “traição”, o “sim” do petista estremece a relação do governo Lula com a Suprema Corte e aumenta o risco de combustão em Brasília: os ministros Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso subiram o tom contra o Senado; e o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) retrucou. Para analisar a tensão entre os Três Poderes, Natuza Nery conversa com os jornalistas Gerson Camarotti, comentarista da Globonews e da TV Globo e colunista do g1, e Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: - Camarotti relata a conversa que teve com Jaques Wagner logo após o voto dele no plenário. “Nunca havia visto o senador tão abatido. Ele justificou que a negociação tornou o texto mais palatável”, conta. “Ele vai conseguir ajuda para pauta econômica do governo, mas arrumou um problemão com o Supremo”. E Maria Cristina pondera que “o governo não pode ser acusado de ter feito corpo mole”, afinal votou majoritariamente contra a PEC; - Maria Cristina avalia que o voto do senador petista pode sinalizar “uma ponte com a oposição”. “Mas, do ponto de vista prático, o que houve foi o fortalecimento da direita bolsonarista”, acrescenta Camarotti, que aponta também os interesses pessoais do presidente do Senado em meio à votação. “Eu conversei com Pacheco, e ele disse: ‘não vou parar por aí’”, conta; - Os dois jornalistas concordam que, com a aprovação do texto no Senado, o governo Lula sai perdendo e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) é quem ganha. E, para Maria Cristina, os votos conferidos ao Congresso dão à instituição a legitimidade “de representar politicamente o Brasil” - que, afirma, é majoritariamente conservador e “não se identifica” com o Supremo; - Camarotti revela como as ameaças veladas de Pacheco para abrir processos de impeachment contra ministros do STF “incomodam, e muito, a Corte”. “E, para o governo, é horrível acontecer esse tipo de enfrentamento”, conclui.
11/24/202336 minutes, 35 seconds
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O cessar-fogo entre Israel e Hamas

Em quase 50 dias de guerra, israelenses e palestinos na Faixa de Gaza vivem sob a tensão de ataques aéreos e lamentam a morte de aproximadamente 15 mil pessoas – cerca de 14 mil do lado palestino e 1.200 em Israel. Neste período, diversas tentativas de mediação não tiveram sucesso e mesmo uma resolução no Conselho de Segurança da ONU não surtiu efeito prático. Agora, pela primeira vez, Israel e Hamas anunciam um acordo de trégua e de troca de prisioneiros palestinos por reféns israelenses – numa lógica de 3 para 1, com início previsto para sexta-feira. Para explicar o atual estágio do conflito e o que se espera para as próximas semanas, Natuza Nery conversa com Guga Chacra, comentarista da TV Globo, da GloboNews e da rádio CBN e colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Guga esclarece o importante papel desempenhado pelo Catar nas negociações entre Israel e Hamas: “Há muito tempo, os EUA usam o Catar para dialogar com atores hostis”. E recorda que o país sempre funcionou como canal de comunicação entre os americanos e até os israelenses com o Hamas; - Ele aponta como a pressão externa (inclusive de países parceiros, como os EUA) e a pressão interna (de famílias de reféns do Hamas) influenciaram o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a aceitar o acordo de cessar-fogo; - Guga descreve quem são os prisioneiros palestinos em Israel – muitos deles mulheres e adolescentes sem acusações formais – e quais são as regras combinadas entre as lideranças do país e do Hamas para as trocas. “Essa primeira troca vai permitir pelo menos que crianças e mulheres sejam libertadas”, afirma; - O jornalista faz o balanço dos avanços do exército israelense sobre as cidades do norte da Faixa de Gaza e da crise humanitária que se abriu na região, onde mais de 2 milhões de pessoas não têm para onde ir. “E não está muito claro o que vem pela frente”, resume.
11/23/202322 minutes, 8 seconds
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Congresso e Supremo: a queda de braço

Depois de quatro anos de ataque aberto do Executivo contra o Supremo Tribunal Federal, a Corte agora lida com uma artilharia mais sutil por parte do Senado. Está marcada para esta quarta-feira (22) a votação da Proposta de Emenda à Constituição, protocolada em 2021, que limita os poderes do Tribunal – reduz o alcance de decisões monocráticas e o tempo para pedido de vista. Para explicar o que o texto propõe e as consequências dele para o futuro do Judiciário, Natuza Nery conversa com o jornalista Felipe Recondo, sócio-fundador da plataforma Jota e autor de três livros sobre o Supremo. Neste episódio: - Recondo defende que, de fato, cabe ao Supremo intervir em atos e ações do Congresso e do Executivo – e avisa que invariavelmente as decisões da Corte vão gerar desagrado nas partes derrotadas. “Me parece que o Congresso está reclamando do mérito das decisões, e não dos procedimentos”; - Ele questiona se a PEC será uma medida benéfica ao bom funcionamento da Corte porque, com o texto, o Senado “quer colocar limites rígidos na Constituição”. E pondera que o STF já “vem fazendo sua autocrítica e propondo mudanças”; - O jornalista comenta também a proposta que visa limitar os mandatos dos ministros do Supremo: “Isso pode fazer com que presidentes mudem o cálculo para as indicações”. E lembra que há defesas de fórmulas que reduzam o tempo de Corte para evitar mandatos de até 30 anos; - Recondo lista as críticas legítimas ao STF – como excesso de decisões monocráticas e falta de transparência nas decisões – e lamenta que “o processo necessário de aperfeiçoamento da Corte pelo Congresso se misture com interesses que parecem revanchismo”.
11/22/202327 minutes, 54 seconds
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Milei eleito e a relação Brasil-Argentina

O economista ultraliberal derrotou Sergio Massa com uma vantagem larga. Agora eleito, manteve suas promessas de dolarizar a economia, acabar com o Banco Central e prometeu visitar Donald Trump nos EUA antes da posse, marcada para o dia 10 de dezembro. A vitória de Milei inaugura uma nova fase na política argentina, e pode abrir também uma nova era na relação com o Brasil, com o Mercosul e com importantes parceiros comerciais. Para entender as consequências da vitória de Milei e os desafios do novo governo, Natuza Nery conversa com Marcos Azambuja, que foi embaixador na Argentina entre 1992 e 1997, serviu na França e hoje é conselheiro emérito do Cebri, o Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Neste episódio: - Azambuja classifica Milei como “intensamente ideológico” e interpreta os primeiros sinais dados pelo presidente eleito, como a ideia de privatizar estatais e acabar com o Banco Central: “uma coisa é a campanha, outra coisa é governar, o exercício com os limites do poder, do que é possível e adequado”, diz; - O embaixador avalia como ficam as relações entre Brasília e Buenos Aires. Ele lembra que “nem o Brasil nem a Argentina foram inventados ontem”, ao sinalizar a tradição de diálogo entre os dois países. “Cabe ao Brasil ter a preocupação de ser sensato”, afirma, ao analisar o fato de o presidente Lula não ter citado nominalmente Milei na mensagem que reconheceu o resultado da eleição; - Azambuja aponta os entraves que o presidente eleito terá para colocar em prática suas promessas. “O grande desafio é operar dentro do peronismo”, diz. Para ele, Milei terá o desafio de conviver com o Congresso, sem maioria política. Mas pondera como “a vitória [eleitoral] tem poder de atração” de apoio; - Ele conclui que o Brasil deve dar o exemplo da moderação em relação às declarações de Milei sobre o Mercosul: "O Brasil não deve cair em nenhuma armadilha de responder”. Para ele é importante não destruir o acordo entre países do bloco já que “o Mercosul fracassou como projeto de união alfandegária, mas teve grande sucesso como criador de confiança recíproca".
11/21/202328 minutes, 55 seconds
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Desafios da Bancada Negra no Congresso

A luta pela participação de negros na política brasileira começou ainda no início do século 19. Em 1828, o advogado Antônio Pereira Rebouças foi eleito deputado e se tornou o primeiro negro a integrar a elite política. Um século depois, Antonieta de Barros foi eleita deputada em Santa Catarina. Hoje, pretos e pardos são 56% da população, mas a representatividade no Congresso não chega a 30%. E no início deste mês, a Câmara aprovou a criação da Bancada Negra, da qual faz parte a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), representante histórica da causa pela igualdade racial no país. Benedita é a entrevistada de Natuza Nery no Dia da Consciência Negra. Neste episódio: - Benedita relata sua emoção ao ver oficializada a criação da Bancada Negra na Câmara. “Na Constituinte, nós tivemos uma primeira bancada e conseguimos direitos fundamentais”, recorda, ao mencionar os então deputados Paulo Paim (PT-RS), Edmilson Valentim (PC do B-RJ) e Carlos Alberto Caó Oliveira dos Santos (PDT-RJ). “Agora, 35 anos depois, conseguimos uma bancada definitiva”, celebra; - A deputada conta os desafios enfrentados dentro da Câmara para que a bancada fosse reconhecida e defende que “não há lugar melhor” do que o Congresso para o debate sobre políticas de inclusão. “Nós cobramos do Estado que ele seja um Estado antirracista”, afirma; - Benedita critica a chamada “PEC da Anistia”, que será votada na Câmara e perdoa partidos que não cumpriram cotas de candidaturas de mulheres e pessoas negras – o total das multas poderia alcançar quase R$ 23 bilhões. “Nós queremos o financiamento de campanha e espaço nos programas”, explica; - Ela também justifica por que defende a nacionalização do feriado para o Dia da Consciência Negra: “Zumbi dos Palmares não foi só um herói da causa negra, mas um herói da pátria brasileira”.
11/20/202328 minutes, 50 seconds
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Lula e a escolha do novo procurador-geral

Desde que acabou o mandato de Augusto Aras na PGR, em 26 de setembro, o mais alto cargo do Ministério Público Federal ficou sob o comando interino da subprocuradora Elizeta Ramos. Cabe ao presidente da República a indicação do novo procurador-geral (nome que precisa ser aprovado em sabatina no Senado), que tem 2 anos de mandato e função determinante na investigação de crimes e malfeitos no Executivo e Legislativo. No momento, três subprocuradores despontam como favoritos pela preferência de Lula (PT): Paulo Gonet, Antonio Bigonha e Aurélio Rios. Para analisar a indicação à PGR e a responsabilidade do cargo, Natuza Nery conversa com o cientista político Fernando Luiz Abrucio, professor da FGV-SP, e com o jurista Conrado Hubner Mendes, professor de direito constitucional da USP e autor do livro “O discreto charme da magistocracia: vícios e disfarces do judiciário brasileiro”, que será lançado na próxima terça-feira (21). Neste episódio: - Abrucio e Conrado elencam os motivos pelos quais Lula deixou a decisão pelo nome do PGR em segundo plano durante semanas – e também porque ele teve que dar prioridade a esta indicação nos últimos dias. “Está em jogo que tipo de maioria política Lula vai ter no Congresso”, afirma Abrucio. “Pela primeira vez na história, as indicações jurídicas passaram a entrar na conta política”, completa Conrado; - Os dois analisam qual o perfil desejado por Lula para a PGR. Para o cientista político, o presidente procura um “meio termo entre [Rodrigo] Janot e [Augusto] Aras”, que se dedique ao episódio dos atos golpistas de 8 de janeiro. Já Conrado comenta o tamanho da influência de grupos anti-lavajatistas nesse processo e justifica sua expectativa por um “PGR pouco autônomo”; - O jurista lamenta que Lula tenha ignorado os nomes apontados na lista tríplice do MPF e avalia o nome dos três favoritos à indicação para a PGR; - Abrucio avalia o papel do Ministério Público no sistema de Justiça brasileiro e no tabuleiro de poder: “Um conjunto de atores imaginou que poderia substituir os políticos. Um projeto autoritário”. Nesse contexto, afirma, o novo PGR não deverá bater de frente com o sistema político.
11/17/202335 minutes, 34 seconds
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Calor extremo - o risco à população de rua

Todo o país vive uma sequência de temperaturas recordes – que podem definir, inclusive, o ano mais quente entre os últimos 125 mil. E quando os termômetros registram mais de 40°C (com sensação térmica muitas vezes superior a 50°C), aqueles que estão em situação de vulnerabilidade sofrem mais. Estima-se que, hoje, o Brasil tenha mais de 280 mil pessoas vivendo nas ruas, com dificuldade em acessar condições básicas de higiene e até água potável. Para saber o que pode ser feito, Natuza Nery entrevista Priscila Cursi, médica intensivista que atende a população de rua há 3 anos com o projeto Médico nas Ruas, e Denise Duarte, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e pesquisadora do Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da mesma instituição. Neste episódio: - Priscila fala sobre o aumento da população de rua em São Paulo desde o início da pandemia: “Hoje vemos um maior número de famílias com crianças”. Ela também relata as principais queixas médicas dos moradores, e fala como as altas temperaturas vulnerabilizam ainda mais a saúde deles. “Acima de 40°C é suficiente para que tenham desidratação, insolação e queimaduras de pele. E pode levar à morte”, afirma; - Denise comenta as medidas emergenciais tomadas por cidades como São Paulo para lidar com o calor excessivo: “São medidas necessárias, mas é preciso avançar para mudanças estruturais”. E destaca a importância da criação de “oásis urbanos” e do fornecimento de água potável a toda população; - Ela também apresenta os desafios para a criação de políticas públicas voltadas ao conforto térmico e informa como cidades de Estados Unidos, França e Espanha vêm trabalhando para a instalação de “cooling places” (centros de resfriamento). “São ações de adaptação, não de mitigação climática”, conclui.
11/16/202321 minutes, 11 seconds
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Cotas: o desafio de manter alunos nas universidades

O presidente Lula (PT) sancionou nesta segunda-feira (13) a atualização da Lei de Cotas, vigente desde 2012. O novo texto amplia o número de ministérios responsáveis pelo acompanhamento da política de cotas, altera o recorte econômico para alunos de baixa renda e permite ao cotista concorrer também nas vagas destinadas à ampla concorrência. Mas os especialistas em educação apontam que ainda faltam políticas permanentes para a manutenção desses alunos dentro das universidades. Para apontar os desafios e as possíveis soluções, Natuza Nery conversa com o sociólogo Luiz Augusto Campos, professor da UERF e coordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa na mesma instituição, e Ludhmila Hajjar, professora titular da Faculdade de Medicina da USP, onde também coordena o programa de pós-graduação em cardiologia. Neste episódio: - Luiz elogia a atualização na Lei de Cotas, agora mais bem focalizada para alunos de baixa renda, e comenta as taxas de evasão dos estudantes cotistas nas universidades – que, atualmente, são menores que a de não-cotistas. “As políticas de permanência ajudam a reduzir ainda mais essa evasão”, afirma; - Ele aponta 3 razões para a não permanência de alunos de baixa renda no ensino superior: falta de recursos, complexidade burocrática e ausência de um programa unificado nacional; - Ludmila afirma que a Lei de Cotas tornou a “universidade mais plural e a aproximou muito mais da sociedade”, e avalia como positivos os novos dispositivos da lei, que acrescenta quilombolas entre os beneficiários e amplia as cotas para os cursos de pós-graduação; - A médica comenta a expectativa que tem sobre como a ampliação das cotas para o desenvolvimento de pesquisas nas universidades “pode trazer respostas imediatas a problemas crônicos da sociedade”. E alerta para a necessidade de ampliar o acesso também ao mercado de trabalho.
11/14/202326 minutes, 49 seconds
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Nova lei das PMs – controle e transparência em xeque

A lei que organiza e unifica, em nível nacional, as Polícias e Bombeiros Militares – foi aprovada pelo Congresso e agora depe de sanção presidencial. O texto, apresentado pela primeira vez em 2001 e que atualiza a legislação nacional sobre as corporações após mais de 5 décadas, teve ampla aprovação na Câmara e no Senado, mas enfrenta críticas de especialistas em segurança pública. Um deles é o entrevistado de Natuza Nery, Adílson Paes de Souza. Ele foi policial militar por 30 anos em São Paulo, onde se aposentou como Tenente-Coronel, e é mestre em direitos humanos e doutor em psicologia pela USP. Neste episódio: - Adílson justifica por que a lei aprovada no Congresso pode ser considerada “antidemocrática”: “Ela só revoga alguns artigos e dispositivos do decreto-lei nº 667, de 1969 – um texto que tem o AI-5 como fundamento”. Para ele, trata-se da manutenção de uma política de “hipermilitarização da Polícia Militar”; - O PM aposentado avalia que a nova lei, caso não sofra vetos, pode incentivar outros estados a repetirem a experiência do Rio de Janeiro na gestão da segurança pública - sem uma secretaria dedicada, os comandantes das polícias Civil e Militar deliberam diretamente com o governador. “Seria uma instância a menos de controle e coordenação das atividades das polícias”, afirma; - Doutor em psicologia social, ele comenta pesquisas que demonstram “o fator organizacional das polícias como o maior fator de risco para suicídio entre policiais” - fator mais determinante, inclusive, que os danos na saúde mental decorrentes de situações de estresse e perigo; - Adílson aponta a unificação das polícias Civil e Militar em uma só corporação como uma das soluções para a crise de segurança pública. “E a lei é a sedimentação de duas polícias a nível estadual”, afirma. “Ou seja, não é militarizando a polícia que vamos resolver o problema da criminalidade. Esse erro, estamos cometendo há 40 anos”, conclui.
11/13/202326 minutes, 40 seconds
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Carlinhos do Reco-Reco

Aos 23 anos, Carlinhos do Reco-Reco não sabia se deveria largar a vida no Brasil para embarcar numa turnê no México, sua primeira grande oportunidade como músico. Apesar da incerteza, topou o convite e, ao contrário de suas expectativas, teve uma turnê desastrosa. Depois de explorar terras mexicanas, Mussum faria outros shows internacionais, com os Originais do Samba, grupo que integrou por 14 anos. Numa dessas turnês, o artista assistiu a um show da banda de rock britânica Mungo Jerry e ficou fascinado pelo chamado banjo americano, instrumento que, tempos depois, ele e o cantor Almir Guineto, adaptariam. Fazendo uma engenhoca, os músicos criaram o banjo brasileiro, que, mais tarde, ficaria bem famoso no pagode dos anos 1980 e 1990.
11/12/202325 minutes, 10 seconds
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O governo Lula depois da Reforma Tributária

O placar do Senado registrou 53 votos a favor – apenas 4 a mais do que o mínimo necessário – e o texto que muda o sistema de tributos e impostos brasileiros foi aprovado na Casa. Ainda que o resultado tenha sido apertado e a versão final da proposta tenha mais exceções do que o desejado, trata-se de um feito do governo. Mas, internamente, cresce o atrito entre duas alas petistas: uma, liderada por Fernando Haddad, que busca uma política econômica mais austera; e outra, representada por Rui Costa, que quer mais recursos para gastos e investimentos. Para explicar o que tudo isso representa para o futuro do terceiro mandato de Lula, Natuza Nery conversa com Miriam Leitão, jornalista da TV Globo, GloboNews, jornal O Globo e rádio CBN, e Celso Rocha de Barros, doutor em sociologia pela Universidade de Oxford, colunista do jornal Folha de S.Paulo e autor do livro “PT, uma história”. Neste episódio: - Miriam e Celso concordam sobre a importância histórica da reforma. “Vários governos, de várias orientações ideológicas, já tentaram fazer. Então é uma grande realização”, lembra Celso. “O governo Lula tem o simbolismo de enterrar o sistema tributário imposto na ditadura”, afirma Miriam; - A jornalista também avalia que a aprovação é “uma grande derrota” para a oposição bolsonarista. “O ex-presidente foi a campo, falou com as bases e até o Ciro Nogueira (PP), ex-chefe da Casa Civil, votou a favor e elogiou a reforma”, lembra Miriam; - Celso relaciona a reforma a uma possível “tomada de consciência do establishment brasileiro” em prol de um modelo mais eficiente de capitalismo para o país. E Miriam alerta para a necessidade de incluir as mudanças climáticas e as pautas verdes na agenda econômica; - A dupla comenta ainda a rixa entre os ministros da Casa Civil e da Fazenda. Celso recorda que se trata de uma “coreografia previsível” - o mesmo acontecera entre José Dirceu e Antonio Palocci no governo Lula 1. Para Miriam, pior do que as intrigas de bastidores, foi a fala de Lula sobre o não cumprimento da meta fiscal em 2024. “Um ministro fraco não aprova as medidas dele, que são boas e vão acabar com privilégios na economia”, conclui.
11/10/202331 minutes, 25 seconds
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A cultura da busca pelo corpo perfeito

Aos 29 anos, a influenciadora digital Luana Andrade foi vítima de uma parada cardiorrespiratória, consequência de uma cirurgia de lipoaspiração nos joelhos. A morte de Luana trouxe à tona mais uma vez o risco ao qual milhares de pessoas se submetem em procedimentos de finalidade estética - uma realidade bastante brasileira; o país é o segundo no mundo no ranking de cirurgias plásticas. Para analisar essa cultura, Natuza Nery entrevista a psicanalista Joana Novaes, professora da Universidade Veiga de Almeida e coordenadora do núcleo de doenças da beleza na PUC-RJ. Neste episódio: - Joana sentencia que o corpo define nossa posição de “ganhador ou perdedor” na sociedade: “Nossa aparência traduz a boa gestão que fazemos do tempo, do dinheiro e da produtividade”; - Ela comenta dois fenômenos: a onda de casos de quem arrisca a vida em cirurgias de fins estéticos e o crescimento dos movimentos a favor da diversidade dos corpos. “As redes sociais têm a dupla função de disseminar padrões estéticos e de servir como resistência e militância”, resume; - Joana também explica por que a busca por um corpo supostamente perfeito é uma questão de saúde pública e um “problema de classe e econômico”. “Não há transtorno dismorfo-corporal e alimentar que não seja dentro de um quadro compulsivo e depressivo”, afirma; - A psicanalista avalia que há uma sobreposição do “valor de mercado” dos corpos em relação ao “valor da vida”: “Nesse sentido, a banalização do risco das operações é sedutora”.
11/9/202322 minutes, 51 seconds
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Falsos nudes: a Inteligência Artificial em deepfakes

O caso das meninas de uma escola tradicional do Rio de Janeiro expõe um crime que tem se tornado comum: o uso de aplicativos para manipular fotos e produzir imagens íntimas falsas. Celebridades também já foram vítimas - no caso mais recente, o alvo foi a atriz Isis Valverde. Deepfakes produzidas a partir de Inteligência Artificial, cujo acesso está mais fácil e barato, abrindo portas para toda sorte de crimes. Para entender como o mal-uso da IA pode ser danoso, Natuza Nery conversa com Bruno Sartori, pioneiro na produção de material com uso de Inteligência Artificial, e com Patrícia Peck, advogada especialista em Direito Digital. Neste episódio: - Bruno explica como ferramentas simples e acessíveis permitem a criação de diferentes tipos de conteúdo “em apenas um clique”, usando Inteligência Artificial. “Tem os prós e os contras, depende de quem está usando”, exemplifica, ao citar a possibilidade de criar desde músicas e vozes até conteúdo pornográfico e notícias falsas; - Ele aponta a necessidade de conscientizar a população sobre a possibilidade de conteúdos serem alterados. “Quando a pessoa vê um conteúdo realístico, porém falso, ela acredita”, diz, ao sinalizar a necessidade de redes sociais marcarem imagens e vídeos produzidos via Inteligência Artificial; - Patrícia detalha como o uso não autorizado de imagens é um ato ilícito. “Ao produzir uma imagem não autorizada, o primeiro crime relacionado é contra honra”, diz, ao citar difamação e injúria da vítima; - A especialista em Direito Digital analisa como o Brasil “perdeu uma janela de protagonismo” na legislação sobre o tema. “Você pode ter uma geração que queira fazer justiça com o próprio mouse”, diz, ao apontar a necessidade de atualizar as leis sobre esse tipo de crime no país.
11/8/202333 minutes, 31 seconds
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Amazônia sufocada pela fumaça

Uma onda densa de fumaça cobre Manaus e deixa o ar praticamente irrespirável. Uma crise ambiental provocada pelas queimadas – cuja temporada começa em agosto – e agravada pela seca histórica que atingiu o Rio Negro nos últimos meses. Tudo somado ao calor intenso provocado pelo El Niño. A situação só não é pior porque os níveis de desmatamento estão em queda. Para entender as causas do problema, e como as queimadas e os incêndios florestais aceleram as mudanças climáticas, Natuza Nery conversa com Alexandre Hisayasu, repórter da Globo em Manaus, e com Ane Alencar, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Neste episódio: - Alexandre descreve o que mudou na paisagem manauara, região onde o número de focos de queimadas mais que dobrou em 2023 em relação ao ano passado: “Nós conseguíamos visualizar o Rio Negro e cidades da região metropolitana. Hoje, só vemos uma nuvem cinza”; - Ane explica por que, embora o desmatamento na Amazônia tenha caído mais de 40% em 2023, o número de focos de incêndios subiu. “Depende de três fatores: clima favorável, material combustível e fonte de ignição”, resume. “Agora, imagine se casássemos as condições climáticas desse ano com o desmatamento do ano passado. Seria muito mais catastrófico”; - Ela aponta dois caminhos para reduzir o fogo na Amazônia: o combate ao desmatamento ilegal e os incentivos para o não uso do fogo na pecuária. “Principalmente nas áreas que já foram desmatadas”, conclui.
11/7/202326 minutes, 3 seconds
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O drama das crianças no conflito do Oriente Médio

O dia 7 de outubro ficou marcado pelo mais violento ataque terrorista já sofrido por Israel. Membros do Hamas invadiram o país, executaram cerca de 1.400 pessoas e sequestraram mais de 200 – entre as vítimas, dezenas de crianças, cujo paradeiro é desconhecido até hoje. A reação do governo israelense sobre a Faixa de Gaza teve interrupção no fornecimento de água, comida e eletricidade e bombardeiros em áreas civis, que resultaram na morte de milhares de pessoas, boa parte delas, segundo organizações internacionais, menores de 17 anos. Para falar da situação das crianças na guerra e seus traumas para a posteridade, Natuza Nery entrevista Ricardo Pires, porta-voz do Unicef, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, em Nova York (EUA).
11/6/202319 minutes, 34 seconds
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O futuro do embate entre Lula e Bolsonaro

Nesta quarta-feira (1), o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou o Jair Bolsonaro (PL) à inelegibilidade mais uma vez, agora por abuso de poder político nos eventos oficiais de 7 de setembro – ele e o candidato a vice, Braga Netto (PL), ficam sem poder disputar eleições até 2030. Em Brasília, o presidente Lula (PT) vem enfrentando um Congresso mais resistente a seu programa de governo do que em seus mandatos anteriores. Em comum, os dois olham para 2024 com as eleições municipais na mira. Numa conversa a três sobre política, Natuza Nery recebe Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e âncora do Roda Viva, da TV Cultura, e Thomas Traumann, colunista da revista Veja e do Poder 360. Neste episódio: - Vera fala sobre a mais recente condenação do ex-presidente que, agora, já deve enfrentar como “favas contadas” o fato de não ser candidato em 2026 – para ela, o objetivo de Bolsonaro passa a ser “manter a tropa unida”. E, para Thomas, o que resta a ele é “imitar Lula e tentar construir a imagem de que o bolsonarismo é alvo de perseguição”; - A dupla comenta os potenciais impactos da atuação tanto de Lula quanto de Bolsonaro nas eleições municipais do ano que vem – e destaca o papel da corrida eleitoral no Rio de Janeiro neste contexto, sobretudo depois da inelegibilidade de Braga Netto (PL). “Bolsonaro perdeu uma eleição e teve a liderança enfraquecida”, avalia Vera; - Os dois comparam os primeiros meses do mandato de Lula com os seus governos anteriores. “Ele não esperava essa resiliência do bolsonarismo e nem um Congresso tão empoderado como esse”, afirma Vera. “O governo Lula, para cada problema novo tem uma ideia velha”, resume Thomas; - Thomas comenta o hábito de Lula de observar de perto as pesquisas de aprovação - e como isso vai definir agendas para 2024. “Quando ele diz que no ano que vem não vai viajar e só ficará no Brasil, é resultado de pesquisa eleitoral”, relata.
11/3/202329 minutes, 38 seconds
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Antônio Carlos

Nascido na favela Morro da Cachoeirinha, na zona norte do Rio de Janeiro, um dos maiores nomes da TV, do cinema e da música brasileira se tornou ator quase que por acidente. Mesmo no auge da carreira de humorista, nos "Trapalhões", ele dizia não ter talento para atuação. O carioca foi parar na TV graças a sua paixão pelo samba, paixão esta que ele escondeu de muitos ao seu redor por um bom tempo, com medo de perder o cargo na Aeronáutica, onde trabalhou durante anos. O que Mussum não esperava, no entanto, é que sua aparição na telinha lhe levasse ao estrelato.
11/2/202320 minutes, 36 seconds
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O estica e puxa em torno da meta fiscal

Desde que o arcabouço fiscal foi apresentado pelo Ministério da Fazenda, a proposta de zerar o déficit primário já em 2024 foi recebida com ceticismo pelo mercado. Há meses, Fernando Haddad emprega esforços para aumentar receitas e equilibrar as contas da União, que esse ano vão ficar mais de R$ 100 bilhões no negativo. Até que na sexta-feira passada (27), o presidente Lula (PT) afirmou que será muito difícil cumprir a meta – o que abriu um descompasso com as falas de Haddad e gerou barulho no mercado financeiro. Para explicar as consequências da declaração do presidente na política fiscal do governo, Natuza Nery entrevista a economista Juliana Inhasz, professora do Insper. Neste episódio: Juliana avalia que a meta “não é factível”: e que embora o governo busque novas fontes de arrecadação, ele também propõe mais gastos públicos. “É um governo mais caro diante de uma arrecadação que não cresce tanto assim”, resume; Ela afirma que uma mudança na meta fiscal a essa altura faria com que o governo perdesse a credibilidade com os agentes do mercado e investidores. “Difícil desenhar cenário de Suíça para o Brasil. Ou seja, o mercado esperava um cenário mais realista”; Juliana critica a “bateção de cabeça” entre ministro e presidente, sobretudo às vésperas da reunião do Copom que decidirá, nesta quarta-feira (1º), a taxa básica de juros: “Esse descompasso faz com que o mercado fique resistente e ruídos podem gerar pressões inflacionárias”; A professora também comenta o papel do Congresso na busca por equilíbrio fiscal: “É muito perigoso. Pode haver um cenário de cada vez mais déficit”, conclui.
11/1/202326 minutes, 26 seconds
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Israel x Hamas – crimes de guerra

Desde o ataque terrorista do Hamas contra Israel no dia 7 de outubro, somam-se episódios de abuso contra o direito humanitário internacional. A começar pelo assassinato de civis e captura de reféns pelo grupo terrorista até a mais recente ofensiva israelense sobre a Faixa de Gaza – que vem sendo bombardeada e sofreu com o corte de água e energia elétrica. Para contar os últimos eventos da guerra e explicar os principais preceitos do direito humanitário, Natuza Nery conversa com a jornalista Paola de Orte, correspondente no Oriente Médio para a TV Globo e Globonews, e com Thiago Amparo, advogado, doutor, professor de direito internacional na FGV-SP e colunista do jornal Folha de S.Paulo. Neste episódio: - De Tel Aviv, em Israel, Paola relata os acontecimentos dos últimos dias no conflito: a ofensiva terrestre do exército de Israel sobre Gaza e o corte na comunicação dos palestinos, os desgastes políticos de Benjamin Netanyahu e a troca de ataque que viu in loco na cidade de Sderot. “Vemos fumaça cinza no céu e ouvimos o tempo todo o barulho das explosões”, resume; - Thiago justifica por que, para o direito humanitário internacional, independentemente da motivação da guerra é necessário que os dois lados respeitem as regras: “É para garantir regras básicas diante dessa realidade brutal e proteger civis e não-combatentes”; - Ele afirma que a regra da distinção é a “regra de ouro” do direito humanitário - ou seja, a diferenciação entre pessoas e coisas militares e civis. Thiago também comenta as regras da proporcionalidade e da precaução; - O professor opina sobre as violações humanitárias cometidas por Hamas e pelo Estado de Israel, como a captura e manutenção e reféns e a interrupção do acesso a água e energia. “O ataque indiscriminado a civis impõe sofrimento sistemático à população”, conclui.
10/31/202327 minutes, 25 seconds
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Lavagem de dinheiro: como asfixiar o crime

Chave para o funcionamento de esquemas criminosos como o tráfico de drogas e as milícias, a lavagem de dinheiro transforma o dinheiro ilegal em legal. A conhecida fórmula de “seguir o dinheiro” é uma das formas mais eficazes de sufocar o crime organizado. Mas para que haja investigação, é preciso acesso a órgãos de controle e fiscalização, a informações das 27 secretarias de segurança e uma boa relação com sistemas de inteligência. Para entender os desafios para desmontar a prática financeira que dá lucro ao crime, Natuza Nery conversa com o Pierpaolo Bottini, professor da Faculdade de Direito da USP. Neste episódio: - Pierpaolo justifica por que a “tática da prisão e repressão” não funciona para o combate ao crime organizado, mas, sim, “identificar, congelar e confiscar os recursos financeiros”. E lista as atividades favoritas para a prática de esquentar o dinheiro: negócios que giram dinheiro em espécie e setores que operam produtos de valor subjetivo; - Ele também argumenta que “o Coaf talvez seja o ponto mais relevante do combate ao crime organizado” - no ano passado, recebeu mais de 7 milhões de comunicações suspeitas: “Tem o papel de organizar as informações sobre lavagem de dinheiro”; - O criminalista fala sobre a importância de se identificar as atividades ilegais financiadas pelo tráfico de drogas e pelas milícias para “construir políticas públicas de mais qualidade”. “Mais importante que comprar milhares de viaturas é colocar servidores a mais no Coaf”, conclui.
10/30/202322 minutes, 37 seconds
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Teaser - Mussum, o Podcastis

Da carreira de músico com os Originais do Samba ao sucesso estrondoso em “Os Trapalhões”, Antônio Carlos Bernardes Gomes foi uma estrela múltipla. Brilhou na TV, cinema, teatro, passarelas de carnaval, estúdios de música e palcos Brasil afora e adentro. Mas você sabe como tudo começou? Como um jovem negro nascido em uma favela na zona norte carioca se tornou Mussum, um ídolo de várias gerações? Quais foram as intrigas e os problemas que ele enfrentou? Que legado ele deixou? “Mussum, o podcastis” é uma parceria entre g1 e Globo Filmes que, em cinco episódios, aprofunda detalhes da vida e da carreira de Mussum, retratado na cinebiografia “Mussum, o filmis”. Um artista que, como raríssimos outros, estabeleceu uma marca inigualável no imaginário e na cultura do Brasil.
10/29/20232 minutes, 40 seconds
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Rio Negro: a seca histórica e as vidas que dependem dele

Desde que se mede o volume do rio, há mais de 120 anos, ele nunca esteve tão baixo. Resultado de uma longa e intensa escassez de chuvas em uma das regiões mais úmidas da floresta amazônica. Assim, desde o Alto Rio Negro até ele se somar ao Rio Solimões e formar o Amazonas, mais de 600 mil pessoas sofrem as consequências desta seca - além do impacto ainda imensurável na fauna e flora. Entre as comunidades afetadas, está a aldeia Açaí-Paraná, em São Gabriel da Cachoeira, onde vivem cerca de 50 indígenas da etnia Piratapuya, às margens do Rio Uaupés. Um desses indígenas é Rosivaldo Miranda, que foi agente de manejo ambiental e, durante quase 10 anos, registrou as mudanças no clima da região. Diretamente de sua comunidade, ele relatou ao Assunto como tem sido a vida daqueles que dependem do rio: “A gente fica com medo de perder o rio. E sofrer as consequências”. Natuza Nery entrevista Jochen Schongert, pesquisador da coordenação de pesquisas em dinâmica ambiental do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e integrante do grupo de pesquisa Maua (Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas). Neste episódio: • Rosivaldo descreve como foram os últimos 3 meses para sua comunidade diante da estiagem. Ele relata a impossibilidade de navegar nos trechos mais secos dos rios, a queda na oferta de peixes para a pesca e até a ocorrência de queimadas no roçado de parentes. “A seca foi tão rápida que não deu para planejar nada”, conta. “A água ficou quente, parecia estar fervendo. E a gente depende muito do rio e da água pra sobreviver”; • Jochen explica como a elevação da temperatura da água, que chegou a superar os 39°C, resultou na morte de peixes e mamíferos aquáticos, caso dos botos – pelo menos 150 deles perderam a vida desde agosto. “É um enorme impacto para o ecossistema e para as comunidades ribeirinhas”, afirma; • Ele fala sobre as consequências da “anomalia climática” em toda a Amazônia e alerta para o risco de que a temporada de chuvas, que se inicia entre outubro e novembro, seja fraca: “E, com isso, vamos enfrentar nova seca severa no ano que vem”.
10/27/202325 minutes, 55 seconds
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Israel x Hamas: diplomacia paralisada na guerra

Mais uma vez, propostas para pacificar o conflito foram frustradas no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os textos apresentados por EUA e Rússia foram vetados, assim como aconteceu com a tentativa brasileira de apresentar um cessar fogo – o Itamaraty deve apresentar nova proposta nos próximos dias, com o apoio de países que não são membros permanentes do Conselho. E enquanto as lideranças falham em encontrar resoluções racionais para o conflito, quase 8 mil pessoas já perderam a vida. Para explicar o tabuleiro da diplomacia, Natuza Nery entrevista Tanguy Baghdadi, professor de relações internacionais na Universidade Veiga de Almeida e fundador do podcast Petit Journal, e Christopher Mendonça, professor de relações internacionais do Ibmec-MG. Neste episódio: Tanguy analisa o atual cenário do conflito e a expectativa internacional sobre a força que Israel irá empregar para invadir por terra a Faixa de Gaza – e como isso irá impor mais terror à população civil de lá. “A pergunta é para onde essas pessoas vão. Qual é a alternativa delas?”, questiona; Ele aponta duas dimensões para se observar neste momento: o discurso oficial das autoridades e aquilo que é dito “a portas fechadas”. Para ele, os votos no Conselho de Segurança são "um campo de disputa daqueles que os olhos veem” e o Brasil é um dos atores que tentam “destravar esse cenário”; Christopher comenta as críticas ao Conselho de Segurança, uma estrutura criada há 80 anos e que tem 5 países com direito ao veto: “Essa forma de decisão tem prejudicado que as resoluções de paz cheguem a sua formação”; Ele também fala sobre a "dilapidação do processo de tomadas de decisão da ONU” e o recente atrito entre o Secretário-Geral da organização e o chanceler israelense. “A ONU, a despeito de suas falhas, ainda é o principal órgão de mediação entre os Estados”, afirma.
10/26/202327 minutes, 35 seconds
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Milícias no Rio – a origem e a associação ao tráfico

Nesta semana, os moradores da Zona Oeste da capital fluminense viveram o terror daquele que foi o maior ataque ao transporte público da história da cidade – foram queimados 35 ônibus e 1 trem. Tratou-se de uma vingança do grupo mais poderoso da milícia, a Liga da Justiça, pela morte do miliciano apontado como número 2 da hierarquia na região e irmão do chefe maior do grupo criminoso. Ele foi morto em confronto com a Polícia Civil. Para explicar a atuação da milícia no Rio de Janeiro, sua relação com o narcotráfico e com as forças de segurança do Estado, Natuza Nery ouve Rafael Soares, repórter especial dos jornais O Globo e Extra, apresentador do podcast Pistoleiros e autor do livro Milicianos, que será lançado em novembro. Neste episódio: - Rafael define as milícias como “domínio territorial armado atrelado à exploração econômica” e detalha as diferenças entre seu modo de funcionamento e o do tráfico, que é “varejo de drogas”: “Apesar da aproximação dessas organizações, ainda vejo dois modelos diferentes coexistindo”; - Ele recupera a história de mais de quatro décadas das milícias na Zona Oeste do Rio de Janeiro, desde a estruturação de uma rede de transporte alternativo e de um suposto serviço de segurança para os moradores. “A situação atual de fragmentação da milícia é nova e há acordos com facções do tráfico”, afirma; - O jornalista descreve as três fases da história da Liga da Justiça, maior milícia do Rio, e como a política interna da organização criminosa resultou na expansão dos crimes e na aproximação com o tráfico. E informa como a morte recente de lideranças inaugura a terceira fase da milícia: “Há uma situação de guerra interna já há mais de um ano. E o Comando Vermelho vê a oportunidade de retomar territórios”; - Rafael também comenta as ineficazes estratégias de combate aos grupos criminosos organizados no Rio de Janeiro. Para ele, a “federalização pode ser uma medida interessante”, mas, antes, a gestão da segurança pública fluminense “precisa fazer o básico”: “Melhorar investigação de homicídio, equipar a estrutura de combate à milícia e investir em correção policial”, resume.
10/25/202333 minutes, 50 seconds
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Massa x Milei – a surpresa na eleição argentina

Ao contrário do que apontava a maioria das pesquisas, o 2º turno da eleição para presidente na Argentina inicia com vantagem para o candidato peronista Sergio Massa: ele registrou 36% dos votos neste domingo (22), superando o populista radical de direita Javier Milei, com 30%. Até o dia 19 de novembro, os dois disputam os votos da terceira colocada, a conservadora Patricia Bullrich (23%), e de candidaturas menores para conquistar a passagem para a Casa Rosada pelos próximos 4 anos. Para explicar os números do primeiro turno e projetar as próximas semanas de campanha, Natuza Nery entrevista Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quartely e analista de política latino-americana há 20 anos, e Maurício Moura, economista e professor da Universidade George Washington (EUA). Neste episódio: Brian justifica a surpresa com um segundo turno entre “o ministro da Fazenda do país com inflação de 140%” e “um economista outsider meio bolsonarista”. Ele avalia que Milei ainda irá crescer e ganhar votos de eleitores de Patrícia Bullrich, mas que parte do eleitorado de centro-direita considera “loucas as ideias dele”; O jornalista comenta que, embora o peronismo siga muito forte, o movimento político “teve seu pior desempenho em nível nacional na história moderna” e destaca o incentivo fiscal promovido pelo governo como “compra de votos” em prol de Massa; Maurício pondera as fraquezas e as qualidades de Massa e Milei aos olhos dos eleitores argentinos: Massa integra um governo com 2/3 de rejeição, e Milei investe em pautas conservadoras, sem aderência na maioria da população. "É uma batalha de rejeições”, resume; Ele fala sobre as dificuldades do vencedor, seja Massa ou Milei, em negociar com o Congresso argentino, que não tem nenhuma maioria formada na atual composição - embora a chapa de oposição tenha crescido muito nesta eleição. “A governabilidade será muito frágil”, conclui.
10/24/202328 minutes, 24 seconds
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A Abin e o rastreamento de celulares

Na sexta-feira (20), a Polícia Federal cumpriu 25 mandados de busca e apreensão e mais 2 mandados de prisão preventiva de dois servidores da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na operação que investiga o rastreamento de celulares sem autorização judicial. De acordo com a investigação, o software usado durante 2 anos e 4 meses durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) monitorou os passos de pelo menos 10 mil pessoas, entre elas servidores públicos, policiais, advogados, jornalistas, políticos e até ministros do Supremo Tribunal Federal. Para explicar o que aconteceu, Natuza Nery entrevista Joanisval Britto Gonçalves, especialista em inteligência de Estado e consultor legislativo do Senado para defesa nacional, e Christian Perrone, coordenador geral de direito e tecnologia do Instituto de Tecnologia e Sociedade, do Rio de Janeiro. Neste episódio: - Joanisval recupera a história da criação da Abin, em 1999. “A ideia era criar uma agência de inteligência adequada ao sistema democrático”, conta. “Porque não existe democracia no mundo que prescinda de estrutura de inteligência”; - Ele explica quais são os órgãos responsáveis pela fiscalização da agência e quais suas funções institucionais. “Há uma série de mecanismos de controle para sua atuação”, afirma; - Christian descreve como os dados de localização podem levar a inferência de dados sensíveis das pessoas investigadas; e cobra as agências de inteligência a justificarem o uso desse tipo de tecnologia: “Precisa ter uma justificativa muito clara e um interesse público muito importante pra acessar uma compreensão tão vasta da intimidade dessas pessoas”; - Ele aponta o risco de que esse tipo de abuso no acesso de informações privadas pode causar às instituições democráticas. “Até questões fundamentais das instituições do Estado democrático de direito estão tratadas aqui”, conclui.
10/23/202317 minutes, 42 seconds
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Israel x Hamas – a guerra da desinformação

A disputa de versões sobre quem causou a explosão em um hospital de Gaza expôs uma guerra dentro da guerra. Primeiro, o Ministério da Saúde de Gaza – comandado pelo Hamas – falou em 500 vítimas e culpou Israel. Logo depois, Israel disse que o local foi atingido por um foguete lançado pela Jihad Islâmica. O caso expõe como os dois lados disputam versões e até usam mentiras para controlar a narrativa do conflito – algo que se repete há séculos. Tudo potencializado pelas redes sociais, onde uma enxurrada de notícias falsas e deep fakes se espalha 6 vezes mais rápido do que notícias checadas e verificadas, como explica David Nemer em conversa com Natuza Nery. Professor da Universidade da Virgínia (EUA), Nemer reflete como a desinformação prospera mais facilmente em situações de raiva e de medo. Neste episódio: - David aponta alguns dos motivos pelos quais a guerra no Oriente Médio é solo fértil para a disseminação de tantas notícias falsas: trata-se de uma região de acesso restrito e as informações são controladas por agentes oficiais de ambos os lados. “A guerra é emocional e a desinformação prospera ainda mais em emoções negativas, como a raiva e o medo”, afirma; - Ele descreve como os algoritmos das redes sociais – e como seus modelos de negócio – favorecem a circulação de notícias que “geram emoções negativas”, uma vez que elas têm maior potencial de engajamento entre os usuários: “Elas levam o campo de batalha para o campo virtual”; - O pesquisador comenta também a pesquisa sobre a velocidade das mentiras nas redes sociais e o estrago causado por elas no corpo da sociedade. Ele cita os casos da suposta degola de 40 bebês em Israel e a de mensagens antissemitas em massa pelo Hamas como exemplos de conteúdos que fomentaram crimes de ódio contra israelenses e palestino ao redor do mundo; - David aconselha o uso de ferramentas para a checagem de informações, assim como a verificação da fonte destas informações. “E sempre lutar contra nosso viés pessoal de confirmação", conclui.
10/20/202326 minutes, 52 seconds
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Gaza: catástrofe e falta de ajuda humanitária

Sem água, sem comida, sem remédios... A Faixa de Gaza é alvo de bombardeios do Exército israelense há mais de 10 dias, e a população civil sofre com a falta de ajuda humanitária em meio a disparos de mísseis e foguetes. Nesta quarta-feira (18), os EUA barraram uma resolução da ONU que previa a instalação de um corredor humanitário - mas o governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, pressionado pela visita do presidente americano Joe Biden, autorizou a entrada de ajuda humanitária. Diretamente de Khan Yunis, o palestino Hasan Rabee relata a situação de quem aguarda para cruzar a fronteira com o Egito - ele que desde o início da guerra tenta deixar Gaza com a mulher e as duas filhas brasileiras. Natuza Nery também conversa com Tarciso Dal Maso, advogado e professor de Direito Internacional no Centro Universitário de Brasília. Neste episódio: - Tarciso descreve como funciona um corredor humanitário: "De um lado, chega ajuda humanitária; e do outro, pessoas precisam sair em segurança”. E justifica porque, no caso específico de Gaza, sua realização é tão complexa. “Há a necessidade de dialogar com diversos atores e a logística não é pequena”; - Ele explica as “duas linhas de atuação” do direito internacional humanitário: a proteção de pessoas civis e seus bens e a proibição de determinados métodos de combate – como uso de escudos humanos e de restrição de acesso a água e comida; - O advogado também comenta o “fortíssimo impacto psicológico” da guerra para as crianças e aponta outras consequências: difícil reinserção social, recrutamento como crianças-soldados e exploração laboral e sexual. “É também cenário propício para futuros radicalismos”, conclui.
10/19/202322 minutes, 45 seconds
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O misterioso sumiço de armas do Exército

No último dia 10, o quartel do Exército em Barueri, cidade da região metropolitana de São Paulo, confirmou o desaparecimento de um arsenal de guerra que estava sob seu domínio. Sumiram nada menos que 8 metralhadoras de calibre 7,62 e 13 metralhadoras de calibre .50 - são fuzis capazes de efetuar mais de 500 disparos por minuto e até derrubar aeronaves. Até agora, não há suspeitos, mas 480 militares seguem aquartelados, sob investigação do Exército. Para explicar o caso, Natuza Nery fala com Kleber Tomaz, repórter do g1 em São Paulo, e Bruno Langeani, gerente da área de sistema de justiça e segurança do Instituto Sou da Paz. Neste episódio: Kleber informa a justificativa do Exército para não registrar Boletim de Ocorrência - embora a responsabilidade de encontrar as armas esteja com as polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo. “O Exército demonstrou autossuficiência para esclarecer o desaparecimento, mas, uma semana depois, nada foi encontrado”, afirma; (2:30) O jornalista descreve as características e poder de destruição dos dois tipos de armas desaparecidas. E comenta a principal linha de investigação assumida pelo Exército: “A maior suspeita é de que haja envolvimento de militares”; (8:00) Bruno detalha o quão difícil é sumir com quase meia tonelada de armamentos – algumas dessas metralhadoras têm até 1,70 metro. “Com certeza houve planejamento, participação de gente de dentro e foi uma encomenda do crime organizado”, afirma. “São armas raras na mão do crime, e uma única arma dessa desestabiliza a segurança pública do país inteiro”; (14:10) Ele critica os erros do Exército na investigação do crime: são falhas na segurança física e falta de investimento no rastreamento das armas e no sistema de registro das armas. (22:15)
10/18/202326 minutes, 3 seconds
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Guerra no Oriente Médio – o potencial destrutivo

Desde o ataque terrorista do Hamas, Israel não mede esforços em colocar em operação todo o seu poder militar – um arsenal com mais de 2 mil tanques e mais de 300 aeronaves de combate. E conforme o exército israelense ataca e acumula corpos na Faixa de Gaza, atores internacionais se posicionam no xadrez da geopolítica: sejam eles grupos armados como o Hezbollah, sejam países vizinhos como Arábia Saudita e Irã, ou ainda grandes potências globais, caso de EUA e Rússia. E novamente acende-se o alerta sobre o risco de uma escalada do conflito para patamares inéditos. Para avaliar esse risco e descrever a força militar dos envolvidos na guerra, Natuza Nery recebe Vitelio Brustolin, professor de relações internacional da UFF e professor adjunto na Universidade de Columbia (EUA), e também pesquisador da faculdade de Direito de Harvard. Neste episódio: - Vitelio compara o poder bélico de Israel e do Hamas. Ele lembra que Israel é um dos países que mais investe em força militar e conta com um exército com mais de 600 mil integrantes, entre militares ativos e reservistas - além de ser ambíguo sobre a posse de armas nucleares. “Do lado do Hamas, a estimativa é que sejam 30 mil terroristas no meio de uma população de 2 milhões de pessoas na Faixa de Gaza”, afirma; - Ele explica por que os escombros das construções em Gaza e os cerca de 500 quilômetros de túneis subterrâneos podem ser o maior desafio para a incursão terrestre do exército israelense: “É uma guerra 360 graus, e as forças armadas podem sofrer todo tipo de emboscada”; - Vitelio também fala sobre o aumento das tensões na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde o grupo armado Hezbollah ameaça entrar na guerra em favor do Hamas – ambos financiados pelo regime iraniano. “Não é do interesse do Irã entrar nessa guerra, mas não interessa ao país a aproximação de nações árabes com Israel”, analisa; - O professor sentencia que “não é do interesse de ninguém que a guerra escale”. Isso porque a região é rica em petróleo, é rota de 90% do comércio mundial em via marítima e já há uma grande guerra (a da Ucrânia) que põe a Europa em risco: “A erosão da diplomacia poderia levar a humanidade a uma 3ª guerra mundial”.
10/17/202327 minutes, 7 seconds
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A Argentina às vésperas da eleição

No próximo domingo (22), os argentinos vão às urnas para escolher um novo presidente. Com a economia deteriorada – a inflação supera 100% ao ano – e depois de ver fracassar governos de direita (com Mauricio Macri) e de esquerda (com Alberto Fernandez), o eleitorado argentino flerta com um candidato que se posiciona contra tudo e contra todos: a grande estrela da campanha presidencial é Javier Milei, economista ultraliberal de extrema-direita. Milei aparece à frente nas pesquisas antes do primeiro turno. Em segundo lugar está Sérgio Massa, ministro da Economia do presidente Alberto Fernandez que, por brigas internas, sequer disputa a reeleição. Para entender os favoritos no domingo e os rumos políticos e econômicos da Argentina, Julia Duailibi conversa com Ariel Palacios, correspondente da Globo em Buenos Aires. Neste episódio: - Ariel aponta o que faz desta eleição diferente e explica que o fato de o candidato governista Sergio Massa ter ficado em terceiro lugar nas prévias representou “um choque para o peronismo”, algo que nunca aconteceu antes. “Para o peronismo é um trauma fora do normal”, diz; - O correspondente lista as peculiaridades de Javier Milei, candidato que chegou à política “pelas vias mais absurdas”; - Ariel explica como, apesar da catástrofe econômica, o ministro da Economia Sergio Massa se viabilizou como candidato do peronismo; - E conclui que, independentemente de quem for eleito, “a Argentina vai afundar mais na crise, não há saída a curto ou médio prazo”.
10/16/202325 minutes, 30 seconds
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Israel x Palestina: a história do conflito

O ataque terrorista do Hamas sobre o território israelense deu início a mais um capítulo de uma disputa milenar pelo controle da região que é berço das três maiores religiões ocidentais. Para abordar e explicar essa história de expulsões, perseguições, conflitos militares e terrorismo, Julia Duailibi entrevista Guilherme Casarões, professor da FGV-SP, doutor em ciência política, mestre em relações internacionais com especialização em nacionalismo judaico e pesquisador convidado da Universidade de Tel Aviv. Neste episódio: - Casarões recupera a história de milênios de ocupação de Jerusalém e seus arredores. Ele lembra que a tradição judaica reivindica mais de 5 mil anos no local que hoje compreende o Estado de Israel; mas que também os palestinos argumentam que já estavam lá desde os cananeus, há 10 mil anos; - Ele aponta que o início do conflito moderno se deu na virada do século 19 para o século 20, num momento em que despontam o sionismo e o nacionalismo árabe: “É quando começam aparecer os projetos nacionais como projetos políticos”. E completa que a disputa escala de nível com o plano de partilha proposto pela ONU para a criação dos Estados israelense e palestino - o que nunca aconteceu; - O professor descreve os efeitos das guerras dos Seis Dias (1967) e do Yom Kippur (1973) na formulação “da dinâmica que rege até hoje esse conflito” - com a primazia do domínio israelense sobre o território -, e como elas repercutiram para o crescimento da Organização para a Libertação Palestina; - Casarões explica as duas principais tentativas de acordo de paz entre Israel e os Estados árabes. O primeiro no Camp David (EUA) ao fim da década de 1970 entre Israel e Egito. E o segundo assinado em 1993: o Acordo de Oslo, entre as autoridades israelenses e palestina, definiria a divisão definitiva dos territórios entre os dois Estados. Nos dois casos, o processo de entendimento foi interrompido pelo assassinato de lideranças políticas por extremistas; - Por fim, ele comenta o aumento das tensões resultante da eleição do grupo terrorista Hamas como representante do povo palestino da Faixa de Gaza – resultado da única eleição realizada por lá, em 2006: “Vira uma guerra interna entre o Hamas e o Fatah” - organização palestina moderada.
10/13/202337 minutes, 18 seconds
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A vida em Gaza durante a guerra

Imediatamente depois de o Hamas cometer os atentados terroristas contra a população de Israel no último sábado, forças israelenses responderam com ataques à Faixa de Gaza. O território de 365 km² abriga 2 milhões de pessoas e tem um dos maiores adensamentos populacionais do mundo. A região, comandada pelo Hamas, é alvo de embargos de Israel. E desde segunda-feira está sob o que o premiê israelense chama de “cerco completo”: há cortes de luz, de água e até de comida. Para entender a situação da região que lida há anos com uma grave questão humanitária, O Assunto reuniu o depoimento de dois palestinos que vivem as consequências diretas da guerra entre Hamas e Israel. Hasan Rabee mora em São Paulo e foi até Gaza visitar a mãe. Abud Zaki viveu no Brasil por 9 anos e resolveu voltar a Gaza em junho do ano passado. Além deles, Julia Duailibi conversa com Adriana Carranca, jornalista brasileira que esteve em Gaza em 2010. Neste episódio: - Hasan e Abud relatam como suas famílias reagiram aos primeiros bombardeios. Abud lembra que em outros conflitos, havia aviso prévio de que haveria um ataque em determinada região, mas que agora “eles não avisam e só jogam a bomba”. Hasan conta que tenta acalmar as filhas de 3 e 5 anos “mentindo que o barulho das bombas são barulhos de festa”; - Os dois também descrevem a dificuldade em ter acesso a água potável, energia elétrica, internet e até comida. “Está tudo fechado, e quem anda na rua pode ser morto porque cai bomba em todo o lado”, afirma Hasan. “O povo vai morrer de fome e de sede, aqui não tem nada”, resume Abud; - Adriana detalha as diferenças entre os dois lados do muro que divide Israel e a Faixa de Gaza – e informa como funcionam os túneis subterrâneos usados pelos palestinos para promover mercados informais. Ela também explica por que os palestinos vivem “em situação de prisão a céu aberto”, sem autorização para deixar a região; - Ela afirma que “a maioria da população em Gaza não apoia o Hamas” e destaca que também em Israel houve uma série de protestos contra o atual governo de extrema-direita “responsável pela política de negar aos palestinos o seu Estado”.
10/11/202333 minutes, 17 seconds
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O Brasil no topo da ginástica artística mundial

O Mundial de Ginástica Artística da Antuérpia, na Bélgica, colocou de vez a equipe brasileira na elite do esporte. Rebeca Andrade liderou as conquistas com 5 medalhas – um recorde para o Brasil. Ela subiu ao topo do pódio no salto sobre a mesa, vencendo a multicampeã Simone Biles (EUA), e levou para casa mais uma de bronze (na trave) e três de prata: no individual geral, no solo e na competição por equipes – medalha inédita para o esporte brasileiro. O time completo teve participação de Flávia Saraiva (que também obteve bronze no solo), Lorrane Oliveira, Jade Barbosa, Júlia Soares e Carolyne Pedro. Para entender o ineditismo das marcas conquistadas pelas ginastas brasileiras, Julia Duailibi conversa com Daiane dos Santos, primeira brasileira a conquistar o ouro na competição em 2003. Neste episódio: - Daiane descreve como Rebeca Andrade é a “representatividade de todo esforço e garra do esporte”, o que faz dela uma atleta excepcional. “A Rebeca é tão enaltecida hoje quanto a Simone Biles”, afirma; - Ela fala ainda sobre o papel de Flávia Saraiva e Jade Barbosa, duas ginastas fundamentais para a prata inédita no Mundial. Para Daiane, “Jade tem um olhar de liderança” e Flávia é dona de uma “ginástica linda, com personalidade carismática, que alegra a contagia”; - A comentarista analisa em quais condições o Brasil vai chegar aos Jogos Olímpicos de Paris, no ano que vem: será vista como a segunda melhor equipe do mundo. “Com certeza a seleção vai buscar mais resultados e quebras de recordes”, afirma; - Daiane, uma das responsáveis pela popularização do esporte no país, comenta também os desafios para a ginástica brasileira. “A gente precisa das portas do esporte abertas com projetos sociais e espaços públicos”, afirma. E conclui: “é difícil você saber que tem talento sem você ter o direito de fazer parte do esporte”.
10/10/202320 minutes, 38 seconds
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Israel x Hamas – guerra no Oriente Médio

Eram 6h30 de sábado - um dia sagrado para os israelenses – quando os ataques aéreos do Hamas começaram. Milhares de mísseis foram lançados a partir da Faixa de Gaza. Uma hora depois, homens armados do grupo invadiram Israel por terra e pelo ar. Centenas de israelenses foram mortos e dezenas foram feitos reféns. Em resposta, o governo de Israel declarou estar em guerra contra o grupo, um conflito que será “longo e difícil”, como declarou o premiê Benjamin Netanyahu. Até a noite de domingo, mais de 1.000 mortes tinham sido confirmadas. Para entender o ineditismo da ofensiva do Hamas e as possíveis consequências da guerra em curso no Oriente Médio, Julia Duailibi conversa com Guga Chacra, comentarista da Globo, da GloboNews e colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Guga aponta como o avanço do Hamas expõe uma “falha gigantesca” dos serviços de inteligência de Israel: “Nunca vi nada parecido ou próximo do que aconteceu no sábado”, diz. Para Guga, os ataques são o segundo maior atentado terrorista do século 21, “uma mistura de 11 de setembro com Bataclan”, citando atentados nos EUA e na França; - Ele analisa como esta é “a maior derrota militar para Israel em 50 anos”. E diz que, depois de passado o conflito, o governo Netanyahu vai pagar “um preço muito caro” pelas falhas que possibilitaram a ofensiva do Hamas, grupo que sai mais forte depois deste fim de semana; - Guga aponta o que chama mais atenção na ofensiva do Hamas: “é importante ter a dimensão do que está acontecendo”, diz, ao citar a megaoperação terrorista levada a cabo pelo grupo extremista armado. “Pessoas foram mortas com crueldade”; - Ele conclui como em Netanyahu deve se fortalecer em um primeiro momento após os ataques, mas que inevitavelmente o governo do premiê ficará “impraticável. Uma hora vai chegar a conta”, afirma.
10/9/202328 minutes, 26 seconds
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Médicos executados: crime bárbaro no Rio

30 segundos, mais de 30 tiros. Uma execução a queima roupa durante a madrugada. As vítimas: três médicos, além de um sobrevivente que ficou ferido, que estavam em um quiosque à beira-mar. O grupo estava na cidade para participar de um congresso e foi assassinado a na orla da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, reduto de milícias. Investigadores apontam que o grupo foi morto por traficantes por engano - uma das vítimas teria sido confundida com um miliciano jurado de morte. Para entender as motivações do crime, as linhas de investigação e o significado das execuções para a segurança do Rio, Julia Duailibi conversa com os jornalistas Cesar Tralli e Octavio Guedes. Neste episódio: - Tralli lista detalhes do crime, as linhas de investigação e como logo nas primeiras horas após as mortes foi levantada a hipótese de que as vítimas foram confundidas. Ele relata que, para os investigadores, os criminosos atacaram “de forma atabalhoada, sem planejamento”; - Tralli explica como será a cooperação entre as polícias do Rio, de São Paulo e a Polícia Federal para esclarecer o crime. “É uma divisão de tarefas que é um trabalho de formiguinha fundamental para esclarecer” o crime, diz. Segundo ele, investigadores acreditam que por trás das mortes está o confronto entre milicianos; - Octavio fala como a Barra da Tijuca, região onde as milícias nasceram e cresceram, é “o local preferido para as execuções do escritório do crime”. E ponta que, “estranhamente, ou coincidentemente, a ausência de policiamento ostensivo ajuda” na existência deste tipo de crime; - Octavio conclui analisando como toda engrenagem da segurança pública do Rio “é feita para não funcionar”. Para ele, cada vez mais “o crime se infiltra nos poderes políticos” do Estado e a ideia do governador Claudio Castro sobre segurança pública é errada. “Não existe a ideia de criar bolhas de segurança numa cidade degradada pelo crime”.
10/6/202328 minutes, 3 seconds
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O caos no Congresso dos EUA

Em medida inédita, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos destituiu seu presidente. O republicano Kevin McCarthy enfrentou uma rebelião de colegas de extrema direita do partido, e 8 votos foram decisivos. O cargo deve ficar vago até 11 de outubro. Mas, até lá, os trabalhos na Casa ficam congelados, pressionando ainda mais o já instável governo do presidente Joe Biden. Para entender as causas da deposição inédita do presidente da Câmara e o que isso representa para a eminente disputa presidencial no país, Julia Duailibi recebe Carlos Poggio, professor do Departamento de Ciência Política do Berea College, no estado americano do Kentucky. Neste episódio: - Carlos expõe como a situação de McCarthy à frente da Câmara sempre foi complicada. O republicano demorou 15 rodadas para ser eleito presidente da Casa, com seu partido tendo “maioria magra” no parlamento. “De alguma forma estava destinado a ser uma presidência bastante fragilizada”, afirma, com o Partido Republicano em estado de “completa desordem”; - O professor fala do papel do deputado trumpista Matt Gaetz e de outros 7 republicanos na queda do colega de partido. Para ele, os deputados de extrema direita que votaram pela destituição de McCarthy buscam “se posicionar dentro do partido para se consolidar” em seus distritos eleitorais, copiando a estratégia do ex-presidente Donald Trump. “O importante é conseguir a atenção e que se fale deles”, diz; - Carlos comenta o “vácuo de poder” no Congresso e como fica a governabilidade: sem um presidente, a Câmara fica paralisada, no momento em que há “pressão do relógio” por decisões importantes, como ajuste no orçamento para manter o governo funcionando. “Fica claro como o processo de polarização política extrema é prejudicial”; - Ele conclui falando das consequências na disputa presidencial de 2024, quando Joe Biden e Donald Trump podem voltar a se enfrentar. Para ele, as consequências de um Congresso parado podem ser uma má notícia para Biden, presidente que vive um momento de turbulência também na área econômica. Mas pondera que eleitores independentes podem ver no Partido Republicano “uma completa desordem provocada pelo trumpismo”, afastando votos decisivos na disputa eleitoral.
10/5/202324 minutes, 30 seconds
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Constelação familiar - o uso no Judiciário

Criada pelo alemão Bert Hellinger, a prática considera que cada pessoa precisa se manter em uma posição determinada dentro de uma família para que as relações sejam harmoniosas. A teoria leva em consideração 3 leis: do pertencimento, da hierarquia e do equilíbrio. Sem comprovação científica, a terapia é usada há mais de dez anos pelo Judiciário para resolver conflitos em Varas da Família. Na prática, a constelação familiar tem gerado controvérsias, com projetos em discussão no Congresso e em assembleias estaduais. Nesta semana, o ministro Silvio Almeida enviou um pedido ao Conselho Nacional dos Direitos Humanos para debater possíveis abusos da prática. Para entender o que é esse tipo de terapia, como ela vem sendo usada pela Justiça e possíveis consequências, Julia Duailibi conversa com Silvia Haidar, repórter do jornal Folha de S. Paulo, e com Mateus França, mestre em Direito, que estuda o uso das constelações no campo jurídico brasileiro. Neste episódio: - Silvia explica o que é a técnica terapêutica que mistura psicodrama, o autoconhecimento e autoconsciência, e referências de zulus que viviam na África do Sul. “O criador se baseou em três leis do amor”, sem as quais criam-se conflitos familiares. E cita que o Conselho Federal de Psicologia destaca “incongruências éticas” na prática; - Mateus detalha como funciona a técnica: “o constelado, a pessoa cujo sistema familiar está sendo analisado”, o constelador, responsável por analisar a realidade do constelado, e os representantes, que cumprem o papel de dar vida até a pessoas mortas, sentimentos e objetos do paciente em análise. “Existem constelações em que o representante é uma pessoa, um boneco ou até animais”, relata; - Ele fala como a constelação é usada no Judiciário e o papel do juiz na mediação de conflitos. “Não existe um padrão de como é aplicado, o que é um problema”, diz. E analisa como o uso da técnica na mediação de conflitos "vai na contramão de vários avanços em matérias de direito da família”; - O pesquisador conclui sobre a necessidade de se debater o uso da constelação familiar em decisões judiciais. Para ele, em muitos casos o discurso da constelação reforça violências, “em vários casos ele coloca parte da responsabilidade no comportamento da vítima”, afirma.
10/4/202329 minutes, 37 seconds
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Fraude na Amazônia em créditos de carbono

Reportagem exclusiva do g1 revelou que empresas particulares estão usando terras públicas na Amazônia para emitir créditos de carbono. A fraude acontece no município de Portel, na Ilha do Marajó (Pará), região visitada pelos repórteres Isabel Seta, Taymã Carneiro e Giaccomo Voccio. É lá onde ribeirinhos disseram não ter sido beneficiados pela venda de créditos de carbono a empresas multinacionais. Para entender o que são os créditos de carbono, em que pé estão as propostas de regulação deste mercado no Brasil e o que dizem os envolvidos, Julia Duailibi conversa com Isabel Seta, repórter do g1. Neste episódio: - Isabel explica as irregularidades envolvidas na fraude cometida por três empresas que são alvo de ação da Defensoria Pública do Pará por “prática ilícita de grilagem”. Ela afirma que este é “um problema fundiário, mas também de violação territorial”, já que comunidades tradicionais têm direito à terra e deveriam ter sido consultadas sobre os projetos; - Ela descreve como é Portel, um dos maiores municípios do Pará, cuja área equivale quase ao tamanho de Alagoas. A cidade é cortada por muitos rios: “é tanta água que parece mar, não parece rio”, diz. Com a população rural vivendo na beira de igarapés e de rios, em casas de palafita e percorrendo grandes distâncias de barco; - Isabel detalha como funciona o mercado de carbono no Brasil e qual o status da discussão no Congresso para que haja uma regulamentação. Há um projeto de lei na Comissão de Meio Ambiente do Senado e, segundo declarações do presidente da Casa, o texto deve ser enviado para votação em Plenário; - A jornalista conta bastidores da apuração e da viagem ao Pará, onde ela e outros dois repórteres sofreram “abordagens estranhas”, de uma pessoa que sabia o tema da apuração, mesmo sem ter sido contatada pelo grupo. “É a Amazônia, com olhos e ouvidos em todos os lugares. Nos sentimos vigiados”.
10/3/202329 minutes, 2 seconds
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Escravidão e reparação histórica

Cerca de 5 milhões de africanos desembarcaram no Brasil na condição de escravizados entre os séculos 16 e 19. Por mais de 300 anos, o desenvolvimento do país se deu à base de mão-de-obra forçada, num negócio altamente lucrativo, sobre o qual instituições brasileiras centenárias construíram o sucesso que mantém suas reputações até hoje. Uma ação inédita do Ministério Público Federal notificou o Banco do Brasil sobre a abertura de um inquérito para investigar o envolvimento do banco no mercado escravagista. A existência da ação foi revelada com exclusividade por reportagem da BBC News Brasil. Para discutir o processo de reparação histórica de instituições que fomentaram ou participaram ativamente deste crime contra a humanidade, Natuza Nery conversa com Leandro Machado, repórter que primeiro revelou a ação do MPF, e com o historiador Clemente Penna, da Universidade Federal de Santa Catarina e da Fapesc, Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina. Neste episódio: - Clemente explica que o sistema financeiro brasileiro se sustentou no século 19, em grande parte, por meio de ativos vindos do mercado de escravizados, e que o chamado “segundo Banco do Brasil”, criado na década de 1850, “surgiu para alocar dinheiro antes investido no tráfico [de escravos] de volta para o mercado”; - O historiador lista acionistas e diretores do banco à época e que tinham ligação com o processo de escravidão e tráfico de escravos. “Pela maneira que a economia funcionava, eles tinham liquidez, tinham dinheiro”, o que era importante para os traficantes ganharem títulos de nobreza e ocupar cargos. Tudo com o Estado fazendo vistas grossas; - Leandro diz que o MPF procura entender a atuação do Banco do Brasil no processo de escravização no século 19. Ele relata que o banco tem 20 dias para responder se reconhece a ligação com traficantes de escravizados, se financiou esses traficantes e o que pretende fazer daqui em diante sobre o tema; - O jornalista ainda explica como este caso dialoga com o debate sobre reparação histórica ligada à escravidão, “que vem acontecendo em outros países, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra”, e como este movimento tem gerado investimentos em pesquisas e criação de políticas públicas de reparação financeiras a famílias de escravizados.
10/2/202326 minutes, 26 seconds
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Enem: apostas e preparação na reta final

Porta de entrada para o Ensino Superior, o Enem está marcado para os dias 5 e 12 de novembro. São 90 questões e uma redação. Nos últimos três anos, o tema da redação tinha aparecido em episódios de O Assunto: desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil, invisibilidade e registro civil – garantia de acesso à cidadania no Brasil, e o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira. Para entender o que a prova de 2023 pode exigir dos candidatos e quais temas são apostas para a prova, Natuza Nery conversa com Thiago Braga, professor e autor de materiais de redação do sistema de ensino PH. Neste episódio: - O professor explica como o conhecimento sobre atualidades é imprescindível: “a redação do Enem quer medir o repertório sociocultural que o aluno adquiriu ao longo de toda sua formação”, diz; - Thiago aponta temas possíveis para a redação e alerta que os assuntos sempre aparecem com enfoque nos problemas relacionados à realidade brasileira. “A prova ganhou status de muito cidadã, voltada para questões sociopolíticas e comportamentais da nação brasileira”, afirma; - Ele detalha a formação da nota da redação, dividida em 5 competências que valem 200 pontos cada. “O aluno só alcança a nota máxima se conseguir incluir repertório sociocultural”, daí a importância de citar referências como filmes, livros, materiais jornalísticos e até músicas; - Thiago conclui dando dicas de como se preparar na reta final antes do exame. “Ainda dá para fazer revisões específicas”, afirma. Mas, nos dias imediatamente anteriores, segundo ele, é hora de relaxar: “descanso também é treino”, afinal o Enem é uma prova de resistência.
9/29/202331 minutes, 4 seconds
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O risco de um novo genocídio armênio

Desde o fim da União Soviética, em 1991, Azerbaijão e Armênia disputam o controle de Nagorno-Karabakh — região internacionalmente reconhecida como território azeri, mas de população de maioria etnicamente armênia. Armênios que consideram a área como sua pátria ancestral. Em 1994, separatistas tomaram o poder, dando início a uma série de conflitos armados que se arrastam há mais de 30 anos. No capítulo mais recente, uma operação relâmpago das forças azerbaijanas retomou Nagorno-Karabakh, forçando o êxodo de mais de 50 mil armênios, quase metade da população local. À Armênia, o conflito não representa apenas uma disputa internacional, mas o resgate de uma memória traumática de seu povo, vítima do genocídio conduzido pelo império Turco-Otomano, no começo do século 20, responsável pela morte de cerca de 1,5 milhão de pessoas. O temor é de que uma nova limpeza étnica se avizinhe. Para entender a disputa em Nagorno-Karabakh e a tensão permanente na região do Cáucaso, Natuza Nery conversa com Filipe Figueiredo, graduado em história pela Universidade de São Paulo e autor do podcast Xadrez Verbal. Neste episódio: - Filipe, que esteve na Armênia em abril, relata como a ofensiva atual do Azerbaijão é vista pelos armênios como “uma retomada do genocídio de 1915, um trauma nacional coletivo”; - Ele conta que a operação das forças do Azerbaijão durou 24h, até que houvesse “uma intervenção diplomática, conduzida especialmente pelos Estados Unidos, que orientou a rendição das forças de autodefesa armênias na região”; - Filipe explica a principal reinvindicação dos armênios de Nagorno-Karabakh: eles “não tiveram direito à autodeterminação” no processo de elaboração das fronteiras após o fim da União Soviética, já que foram ignorados dois referendos em que a população local escolheu ser parte da Armênia; - O historiador também aponta o risco de que o conflito ganhe um novo capítulo, relacionado a Nakhchivan, enclave do Azerbaijão separado do resto do país pela Armênia, que liga a região a outras de influência turca.
9/28/202324 minutes, 18 seconds
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Punição de militares por atos contra democracia

O envolvimento de militares nos atos golpistas de 8 de janeiro foi pauta de reunião entre o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e os comandantes do Exército e da Aeronáutica. Desde janeiro o chefe do Exército prometeu punir militares por participação no atentado à democracia. Mas até agora nenhum oficial de alta patente foi responsabilizado. Para entender os caminhos e a importância de punir militares – tanto na Justiça comum quanto na militar, Natuza Nery conversa com o advogado constitucionalista Jorge Folena, e com o historiador Francisco Carlos Teixeira da Silva, professor da UFRJ que foi assessor do Ministério da Defesa por quase 20 anos. Neste episódio: • Jorge explica os crimes envolvidos nos ataques e os mecanismos para punir os oficiais de alta patente: “não é um delito militar, é um delito de natureza comum”, diz, portanto cabe à Justiça comum julgá-los criminalmente. Ele explica, no entanto, que a Justiça Militar pode analisar os casos e caçar as funções dos envolvidos; • Franciso Carlos analisa o atual ambiente político para uma eventual punição: “nunca foi tão favorável e oportuno prender pessoas que tenham atentado ao estado democrático de direito”, afirma; • O historiador conclui sobre a importância de punir militares que atentam contra a democracia, algo que não aconteceu no pós-ditadura. “[Punir] tem um papel pedagógico. Estão dizendo que daqui em diante atentados contra o estado de direito não serão mais tolerados”, conclui.
9/27/202329 minutes, 32 seconds
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Perdão a partidos políticos: a boiada eleitoral

Uma proposta de emenda à Constituição que livra partidos de punição por irregularidades na prestação de contas deve ser votada nesta terça-feira na Câmara. Se aprovada, será impossível rastrear R$ 23 bilhões em dinheiro público gastos por legendas, segundo cálculo de entidades da sociedade civil. Mas não só: o texto coloca em risco a diversidade no poder Legislativo. Especialistas criticam a PEC, que, somada ao projeto de lei chamado de ‘minirreforma eleitoral’, pode significar “a maior anistia da história dos partidos”. Para entender o que está em jogo, Natuza Nery conversa com Marcelo Issa, diretor-executivo do movimento Transparência Partidária. Neste episódio: - Marcelo classifica a construção do texto da PEC como “bastante engenhoso”, com a existência de um dispositivo que “passa a borracha” em irregularidades identificadas em contas dos partidos. "Estamos falando de uma soma bilionária de dinheiro público que poderia ficar sem fiscalização”, diz; - Ele aponta as diferenças e semelhanças entre a PEC e o que vem sendo chamado de “minirreforma eleitoral”, um projeto de lei já aprovado na Câmara e que agora está no Senado. “O espírito dos dois textos é bastante semelhante, lotado de retrocessos”, afirma, ao citar como prejudicam o repasse de recursos para candidaturas de negros e abrem brecha para que legendas lancem apenas homens como candidatos; - Marcelo analisa como parlamentares de todos os espectros ideológicos partidários, da direita à esquerda, apoiam a proposta, em um raro consenso. “Enquanto não percebermos que os partidos são centrais para o aprimoramento da democracia”, diz, “dificilmente vamos avançar” em mecanismos de inclusão e diversidade na política e na sociedade; - Ele conclui como o momento atual é “confortável para os partidos”, com o crescimento exponencial de dinheiro público destinado às legendas, vindo dos fundos Partidário e Eleitoral, enquanto os mecanismos de controle e transparência sofrem um processo de esvaziamento.
9/26/202327 minutes, 43 seconds
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Fentanil e a crise dos opioides nos EUA

São cerca de 300 mortes por dia provocadas por overdose da substância - o que soma mais de 100 mil óbitos em apenas um ano. O fentanil está entre as 10 principais causas de morte nos EUA e na semana passada matou por intoxicação um bebê de 1 ano. Uma espécie de epidemia que já dá sinais de que pode chegar ao Brasil, que neste ano registrou em fevereiro a primeira apreensão da substância nas mãos de traficantes. Para explicar os usos do fentanil e seus riscos para a saúde, Natuza Nery entrevista o médico Francisco Inácio Bastos, pesquisador titular do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde da Fiocruz. Neste episódio: - Francisco aponta as funções médicas do fentanil, originalmente desenvolvido para medicina intensiva, medicina paliativa e oncologia. No uso ilegal feito nas ruas, conta, a substância é “macerada, transformada em pó e misturada com as coisas mais variadas possíveis” - muitas vezes, em drogas como heroína e cocaína para aumentar seu poder de vício; - O médico detalha de que modo o fentanil atua no corpo humano: funciona como um depressor respiratório e, caso administrado em excesso, pode afetar o fornecimento de oxigênio ao cérebro e até resultar em parada respiratória. “O efeito pode ser letal em tempo muito curto”; - Ele alerta para os riscos de um surto de consumo de fentanil no Brasil, uma droga de difícil detecção e que está sendo misturada com outras, mas avalia que o país está reagindo melhor ao problema do que os EUA: “O Brasil tem sistema de regulação nacional centralizado e mais eficiente”; - Francisco também comenta a epidemia de fentanil nos EUA, principalmente na região de São Francisco, cidade que tem uma “cracolândia de 4 a 5 vezes maior que a de São Paulo”.
9/25/202324 minutes, 44 seconds
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Epidemia invisível: abusos contra PCDs

Em entrevista recente, a ex-ginasta brasileira Laís Souza, que representou o país nos Jogos Olímpicos de 2004 e 2008, revelou viver uma realidade de medo e violência desde que sofreu um grave acidente em 2013 e ficou tetraplégica. Laís relatou que já sofreu violência sexual por cuidadores – nos últimos 3 anos, as denúncias desse tipo de crime contra PCDs aumentaram mais de 5 vezes no Disque 100. Para dar seu depoimento pessoal e analisar a fragilidade da sociedade brasileira na proteção dos PCDs, Natuza Nery entrevista Ana Rita de Paula, psicóloga e doutora pela USP, autora do livro “Sexualidade e deficiência - rompendo o silêncio” - ela nasceu com atrofia muscular espinhal e é tetraplégica. Neste episódio: - Ana Rita afirma que os casos de crimes de abuso contra PCDs são muito mais recorrentes do que registram os dados oficiais. E isso acontece, explica, ainda que muitas mulheres PCDs sejam vistas pela sociedade como pessoas “assexuadas”. “Os abusadores não são motivados pelo desejo sexual, mas pela submissão do outro”, afirma; - Ela comenta os dados da violência que incide sobre a população de pessoas com deficiência: a maioria dos crimes é cometida por membros da família e cuidadores. E justifica porque a escola e as forças de segurança precisam estar bem treinadas para atender a estes casos; - Ana Rita analisa como o preconceito em relação à sexualidade de PCDs se impõe como “opressão e violência psicológica”. “E isso ainda responsabiliza a vítima por sua própria situação de violência”, afirma; - A psicóloga explica o conceito de capacitismo: “É sinônimo de desvalorização”, resume. “Mas não é só isso, significa a expectativa da sociedade que PCDs vençam barreiras sociais sozinhas. É, ao mesmo tempo, ideia que a pessoa seja menos capacitada ou vê-la super responsável por resolver essas questões”, conclui.
9/22/202319 minutes, 27 seconds
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Violência e abusos em faculdades de medicina

As imagens de estudantes de medicina com órgãos genitais à mostra e em gestos obscenos durante jogos universitários geraram revolta e resultaram na expulsão de 7 alunos da Universidade de Santo Amaro (Unisa). Não é a primeira vez que atos violentos acontecem em eventos do tipo: há registro de brigas generalizadas, casos de abuso sexual e um histórico de décadas de agressões e humilhação em trotes – até com registro de morte. Para analisar o ambiente tóxico das faculdades de medicina e propor o que pode mudar, Natuza Nery ouve o médico Drauzio Varella. Neste episódio: - Drauzio reclama da falta de punição para os recorrentes casos de abusos em cursos de medicina, nos quais “crianças mimadas que estão na faculdade se acham os reis do mundo”. Para ele, a publicidade que eventos de violência sexual que envolvem médicos se justifica: “A medicina serve para aliviar o sofrimento humano, e ela não pode impor sofrimento moral e físico nas pessoas”; - Ele cobra os dirigentes de faculdades para que proíbam a realização dos trotes, uma manifestação que classifica como “absurda e antiga, que não tem mais motivo para acontecer”. A avaliação dele é de que as instituições de ensino não podem mais se eximir da culpa de condenar comportamentos violentos e devem assumir sua responsabilidade de “formar cidadãos”; - O médico também critica a quantidade superlativa de cursos de medicina no país - no mundo, somente a Índia tem mais que o Brasil – e a baixa qualidade dos profissionais formados nessas instituições. “Os professores deveriam ensinar ética para seus alunos, mas como vão ensinar aquilo que eles não sabem?”, questiona; - Drauzio, por fim, propõe a criação de filtro similar ao da OAB (Ordem dos Advogados Brasileiros) para os médicos recém-formados. Ele defende que haja um exame a cada dois anos para evitar que profissionais mal preparados atendam em prontos-socorros e para servir de parâmetro para fechar faculdades de baixo nível.
9/21/202327 minutes, 43 seconds
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Lula na ONU – o discurso e o impacto internacional

Como determina a tradição, coube ao presidente brasileiro a abertura da Assembleia Geral da ONU. Nesta terça-feira (19), Lula subiu pela sétima vez à tribuna da sede das Nações Unidas, em Nova York - em 2005 e 2010, o então chanceler Celso Amorim representou o país. Lula concentrou suas falas em quatro eixos: o enfrentamento da fome, a necessidade de uma revisão da governança global, as ameaças à democracia e a urgência em combater as mudanças climáticas. Para entender o que mudou no discurso de Lula nestas duas décadas e como o mundo recebeu as falas do presidente, Natuza Nery entrevista Carlos Milani, professor de relações internacionais da UERJ, sênior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais e coordenador do Labmundo e do Observatório Interdisciplinar das Mudanças Climáticas, e Brian Winter, editor-chefe da revista Americas Quartely, brasilianista e analista de política latino-americana há 20 anos. Neste episódio: - Carlos chama a atenção para a insistência de Lula em temas que acompanham os discursos do brasileiro desde sua estreia na Assembleia Geral da ONU, em 2003: casos do combate à desigualdade e da reforma no Conselho de Segurança das Nações Unidas. “E, agora, a questão ambiental e, com muito mais força, a questão climática, que está vinculada com o tema do desenvolvimento econômico”, afirma; - Ele avalia que o presidente “cumpriu duas funções” ao destacar o combate ao extremismo e a defesa da democracia: mandar um recado para dentro do Brasil e outro contra “a onda conservadora” em todo o mundo; - Para Carlos, Lula acerta ao dizer “o Brasil voltou”, mas acrescenta que “voltou menor”, com menos relevância na economia global e após 4 anos de testes contra suas instituições democráticas. “Hoje o Brasil ocupa uma posição intermediária. O lugar que o país pode ocupar é o de criar pontes entre o mundo desenvolvido e o mundo em desenvolvimento”, resume; - Brian afirma que, ao se posicionar de forma equilibrada sobre temas espinhosos – caso da Guerra da Ucrânia – e se apresentar como um líder do Sul global, Lula fez um discurso que “agradou muito em Nova York, inclusive a seus críticos”. Ele comenta também sobre os encontros que o brasileiro terá com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e com Joe Biden, presidente dos EUA: “Há uma certa decepção, mas eles vêm a necessidade de trabalhar temas comuns com o Brasil”.
9/20/202330 minutes, 26 seconds
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Calor extremo – como evitar o colapso do corpo

Os termômetros registraram seguidos recordes nos meses de julho e agosto, especialmente nos países do Hemisfério Norte, onde ondas de calor causaram tragédias climáticas com centenas de mortes. E agora que o inverno no hemisfério sul chega a sua reta final, as previsões são alarmantes também para o Brasil: essa semana, diversas cidades devem registrar temperaturas superiores a 40°C. Para orientar os brasileiros a se proteger dos riscos do calorão, Natuza Nery entrevista Mayara Floss, médica integrante da Organização Internacional de Médicos da Família e do Instituto de Estudos Avançados da USP, e Rafael Rodrigues da Franca, climatologista e professor e coordenador do Laboratório de Climatologia Geográfica da UnB. Neste episódio: - Mayara descreve como as altas temperaturas podem levar a condições como insolação, convulsões, insuficiência renal e até “ao coma e à morte”. “O nosso corpo vai até o limite e não consegue mais regular a temperatura, colapsa completamente”, resume; - A médica aponta os perfis de pessoas que estão mais suscetíveis às ondas de calor extremo. A lista tem moradores de casas precárias e de regiões com baixa arborização, crianças e idosos, pessoas com problemas de saúde mental e profissionais que atuam em ambientes externos, como agricultores, policiais, operários da construção civil e atletas; - Rafael explica o que são as ondas de calor e por que elas se apresentam de formas distintas nas diferentes regiões do país: “Depende de outras condições atmosféricas, como a umidade relativa do ar e os ventos”. Interferem também as condições urbanas, completa o climatologista; - Ele fala sobre o prognóstico de que os eventos climáticos extremos se tornarão mais frequentes: além de calor, haverá ondas de frio e de seca e períodos de chuvas intensas. “Os sistemas climáticos estão mais explosivos”, conclui.
9/19/202325 minutes, 44 seconds
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Burnout materno - o colapso da maternidade ideal

Ao longo dos séculos, as mulheres foram as principais responsáveis pelos cuidados das próximas gerações, bem como pelas demandas da casa e da família. Mais recentemente, é cada vez maior o número de mulheres que se tornaram provedoras do lar – quando não as únicas a manter a casa financeiramente. Além disso, enfrentam inúmeras cobranças, como ser a melhor profissional, criar futuros CEOs, deixar a casa impecável, cuidar da aparência e da vida social... O resultado da identificação com metas inatingíveis tem sido o burnout. Para entender como chegamos a esse ponto e quais as possíveis saídas, Natuza Nery conversa com a psicanalista Vera Iaconelli, doutora pela USP e diretora do Instituto Gerar de Psicanálise. Ela é autora do livro recém-lançado “Manifesto Antimaternalista - Psicanálise e Políticas da Reprodução”. Neste episódio: - Vera explica que, ao longo da história, as mulheres foram acumulando papéis sem nenhuma contrapartida da sociedade: "as mulheres estão adoecendo, ou simplesmente desistindo de ter filhos"; - A psicanalista explica a ideologia maternalista: muitas mulheres incorporam a crença de que elas estão falhando, não que o modelo atual de maternidade é o problema. "Burnout é o quanto você se identifica com essa demanda insana", diz ela; - Segundo Vera, o sofrimento psíquico acontece em todas as classes sociais, embora as brancas e mais ricas tenham mais apoio. As mais pobres ainda lutam pelo direito de cuidar dos filhos em condições mínimas; - As possíveis saídas, para ela, passam por mudanças na mentalidade das próprias mulheres e por mudanças sociais e econômicas.
9/18/202325 minutes, 2 seconds
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A relação do Brasil com o Tribunal Penal Internacional

Em 2003, quando estava em seu primeiro mandato, Lula atuou para Sylvia Steiner ser eleita a primeira brasileira juíza no Tribunal Penal Internacional (TPI). Agora, 20 anos depois, o presidente deu recentes declarações desmerecendo a Corte, ao afirmar que o presidente russo Vladimir Putin poderia vir ao Brasil sem risco de ser preso – mesmo tendo contra ele um pedido de prisão por deportação ilegal de crianças ucranianas. Depois, Lula questionou o fato de o Brasil ser signatário do Tribunal - presença prevista na Constituição Brasileira. Para discutir a mudança de posição do presidente brasileiro e do próprio governo em relação à Corte, e entender as funções e desafios do Tribunal Penal Internacional, Natuza Nery conversa com Sylvia Steiner, única brasileira a atuar no TPI, entre 2003 e 2016. Neste episódio: - Sylvia explica como o Tribunal funciona: “a Corte Internacional de Justiça é o órgão judicial da ONU e julga as disputas entre estados”, diz, diferente do Penal Internacional que arbitra sobre "indivíduos que cometeram crimes”. Ela diz que o TPI julga os chamados crimes contra a paz: genocídio, contra a humanidade, crimes de guerra e de agressão; - A jurista entende que as falas de Lula e, principalmente, do ministro da Justiça, Flávio Dino, são preocupantes, já que considera o Tribunal “uma conquista da humanidade”, um “instrumento a mais na luta contra a impunidade das violações massivas de direitos fundamentais”; - “Todo o procedimento do Tribunal depende de cooperação internacional. Qualquer estado que ratifique o Estatuto de Roma assume a obrigação de cooperar com o Tribunal sempre que for solicitado. É uma obrigação internacional”, explica sobre a forma como as prisões determinadas pelo TPI são feitas, uma vez que a Corte não tem polícia própria, nem pode invadir um país para prender condenados; - Sylvia relembra que, por vezes, ordens do TPI foram ignoradas por signatários do Tratado de Roma, “como as relacionadas aos mandados de prisão contra o presidente Al Bashir, do Sudão, pelo genocídio de Darfur”. E que, contra esses países, é expedida uma decisão de caráter declaratório de descumprimento de obrigação internacional, remetendo essa decisão para a assembleia dos países signatários, que “estuda possíveis sanções a serem aplicadas”.
9/15/202323 minutes, 29 seconds
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Danilo Cavalcante – a captura cinematográfica

14 dias, 500 policiais, cães farejadores, helicópteros, drones e até cavalo... Nesta quarta-feira (13), a caçada de duas semanas chegou ao fim, com o uso de câmeras térmicas que ajudaram a localizar Danilo Cavalcante no meio de restos de madeira, em uma área perto da mata. A fuga do brasileiro condenado à prisão perpétua por assassinar a ex-namorada em 2021 causou pânico a moradores da Pensilvânia. Para entender como Danilo conseguiu se esquivar da polícia por tanto tempo, num vai e vem em que ele percorreu ao menos 170 km, Natuza Nery conversa com Felippe Coaglio, correspondente da Globo nos EUA. E fala também com Ana Paula Rebhein, repórter da TV Globo e da TV Anhanguera Tocantins, que descreve como este caso está relacionado a outro crime cometido por Danilo em 2017. Neste episódio: - Felippe Coaglio explica por que o brasileiro vai ficar em solo norte-americano: “os EUA só extraditam depois do cumprimento da pena”. Ele diz que a irmã de Danilo, presa por não cooperar com as investigações, vai ser deportada por estar em situação ilegal no país; - Ana Paula relembra o crime cometido por Danilo em 2017 no Tocantins, quando ele matou o amigo Walter Júnior depois de desavenças, “entrou num carro e desapareceu”. O caso aconteceu dois meses antes de o brasileiro viajar para os EUA; - “Danilo conseguiu sair do Brasil mesmo com uma ordem de prisão decretada”, diz, ao apontar que a Justiça do Tocantins não incluiu o nome dele no Banco Nacional de Mandados de Prisão. A jornalista relata ainda como o inquérito sobre o crime de 2017 só caminhou na justiça depois de Danilo cometer o crime de 2021, em solo norte-americano.
9/14/202328 minutes, 15 seconds
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Atos golpistas – os primeiros julgados no STF

Nove meses depois do 8 de janeiro, quatro homens vão ser os primeiros réus a ser julgados pelo Supremo por invadir a sede dos Três Poderes em Brasília. Aécio Lucio Costa Pereira, Thiago de Assis Mathar, Moacir José dos Santos e Matheus Lima Lazaro são acusados de cinco crimes previstos no Código Penal: associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado, com penas que, somadas, podem chegar a 30 anos. Para entender as provas e acusações contra eles e o significado do julgamento para a democracia brasileira, Natuza Nery conversa com Márcio Falcão, jornalista da Globo em Brasília, e com Eloísa Machado, professora de Direito da FGV-SP. Neste episódio: - Márcio detalha as provas colhidas contra os 4 réus, que fazem parte do grupo de “executores” dos Atos Golpistas, presos e denunciados por associação criminosa armada e golpe de Estado; - O jornalista relata o que levou a presidente do Supremo, ministra Rosa Weber, a marcar o julgamento para uma sessão extra, a ser feita de maneira presencial, algo “simbólico”, já que o Plenário do STF foi uma das áreas mais destruídas pelos vândalos no dia 8 de janeiro; - Eloísa Machado analisa como o julgamento em Plenário faz parte de uma opção da Corte de mandar um “recado público e consistente em relação à prática dos crimes contra a democracia e como a Justiça vai enfrentá-los"; - A professora de Direito explica o debate em torno do fato de os réus estarem sendo julgados pelo STF e não por instâncias inferiores da Justiça. “Podemos esperar um tribunal dividido”, diz, ao lembrar que os ministros André Mendonça e Kassio Nunes Marques já se posicionaram contra denúncias feitas pela PGR no caso dos Atos Golpistas.
9/13/202326 minutes, 37 seconds
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Alerta de desastres – como prevenir tragédias

O primeiro alerta do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) para o potencial devastador de chuvas no Rio Grande do Sul foi dado no dia 31 de agosto, quatro dias antes do temporal que atingiu o Estado, deixando mais de 40 mortos e 25 mil pessoas fora de casa. No começo de 2023, a tragédia de São Sebastião (quando 65 pessoas morreram no litoral de São Paulo) foi marcada pela falha no sistema de alertas. Para entender a importância dos alertas e como o sistema pode ser usado na prevenção de catástrofes em um momento em que eventos extremos são cada vez mais frequentes, Natuza Nery conversa com Pedro Luiz Cortês, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP, pesquisador em políticas públicas de combate às mudanças climáticas e revisor de relatórios do IPCC. Neste episódio: - Pedro aponta protocolos para a redução de danos causados por eventos extremos, como a obrigatoriedade do envio de mensagens de celular, com orientações práticas para a população não ficar exposta ao risco; - O professor cita a ausência de planos de prevenção no Rio Grande do Sul, onde estado e municípios deixaram de avisar a população sobre rotas de fuga e cita a necessidade de indicar locais para se abrigar e o que fazer em situações de emergência, “apesar do histórico recente de eventos extremos” no Estado; - Pedro destaca a importância da educação ambiental no ensino fundamental: “alertar crianças para eventos extremos e o que fazer tem poder de disseminação nas famílias”, diz; - Ele conclui sobre a necessidade de a população ser alertada sobre como agir em dias de calor extremo, com foco em crianças e idosos, grupos mais suscetíveis a óbito em ondas de altas temperaturas.
9/12/202325 minutes, 19 seconds
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Mulheres no degrau debaixo do funcionalismo

As mulheres são 51% da população brasileira e também são maioria entre os servidores públicos civis (61%), segundo dados da República.org, mas a proporção se inverte nos cargos de poder – neles, os homens ocupam 61% das posições. O cenário de desigualdade está disseminado pelo serviço público. Das 213 unidades diplomáticas do Brasil pelo mundo, as mulheres ocupam cargos de chefia em apenas 34, de acordo com o Itamaraty. Para entender por que a disparidade ainda persiste e discutir possíveis soluções, Natuza Nery recebe Irene Vida Gala, subchefe do escritório de representação do Itamaraty em São Paulo e presidente da associação das mulheres diplomatas brasileiras, e Gabriela Lotta, doutora em ciência política, professora da FGV, vice-presidente do conselho da República.org, uma organização que trabalha com a valorização do serviço público. Neste episódio: - Irene diz que a carreira diplomática tem histórico de ser mais masculina e que, aqui no Brasil, isso tem mudado a passos lentos. Por isso, ela e outras diplomatas decidiram criar uma associação para aumentar a representatividade - Para Irene, o Brasil precisa incluir no serviço diplomático mais mulheres, negros, indígenas e todos os grupos não privilegiados, para que a política externa brasileira atenda aos anseios desta população, e não apenas aos anseios de uma elite branca e masculina. - Gabriela fala sobre os fatores que explicam a desigualdade vertical nas carreiras de estado. Segundo ela, a discriminação de gênero faz com que as nomeações para cargos comissionados continuem privilegiando homens: "A rede do poder é muito masculina. Homens indicam homens, e isso vai descendo escada abaixo dentro setor público". A mulheres que são mães também são mais penalizadas e preteridas nas indicações. - A cientista política também explica por que a desigualdade salarial entre homens e mulheres no serviço público é ainda maior do que no setor privado. "As mulheres estão majoritariamente nas profissões do cuidado, que são as profissões que pagam menos durante toda a carreira."
9/11/202329 minutes, 36 seconds
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Lula e os votos sigilosos do STF

Nesta terça (5), em uma de suas lives semanais, o presidente Lula (PT) trouxe à tona um tópico que estava fora do radar. No que chamou de conselho à sociedade e ao Judiciário, sugeriu que os votos de cada ministro nas decisões do Supremo Tribunal Federal fossem sigilosos, e que fossem divulgados, apenas, os placares finais dos julgamentos. Segundo o presidente, isso evitaria que fossem estimuladas hostilidades contra os ministros da Corte. Mas deste conselho decorreu uma enxurrada de críticas. Muitas delas atentam à possível perda de transparência da mais alta instância jurídica do país perante a opinião pública. Outras pontuam que a declaração foi uma reação de Lula, questionado pela recente indicação de seu advogado criminalista Cristiano Zanin ao STF — bem como pela atuação do ministro em seus primeiros votos no cargo — e pelas especulações acerca da nova indicação, frente à iminente aposentadoria da ministra Rosa Weber. Para discutir a declaração do presidente e os possíveis impactos da medida sugerida por ele, Natuza Nery recebe Carlos Ayres Britto, ministro aposentado do STF, e Conrado Hubner Mendes, doutor em direito e ciência política, professor de Direito Constitucional da USP e autor do livro ‘Constitutional Courts and Deliberative Democracy’. Neste episódio: - Conrado Hubner Mendes afirma que o presidente reagiu a um incômodo à pressão que sofre da sociedade civil sobre a diversidade na escolha do próximo nome para a Suprema Corte; - O cientista político também conta sobre a experiência de outros países em despersonalizar os votos das altas cortes jurídicas, com votos coletivos, identificados, mas que sintetizam a opinião dos ministros e tornam a comunicação das decisões menos prolixas; - O ministro aposentado do Supremo Ayres Britto ressalta que a Constituição Federal garante a publicidade das decisões jurídicas em todas as instâncias; - Ayres Britto afirma que cada juiz não consegue se desvencilhar de si mesmo, mas precisa se “salvar de si mesmo” para julgar, já que não pode interpretar o Direito de acordo com suas vontades subjetivas.
9/6/202325 minutes, 37 seconds
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Augusto Aras: a iminente saída da principal peça no xadrez de Bolsonaro

Em setembro de 2019, Jair Bolsonaro alçaria a um dos cargos mais importantes da República alguém que buscou se mostrar afeito às ideais do então presidente. E durante quatro anos à frente do Ministério Público Federal, Augusto Aras fez jus às expectativas. Protegeu o então presidente frente a denúncias de toda sorte que se amontoavam: as suspeitas de corrupção, a gestão desastrosa da pandemia e os ataques constantes à democracia. Contudo, a menos de um mês da nova indicação à PGR, agora de responsabilidade do presidente Lula, Aras resolveu mudar a rota. Neste episódio, Natuza Nery e Bela Megale, colunista do jornal O Globo e comentarista da CBN, perpassam os quatros anos de Aras na procuradoria e a tentativa do antigo fiel-escudeiro de Bolsonaro de se afeiçoar a Lula e ao PT para continuar por mais dois anos no cargo. Neste episódio: - Bela Megale conta a trajetória de Aras na PGR, onde entrou em 1987, mantendo sua atuação como advogado com grande trânsito entre políticos, mas sem conseguir ser uma liderança dentro do Ministério Público. - A colunista conta que Aras viu uma oportunidade para se alçar ao cargo de PGR quando Bolsonaro acenou à possibilidade de não respeitar a lista tríplice para a escolha do novo procurador, começando uma campanha entre empresários e membros do Centrão. - Mostra como Aras trabalhou para desmontar a operação Lava-Jato, especialmente a força-tarefa da operação em Curitiba; e como isso agradou diferentes espectros políticos: do Bolsonarismo ao Lulismo. - Bela Megale afirma que ”Vai acabar a última barreira de contenção que Bolsonaro ainda tem no Judiciário” com a saída de Aras do cargo no fim de setembro.
9/5/202332 minutes, 58 seconds
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África - golpe atrás de golpe e a influência russa

O golpe mais recente foi consumado na última quarta-feira (30), quando os militares do Gabão alegaram fraude na eleição presidencial e tomaram o poder no país. Um roteiro parecido com o que foi visto no Níger, 35 dias antes: um grupo militar destituiu o presidente Mohamed Bazoum, aliado dos líderes ocidentais contra o avanço de grupos radicais islâmicos na África Ocidental. Ao todo, nos últimos três anos somaram-se 8 golpes de Estado no continente africano: dois no Mali, dois em Burkina Faso, um no Sudão e mais outro na Guiné. Para descrever e analisar o atual cenário na instabilidade política no continente, Natuza Nery conversa com Luísa Belchior, jornalista da editoria de Mundo no g1, e com Tanguy Baghdadi, professor de política internacional da Universidade Veiga de Almeida e fundador do podcast Petit Journal.
9/4/202324 minutes, 2 seconds
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A batalha em torno do déficit zero

O Orçamento enviado pelo Executivo ao Congresso nesta quinta-feira (31) mantém a promessa feita pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad: zerar o déficit das contas públicas. Haddad convenceu o presidente Lula, contrariando lideranças do PT que defendiam o aumento dos gastos para impulsionar a economia, aumentando a arrecadação. A meta é considerada ambiciosa pois, para ser cumprida, precisa que o governo levante R$ 168 bilhões a mais em receitas. E também porque depende da aprovação, no Congresso, de medidas como a tributação dos chamados fundos offshore e de grandes investidores. Para explicar o que levou à queda de braço em torno da meta de déficit zero e entender se ela é real ou utópica, Natuza Nery conversa com Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do jornal O Estado de S.Paulo. Neste episódio: - Adriana resume como “’por trás da discussão da meta está a decisão de gastar mais em 2024”. E explica que o governo terá que fazer contingenciamentos caso não consiga aumentar a arrecadação; - Ela detalha os motivos que fazem a meta de déficit zero ser considerada ambiciosa: “é uma caça ao tesouro”, ilustra, ao citar a necessidade de R$ 168 bilhões a mais em receitas. E lembra como o Congresso precisa aprovar projetos como a tributação de fundos de investimentos fora do país e de fundos dos chamados “super-ricos” no Brasil para ajudar a fechar a conta; - A jornalista aponta dois personagens que se colocaram, por motivos diferentes, contra a meta de déficit zero: Arthur Lira (presidente da Câmara) e Gleisi Hoffmann (presidente do PT). De um lado, Lira pressiona o governo por uma reforma ministerial: “aqui em Brasília cria-se dificuldades para obter vantagem”, diz, mas lembra que Lira tem a ambição de deixar sua marca na pauta econômica. Sobre a presidente do PT, Adriana lembra como ela e o partido têm “convicção ideológica de que o aumento do gasto impulsiona a economia”, ao puxar a arrecadação; - E conclui como um eventual recuo de Haddad sobre esta que é uma de suas promessas seria “um tiro no pé”. Ela explica que o esforço do ministro da Fazenda para chegar ao déficit zero tem papel simbólico: "começar sem nem tentar seria dar margem para novas flexibilizações e mais gastos”, diz.
9/1/202327 minutes, 32 seconds
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Caso das joias: o que a PF quer ouvir de Bolsonaro

Nesta quinta-feira (31), a Polícia Federal espera ouvir simultaneamente 8 pessoas ligadas à investigação de venda ilegal de joias – entre elas, Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle e parte do grupo que era o “coração” do Planalto no governo do ex-presidente. A PF quer ouvir também o coronel Mauro Cid (ex-faz-tudo de Bolsonaro), o pai de Cid (amigo íntimo de Bolsonaro), Frederick Wassef (advogado da família do ex-presidente) e assessores de Bolsonaro. A suspeita é a de que o grupo atuou para desviar presentes recebidos por autoridades brasileiras e vende-los no exterior. Para relembrar as várias versões dadas pelos envolvidos na investigação e entender a trama desta história, Natuza Nery conversa com Daniela Lima, apresentadora da GloboNews e colunista do g1. Neste episódio: - Daniela relembra as versões já apresentadas por Bolsonaro desde que o escândalo das joias foi revelado; e avalia a mais recente linha de defesa assumida pelo ex-presidente – reivindicar que os itens devem ser reconhecidos como personalíssimos. “Não é uma defesa fácil e não será aceita com leveza nos tribunais que, inclusive, firmaram o entendimento sobre o que é item personalíssimo”, afirma; - Ela recorda também como “as versões parecidas” de Jair e Michele à notícia sobre as joias passaram a “entrar em choque” - o que teria, especula-se em Brasília, culminado numa “crise conjugal”. “Michelle crava que não sabia. Depois, as investigações deixam claro que, se ela não sabia, foi porque o marido não contou”, diz; - A jornalista informa que Bolsonaro usava o telefone de Mauro Cid para tratar de assuntos delicados e identifica o ex-ajudante de ordens como peça-chave para os cinco eixos de investigação apontados pela PF – ela também comenta o possível interesse de Cid em fechar um acordo de delação premiada: “Ele conhecia tudo e vai ter que entregar tudo se quiser virar delator. E decidiu falar”; - Daniela relata o momento em que o advogado Frederick Wassef entra no caso das joias como um “supertrunfo da treta”, diante de um quadro de nervosismo geral no entorno do ex-presidente: é ele quem compra de volta o Rolex para entregá-lo ao TCU. “Ele é acionado nos casos de extrema necessidade para apagar os vestígios de um crime, como nos filmes de máfia”, sentencia.
8/31/202349 minutes, 55 seconds
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Bahia – a violência toma conta do estado

À chacina que matou 9 pessoas nesta semana se somam outros casos de violência extrema, como o assassinato da líder quilombola mãe Bernardete. De acordo com o anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2022, as quatro cidades mais violentas do país estão em território baiano – estado que abriga 12 dos 50 municípios do topo da lista. Os dados apontam também que as polícias da Bahia mataram 1.464 pessoas em intervenções oficiais; com isso, o conjunto de forças de segurança do estado pela primeira vez se consolida como a mais letal do Brasil. Para explicar a tsunami de violência que assombra a Bahia, Natuza Nery entrevista Itana Alencar, repórter do g1 em Salvador, e Eduardo Ribeiro, coordenador da Rede de Observatórios de Segurança Pública na Bahia e diretor-executivo da organização Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas. Neste episódio: - Itana descreve os crimes recentes que abalaram o estado: a chacina em São João da Mata e a execução de Mãe Bernadete Pacífico dentro do quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. “A gente pode afirmar, sem dúvidas, que essa violência é causada pela predominância de facções de drogas e armas na Bahia”, afirma; - A jornalista comenta a “péssima sensação da segurança pública”: em Salvador, ela relata que é comum noticiar assaltos a ônibus e tiroteios em diferentes bairros. “A sensação de insegurança se dá pelos dois lados, seja pelo lado da criminalidade, seja pelo lado da polícia”, relata; - Eduardo analisa o “histórico de truculência” da polícia baiana e o recente incremento de uma lógica de ações que incentivam o confronto e levam ao aumento da letalidade: “Não é só uma crise de governo, é uma crise de modelo de segurança pública”. E identifica que 98% das vítimas dessa polícia em Salvador são pessoas negras. “É a polícia que mais mata negros no Brasil”, resume; - Ele critica a falta de propostas progressistas alternativas para a segurança pública: “Ainda que o PT esteja há 16 anos no governo da Bahia, não consegue apresentar diferença aos gestores de direita”. E defende que haja uma política de segurança pública federal para combater as facções do crime organizado, que atuam nacionalmente.
8/30/202337 minutes, 33 seconds
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Educação infantil: arma contra desigualdades

Um levantamento inédito - e publicado em primeira mão neste episódio de O Assunto - realizado pela organização Todos pela Educação denuncia as condições das escolas públicas de educação infantil em todo o Brasil. Na lista de descobertas, identificou-se que a maioria das escolas não têm banheiros ou refeitórios adequados; 60% não têm rede de esgoto; 64% estão sem parques infantis; 70% sofrem da falta de bibliotecas. Para apresentar os dados e as conclusões do documento, Natuza Nery recebe Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos pela Educação. Ela conversa também sobre o desenvolvimento das crianças com Mariana Luz, CEO da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, instituição que trabalha pela causa da primeira infância. Neste episódio: - Priscila justifica os motivos para escolas de educação infantil não serem “escolas quaisquer” e precisarem de “infraestrutura adequada para esta faixa etária”: “É o período no qual há explosão no desenvolvimento da criança”; - Ela justifica como a desigualdade na educação pode “solucionar o maior problema do país, que é a desigualdade socioeconômica alta e injusta”. Ela avalia que parte do problema está na diferença com a qual as crianças são tratadas na primeira infância. “Quanto mais vulnerável a criança, maior deve ser a atenção e o investimento dedicados”, afirma; - Mariana descreve a importância da escola nesta faixa etária para além dos aspectos educacionais: é onde a criança garante sua segurança alimentar e são protegidas de eventuais situações de violência doméstica. “Para as populações vulneráveis, uma creche de qualidade pode gerar benefícios ainda maiores”, avalia; - Ela explica o que a neurociência já descobriu sobre o desenvolvimento cerebral das crianças de 0 a 6 anos: são 1 milhão de conexões por segundo, o que forma até “90% do nosso cérebro” e compõe o tripé de desenvolvimento infantil – cognitivo, físico-motor e socioemocional. “Todas as competências que a gente busca no dia a dia, na escola e no mercado de trabalho estão ancoradas nisso”, conclui.
8/29/202331 minutes, 23 seconds
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Ministro Zanin e a crise aberta para Lula

Quando Lula (PT) teve todas suas condenações na Lava Jato anuladas na Justiça, seu então advogado Cristiano Zanin foi alçado à condição de quase herói entre os apoiadores do líder petista. Desde então, era citado pelo agora presidente como um potencial candidato a uma vaga no STF caso vencesse a eleição do ano passado. Assim o fez. E Zanin se apresentou à sabatina no Senado com um bem-sucedido currículo na advocacia, mas pouco a dizer em relação ao que pensa sobre temas sensíveis. Menos de um mês após sua posse no Supremo, suas posições já abriram rachaduras no entorno de Lula. Para explicar o que está em jogo, Natuza Nery conversa com a jornalista Flávia Oliveira, comentarista da Globonews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Flávia aponta o paradoxo de, embora Lula tenha sido eleito com discurso e plataforma de esquerda, sua primeira indicação ao STF não apresente características progressistas – como apontam os primeiros votos de Zanin na Corte. “Havia a expectativa do eleitorado de Lula de que a indicação fosse nessa direção”, afirma; - Ela comenta os votos já apresentados pelo ministro, em especial aquele que foi contra a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal – e como isso irritou a base política social do governo. “Zanin tem demonstrado até aqui apego grande à letra fria e falta de sensibilidade”, avalia; - Flávia lista os nomes que circulam como principais candidatos à indicação de Lula para substituir a ministra Rosa Weber, que se aposenta do Supremo em setembro. Ela relata que “a já existente pressão” para que o presidente indicasse mulheres, em especial uma mulher negra, "será ainda maior” depois dos primeiros atos de Zanin na Corte; - A jornalista pondera que, embora a base social de Lula esteja incomodada, “há grupos do campo conservador satisfeitos com Zanin e, portanto, menos críticos ao presidente”. “A tendência de Lula a formatação de consenso pode fazer entender que é isso que ele quer mesmo”, suspeita.
8/28/202337 minutes, 51 seconds
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Jair Renan e as encrencas dos filhos de Bolsonaro

A quinta-feira começou com a polícia do DF batendo à porta de endereços do filho 04 do ex-presidente, em uma investigação sobre estelionato e lavagem de dinheiro. À tarde, o nome de Jair Renan Bolsonaro apareceu de novo, numa das frentes de investigação que se acumulam contra o pai Jair. O filho adulto mais novo do ex-presidente já havia sido alvo de operações antes. E ele não está sozinho: Flávio (01), Carlos (02) e Eduardo (03) já foram ligados a casos como viagens secretas e rachadinhas. Para entender as suspeitas contra Jair Renan e em que pé estão os casos de outros filhos do ex-presidente, Natuza Nery conversa com Thais Bilenky, repórter da revista Piauí e apresentadora do podcast ‘Alexandre’. Neste episódio: - Thais explica como a investigação da polícia do DF foi parar em Santa Catarina, onde o 04 trabalha no gabinete de um senador aliado de Jair. “Demonstra como a política se tornou um cabide de empregos para a família”, diz; - Ela relembra outra apuração contra Jair Renan, sobre tráfico de influência, num caso “que mostra o uso da máquina pública para obter vantagens”, modus operandi da família Bolsonaro, aponta; - Thais atualiza a situação do senador Flávio Bolsonaro, investigado pela prática de rachadinhas, processo que foi praticamente anulado pelo STJ em 2021. “Essa acusação é muito similar ao que já se acusou Bolsonaro pai e Carlos Bolsonaro”, afirma, sobre a prática de servidores de repassar parte dos salários para um operador que, geralmente, ajuda a pagar contas pessoais de parlamentares; - A jornalista conclui citando Carlos Bolsonaro, filho 03, sob quem também pesam suspeitas de rachadinha e de participação no chamado “gabinete do ódio”, espécie de central de desinteligência e disseminação de fake news.
8/25/202323 minutes, 55 seconds
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Regra fiscal aprovada: o que vem agora?

Foram mais de 120 dias de tramitação entre Câmara e Senado para que a proposta do governo para a nova regra de gastos fosse aprovada. O texto passou em votação final na Câmara com maioria esmagadora, mas barrou alguns pontos desejados pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Para o Planalto, fica o alívio pela aprovação e, também, o recado de que Arthur Lira (PP-AL) segue com o controle do parlamento – ele deve cobrar caro para que novos projetos governistas sejam votados. Para explicar os acordos e as tensões entre o Executivo e o Legislativo, Natuza Nery conversa com a jornalista Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: - Maria Cristina avalia as dificuldades da equipe econômica para cumprir a meta estabelecida pela nova regra fiscal já em 2024: “O mercado dá como improvável que Haddad zere o déficit no próximo ano”. O que ficou ainda mais difícil com a negativa dos deputados ao pedido do governo para mudar a base de cálculo da inflação. “Esses R$ 40 bilhões são o preço que Lula pagou por demorar para definir o ministério”, afirma; - Ela avalia por que a ala não-bolsonarista do PL mudou de ideia e passou a apoiar o projeto favorável ao governo: cita o “índice-Rolex” e a execução de emendas parlamentares e cargos nos estados. “Isso revela que o governo está minando a oposição bolsonarista”. E menciona também o que motivou os votos pró-regra fiscal de todos os deputados do PSOL; - Maria Cristina detalha também as bombas fiscais engatilhadas pela Câmara: isenção de impostos da cesta básica e a renovação até 2027 da desoneração da folha de pagamento. E como o presidente da Casa, Arthur Lira, embarreira a votação da taxação dos fundos offshore, embora haja “boa vontade de deputados com o governo” - e cita os votos do PL e do Republicanos; - A jornalista analisa o processo de sucessão da presidência das duas casas do Congresso. No Senado, aponta que Davi Alcolumbre (União-AP) será o principal articulador. Na Câmara, Lira quer fazer um sucessor que “o encaminhe para algum ministério”.
8/24/202329 minutes, 43 seconds
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Rotativo do cartão: a bomba-relógio

Deixar de pagar a fatura completa de cartão de crédito tem um custo altíssimo. Quem empurra a dívida para o mês seguinte paga o juro mais caro do mercado – 437% ao ano. A taxa é tão alta que, para muitos, vira uma bola de neve que se reflete em uma inadimplência de 50%, um total que supera os R$ 77 bilhões. O problema que está endereçado: o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, debatem até a extinção do modelo de financiamento. Para analisar as consequências do rotativo na economia brasileira, Natuza Nery fala com o economista Lauro Gonzalez, professor e coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV-SP: - Lauro descreve o funcionamento do rotativo e por que seus “juros são tão escorchantes”: a taxa de inadimplência é “extremamente elevada”. “É um produto insustentável, uma máquina de produzir superendividados”, analisa; - Ele avalia que o modelo de uso do cartão de crédito - mais como uma contratação de crédito imediato do que forma de pagamento - é um problema que cresceu devido à combinação de três fatores: macroeconomia indo mal, as decisões individuais e os modelos das empresas para fornecer crédito. “Os bancos bombardeiam os mais pobres com crédito predatório”, afirma; - Lauro diz que acha provável que, de fato, o rotativo acabe, mas teme que “uma troca de embalagem e que o produto lá dentro continue o mesmo”. Ele comenta também sobre o eventual fim do “parcelado sem juros, uma prática arraigada no nosso costume”; - O economista explica como a queda na taxa de juros pode resultar em menos inadimplência - e como isso pode ser benéfico para os próprios bancos. “As instituições entendem que o produto, como é hoje, não é sustentável. O cano pode estourar”, conclui.
8/23/202326 minutes, 15 seconds
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O fim da regra que impede juízes de julgar clientes de parentes

Por 7 votos a 4, o Supremo Tribunal Federal decidiu pela invalidação de um trecho do Código de Processo Civil que estabelece uma das regras para o impedimento de juízes e ministros em ações. Na prática, agora está liberado que eles decidam em casos em que uma das partes da ação seja cliente de um escritório do parente do juiz, mesmo que na causa o cliente esteja sendo defendido por outro advogado. Para explicar as implicações dessa decisão no Judiciário, Natuza Nery entrevista o advogado Guilherme France, gerente do Centro de Conhecimento Anticorrupção da Transparência Internacional Brasil. Neste episódio: - Guilherme justifica que as limitações impostas às relações de juízes e ministros com advogados são importantes para “a imparcialidade de fato e para a aparência de imparcialidade” das decisões. “Se a sociedade não percebe que o Judiciário atua de forma isonômica, o Judiciário se fragiliza e se abre para mais ataques”, afirma; - Ele comenta a posição da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), que entende ser impossível para os juízes identificar se há nas partes algum advogado que se enquadrasse na norma, e menciona o voto do ministro Edson Fachin: “Ele reforça o dever de boa-fé também dos advogados”; - O advogado afirma que a mensagem enviada à sociedade com a decisão do Supremo é a de que “não são necessárias as cautelas para garantir a independência do Judiciário como um todo”. Ele também critica a “mensagem negativa” da advocacia em geral, que defendeu a derrubada da medida; - Ele lembra que a decisão alcança ainda comarcas pequenas, onde há poucos escritórios de advocacia e um só juiz para toda região. “Nesses casos, serão necessários rearranjos”, conclui.
8/22/202321 minutes, 2 seconds
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A avalanche contra Bolsonaro e os riscos de prisão

Nos últimos dias, o ex-presidente foi bombardeado por más notícias em pelo menos três investigações. Primeiro, no caso da atuação da Polícia Rodoviária Federal para atrapalhar o voto de eleitores do Nordeste no dia do 2° turno de 2022. Na quinta-feira passada, Bolsonaro foi ligado a crimes diversos no depoimento-bomba do hacker Walter Delgatti Neto na CPI dos Atos Golpistas. E, por fim, na explosiva investigação sobre o Rolex vendido e recuperado ilegalmente nos EUA, Bolsonaro viu Frederick Wassef fazer uma desastrada confissão e o advogado de Mauro Cid afirmar que fora ele, o ex-presidente, que mandou seu ex-ajudante de ordens vender o relógio. Para fazer a análise jurídica e política da situação de Bolsonaro, Natuza Nery conversa com o advogado Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da USP e da ESPM, e com o jornalista e consultor Thomas Traumann, pesquisador da FGV-RJ. Neste episódio: - Maffei descreve os dois casos nos quais é cabível prisão em investigações penais: a condenação criminal transitada em julgado (no momento, “distante de Bolsonaro”) e uma medida de natureza cautelar. “Nos casos que ameaçam Bolsonaro, há três possibilidades de prisão cautelar: possibilidade de fuga, adulteração ou destruição de provas, ou coação de testemunhas”, afirma; - Ele declara que Bolsonaro está “à mercê de coisas que podem surgir” nas investigações, sejam elas relacionadas ao caso das joias ou às denúncias do hacker Walter Delgatti. Sobre o que já está nas mãos da PF, “estamos falando de suspeitas de delito compatíveis com a eventual decretação de prisão cautelar, caso de peculato, lavagem de dinheiro, organização criminosa e crime contra o Estado democrático de direito”; - Thomas avalia que embora o ex-presidente tenha desmobilizado apoiadores nos últimos meses e “esteja numa posição acuada”, segue como “uma força política muito grande”. Em relação ao bolsonarismo, ele afirma, “não podemos supor que fatos sejam suficientes para mudar convicções” e compara a situação dele a de Trump nos EUA, onde o republicano cresceu nas pesquisas de opinião pública; - O jornalista compara o episódio da condenação de Lula - no qual houve um hiato de 2 anos entre a prisão coercitiva e a definitiva, em 2018 - com a situação atual de Bolsonaro: “Acho que a tática é um pouco essa”. Ou seja, uma eventual decisão para prendê-lo só deve acontecer após a exposição pública de depoimentos e evidências, caso contrário “haverá comoção popular”.
8/21/202329 minutes, 50 seconds
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Delgatti: o hacker-bomba na CPI

Conhecido como ‘hacker da Vaza Jato’, Walter Delgatti chegou à CPI dos Atos Golpistas com autorização para ficar em silêncio. No entanto, por mais de 7 horas ele deu o que até aqui tem sido considerado um dos depoimentos mais reveladores na comissão. Citou uma promessa de indulto feita por Jair Bolsonaro caso fosse punido por tentar invadir o sistema da Justiça Eleitoral, um plano do ex-presidente para forjar fraude nas urnas eletrônicas, e a existência de um grampo contra Alexandre de Moraes. Para entender os paralelos entre o depoimento de Delgatti à CPI e as investigações sobre a trama golpista de Bolsonaro, Natuza Nery conversa com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: - Bernardo relembra como foi a aproximação entre o bolsonarismo e o hacker preso em 2019 por invadir celulares de autoridades e integrantes da Lava Jato: “por ter sido o hacker da Lava Jato, ele foi procurado pela deputada Carla Zambelli para ajudar em uma trama criminosa”, diz, ao citar o plano para deslegitimar as urnas eletrônicas; - O jornalista sinaliza a acusação mais grave feita por Delgatti à CPI: “ele diz que Bolsonaro relatou ser o autor de um grampo a um ministro do STF”. Para Bernardo, esta acusação é verossímil, pois se soma "a uma série de ataques de Bolsonaro a Alexandre de Moraes”. No entanto, pondera a dificuldade de comprovar a veracidade da existência de um grampo contra o ministro do Supremo; - “Bolsonaro estender o tapete vermelho a alguém com a ficha policial do Walter Delgatti é grave em si”, aponta Bernardo, ao lembrar que o hacker já havia sido preso pelo menos três vezes e mesmo assim foi recebido no Palácio da Alvorada a menos de dois meses da eleição; - E aponta como a semana termina “muito mal” para o ex-presidente. “O depoimento foi uma espécie de delação premiada”, diz, ao apontar como a fala do hacker foi a que mais expôs Bolsonaro na CPI. “O cerco contra [Bolsonaro] está se fechando”, conclui.
8/18/202324 minutes
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Wassef, o ‘anjo’ da família Bolsonaro

Depois de negar e de despistar, o advogado assumiu a compra do Rolex que fora presente da família real saudita ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagem oficial ao país em 2019. O relógio de ouro branco cravejado de diamantes é avaliado em R$ 300 mil e foi vendido ilegalmente a uma loja nos EUA, onde Frederick Wassef o recuperou por US$ 49 mil, em dinheiro vivo – de volta ao Brasil, o objeto foi entregue ao Tribunal de Contas da União. Para explicar como ‘Fred’ entrou nessa história e como ele há quase uma década intervém em prol do clã Bolsonaro em diversos contextos, Natuza Nery conversa com os jornalistas Bruno Abbud, autor da newsletter Fagulha, e Andréia Sadi, apresentadora e comentarista da TV Globo e da GloboNews e colunista do g1. Neste episódio: - Bruno recorda como Jair e Fred se conheceram, como a amizade entre os dois se estreitou durante a campanha eleitoral de 2018 e se manteve durante os 4 anos do mandato de Bolsonaro – e como o caso da rachadinha foi o teste de fogo da relação. “Wassef assume a defesa de Flavio Bolsonaro e conquista uma vitória no STF”, conta. “Ficou claro que ele assumia uma posição de alpinista social, sempre no entorno do presidente”; - Sadi relaciona os casos do esconderijo de Fabricio Queiroz (que estava na casa de Wassef em Atibaia, no interior paulista) com o do Rolex: “Ele tenta se apresentar como o salvador da pátria para a família Bolsonaro. Desde o caso Queiroz, ele passa a se chamar de ‘anjo’”; - Ela informa que Wassef “tinha acesso livre” a Bolsonaro e também “o influenciava em decisões sobre autoridades com prerrogativas de investigações”: o advogado participou da indicação de Augusto Aras à PGR e das escolhas para o Ministério da Justiça e para a Polícia Federal. “Quando tem confusão, você não precisa nem ter dúvidas: o Wassef está metido”, afirma; - A jornalista comenta as três versões apresentadas pelo advogado para o caso do Rolex: “Ele me disse que nunca viu o relógio, e que nunca teve contato com os militares”. No dia seguinte, a PF apresentou provas de que ele mentira. “Por isso a defesa técnica de Bolsonaro está tão irritada”, informa.
8/17/202331 minutes, 53 seconds
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Combustíveis – alta nos preços e a Petrobras

Pela primeira vez desde que a estatal anunciou sua nova política de preços, a estatal anunciou reajuste para cima. A partir desta quarta-feira (16), o litro da gasolina sobe R$ 0,41 e do diesel, R$ 0,78. Havia pressão sobre a direção da empresa para reduzir a defasagem entre o valor que chega às bombas e o preço do barril de petróleo, que está em alta. Para explicar as causas e os efeitos do reajuste, Natuza Nery entrevista o economista especializado em petróleo Breno Roos, professor da UFRN. Neste episódio: - Breno conclui que a estratégia atual de preços da estatal tem “alterações menos frequentes” em relação ao período da PPI. “A estratégia comercial é de flexibilizar mais seus preços, mas sem deixar a referência do preço internacional”, afirma; - Ele afirma que “não acredita” no risco de desabastecimento com a manutenção da atual política de preços: “O mercado é aberto, e fornece os sinais de preço para que a operação aconteça de maneira lucrativa”; - O economista pondera que a estratégia atual tem regras “um pouco vagas”, mas que observa os seguintes aspectos: segurança do abastecimento, lucratividade e preços que considere justos. “Não é política pública, mas com preços compatíveis ao custo de produção em território nacional”; - Breno compara as políticas de preço empregadas durante os mandatos presidenciais de Dilma Rousseff, Michel Temer e, agora de Lula. Para ele, em 2014, “o governo errou na mão”; e depois houve uma “mudança radical para reajustes diários”. “Agora, caminhamos para um meio termo disso”, conclui.
8/16/202327 minutes, 57 seconds
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Arábia Saudita: fortuna no futebol pode limpar imagem da ditadura?

A liga saudita já havia levado para seus campos algumas das maiores estrelas do esporte, como o 5 vezes Bola de Ouro Cristiano Ronaldo e o atual melhor do mundo, Karim Benzema. Agora, foi a vez de Neymar fechar com um dos principais clubes do país, num contrato estimado em R$ 1,7 bilhão por dois anos. A ditadura saudita despeja dinheiro no futebol e em esportes como boxe, golfe e Fórmula-1 para ocupar o noticiário com pautas positivas em detrimento das denúncias de crimes contra os direitos humanos. Para analisar o potencial de sucesso da estratégia, Natuza Nery recebe Rodrigo Capelo, jornalista especializado em negócios do esporte, colunista do jornal O Globo e repórter na Sportv, e Guga Chacra, comentarista da TV Globo, Globonews e rádio CBN, e também colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Capelo avalia o impacto esportivo da ofensiva saudita sobre as estrelas do futebol mundial, em especial agora que foi confirmada a contratação do craque brasileiro: “Engrandece a liga local, e apequena a carreira de Neymar”. O jornalista também descreve os "riscos esportivos e financeiros” que os clubes brasileiros irão sofrer com este movimento; - Ele destaca que o projeto saudita de investimento em esportes é “maior e sem precedentes” em relação a outros episódios em que ditaduras se apropriaram da pauta: o país é candidato a sediar Copa do Mundo e comprou o tradicional clube inglês Newcastle. “É um fundo soberano da Arábia Saudita que faz esses investimentos, com um grande retorno de imagem”, informa; - Guga descreve o príncipe Mohammad bin Salman, ditador saudita e mentor do projeto esportivo do país: “Ele tenta melhorar a imagem dele falando que é um modernizador”. Trata-se de um expediente já utilizado por ditadores como Adolf Hitler e Benito Mussolini. “E, infelizmente, pode funcionar”, afirma Guga; - Ele explica de que modo o investimento pesado saudita no esporte é um braço de um modelo de diversificação da economia do país, com ativos de entretenimento e infraestrutura - que tenta replicar o sucesso da história recente de Dubai. “É, também, uma política de pão e circo para agradar a população mais jovem”, conclui.
8/15/202329 minutes, 29 seconds
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O retorno dos bens culturais ao Brasil

No fim de 2022, a Nigéria assinou a devolução de muitas peças do acervo histórico dos Bronzes de Benin que estavam na Alemanha. Em julho, Indonésia e Sri Lanka receberam de volta artefatos mantidos há décadas na Holanda. Está em curso um movimento em todo o mundo para que itens culturais, históricos e científicos sejam retornados de museus de países ricos a seus lugares de origem. O Brasil entra nessa história com duas peças simbólicas: o manto Tupinambá confeccionado no século 16 e há mais 300 anos na Dinamarca, e o valioso fóssil do dinossauro Ubirajara jubatus, que viveu há 110 milhões de anos. Sobre tudo isso, Natuza Nery conversa com Letícia Machado Haertel, especialista em direito internacional do patrimônio cultural pela Universidade de Genebra, e Isabel Seta, repórter do g1 e autora de reportagens sobre o tema. Neste episódio: - Letícia explica por que o principal acordo global sobre a posse de artefatos, estabelecido em 1970, “não resolve a grande maioria dos casos”. E como a nova agenda de diálogo entre França e Burkina Faso deu início a atual onda de restituições pelo mundo; - Ela diz que os “museus universais precisarão se adaptar” aos novos tempos de “combate ativo ao legado colonial que ainda existe nas instituições e países europeus” - ainda assim, afirma, eles estão longe de serem esvaziados, a exemplo do Museu Britânico, cujo acervo tem 8 milhões de objetos; - Isabel relata que nem governo, nem instituições “sabem o que de origem brasileira tem espalhado pelo mundo”, mas que a partir da mobilização da comunidade científica brasileira objetos vêm sendo identificados. É o caso do fóssil do Ubirajara jubatus, que retornou à região cearense do Cariri depois de décadas na Alemanha; - A jornalista conta também a história da devolução do manto Tupinambá - um dos 11 que existem no mundo, e o primeiro a retornar da Europa para seu local de origem. Neste caso, representantes da etnia Tupinambá se envolveram e foram fundamentais para que o objeto fosse devolvido ao Brasil: “São as comunidades que originalmente detinham essas peças que conhecem seu significado e história”.
8/14/202327 minutes, 9 seconds
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Equador: o que acontece quando o narcotráfico toma o país

Na noite de quarta-feira (9), o candidato à presidência do Equador Fernando Villavicencio foi assassinado a tiros ao fim de um comício em Quito, 11 dias antes da data da eleição. A execução, que foi reivindicada pela facção Los Lobos, pode mexer na corrida eleitoral, liderada por Luisa González (candidata do ex-presidente Rafael Correa). E, principalmente, evidencia como o narcotráfico ganhou poder, se infiltrou no Estado e provocou uma crise na segurança pública equatoriana. Para descrever esse processo, Natuza Nery entrevistou Thiago Rodrigues, professor no instituto de estudos estratégicos da UFF e autor do livro “Política e drogas nas Américas: uma genealogia do narcotráfico”. Neste episódio: - Thiago comenta o assassinato de Fernando Villavicencio a cerca de dez dias antes da eleição presidencial e à luz do “impacto do crime organizado sobre a esfera pública equatoriana”. Villavicencio se apresentava como o candidato anticorrupção e vinha denunciando a atuação de grupos criminosos: “Com sua morte, o efeito de desencorajamento contra o crime é enorme”; - Ele explica a “posição geoestratégica” do país no sistema internacional do tráfico: está entre os dois maiores produtores mundiais de cocaína (Colômbia e Peru) e é grande portal de saída das drogas para os EUA e Europa. “Os grupos locais ganharam relevância e, com a chegada de cartéis mexicanos, o país se tornou mais violento”; - Thiago conta como a “perda de controle do Estado” reflete no aumento dos crimes políticos, como se observa em países como Colômbia e México. “O caso mexicano é o mais dramático de todos e é o que mais pode ter semelhanças com o caso brasileiro”, avalia; - O professor analisa as diferenças e as semelhanças entre a atuação do tráfico de drogas no Equador e no Brasil. “Eles têm uma característica importante que é ter no sistema penitenciário o manancial onde se abriga e cresce o crime organizado”, informa. “E, ao contrário do Brasil, Equador e demais países dos Andes são gravitacionados pelo mercado americano”, contrapõe.
8/11/202327 minutes, 17 seconds
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A prisão do homem forte de Bolsonaro na PRF

O ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), Silvinei Vasques, foi preso na operação da Polícia Federal desta quarta-feira (9) - que também expediu quase 50 mandados para ouvir servidores envolvidos na operação que teve mais de 600 focos de atuação, a maior parte delas em estradas do Nordeste, durante o 2º turno das eleições de 2022. A principal evidência da PF são os documentos que mostram o planejamento da operação, baseado no mapa de cidades nas quais Lula (PT) teve desempenho superior a 75% dos votos no 1º turno. Para explicar em que pé está o trabalho da PF e as próximas etapas, Natuza Nery recebe Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Malu relata os bastidores de sua reportagem que revelou a existência de uma “reunião secreta” entre Silvinei Vasques e mais 50 servidores da PRF para organizar a operação que seria direcionada “para prejudicar a movimentação de eleitores de Lula no dia do 2º turno da eleição”. “Houve um trabalho muito grande para esconder o objeto da reunião e compromisso de que ninguém falasse sobre o que aconteceu”, revela; - Ela analisa o que significa a descoberta do mapa usado por agentes da PRF para estruturar a operação. “Agora fica claro que a PF faz uma investigação em etapas, começando pelo Silvinei”, afirma a jornalista. “E tenho a informação de que a próxima etapa é colocar o Torres na cena e, a partir disso, colocar Bolsonaro na cena”; - Malu comenta o que disseram Anderson Torres e Silvinei Vasques em reuniões internas e nas declarações à investigação da PF: “Silvinei falou que a operação não era da PRF, mas do Ministério da Justiça. Tudo encaminha nosso entendimento para perceber que havia uma missão”, conta; - A jornalista também fala sobre o “jogo estratégico” entre a PF e os parlamentares bolsonaristas para investigar e para defender Jair Bolsonaro: “O ex-presidente tem certeza de que será preso”.
8/10/202329 minutes, 10 seconds
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O novo PAC e o alerta da volta ao passado

O desafio é antigo, e o remédio também - ao menos para os governos petistas. Em seu segundo mandato presidencial, Lula iniciou o Programa de Aceleração do Crescimento com o objetivo de investir no débil sistema de infraestrutura brasileiro. Agora, sob a gestão Lula 3, o governo federal promete um novo PAC, agora diante de contas públicas muito mais deterioradas e sob a crítica de tentar passar R$ 5 bilhões por fora da nova regra fiscal. Para fazer a análise da reedição do PAC, alertar os erros das primeiras versões e apontar possíveis caminhos mais eficazes, Natuza Nery ouve o economista Samuel Pessôa, professor pesquisador da Julius Baer Family Office e do Instituto Brasileiro de Economia, da FGV-RJ. Neste episódio: - Samuel reconhece que o “Estado brasileiro precisa investir”, mas defende que investimento público é gasto primário e precisa estar dentro da meta fiscal. “Tendo a regra fiscal, para aumentar o gasto de um item, precisa reduzir de outro item. E se o governo decidir gastar mais, precisa de mais receita para que as contas fechem”, avalia. “Enganar a regra não é uma boa”, resume; - Ele diz que o anúncio do programa faz recordar as “coisas ruins de 10 anos atrás” que pautaram a política econômica do governo federal que levou “à maior crise de nossa história”: “A gente volta pra um mundo que não era legal. Será que a gente não consegue aprender?”; - Samuel explica as diferenças de visão sobre o impacto dos gastos públicos entre economistas ortodoxos (como ele) e heterodoxos (caso da maioria dos integrantes da equipe econômica do governo): “Nós achamos que a economia brasileira está sempre, mais ou menos, a pleno emprego. Os heterodoxos têm a hipótese que a economia brasileira está ociosa”, resume; - O economista aponta as diferenças entre a gestão do Ministério da Fazenda de Guido Mantega (2006 a 2015) e Fernando Haddad (desde janeiro de 2023). “Será que agora eles conseguem fazer melhor”, questiona.
8/9/202329 minutes, 41 seconds
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Um racha no Brasil: conflitos regionais e discurso de ódio

Em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), sugeriu uma aliança entre estados do Sul e do Sudeste para buscar “protagonismo econômico e político” em relação ao resto do país, em especial Norte e Nordeste. A fala foi mal-recebida, e gerou respostas de atores dos mais diversos espectros políticos - mas ganhou apoio de setores radicais da sociedade nas redes sociais. Para analisar as causas do discurso divisionista e as consequências políticas da fala do mineiro, Natuza Nery conversa com Victoria Abel, repórter do jornal O Globo, em Brasília, e Fernando Luiz Abrucio, cientista político professor da FGV-SP. Neste episódio: - Victoria recorda a formação dos consórcios de estados de Sul-Sudeste e do Nordeste durante o governo Bolsonaro, e como eles voltaram a ganhar protagonismo durante as discussões sobre a destinação do dinheiro dos impostos na reforma tributária. “Eles nasceram para fazer reinvindicações ao governo federal. Agora, o Romeu Zema quer trazer isso para as eleições”, afirma; - Ela comenta as potenciais reações no Congresso à fala de Zema e como a “inversão de forças” entre as duas casas pode interferir no texto final da reforma tributária. “Já existia um ambiente ruim às vontades dos governadores de Sul e Sudeste. Agora, a fala causa ambiente ainda pior”; - Abrucio crava que o governador mineiro “sepultou a candidatura presidencial dele”, além de aumentar “artificialmente” a polarização brasileira. “A fala do governador Zema, se lida do ponto de vista jurídico, é um crime contra a nação”, afirma; - O cientista político aponta, na lógica apresentada por Zema, visões “preconceituosas, extemporâneas e desinformadas” em relação à divisão de poder político e econômico de estados e regiões. E avalia que a intenção do governador foi tentar ocupar a raia eleitoral do bolsonarismo. “Foi proposital falar algo forte para atrair holofotes, mas o Zema não vai se tornar a figura política do Bolsonaro. É como um contrabando de mercadoria falsa”, resume.
8/8/202334 minutes, 6 seconds
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Educação digital: até onde a tecnologia ajuda?

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo anunciou que adotaria, a partir do ano letivo de 2024, materiais 100% digitais para os alunos dos anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano) e do ensino médio. O governo paulista, depois, recuou e prometeu oferecer livros em formato digital e também em papel. Outros países já tentaram experiências parecidas, mas com resultados ruins ou inconclusivos. Para pensar sobre os desafios e as possibilidades de uma educação que integre mais suportes tecnológicos, Natuza Nery conversa com Anna Helena Altenfelder, doutora em psicologia da educação e presidente do conselho do Cenpec, e Fabio Campos, pesquisador em educação e tecnologia da Universidade de Nova York. Neste episódio: - Anna comenta que o mais recente relatório da Unesco apresenta “poucas evidências científicas” sobre os benefícios da tecnologia no ensino: “O meio digital favorece a dispersão. E os comportamentos gerados na interação com textos em suportes digitais podem prejudicar habilidades de atenção, compreensão e reflexão”; - Ela relata que outros países que testaram novas tecnologias na educação agora estão investindo no uso híbrido de materiais digitais com analógicos. E destaca o caso da Suécia: depois de fazer transição integral ao digital, teve resultados piores em exames internacionais de leitura, escrita e matemática. “Estudos apontam que alunos perderam as habilidades pelo uso exclusivo de suportes digitais”, afirma; - Fabio critica o fato de o Brasil “não ter uma estratégia de tecnologia na educação” mesmo depois de passar por uma pandemia. "É preciso se perguntar que tipo de tecnologia educacional estamos falando. E depois disso, temos que democratizar”, afirma; - Ele defende que a simples substituição do analógico pelo digital “costuma sempre dar errado” - ao contrário de experiências nas quais o “digital complemente o analógico, e vá além”. E que o caso de São Paulo pode ser um exemplo de “falta de escuta” do governo sobre o que pensam os professores.
8/7/202328 minutes, 7 seconds
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Cerrado - como salvar o bioma do desmatamento

Nos últimos 12 meses, mais de 6,3 mil quilômetros quadrados de Cerrado foram derrubados, de acordo com dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). Trata-se do pior resultado da série histórica. E, apenas nos primeiros 7 meses deste ano, foram mais 5 mil km² desmatados do segundo maior bioma brasileiro – onde nascem 8 das 12 principais bacias hidrográficas do país. Para alertar sobre os perigos que rondam o bioma, Natuza Nery entrevista Isabel Figueiredo, mestre em ecologia e coordenadora do programa Cerrado e Caatinga no Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Neste episódio: - Isabel comenta o processo de acelerado desmatamento que aflige o Cerrado, e aponta a lei de preservação nativa como um “entrave” para sua proteção: “Ele é colocado como um bioma de sacrifício para poder salvar a Amazônia”; - Ela descreve o bioma como uma "biblioteca que está sendo queimada sem que os livros tenham sido lidos ainda” devido a sua ampla biodiversidade: é a savana mais biodiversa do mundo e habitat de 5% de todas as espécies do planeta. “E tem o papel importante de ser o berço das águas para o Brasil”, reforça; - A ecóloga compara a redução do desmatamento na Amazônia com o aumento de registros no Cerrado, onde o “governo tem menos espaço de atuação”. Isso porque no Cerrado a maior parte da destruição da mata nativa se dá em áreas privadas, onde os donos de terra falsificam autorizações para desmatar; - Ela descreve como grileiros usam métodos violentos, com atuação até de milícias, para “acuar, cercear e expulsar” famílias tradicionais de suas terras. Essas comunidades sofrem também, relata, com contaminação de águas e solo por agrotóxicos usados nas grandes propriedades.
8/4/202325 minutes, 24 seconds
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Donald Trump e a ameaça à democracia americana

Pela terceira vez, o ex-presidente é acusado formalmente pela Justiça dos Estados Unidos. Agora, o republicano virou réu pela sua participação na invasão do Capitólio do dia 6 de janeiro de 2021 e pela tentativa de impedir a formalização da vitória eleitoral de Joe Biden. Na via eleitoral, Trump dispara como favorito a representar o partido Republicano na eleição presidencial do ano que vem. Para explicar como Trump está enquadrado pela Justiça ao mesmo tempo que tem chances reais de voltar à Casa Branca, Natuza Nery conversa com Carolina Cimenti, correspondente da TV Globo em Nova York, e com Fernanda Magnotta, coordenadora de relações internacionais da FAAP, comentarista da rádio CBN e autora do livro “As ideias importam: o excepcionalismo norte-americano no alvorecer da superpotência”. Neste episódio: - Carolina informa quais são as 4 acusações às quais Trump está submetido neste processo: três delas de conspiração e uma de obstrução de procedimento oficial – caso seja condenado em todas elas, sua pena pode chegar a 50 anos de prisão. “Ele pode ser eleito e ser presidente até em prisão domiciliar na Casa Branca. E, caso eleito, ele pode perdoar seus próprios crimes”, explica; - A jornalista também avalia a “confusão institucional” que irá se instalar nos EUA em 2024, quando serão realizados os julgamentos de Trump, em paralelo aos eventos do calendário eleitoral americano: “O que só intensifica o imbróglio judicial do ex-presidente"; - Fernanda fala sobre o recente debate que vem sendo travado nos EUA a respeito de modificações na Constituição do país - à luz das crises institucionais provocadas pelo ex-presidente. “Ao ser eleito, ele passou a atacar toda a estrutura do sistema e isso enfraqueceu a democracia dos Estados Unidos”, afirma; - Ela aponta como os “fenômenos do trumpismo” emergiram e se mantêm vivos dentro da sociedade americana: deterioração das condições de vida, aumento da desigualdade e discurso populista. “Ele volta pra essa narrativa original e tenta fazer parecer que é vítima de perseguição política”, conclui.
8/3/202328 minutes, 42 seconds
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Combate ao crime organizado após mortes no Guarujá

Desde sexta-feira, a Polícia Militar de São Paulo está em operação na Baixada Santista, motivada pelo assassinato do oficial Patrick Bastos Reis, da Rota. Desde que os agentes começaram a avançar pelas comunidades, moradores relatam o cometimento de ilegalidades. O governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e a cúpula da segurança pública paulista justificam que é necessário o enfrentamento ostensivo ao crime organizado. Até agora, são pelo menos 14 mortos. Para explicar todos os aspectos do conflito no Guarujá e analisar as políticas públicas de segurança em todo o país, Natuza Nery conversa com Rafael Alcadipani, professor da FGV-SP e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Neste episódio: - Rafael destaca a importância estratégica da Baixada Santista para as facções criminosas e para o tráfico internacional de drogas: tem o maior porto da América Latina e áreas de ocupação em morros (onde criminosos escondem armas e drogas). “O Estado não tem conseguido realizar o enfrentamento adequado ao crime nessas regiões”, afirma; - Ele descreve a reação da corporação após o assassinato de um oficial, sobretudo quando a vítima é da Rota: “É uma unidade de muito prestígio e um ataque faz parecer que as coisas estão fora de controle”; - Rafael avalia a violência das ações policiais em São Paulo e na Bahia e destaca a importância de políticas de segurança pública “que levem em conta os direitos humanos e o enfrentamento ao crime organizado”. “O crime organizado está fora de controle e sua prevalência é a maior ameaça à democracia brasileira”, afirma; - O professor comenta o aumento da letalidade da polícia paulista e explica como o excesso de força “corrói a confiança na instituição policial”. Ele também prevê que, com o afrouxamento do controle policial, algum agente cometerá “um absurdo e a opinião pública ficará toda contra a instituição”.
8/2/202327 minutes, 23 seconds
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CGU: ministro avalia os 10 anos da Lei Anticorrupção

Uma década depois da aprovação da Lei nº 12.846/2013, a Controladoria-Geral da República convocou a sociedade civil para fazer um balanço de seus resultados – e oferecer acordos de cooperação com diferentes entidades de Estado, como ministérios e o BNDES. Com exclusividade, Natuza Nery entrevista o ministro Vinícius Marques de Carvalho sobre os próximos passos da GCU em relação à Lei Anticorrupção e às colaborações com órgãos do governo. Neste episódio: - O ministro avalia o que deu certo e o que vem dando errado com a lei nesta última década. Na lista dos avanços que ainda precisam ser feitos, ele cita a “coordenação entre as instituições responsáveis pela aplicação da lei” - além da própria CGU, o Ministério Público e as corregedorias de estados e municípios; - Ele antecipa como será o acordo de cooperação entre a CGU e o BNDES, cuja assinatura está prevista para esta terça-feira (1º). Segundo o ministro, haverá ações de controle focadas nas grandes empresas, e também a reestruturação de uma parceria com o Sebrae para “difundir a agência de integridade” pelas pequenas e médias empresas; - Vinícius explica como a CGU opera para fazer o pente fino em políticas públicas, e dá o exemplo da operação realizada em conjunto com a Polícia Federal em Alagoas, que identificou irregularidades na compra de kits de robótica para as escolas; - O ministro comenta qual seria o papel da CGU na proposta de texto da PL das Fake News que está sendo discutida dentro do governo. “O que eu posso garantir é que de modo algum a GCU seria uma controladora da internet no sentido de moderar o conteúdo”, afirma.
8/1/202328 minutes, 53 seconds
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O caminho do gado ilegal que sai da Amazônia

Durante 53 dias, agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estiveram dentro da Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo numa operação para interromper a cadeia de ilegalidades: desmatamento, grilagem de terra, tráfico de madeira e pecuária ilegal. O repórter Victor Ferreira, da TV Globo e da GloboNews, acompanhou parte do trabalho e conta para Natuza Nery de que modo os criminosos operam para tornar legal a carne para exportá-la. Neste episódio: - Victor relata os dias em que ficou acampado junto à equipe do ICMBio que atuava na operação para a retirada de milhares de bois da reserva biológica – estima-se que sejam mais de 100 mil ao todo. “Na ação que eu acompanhei, foram 2.300 cabeças de gado. E esta nem é a reserva com o maior índice de desmatamento”, afirma; - Ele explica que nenhum contingente de agentes ambientais seria suficiente para fiscalizar toda a Amazônia e que a solução mais eficaz para reduzir o desmatamento e a grilagem relacionadas à pecuária é rastrear a carne desde o nascimento do gado: “Se os grandes frigoríficos exigirem o rastreamento, por que o pecuarista vai criar um gado que ele não vai conseguir vender?”, questiona; - O repórter enumera duas medidas para que as reservas biológicas sejam protegidas: respeito às multas aplicadas pelo ICMBio e adesão à cadeia de rastreabilidade de gado e madeira extraída da floresta. “O gado ilegal é o que mais derruba árvores e mais desmata na Amazônia”, conclui.
7/31/202325 minutes, 21 seconds
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Doenças cardíacas em jovens - riscos e prevenção

Infarto, parada cardíaca e acidente cerebral vascular, juntos, compõem a principal causa de morte em todo o mundo. No Brasil, os casos de infartos registrados por mês mais que dobrou nos últimos 15 anos, e a média mensal de internações decorrentes subiu quase 160% no mesmo período - entre jovens de até 30 anos, o crescimento foi 10% acima da média. Para explicar por que os jovens estão cada vez mais sob risco de problemas cardíacos e vasculares, Natuza Nery entrevista o médico Paulo Caramori, doutor em cardiologia e integrante do conselho da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Neste episódio: - Paulo Caramori destaca quais hábitos de vida se destacam entre os fatores de risco para doenças cardiovasculares: tabagismo, obesidade, uso de drogas e consumo de comidas de ultraprocessadas. “Temos que focar nas causas modificáveis dessas doenças para que possamos viver mais e melhor”, recomenda; - Ele explica a relação entre temperaturas extremas e aumento do risco para infarto e AVC: “Quando estiver extremamente quente ou extremamente frio, devemos nos preservar mais”; - O médico também alerta para a “falta de cuidado” dos brasileiros com índices de saúde básica, como controle de colesterol, cuidado com a pressão arterial e regulação da glicose. E destaca a manutenção da qualidade do sono como elemento fundamental para a saúde cardiovascular – o ideal para um adulto é de 8 a 9 horas por noite; - Paulo informa os sinais que o corpo apresenta nas 24 horas anteriores a um episódio de infarto ou parada cardíaca: dor, aperto ou queimação no peito, sudorese, falta de ar e palpitações no coração. “Se tiver esses sintomas, é preciso procurar uma emergência. A chance de reanimar uma parada cardíaca é muito mais baixa do que evitar que ela aconteça”, afirma.
7/28/202325 minutes, 39 seconds
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Racismo no Brasil – e educação antirracista

Pesquisa inédita mostra que 8 em cada 10 brasileiros concordam que o Brasil é um país racista. Os demais dados divulgados pela “Percepções sobre o racismo no Brasil” são igualmente fortes: 80% entendem que pessoas negras e brancas são tratadas de forma diferente pela polícia, mais de 50% afirmam ter presenciado cena de racismo e quase 90% concordam que pessoas pretas são as mais criminalizadas. Enquanto isso, o combate ao racismo nas escolas chega ao seu menor índice dos últimos 10 anos. Para analisar os resultados da pesquisa e a inclusão da pauta nos programas educacionais, Natuza Nery conversa com Ana Paula Brandão, diretora programática da ActionAid e gestora do projeto Seta, que encomendou o estudo, e com Janine Rodrigues, escritora, educadora e fundadora da iniciativa Piraporiando. Neste episódio: - Ana Paula valoriza os números apresentados pela pesquisa, que revelam a “percepção da população da relação entre racismo e desigualdade”. Ela considera que houve um avanço em relação ao resultado de pesquisas anteriores, que evidenciavam a compreensão de que o racismo ocorreria somente na esfera pessoal. “O brasileiro está percebendo que o racismo estrutura o Brasil”, resume; - Ela avalia a educação como a principal arma para enfrentar o racismo, mas pondera ser “um caminho muito demorado”. E exemplifica com o caso da lei que obriga o ensino de história e cultura africana nas escolas, sancionada há duas décadas e que até hoje não está completamente implementada. “Essa é uma política que não pode ser de governo, precisa ser de Estado”, afirma; - Ana Paula discursa sobre a como o preconceito “atravessa a vida das crianças” desde o momento em que ingressam na vida escolar – e como isso se reflete em um mau desempenho de aprendizado e evasão escolar, resultando em má empregabilidade. “É muito violento e cria um círculo vicioso complexo”, conclui; - Janine cobra a ação do poder público para implementar leis e dedicar orçamentos a favor da igualdade racial, e também participação de agentes importantes da sociedade civil no combate à discriminação. “É importante que a abordagem ao racismo não fique apenas entre pessoas negras, mas que seja o objetivo de uma sociedade mais saudável”, afirma.
7/27/202330 minutes, 58 seconds
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Crime contra democracia: a discussão sobre a punição

Seis meses depois da tentativa de golpe de 8 de janeiro, o governo federal anunciou que vai enviar ao Congresso um Projeto de Lei que cria novas tipificações penais e endurece as penas para aqueles que ameaçarem a democracia. Ações como invasão ao STF e ameaças ou atentados contra autoridades públicas serão fortemente punidas – inclusive, em caso de assassinato dessas figuras a pena pode chegar a 40 anos. Para explicar o que pretende o projeto, Natuza Nery recebe Augusto de Arruda Botelho, secretário nacional de Justiça que comandou o trabalho de redação do texto, e o também advogado criminalista Theo Dias, professor da Escola de Direito da FGV-SP. Neste episódio: - Augusto justifica a necessidade de atualizar a lei aprovada em 2021 à luz dos acontecimentos de 8 de janeiro, e conta como a construção da versão final do texto que será encaminhado ao Congresso teve a participação de membros do Ministério Público, de professores acadêmicos e de advogados. "A redação final tem a preocupação de que a lei não cerceie a liberdade de expressão”, afirma; - O secretário nacional defende que a pena de 40 anos de prisão para o crime de assassinato a uma autoridade pública é compatível com sua função de “defender dois bens jurídicos com o mesmo dispositivo penal”: a vida da vítima e a democracia. “Propusemos pena realmente alta para um crime de gravidade gigantesca”, conclui; - Theo diz que o Direito Penal, embora “necessário e importante”, tem “espaço limitado” para evitar eventos extremos como a tentativa de golpe de Estado. E lista medidas necessárias para a manutenção da democracia: reestruturação dos serviços de inteligência, despolitização das Forças Armadas, regulamentação das redes sociais e revisão dos poderes do procurador-geral da República; - Ele compara as agressões feitas pelo ex-deputado federal Daniel Silveira aos ministros do Supremo àquela sofrida por Alexandre de Moraes na Itália para exemplificar “os limites da liberdade de expressão” e o “dilema da democracia”.
7/26/202326 minutes, 39 seconds
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Caso Marielle: a delação de Élcio de Queiroz

Mais de 800 dias depois da execução de Marielle Franco e Anderson Gomes, pela primeira vez um dos suspeitos assumiu a autoria do crime. Num acordo de delação premiada, o ex-PM Élcio de Queiroz descreveu todos os passos do dia 14 de março de 2018, quando – de acordo com seu depoimento – dirigiu o carro no qual o policial militar reformado Ronnie Lessa disparou sua submetralhadora contra Marielle e Anderson. Élcio também mencionou a participação do ex-bombeiro Maxuell Simões Corrêa (Suel) e do sargento da PM Edmilson Oliveira da Silva (Macalé) no crime. Para apresentar o que foi dito por Élcio e explicar as próximas fases da investigação, Natuza Nery conversa com Mahomed Saigg, jornalista da TV Globo no Rio que primeiro teve acesso à delação, e com Octavio Guedes, colunista do g1 e comentarista da GloboNews. Neste episódio: - Mahomed descreve os desdobramentos mais recentes da investigação e como a coleta de novas provas e depoimentos pressionaram Élcio a “quebrar o pacto de silêncio” e propor um acordo de delação premiada: “O cerco estava se fechando. As autoridades que trabalham no caso nunca estiveram tão perto de elucidar esse crime”; - O jornalista revela com exclusividade alguns detalhes do acordo que Élcio fechou com a Justiça - o que ocorreu após sua “surpresa com a robustez das provas apresentadas”. E informa que, a partir das informações fornecidas pelo suspeito, “uma série de novas operações está por vir”; - Mahomed também analisa toda a complexidade do caso, que envolve crime político, atuação de milícias, policiais sob suspeita e investigações interrompidas ao longo dos últimos 5 anos. “Foi a partir do caso Marielle, por exemplo, que a população tomou conhecimento da existência do Escritório do Crime”, afirma; - Octávio comenta o “limitador de velocidade” da investigação, que passou anos sem qualquer avanço para além da descoberta dos executores do crime. E explica por que, agora, com o “fim do pacto da máfia”, as autoridades estão confiantes em relação à conclusão total do caso. “Se foi crime de ódio político, é pelo que Marielle representava”, afirma; - Por fim, ele fala sobre a expectativa de que Élcio tenha delatado “alguém acima de Ronnie Lessa” e de que o executor de Marielle também aceite um acordo de delação. “Agora os investigadores vão para a próxima fase, a dos autores intelectuais do crime”, conclui.
7/25/202337 minutes, 18 seconds
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Armas de fogo: novos limites pós-descontrole

Nos últimos quatro anos, o Brasil registrou uma média de 26 novas armas a cada hora. No total, passou de 900 mil o número de registros feitos por CACs (colecionadores, atiradores esportivos e caçadores) durante o período. E a própria quantidade de CACs também disparou de 117 mil para quase 675 mil – e cada um deles tinha autorização para comprar e manter 30 armas de alto poder de fogo, a exemplo de um fuzil de R$ 15 mil. Na última sexta-feira, o governo federal editou um decreto para frear bruscamente o acesso a novas armas e reduzir a multiplicação dos clubes de tiro. Para entender o que muda, Natuza Nery ouviu a socióloga Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz, que estuda segurança pública desde 1999. Neste episódio: - Carolina esclarece as regras que passam a vigorar com o novo decreto, que limita a quantidade de armas por pessoa e restringe o acesso aos armamentos de maior potencial destrutivo: “Lá atrás, um cidadão em casa poderia estar mais armado que um policial”; - Ela também explicou como o crescimento explosivo de CACs e clubes de tiro aumentou a circulação de armas desviadas para o crime organizado, por meio de roubos, furtos ou mesmo esquemas fraudulentos. “Ao endurecer o controle sobre as armas, a gente diminui o abastecimento para o crime”, afirma; - Carolina lamenta que haja mais de 1 milhão de armas sem registro do sistema do Exército e reforça a necessidade de que é preciso ter “controle, critério e fiscalização”. “Sem informação de qualidade, como se faz uma política pública sobre armas?”, questiona; (13:50) - A socióloga analisa o crescimento do desejo de parte da população em se armar: criou-se um mercado de influencers e até de moda armamentista. E como isso colaborou para mais crimes contra mulheres e em ataques a escola. “Precisamos mostrar que é ilusão: a arma de fogo gera mais risco do que capacidade de se defender”, justifica.
7/24/202329 minutes, 1 second
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O Brasil mais perigoso para mulheres e crianças

Em 2022, o país registrou mais um de seus trágicos recordes de violência: foram quase 75 mil casos de estupro. E 6 em casa 10 casos têm como vítima crianças de até 13 anos. De acordo com as informações do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), isso representa 205 casos de violência sexual por dia, 8 casos a cada hora. Soma-se a isso o aumento de diversos índices de violência contra mulheres: feminicídio, violência doméstica e as medidas protetivas tiveram alta na incidência de casos. Para analisar esses dados, Natuza Nery recebe Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP. Neste episódio: - Samira informa que apenas 8,5% dos casos de estupro são notificados às autoridades – isso significa que em 2022 houve, de fato, mais de 880 mil casos. E 70% desses casos acontecem dentro de casa, cometidos por familiares ou pessoas próximas. “Vítimas de violência sexual têm dificuldade em denunciar por causa do medo e do constrangimento”, justifica; - Ela detalha o que significa estupro de vulneráveis, à luz da legislação, e como uma mudança na lei, em 2009, colaborou para que mais crianças fossem protegidas contra o abuso sexual. "Mas a pandemia ampliou a vulnerabilidade das crianças”, afirma. “Sem a mãe em casa e com a escola fechada, para onde essas crianças correm?”; - Ela também lamenta que o “Brasil tenha se tornado mais violento para as mulheres”: há mais casos de homicídios contra mulheres, mais feminicídios, mais agressões, mais ameaças e mais perseguições. “São crimes cometidos por parceiros íntimos, dentro de casa e que podem ser evitados”, afirma; - Samira comenta as recentes prisões e condenações de artistas e esportistas por abuso sexual: “Revela espaço para lutar por justiça e tem efeito pedagógico para os homens”.
7/21/202326 minutes, 44 seconds
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Barbie: independência x submissão

As salas de cinema estreiam nesta quinta-feira (20) o filme que mais vem movimentando as redes sociais neste ano. Barbie, da diretora Greta Gerwig, é a primeira adaptação live action da história da boneca criada em 1959 e que, ao longo de seis décadas, se consolidou como um símbolo inatingível. Para explicar a história da personagem e analisar seus efeitos na formação do imaginário feminino em todo o mundo, Natuza Nery conversa com Fernanda Roveri, doutora em educação pela Unicamp e autora do livro “Barbie na educação de meninas: do rosa ao choque”. Neste episódio: - Fernanda contextualiza o momento no qual a Barbie foi criada – à época, foi a primeira boneca adulta a ser fabricada. "No pós-guerra [a 2ª Guerra Mundial acabou em 1945], a sociedade do consumo começa a se estabelecer e as crianças passam a ser consumidoras”; - Ela também descreve como casal Ruth e Elliot Handler, fundadores da Mattel, adaptou Lili, a “boneca adulta para homens”, produzida na Alemanha, em um brinquedo “aceitável socialmente” para crianças, no fim dos anos 1950; - Fernanda fala sobre as contradições da boneca em relação à representatividade de gênero: “Ela não foi 100% independente nem 100% subordinada”. Os momentos histórico-culturais determinaram, avalia, a imagem da boneca. “O brinquedo é um produto da cultura material, atrelado à publicidade e valores econômicos. Não é inocente”, afirma; - A educadora analisa a participação do Ken na história da personagem e a recente multiplicação de identidades da Barbie, que já apareceu em diversos formatos e profissões. “O segredo dela é operar com a sedução e o desejo: ‘olhe como eu sou, você pode ser eu’”, resume.
7/20/202325 minutes, 31 seconds
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China - o alerta da desaceleração

O segundo trimestre de 2023 registrou um crescimento de 6,3% no PIB da China – um número que seria comemorado em muitos países, mas não na segunda maior economia do mundo, cuja expectativa era crescer acima de 7 pontos percentuais. Os dados oficiais do governo chinês mostraram também que a exportação está em queda e que o mercado de trabalho não consegue absorver milhões de jovens. Para explicar as razões internas e as consequências globais de uma China em marcha lenta, Natuza Nery conversa com Cláudia Trevisan, diretora-executiva do Conselho Empresarial Brasil-China. Neste episódio: - Claudia aponta a “queda da atividade no setor da construção civil” como principal causa da desaceleração do crescimento chinês, levando à queda de receita dos governos locais e, consequentemente, à “falta de recursos para investir em infraestrutura”; - Ela descreve como Pequim vem incentivando “aumentar o peso do consumo” na composição do PIB: atualmente, representa 40%, percentual bastante abaixo da média dos países ricos. Um modo de fomentar o desenvolvimento interno e garantir o crescimento econômico de longo prazo. “Mas aquela China que crescia a dois dígitos não vai voltar”, projeta; - Claudia também comenta os fatores do desemprego elevado entre os jovens: o avanço regulatório sobre a indústria de tecnologia, as medidas restritivas durante a pandemia e o crescimento exponencial de recém-formados no ensino superior. “A dificuldade em arrumar emprego afeta a aspiração de ter uma vida melhor”, afirma; - Ela avalia que o agronegócio brasileiro deve sofrer pouco com a desaceleração econômica da China, com baixa variação na exportação de alimentos. Já em relação a commodities como minério de ferro e petróleo, “a demanda e o preço podem ser prejudicados”.
7/19/202326 minutes, 52 seconds
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Recordes de calor e a ameaça à vida humana

Na Califórnia, 56° C no chamado ‘Vale da Morte’. Na Antártica, o nível de gelo no mar é o mais baixo já registrado. No Oceano Atlântico, o termômetro marca 1,5°C a mais do que a média histórica. Eventos extremos que se relacionam: o aquecimento do planeta chegou ao ápice no dia 6 de julho, quando a temperatura média global passou de 17°C, a mais alta já registrada na Terra – resultado das mudanças climáticas somadas à incidência do fenômeno El Niño. Para comentar o risco do calor em excesso para a saúde humana e explicar até onde a temperatura pode chegar, Natuza Nery conversa com Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima e integrante do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, e com o biomédico fisiologista Daniel Mendes Filho, um dos autores do livro “Condições extremas: como sobrevivemos?”. Neste episódio:  - Marcio lembra que as ondas de calor estão cada vez mais intensas, mas que os recordes de temperatura vêm sendo registrados há pelo menos duas décadas: “São gritos de alerta do planeta”. E a situação deve piorar. “A gente não vai mais recuperar os gases emitidos para a atmosfera. O planeta tem um problema já contratado”, afirma;  - Ele avalia que as soluções para mitigação e adaptação dos impactos do clima são de responsabilidade de governos e estão, principalmente, nas mãos dos líderes dos países desenvolvidos: “As pessoas mais pobres vão pagar a conta”. “Quanto menos a gente fizer agora, maior será a conta para as próximas gerações”, conclui;  - Daniel explica como o organismo humano reage às mudanças de temperatura, e quais são os riscos associados aos episódios de calor extremo – que afetam mais as crianças e os idosos: “Os mecanismos de adaptação do corpo são insuficientes para manter a temperatura em níveis fisiológicos. Pode haver quadros de hipertermia e insolação”;  - Ele também comenta sobre o que as cidades podem fazer para enfrentar as mudanças climáticas, com ações dedicadas a aumentar a arborização e os ambientes com circulação de ar. Daniel orienta sobre como cada um pode se proteger: roupas leves, alimentação saudável, plantas domésticas e até papel alumínio na janela.
7/18/202328 minutes, 52 seconds
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Agricultura familiar no combate à fome

A retomada do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), uma das principais ferramentas do governo federal nos mandatos petistas para acabar com a fome no país, foi aprovada no Congresso. A nova versão tem orçamento previsto de R$ 500 milhões e garante a compra de alimentos de propriedades rurais familiares – que passam a ter também crédito de R$ 71 bilhões oferecidos pelo Plano Safra. Para explicar o funcionamento do PAA, seu impacto para a agricultura familiar e seu papel no combate à insegurança alimentar, Natuza Nery conversa com Julian Perez-Cassarino, professor de agroecologia da Universidade Federal da Fronteira Sul e pesquisador da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan). Neste episódio: - Julian destaca a importância do PAA nas “duas pontas da fome”: distribui comida para famílias em situação de insegurança alimentar e viabiliza a comercialização da agricultura familiar. “Ao mesmo tempo que oferta alimentos saudáveis pra pessoas na cidade, garante geração de renda para famílias rurais”, resume; - Ele recorda os primeiros dez anos do programa, nos quais o volume de recursos cresceu ininterruptamente até, em 2013, chegar ao equivalente a R$ 1 bilhão (em valores corrigidos) - no ano seguinte, 2014, o Brasil saiu do mapa da fome da ONU. “Nos últimos cinco anos, o programa está praticamente zerado”, lamenta; - Julian conta como vai funcionar o projeto que une o PAA com o chamado Cozinha Solidária: “Vamos fechar uma cadeia muito bonita de promoção da segurança alimentar”. Ele explica que boa parte dos alimentos que irá abastecer o Cozinha Solidária terá origem nas propriedades rurais familiares; - O pesquisador avalia que agora será mais difícil superar a fome do que em 2003, quando o PAA foi inaugurado: "Houve um grande desmonte das políticas públicas nos últimos quatro anos”.
7/17/202327 minutes, 7 seconds
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Bombas de fragmentação e o poder da Otan

Proibidas em mais de 120 países que assinaram um tratado internacional contra seu uso, as munições clusters são armamentos com alto poder ofensivo contra cidadãos civis – e que podem explodir mesmo anos depois de serem lançadas. Nesta semana, o arsenal ucraniano foi abastecido com novas bombas deste tipo, enviadas pelos EUA. A Otan, principal aliança intergovernamental militar do Ocidente, avalizou o uso do equipamento na guerra. Para explicar as consequências das bombas de fragmentação e o atual status da Otan no conflito contra a Rússia, Natuza Nery conversa com Cristian Wittmann, professor de direito da Unipampa e integrante do conselho do Ican, organização premiada com o Nobel da Paz em 2017. E com Marcelo Lins, apresentador e comentarista da GloboNews. Neste episódio: - Cristian descreve o funcionamento das bombas e como suas submunições “mutilam e tiram a vida de vítimas civis, décadas depois”. Ele avalia as motivações do Brasil para rejeitar o acordo que proíbe o uso do armamento: “O Brasil produz e exporta essas armas”; - Ele informa que a taxa de falha dessas armas pode chegar a até 60%, o que significa um enorme volume de explosivos remanescentes no território atingido: Laos, por exemplo, tem mais de 80 milhões de bombas e aproximadamente 300 mortes por ano - herança da Guerra do Vietnã, há mais de quatro décadas; - Marcelo Lins avalia como “desconfortável” a posição da Otan diante do uso das “mais covardes armas” em favor da Ucrânia: “Seria natural a busca por solução no diálogo”, afirma. Ao invés disso, as autoridades da aliança do Ocidente investem em uma vitória militar e usam isso como desculpa “para alimentar a máquina de guerra com uma arma tão cruel”; - O jornalista também afirma que “nunca antes a Otan esteve tão unida e tão forte”, resultado da ação de Vladimir Putin de invadir a Ucrânia - que apela aos membros para também integrá-la. Mas questiona também se a organização não deveria ter sido extinta junto com o Pacto de Varsóvia, ao fim da Guerra Fria.
7/14/202327 minutes, 44 seconds
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Deflação: queda nos preços e o futuro da inflação

Pela primeira vez no ano, o IPCA fechou um mês no negativo. Junho registrou queda de 0,08% na média geral de preços, puxado, principalmente, pelo comportamento dos alimentos (um recuo de 4% no consolidado de 12 meses) e dos transportes (devido à redução dos combustíveis). Resultado que tem impactos no acesso à alimentação para as famílias de baixa renda e também na autoridade monetária, mais pressionada para reduzir a taxa de juros. Para explicar as consequências da deflação na economia brasileira, Natuza Nery entrevista o economista André Braz, coordenador do núcleo dos preços ao consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da FGV-RJ. Neste episódio: - André avalia que a tendência da inflação é acelerar, mas destaca uma “boa notícia”: “A alimentação deve seguir com variação próxima de zero ou até negativa”. Isso porque o momento é de “trégua” em relação aos impactos inflacionários dos últimos anos, como pandemia e guerra na Ucrânia - ainda que as safras de alimentos estejam sob o risco do fenômeno El Niño; - Ele projeta os efeitos do retorno integral dos tributos federais sobre os combustíveis na formação de preço geral da economia e analisa a fase atual na curva da inflação à luz do acumulado dos últimos 12 meses: “A renúncia fiscal do segundo semestre do ano passado rendeu forte queda de inflação”, afirma, sobre o pacote de medidas assumido pelo governo anterior nas vésperas da eleição; - O economista comenta a manutenção da taxa Selic no atual patamar de 13,75%, levando em consideração os ainda elevados preços do setor de serviços. “Apesar de números distantes da meta, o processo de redução da inflação está acontecendo, mas lentamente”, avalia. “Caberia corte de juros na próxima reunião [do Copom]? Caberia, talvez de 0,25, que é o consenso de mercado”.
7/13/202328 minutes, 26 seconds
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Autismo: desafios do diagnóstico e da inclusão

Cada vez mais pessoas vêm identificando que determinados comportamentos e experiências estão relacionadas a uma condição mais ampla, o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Um levantamento realizado nos Estados Unidos demonstra o salto no número de diagnósticos: há 20 anos, havia 1 caso de autismo a cada 150 crianças; agora, identifica-se 1 caso a cada 36 crianças. No Brasil, o contingente identificado no TEA já passa de 2 milhões. E se, por um lado, a descoberta do diagnóstico avança, por outro, ainda falta muito para que toda essa população esteja devidamente integrada – pelo menos 85% dos autistas ainda não são absorvidos pelo mercado de trabalho. Para explicar tudo que está relacionado ao espectro autista, Natuza Nery conversa com o quadrinista Fúlvio Pacheco, autor dos livros Relatos Azuis e Relatos Autistas e coordenador da Gibiteca de Curitiba e do núcleo paranaense da Associação Abraça de Pessoas Autistas, e com Joana Portolese, neuropsicóloga e coordenadora do programa de diagnóstico do TEA do Hospital das Clínicas, na USP. Neste episódio: - Fúlvio conta como a notícia do diagnóstico foi um “divisor de águas” em sua vida. Uma investigação que começou depois do nascimento de seu filho mais novo, Murilo, diagnosticado ainda na primeira infância: “Quando ele começou a fazer as terapias, eu comecei a me ver, lembrando de quando tinha a idade dele. E não só eu, mas meu pai e meu irmão também têm algum grau de autismo”, afirma; - Ele também relata os episódios de discriminação que sofreu com Murilo, cujo grau no TEA baixou de 3 (severo) para 2 (moderado): “A criança autista às vezes tem colapsos, e as pessoas olham, criticam e teve até um caso em que uma senhora deu um tapa nele”. E, diante de um contexto no qual a aceitação aos autistas ainda é um desafio, ele advoga em prol das cotas. “No mercado de trabalho, uma pessoa autista pode ser até mais interessante do que uma pessoa neuro típica”, conclui; - Joana descreve as características do espectro autista, as diferenças entre os três graus da condição: que pode variar entre uma vida completamente funcional e capacidade cognitiva muito elevada até uma situação de não-verbalidade e alta dificuldade de viver autonomamente. “No nível leve, é comum que as pessoas tenham o diagnóstico mais tardio, e esse é um momento de autoconhecimento e liberação”, afirma; - Ela apresenta as hipóteses do crescimento no número de crianças diagnosticadas com autismo nos últimos anos. Uma delas se relaciona à “qualificação dos profissionais, ao número de pesquisas feitas e o acesso dos pais a mais informação” - elementos que levam também à possibilidade de identificar a condição na infância. “Quanto mais precoce a descoberta, melhor o desenvolvimento”, resume.
7/12/202333 minutes, 9 seconds
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AO VIVO – Endividamento, e como sair dele

No dia em que o podcast O Assunto chega ao episódio 1.000, Natuza Nery conversou ao vivo com Myrian Lund, planejadora financeira e professora de finanças na FGV do Rio de Janeiro. Com mais de 78% das famílias brasileiras endividadas, a especialista responde perguntas enviadas pela audiência e dá dicas sobre como lidar com dívidas que se arrastam e com aquelas que ainda vão vencer. Neste episódio: - Myrian explica como compras picadas podem levar ao descontrole no longo prazo. "Quando a gente tá muito endividado, acaba comprando por compensação, e o barato sai caro"; - A analista explica quais são os tipos de conta que vale a pena parcelar. No Brasil, há mais cartões de crédito do que pessoas, e a maior parte das famílias tem dívidas atreladas ao cartão. "Cartão de crédito você deve ter um só", destaca; - A planejadora também explica por onde começar a se organizar financeiramente. "O primeiro passo é relacionar receitas e despesas." Segundo Myrian, saber o que se tem para gastar todo mês é essencial para não perder controle do dinheiro.
7/11/202341 minutes, 34 seconds
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ESPECIAL: Natuza Nery entrevista Fernando Haddad

Nesta segunda-feira (10), na semana em que o podcast O Assunto comemora 1000 episódios, Natuza Nery entrevistou ao vivo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele fala sobre a relação com o PT e a pressão externa, além da articulação política no Congresso e as negociações com os presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco (PSD). Também fala sobre a reforma tributária, investimentos no Brasil, as eleições e os bastidores da foto com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Para o ministro, a grande marca do terceiro mandato de Lula pode ser a transição ecológica, e o Ministério da Fazenda está fazendo planos para que isso aconteça. - Haddad diz que, nos últimos meses, tanto o "fogo amigo" como o "inimigo" diminuíram. “O amigo e o inimigo. O fogo diminuiu. Eu tô me sentindo menos na frigideira do que eu estava três meses atrás." Ele afirma que, depois de 23 anos de vida pública, está acostumado com os altos e baixos, e vê com naturalidade as discordâncias dentro do PT: "O meu partido tá cheio de gente de opinião, que pensa diferente, que estudou outra coisa. Eu não deixo também de conversar com o PT, de ir às reuniões da executiva, de explicar o que eu tô fazendo". - Sobre a relação com Lira, Haddad afirma que ela significa a "volta da política com P maiúsculo". O ministro conta que, desde o início da transição, tentou garantir que o processo fosse feito da maneira mais harmônica possível, surpreendendo inclusive a pessoas com quem nunca tinha tido contato. “Eu nunca desrespeitei a institucionalidade da Câmara e do Senado. Eu negociei a PEC da transição, e foi quando conheci o Lira." - O ministro confirma que se reunirá com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), nesta terça-feira (11), para discutir a reforma tributária e a tramitação do projeto no Senado, depois da aprovação do texto na Câmara dos Deputados na última semana. “Nós temos que concluir a tramitação da PEC no Senado, mas nós não vamos aguardar o final da tramitação para mandar para o Senado a segunda fase da reforma”, explica. - O ministro afirma que, depois de uma "década trágica" na economia, a expectativa é de um novo ciclo de crescimento. "De 2013 a 2022, foram 10 anos que vão marcar a nossa história e são anos que vão ensejar muitos estudos para saber o que de fato aconteceu. Espero que essa década tenha ficado para trás e que 2023 inaugure um novo ciclo."
7/10/20231 hour, 13 minutes, 46 seconds
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CONVITE: Natuza Nery entrevista Fernando Haddad

O Assunto vai ter um episódio especial, transmitido ao vivo direto de Brasília, nesta segunda-feira (10), a partir das 11h. Natuza Nery entrevista Fernando Haddad, ministro da Fazenda. O episódio vai ficar disponível, na íntegra, no g1 e nas plataformas de áudio. E na semana em que o podcast completa 1.000 episódios, O Assunto vai passar ter cortes, em vídeo, publicados no g1 e nas redes sociais.
7/10/202341 seconds
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Adeus a Zé Celso, o revolucionário do teatro

Nesta quinta-feira (6), a dramaturgia brasileira perdeu um de seus mais importantes nomes. José Celso Martinez Corrêa morreu depois de um incêndio em seu apartamento em São Paulo, onde vivia com o marido, o ator Marcelo Drummond – com quem mantinha um relacionamento de quase 40 anos, cujo último ato foi a cerimônia de casamento um mês atrás. No Teatro Oficina, fundado em 1958, Zé Celso escreveu, adaptou e dirigiu peças que entraram para a história da cultura brasileira e que formaram artistas ao longo de seis décadas. Para dimensionar o tamanho da história e da contribuição do artista ao Brasil, Natuza Nery ouve Pascoal da Conceição, ator, diretor e produtor cultural que começou a carreira no Teatro Oficina e que era amigo íntimo de Zé Celso. Neste episódio: - Pascoal conta quais eram os planos profissionais do dramaturgo: a adaptação do livro "A Queda do Céu", com pensamentos do xamã yanomami Davi Kopenawa, para uma peça que seria exibida em comunhão com a natureza no parque do Teatro Oficina. “Ele anunciou que este seria o trabalho mais importante da vida dele”, relata; - O ator comenta as qualidades de Zé Celso como diretor de teatro: “Ele faz trabalhos coletivos e tem a capacidade de catalisar o trabalho de muita gente”. E recorda como as atuações que fez na TV como Dr. Abobrinha, do Castelo Ra-Tim-Bum, e no teatro com Hamlet tiveram influência de sua direção. “Ele falava que não existe atuação no particular, ela é sempre pública”, lembra; - Ele também detalha a história do Teatro Oficina, alvo de censura e perseguições pela repressão da ditadura militar: atores e atrizes foram agredidos e houve até um incêndio criminoso. E, mais recentemente, a tentativa do dramaturgo em comprar o terreno – que está em disputa judicial com o Grupo Silvio Santos. “Ele foi até o Banco Central e disse: que economia você quer pro Brasil, a dos que fazem teatro ou carnê?”, conta; - Por fim, Pascoal recupera a ideia de Zé Celso que “não somos drama, somos tragédia” para explicar sua morte. E justifica porque ele tinha o apelido de ‘fênix’. “É obrigado a levantar e sair à luta, sair pra vida”, conclui.
7/7/202337 minutes, 9 seconds
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A ofensiva histórica de Israel na Cisjordânia

O saldo da maior operação militar israelense em duas décadas, na região de Jenin, foi de 12 mortos, dezenas de feridos e uma retaliação violenta de um integrante do grupo radical Hamas em Tel Aviv. O novo e sangrento capítulo da tensão histórica foi engatilhado quando o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou a construção de novos assentamentos em território reivindicado pela Autoridade Palestina. Para explicar o cenário do conflito, Natuza Nery recebe Guga Chacra, comentarista da Globo e da GloboNews em Nova York e colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Guga descreve o que é a Cisjordânia, a composição de sua população e como seu território está dividido atualmente: Israel controla 60% e é responsável pela administração e controle militar; e apenas 18%, separados em agrupamentos “ilhados”, está completamente sob domínio palestino. “Isso inviabiliza completamente a possibilidade de um Estado palestino ali”, afirma; - Ele explica como o governo de Netanyahu se aliou aos setores da extrema-direita e se tornou o “mais radical de todos os tempos” em Israel. E como, do outro lado, a liderança da Autoridade Palestina é “incompetente e enfraquecida” e vê partes do território submetidas ao Hamas; - O jornalista avalia quais são as perspectivas reais para a resolução do conflito. “Sou do grupo dos céticos”, afirma. Para ele, na prática, há dois caminhos: a manutenção do status quo ou a criação de um Estado palestino. “Israel já decidiu que quer o status quo, mas pros palestinos é uma situação insustentável”, conclui;
7/6/202322 minutes, 25 seconds
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A diferença de salário entre homens e mulheres

A legislação trabalhista determina igualdade de condições e remuneração independentemente do gênero, mas a realidade aponta que mulheres ainda recebem, em média, salários 30% menores que os homens na mesma função. Agora, a nova lei para paridade de gênero, sancionada pelo presidente Lula (PT) na segunda-feira (3), estabelece critérios objetivos a serem cumpridos pelas empresas e até o pagamento de multa equivalente a 10 vezes o salário da profissional discriminada. Para explicar a nova regra e propor soluções para o problema ainda mais complexo das condições de trabalho e carreira de mulheres, Natuza Nery conversa com a procuradora Danielle Olivares, vice coordenadora nacional de promoção de igualdade de oportunidades do Ministério Público do Trabalho, e Carmen Migueles, professora e pesquisadora da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da FGV-RJ. Neste episódio: - Danielle detalha as regras da nova lei: das obrigações das empresas à aplicação de penalidades e multas. “Ela traz possibilidade efetiva de corrigir as distorções entre a remuneração de homens e mulheres”, afirma; - Ela avalia que a nova lei trará benefícios ao exigir das empresas plano de ação do porquê da distorção salarial de gênero e da discrepância entre homens e mulheres nos cargos de gerência e diretoria. “É um grande passo no combate à discriminação”, resume; - Carmen informa que a massa salarial feminina é, em média, 30% menor do que a masculina. Entre as causas estão a “difícil questão da preferência das mulheres por empregos menos remunerados” e a “dupla jornada” de trabalho remunerado e de cuidado doméstico - que atingem a todas as classes sociais: “De um lado, mulheres desistem de se candidatar a cargos de diretoria; de outro, aceitam empregos de baixa remuneração”; - Ela aponta a “correlação direta entre a falta de suporte para a mãe que trabalha e a pobreza no Brasil e no mundo”. Para reverter isso, sugere a criação de creches 24 horas para crianças e idosos e de “redes de fraternidade feminina”.
7/5/202330 minutes, 32 seconds
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Reforma tributária – como ela afeta sua vida

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PL-AL), iniciou a semana com a promessa de pautar até sexta-feira (7) a votação em plenário da mais aguardada reforma do sistema econômico brasileiro. O texto negociado entre o Ministério da Fazenda, sob comando de Fernando Haddad (PT), e o grupo de Lira na Câmara, tem como principal objetivo a simplificação do sistema de impostos pela via da criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Para explicar o novo modelo e esclarecer quem é contra e quem é a favor, Natuza Nery conversa com Manoel Ventura, repórter do jornal O Globo, em Brasília. Neste episódio: - Manoel conta por que o andamento da reforma na Câmara “ganhou tração” nos últimos meses: a busca por protagonismo de Lira e o empenho dos ministros da Fazenda e do Planejamento pela pauta. “É uma reforma muito importante para reduzir a complexidade do sistema tributário brasileiro, e possibilitar atração de investimentos”, afirma; - O jornalista descreve de que modo o IVA deve ser aplicado: será dividido em dois, um federal e outro estadual. “A peculiaridade é que a alíquota deve ser a mesma [para todos os estados; hoje, cada um aplica a sua de modo independente]”, afirma – a mudança desagrada governadores; - Ele exemplifica com os casos do bombom, perfume e sorvete as distorções do sistema tributário brasileiro – resultado de lobby setorial e de estratégias do governo para incentivo de determinados produtos. No texto da reforma, sabe-se que “serviços de educação e saúde terão alíquotas 50% menores que a alíquota geral”; - Manoel esclarece a introdução do ‘cashback’ para os consumidores de baixa renda e dependentes de programas sociais, como o Bolsa Família: “Assim, focaliza-se a política pública”.
7/4/202330 minutes, 1 second
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O Brasil na Copa e o futuro do futebol feminino

Nesta segunda-feira (3), a seleção que vai representar o país na Copa do Mundo embarca rumo ao mundial. Entre os dias 20 de julho e 20 de agosto, as 23 escolhidas de Pia Sundhage, técnica da seleção, disputarão a Copa na Austrália e na Nova Zelândia: um plantel com número recorde de novatas e que tem também a maior artilheira da história do torneio, a “Rainha” Marta. Para analisar as chances do Brasil na Copa e contextualizar o momento do futebol feminino no país, Natuza Nery conversa com Renata Mendonça, comentarista de futebol da Globo. Neste episódio: - Renata avalia as condições reais da seleção no mundial. O Brasil hoje ocupa a 8ª colocação no ranking da Fifa e vê as equipes dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Alemanha e da Suécia à frente. Ela diz, no entanto, que “dá para nos animarmos” com um bom resultado; - A jornalista analisa a importância de Marta – que está em sua sexta Copa do Mundo – para o desenvolvimento do futebol feminino: “Quando se fala de futebol no Brasil, precisa falar de Pelé. E de futebol feminino, de Marta”, afirma. Para Renata, a participação de Marta no grupo, bastante renovado em relação ao último mundial, “representa a transformação” do esporte; - Renata questiona a resistência de clubes e organizações em relação ao futebol feminino. E acredita que a Copa pode colocar a Seleção, e o esporte, “na vida das pessoas”. “A bola de futebol pode fazer parte da vida de meninos e meninas igualmente. É a mudança real”, conclui.
7/3/202323 minutes, 9 seconds
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EXTRA: Bolsonaro inelegível e o futuro bolsonarista

Por 5 votos a 2, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral condenaram o ex-presidente pela prática de abuso de poder político e pelo uso indevido de meios de comunicação nas eleições de 2022. Desse modo, Bolsonaro (PL) fica inelegível para qualquer cargo público por 8 anos. No TSE ainda tramitam mais 15 processos contra ele – que avalia recorrer ao Supremo Tribunal Federal. Para explicar o que acontece agora no campo político bolsonarista e as perspectivas para as próximas eleições, Natuza Nery ouve o cientista político e filósofo Marcos Nobre, professor do departamento de Filosofia da Unicamp, pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e autor do livro “Limites da democracia: de junho de 2013 ao governo Bolsonaro”. Neste episódio: - Marcos Nobre avalia que o “bolsonarismo continuará operando porque é, sobretudo, uma organização digital”. Para ele, “o partido digital bolsonarista” deve continuar em atividade latente até as próximas eleições presidenciais, quando buscará “protagonismo político” e “hegemonia sobre a direita e a extrema-direita"; - Ele também aponta o sucesso da união entre este partido digital e o PL, legenda tradicional do Centrão, na eleição de 2022 – e como ela deve se manter. Para Marcos, Bolsonaro vai promover uma “guerrilha subterrânea” nessa aliança para manter sua influência e poder de decisão nas disputas eleitorais; - O analista político pondera que, mesmo com 25% da preferência do eleitorado, será difícil o ex-presidente fazer uma transferência direta de votos. “O bolsonarismo só vai conseguir funcionar ao criar um inimigo, e o inimigo será o governo Lula”, afirma. Mas Bolsonaro será um “grande cabo eleitoral”; - Marcos afirma que Bolsonaro tentará emplacar a imagem de “vítima do sistema” como uma comprovação de que sofre perseguição política e como modo de “reagrupar suas tropas”. “A luta contra o autoritarismo é uma luta de anos e não será resolvida rapidamente agora”, conclui o filósofo.
7/1/202326 minutes, 9 seconds
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O recorde de 110 milhões de refugiados

No Aeroporto Internacional de Guarulhos, um grupo de 200 afegãos passou dias acampado esperando acolhimento – o Ministério da Justiça resolveu abrigá-los em hotéis provisoriamente. Do outro lado do Oceano Atlântico acumulam-se naufrágios de embarcações com imigrantes da África e do Oriente Médio rumo à Europa – o número de mortos já passa de mil só em 2023. Resultado de guerras, fome, problemas climáticos e perseguições étnicas, religiosas e de identidade. Neste cenário, o mundo registra o maior número de refugiados da história. Para explicar as razões do fluxo inédito de pessoas entre países, Natuza Nery conversa com Luiz Fernando Godinho, porta-voz do Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) para a América do Sul. - Godinho justifica a crescente procura pelo Brasil como destino de refúgio por “sua liderança regional consolidada e sua legislação muito avançada”. “O país tem imagem de aberto e onde pessoas podem encontrar a proteção que necessitam”, afirma; - Ele também comenta o crescimento no número global de refugiados – os principais motivos são guerras, conflitos e perseguições; insegurança alimentar e mudanças climáticas também são relevantes. “Crises que se sobrepõem umas às outras”, diz; - O porta-voz da Acnur analisa as possíveis soluções para garantir segurança jurídica e mesmo física para que as pessoas possam chegar a seus destinos. “Muitas dessas pessoas são vítimas de crimes organizados de tráfico de pessoas”, alerta; - Godinho esclarece que a decisão de deixar um país é uma “situação extrema que ninguém quer passar” e que a maioria das pessoas gostaria de voltar para suas casas. Mas, segundo ele, são necessárias "várias condições para que as pessoas possam retornar”, pondera.
6/30/202322 minutes, 13 seconds
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Censo: o impacto de a população crescer menos

O Brasil conheceu, depois de 12 anos, a resposta para a pergunta: quantos somos? Depois de ser adiado por dois anos devido à pandemia e a problemas orçamentários, o Censo foi realizado apenas em 2022 – e teve alguns de seus dados divulgados nesta quarta-feira (28) pelo IBGE. A descoberta mais importante é a contagem de habitantes: somos 203 milhões de brasileiros, um número quase 5 milhões abaixo das estimativas. Para explicar o que isso significa e destrinchar os dados disponíveis, Natuza Nery entrevista Suzana Cavenaghi, doutora em demografia pela Universidade do Texas (EUA) e ex-coordenadora, professora e pesquisadora da pós-graduação da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE. Neste episódio: - Suzana chama a atenção para a menor taxa de crescimento populacional em 150 anos: “Daqui a pouco precisamos chamar de [taxa de] variação, porque ela vai ficar até negativa”. E projeta que já na próxima década não só o crescimento vai ser reduzido como a população total irá diminuir. “Vamos ter que ajustar a economia, a educação, o mercado de trabalho e o acesso à saúde”, reforça; - Ela lamenta o “péssimo trabalho” feito pelo país nas últimas décadas de bônus demográfico. E aponta dois motivos: mercado de trabalho incapaz de absorver toda força produtiva e falta de investimento adequado para a educação. “O problema é que se passarmos a ser um país envelhecido antes de dar um salto à renda alta, nunca mais vamos conseguir isso”, afirma; - A demógrafa comenta o baixo índice de resposta ao questionário do IBGE, um fenômeno que se repete em todo o mundo e demonstra a “exaustão das pessoas” em atender pesquisas. “Falta consciência de cidadania”, avalia. “[Responder] ajuda o país a se conhecer e a garantir o bom uso dos recursos públicos”.
6/29/202325 minutes, 46 seconds
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O agronegócio e o desafio da sustentabilidade

O Plano Safra para o biênio 2023-2024 foi lançado nesta terça-feira (27) e terá o maior valor já investido da história: estão previstos R$ 364 bilhões em créditos rurais para médios e grandes produtores. E além do recorde de recursos financeiros – houve um acréscimo de 27% em relação à última edição – o plano prevê novidades em relação aos critérios ambientais com o objetivo de expandir a agricultura de baixo carbono. Para analisar o status atual da relação entre o agronegócio e as pautas sustentáveis, Natuza Nery entrevista Marcelo Morandi, ex-chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, e Roberto Rodrigues, professor emérito e coordenador do Centro de Agronegócios da FGV-SP e ministro da Agricultura entre 2003 e 2006. Neste episódio: - Marcelo comenta a importância de empregar técnicas sustentáveis para a produção de comida e para garantir a segurança alimentar da população brasileira. Ele afirma que “há conhecimento científico” suficiente para crescer a produção de forma sustentável - e que o Plano Safra pode garantir o crédito para isso; - Ele também destaca quais são as principais tecnologias que garantiram ao Brasil o cumprimento da meta de emissão de carbono no ciclo de 2010 a 2020. Agora, na segunda fase de metas, o país terá que alcançar um objetivo cinco vezes maior: “Está de acordo com as ambições do Brasil nos acordos internacionais”; - Roberto detalha a cadeia produtiva do agronegócio no Brasil e afirma que apenas 2% de todo o desmatamento é feito por agricultores; os 98% restantes são “aventureiros e criminosos”. Mas que, para conquistar os mercados internacionais, é preciso “eliminar todas as ilegalidades” para se sobrepor às barreiras tarifárias ambientais; - O ex-ministro afirma que, ao agro, cabe apenas “trabalhar de acordo com a lei”; a fiscalização cabe exclusivamente ao governo. “Por outro lado, a sociedade como um todo não pode eleger quem não trabalha contra as ilegalidades”, conclui.
6/28/202329 minutes, 5 seconds
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A rebelião que desafiou o poder de Putin

Desde as primeiras ações da invasão russa na Ucrânia, o exército de Moscou tem o apoio do grupo armado de mercenários Wagner – nome que faz referência ao compositor favorito de Adolf Hitler. Nos últimos dias, o chefe do grupo, Yevgeny Prigozhin, anunciou um motim contra as lideranças militares do Kremlin e prometeu uma campanha em direção a Moscou. A ofensiva do até então aliado de Putin foi interrompida com a promessa do governo russo de anistiar os soltados e lideranças que aderiram ao motim, mas não sem consequências para a imagem de Putin. Para explicar os impactos dessa rebelião na política russa e no conflito contra a Ucrânia, Natuza Nery conversa com Tanguy Baghdadi, professor de Política Internacional na Universidade Veiga de Almeida e fundador do podcast Petit Journal . Neste episódio: - Tanguy descreve quem é Prigozhin, suas relações com o alto poder de Moscou e como ele ascendeu até o comando do Grupo Wagner. “Ele fez parece que invadir a Rússia não era tão difícil assim”, afirma; - O professor comenta a situação atual de Putin diante da opinião pública interna e da comunidade internacional: “Pela primeira vez em mais de 20 anos, Putin parece não ser mais intocável”. Mas aposta que o líder russo não vai “cruzar os braços” e que irá trabalhar para reocupar seu status e “esmagar” os opositores; - Tanguy também analisa como Prigozhin tenta se colocar como um dos mais importantes atores na política russa, mas sem bater de frente com Putin – que tem toda a máquina de Estado a seu favor e é muito popular. “Pela primeira vez, se fala sobre a sucessão de Putin. E Prigozhin sente o cheiro da oportunidade”, conclui.
6/27/202327 minutes, 25 seconds
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Câncer: a terapia revolucionária que cura

Paulo Pelegrino tem 61 anos, e viveu os últimos 13 sob contínuos tratamentos para se livrar do câncer. Em 2023, conseguiu. Durante 1 mês, Paulo foi submetido a uma terapia experimental que está sendo desenvolvida e aplicada no Brasil pela USP, em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto. Trata-se da CAR-T Cell, tecnologia celular aplicada em alguns pacientes na Europa e nos EUA - lá, o tratamento custa cerca de R$ 2 milhões; aqui, o SUS irá disponibilizá-la gratuitamente assim que for aprovada pela Anvisa. Paulo relata a Natuza Nery o que ele passou nos últimos anos. Participa também o médico Dimas Covas, diretor do Hemocentro de Ribeirão Preto, professor da USP na mesma cidade e coordenador do Centro de Terapia Celular da instituição. Neste episódio: - Paulo conta o que sentiu ao ver as imagens de seus exames antes e depois da terapia: a primeira mostra um corpo tomado por tumores, e a segunda “era como se tivessem passado uma borracha naquilo”. “A ficha não caiu ainda”, celebra; - Para Paulo, o desfecho de sua história é uma “ressureição”. Ele diz se sentir “envaidecido” de ter sido um dos 14 pacientes cobaia deste experimento, realizado gratuitamente pelo SUS e que devolve às pessoas “a crença na ciência e a esperança na cura”; - Dimas Covas explica o que é a terapia CAR-T Cell e descreve seu funcionamento: as células T do paciente são extraídas e, no laboratório, são modificadas geneticamente para perseguirem e atacarem as células cancerígenas. De volta ao corpo, ele afirma, “essas células conseguem em 15 a 20 dias destruírem completamente o tumor”; - Ele anuncia que “o próximo desafio é levar o tratamento aos pacientes do SUS”. Para isso, o primeiro passo é registrar a terapia na Anvisa e, depois, “em um prazo máximo de um ano e alguns meses” poderemos ver este tratamento disponibilizado no SUS. “O CAR-T Cell será a nova fronteira do tratamento de câncer em geral”, conclui.
6/26/202329 minutes, 18 seconds
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A implosão do submersível rumo ao Titanic

Cerca de 1 hora e 45 minutos depois de submergirem no Oceano Atlântico, os cinco passageiros que desciam ao fundo do mar para ver os destroços da mais famosa embarcação do mundo perderam o contato com a base. Eles estavam dentro da cápsula Titan, com 6,5 metros de altura e 3 metros de largura - uma estrutura modesta controlada por um joystick de videogame. A busca pela embarcação mobilizou equipamentos de vários países e atraiu a atenção do mundo. Na manhã desta quinta-feira (22), chegou-se ao desfecho: o submersível implodiu, e todos os passageiros morreram. Para explicar toda essa história, Natuza Nery conversa com Candice Carvalho, correspondente da Globo que fala direto de Boston, onde a Guarda Costeira americana coordenava as buscas, e com o médico Camilo Saraiva, especialista em medicina do mergulho e diretor médico da Divers Alert Network. Nesse episódio: - Candice relata toda a operação de buscas até a confirmação da implosão do submersível: “Era o que as autoridades temiam desde o início”. Isso porque, a despeito de aspectos amadores de seu padrão de segurança, o Titan tinha sete planos de emergência para salvar os passageiros. “Mas em caso de implosão, não tem o que fazer”; - A jornalista descreve os desafios que as equipes de busca enfrentaram: ondas de 2 metros de altura e ventos fortes em um dos lugares mais inóspitos do Oceano Atlântico, a 600 km da costa canadense; tudo isso numa profundidade de 3.800 metros. “Poucos equipamentos no mundo chegam a uma profundidade tão grande porque a pressão da água é enorme”, afirma; - Camilo explica o que acontece no corpo humano ao ser submetido a diferentes intensidades de pressão em ambiente aquático. “No caso do submarino, a pressão é quase 400 vezes maior que na superfície da praia”, esclarece; - Ele descreve o que provavelmente aconteceu com o equipamento, de acordo com as informações da Guarda Costeira americana: “Ele cedeu à pressão bruscamente e foi implodido pela força da água”, conclui.
6/23/202327 minutes, 29 seconds
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Bolsonaro julgado no TSE: risco da inelegibilidade

A partir desta quarta-feira (22), o ministro do Tribunal Superior Eleitoral Benedito Gonçalves, relator da ação, iniciará a leitura de seu voto. Ele será o primeiro dos 7 ministros a decidir o futuro político de Bolsonaro, que corre o risco de ficar até 2030 impedido de disputar eleições. O TSE analisa o episódio no qual o ex-presidente convocou embaixadores para, sem provas, denunciar o processo eleitoral brasileiro e questionar a lisura da urna eletrônica. Para explicar o processo judicial e os argumentos de acusação e defesa, Natuza Nery conversa com Fernanda Vivas, produtora da TV Globo em Brasília especialista no Judiciário, e Oscar Vilhena, professor de direito na FGV-SP e autor do livro “Constituição e sua reserva de Justiça”. Neste episódio: - Fernanda descreve o mérito da ação que será analisada pelos ministros do TSE: abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. “Se analisares que a ação procede, Bolsonaro fica inelegível”; - A jornalista também menciona os diversos processos que tramitam no Supremo contra o ex-presidente. “São ações de ordem criminal e foram enviadas às instâncias inferiores, agora que Bolsonaro não tem mais foro privilegiado”, explica - são esses casos que podem até levá-lo à prisão; - Oscar destaca a “peculiaridade” da situação enfrentada por Bolsonaro, que teve processos contra ele represados pela inação da PGR e da Câmara. “Agora esses processos têm o devido procedimento”, afirma; - Ele analisa o funcionamento da justiça eleitoral e sua “jurisprudência robusta” contra abuso de poder econômico e abuso de poder político: “O que não tínhamos era abuso de poder para conspirar contra o próprio processo democrático”. E, caso confirmada a inelegibilidade do ex-presidente, Oscar entende que o tribunal “sinaliza para o futuro que novas conspirações não serão toleradas”.
6/22/202328 minutes, 24 seconds
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El Niño - como evitar a catástrofe climática

O inverno no hemisfério sul começa nesta quarta-feira (21), e este ano ele será muito mais quente que o normal. Resultado do fenômeno El Niño, que deve alterar profundamente o regime de chuvas e pode elevar a temperatura em até 2,5°C - o que configuraria um raro “Super El Niño”. Para entender as consequências do fenômeno e o que fazer para mitigar seus danos, Natuza Nery entrevista Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP e integrante do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Neste episódio: - Paulo Artaxo detalha o que é o fenômeno, e como ele impacta as temperaturas e, principalmente, o ciclo hidrológico do planeta. Devido ao aquecimento anormal das águas dos oceanos, informa, este ano deve ter “aquilo que a gente chama de Super El Niño”, com efeito na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos; - O professor detalha o mecanismo de como o El Niño age sobre o território brasileiro: “Ele faz com que massas de ar mais secas cheguem ao Nordeste, e massas de ar com mais umidade cheguem ao Sul”. Assim, haverá menos precipitações na Amazônia e no Cerrado e chuvas torrenciais no Sul, em ambos os casos com “danos socioeconômicos”; - Artaxo destaca “uma das várias vulnerabilidades do Brasil em relação às mudanças climáticas”: uma economia muito dependente de uma única atividade, o agronegócio - setor que terá impacto negativo na produtividade; - O cientista recorda que há mais de 50 anos já se alerta sobre os riscos das mudanças climáticas, “mas os governos não agiram e, hoje, há impactos no mundo todo”. Para remediar isso, ele afirma, é preciso reduzir a emissão de carbono (com foco em zerar desmatamento e reduzir o uso de combustíveis fósseis) e se adaptar ao novo clima, nas cidades e na agricultura.
6/21/202322 minutes, 41 seconds
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Juros altos e a pressão sobre o Copom

A partir desta terça-feira (20), o Comitê de Política Monetária do Banco Central se reúne mais uma vez para decidir a taxa básica de juros. A decisão sai na quarta-feira (21), e a expectativa do mercado é de que ela seja mantida em 13,75%, o maior patamar em 6 anos e meio. O ciclo de queda deve começar somente a partir da reunião de agosto. Diante dos índices positivos no cenário econômico – PIB mais alto que o esperado, e inflação, câmbio e juros futuros em baixa – até mesmo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já ameaça vocalizar contra o Banco Central e o presidente da instituição, Roberto Campos Neto. Para analisar as pressões e as consequências da Selic nas alturas, Natuza Nery conversa com a economista Monica de Bolle, pesquisadora sênior do Peterson Institute for Internacional Economics. Neste episódio: - Monica ratifica as críticas ao BC e afirma que a instituição “já está atrasada no processo de redução de juros”. E, afirma, não será agora. Por dois motivos: a necessidade de comunicação prévia, via atas do Copom, e o “cenário turvo” que os bancos centrais de todo o mundo enfrentam diante da resistência da inflação nos países desenvolvidos; - Ela explica por que o efeito da redução da Selic só tem efeito na economia pelo menos 6 meses depois. E que a “relutância do BC em reduzir os juros causa perplexidade”, mesmo diante dos desafios do cenário externo e do “embate político” com o Palácio do Planalto; - A economista relata que desde o início do ano as condições de crédito já "eram muito ruins” e pressionam empresas e famílias em direção ao endividamento. “Quanto mais tempo as taxas de juros estiverem altas, menos capacidade de pagamento elas têm”, resume.
6/20/202324 minutes, 2 seconds
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Everest: temporada mortal no topo do mundo

Todos os anos, cada vez mais turistas encaram o desafio de subir ao ponto mais alto do mundo, a 8.849 metros de altura. Não é exagero: o número de alpinistas (profissionais e amadores) dispostos a essa aventura cresceu tanto que houve até um recente episódio de congestionamento nos metros finais da subida. A superlotação aumenta o risco – assim como os ventos cortantes de 100 km/h e a temperatura que chega a -50°C. Para contar a experiência de subir o Everest e explicar todos os perigos envolvidos, Natuza Nery entrevista Clayton Conservani, jornalista de esporte do Grupo Globo. Neste episódio: - Clayton analisa os fatores climáticos que resultaram em uma temporada especialmente perigosa para os alpinistas no Everest: “Os principais obstáculos para alcançar o topo são a velocidade dos ventos e a falta de oxigênio”. Quando isso se soma a temperaturas muito baixas, como neste ano, há uma “combinação fatal”; - Ele, que já subiu o monte duas vezes, relata o passo a passo da expedição, que dura cerca de dois meses – e destaca o perigo de cruzar a “cascata de gelo” e de entrar na “zona da morte”. “O corpo humano não foi feito para suportar grandes altitudes”, afirma. “Acima dos 5.000 metros, é como respirar com um pulmão só, e você se sente morrendo lentamente”; - O jornalista recorda o impacto do terremoto de 2015 no Nepal e como foram os 10 dias de cobertura: “Estávamos lá durante o pior terremoto dos últimos 80 anos”. Ele relata a destruição que viu em Katmandu e também na montanha – e como isso prejudicou o turismo no Nepal e incentivou a emissão de mais licenças para alpinistas no Everest; - Clayton conta como foi a tentativa de chegar ao cume da montanha em 2005, quando ficou 79 dias em expedição e perdeu cerca de 15 kg – e como seu amigo, um dos maiores alpinistas brasileiros, Vitor Negrete, morreu horas depois de chegar ao ponto mais alto do mundo.
6/19/202327 minutes, 24 seconds
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Blindagem de políticos: aprovação a toque de caixa

A toque de caixa, a Câmara aprovou um projeto de lei que pune “discriminação contra políticos”. O texto foi apresentado pela deputada Dani Cunha (União Brasil), filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Entre os pontos, está a punição para quem negar crédito a quem for “politicamente exposto” - uma lista de 99 mil pessoas com muito poder, além de parentes, sócios e colaboradores de políticos. Para entender o projeto e o que a tramitação relâmpago dizem sobre a política em Brasília, Natuza Nery conversa com Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e da rádio CBN. Neste episódio: - Maria Cristina Fernandes explica os pontos do projeto e como ele foi “incluído de supetão” na pauta da Câmara. “A verdade é que na noite de quarta-feira ninguém sabia exatamente o que estava sendo votado”, diz; - “Os partidos estão em uma cruzada para ampliar a margem de atuação e descriminalizar a atuação dos dirigentes partidários”, diz, ao citar o interesse de parlamentares de blindar partidos e dirigentes na gestão de recursos dos fundos Partidário e Eleitoral; - A jornalista aponta para a importância de entender o momento em que o texto foi aprovado na Câmara, quando há “tentativa do Centrão de ampliar a todo custo seu espaço no governo”; - E conclui como a relação entre o presidente Lula e o deputado Arthur Lira, que comanda a Câmara, explica as circunstâncias da votação do texto.
6/16/202327 minutes, 26 seconds
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As igrejas evangélicas e a comunidade LGBT+

O mês de junho marca as comemorações do orgulho LGBT+, e é também quando acontece a Marcha para Jesus. Evidenciando um discurso pela inclusão de fieis de diferentes orientações e identidades, enquanto parte conservadora dos evangélicos resiste. Para entender como grupo evangélicos acolhem a comunidade LGBT+, e a reação a este movimento, Natuza Nery recebe dois pastores. Hermes Carvalho Fernandes, da Igreja Reina, psicólogo, teólogo e autor de “Homossexualidade: da sombra da lei à luz da graça”, e Fellipe dos Anjos, doutorando em Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo. Neste episódio: - Hermes expõe o que o fez lutar pela causa da inclusão e explica quais trechos da Bíblica são usados para justificar a homofobia. Ele cita “interpretações equivocadas” e explica a leitura que faz destes mesmos trechos: “Não encontramos uma única passagem que fale sobre homoafetividade”, diz; - O pastor fala de perseguições sofridas ao acolher a diversidade, e é categórico ao dizer que não trocaria este acolhimento para ter um número ainda maior de fieis. “Aquela pessoa que nós acolhemos, para onde iriam?”, questiona. "De que adianta arrastar multidões com conservadorismo doentio?”; - Fellipe dos Anjos explica o surgimento de alas progressistas entre os evangélicos, grupo religioso em crescimento no Brasil nas últimas décadas. “Os evangélicos não só cresceram, mas também se pluralizaram”, afirma – ao citar minorias teológicas, sociais, raciais, culturais, políticas e sexuais; - Ele analisa por que grupos mais conservadores “se fecham” à pluralidade. E conclui: “o que explica um recrudescimento do fundamentalismo é uma aliança com a extrema-direita cultural e política”.
6/15/202322 minutes, 47 seconds
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Colômbia: como resgate de 4 irmãos uniu militares e indígenas

No dia 1° de maio, um avião com 7 pessoas decolou para fazer o trajeto entre as cidades colombianas de Araracuara e San Jose del Guaviare. Sinais de alerta de falha foram emitidos pelo piloto pouco antes da queda que matou 3 adultos. Começava ali a operação Esperança, que por 40 dias buscou 4 crianças sobreviventes – elas foram resgatadas na última sexta-feira de helicóptero, desnutridas, desidratadas e com picadas de insetos. Para entender como a história dos 4 irmãos indígenas revela a situação política do país, Natuza Nery conversa com Carlos de Lannoy, enviado especial da Globo à Colômbia, e Thiago Vidal, diretor de análise política para a América Latina da consultoria Prospectiva. Neste episódio: - Direto de Bogotá, Lannoy monta o quebra-cabeças do período em que os irmãos ficaram perdidos na selva: “Elas sobreviveram graças ao conhecimento que tinham da floresta”, explica. Ele descreve uma região onde chove torrencialmente até 16 horas por dia, com mata densa, animais venenosos e predadores; - O jornalista relata como o resgate às crianças indígenas engajou “um país dividido” há décadas por conflitos armados. Ele relembra o caso “dos falsos positivos”, indígenas acusados por militares de fazer parte de grupos guerrilheiros. E como “colombianos estão surpresos ao ver militares e indígenas juntos na floresta nas buscas”; - Thiago Vidal relembra a relação conflituosa entre indígenas e guerrilheiros na Amazônia colombiana. “Comunidades agrícolas e indígenas foram as mais prejudicadas pelo avanço do narcotráfico”, explica, ao lembrar os “desplazados”, pessoas obrigadas a sair de suas terras pelo avanço do tráfico e das guerrilhas; - O analista conclui como um recente cessar-fogo anunciado com o ELN (Exército de Libertação Nacional) e o resgate das crianças interferem no momento político do presidente Gustavo Petro, o primeiro de esquerda a governar a Colômbia.
6/14/202329 minutes, 29 seconds
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O celular de Cid e a CPI dos Atos Golpistas

Preso desde que a Polícia Federal deflagrou uma operação sobre a falsificação nos cartões de vacina de Jair Bolsonaro (PL), o ex-ajudante de ordens da Presidência se complicou ainda mais diante da descoberta de novas evidências de crime em seu celular. A PF encontrou conversas sobre tramas e tratativas para inviabilizar a posse de Lula (PT) como presidente. E também a troca de documentos propostos para legitimar uma ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e a favor de um golpe de Estado. Para explicar os impactos e repercussões desse novo elemento no desenrolar da CPI dos Atos Golpistas, Natuza Nery conversa com Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Malu avalia que as novas evidências encontradas no celular do ex faz-tudo de Bolsonaro “complicam bastante” a situação dele e reforçam a tese de que Cid atuava “para justificar um golpe de Estado”; - Ela analisa os movimentos do governo e da oposição para assumir o protagonismo da CPI dos Atos Golpistas: “Até agora, embora os atos de 8 de janeiro tenham sido claramente fomentados por bolsonaristas, é o governo que parece acuado”. Um dos motivos, informa, é a presença do ex-chefe do GSI, Gonçalves Dias, no Palácio do Planalto no dia da invasão; - Malu chama a atenção para o fato de que, pela primeira vez, uma CPI terá que convocar e, possivelmente, indiciar generais. “É uma coisa muito séria que o governo Lula queria evitar, agora que a situação entre governo e militares está mais calma”, afirma; - A jornalista também comenta, à luz das novas evidências contra Mauro Cid, o que deve acontecer no julgamento de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (agendado para o dia 22 de junho): “É fato político que pode interferir”. Ela informa que “até os advogados de Bolsonaro” acham que a corte deve decidir pela inelegibilidade e que o “ex-presidente está com muito medo de ser preso”.
6/13/202328 minutes, 17 seconds
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O desafio da alfabetização no Brasil

Levantamento recente do Ministério da Educação concluiu que apenas 4 em cada 10 crianças do 2º ano do Ensino Fundamental estão alfabetizadas. Resultado de um histórico de fragilidades na formação educacional, somado à gestão desastrosa dos anos nos quais houve a necessidade de isolamento social. Para explicar os retrocessos provocados pela pandemia e quais os desafios para alfabetizar as crianças brasileiras, Natuza Nery entrevista a pedagoga Isabel Frade, presidente emérita da Associação Brasileira de Alfabetização e pesquisadora do centro de alfabetização, leitura e escrita da UFMG; e fala também com Gabriel Corrêa, economista e diretor de políticas públicas no Todos pela Educação. Neste episódio: - Isabel explica a evolução do conceito de alfabetização ao longo dos anos e como “mudanças no uso da escrita na sociedade” impuseram a ideia de letramento no contexto educacional. “A expectativa hoje é que a criança, além de decifrar o sistema de escrita e dominar os instrumentos de escrita, seja leitora e produtor de texto”, afirma; - Ela demonstra porque o processo de alfabetização não é apenas uma questão de gestão ou pedagógica: “A desigualdade tem que ser colocada em primeiro plano". E, do lado de dentro da escola, além da universalização do acesso à educação, é preciso “metodologias, materiais, formação de professores e condições de trabalho”; - Gabriel diz que “não há bala de prata” para resolver a educação no Brasil, mas aponta ações cuja eficácia já foi observada: foco na formação de professores, melhor gestão escolar e avaliações mais precisas. Para isso, destaca que “estados e governo federal precisam apoiar e dar incentivo para aos municípios”; - Ele também chama a atenção para a “tragédia silenciosa” de não alfabetizar as crianças no tempo ideal. “É preciso uma ação emergencial para evitar que isso prejudique toda a continuidade de suas vidas”, clama.
6/12/202325 minutes, 58 seconds
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O brasileiro endividado – e o impacto na economia

O governo lançou um programa que pode atender até 70 milhões de brasileiros inadimplentes. O Desenrola vai ajudar quem ganha até 2 salários-mínimos e tem dívidas de até R$ 5 mil a renegociar e parcelar seus débitos a juros muito abaixo da prática do mercado. Para explicar como o programa irá funcionar e sua repercussão na economia, Natuza Nery entrevista Renato Meirelles, fundador do Instituto Locomotiva e do Data Favela, e Rafael Pereira, ex-presidente da Associação Brasileira de Crédito Digital e cofundador da fintech Crédito Open Co. Neste episódio: - Renato lembra como as classes D e E foram as que mais sofreram durante a pandemia: enfrentaram alta da inflação dos alimentos e perda de emprego formal e informal. “Isso acaba com a ideia de que as pessoas estão inadimplentes porque são perdulárias”, afirma; - Ele revela que grande parte da população inadimplente adquiriu a dívida “com crédito concedido enquanto tinha renda formal” e que, agora, dispõem das mais diversas estratégias para conseguir pagar as necessidades básicas: “61% dos endividados têm o hábito de fazer rodízio de contas para escolher que compromissos poderão honrar”; - Renato avalia o potencial econômico de R$ 800 bilhões do contingente de brasileiros que estão negativados: uma vez com o nome limpo, esse brasileiro “vai gastar com o seu cartão de crédito" fazendo varejistas "vender mais e, assim contratar mais gente”. Por isso o programa, explica, deve ser encarado “como auxílio aos mais necessitados” e como estímulo para um “ciclo econômico virtuoso”; - Rafael analisa de que modo muitas famílias recorrem ao crédito como um adicional à renda para compensar a corrosão do poder de compra imposta pela inflação: “É a lógica de vender o almoço para pagar o jantar. Isso não funciona e gera um problema social enorme”.
6/7/202324 minutes, 58 seconds
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Junho de 2013: as manifestações que abalaram o país

Os protestos começaram tímidos, contra o aumento de 0,20 centavos nas passagens do transporte público e com a reivindicação da tarifa zero. Conforme os atos ganhavam adesão popular, mais violenta a repressão policial: em poucos dias, as ruas das maiores cidades brasileiras estavam tomadas por milhões de manifestantes. Um terremoto que sacudiu a sociedade, criou diferentes movimentos sociais e lançou novos atores no cenário político. Para entender o impacto dos protestos na última década, Natuza Nery conversa com Roberto Andrés, professor da escola de arquitetura da UFMG e autor do livro “A razão dos centavos: crise urbana, vida democrática e as revoltas de 2013”. Neste episódio: - Roberto recorda que as revoltas contra aumentos tarifários remontam desde o século 19, um sinal de que “a questão da mobilidade urbana nunca foi bem endereçada”. No momento das manifestações de 2013, havia um novo elemento em jogo: as redes sociais. “De positivo, houve mais democratização nos eventos. De negativo, o debate ficou mais superficial”, analisa; - Ele lembra que o pós-junho de 2013 foi marcado pela profusão de movimentos populares, e que o acirramento da polarização política começa a aparecer no contexto das eleições presidenciais de 2014. “Os autoritários de extrema-direita surgem na segunda metade da década com falsas soluções para os mesmos problemas”; afirma; - Ele também observa que a pauta da tarifa zero, uma demanda vista como “irrealista e impossível” em 2013, teve um salto no Brasil desde então: hoje, são mais de 70 cidades que adotam a política, servindo mais de 3,5 milhões de pessoas. “As manifestações colocaram a ideia no centro do debate”; - Roberto afirma que, dez anos depois da revolta, “quem está melhor posicionado na política brasileira é o Centrão”. E conclui que, com a eleição do Lula, fica evidente que “as agendas demandadas lá atrás ainda não foram absorvidas pela esquerda”.
6/6/202324 minutes, 17 seconds
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Bruno e Dom, 1 ano do crime no Vale do Javari

No dia 5 de junho de 2022, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram vítimas de uma emboscada próxima à comunidade de São Rafael, região da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Na ocasião, apontam as investigações da polícia, eles foram executados com tiros nas costas por pescadores ilegais, a mando de financiadores do crime organizado. Para esclarecer o que se sabe deste crime um ano depois e as consequências dele no Vale do Javari, Natuza Nery conversa com Sônia Bridi, repórter do Fantástico e diretora do documentário “Vale dos isolados: o assassinato de Bruno e Dom”, disponível no Globoplay. Neste episódio: - Sônia relata os mais de 70 dias que passou no Vale do Javari para a gravação do documentário. “O cenário da Amazônia era outro e a água tinha abaixado mais de 3 metros em relação ao dia do crime”, recorda. Assim, ela acompanhou amigos e ex-colegas de Bruno numa incursão em busca de objetos pessoais dele e do jornalista: foram encontrados documentos, um caderno de anotações e um celular, cujas imagens “deixam clara a dinâmica do que aconteceu”; - Ela também explica a história de violência desmedida contra os indígenas que aflige há décadas o Vale do Javari. Há mais de 40 massacres relatados e registrados – em pelo menos dois deles, ocorridos em 1989 e 1995, assassinos têm relação com os executores de Bruno e Dom. E agora, a polícia tem indícios de que o mandante da morte dos dois é também responsável pelo homicídio do indigenista Maxciel Pereira, em 2019; - A jornalista apresenta uma figura importante no crime organizado da região, o Colômbia. É ele o suspeito de mandar matar Bruno, Dom e Maxciel, além de financiar a pesca ilegal e de estar relacionado à lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de drogas. “Eu fui até a balsa onde operava o negócio do Colômbia, e fui intimidada e colocada para fora por policiais peruanos”, revela; - Sônia recorda as conversas que teve com os indígenas sobre o trabalho de Bruno no Vale do Javari: “Eles diziam que o Bruno era ‘parte de nós’, que era um parente”. Eles também contaram à jornalista que, em termos de segurança, nada mudou neste último ano. “As pessoas continuam sendo ameaçadas e com medo”, afirma.
6/5/202337 minutes, 19 seconds
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Zanin, o indicado de Lula ao STF

Desde que o Supremo anulou todas as condenações e devolveu a elegibilidade a Lula, o nome do advogado Cristiano Zanin aparecia no topo da lista de possíveis indicações à Corte caso o petista voltasse ao Palácio do Planalto. Lula venceu a eleição e, com a aposentadoria de Ricardo Lewandowski, confirmou o favoritismo de seu advogado pessoal na saga que travou contra a Lava Jato – agora, seu nome precisa ser também aprovado no Senado por maioria simples. Para analisar as contradições de Lula nas indicações ao STF e os desafios de Zanin para superar desconfianças, Natuza Nery entrevista Felipe Recondo, sócio-fundador da plataforma Jota e autor de dois livros sobre o Supremo, e Conrado Hubner Mendes, doutor em direito e ciência política e professor de Direito Constitucional na USP. Neste episódio: - Recondo descreve os 23 anos de carreira de Zanin: os grandes casos em que trabalhou; sua atuação na Lava Jato; e o que pensa sobre pautas que transitam pelo Supremo. “Ele tem sensibilidade para a estabilidade do setor produtivo, e não vai se alinhar nem aos ministros mais progressistas, nem aos conservadores”, afirma; - Ele também comenta as reações dos ministros da Suprema Corte à indicação: “Eles sabem que a realidade é que Zanin estava na cabeça e no coração de Lula”. Isso porque, agora no terceiro mandato, Lula assumiu que a indicação para o STF seria “da sua confiança e de sua responsabilidade”; - Conrado observa que o provável ingresso de Zanin no Supremo é a manutenção “da tradição oitocentista” em relação à diversidade – uma maioria de 95% de homens brancos entre todos os ministros. “Um tribunal mais diverso é um tribunal mais inteligente e com mais força para cumprir sua missão”; - Para o futuro da Corte, ele afirma que Zanin carrega consigo um “fardo de desconfiança para o STF”. E que o fato do presidente indicar um aliado pessoal e uma “incógnita jurídica” dá todos os sinais de que seus critérios são “pouco republicanos e pouco constitucionais” - Rosa Weber se aposenta até outubro e Lula indicará o substituto.
6/2/202335 minutes, 18 seconds
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Lula, a desarticulação e o poder de Lira

Foi aos 45 do segundo tempo, mas o governo conseguiu aprovar na Câmara a Medida Provisória que mantém a atual estrutura do Planalto, com 37 ministérios. O texto final recebeu alterações, enfraqueceu os ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas e correu o risco de ficar fora da pauta no dia limite para a votação. Tarde da noite desta quarta-feira (31), véspera do dia em que perderia a validade, a MP passou com 337 votos a favor e 125 votos contrários. Agora, o texto será votado nesta quinta (1º) no Senado – e a expectativa é que seja aprovado. Para explicar as vitórias e derrotas do Executivo diante do Congresso e a tensa relação entre Lula (PT) e Arthur Lira (PP-AL), Natuza Nery conversa com Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, na TV Cultura. Neste episódio: - Vera imputa a Lira “responsabilidade total” na resistência da Câmara em aprovar a MP governista: “Lira é uma entidade que detém a maioria dos deputados” - e ganha mais poder diante de um “governo fraco” politicamente no Parlamento; - Ela comenta a “ausência de Lula na articulação política”, que resulta de sua atenção excessiva com as relações exteriores e que pode “inviabilizar o governo na largada”: assim como enquadrou Bolsonaro com dezenas de pedidos de impeachment na mão, Lira pode colocar o atual presidente contra a parede ao pautar as CPIs; - Vera também revela a conversa que teve com um influente parlamentar: “Ele falou: ‘ganhou a eleição por 80% a 20%? Não, foi por 51% a 49%’. E é essa ideia que vai nortear tudo nesses quatro anos”, afirma. Assim, avalia, Lula corre o risco de ter um governo mais regressivo do que o do próprio Bolsonaro - “estão achando mais confortável passar a boiada sem o Bolsonaro para atrapalhar”; - A jornalista analisa a pressão do Congresso sobre o STF na questão do marco temporal das terras indígenas. “A Corte está dividida”, revela, sobre o julgamento em relação à constitucionalidade do tema, pautado para 7 de junho.
6/1/202329 minutes, 55 seconds
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Gripe aviária no Brasil – quais os riscos?

Nos últimos anos, surtos de contaminação com o vírus H5N1 vem se espalhando pelo globo, e se aproximando cada vez mais do Brasil. O país, que nunca registrou sinais de gripe aviária em granjas, identificou dois casos em aves silvestres no Espírito Santo; desde então, novos focos apareceram. São 13 até agora - além do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul também têm casos. Para mensurar o risco que a doença oferece, Natuza Nery fala com Paula Salati, repórter de agro do g1, e com o economista Fernando Henrique Iglesias, analista e consultora da Safras & Mercado. Neste episódio: - Paula explica as características do vírus H5N1, um subtipo do Influenza que afeta predominantemente as aves. Ele foi detectado pela primeira vez em 1996, na China, onde também foi registrado o primeiro contágio humano – nos últimos anos, tem se disseminado pelas Américas. “É um vírus que se espalha rapidamente e tem alta taxa de mortalidade”, afirma; - A jornalista justifica a decisão do Ministério da Agricultura de decretar estado de emergência zoossanitária: “A principal preocupação é evitar que a gripe chegue às granjas”. Caso haja contaminação nos produtores dedicados ao comércio de carnes e ovos, é preciso sacrificar todas as aves, explica; - Fernando dimensiona o tamanho do mercado de aves no Brasil: segundo maior produtor do mundo, maior exportador e prevê a produção de 15 milhões de toneladas de carne de frango até o fim do ano. E ressalta que, embora “o Brasil siga os mais rigorosos protocolos sanitários animais”, o mercado pode sofrer um baque caso a gripe chegue às granjas comerciais; - Ele também comenta o impacto da crise zoossanitária na Europa e nos Estados Unidos, onde houve desabastecimento e boom inflacionário na comercialização de ovos. No Brasil, avalia, “será preciso ter um descontrole muito grande” para que a inflação geral de preços seja pressionada.
5/31/202323 minutes, 30 seconds
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Lula com Maduro, e a relação Brasil-Venezuela

Nesta segunda-feira (29), Lula (PT) recebeu o chefe de Estado venezuelano no Palácio do Planalto antes da cúpula dos países da América do Sul. A efusiva recepção do presidente brasileiro culminou em uma coletiva de imprensa na qual teceu elogios a Nicolás Maduro e defendeu a suposta democracia da Venezuela - país que já foi denunciado pela ONU por violação dos direitos humanos. Para explicar o que Lula busca na aproximação com a Venezuela, Natuza Nery conversa com o analista político Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais na FGV-SP. Neste episódio: - Oliver elogia a “decisão pragmática” de reestabelecer relações com o país vizinho, com o qual o Brasil divide uma fronteira de 2.200 mil km, mas pondera: “Lula foi bastante longe com os comentários simpáticos a Maduro, e ganha muito pouco com isso”; - Ele afirma que a relação com a Venezuela é inevitável, mesmo que, hoje, “o país não seja uma democracia”. No entanto, os elogios de Lula ao regime promovem a “polarização” e causam “a festa dos grupos bolsonaristas”; - O analista político comenta a situação econômica da Venezuela, ultra dependente dos recursos provenientes da venda de petróleo: “um colapso” que se soma a uma inflação alta e a um quadro de “erosão democrática”. “É um Estado falido”, resume; - Oliver explica que a cúpula entre os líderes sul-americanos tem como objetivo “reiniciar o diálogo” na região, depois de anos de ausência brasileira. O desafio, aponta, é “avançar nas questões técnicas” em detrimento das diferenças ideológicas. “Lula mantém a capacidade de manter laços com líderes de esquerda e direita”, afirma.
5/30/202328 minutes, 25 seconds
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Mata Atlântica sob risco de extinção

Terceiro maior bioma do território nacional – onde está 70% da população brasileira – e berço de uma biodiversidade com mais de 2 mil espécies animais e 20 mil espécies de plantas. Toda a riqueza da Mata Atlântica foi alvo de exploração desde a chegada dos portugueses ao Brasil: hoje, resta dela apenas 12,4% da cobertura de vegetação original. E pode piorar. Na última semana, a Câmara aprovou a Medida Provisória que afrouxa ainda mais a proteção ao bioma – o texto ainda pode ser vetado pelo presidente Lula (PT). Para apresentar a importância da Mata Atlântica e o risco da aprovação da MP, Natuza Nery ouve Malu Ribeiro, diretora de políticas públicas da fundação SOS Mata Atlântica. Neste episódio: - Malu justifica por que a MP, que libera construção de obras de infraestrutura sem compensação, é “muito grave”, um “retrocesso” e uma “afronta” ao patrimônio nacional; - Diante de o contexto global de emergência climática, ela explica a importância da vegetação nativa se preservada. A mata age na umidade do ar, no lençol freático, no solo e nos rios, evita catástrofes como a que ocorreu em São Sebastião (SP) no início do ano e cumpre “uma função de reguladora do clima”; - A ambientalista aponta o risco de desertificação de outros biomas, caso a Mata Atlântica seja extinta – colocando em risco a segurança alimentar do país e gerando mais vítimas em eventos climáticos extremos. “Seria um suicídio geral”, afirma; - Por fim, ela comenta a repercussão internacional no caso de Lula não vetar o pacote contra o meio ambiente aprovado na Câmara: sofreria o agronegócio, o país perderia credibilidade e “todas as portas seriam fechadas”.
5/29/202325 minutes, 52 seconds
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Carro mais barato para quem?

A pandemia e, depois, a guerra da Ucrânia provocaram uma crise nas cadeias de produção global. Desde 2020, o preço dos carros no Brasil escalou para seu patamar mais alto – o que resultou no envelhecimento da frota nas ruas e na queda de vendas. Agora, de olho na classe média, o governo decidiu agir: nesta quinta-feira (25), o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, anunciou um programa de estímulos para o carro popular. É um pacote de desoneração de impostos que atende até veículos de R$ 120 mil. E que promete reduzir o preço de saída dos carros 0 km de quase R$ 70 mil para menos de R$ 60 mil. Sobre isso, Natuza Nery conversa com o jornalista André Paixão, editor da revista AutoEsporte, e com Carlos Góes, economista que faz PhD na Universidade da Califórnia e é fundador do Instituto Mercado Popular. Neste episódio: - André analisa a “extinção” dos carros populares no Brasil, um segmento que foi enorme no mercado automobilístico décadas atrás: “São carros que dão menos lucro para os fabricantes”; - O jornalista informa quais veículos devem ser barateados com a redução dos impostos – que seguirão três critérios: preço, emissão de poluentes e cadeia de produção. E lembra que, embora a questão ambiental tenha sido citada pelo governo, “o estímulo não contempla nenhum carro elétrico ou híbrido”; - Carlos explica que as pesquisas econômicas mais recentes apontam que uma “política industrial ótima deve incentivar os setores da base da cadeia produtiva e provêm insumos para os outros”. Ou seja, para ele, o anúncio do governo incentiva um setor que é “exatamente o contrário disso”; - Ele recorda que a política de desoneração fiscal para estímulos setoriais do governo Dilma Rousseff resultou na “maior recessão brasileira em 100 anos”. Para Carlos, tal política pode se justificar com investimentos específicos em pesquisa e desenvolvimento, mas “há risco daquela situação voltar a acontecer”.
5/26/202325 minutes, 49 seconds
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Porte de drogas na pauta do STF

A apreensão de 3 gramas de maconha em posse de um presidiário dentro do sistema prisional paulista avançou todas as instâncias da justiça brasileira e chegou à Suprema Corte como um caso de repercussão geral. Ou seja, esse julgamento – pautado para voltar ao plenário nesta semana, depois de 8 anos paralisado – irá decidir se o porte de drogas para uso pessoal é crime. Antes do pedido de vista, o placar registrava 3 a 0 a favor da liberação ao menos da maconha. Para entender o que está em jogo e as repercussões gerais na Justiça e no sistema prisional, Natuza Nery entrevista o criminalista Pierpaolo Bottini, professor de direito penal da USP e autor do livro “Porte de drogas para uso próprio e o STF”, e Cristiano Maronna, diretor do Justa, organização que analisa dados sobre financiamento e gestão do sistema de Justiça. Neste episódio: - Pierpaolo esclarece o mérito do voto dos três ministros que já apresentaram suas posições no Supremo. O argumento central, afirma, é o direito constitucional da “dignidade humana, ou seja, que não se pode criminalizar qualquer tipo de prática ou conduta que diga respeito apenas a mim mesmo”; - Ele avalia que, “dadas as características dos ministros que compõem a Corte”, deve-se chegar a uma maioria a favor da descriminalização. Pierpaolo afirma também que este julgamento é uma “oportunidade para traçar o limite objetivo entre uso e tráfico” para que a decisão tenha impacto significativo; - Cristiano relaciona a política de combate às drogas com o atual estágio de encarceramento em massa no Brasil - são aproximadamente 1 milhão de detentos, terceiro maior contingente do mundo. “A lei de drogas é o principal vetor encarcerador hoje e um exemplo de lei aplicada de forma disfuncional e com efeitos negativos”, afirma; - Ele também afirma que o Brasil é um dos últimos países que ainda criminalizam a posse de drogas (especificamente a maconha) para uso pessoal e “tem uma das piores políticas de drogas do mundo”. E que o STF tem agora a chance de “reduzir a insegurança que existe hoje na lei de drogas”.
5/25/202326 minutes, 56 seconds
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CPI do MST - os objetivos do governo e da oposição

Desde a posse de Lula (PT), a bancada da oposição no Congresso se articula para criar uma comissão parlamentar de inquérito contra o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O ambiente político para isso se fortaleceu no mês passado: em abril - mês no qual o MST realiza ações para lembrar o massacre de Eldorado dos Carajás (PA), em 1996 – foram registradas ao menos 12 invasões, entre elas em terras do Incra e da Embrapa. Nesta terça-feira (23), a CPI foi aberta com os bolsonaristas Coronel Zucco (Republicanos-RS) e Ricardo Salles (PL-SP), respectivamente, na presidência e na relatoria da comissão. Para analisar impactos políticos e sociais da CPI, Natuza Nery conversa com Luiz Felipe Barbiéri, repórter do g1 em Brasília, e com o sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista do jornal Folha de S. Paulo e autor do livro “PT, uma história”. Neste episódio: - Luiz Felipe conta como os deputados bolsonaristas se organizaram para abrir a CPI e “tirar a atenção da comissão sobre os atos golpistas de 8 de janeiro”, na qual muitos deles são alvo. E relata que os deputados governistas veem a CPI do MST como um “termômetro” para as investigações sobre os atos golpistas; - Ele descreve o “clima tenso” do primeiro dia da comissão: deputados bateram boca, tiveram microfone cortado e deram até tapas na mesa. Para os próximos passos, ele antecipa que ministros do governo serão convocados à comissão para “levar pra frente a narrativa bolsonarista”; - Celso corrobora a análise de que os deputados bolsonaristas irão instrumentalizar a CPI para “ganhar a visibilidade que não tinham conseguido até agora” - e que a oportunidade para debater a sério a reforma agrária no país será perdida. “Se os parlamentares conseguirem usar a CPI para se blindarem vai ser muito ruim”; - O sociólogo explica como PT e MST, que nasceram no mesmo período histórico e tinham forte aproximação ideológica, cultivaram a tensão entre si: “Na década de 90, o PT se modera e o MST se radicaliza mais”. Ainda assim, partido e movimento se mantiveram próximos, numa relação que afasta o agronegócio do governo petista. A única alternativa a Lula, afirma, “é apresentar políticas bem boladas para os dois setores”.
5/24/202328 minutes, 36 seconds
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Vinícius Jr. e a reação contra o racismo na Espanha

No último domingo (21), a partida entre Real Madrid e Valencia, pelo Campeonato Espanhol, foi o cenário do mais grave ataque racista contra o atacante brasileiro. Nos últimos minutos do jogo, Vini Jr. identificou os torcedores que iniciaram os gritos e cânticos criminosos, e exigiu alguma reação da arbitragem. No meio da confusão, trocou agressões com um adversário e foi expulso pelo árbitro - ele foi o único punido em campo. Para explicar por que Vini Jr. é o principal alvo de uma cruel campanha de ódio racial na Espanha e o que vem sendo feito para punir os criminosos, Natuza Nery conversa com dois jornalistas: Fernando Kallás, correspondente de esportes da Reuters na península ibérica, e Paulo Cesar Vasconcellos, comentarista da TV Globo e do Sportv. Neste episódio: - Kallás descreve as dez denúncias de racismo contra Vini Jr. abertas apenas nesta temporada do futebol espanhol – e como esses casos “foram arquivados e nunca foram julgados como delito de ódio”. Dentro do contexto esportivo, ele afirma que “nenhum clube sofreu nenhuma punição” pelos atos racistas de seus torcedores; - Ele relata que, pela primeira vez desde que a onda de ataques racistas começou, o atleta está “mais do que arrasado, está revoltado”. Além das ofensas, Vini Jr. precisa lidar com a inação da La Liga (organizadora do campeonato espanhol) e com o racismo velado da imprensa local. “Tudo isso começou em um programa de televisão, com racismo e xenofobia”; - PC Vasconcellos analisa "o silêncio e a omissão” de diversos atores sociais para que o racismo chegasse ao atual estágio no futebol espanhol. E destaca as “boas notícias” que resultam deste caso: o posicionamento do presidente brasileiro, o acordo de colaboração entre Brasil e Espanha contra o racismo e a xenofobia e o fato de “um jovem preto de 22 anos se manifestar e chamar a atenção do mundo”; - PC relaciona o crescimento no número de episódios de racismo ao “avanço da extrema direita pelo mundo”, e afirma que as punições “se mostram insuficientes para a situação ser modificada”. “A minha razão é de pessimismo, mas quando vejo um comportamento como o do Vinícius passo a ficar mais otimista”, conclui.
5/23/202334 minutes, 44 seconds
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Mortalidade materna: como combater

No momento mais agudo da pandemia, 70% das gestantes que morreram em decorrência da Covid eram brasileiras. E diante da sobrecarga do sistema de saúde, mulheres não puderam realizar exames adequados para a gestação. Assim, doenças como a pré-eclâmpsia, historicamente a principal causa da mortalidade materna, não tiveram o atendimento médico necessário. Na média, em todos os dias de 2021, 8 mulheres grávidas morreram – trata-se do maior número em mais de duas décadas. No Dia Mundial de Prevenção da Pré-eclâmpsia, Natuza Nery recebe Fatima Marinho, assessora técnica sênior da Vital Strategies, organização global de saúde pública, e a obstetra Maria Laura Costa Nascimento, professora da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. Neste episódio: - Fatima fala do “grande retrocesso dos últimos anos”, quando o movimento de queda nos índices de mortalidade materna foi revertido: com o “aumento de casos durante a pandemia”, o número de mortes voltou ao patamar de 1990 – apenas entre 2019 e 2021, os óbitos saltaram de aproximadamente 1.500 para mais de 3 mil; - Fatima também avalia os dados de mortalidade por estado. “Chama atenção o crescimento no Sul, onde havia a menor razão de mortes maternas”, informa – e a principal hipótese para isso é a recusa da vacina contra a Covid. Por outro lado, Pernambuco registrou o melhor resultado; - Laura conta por que a pré-eclâmpsia é a principal causa de mortes maternas no Brasil, embora “evitável em 99% dos casos”. Trata-se de uma síndrome que ataca a pressão arterial e altera órgãos como rins, fígado, cérebro e placenta; - A obstetra detalha o tratamento para a síndrome e como os médicos agem para preparar mãe e bebê para um parto prematuro mais seguro. “Mesmo depois do parto, as mulheres precisam de acompanhamento clínico”, completa.
5/22/202326 minutes, 38 seconds
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A crise que faz o varejo fechar lojas

Logo no início do ano, uma das gigantes do setor no Brasil divulgou inconsistências contábeis na casa dos R$ 40 bilhões. A Americanas, então, entrou com pedido de recuperação judicial e suas ações derreteram na bolsa de valores. Diante de um cenário de queda nas vendas do comércio, mais empresas de varejo passaram a apresentar resultados ruins, seguidos de prejuízo nos balanços e fechamento de lojas – num setor que emprega mais de 8 milhões de pessoas e depende do consumo das famílias, cada vez mais endividadas. Para esclarecer as causas e consequências desta crise, Natuza Nery entrevista Guilherme Mercês, diretor de economia e inovação da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Neste episódio: - Guilherme elenca fatores que levaram empresas e famílias a se endividar na pandemia e como o elas “levaram um grande baque com a taxa de juros, que subiu muito”. O resultado é que, hoje, 80% das famílias estão endividadas e uma a cada cinco delas gasta mais da metade da renda para pagar dívidas; - Ele explica como o contexto macroeconômico colaborou para o colapso da Americanas – na esteira dela, outras empresas também pediram recuperação judicial e até falência. “Isso agravou ainda mais o cenário e, obviamente, o custo do crédito sobe”; - O economista também observa a crise em escala internacional durante a intersecção da pandemia com a guerra na Ucrânia: assim como o Brasil, nas economias desenvolvidas houve aumento de juros e alta do endividamento. “Foi todo mundo surpreendido”, afirma, “e um exemplo disso são as big tech, que estão demitindo funcionários no mundo todo”; - Por fim, Guilherme comenta o atual momento de “transformação tecnológica”. Para ele, depois de superar o contexto “turbulento que deve durar até 2026”, as empresas precisam investir na “revolução tecnológica” no médio e longo prazo.
5/19/202320 minutes, 36 seconds
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Deltan Dallagnol cassado pelo TSE

Figura proeminente da força-tarefa da Operação Lava Jato, o ex-procurador foi o deputado federal mais votado do Paraná em 2022, pelo Podemos. Ao deixar o Ministério Público para entrar na carreira política, Deltan ficou livre de 15 procedimentos administrativos que poderiam condená-lo à exoneração e deixá-lo inelegível para cargos públicos, com base na Lei da Ficha Limpa. Na terça-feira (16), o Tribunal Superior Eleitoral decidiu por unanimidade que a manobra de Deltan configura “fraude” e cassou o mandato dele na Câmara – seu substituto será o Pastor Itamar Paim (PL). Para explicar a decisão do tribunal eleitoral e o futuro político dos envolvidos na Lava Jato, Natuza Nery recebe o advogado Henrique Neves, ex-ministro do TSE, e Valdo Cruz, colunista do g1 e comentarista da GloboNews. Neste episódio: - Henrique traduz o voto do relator do processo no TSE, o ministro Benedito Gonçalves: “Se considerou que Deltan fraudou a lei”. Na decisão, explica Henrique, o ministro afirma que o ex-procurador teria “cometido a manobra” de se aposentar para fugir dos processos administrativos que corriam no Conselho Nacional do Ministério Público contra ele; - O ex-ministro do TSE aponta as diferenças entre os processos de Deltan e os do senador Sergio Moro (União-PR). No caso de Moro, o tribunal analisou os casos de forma “completamente diferente”, uma vez que Moro deixou o MP não para uma candidatura, mas para assumir um ministério; - Valdo analisa as chances de Deltan conseguir reverter a cassação no Supremo Tribunal Federal: “São pequenas. E vamos lembrar que ele já começa o julgamento perdendo de 3 a 0”, ao citar os ministros do STF que também estão no TSE. Valdo conta que o deputado cassado tenta até “criar um ambiente” para pressionar o Supremo, ainda que “não tenha clima favorável dentro da Câmara” para isso; - O jornalista revela o comportamento de duas alas do governo Lula em relação a ex-integrantes da força-tarefa da Lava Jato: “uma ala tem mágoa e ressentimento, e fala em ir à forra”, enquanto outro grupo defende “deixar o passado para lá” para reduzir o ruído da polarização política.
5/18/202327 minutes, 18 seconds
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Petrobras e a nova política de preços

Durante a campanha eleitoral de 2022, Lula (PT) prometeu que, caso eleito presidente, daria fim à política de paridade de importação para a formação de preços dos combustíveis, a PPI - adotada pela estatal em 2016 como principal medida para recuperá-la de três anos seguidos de prejuízos. Nesta terça-feira (16), Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, anunciou a substituição da PPI por uma política que irá “abrasileirar” os preços. Para explicar o que muda na formação do valor do combustível na bomba e quem ganha e quem perde com a transição, Natuza Nery conversa com o economista Breno Carvalho Roos, especialista em petróleo e professor da UFRN, e com Manoel Ventura, repórter de economia do jornal O Globo, em Brasília. Neste episódio: - Breno avalia que o “consumidor ganha” com a nova política, ainda que o comunicado oficial não seja claro em relação à fórmula de precificação que será adotada. Para ele, a estatal tende a reduzir a volatilidade e a “cobrar preços mais baixos”, ao mesmo tempo que "deve manter sua saúde financeira no longo prazo”; - O economista descreve o “peso do preço dos combustíveis na inflação” e suas repercussões macroeconômicas. “Se você tem preços compatíveis, arrefece a pressão inflacionária”, afirma. E no aspecto da demanda, acredita que pode crescer a comercialização de combustível e haver “aumento nas receitas da Petrobras”; - Manoel comenta a reação do mercado financeiro, onde as ações da estatal subiram nesta terça-feira: a mudança na política de preços já estava “precificada” e havia expectativa “pelo pior”, mas a avaliação foi majoritariamente positiva em relação ao anúncio da nova política de preços; - Ele entende que o governo avaliou o melhor momento político para anunciar o fim da PPI: a pauta positiva “mostra que o presidente tem poder para cumprir promessas de campanha”, acena para a base governista e pressiona o Congresso para a aprovar o texto da PEC do arcabouço fiscal, que deve ir ao plenário essa semana.
5/17/202330 minutes, 45 seconds
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Turquia rumo ao 2º turno histórico

Chefe de Estado desde 2003 (quando a função ainda era desempenhada pelo primeiro-ministro), Recep Tayyip Erdogan saiu na frente na votação do domingo (14): com 49,51% dos votos válidos e maioria no Parlamento. Então favorito nas pesquisas e líder da coalização de seis partidos de oposição, Kemal Kilicdaroglu obteve 44,8% dos votos. Para analisar os rumos da democracia turca, e como ela reverbera na geopolítica global e no avanço da extrema-direita pelo mundo, Natuza Nery entrevista o economista Maurício Moura, sócio do fundo Zaftra e professor da Universidade George Washington, e Marina Slhessarenko Barreto, pesquisadora do Centro de Análise da Liberdade e do Autoritarismo e uma das autoras do livro “O caminho da autocracia: estratégias atuais de erosão democrática”. Neste episódio: - Depois de passar 10 dias na Turquia, Maurício relata o clima de “engajamento, polarização e tensão” em cidades pequenas e médias e em metrópoles como Istambul e Ancara. Lá, ele visitou comícios da situação e da oposição, onde foi detido por policiais: “Dá uma noção do clima tenso que envolve política na Turquia”; - O economista explica como a inflação galopante, que já superou os 80% ao mês, age como “principal cabo eleitoral da oposição” nesta eleição, em contraponto ao “domínio da máquina pública” pelo grupo político de Erdogan. E embora Kilicdaroglu tenha também o apoio majoritário dos empresários, ele aposta na vitória do atual presidente; - Marina avalia a “força persistente” de Erdogan, que elegeu maioria no Parlamento turco, e chega ao 2º turno com mais de 2,6 milhões de votos de vantagem. Ela conta como ele conseguiu superar uma tentativa de golpe de Estado e “transformar a Turquia de parlamentarista em presidencialista” para se manter no poder; - A pesquisadora comenta os movimentos de “experimentação e exportação transnacional” de tecnologia política entre a rede de países alinhados à extrema-direita global – caso de Turquia, Hungria, EUA (sob governo Trump) e Brasil (sob Bolsonaro). E destaca o aparelhamento da educação, do espaço cívico e da segurança pública como ferramentas de “autocratização”.
5/16/202328 minutes, 36 seconds
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Ghosting - o 'sumiço' em relacionamentos

Fenômeno presente há séculos na cultura dos relacionamentos, o “desaparecer” da vida de alguém, sem dar explicação alguma, ganhou impulso em uma sociedade em que redes sociais e aplicativos de encontro são onipresentes. O sofrimento provocado pelo abandono expõe a dificuldade que temos de lidar com o medo da solidão. Para falar sobre esse comportamento – retratado há mais de 2 séculos por Jane Austen no romance “Razão e Sensibilidade” – Natuza Nery conversa com Natalia Timerman, psiquiatra e autora do livro “Copo Vazio”, em que a personagem principal tem que lidar com o sumiço de um amor, e Ana Suy, psicanalista e professora da PUC-PR, ela é autora de “A gente mira no amor e acerta na solidão”. Neste episódio: - Natalia conta sobre como superou um “perdido” e escreveu um romance, sem saber que tinha sido vítima de ghosting: “Intuí que era algo que não dizia só a mim”. Isso porque, argumenta, quando a ruptura acontece sem explicações, “a dor é muito maior”; - A escritora aponta que o ghosting ocorre entre homens e mulheres, e em relacionamentos hetero e homoafetivos: “É como um tiro no pé, porque o amor é uma potência humana”. No entanto, Natalia pondera que a prática é potencialmente mais prejudicial ao gênero feminino. “No imaginário das pessoas, o relacionamento tem peso maior para as mulheres”, afirma; - Ana analisa as motivações de homens e mulheres para praticar ghosting: “Há dificuldade em falar o que sentimos para o outro”, aponta, lembrando que “pode ser ainda mais difícil dizer o que sentimos para nós mesmos”. E acrescenta que “sumir” é entendido como uma forma de não lidar com a decisão de um rompimento; - Para ela, o medo do abandono e da solidão “se enlaçam em questões muito primitivas em nós” - e podem levar à incompreensão do próprio sofrimento. A psicanalista aponta como a chamada responsabilidade afetiva entra como resposta a isso, mas pode “tolher a naturalidade e espontaneidade” das pessoas nas relações.
5/15/202326 minutes, 7 seconds
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Economia do cuidado: o trabalho invisível

Mães e mulheres sobrecarregadas, exaustas, esgotadas. Aspectos das disparidades de gênero nas relações de trabalho. Na média, mulheres passam o dobro do tempo que homens em funções domésticas e de cuidado com filhos e/ou demais familiares. Somadas as horas de trabalho não remunerado de meninas e mulheres em todo o mundo, o total seria equivalente ao quarto maior PIB do mundo, uma geração de US$ 10,8 trilhões por ano. Para debater os vários aspectos do trabalho invisível, Natuza Nery conversa com a jornalista e escritora Vanessa Barbara, autora do livro “Mamãe está cansada”, e com Maíra Liguori, diretora da ONG Think Olga. Neste episódio: - Vanessa recorda dos momentos em que ficou isolada com a filha na pandemia - período que rendeu a ideia para o livro. "É insano achar que uma pessoa só seja capaz de cobrir todos os aspectos de desenvolvimento de uma criança”, afirma. “É mentalmente e fisicamente impossível para a mãe”; - Para ela “a sociedade ainda não entendeu” o peso da sobrecarga da múltipla jornada de trabalho (que contempla trabalho formal, funções domésticas e cuidado com filhos). Os exemplos, aponta, são a falta de investimento em creches, escolas, parques e equipamentos de lazer. “As cidades são hostis com crianças”, conclui; - Maíra resume do que se trata o conceito de economia do cuidado: “A contribuição de maneira gratuita e invisível do trabalho de geração e manutenção da vida”; - Ela argumenta que a atribuição do cuidado centralizado nas mulheres é resultado de um processo cultural presente em todo o mundo, que tem início ainda na primeira infância: “Trata-se de uma imposição cultural”.
5/12/202328 minutes, 50 seconds
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Governo e mercado: estranhamento e aproximação

Nesta quarta-feira (10), uma nova edição da pesquisa Genial/Quaest indicou ligeira contradição dentro do mercado financeiro: enquanto agentes seguem mal-humorados em relação a Lula (PT) - cuja avaliação é negativa para 86% dos entrevistados – a avaliação positiva sobre Fernando Haddad (PT), no comando da Fazenda, subiu 16 pontos percentuais. Diante do morde e assopra dos dois lados, o mais recente movimento de aproximação feito pelo governo foi a indicação de Gabriel Galípolo, atual número 2 de Haddad, para a mais importante diretoria do Banco Central. Para avaliar o atual status da relação governo-mercado, Natuza Nery conversa com o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest, e com o próprio Gabriel Galípolo. Neste episódio: - Felipe explica como Fernando Haddad se tornou o “malvado favorito” da Faria Lima: aprovação ao arcabouço fiscal, revisão de renúncias fiscais e iminente queda na taxa de juros. Mas pondera como Lula segue por um caminho diferente e “ainda não comprou o mercado”; - O cientista político descreve as atribuições do diretor de política monetária do BC: “Uma posição que fala muito com o mercado financeiro”. E revela que a expectativa dos agentes econômicos é de que, ao assumir o cargo, Galípolo esteja integrando um “estágio de um ano e meio antes de virar presidente do BC” - o mandato de Campos Neto vai até o fim de 2024; - Galípolo diz que sua indicação à diretoria do BC se deve ao “excelente diálogo” que tem com o atual presidente da instituição - com quem, diz, “conversa quase todo dia”. E afirma que isso faz parte de um movimento para “harmonizar as políticas fiscal e monetária”; - O economista avalia a opinião do mercado sobre a atuação do governo e responde que “o mercado oferece outra ferramenta muito boa, que são os preços dos ativos”. Para Galípolo, é natural que os agentes financeiros tenham recebido as propostas da Fazenda com ceticismo – que, argumenta, “só será vencido com ações e com vitórias”.
5/11/202330 minutes, 11 seconds
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Rita Lee, a majestade do rock, por Ney Matogrosso

Morreu aos 75 anos a voz mais importante do rock ‘n roll brasileiro – mas que não se limitava ao gênero e experimentou diversos ritmos ao longo de 5 décadas de carreira e 40 álbuns publicados, que renderam a ela mais de 55 milhões de exemplares vendidos. Rita Lee nasceu em São Paulo e explodiu para a cena musical na década de 1960, durante o movimento tropicalista, quando integrava os Mutantes. Depois, em carreira solo – mas sempre em parceria com seu companheiro de vida, Roberto de Carvalho, com quem teve três filhos – colecionou hits e sucessos. Além do talento, deixa um legado de autenticidade e liberdade. Para dar conta de contemplar diversos aspectos desta rica personalidade, Natuza Nery conversa com Ney Matogrosso, uma das maiores vozes da música brasileira e amigo de Rita. Neste episódio: - Ney conta que observa Rita Lee desde antes de ser artista e o quanto a imagem dela de “noiva grávida” na década de 1960 imprimiu nele uma marca da revolução e da transgressão. “Me fez sentir como sua alma gêmea”, afirma; - Ele recorda as características da cantora que a faziam “diferente” e algumas das canções que a parceira escreveu para que ele cantasse: “Ela me sacava. Eu via a letra e pensava que era eu. Mas era ela também”; - Ney também fala sobre a forma como Rita Lee fazia questão de se mostrar uma representante de São Paulo: “Ela era uma representação dessa cidade desvairada”; - Ele explica como a artista venceu a resistência de um cenário “careta” na música brasileira e “reforçou a visão de que a música brasileira é antropófaga”.
5/10/202330 minutes, 36 seconds
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O nº 2 de Haddad indicado ao Banco Central

Gabriel Galípolo entrou no governo como secretário executivo da Fazenda, indicação direta do chefe da pasta, Fernando Haddad (PT) - de quem se tornou homem de confiança. Agora, em mais um capítulo da guerra fria entre Lula (PT) e Roberto Campos Neto (presidente do Banco Central) sobre a taxa básica de juros, Galípolo foi o nome escolhido pelo Executivo para assumir a diretoria de política monetária da instituição. Para analisar a indicação e o futuro dos juros e da inflação, Natuza Nery recebe Solange Srour, economista-chefe do banco Credit Suisse Brasil. Neste episódio: - Solange descreve as funções do diretor de política monetária, responsável pela política cambial e por implementar a Selic: “É uma das diretorias mais técnicas do Banco Central”; - Ela conta que, para o mercado, Galípolo já desponta como favorito para assumir a presidência do BC em 2024, mas que ele não deve intervir na taxa de juros no curto prazo. Pesa sobre Galípolo, avalia a economista, dúvidas sobre sua visão em relação à meta de inflação e sua disposição em “fazer uma virada total” na política monetária; - Solange afirma que o “desafio de Galípolo é muito grande” para estabilizar um quadro no qual a inflação, de fato, está “muito alta” e com expectativas de futuro também elevadas. Ele deve assumir com a aprovação do “sistema político”, mas vai precisar também da confiança do mercado; - A economista apresenta sua avaliação de que o BC “não está errando a mão” ao manter os juros em 13,75% ao ano, e que o Brasil pode entrar em breve em um "ciclo de afrouxamento monetário”. Para ela, ainda falta confiança na "votação do arcabouço fiscal e a definição na meta de inflação”.
5/9/202327 minutes, 5 seconds
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A política de valorização do salário mínimo

Quando deixou a Presidência, em 2010, depois de dois mandatos, Lula (PT) creditou ao salário mínimo (que teve ganho real de 67% ao longo daqueles 8 anos) parte significativa das conquistas que seu governo teve na redução da pobreza - além do crescimento econômico. Agora em seu terceiro mandato, Lula anunciou um compromisso com o aumento anual do valor acima da taxa de inflação - e, inclusive, encaminhou ao Congresso Nacional um projeto para que o reajuste se torne lei. Para explicar o impacto do salário mínimo na economia brasileira e no combate à desigualdade, Natuza Nery entrevista Clara Brenck, doutora em economia pela New School, em Nova York, e pesquisadora associada do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades da USP. Neste episódio: - Clara demonstra porque o “efeito mais direto de valorizar o salário mínimo acima da inflação é a redução das desigualdades”: trata-se do valor base do mercado de trabalho formal e, no Brasil, tem um valor adicional para os benefícios previdenciários, justifica; - Ela também avalia o risco de que a política permanente de reajuste do salário mínimo acima da inflação impacte nos níveis de contratação formal. “O mais importante para esta equação é que os postos de trabalho formal aumentem. E isso vai acontecer se a economia crescer”; - A economista menciona o impacto de outros fatores, como a taxa básica de juros, o alcance e valor do Bolsa Família e o efeito da nova regra fiscal, para o crescimento econômico. E valoriza o poder de compra das famílias como “efeito multiplicador”.
5/8/202316 minutes, 45 seconds
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A coroação de Rei Charles III

Neste sábado (6), o primogênito da mais longeva rainha da história britânica ascende oficialmente ao trono do Reino Unido. Charles, que aos 4 anos viu sua mãe ser coroada Rainha Elizabeth II, 70 anos atrás, numa luxuosa cerimônia na Abadia de Westminster, será agora o protagonista de uma celebração repleta de rituais que remontam à Idade Média. Depois de coroado rei, será o chefe de Estado de uma monarquia que enfrenta problemas econômicos e a crescente insatisfação de nações que integram a comunidade de ex-colônias britânicas. Para descrever o clima e as particularidades da cerimônia de coroação e os desafios do futuro rei, Natuza Nery recebe Cecilia Malan, repórter da TV Globo em Londres, e Renato de Almeida Vieira e Silva, autor do livro “God Save the Queen – o imaginário da realeza britânica na mídia”. Neste episódio: - Cecília relata como estão as ruas da capital inglesa e o status atual da popularidade da monarquia. Por um lado, revela, há imagens de Charles por todos os cantos, por outro, grupos se organizam para protestar contra a Coroa: “É difícil dissociar a Família Real da identidade britânica e também ignorar os milhões de turistas atraídos pela realeza”; - A jornalista conta também os detalhes da cerimônia: o uso das joias da realeza e dos luxuosos trajes bordados a ouro, os protocolos das carruagens e os ritos públicos e privados do evento – uma conta que vai integralmente para o cofre britânico. “Gera dinheiro para o governo, mas há críticas sobre os privilégios reais”, afirma; - Renato comenta o posicionamento dos países que tem o rei como chefe de Estado e dos que compõem a Commonwealth diante da monarquia britânica. Há um grupo de nações, afirma, “que é contrário a qualquer coisa que os lembre seu passado colonial”, mas pondera que “alguns desses países são dependentes economicamente do Reino Unido”; - Ele avalia que o maior desafio enfrentado pelo Rei Charles III será “tornar o Reino Unido relevante no século 21”. Para acertar o tom, afirma, “será preciso estar o mais perto possível das pessoas mais jovens” com pautas de meio-ambiente e de diversidade.
5/5/202328 minutes, 11 seconds
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Bolsonaro e a carteira de vacinação

Na manhã desta quarta-feira (3) a Polícia Federal bateu à porta do ex-presidente da República. Os agentes cumpriam um mandado de busca e apreensão na casa dele em Brasília, onde passaram três horas e apreenderam o celular do ex-presidente. A operação da PF – que atendeu a mais 15 mandados e prendeu 6 suspeitos, entre eles o tenente-coronel Mauro Cid, o faz-tudo de Bolsonaro (PL) – agiu em busca de indícios e provas da suposta fraude no cartão de vacinação de Jair e de sua filha de 12 anos. Trata-se do resultado de uma investigação iniciada dentro do inquérito das milícias digitais que envolve troca de favores com políticos regionais e até um diálogo sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco. Para explicar o que levou a PF à casa de Bolsonaro e o futuro dele e de Cid na Justiça, Natuza Nery conversa com Bruno Tavares, repórter da TV Globo, e Eloísa Machado, doutora em Direito pela USP e professora de Direito na FGV-SP. Neste episódio: - Bruno descreve como a investigação chega a Mauro Cid e o episódio de fraude da carteira de vacinação dele, da mulher e das filhas: “Havia ansiedade e insistência em cometer esses crimes”. Depois de uma tentativa frustrada em Goiás, ele apelou a um “aliado político de Bolsonaro em Duque de Caxias”; - Ele avalia a decisão do ministro Alexandre de Moraes, que autorizou a operação Venice e sugere que o ex-presidente tinha total ciência do esquema fraudulento. Um dos indícios, afirma, é que o acesso ao sistema ConecteSUS para emitir o certificado de vacinação de Bolsonaro foi realizado via “um ID de acesso atribuído a Mauro Cid”; - O jornalista também recupera o diálogo entre o militar da reserva Ailton Barros e Mauro Cid, no qual suspeita-se “uma troca de favores”: Ailton intermediaria a emissão de um cartão falso de vacina em Duque de Caxias, valendo-se da influência do ex-vereador Marcello Siciliano; então Cid agiria para facilitar a obtenção de um visto americano para Siciliano; - Eloísa lista a série de crimes nos quais Jair Bolsonaro pode ser incriminado por sua conduta na resposta à Covid. “Nos casos de crimes mais graves, pode ter como resultado uma condenação à pena de prisão”; - Ela também comenta a atuação “ínfima” da PGR para “obstar as medidas equivocadas” do governo Bolsonaro. “Houve a colaboração do principal órgão de controle para que a pandemia fizesse o estrago que fez no Brasil”, afirma.
5/4/202341 minutes, 25 seconds
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A guerra em torno do PL das Fake News

Na noite desta terça-feira (2), o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), adiou a votação do Projeto de Lei 2630 a pedido do relator, deputado Orlando Silva (PCdoB-SP). A proposta que tramita desde 2020, e já passou pelo Senado, esteve no centro de uma polêmica que envolveu propaganda do Google contra o projeto - o que provocou forte reação do governo. Para analisar a tensão das big techs com o texto e os prós e contras de uma possível aprovação, Natuza Nery conversa com Pablo Ortellado, coordenador do monitor do debate público digital, professor da USP e colunista do jornal O Globo, e Marie Santini, diretora do NetLab, da UFRJ, autora do estudo que apontou suposto abuso de poder econômico das plataformas digitais. Neste episódio: - Ortellado explica o que muda para as plataformas caso o PL seja aprovado: o modelo, que se assemelha ao adotado nos países europeus, exige que as empresas tenham "o dever de moderar conteúdos”; - Ele comenta o que pensam os três grupos que estão contra o projeto. “O principal argumento é que empresas vão tirar conteúdo”, com medo de punições e multas, afirma; - Marie explica o modelo de negócio das big techs: “São empresas de publicidade que não querem nenhuma limitação para o negócio delas”. E ressalta que elas precisarão investir muito para garantir a transparência exigida pelo PL, caso aprovado; - Ela justifica a importância do PL para garantir “transparência e responsabilidade” dos algoritmos das plataformas: “A atuação delas compromete o processo eleitoral e a própria democracia”.
5/3/202333 minutes, 2 seconds
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Yanomamis de novo sob ataque do garimpo

No último final de semana, a tensão voltou a subir dentro do maior território indígena do Brasil - três meses depois de o governo federal iniciar uma megaoperação para acabar com a atividade criminosa e atuar contra a crise sanitária de malária. No sábado, um ataque de garimpeiros terminou com a morte de Ilson Xiriana e mais dois indígenas feridos. No dia seguinte, agentes do Ibama e da Polícia Rodoviária Federal foram recebidos a tiros em uma operação contra o garimpo – o conflito armado terminou com quatro garimpeiros mortos. Para atualizar a situação dos yanomami, Natuza Nery conversa com Rubens Valente, escritor e jornalista da Agência Pública que passou mais de 20 dias dentro da Terra Indígena. Neste episódio: - Rubens endossa as denúncias de lideranças indígenas sobre a presença de garimpeiros em grande escala dentro do território yanomami – e eles estão se preparando para novos ataques. “Isso demonstra a força armada desses garimpeiros”, afirma; - Ele avalia também a operação empreendida pelo governo, que falha pela falta “de coordenação central, embora seja um avanço”. E revela a pressão de entidades e organizações civis pela colaboração dos militares no combate ao crime: “É a hora da verdade para as Forças Armadas”; - O jornalista, por outro lado, elogia a ação do governo e das Forças Armadas no atendimento à emergência sanitária dos yanomami. Mas aponta os problemas do “apagão de dados” no Ministério da Saúde e do “expressivo número de contaminações por malária”; - Ele relata o status das operações em outras 6 Terras Indígenas no Norte do país que também sofrem com o garimpo ilegal: “Devem ser esvaziadas até dezembro”, afirma.
5/2/202326 minutes, 9 seconds
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O caso Cuca e a violência de gênero no futebol

Em julho de 1987, o quarto 204 do Hotel Metropole, em Berna, foi o cenário do crime de estupro de vulnerável contra uma menina de 13 anos. Os acusados – que seriam condenados 2 anos depois pela Justiça suíça - eram quatro jogadores do Grêmio: são eles Eduardo, Fernando, Henrique e Alexi, conhecido desde aquela época como Cuca. O caso de Berna ficou esquecido até que um movimento contra a violência de gênero no futebol se consolidou após a condenação de Robinho por estupro na Itália, três décadas depois. Ao assinar com o Corinthians, o agora treinador sofreu rejeição inédita e, sob pressão da torcida e imprensa, pediu demissão. Para explicar o que a Justiça da Suíça afirma sobre o crime e o que mudou no mundo do futebol desde então, Julia Duailibi recebe André Rizek, apresentador do SporTV, e Gabriela Moreira, repórter de esportes da Globo. Neste episódio: - Rizek recorda como a imprensa e a sociedade trataram os atletas na época do crime: os quatro, afirma o jornalista, “receberam tratamento de vítima e foram recepcionados como heróis em Porto Alegre” e nem a condenação na Suíça impediu que seguissem suas carreiras; - Ele apresenta a alegação de Cuca de que nunca teria sido reconhecido pela vítima no processo, mas pondera que a “informação provavelmente é falsa”. Isso porque o advogado da vítima desmente essa versão e afirma que não só a menina identificou Cuca, como ainda teve comprovada por um exame laboratorial a presença do sêmen dele em seu corpo; - Rizek também avalia o posicionamento da torcida do Corinthians, que se posicionou pela saída do treinador em protestos públicos, reuniões internas e redes sociais – uma reação que avalia ter sido “mal dimensionada” pela diretoria ao contratar Cuca; - Gabriela justifica por que este episódio “já representa uma mudança de comportamento” do mundo do futebol em relação à violência de gênero. “É um avanço e as mulheres já não pregam mais sozinhas”, afirma; - A jornalista explica sua posição em relação à “ressocialização de condenados”: para ela, Cuca precisa “mostrar que prestou contas à sociedade” e, embora tenha tido a chance de refletir e se posicionar sobre o que fez, "não foi assim que ele agiu”.
4/28/202329 minutes, 12 seconds
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Vacinação - baixa adesão e os desafios do Brasil

Eficaz contra as variantes da ômicron do coronavírus, a vacina bivalente praticamente encalhou nos postos de saúde. Até o momento, foram aplicadas 10,5 milhões de doses para os grupos prioritários - ou seja, apenas 20% do público-alvo previsto pelo Ministério da Saúde. É o episódio mais recente de um movimento baixa adesão às vacinas, que reduziu, e muito, a cobertura brasileira contra doenças que já haviam sido erradicadas, caso da poliomielite, do sarampo e da meningite. Para explicar o que aconteceu e como refazer do Plano Nacional de Imunização (PNI) um orgulho nacional, Julia Duailibi conversa com o médico Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Neste episódio: - Renato Kfouri justifica por que, neste momento, a vacina bivalente contra a Covid é “a melhor disponível”. E fala sobre a importância da vacinação em massa com a bivalente para proteção contra eventuais novas subvariantes, principalmente com a aproximação do inverno; - Ele destaca a necessidade de “ter abastecimento de vacina”, “capacitação de profissionais” e “campanhas de comunicação” para o PNI atingir suas metas – e pondera que a falta de orçamento pode ser o “gargalo” para o setor: “Tivemos boas sinalizações do governo e vimos vontade de avançar nestes pontos”, afirma; - O médico analisa a acentuada queda da vacinação no país desde 2017 e fala sobre seu receio da volta de doenças já erradicadas. Para reverter esse fenômeno, ele acredita que o caminho “começa pelo maior ente federativo do país, o Ministério da Saúde”.
4/27/202323 minutes, 52 seconds
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O rastro de Bolsonaro no 8 de janeiro

Nesta quarta-feira (26), o ex-presidente volta a ficar frente a frente com agentes da Polícia Federal. Agora, para prestar depoimento sobre a invasão de golpistas bolsonaristas à sede dos três Poderes em Brasília. Para explicar o que levou Bolsonaro ao centro da investigação e quais suas estratégias de defesa, Julia Duailibi conversa com Bela Megale, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, e Vera Magalhães, colunista e comentarista nos mesmos veículos e, também, apresentadora do Roda Viva, da TV Cultura. Neste episódio: - Bela informa que elementos da órbita de Bolsonaro o aproximaram das investigações: posts contra o sistema eleitoral, a proximidade com Anderson Torres e a minuta do golpe; - Ela fala também sobre as principais preocupações do entorno do ex-presidente e cita o caso da reunião com os embaixadores na qual Bolsonaro mentiu sobre a urna eletrônica - “e que tem grande potencial para deixá-lo inelegível” - e o caso das joias milionárias da Arábia Saudita - “que põe pressão em Jair, Michelle e o PL”; - Vera explica por que “sem Bolsonaro não existiria o 8 de janeiro”. A lista de evidências varia entre ameaças a ministros do STF, divulgação de fake news a respeito do sistema eleitoral, estímulo ao aquartelamento de apoiadores nos quarteis e a articulação para por a PRF nas estradas durante o segundo turno da eleição; - Ela ainda analisa o cerco a dois importantes personagens: o General Augusto Heleno e o ex-ministro da Justiça. Isso porque, avalia Vera, as imagens do Palácio do Planalto revelam “servidores militares e cadeia de comando” próximos ao General Heleno e a “fragilidade emocional” de Torres preocupa Bolsonaro.
4/26/202329 minutes, 3 seconds
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Governo x oposição na CPMI dos atos golpistas

A comissão parlamentar de inquérito que irá investigar no Congresso os atos golpistas de 8 de janeiro deve começar nesta semana – a expectativa é que a leitura do texto que irá abrir a comissão mista de Senado e Câmara ocorra quarta-feira (26). A base bolsonarista insiste na tese de que o atentado às sedes dos três Poderes ocorreu por ação ou omissão de agentes do governo federal – caso do ex-ministro do GSI, general Gonçalves Dias, identificado pelas imagens do circuito de segurança no Palácio do Planalto. O vazamento destes vídeos, inclusive, promoveu um cavalo de pau na orientação dos governistas: de refratários à comissão parlamentar de inquérito, passaram a apoiar sua criação e devem ter a maioria entre deputados e senadores. Para apresentar argumentos de lado a lado, Julia Duailibi conversa com os deputados federais Altineu Cortês (PL-RJ), líder de seu partido na Câmara, e Lindbergh Farias (PT-RJ), vice-líder do governo no Congresso. Neste episódio: - Altineu classifica os eventos de 8 de janeiro como “o maior ataque à democracia” do país e diz que a CPMI “deveria ser a prioridade do governo” para que a sociedade conheça aquilo que classifica como “verdade dos fatos”; - O deputado do PL critica a atuação do general Gonçalves Dias, a quem chama de “omisso”. Com base no depoimento de G. Dias à PF, ele afirma que o governo estava ciente do risco das invasões e que o “ex-ministro tem total responsabilidade” em relação à equipe do GSI; - Lindbergh argumenta por que o governo rejeitou, até a semana passada, a instalação de uma comissão parlamentar de inquérito: “foco para trabalhar e aprovar nossos projetos” e confiança “na investigação séria comandada pelo ministro Alexandre de Moraes”; - O petista diz desconfiar que a motivação da oposição em mobilizar a CPMI é “atrapalhar a investigação”. E garante que, no Congresso, os governistas terão “maioria na comissão e o PL não vai conseguir nem a presidência e nem a relatoria” - e detalha como andam as negociações de bastidores.
4/25/202328 minutes, 15 seconds
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Saúde mental de adolescentes: riscos e ajuda

Ansiedade, depressão, síndrome do pânico... Antes mesmo da pandemia, um terço dos adolescentes de 13 a 17 anos já se diziam tristes “na maioria das vezes” ou “sempre”. Cenário agravado pelo período de isolamento pela Covid, quando escolas ficaram fechadas e jovens foram “empurrados” para as telas. Somado ao uso irrestrito de redes sociais, fatores que criaram uma “bomba relógio”. Para refletir sobre a deterioração da saúde mental nesta faixa etária, Julia Duailibi conversa com Vera Iaconelli, doutora em psicanálise pela USP, diretora do Instituto Gerar de Psicanálise e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Neste episódio: - Vera explica como a adolescência é naturalmente um período de mais sofrimento, adaptações, crescimento e transformações, portanto de mais “vulnerabilidade psíquica”. Para ela, crianças e jovens têm sintomas que demonstram como o sofrimento típico desta fase da vida não está sendo solucionado; - Ela aponta como a pandemia “acelerou o processo” de exposição de crianças e jovens às telas, e consequentemente às redes sociais. Produtos com alto potencial de dependência psíquica, telas e redes sociais devem ter o uso controlado a partir de "ações dos pais, da sociedade e do Estado”, diz; - A psicanalista chama atenção para a importância de monitorar o uso de crianças e adolescentes nas redes sociais, evitando o uso irrestrito. Para ela, o uso sem monitoramento equivale a “deixar uma criança em praça pública e depois voltar para ver o que aconteceu”. E aponta como Estado e escola devem contribuir nesse processo; - Vera indica quais são os sinais de alerta para famílias buscarem ajuda, como mudanças de comportamento, na alimentação e nos cuidados com o corpo. E conclui sobre a importância de “escutar” crianças e adolescentes, “mais do que falar”, para entender o processo vivido nesta fase da vida.
4/24/202325 minutes, 45 seconds
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A queda do ministro Gonçalves Dias do GSI

Imagens inéditas reveladas nesta quarta-feira (19) mostram que o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o militar da reserva Gonçalves Dias, estava no Palácio do Planalto durante a invasão golpista da sede dos Três Poderes em 8 de janeiro. A divulgação do vídeo desencadeou uma crise no governo, que culminou no pedido de demissão de G. Dias – substituído interinamente por Ricardo Capelli – e na adesão da bancada governista à abertura de uma CPI sobre os atos golpistas. Para analisar os efeitos da primeira queda de um ministro na gestão Lula 3, Julia Duailibi conversa com Guilherme Balza, repórter da GloboNews em Brasília, e com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN. Neste epsódio: - Balza revela a repercussão das imagens nos bastidores do governo. Ele informa que Lula ficou “bastante decepcionado” e convocou duas reuniões - a primeira com ministros de confiança do presidente; na sequência, houve o pedido de demissão do ministro militar do GSI; - Bernardo fala sobre a antiga relação de Lula com Gonçalves Dias, que participou dos mandatos 1 e 2 do petista, quando recebeu o apelido de “sombra” de Lula, e que Dias foi indicação “da cota pessoal” do presidente para o ministério; - Ele explica o que está por trás do desejo da oposição em criar a CPI de 8 de janeiro: “desviar o verdadeiro foco das pessoas presas, do financiamento e das investigações”, que está com a PF. Bernardo avalia também o “erro” do governo em menosprezar o risco desta comissão parlamentar se concretizar e, agora, em como os bolsonaristas “devem usar as imagens” de G. Dias; - O jornalista comenta a relação conflituosa da esquerda com as Forças Armadas - tensão acentuada depois dos 4 anos de governo Bolsonaro. Para ele, “consolidar a democracia” e “barrar o movimento golpista com participação militar” são os principais desafios da atual gestão.
4/20/202327 minutes, 18 seconds
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A ambição brasileira de mediar a guerra da Ucrânia

Ao prometer a volta do Brasil ao centro da diplomacia global, Lula (PT) propôs a criação de uma comissão de nações independentes para negociar o fim do conflito. Desde então, manda sinais contraditórios ao cenário internacional. Nas reuniões da ONU, o Itamaraty votou pela retirada das tropas russas do território ucraniano. Diante dos microfones, Lula equiparou as responsabilidades de Putin e Zelensky pela guerra e disse que a decisão pelo conflito foi tomada pelos dois países - uma versão equivocada, que o presidente foi obrigado a esclarecer no dia seguinte. Para explicar as expectativas, os erros e os acertos da diplomacia brasileira na questão ucraniana, Julia Duailibi conversa com Marcos Azambuja, ex-embaixador do Brasil na França e na Argentina e conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cerbi). Neste episódio: - O embaixador comenta o desejo de Lula fundar um “clube da paz” - e como as recentes declarações do presidente “claramente desqualificam o país como confiável para encontrar a fórmula da paz”; - Azambuja aprova o discurso brasileiro de “colaboração para a construção da paz”, embora nem sempre “com as ferramentas ideais” para atingir este objetivo. “O Brasil está no caminho certo, mas não pode se oferecer para ser mediador”, avalia; - Ele também duvida dos benefícios de uma eventual viagem de Lula à Ucrânia: “O Brasil não pode cair nas armadilhas de grupos em contradição e confronto”. Para ele, o país deve “atuar em um perfil mais baixo” e construir um discurso “sereno e preciso”; - Por fim, o embaixador afirma “categoricamente” que a diplomacia brasileira é mais influente sob o governo Lula em relação a Bolsonaro. “O Brasil voltou ao palco internacional e a ser um país com razão para se dar bem com todos”, conclui.
4/19/202323 minutes, 42 seconds
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Os atos de 8/01 em julgamento no STF

Nesta terça-feira (18), o Supremo Tribunal Federal começa o julgamento dos primeiros 100 denunciados pelos atos golpistas de 8 de janeiro – nesta etapa do processo, cabe aos ministros definir quais deles vão virar réus. O total de acusações soma 1.390 pessoas, e os crimes são vários, entre eles golpe de Estado e deterioração de patrimônio tombado – estima-se prejuízo superior a R$ 26 milhões. Para entender os meandros do maior processo que já chegou à Suprema Corte brasileira, Julia Duailibi conversa com Mariana Muniz, repórter do jornal O Globo em Brasília, e Rubens Glezer, professor da FGV Direito-SP e autor do livro “Catimba Constitucional”, sobre a história recente do Supremo. Neste episódio: - Mariana descreve quais são os crimes pelos quais os 100 primeiros denunciados podem virar réus e projeta que “muito em breve” deve haver uma segunda leva de acusações - neste momento, estão presos 294 suspeitos; - A jornalista diz que a expectativa é que o relator, ministro Alexandre de Moraes, concorde com o parecer da PGR e apresente os 100 votos individualmente. Depois, os demais ministros apresentarão seus pareceres: “Uma boa expectativa de placar é 8 a 2”, afirma; - Rubens comenta o ineditismo deste julgamento, em um momento de desgaste da imagem do Supremo – para ele, a Corte deve “tentar estabelecer um efeito simbólico e prático para tentar deter um golpismo que ainda está presente”; - Ele também avalia a “crescente desconfiança sobre o Estado democrático de direito” e a disposição de grupos organizados para atacá-los. “O caso brasileiro”, afirma, “pode ser o grande símbolo da retomada em prol desse pacto civilizatório”.
4/18/202328 minutes, 46 seconds
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A reconstrução da área ambiental no pós-devastação

Ao assumir para seu terceiro mandato, Lula (PT) garantiu que o meio ambiente e o clima seriam prioridades na agenda do governo. As primeiras ações na área foram a nomeação de Marina Silva (Rede) para o Ministério do Meio Ambiente, a retomada do Fundo Amazônia e a ação emergencial na Terra Indígena Yanomami contra o garimpo ilegal. Mas os dados do primeiro trimestre apontam que há muito mais a fazer: de acordo com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o desmatamento na Amazônia e no Cerrado bateu recorde no mês de fevereiro e segue crescendo. Para entender as ações do governo e pensar em modelos de desenvolvimento sustentável, Julia Duailibi conversa com Daniela Chiaretti, repórter especial de meio ambiente do jornal Valor Econômico, e Ricardo Abramovay, professor titular da cátedra Josué de Castro da USP e autor do livro “Infraestrutura para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”. Neste episódio: - Daniela explica por que é “complicado reverter a curva de desmatamento”: um dos principais motivos é que hoje, na Amazônia, “existe uma ilegalidade associada ao crime organizado”; soma-se a isso o cenário de “terra arrasada” deixado pelo governo Bolsonaro; - Ela descreve como o ministério liderado por Marina Silva vem tentando recuperar sua capacidade de fiscalização. Um exemplo é o Ibama, que “está com metade dos servidores públicos que tinha no passado” e precisa de treinamento para agir em campo. Daniela também informa quantos milhões de reais o governo federal destinou à pasta; - Abramovay fala sobre o “extraordinário potencial da Amazônia em várias dimensões”, mas aponta que o uso sustentável dessa riqueza, hoje, está abaixo de outros países. Um exemplo é a “capacidade extremamente baixa da pecuária na Amazônia” - atividade que acaba maquiando ocupações ilegais e especulação latifundiária; - Ele explica o que significa a “agenda pós-desmatamento”: é preciso melhorar a assistência técnica aos produtores rurais e melhor aproveitamento dos produtos existentes na Amazônia; e também “beneficiar as cidades e seu potencial de serviços urbanos”.
4/17/202332 minutes, 53 seconds
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Bolsonaro sob risco da inelegibilidade

Em julho do ano passado, o então presidente convocou embaixadores para uma reunião no Palácio do Alvorada, e lá proferiu uma série de acusações mentirosas sobre o sistema eleitoral e a urna eletrônica. Um abuso de poder político que se repetiria em diversas oportunidades, como no caso das comemorações do 7 de Setembro. E que resultou em uma ação no Tribunal Superior Eleitoral, ingressada pelo PDT. Na quarta-feira, um parecer assinado pelo vice-procurador eleitoral Paulo Gonet Branco, do Ministério Público Eleitoral, afirma que as provas reunidas no processo configuram irregularidade e pede ao TSE a condenação de Bolsonaro, o que o tornaria inelegível por 8 anos. Para explicar o que vem pela frente nos tribunais, Julia Duailibi entrevista Flávia Maia, repórter em Brasília do Jota, plataforma especializada na cobertura do Judiciário, e Walber Abra, professor da Faculdade de Direito do Recife (UFPE), livre docente pela USP e advogado do PDT. Neste episódio: - Flavia descreve as acusações presentes nas 16 ações que tramitam no TSE contra o ex-presidente: abuso de poder político e econômico e uso indevido de meios de comunicação. E explica que, ainda que caiba recurso no STF, “já há ali uma convicção meio formada”; - Ela também comenta que o vazamento do parecer do MP Eleitoral é “sinal muito ruim para a defesa de Bolsonaro”. A expectativa era para o julgamento ser realizado em maio, mas, lembra a jornalista, que a defesa do ex-presidente entrou com pedido para investigar o parecer vazado; - Walber justifica por que entrou com a ação contra o ex-presidente: “Foi um ataque à legislação e ao sistema eleitoral. E isso tudo é auto evidente”. E menciona que “é muito claro que Bolsonaro sabia” sobre a minuta do golpe encontrada na casa de seu ex-ministro da Justiça; - O advogado também falou sobre a posição do MP Eleitoral em relação ao general Braga Netto, candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. “Agora, cabe ao TSE analisar se mantém seu posicionamento”, conclui.
4/14/202320 minutes, 4 seconds
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EXCLUSIVO: N° 2 da Fazenda fala sobre taxação a sites chineses

"Não muda nada” para quem compra de maneira legal, afirma o secretário-executivo do Ministério da Fazenda em entrevista exclusiva a Julia Duailibi neste episódio de O Assunto. Gabriel Galípolo explica as motivações e as expectativas do governo com a medida. Com a nova regra, o governo espera arrecadar R$ 8 bilhões por ano – a expectativa apresentada por Fernando Haddad é de aumentar a receita entre R$ 110 bilhões a R$ 150 bilhões para cumprir a meta estabelecia na nova regra fiscal. A Receita vai cobrar imposto de 60% sobre o valor da mercadoria nas compras internacionais de até US$ 50 – o que afeta, sobretudo, a comercialização com sites chineses. Participa também Alberto Serrentino, consultor especialista em varejo e fundador da Varese Retail. Neste episódio: - Galípolo afirma que “quem compra produtos regularizados seguirá pagando o imposto que já paga”. Isso porque, explica, a cobrança sempre existiu na relação entre pessoa jurídica e pessoa física - e que, para evitar sonegação fiscal, a nova regra extingue a isenção para o comércio entre duas pessoas físicas; - O secretário-executivo da Fazenda diz que a medida “está colocando à luz do sol um problema que existe” e que a taxação das mercadorias compradas em sites internacionais é fundamental para garantir a isonomia entre empresas nacionais e estrangeiras: “Pode lesar o ambiente competitivo, pode lesar a economia brasileira e comprometer até a geração de empregos”, afirma; (12:40) - Ele também apresenta algumas ideias que irão aparecer na Medida Provisória a ser apresentada nos próximos dias; - Alberto explica o fenômeno do crescimento do comércio via cross border, acentuado durante a pandemia e que chegou às cifras de R$ 50 bilhões apenas por parte de compradores brasileiros. Com a tributação, afirma, a concorrência entre produtos nacionais e internacionais será mais justa e, também, “haverá impacto no aumento de preços”; - Ele critica o atual limbo regulatório e cobra regras tributárias mais claras e mais capacidade de fiscalização por parte da Receita. “Precisamos ter mais eficácia na arrecadação e maior alcance na tributação para descer a carga tributária geral e o consumidor poder comprar mais barato”, afirma.
4/13/202332 minutes, 38 seconds
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Dalai Lama – o líder budista em xeque

Nascido com o nome de Tenzin Gyatso, ele foi reconhecido ainda bebê como a 14ª encarnação de Buda – se tornando líder espiritual e chefe de estado do Tibete. Durante décadas, foi o símbolo da busca pela paz entre o governo central da China e os tibetanos, cujo território está sob o comando de Pequim. Sua história rendeu o prêmio Nobel da Paz em 1989 e homenagens em pelo menos dois filmes de Hollywood na década de 1990. Nos últimos anos, no entanto, sua imagem vem sendo arranhada por deslizes públicos, o mais grave deles registrado em vídeo, no qual tenta encostar a língua na boca de uma criança. Para descrever a trajetória do líder budista e o que ele representa na geopolítica local, Julia Duailibi recebe Marcelo Lins, apresentador e comentarista da GloboNews, e Paulo Menechelli, pesquisador da diplomacia cultural da China e cofundador da rede Observa China. Neste episódio: - Marcelo descreve como Tenzin foi identificado ainda na infância como Dalai Lama, e quais são as funções e responsabilidades do cargo. E justifica por que é “difícil desassociar os processos” de sua perda de prestígio internacional e do crescimento do poder econômico, político e cultural da China; - Ele também comenta os dois “episódios condenáveis” protagonizados por Dalai Lama. O primeiro deles, em 2019, quando fez “uma brincadeira de mau gosto e machista”. O mais recente, “ainda mais vergonhoso” e que tira dele “as condições de liderar seus seguidores”; - Paulo explica a estratégia de Xi Jinping de “contar bem as histórias da China”, e como isso se relaciona com o Tibete e o Dalai Lama, “temas sobre os quais Pequim não gosta que se fale na agenda internacional”; - Ele relata como a cobertura da mídia chinesa sobre o episódio de Dalai Lama com a criança integra “a narrativa chinesa de que ele fomenta a independência do Tibete por interesses estrangeiros” - e como Pequim tentará se aproximar ao máximo do processo de sucessão para o próximo líder tibetano.
4/12/202322 minutes, 59 seconds
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Redes sociais – os desafios para moderar conteúdo

A tentativa de golpe de 8 de janeiro impôs ao governo a pauta da regulamentação das redes sociais contra fake news e incitação ao crime. As tragédias em escolas de São Paulo e de Santa Catarina deflagraram a urgência de agir para limitar não só a produção, mas a divulgação de mensagens de ódio. A Polícia Federal abriu um inquérito para investigar as redes e o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino (PSB), cobrou as empresas que controlam as maiores plataformas. Para apontar em que pé está este debate, Julia Duailibi conversa com Patrícia Campos Mello, repórter do jornal Folha de São Paulo e autora do livro “A Máquina do Ódio: notas de uma repórter sobre fake news e violência digital”, e Carlos Affonso Souza, professor da UERJ e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade. Neste episódio: - Patrícia relata que Lula (PT) e Dino trabalham numa regulação “que muda o cerne do Marco Civil da Internet”, para responsabilizar as empresas controladoras das redes sociais a agir contra conteúdos criminosos antes mesmo de ordens judiciais; - A jornalista também explica como a lei de regulação europeia e um episódio de terrorismo que virou caso na Suprema Corte americana inspiram o projeto enviado pelo governo, com foco na “transparência dos algoritmos”: “É algo que as redes sociais precisam se responsabilizar”, diz; - Carlos Affonso aprofunda o debate sobre a fronteira entre a necessidade de moderação e o risco de censura: “Uma lei sem regras claras pode criar mais confusão do que solução para este problema”, afirma; - Ele explica também que, além da questão do conteúdo, a cobrança do Estado é por “mais transparência e clareza sobre o funcionamento da publicidade”. E conclui que é preciso estabelecer uma entidade de controle sobre as regras que serão definidas em lei.
4/11/202330 minutes, 19 seconds
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Os 100 dias do governo Lula - balanço e projeções

O terceiro mandato presidencial de Lula (PT) teve início na grande festa da posse, que recebeu mais de 300 mil pessoas. Poucos dias depois, em 8 de janeiro, a mesma Brasília foi palco de um ataque terrorista protagonizado por bolsonaristas que tentaram um golpe de Estado – que fracassou. Na sequência, Lula se aproximou dos líderes dos três Poderes, ordenou a troca no comando do Exército e avançou na retomada de programas sociais que têm a marca das gestões petistas. Em seu ato mais recente, ofereceu um breve cessar fogo nas críticas contra a política de juros aplicada pelo Banco Central para que Fernando Haddad, ministro da Fazenda, apresentasse o projeto da regra fiscal que substituirá o teto de gastos – recebido com elogios e desconfiança pelo Congresso e mercado. Para explicar o que de mais importante aconteceu até aqui e projetar o futuro deste governo, Julia Duailibi conversa com Fábio Zambeli, vice-presidente executivo de assuntos públicos da Ágora e jornalista dedicado à cobertura política há três décadas. Neste episódio: - Zambeli afirma que o processo de transição foi totalmente alterado após o 8 de janeiro, mas que Lula fez “dos limões, uma limonada”: “Funcionou como um validador institucional para o governo” e ajudou na relação com o Congresso, com o Supremo e com os entes federativos; - Ele também comenta o cenário econômico. Na pasta da Fazenda, Haddad “busca validações do mercado, do sistema financeiro, dos empresários e da indústria” e enfrenta resistências dentro do próprio PT. Na guerra contra os juros, Lula conquista sua “grande vitória política”; - Na relação com as Forças Armadas, Zambeli entende que o 8 de janeiro “permitiu ao Lula ejetar o antigo comandante do Exército”, de perfil bolsonarista, e substitui-lo pelo General Tomás Paiva, responsável pelo discurso de despolitização dos militares. A troca, afirma, “foi uma segunda posse de Lula”; - O jornalista ainda aponta os desafios que o petista irá enfrentar pelos próximos anos, a começar pela variação no preço do petróleo e seu potencial “efeito cascata na economia”. E, no médio prazo, caso o PIB não atenda às expectativas, a questão que se coloca é se “Lula vai acelerar o desenvolvimentismo, na linha Dilma, ou se vai trabalhar com os pés no chão, seguindo a cartilha do Haddad”.
4/10/202334 minutes, 3 seconds
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Ataque em escolas – como falar com as crianças

Nesta quarta-feira, 4 crianças foram mortas e outras 5 ficaram feridas em um ataque a uma creche de Blumenau, em Santa Catarina. Horas depois da tragédia, o governo federal anunciou R$ 150 milhões para a segurança de escolas, além da formação de um grupo para discutir e apresentar propostas em até 90 dias. No contexto de tanta violência - são 24 ataques em instituições de ensino em 20 anos – surge a dúvida de como falar sobre os ataques com crianças e adolescentes. Para orientar famílias e professores, Julia Duailibi recebe a pedagoga Elvira Pimentel, pesquisadora do Grupo sobre Educação Moral e do Instituto de Estudos Avançados, ambos na Unicamp. Neste episódio: - Elvira aponta a dificuldade de blindar as crianças de terem acesso a notícias de ataques a escolas e que as famílias devem responder às demandas apresentadas, adequando a fala de acordo com a idade. “Se a criança apresentar medo, valide o sentimento dela”, recomenda; - Em relação aos adolescentes, ela explica a importância de “se conectar com os sentimentos deles” e orientá-los em relação ao discurso de ódio: “a ideia é que seja uma conversa, não um confronto”; - A pedagoga comenta a importância da ação do governo de lançar olhar sobre este tema, ouvindo profissionais de várias áreas. “Na escola, é fundamental a construção de uma política que fomente a convivência”, conclui.
4/6/202318 minutes, 31 seconds
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Bolsonaro de frente com a PF

O primeiro dos pacotes recheados de joias foi entregue em mãos pelas autoridades da Arábia Saudita ao ex-presidente. Outros dois – um deles carregado com itens que totalizam mais de R$ 16 milhões – chegaram ao Brasil junto da comitiva liderada pelo ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Além das peças milionárias, os três pacotes têm em comum o fato de terem entrado no país de forma ilegal. Para investigar os potenciais crimes cometidos nesta série de eventos, a PF abriu um inquérito e intimou Bolsonaro e diversos de seus aliados – entre eles o seu faz-tudo, o Coronel Mauro Cid. Para explicar essa história, Julia Duailibi conversa com Carlos Andreazza, colunista do jornal O Globo e apresentador da rádio CBN e do podcast Dois + Um. Neste episódio: - Andreazza aponta as diversas perguntas ainda sem respostas nos casos que envolvem o ex-presidente – inclusive a suspeita de lavagem de dinheiro com a ditadura saudita. “Jair Bolsonaro, mesmo usando o aparelho do Estado, agiu para reaver estes itens e levar pra casa”; - Ele afirma que a “possibilidade da inelegibilidade de Bolsonaro é concreta”, sobretudo em relação ao caso que corre na Justiça Eleitoral sobre a reunião de caráter golpista promovida pelo ex-presidente com embaixadores em 2022. E avalia que a descoberta de que seu ex-ministro da Justiça usou a PF e a PRF para realizar operações na data da votação do 2º turno pode comprometê-lo ainda mais, inclusive entre os eleitores; - O jornalista também analisa como Bolsonaro deve usar o discurso de perseguição para se fortalecer politicamente, mesmo em caso de inelegibilidade. “Será que o bolsonarismo sobreviveria sem Bolsonaro na eleição? Eu acho que sim”, afirma.
4/5/202322 minutes, 59 seconds
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Trump – acusação e futuro político

Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um ex-presidente é acusado formalmente de cometer um crime. O republicano se apresentará a um tribunal de Nova York nesta terça-feira (4) e, de acordo com a imprensa dos EUA, ouvirá cerca de 30 acusações. Ele vai ter a oportunidade de se defender do suposto crime ocorrido em 2016, quando seu advogado teria subornado a ex-atriz pornô Stormy Daniels para se calar sobre a relação extraconjugal que ela afirma ter vivido com Trump – o que ele nega. Para a Justiça americana, o caso pode representar fraude eleitoral. Para explicar o futuro de Trump, e da corrida eleitoral à Casa Branca no ano que vem, Julia Duailibi recebe Guga Chacra, comentarista da TV Globo em Nova York e colunista do Jornal O Globo. Neste episódio: - Guga descreve o passo a passo do dia de Trump diante da Justiça americana: ele será fichado, fotografado e chamado a se pronunciar culpado ou inocente. Do lado de fora da corte, Guga relata que “foram convocadas manifestações, mas Trump não é popular na cidade”; - O jornalista relata o clima político depois do anúncio da acusação: o ex-presidente “conseguiu energizar a base trumpista” e recebeu o apoio de seus principais rivais dentro do Partido Republicano, sob alegação de “perseguição política”; - Guga também avalia que todas as demais acusações contra Trump “estão bem avançadas” e que são casos mais “sérios e mais perigosos para o ex-presidente". E afirma que, de acordo com a Constituição dos EUA, nenhuma acusação irá tirar dele o direito de ser candidato em 2024.
4/4/202319 minutes, 36 seconds
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O Brasil e a memória da ditadura

Pela primeira vez em 5 anos, as Forças Armadas não celebraram a data que marca o golpe militar de 1964. É mais uma sinalização de perda de poder político da instituição que sofreu dois reveses na última semana: a decisão inédita do TRF-2 de excluir da Lei de Anistia um sargento que estuprou uma presa política em 1971, e o retorno da Comissão de Anistia – composta de nomes indicados pelo presidente Lula (PT) – desta vez com a possibilidade de reavaliação de casos já negados. Para explicar estes recentes movimentos em favor da memória e reparação, Natuza Nery entrevista Rogerio Sottili, diretor executivo do Instituto Vladimir Herzog. Neste episódio: - Rogério fala sobre a importância “simbólica e política” da reparação às vítimas da ditadura, um processo que foi interrompido com o impeachment de Dilma Rousseff e precarizado nos anos de Jair Bolsonaro. “O Brasil vive sob o manto da impunidade, que possibilita a violência diária ainda hoje”, afirma; - Ele comenta o julgamento do STF em relação à Lei de Anistia e defende que os crimes de lesa-humanidade (como tortura e estupro) não estão submetidos a ela: “Ninguém está preocupado com crimes do passado, mas com o presente e o futuro do Brasil”; - Rogério acusa os militares – que assumiram a Comissão da Anistia no mandato de Bolsonaro – de “sinalizarem ameaças” e "se confundirem sobre o seu papel” no regime democrático: “Uma visão completamente avessa à democracia”;
4/3/202328 minutes, 13 seconds
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A nova regra fiscal

Durante a campanha à presidência, Lula (PT) deixou claro que uma de suas prioridades na pauta econômica seria o fim do teto de gastos. Depois de quase 100 dias de mandato, finalmente a proposta que substituirá o teto foi apresentada publicamente. Sob comando do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a equipe econômica tentou um malabarismo para encontrar uma fórmula que unisse responsabilidade fiscal com expansão do investimento público - e a versão que veio a público recebeu elogios de políticos, agentes do mercado financeiro e até do presidente do Banco Central. Para analisar a regra e suas repercussões políticas e econômicas, Natuza Nery conversa com a jornalista Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: - Maria Cristina descreve as principais ideias apresentadas na proposta da nova regra fiscal: um limite para a expansão do gasto atrelado ao crescimento da receita, e um horizonte para o país alcançar superávit fiscal e estabilizar a dívida pública. “Haddad atingiu seu primeiro objetivo”, afirma; - A jornalista explica como o ministro da Fazenda conseguiu uma “virada surpreendente” na relação com o mercado financeiro. “Haddad costurou esse apoio, e sabia que seria mais fácil para ele do que para o presidente Lula”, diz; - Ao analisar a recepção dos parlamentares à proposta, Maria Cristina lembra que, nos últimos anos, o “Congresso colocou um garrote no governo" e criou o mecanismo das emendas de relator para driblar a restrição orçamentária. “O orçamento secreto é filho do teto de gastos”, resume; - Ainda no Congresso, ela aponta as dificuldades que o governo Lula irá enfrentar na tramitação do texto num momento de “divisão estabelecida entre Câmara e Senado”, resultado da queda-de-braço dos chefes das duas Casas pelo controle das comissões mistas.
3/31/202326 minutes, 30 seconds
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A explosão de violência dentro das escolas

Nesta segunda-feira (27), um adolescente de 13 anos, armado com uma faca, atacou colegas e professores na escola onde estudava, na Zona Oeste de São Paulo. Alvo de seu ex-aluno, a professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos, morreu. Este ataque brutal não é ato isolado e tem características que se repetem nos mais de 20 massacres contabilizados em escolas brasileiras nas últimas duas décadas - um fenômeno que se acelerou desde agosto do ano passado, período no qual ocorre mais de um ataque por mês em todo o país. Na maior parte dos casos, os autores dos ataques, em ambiente online, publicam conteúdo e integram grupos com temas supremacistas e violentos. Para analisar este cenário, Natuza Nery recebe Talma Vinha, professora da Faculdade de Educação e coordenadora do grupo “Ética, Diversidade e Democracia na Escola Pública”, do Instituto de Estudos Avançados, ambos na Unicamp. Neste episódio: - Telma descreve o perfil dos alunos e ex-alunos que invadem as escolas em atos violentos: são do sexo masculino, brancos, jovens, misóginos, “vivenciaram bullying”, têm “gosto por violência” e apresentam “sinais de transtornos psiquiátricos”; - Ela relaciona os massacres ao “aumento da cultura da violência” e destaca os aspectos midiáticos destes eventos, que são abertamente debatidos em fóruns, comunidades e jogos online. “Nestes grupos, eles se sentem acolhidos”, afirma; - A pesquisadora explica os fatores de “adoecimento psíquico” que atingem estes jovens: empobrecimento pós-pandemia, falta de acesso a lazer e cultura e “nenhuma perspectiva de futuro”. E afirma que é fundamental “políticas públicas integradas” nas escolas; - Telma também aponta quais os sinais podem ser observados jovens com potencial violento: obsessão por armas de fogo e agressividade contra mulheres, negros e grupos menorizados.
3/30/202326 minutes, 7 seconds
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Ozempic - a caneta do emagrecimento

A Anvisa aprovou, pela primeira vez no Brasil, um medicamento dedicado ao tratamento da obesidade. Trata-se do Wegovy, que foi liberado em janeiro deste ano e cujo princípio ativo é a semaglutida – o mesmo do já conhecido Ozempic, remédio que trata a diabetes tipo 2, mas tem sido usado para a perda de peso. Injetado via caneta aplicadora, ele tem custo alto (quase R$ 1.000 por caneta), e é considerado seguro. Mas tem efeitos colaterais e deve ser usado só sob orientação médica. Para apresentar os benefícios e perigos da semaglutida e falar sobre métodos de controle de peso saudável, Natuza Nery conversa com Paulo Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia, e com a nutricionista Sophie Deram, coordenadora do projeto sobre genética dos transtornos alimentares no Instituto de Psiquiatria da USP. Neste episódio: - Paulo explica como a semaglutida age no organismo e porque apresentou resultados tão promissores em estudos sobre controle de peso. “É o mais eficaz que já tivemos em todos os tempos”, resume; - O médico também alerta para o risco do uso inadequado do medicamento, sem acompanhamento de um profissional, buscando apenas “o desejo social da perda de peso” - o aumento das vendas sem prescrição, inclusive, pode levar ao desabastecimento nas farmácias; - Sophie questiona a cultura do emagrecimento, e diz que a desnutrição é efeito colateral padrão de dietas restritivas. “Será que perder peso é um ganho para a saúde?”, pergunta; - Ela afirma que a grande maioria das pessoas que fazem dietas restritivas recupera o peso perdido, e resume em três pontos a fórmula saudável para o emagrecimento: não fazer restrições abruptas, não comer ultraprocessado e cozinhar. “Comida fresca e cozinhar com frequência parecem elementos simples, mas não são fáceis”.
3/29/202328 minutes, 42 seconds
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Israel: protestos históricos e a democracia em xeque

Há três meses, ondas de manifestantes avançam sobre as ruas de diversas cidades israelenses – um fenômeno que culminou no maior dos atos, com mais de 600 mil pessoas, neste fim de semana, e decretou greve geral. O estopim foi a exoneração do ministro da Defesa, demitido pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu depois de se opor à proposta do governo de uma reforma do Judiciário. Netanyahu se uniu aos partidos mais radicais e ultra religiosos para voltar ao poder em novembro do ano passado, após sucessivos escândalos de corrupção. Desde então, acentuou a guinada de Israel à extrema-direita. Para descrever os protestos contra a reforma judiciária e os riscos à democracia e à segurança dos grupos minoritários, Natuza Nery conversa com Paola de Orte, correspondente da GloboNews e do jornal O Globo no Oriente Médio, e com Michel Gherman, professor de sociologia da UFRJ e do Instituto Brasil-Israel. Neste episódio: - Paola narra o clima das ruas de Tel Aviv: o que dizem os manifestantes, os serviços paralisados, a reação da polícia e a ameaça de radicais conservadores. Ela alerta para o risco de que, em breve, "pode ser que comecem os atos de violência"; - A jornalista informa como a proposta de reforma polariza a sociedade israelense, gera oposição até de setores militares e “abala a segurança e a economia do país” - resultado da aliança inédita entre Netanyahu e os grupos extremistas religiosos: “Esse é um momento definidor”; - Michel descreve os “três pontos fundamentais” da reforma do Judiciário: a escolha dos juízes da Suprema Corte, a possibilidade do Parlamento de reverter decisões do Supremo e a perseguição a grupos minoritários. “É um projeto de autoritarismo e ditadura, sem sombra de dúvida”, afirma; - Ele também explica que Israel passa por um “momento inédito”, mas é também a ponta de lança de um movimento transnacional de extrema-direita e neofascista, do qual fazem parte Trump, Orban e Bolsonaro. “Quem vai salvar Israel é a sociedade civil. A extrema-direita perde diante da frente ampla”;
3/28/202331 minutes, 11 seconds
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Apostas esportivas: o risco de resultado manipulado

Um levantamento que monitorou mais de 850 mil jogos de mais de 70 esportes no mundo concluiu que o Brasil foi o país com o maior número de suspeitas de manipulação de resultado no ano passado. O caso mais simbólico é o escândalo de suborno de atletas que atuaram na Série B do Brasileirão em 2022 para interferirem em determinadas partidas – uma investigação conduzida pelo Ministério Público de Goiás, que cogita também manipulações nos estaduais Gaúcho e Mineiro. Já em Brasília, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), olha para o setor de apostas online como um potencial fonte de recursos para melhorar o ambiente fiscal. Ele anunciou que deve regulamentar e taxar a atividade, que podem gerar até R$ 6 bilhões ao ano em arrecadação. Para explicar todo o universo das apostas eletrônicas, Natuza Nery conversa com Gabriela Moreira, repórter de esportes da Globo que teve acesso a documentos e áudios da investigação do caso da Série B, e com Pierpaolo Bottini, advogado e professor de direito penal na USP.
3/27/202323 minutes, 46 seconds
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INÉDITO - Novos dados sobre aborto no Brasil

Dados inéditos, que serão publicados na Pesquisa Nacional de Aborto – Brasil, revelam que em 2021 o número de mulheres que admitiu ter realizado o procedimento caiu em relação a 2010: são 10% das brasileiras, ante 15% da década passada. O trabalho também identifica que em 52% das vezes, o aborto ocorreu quando a mulher tinha menos de 19 anos. A antropóloga Debora Diniz, uma das autoras do estudo, conversa com Natuza Nery para revelar mais descobertas e análises da pesquisa. Neste episódio: - Debora descreve o perfil da mulher que faz aborto no Brasil: é muito jovem, tem religião e está em todas as classes sociais, cores e regiões do país - mas há concentração em negras e indígenas, de baixa escolaridade e que vivem no Nordeste. “Estamos falando de meio milhão de mulheres por ano”, afirma; - Ela informa que uma a cada duas mulheres finaliza o aborto no hospital, resultado da “insegurança e clandestinidade” do procedimento: “Com a criminalização, não conseguimos cuidar das mulheres”; - A antropóloga alerta para o “aumento nas barreiras para a mulher no sistema de saúde” dos últimos 4 anos. E fala sobre a expectativa para que o atual governo enfrente a questão de direitos reprodutivos como “política de saúde pública”; - Debora também destaca a “maré verde” que tomou a América Latina nos últimos anos, em contraste ao que aconteceu nos Estados Unidos. “Agora é a região do mundo de mais avanço na legislação do aborto”.
3/24/202325 minutes, 24 seconds
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Lula rumo à China e a nova relação com Pequim

A partir do domingo (26), o presidente lidera uma comitiva de ministros, governadores, parlamentares e mais de 200 empresários para o outro lado do planeta. Numa das viagens diplomáticas mais importantes do ano, o governo federal tenta refazer laços com seu principal parceiro comercial – uma relação prejudicada pelo discurso sinofóbico da gestão anterior. Para dimensionar o tamanho da China para a economia brasileira e a posição estratégica dessa relação, Natuza Nery conversa com Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de relações internacionais da FAAP. Neste episódio: - Fernanda esclarece o que a China “representa para o Brasil” hoje: além de principal parceiro comercial, realiza investimento em áreas de infraestrutura e é aliado na defesa de mecanismos multilaterais de diplomacia. “É uma viagem importante, estratégica e simbólica”; - Ela descreve os últimos movimentos da “triangulação China-EUA-Brasil": enquanto a economia chinesa avança para ocupar espaço em tecnologia e inovação, Washington passa a ver Pequim como “competidora e concorrente”. “O Brasil é mais um desses espaços de disputa”, afirma; - Fernanda também explica por que uma abordagem “econômica e pragmática” na relação com a China é a melhor para o Brasil. “Temas políticos, como a guerra da Ucrânia, são espinhosos”, conclui.
3/23/202322 minutes, 6 seconds
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Juros – como eles afetam você e a economia

O Comitê de Política Monetária, o Copom, anuncia nesta quarta-feira (22) se mantém a taxa básica de juros no patamar atual. O presidente Lula já demonstrou reiterada vezes que considera “absurda” a manutenção da Selic a 13,75% - maior taxa de juros reais (descontada a inflação) do mundo. A decisão do Copom vale até a próxima reunião do comitê, agendada para o início de maio, e pode ser decisiva para o crescimento do PIB brasileiro. Para explicar a repercussão da taxa de juros na vida real, Natuza Nery recebe o economista Robson Gonçalves, consultor da FGV-SP. Neste episódio: - Robson explica o que é a Selic e a função dos juros na economia. “Pode ser entendido como um remédio contra a inflação”, define, e pondera que, na dose errada, tem “efeitos colaterais como frear o crescimento econômico”; - Ele opina sobre a decisão que será anunciada pelo Copom e aposta que haverá um racha dentro do comitê para manter a Selic ou para baixá-la. “Precisa reconhecer que não temos uma inflação de demanda”, afirma; - O economista também alerta para o perigo da “taxa de juros alta demais” até para o sistema bancário, e comenta a decisão do governo em baixar à força a taxa para o empréstimo consignado do INSS; - Por fim, Robson relaciona como a taxa de juros pode determinar o aquecimento do mercado de trabalho – e o peso que ela tem na decisão de grandes montadoras em congelar a produção.
3/22/202320 minutes, 58 seconds
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Lula 3 e a reciclagem de programas petistas

Nesta segunda-feira (20), o presidente anunciou o retorno do programa Mais Médicos, numa versão repaginada em relação àquele que entrou em vigor na gestão Dilma Rousseff, em 2013. E não foi a primeira repaginada do terceiro mandato. O governo federal relançou o Minha Casa Minha Vida com novidades e começou a pagar o novo Bolsa Família, no valor mínimo de R$ 600. Para detalhar o que os programas têm de diferente e o que motiva a volta dessas marcas petistas, Natuza Nery conversa com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Bernardo destaca o aspecto “vale a pena ver de novo” do terceiro mandato de Lula (PT): na falta de uma “marca nova” para esta gestão e diante de uma relação mais difícil com o Congresso e a oposição, o presidente investe em um “passado mais cor de rosa do que realmente era”; - Ele destaca a especificidade do Mais Médicos, que foi lançado no mandato de Dilma e alvo de muitas críticas pelas entidades da categoria. Na nova versão do programa, Lula "reage às críticas do bolsonarismo” e prioriza médicos brasileiros; - O jornalista explica também que o modelo seguido pelo presidente é o do mandato Lula 2 – e como o governo busca evitar ser associado ao governo Dilma. "A fórmula é a mesma”, afirma Bernardo, em relação ao período de 2007 e 2010. “É a ideia que o Estado tem papel importante na economia”.
3/21/202323 minutes, 43 seconds
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Dor nas costas – um problema de saúde mundial

Os sintomas se multiplicam como um contágio. Dores na coluna, na lombar e no pescoço, cuja origem se dá no modo de vida: muito tempo sentado e pouca ou nenhuma atividade física - um quadro que se acentuou na pandemia e que lidera as motivações para afastamentos do trabalho. Para tratar do tema, Natuza Nery conversa com o médico Francisco Sampaio Júnior, neurocirurgião especialista em coluna vertebral do hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Neste episódio: - Francisco Sampaio justifica por que estamos, em sentido figurado, diante de uma “epidemia de dores nas costas”: 80% das pessoas tem, teve ou terá este problema, segundo a OMS; - Ele relata que recebe em consultório pacientes com menos de 10 anos, e alerta que é um quadro ainda mais grave porque crianças estão em “desenvolvimento ósseo, articular e muscular”. “Essa geração vai sofrer mais e antes”, lamenta; - O médico explica o que é um “pescoço de texto”, uma condição identificada recentemente, e que se relaciona com o aumento no uso de smartphones e tablets: “Aumento de 100% a 150% de carga nos discos intervertebrais”; - E, por fim, Francisco alerta para a importância dos exercícios físicos para evitar a sobrecarga na região. “O corpo humano não foi feito para ficar parado. Parou, deu problema”, conclui.
3/20/202321 minutes, 55 seconds
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Terror no Rio Grande do Norte: a situação carcerária

Desde o início da semana, mais de 30 cidades do estado – entre elas a capital Natal – foram tomadas por uma onda de crimes: atentados a tiros e incêndios a prédios públicos, comércios e veículos. Ao longo dos dias, a violência dos ataques aumentou, sob a orientação de líderes de facções criminosas que estão detidos no sistema prisional. A Força Nacional de Segurança desembarcou no estado com 100 militares e deve ser reforçada por mais 120 homens para dar fim à situação. Para entender o que motivou o levante contra a população, Natuza Nery conversa com Bárbara Coloniese, perita do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, e Juliana Melo, antropóloga e pesquisadora da UFRN. Neste episódio: - Bárbara revisitou unidades prisionais do estado e relata que pouco mudou desde o massacre de Alcaçuz, em 2017. Ela descreve condições “insalubres” para os detentos: alimentação “precária e imprópria para consumo”, acesso limitado à agentes de saúde, superlotação e agressões de agentes penitenciários; - Juliana explica como e por que os detentos se revoltaram contra a tutela do Estado: eles sofrem “violações de direitos” - como choques elétricos e maus tratos com familiares – e apelam à violência. “Quanto mais uma prisão é violenta, mais uma sociedade é”, afirma; - A antropóloga descreve a origem e o avanço das organizações criminosas pelo território brasileiro. No caso do Rio Grande do Norte, explica que as duas facções mais poderosas podem ter se unido; - E ela demonstra ceticismo em relação à política de enviar as lideranças de facções para presídios federais: “Mais violações de direitos humanos e expansão do crime organizado”.
3/17/202331 minutes, 21 seconds
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Etarismo – como ele leva a outras violências

O caso da universitária de 40 anos alvo de piadas de três estudantes no interior de São Paulo não é isolado. Com a população vivendo cada vez mais, é preciso desconstruir preconceitos sobre a idade “padrão” para cumprir determinadas tarefas. E o chamado etarismo – ou idadismo - é porta para outros tipos de agressão. A OMS calcula que 15% da população idosa do planeta sofre com algum tipo de violência: agressões, maus-tratos, violência psicológica e roubos dentro da própria família. Para entender o que é o etarismo e os meios para combatê-lo, Natuza Nery conversa com Naira Dutra Lemos, professa da Unifesp e membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerentologia, e Bibiana Graeff, professora do curso de gerentologia da USP. Neste episódio: - Naria diz que o etarismo, a discriminação por idade, não é exclusiva do envelhecimento: “é quando a idade faz com que o preconceito aconteça”, citando também casos contra crianças e adolescentes; - Ela explica por que o preconceito em relação às pessoas mais idosas é a porta para casos de violência física e psicológica; - Bibiana detalha os tipos mais frequentes de violência contra idosos: “negligência, abandono, e depois, todos os tipos de violência psicológica”, situações que levam ao “silenciamento” de pessoas idosas; - E aponta caminhos para desconstruir o preconceito de idade, com investimento em políticas públicas e educação formal e informal sobre o envelhecimento; “a base de tudo é a educação e a cultura”, conclui.
3/16/202327 minutes, 26 seconds
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A falência do banco SVB e os efeitos no Brasil

A maior corrida bancária da história dos EUA aconteceu na semana passada. Em um dia, as retiradas chegaram a US$ 42 bilhões, depois que o Silicon Valley Bank resolveu vender parte de seus investimentos – reflexo da alta dos juros da maior economia do mundo. Com os saques recordes, logo ficou claro que o SVB não teria dinheiro suficiente para pagar seus clientes. Resultado: o banco quebrou. Dois dias depois, o Signature Bank também precisou de intervenção federal. O temor de uma crise parecida com a de 2008, fez o governo Joe Biden anunciar medidas para evitar um efeito dominó. Para entender as causas e as consequências da quebra do banco, Natuza Nery recebe a economista Monica de Bolle, professora e pesquisadora que fala direto de Washington.
3/15/202327 minutes, 47 seconds
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Navalny: o homem que desafiou Putin

Crítico do líder russo, Alexey Navalny jogou luz em alguns dos escândalos do Kremlin e mobilizou protestos no início da década de 2010. Em 2020, seu nome se tornou mundialmente conhecido, depois de ele ter sido envenenado. Tratado na Alemanha, o opositor de Vladimir Putin retornou à Rússia e foi preso – seu paradeiro é até agora desconhecido. A investigação sobre a tentativa de matá-lo, conduzida pelo próprio Navalny, é o tema de um documentário premiado no Oscar. Para entender quem é o homem considerado “pedra no sapato” do presidente russo e explicar seu passado contraditório, Natuza Nery recebe a jornalista brasileira Marina Darmaros, que entrevistou Navalny em 2011, e Daniel Sousa, comentarista da GloboNews e criador do podcast Petit Journal. Neste episódio: - Marina relembra a efervescência de protestos em 2010, quando Navalny emergiu como líder da oposição, e por que o ativista resolveu voltar ao país depois de ser envenenado: “Não existe carreira política no exterior”, ao lembrar que uma de suas ambições era tornar-se presidente; - Ela relata o encontro que teve com ativista em 2011 e o “clima de suspense” que já havia em torno de Navalny à época; - Daniel aponta como Navalny é “uma liderança política extremamente popular” e, mesmo preso, mantém a posição de principal antagonista do presidente russo; - Ele analisa como a maneira com que Putin trata o opositor revela o status da Rússia atual, “um regime que vem se fechando ao longo do tempo”, diz. E conclui como é interessante para Moscou manter Navalny vivo.
3/14/202325 minutes, 25 seconds
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5 anos do assassinato de Marielle Franco

Às 21 horas da noite de 14 de março de 2018, a vereadora pelo Psol e seu motorista, Anderson Gomes, foram emboscados e executados no centro do Rio de Janeiro. Imediatamente, autoridades brasileiras e representantes de quase todo o mundo condenaram o crime de motivação evidentemente política e cobraram que houvesse investigação independente e rápida identificação dos assassinos. Cinco anos depois, dois ex-policiais militares foram acusados pela execução, mas ainda não se sabem quem e por que encomendou a morte de Marielle. Agora, sob determinação do ministro da Justiça, Flávio Dino, a PF abriu inquérito do caso e vai atuar em uma força-tarefa com a polícia civil e o MP do Rio. Para recapitular cada detalhe das investigações e esclarecer o status jurídico do caso, Natuza Nery recebe Vera Araujo, repórter que cobre o crime desde o início pelo jornal O Globo e autora do livro “Mataram Marielle”, e Rafael Borges, presidente da comissão de segurança pública da OAB-RJ e coordenador da pós-graduação em advocacia criminal do Ceped. Neste episódio: - Vera aponta as falhas que atrapalharam a investigação, as acusações de interferência no caso e os episódios nos quais delatores tentaram desviar a atenção dos policiais, em um jogo de poder entre milícias em guerra. “Eles não tinham ideia de que o assassinato teria tanta repercussão”, afirma; - a jornalista conta a reação da família de Marielle diante das investigações e o que motivou o pedido – e a recusa do STJ – de federalização do caso. “Já estava no governo Bolsonaro e a família não confiava na esfera federal”; - Rafael explica o que significa a abertura de inquérito pela PF e quais são os requisitos necessários para a federalização do caso: “É inegável que os agentes da PF poderiam ter contribuído muito mais se estivessem na investigação desde o início”; - Ele recorda que a execução de Marielle ocorreu sob intervenção e a “segurança pública do estado era cuidada por um general do Exército” - o interventor era Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice de Bolsonaro.
3/13/202334 minutes, 34 seconds
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Coronel Cid: o faz-tudo de Bolsonaro

Oficial com mais de 20 anos de Exército, Mauro Cid foi escalado para a função de ajudante de ordens do ex-presidente pouco antes da posse, em 2018. Nos quatro anos de mandato, ultrapassou todos os limites de suas funções e conquistou a confiança irrestrita de Bolsonaro – com quem esteve envolvido em diversos escândalos, entre eles a divulgação de fake news em lives presidenciais, a suspeita de rachadinha no Planalto e o mais recente, o das joias milionárias enviadas pelo governo saudita. Para definir o perfil de Mauro Cid e relatar seus passos nos bastidores, Natuza Nery recebe Guilherme Mazui, repórter do g1 em Brasília, e Andréia Sadi, colunista do g1 e apresentadora e comentarista da GloboNews. Neste episódio: - Guilherme descreve as funções do tenente-coronel como ajudante de ordens da Presidência: ajudava em lives, filmava o “cercadinho” e até encaminhava pagamento de demandas particulares da família Bolsonaro: “Ganhou confiança e se tornou conselheiro do presidente”; - Sadi conta que até o último dia de mandato de Bolsonaro, o ajudante de ordens “se escalou como o artilheiro” do governo: Cid teria se oferecido para ir pessoalmente à alfândega do aeroporto de Guarulhos para resgatar as joias trazidas da Arábia; - Ela explica o papel de Mauro Cid na tentativa de livrar o ex-presidente do escândalo das joias, e como o discurso muda a cada passo da investigação: “A justificativa deles é de que uma coisa é o presidente, outra é a Presidência”; - Por fim, Sadi detalha a quais investigações o tenente-coronel está submetido – inclusive aquela na qual ele pagaria as contas de Bolsonaro irregularmente. E informa que os dois, o ex-presidente e seu ajudante de ordens, seguem em contato: “Uma fonte me disse que, se alguém sabe de Bolsonaro, com certeza é o Cid”.
3/10/202330 minutes, 38 seconds
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A ditadura da Nicarágua e a relação Lula-Ortega

Ao mesmo tempo em que o ditador Daniel Ortega acirra sua cruzada autocrática para permanecer no poder, uma comissão independente enviada pela ONU ao país reforçou que o governo vem cometendo violações graves e sistemáticas contra opositores. No Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, dos oito países que produziram o documento, apenas um se recusou a condenar os crimes: o Brasil. Para explicar o que vem acontecendo no país da América Central e as relações entre Ortega e Lula (PT), Natuza Nery conversa com Paulo Abrão, professor visitante na Universidade Brown (EUA) e assessor sênior da ONG Artigo 19, e com o sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista do jornal Folha de S.Paulo e autor do livro “PT, uma história”. Neste episódio: - Paulo relata a escalada de protestos e de repressão violenta por parte do governo e de grupos paramilitares que marcou a guinada autoritária de Ortega, em 2018: “O tempo aprofundou o Estado de exceção e submeteu o povo a práticas de terrorismo de Estado”; - Ele lembra que, assim que eclodiu a crise política no país, a Igreja Católica “assumiu o papel de mediação” com o governo, mas, posteriormente, entrou na lista de organizações perseguidas, junto de partidos de oposição, ONGs e a imprensa; - Celso retoma as relações entre a fundação do PT (1980) e a revolução sandinista (1979), que compartilhavam do ideal de “socialismo democrata”, para explicar o silenciamento do partido em relação aos desvios do regime de Ortega: “É um erro do PT”; - O sociólogo compara e aponta as diferenças entre o momento político internacional em que Lula assumiu seu primeiro mandato e agora: “Havia muitos países com esquerda democrática. Agora, uma ditadura pode queimar o filme da esquerda em todo o continente”.
3/9/202326 minutes, 44 seconds
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O déficit de mulheres na política

Nas eleições de 2022, o número de candidatas eleitas à Câmara dos Deputados cresceu, mas ainda de forma muito tímida: enquanto as mulheres são 53% do eleitorado, ocupam 17,7% das cadeiras no parlamento. Em 2020, dos 5.560 municípios brasileiros, apenas 677 elegeram prefeitas. São números que classificam o Brasil na 140ª posição entre os 190 países avaliados por um ranking global de representatividade feminina. Os problemas enfrentados por mulheres em cargos políticos, no entanto, são globais: as primeiras-ministras de Finlândia, Nova Zelândia e Escócia, já sofreram com ataques misóginos. Para analisar esse cenário, Natuza Nery conversa com a cientista política Mônica Sodré, diretora executiva da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade. Neste episódio: - Mônica avalia o peso da violência e da falta de apoio financeiro que as mulheres enfrentam dentro de estruturas partidárias e de poder público - e de que modo as mudanças na legislação vêm ajudando na inclusão de gênero: “Mas ainda não são suficientes”; - Ela explica que os partidos políticos são “fundamentais para o jogo eleitoral e institucional” da democracia, mas são majoritariamente dirigidos por figuras masculinas: “A primeira barreira é a campanha, a segunda é a eleição e a terceira barreira é dentro do parlamento”; - A cientista política aponta quais modelos adotados internacionalmente apresentaram resultados melhores na atração e manutenção de mulheres em cargos públicos, e apresenta proposta para garantir espaço a deputadas e vereadoras nas mesas diretoras do Legislativo.
3/8/202325 minutes, 59 seconds
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As joias da Arábia para Michelle Bolsonaro

Em outubro de 2021, a comitiva liderada pelo então ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque desembarcou no aeroporto de Guarulhos carregando pelo menos duas malas com joias – que, supostamente, foram enviadas pelo governo saudita. A mala que trazia presentes para a ex-primeira-dama ficou retida pela Receita Federal – a outra, chegou às mãos da Presidência. Desde então, o governo Bolsonaro envolveu militares, três ministros e até a alta cúpula da Receita para reaver as peças cravadas em diamante, estimadas em R$ 16,5 milhões. Para desfazer os nós dessa história, que vai ser investigada pela Polícia Federal, Natuza Nery conversa com Vladimir Netto, repórter da Globo em Brasília, e com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Vladimir detalha a cronologia do caso, desde o embarque da comitiva na Arábia Saudita até a última das oito tentativas do governo Bolsonaro de reaver de forma irregular as joias retidas na alfândega: “Investigadores têm indícios fortes de que o governo queria esconder a entrada desses itens”; - Ele lista quais os crimes investigados pela PF e conta quem são os alvos do inquérito aberto nesta segunda-feira (6): descaminho, peculato, lavagem de dinheiro, contrabando, tráfico de influência e corrupção; - Bernardo questiona as circunstâncias em que as joias chegaram às mãos do ex-ministro Bento Albuquerque e as motivações para que tenham entrado escondidas no Brasil: “É um caso revelador do caráter do governo Bolsonaro”; - Ele afirma que, do ponto de vista de imagem pública, este caso pode ser “mortal” para Jair e Michelle Bolsonaro: “Já tem muito político tentando se afastar”.
3/7/202333 minutes, 7 seconds
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George Santos e suas mentiras nos EUA

Filho de brasileiros, o primeiro republicano abertamente gay foi eleito no ano passado para o Congresso dos Estados Unidos. Depois de conseguir o feito inédito, George Santos passou a ser acusado de mentiras, e se tornou famoso pela soma de histórias falsas. Entre casos inventados, exagerados, e um passado desconhecido, ele agora é investigado pelo Comitê de Ética da Câmara dos Deputados. Para contar a sequência de mentiras e onde o processo aberto na semana passada pela Câmara dos EUA pode parar, Natuza Nery conversa com o repórter da revista piauí João Batista Jr., e com Carolina Cimenti, correspondente da TV Globo em Nova York. Neste episódio: - João Batista Jr., o primeiro jornalista brasileiro a falar com Santos, conta como o deputado mentia repetidamente sobre seu currículo antes mesmo de ser eleito; - O repórter avalia o que pode estar por trás de algumas das mentiras mais graves, como a ocultação das razões do crescimento do patrimônio e do financiamento da campanha do republicano; - Carolina relata que as investigações abertas no Congresso envolvem principalmente suspeitas de atividades ilegais durante a campanha do ano passado; - Ela descreve as baixas chances da apuração parlamentar prosperar. "O Comitê de Ética não é conhecido por conduzir investigações agressivas", diz.
3/6/202324 minutes, 52 seconds
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Redpill - a misoginia como lucro

A ameaça do auto titulado “coach de masculinidade” Thiago Schutz à atriz Livia La Gatto por uma paródia de um de seus vídeos é o mais recente episódio de um comportamento que ganha volume nas redes sociais. Avolumam-se conteúdos com discurso de ódio direcionado a mulheres e movimentos como os ‘redpills’, ‘incels’ e ‘mgtows’ encontram terreno fértil para propagar teorias criminosas – tudo isso sob uma lógica de distribuição em rede que rende muito dinheiro. Natuza Nery conversa com a cientista política Bruna Camilo, pesquisadora da PUC-MG sobre misoginia e redes de ódio, e com Tainá Aguiar Junquilho, pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Sociedade. Neste episódio: - Bruna traduz o significado de termos que integram o debate de gênero, entre eles o “masculinismo” - ela se infiltrou em grupos extremistas e observou o uso de termos ofensivos como “diabolheres” e “merdalheres”; - Bruna explica a relação entre a formação desses grupos misóginos com a expansão da extrema-direita e a radicalização política: “Gênero é categoria de poder”; - Tainá relata a dificuldade que o Judiciário enfrenta para punir discursos de “microviolência”, ou seja, que não representam crimes, mas “reforçam a cultura machista”; - Ela descreve o funcionamento dos algoritmos em rede para amplificar falas odiosas, e como as grandes empresas de tecnologia podem reprimi-las.
3/3/202324 minutes, 3 seconds
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O caso das vinícolas e trabalho escravo

Presos sob o controle de uma empresa que atende a três grandes vinícolas da Serra Gaúcha, 207 trabalhadores foram libertados em uma ação da Polícia Federal e do Ministério Público do Trabalho. De acordo com a investigação, eles foram submetidos também a situações de tortura – espancados com choques e spray de pimenta – depois de serem aliciados na Bahia com a promessa de trabalho remunerado em Bento Gonçalves (RS). Não se trata de um caso isolado: em 2022, mais de 2,5 mil pessoas foram resgatadas em situações análogas à escravidão. Coordenador da Conaete (Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo e Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas), Italvar Medina conta a Natuza Nery os detalhes da operação. Natuza conversa também com Natalia Suzuki, coordenadora do programa “Escravo nem pensar”, o primeiro do tipo em alcance nacional. Neste episódio: - Italvar relata como foi o resgate dos trabalhadores da região produtora de vinhos no Rio Grande do Sul: “Foram constatados condição de trabalho degradante, servidão por dívidas e trabalho forçado, com agressões”; - Ele afirma que o episódio das vinícolas gaúchas não é caso isolado, e que em outros ramos de atividade também é comum que grandes empresas patrocinem mão de obra escrava; - Natalia reforça que o trabalho escravo é “recorrente e constitutivo da forma de produção” de vários setores: “Temos falhado em resolver este problema de forma muito séria”; - Ela comenta a fala “absurda, racista e preconceituosa” do vereador de Caxias do Sul, que culpabiliza os trabalhadores pela condição a que estavam submetidos: “Infelizmente, esse discurso é recorrente entre os empregadores”.
3/2/202325 minutes, 51 seconds
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Militares golpistas - a investigação no STF

Desde o resultado do 2º turno das eleições presidenciais, se avolumaram manifestantes golpistas nas portas dos quartéis do Exército. E nada foi feito. Quando as sedes dos três Poderes foram invadidas, em 8 de janeiro, há indícios de que não só os militares nada fizeram, como colaboraram com o ato terrorista. De lá para cá, a justiça civil denunciou mais de 900 pessoas, enquanto a justiça militar, zero. Na segunda-feira (27), o ministro Alexandre de Moraes decidiu atender a um pedido da PF e trouxe a investigação militar do tribunal correspondente para seu gabinete no STF. Para relatar e analisar esta história, Natuza Nery recebe Rafael Moraes Moura, repórter do jornal O Globo em Brasília, e o historiador Carlos Fico, professor da UFRJ. Neste episódio: - Rafael detalha quais são as 8 apurações preliminares no Ministério Público Militar e aponta a “dúvida do MPM” em relação à decisão de Alexandre de Moraes; - O jornalista também traduz o que significa o afago do presidente do Supremo Tribunal Militar à decisão de Moraes: “Aparar as arestas”. E informa que ministros do STM estão desconfortáveis com a sinalização de que o STF “não gosta e nem confia na justiça militar”; - Carlos Fico explica o surgimento da Justiça Militar, que estabeleceu o “primeiro tribunal superior do Brasil”. Uma instituição, afirma, que em vários momentos “se degenerou, sobretudo nas ditaduras do Estado Novo e do governo militar”; - O historiador justifica por que o ataque de 8 de janeiro é especialmente grave para a instituição militar: as Forças Armadas sempre fizeram questão, afirma, da garantia dos poderes constitucionais, mas “quando os três Poderes foram atacados, os militares fizeram muito pouco ou foram lenientes”.
3/1/202328 minutes, 42 seconds
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A volta do imposto sobre combustíveis

Quando o preço do litro da gasolina bateu recordes pelo Brasil em 2022, Jair Bolsonaro (PL) aprovou às pressas, em junho do ano passado, um pacote de desoneração dos impostos sobre os combustíveis - tendo em vista as eleições que seriam realizadas em outubro. A medida avaliada como eleitoreira à época foi mantida por Lula (PT), válida por 60 dias a partir do momento de sua posse. Com a aproximação do fim do prazo, o presidente teve que decidir se arcaria com o peso político da alta nas bombas ou com o risco fiscal de abrir mão de quase R$ 29 bilhões: Lula optou por dar fim à desoneração. Para desenhar as peças neste tabuleiro, Natuza Nery recebe o jornalista Alvaro Gribel, colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Alvaro explica a “bomba que Bolsonaro deixou armada” e porque fica “cada vez mais difícil para o atual governo justificar a desoneração” - é preciso olhar para frente e não para o curto prazo, afirma: “Vai colher benefícios como queda dos juros e crescimento da economia”; - Ele aponta como a desoneração dos combustíveis fósseis é um “contrassenso do ponto de vista ambiental”, sobretudo enquanto o governo busca lapidar uma agenda verde; - O jornalista projeta as ações de longo prazo de Lula para lidar com as variações no preço internacional do petróleo e do câmbio interno: “Criar um fundo de estabilização”; - Por mim, Alvaro diz por que a exposição pública das divergências internas nas pautas econômicas se traduz em “efeito negativo, ruído e incerteza”. Por outro lado, afirma, se Haddad conseguir um “projeto que traga confiança” a economia pode voltar a crescer – mas, caso seja um pacote fraco, “o efeito será exatamente o contrário”.
2/28/202323 minutes, 8 seconds
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Burnout no pós-pandemia

Exaustão física e mental, insônia, falta de concentração, desânimo, irritabilidade, aversão ao trabalho... Estes são alguns dos sintomas que fazem alguém “se queimar por dentro”, daí o nome burnout. A síndrome está relacionada ao esgotamento do trabalho e registrou alta durante o período de isolamento social por causa da pandemia. Mas mesmo com o fim do isolamento, as notificações continuam em alta, com profissionais expostos à sobrecarga prolongada, com demandas maiores e prazos menores. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Bruno Chapadeiro, psicólogo, professor da UFF e perito judicial em saúde mental, e com Joana Story, professora adjunta da Escola de Administração de Empresas da FGV. Neste episódio: - Bruno diferencia o burnout de outros quadros de stress e ansiedade: “É um conjunto de sinais e sintomas”, que representam uma exaustão sempre relacionada ao trabalho; - Ele chama a atenção para a necessidade de encarar saúde mental e saúde física de maneira integrada. “Se a pessoa tem insônia ou dor na coluna, ela passa a se culpar por essas dores estarem superiores à sua capacidade de produzir”, diz; - Joana explica como a saúde mental do trabalhador está diretamente relacionada ao equilíbrio entre demanda e recursos. “Quando temos muito mais demandas do que recursos, é um indício de que poderemos entrar em esgotamento emocional”, explica; - A professora aponta ainda bons e maus exemplos de liderança que podem amenizar ou potencializar o risco de burnout, e como os próprios profissionais podem impor limites para afastar a síndrome: “Uma das coisas mais difíceis, mas que é necessário, é impor limites e dizer não”.
2/27/202325 minutes, 56 seconds
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1 ano de guerra: como está a vida na Ucrânia

No dia 24 de fevereiro de 2022, após discurso nacionalista inflamado, o presidente russo Vladimir Putin anunciou que o “exercício militar” de seu exército invadiria o território do país vizinho. Era o começo de uma guerra que, no início, muitos analistas apostavam que duraria poucos dias. Mas os russos não conseguiram tomar Kiev, e, turbinada por armas e milhões de dólares concedidos pelas maiores potências ocidentais, a Ucrânia equilibrou o conflito. Avizinhando-se à data simbólica de 1 ano de invasão russa, as tensões se acirraram de lado a lado: Zelensky recebeu Joe Biden na capital e Putin abandonou o acordo nuclear que mantinha com os EUA. Para analisar o momento da guerra, Natuza Nery conversa com Felipe Loureiro, professor de relações internacionais da USP. Antes, Rodrigo Carvalho, enviado especial da Globo à Ucrânia, descreve como estão hoje as principais cidades do país e conta o que pensam os ucranianos. Neste episódio: - Rodrigo conta suas impressões de Kiev, capital onde a “rotina ainda é muito invadida pela guerra”: os moradores precisam conviver com o risco de bombardeios e sob o som das sirenes - tão recorrentes que são até ignoradas por muitos ucranianos; - Ao visitar outras cidades, ele diz ter visto “mais destruição do que reconstrução” nos prédios e casas e muitas pessoas ainda traumatizadas pelos violentos ataques do exército russo: “É a morte como cenário”; - O jornalista também relata a condição das crianças no país invadido: de acordo com a Unicef, são 7 milhões no país e todas elas sofrem de estresse traumático da guerra, e metade ainda não voltou à escola; - Felipe Loureiro explica por que está “pessimista” em relação à possiblidade de um cessar fogo ou pelo fim da guerra: “A situação atual é uma corrida por ofensivas”.
2/24/202329 minutes, 21 seconds
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Racismo religioso – o ódio para além do culto

A punição para quem pratica o crime de intolerância religiosa está mais dura desde o meio de janeiro – a pena passou de 1 a 3 anos de prisão para até 5 anos para quem empregar violência contra manifestações ou práticas religiosas. Uma medida necessária para frear o crescimento acelerado de crimes de fundo religioso. Em 2022, foram mais de 1.200 ocorrências no Brasil, o que significa um aumento de 45% em relação a dois anos antes. Em entrevista a Natuza Nery, Magali do Nascimento Cunha, pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião, explica os motivos que levam ao aumento do número de casos. Natuza conversa também com o babalorixá Adailton Moreira, responsável pelo terreiro de candomblé Ilê Omijuarô. Ele fala sobre o impacto da violência na vivência das religiões de matriz africana. Neste episódio: - Magali descreve como se construiu o “casamento entre grupos religiosos e grupos políticos” no Brasil, uma relação que se fortaleceu a partir de 2010 e culminou na eleição de Bolsonaro em 2018 e no combate ao que supostamente seria uma “cristofobia”; - Ela explica o processo histórico no qual a “demonização” das religiões não cristãs se soma à intolerância racial para consolidar o que hoje se chama de “racismo religioso”; - Adailton relata o crescimento dos ataques contra religiões de matriz africana nos últimos 4 anos e cobra do Estado a responsabilidade para proteger a liberdade religiosa; - Ele conta como o racismo religioso e a violência “afetam profundamente” a todos que professam crenças de matrizes africanas: “Crianças não podem se manifestar, e isso é negar sua identidade e a sua cultura”.
2/23/202325 minutes, 38 seconds
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A tragédia no litoral de SP e a questão da moradia

O Litoral Norte de São Paulo, principalmente a cidade de São Sebastião, sofreu a mais poderosa tempestade que o Brasil já viveu: em 15 horas, a precipitação foi de 683 milímetros de água, mais do que choveu em todo o verão passado. A enxurrada levou ao desabamento de terra da Serra do Mar e, somada à falta de planejamento urbano e ao enxugamento crescente dos recursos para atendimentos de emergência climática, destruiu dezenas de casas e deixou cerca de 50 mortos e mais de 40 desaparecidos. Morador da Vila do Sahy há mais de 20 anos, Moisés Teixeira Bispo, líder da Central Única das Favelas (Cufa) em São Sebastião, viveu a tragédia e relatou a Natuza Nery a situação na região. Natuza recebe também Anderson Kazuo Nakano, professor do Instituto das Cidades da Unifesp. Neste episódio: - Moisés conta como a comunidade da Vila do Sahy cresceu e foi avançando para áreas de risco, situação que classifica como “entre a cruz e a espada”: “É muita desigualdade. Se a gente desce, fica muito caro. Se a gente sobe o morro, é perigoso”; - Anderson explica o que é o “nó da terra”: a dificuldade para acessar e conseguir terra urbanizada, com infraestrutura e bem localizada para construções populares, uma vez que os terrenos são caros e estão sob ataque especulativo; - Ele justifica o “grande paradoxo” urbanístico do Brasil: embora a maioria das cidades sejam urbanas e exista um “ordenamento jurídico-urbanístico muito bom”, não existe política urbana bem consolidada entre os entes federativos; - O professor descreve como as comunidades de baixa renda são “espremidas” entre os condomínios de alto padrão – mais próximos do mar – e as áreas em risco de desabamento.
2/22/202325 minutes, 52 seconds
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Natuza Nery tem um recado neste Carnaval

O Assunto volta com episódio novo na quarta-feira (22). Até lá, a apresentadora Natuza Nery tem um convite para você: dá para aproveitar o feriado e maratonar.
2/20/20231 minute
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Ministério da Saúde - reconstrução pós-Bolsonaro

Nos últimos quatro anos, a pasta teve cinco ministros – sendo um deles o militar que “não conhecia o SUS” - e enfrentou a mais severa pandemia dos últimos 100 anos. E fracassou retumbantemente. O presidente de turno insistiu em tratamentos comprovadamente ineficazes. O programa nacional de imunização, outrora orgulho nacional, demorou a receber as vacinas e registra as mais baixas taxas de vacinação infantil em décadas. E o país chega ao quarto ano da crise sanitária com média de mortes por Covid quase três vezes maior que a mundial. A atual gestão, liderada pela ex-presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, se dedica a reconstruir o ministério, mas até aqui apresenta resultados tímidos. Para fazer o balanço dos primeiros 45 dias do mandato Lula (PT) na saúde e apontar onde estão as principais urgências, Natuza Nery recebe Luana Araújo, infectologista e especialista em saúde pública. Neste episódio: - Luana analisa a demora por parte do atual governo em adotar ações efetivas, mas pondera que o ministério foi encontrado “totalmente destruído”; - Ela afirma que agora, período em que o país está entre ondas de Covid, é o momento certo para iniciar uma campanha de imunização. E reforça a necessidade de o Ministério assumir a coordenação com estados e munícipios; - A infectologista também avalia a quantidade de médicos a serviço do SUS: “Nosso problema hoje não é a falta de médicos, é a distribuição e retenção desses profissionais”. E pede para que a nova gestão trabalhe para interiorizá-los e para que dê a eles a estrutura adequada.
2/17/202327 minutes, 30 seconds
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Novo Ensino Médio: os avanços e as lacunas

Aprovada em 2017, a Lei que instituiu a reforma do ensino médio estabeleceu que o novo currículo seria obrigatório a partir de 2022. Concluído o ano letivo que se passou, os primeiros problemas se apresentaram em escolas de todo o país. Agora, diante da ampliação do currículo prevista para este ano e para 2024, o chefe do Ministério da Educação tem sido pressionado para revogar o modelo vigente. Para apresentar os erros e acertos do Novo Ensino Médio, Natuza Nery entrevista a pedagoga Anna Helena Altenfelder, doutora em psicologia da educação e presidente do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária). Neste episódio: - Anna afirma que é fundamental repensar o formato educacional, com mais liberdade de escolha aos alunos e levando em conta o mundo do trabalho. Mas lembra que o modelo já apresentava “lacunas importantes” desde o início; - Ela apresenta também os dois principais problemas do Novo Ensino Médio como está previsto: a desigualdade de oportunidades para os alunos e a falta de estrutura, apoio e treinamento para professores e gestores; - A pedagoga explica por que a reforma traz o grande risco de estados trabalharem muito isoladamente – e sugere a criação de um sistema nacional de educação, nos moldes do SUS.
2/16/202321 minutes, 56 seconds
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O que está por trás do caso dos OVNIs nos EUA

Nos últimos 8 dias, a Força Aérea americana abateu 4 objetos voadores entre a costa leste da Carolina do Sul e o Alasca, do outro lado do continente norte-americano. Criou-se um mistério tal que o governo envolveu o departamento de Defesa, o FBI e a Nasa para encontrar uma resposta – o porta-voz presidencial teve até que vir a público para negar a hipótese de uma invasão alienígena. Pelo contrário, a suspeita da Casa Branca é que seja uma atividade bastante humana: espionagem. O primeiro objeto, um balão, seria um artefato de espionagem enviado pelo governo chinês; Pequim nega. Para explicar a lógica da espionagem internacional e os impactos do atual incidente, Natuza Nery recebe Gunther Rudzit, professor de relações internacional da ESPM, e Thiago de Aração, diretor da Arko Advice e pesquisador do Centro de Estudos Internacionais e Estratégicos de Washington. Neste episódio: - Gunther justifica por que os Estados Unidos são, de fato, “a grande potência” do planeta: seu sistema de inteligência tem mais 300 satélites de uso militar em órbita; - Ele também analisa a “paranoia americana” herdada dos anos de Guerra Fria: “são temores antigos do subconsciente coletivo que estão voltando”, afirma, mas, agora, em relação à China; - Thiago diz que episódios como este podem ter acontecido “muitas vezes”, mas que, agora, diante do conhecimento público, exige de Joe Biden e Xi Jinping uma “narrativa diferente e mais agressiva”; - Ele especula sobre os avanços do nacionalismo chinês: caso a economia derrape, aumentam as possibilidades de uma ofensiva sobre Taiwan.
2/15/202325 minutes, 36 seconds
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A Turquia pós-terremoto vista de perto

Os tremores de terra que abalaram o país e a Síria há uma semana provocaram a maior tragédia natural da história recente das duas nações: o número de mortos já passa de 37 mil e, segundo a ONU, pode até dobrar. Uma destruição que se reflete em milhares de edifícios tombados e numa população que chora suas perdas e não tem um teto para dormir. O jornalista Murilo Salviano, correspondente da TV Globo em Londres, passou a última semana entre as cidades turcas de Adana, Antáquia, Kahramanmaras, Ilicek e Gaziantep, as mais afetadas pelos terremotos. Ele conta à Natuza Nery o que viu e sentiu durante seu período no país. Neste episódio: - Murilo descreve os “sentidos” diante da tragédia: sons de máquinas de resgate e choro de familiares de vítimas, cheiros de fumaça e poeira, e sensação de frio de até -10°C; - O jornalista relata os “milhares de quilômetros de destruição” que testemunhou e a dificuldade das equipes de resgate para vencer os escombros em busca de sobreviventes – e como a demora no atendimento gerou “revolta” da população; - Ele recorda as conversas que teve com os bombeiros turcos – eles chamam a atenção para quais tipos de prédios foram destruídos. Murilo informa ainda qual o status das investigações sobre os responsáveis pela queda de construções: são mais de 100 presos até agora; - Murilo se emociona ao lembrar do abraço que recebeu de uma mulher turca que perdeu o filho, o neto e a nora na tragédia.
2/14/202328 minutes, 14 seconds
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O caminho do ouro ilegal da Terra Yanomami

A operação liderada pelo governo federal para acabar com a atividade criminosa dentro da terra indígena já expulsou do território milhares de garimpeiros e apreendeu parte do maquinário necessário para a extração mineral. Mas esta é só a ponta de um esquema que envolve financiamento para o garimpo, lavagem de ouro ilegal e envolvimento de crime organizado de tráfico de drogas e mercado internacional de joias. Para entender a logística por trás da atividade garimpeira, Natuza Nery conversa com Ana Magalhães, coordenadora de jornalismo da Repórter Brasil que há anos investiga o tema. Neste episódio: - Ana relata as investigações feitas pela sua equipe e pelos agentes da Polícia Federal, e como chegou à conclusão de que “quem mais lucra com o crime são empresas de faturamento milionário”; - Ela detalha os caminhos da lavagem do ouro da Terra Yanomami: vai a Boa Vista, é vendido ilegalmente na “rua do ouro” e depois revendido para as empresas intermediárias, onde é produzida uma nota fiscal fraudada. Por fim, já regularizado, é exportado para o mundo inteiro; - A jornalista ainda critica a falta de fiscalização para as DVTMs (empresas que têm autorização do Estado para comercializar o ouro): “Em tese, quem deve fiscalizar é o Banco Central, mas seu trabalho é muito frágil”.
2/13/202323 minutes, 13 seconds
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Lula com Biden, e a retomada da diplomacia

Desde que venceu a eleição em outubro do ano passado, o presidente discursa sobre a necessidade de dar uma guinada na política externa brasileira. Nos primeiros 40 dias de governo, Lula retomou o Fundo Amazônia, reforçou o compromisso com o Mercosul em visita à Argentina e, agora, está em Washington para um encontro bilateral com o presidente dos Estados Unidos – atendendo a um convite feito pelo próprio Joe Biden no pós-atentado golpista de 8 de janeiro. Para fazer a leitura dos novos rumos da diplomacia brasileira, Natuza Nery recebe Rubens Barbosa, presidente do Instituto de Relações Internacionais e Comércio Exterior e ex-embaixador do Brasil em Washington e em Londres. Neste episódio: - Rubens critica a relação de Bolsonaro com Donald Trump, na qual o brasileiro buscava “vantagens pessoais”, e afirma que o encontro Lula-Biden marca a “retomada da relação institucional” entre Brasil e EUA; (4:45) - Para ele, o tema central da agenda dos presidentes será o combate à extrema-direita e a manutenção da democracia: “Os EUA e o Brasil passaram pela mesma experiência”; - O diplomata explica por que Lula está retomando a tradição “da política externa brasileira presidencial” e como ele tentará recompor as relações com diferentes blocos econômicos; - E conta como o corpo de diplomatas do Itamaraty resistiu, nos últimos 2 anos, aos ataques do governo Bolsonaro à tradição diplomática brasileira.
2/10/202328 minutes, 11 seconds
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Lula x BC – o atrito sobre a política de juros

Indicado por Jair Bolsonaro (PL), Roberto Campos Neto é o primeiro presidente do Banco Central a assumir a função sob a lei que garante autonomia operacional e um mandato de 4 anos, até dezembro de 2024. Desde o segundo semestre do ano passado, diante de um quadro de erosão fiscal e inflação em dois dígitos, o BC elevou a Selic para 13,75%, taxa mantida na última reunião do Copom. A reação foi imediata: Lula (PT) deu início a uma série diária de críticas a Campos Neto. Para desvendar os nós da relação entre a taxa básica de juros, a autonomia do BC e o estresse com o Executivo, Natuza Nery conversa com o economista Tony Volpon, ex-diretor do Banco Central. Neste episódio: - Tony fala sobre a expectativa do mercado financeiro e da equipe econômica do governo para a curva de juros após a divulgação da ata do Copom: “Aprovadas as medidas econômicas de Haddad, podemos ter queda de juros este ano”; - Interpreta a justificativa do Copom para a manutenção da Selic. Para Tony, Campos Neto reforça que irá buscar o centro da meta de inflação, de 3,25% em 2023, mas sinaliza a Lula que cabe ao Executivo assumir uma nova meta; - Explica o peso da PEC da Transição, do pacote de medidas de Fernando Haddad, da nova âncora fiscal e da eventual aprovação de uma reforma tributária na política de juros: “Esse vai ser um ano de certo sacrifício, mas 2024 pode ser um ano muito bom para a economia brasileira”; - Avalia o clima político entre Lula e Campos Neto, flagrado em um grupo de mensagens com ministros bolsonaristas: “Vamos ter uma crise no país por isso? Eles têm que ter uma relação institucional”, conclui.
2/9/202330 minutes, 28 seconds
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1 mês dos atos golpistas de 8 de janeiro

O mais grave atentado contra o Estado democrático de direito no Brasil tem consequências criminais e políticas. Na esteira da invasão às sedes dos Três Poderes, um governador foi afastado, um ex-ministro está preso e mais de 650 pessoas foram denunciadas – entre elas políticos, policiais e financiadores. Para fazer o balanço deste último mês, Natuza Nery recebe dois convidados: a jornalista Camila Bomfim, apresentadora do Conexão GloboNews, e Oscar Vilhena, professor de Direito Constitucional da FGV-SP e integrante da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns. Neste episódio: - Camila identifica as quatro frentes de investigação da Polícia Federal: a busca pela identificação de incitadores e executores; policiais militares omissos; mentores intelectuais e políticos; financiadores. - Ela descreve como os agentes estão atuando para identificar os envolvidos, e conclui como o “núcleo político vai ser bem maior", no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) está na lista de investigados; - Oscar analisa de que modo a legislação brasileira pode enquadrar os golpistas e como a PEC apresentada pelo ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), atende as demandas do pós 8 de janeiro – a exemplo da “feliz troca” da Força Nacional de Segurança para uma Guarda Nacional; - E explica como os ministros do Supremo avaliam a concentração de processos no gabinete de Alexandre de Moraes: avaliam desmembrar e distribuir os casos aos juízes da vara criminal do DF ou levar a julgamento em plenário.
2/8/202340 minutes, 20 seconds
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O terremoto na Turquia e na Síria, e os refugiados

Um tremor devastador de magnitude 7,8 deixou milhares de mortos e feridos nos dois países nesta segunda-feira (6). A região mais atingida é a fronteira, onde está concentrado um grande número de refugiados da guerra civil na Síria. A situação é agravada por um inverno rigoroso e pela falta de infraestrutura, destruída depois de mais de uma década de conflito. Para entender como esse terremoto agrava a situação de refugiados, Natuza Nery conversa com Guga Chacra, correspondente da Globo em Nova York e colunista do Jornal O Globo. Neste episódio: - Guga explica que a ajuda humanitária externa deve vir de todos os lados. Pelo lado turco, o governo tem condições de acolher a população afetada. Mas do outro lado da fronteira, o “catastrófico empobrecimento da Síria” deixa milhares sem o cuidado adequado; - Analisa de que modo o presidente turco Recep Tayyip Erdogan pode capitalizar em cima da tragédia, e suas chances de vitória nas eleições que ocorrem neste ano – ele é favorito e tende a “não jogar limpo” com a oposição; - Relembra o histórico da Guerra da Síria, que já levou a mais de 5 milhões de refugiados no mundo, e descreve a situação atual do conflito.
2/7/202321 minutes, 52 seconds
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ChatGPT: a ferramenta com linguagem humana

Treinado com textos feitos por humanos, o chat criado pela empresa OpenAI foi lançado em novembro de 2022 e atingiu 100 milhões de usuários em apenas 2 meses. "Funciona como uma rede neural artificial treinada por linguagem”, como define o próprio ChatGPT, respondendo a uma pergunta da produção de O Assunto. Para entender como essa inteligência artificial funciona, seus mecanismos e suas deficiências, Natuza Nery conversa com Nina da Hora. Cientista da computação, Nina é pesquisadora e especialista em Inteligência Artificial e Cibersegurança no Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas. Neste episódio: Nina explica o mecanismo por trás do ChatGPT – e como em poucos segundos ele cumpre comandos como “escrever um discurso presidencial como se fosse um rapper” ou “escrever uma mensagem motivacional”; Define que o robô do momento produz “uma colagem de várias informações que ele conseguiu aprender em determinado período e ele compartilha como se fosse algo criado independente do cérebro humano”; Natuza e Nina discutem os riscos de descumprimento de direitos autorais da ferramenta, além da disseminação de informação não verificada e de notícias falsas; E Nina aponta como o setor de Inteligência Artificial tem como desafio desenvolver sistemas de maior impacto social: “a tecnologia precisa estar alinhada com a sociedade", diz. E cita o exemplo de robôs que já conseguem ajudar na identificação de pessoas com mais risco de ter câncer de pele.
2/6/202329 minutes, 27 seconds
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Guerra na Ucrânia: o reforço de EUA e Alemanha

No momento em que o conflito chega a um novo momento decisivo, Volodymyr Zelensky reassegurou o apoio de seus aliados ocidentais. Diante de mais uma ofensiva russa, Kiev recebe nesta sexta-feira (3) uma cúpula com a presença de líderes europeus, um movimento de “renovação de votos” em favor da Ucrânia. Mais importante ainda é a decisão de Joe Biden e Olaf Scholz de enviar mais tanques e munição para abastecer o exército ucraniano – o que, de acordo com Vladimir Putin, configura interferência externa e pode levar o conflito “a outro nível”. Para contextualizar o momento da guerra, Natuza Nery conversa com Tanguy Baghdadi, professor de relações internacionais da Universidade Veiga de Almeida e fundador do podcast Petit Journal. Neste episódio: - Tanguy explica por que este é um momento de “agora ou nunca” no conflito: com as recentes vitórias russas no leste ucraniano, Moscou pode tomar o controle de novos territórios; - Ele avalia como “muito sério para a imagem ucraniana” o conjunto de denúncias de corrupção no coração do governo de Zelensky; - O professor também comenta a recusa de Lula (PT) em enviar à Ucrânia munições brasileiras. “É uma questão de coerência”, afirma, em relação à longa “tradição de neutralidade em relação a conflitos”.
2/3/202320 minutes, 23 seconds
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A reeleição de Pacheco e Lira no Congresso

Logo depois de tomar posse neste 2 de fevereiro, parlamentares votaram para eleger os comandantes das duas Casas Legislativas. No Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) conquistou 49 votos e derrotou o ex-ministro bolsonarista Rogério Marinho. Na Câmara, Arthur Lira (PP) bateu um recorde e recebeu 464 dos 513 votos possíveis. Mantidos em suas cadeiras, ambos fizeram discursos exaltando a democracia, marcando a reação aos atos terroristas de 8 de janeiro. Nesta conversa, gravada na antessala do gabinete de Arthur Lira, Natuza Nery recebe Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN. Neste episódio: - Bernardo explica como Pacheco e Lira – que enfrentaram disputas em contextos diferentes – mandaram “recados” ao STF em seus discursos pós-vitória; - Diz que a vitória de Pacheco é uma boa notícia para o Planalto, que nos últimos dias estava “assustado com a hipótese de virada” de Rogério Marinho, para quem Bolsonaro fez campanha: “uma virada criaria um problema enorme para a governabilidade”; - Avalia como a eleição do Senado era importante para a defesa da democracia, já que “[Rogério] Marinho era a grande aposta do bolsonarismo para se reagrupar depois do 8 de janeiro”, e lembra como o ex-presidente Bolsonaro fez campanha para seu ex-ministro; - E analisa o que a vitória superlativa de Lira significa para o futuro do governo Lula: “Lira sai mais forte do que estava na véspera”, mas pondera que é preciso "ver se esse acordo vai valer para os próximos dois anos”.
2/2/202328 minutes, 52 seconds
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Como acabar com o garimpo na Terra Yanomami

Datam da década de 1980 os primeiros sinais da presença de garimpeiros ilegais na região onde historicamente vive a etnia. Quando o então presidente Fernando Collor assinou a demarcação da Terra Indígena, em novembro de 1991, estima-se que o garimpo tivesse cerca de 40 mil pessoas em atividade. Aquele foi o início de um bem-sucedido processo de desintrução: liderada pela Funai e pela Polícia Federal, a operação Selva Livre expulsou os garimpeiros e desobstruiu os rios que abastecem as aldeias com água e peixes. O presidente da Funai à época era Sydney Possuelo, um dos principais indigenistas do país - ele relata a Natuza Nery as ações que liberaram o território da atividade criminosa. Natuza conversa também com a jornalista Sônia Bridi, que acompanhou in loco a comitiva do governo que decretou estado de emergência para levar comida e resgatar indígenas doentes. Neste episódio: - Sônia recorda o que viu ao ir à região do garimpo em terras Yanomami: cenário de destruição, pessoas com fome, crianças muito abaixo do peso, muitos contaminados com malária. “E os relatos mais horríveis que você pode imaginar”, reforça; - Ela também conta a história por trás da imagem na qual está segurando um bebê no colo – uma ação de emergência para evitar que as crianças morressem; - Sydney compara a situação do garimpo ilegal de 1992 e a de agora. E conta como agiu a operação Selva Livre: fechamento do espaço aéreo e dos rios, ação de tropa em campo e corte no abastecimento de alimentação e combustível dos garimpeiros. “Não vejo maiores problemas em fazer isso”; - O indigenista pondera que, embora o contingente atual de garimpeiros seja metade daquele enfrentado em 92, eles são “mais eficazes na destruição ambiental”. Ele também questiona sobre a presença do crime organizado e do narcotráfico na região; - E conclui, sobre a urgência da interferência das Forças Armadas em prol dos yanomamis: “Se a gente fala em guerra, uma guerra não avisa quando chega. Basta uma ação rápida”.
2/1/202336 minutes, 37 seconds
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Reeleição em jogo na Câmara e no Senado

Nos bastidores do Congresso, dois cenários distintos definem o clima da véspera de eleição para a presidência das casas. Na Câmara, Arthur Lira (PP) tem a expectativa de chegar a quase 500 votos a favor de sua reeleição – um bloco muito heterogêneo que vai de PT a PL. No Senado, Rodrigo Pacheco (PSD) segue favorito a mais um mandato, mas o bolsonarista Rogério Marinho (PL) avança na construção de uma candidatura competitiva. Para explicar e desvendar o que deve acontecer nesta quarta-feira (1º), Natuza Nery recebe o jornalista Paulo Celso Pereira, editor-executivo do jornal O Globo. Neste episódio: - Paulo Celso explica por que a eleição dos presidentes das casas legislativas “é fundamental para definir o andamento do governo Lula”; - Ele recorda os “traumas do PT” nas eleições da Câmara em 2005 e 2015 e diz por que isso foi importante no apoio imediato do partido a Lira – e como o Centrão deve tirar proveito da situação; - E descreve as diferenças entre o espírito “ideológico” do Senado em contraste com o “fisiológico” da Câmara - o que significa, para o governo petista, a necessidade de garantir a vitória de Pacheco para evitar a oposição sistemática da casa; - O jornalista conclui que, uma vez que o Congresso eleito é “bastante conservador”, será difícil para Lula aprovar uma agenda progressista, embora tenha apoio quase consensual nas pautas reformistas.
1/31/202325 minutes, 15 seconds
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Relacionamento abusivo – os sinais e as saídas

Um alerta ao vivo para milhões de brasileiros chamou a atenção para um relacionamento dentro do BBB. O apresentador Tadeu Schimidt falou sobre “limites gravemente ultrapassados” dentro de uma relação - limites esses que milhões de mulheres sentem rompidos diariamente, vítimas de violência de gênero, seja ela psicológica, patrimonial ou física. Para falar sobre o funcionamento dos ciclos de abuso e alertar sobre seus sinais, Natuza Nery recebe a psicóloga e psicanalista Natalia Marques, mestre em psicologia da saúde. Neste episódio: - Natalia define o que é um relacionamento abusivo, explica que vai muito além de eventos de agressões físicas, e informa que sinais podem indicar uma relação inadequada: “A manipulação pode ser sutil”; - Ela afirma que “não há um perfil traçado” para identificar o agressor. Destaca também que qualquer mulher, independentemente do nível de educação formal ou renda, pode ser submetida à violência de gênero; - A psicóloga descreve as ações mais adequadas para conseguir sair de um relacionamento abusivo: “A relação não acaba no momento em que termina”.
1/30/202321 minutes, 16 seconds
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Caso Daniel Alves e o protocolo pós-abuso

Acusado de cometer estupro contra uma jovem de 23 anos dentro de uma boate em Barcelona, o atleta brasileiro completa uma semana de detenção. A Justiça espanhola agiu rápido para coletar provas e testemunhos sobre o caso – resultado de uma lei recém aplicada no país, que prevê atendimento imediato às vítimas de abuso sexual. Natuza Nery conversa com a jornalista Renata Mendonça, comentarista do Sportv que acompanha o caso Daniel Alves desde o início, e com a advogada Marina Ganzarolli, presidente do Me Too Brasil, iniciativa de enfrentamento à violência sexual. Neste episódio: - Renata recorda o que aconteceu imediatamente após o suposto estupro: “A vítima foi acolhida dentro da boate e foi levada a um hospital”; - A jornalista fala também sobre como o futebol é um ambiente tomado pela “cultura naturalizada do estupro” e conta episódios de assédio que viu ao longo da carreira; - Marina explica por que este caso teve uma resposta tão rápida da justiça: depois do caso “La Manada”, que chocou a Espanha, foram instituídas a campanha e a lei “Solo sí es sí”, de proteção sexual à mulher; - Ela compara as medidas de proteção à mulher no Brasil e na Espanha, e cita as leis do Minuto Seguinte e de Importunação Sexual: “O que nos falta é garantir que o protocolo que já existe seja aplicado”.
1/27/202328 minutes, 44 seconds
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Moeda comum e a relação Brasil-Argentina

Em seu primeiro discurso como presidente eleito, Lula (PT) revelou que a América Latina seria a prioridade nas relações internacionais durante seu terceiro mandato. Empossado, sua primeira viagem internacional foi à Argentina – seguida imediatamente pelo Uruguai – onde reforçou o compromisso com o Mercosul e apresentou um projeto conjunto com o governo da Casa Rosada para estudar a viabilidade de uma nova moeda, dedicada às transações bilaterais entre os dois países. Para explicar o que isso significa, Natuza Nery conversa com a economista Monica de Bolle, professora e pesquisadora de estudos latino-americanos e mercados emergentes da Universidade Johns Hopkins. Neste episódio: - Monica descreve as funcionalidades de uma moeda regular (como o Real e o Peso), e o que as difere do projeto de moeda que seria usada para transações comerciais; - Analisa o papel de liderança que o Brasil quer assumir na construção de um grande bloco comercial na América Latina: “Para nos inserirmos nos debates e negociações internacionais, precisamos ter coesão regional”; - Avalia a função do dólar como principal moeda da economia global, e diz por que ganha corpo a avaliação de que ele “não deve ter a escala que tem”.
1/26/202328 minutes, 2 seconds
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Yanomami: genocídio e outros crimes

Não começou em 2018, com a eleição à Presidência da República, a saga de Jair Bolsonaro (PL) pró-garimpo em terras indígenas. No ano de 1998, em pronunciamento na Câmara dos Deputados, onde era parlamentar, sugeriu “dizimar” os povos indígenas. Duas décadas depois, instalado no Palácio do Planalto, Bolsonaro liderou o desmonte das políticas públicas dedicadas a esta parcela da população brasileira e instigou a proliferação de garimpeiros ilegais em terras demarcadas. No centro do ataque está a maior delas, a Terra Indígena Yanomami, onde centenas sofrem com malária e desnutrição - tragédia humanitária que pode incriminar o ex-presidente por genocídio. Para explicar as ações e omissões do Governo Federal no caso da etnia Yanomami, Natuza Nery conversa com a advogada Juliana de Paula Batista, assessora jurídica do Instituto Socioambiental, e Eloísa Machado, professora de direito constituição na FGV-SP e uma das advogadas que atuam na denúncia contra Bolsonaro no Tribunal Penal Internacional. Neste episódio: - Juliana lista as decisões da Justiça que obrigavam o Governo Federal a empregar medidas de proteção aos yanomamis: “Nada, ou quase nada, foi feito”, resume; - Ela descreve as responsabilidades do Ministério da Justiça, do Ministério do Meio Ambiente e do Exército na série de malfeitos que resultou na “explosão de garimpos” e suas consequências na saúde pública indígena; - Eloísa relaciona a “política anti-indígena” adotada na gestão Bolsonaro às denúncias de genocídio: “Tudo isso junto mostra intenção de destruir esse grupo”; - Ela explica a quais indiciamentos o ex-presidente pode responder no Tribunal Penal Internacional e o recente inquérito pedido pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, à Polícia Federal.
1/25/202324 minutes, 58 seconds
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Yanomami: a emergência de saúde

Entre 2019 e 2022, durante o mandato de Jair Bolsonaro (PL), pelo menos 570 crianças yanomami morreram de causas evitáveis — um aumento de quase 30% em relação aos 4 anos anteriores. Uma crise humanitária que envolve garimpo ilegal, desnutrição, epidemia de malária, falta de remédios e ausência total do Estado. Para dimensionar as perdas humanas e explicar a sucessão de decisões política que configura aquilo que o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirma ser “forte materialidade de genocídio”, Natuza Nery conversa com André Siqueira, médico da Fundação Oswaldo Cruz e enviado do Ministério da Saúde à região, e Dario Kopenawa, vice-presidente da Associação Hutukara Yanomami. Neste episódio: - André relata as “condições angustiantes e bastante graves” as quais os indígenas estavam submetidos quando chegou à Terra Indígena: “É comovente, é uma dor coletiva”; - O médico aponta os fatores que contribuíram para a emergência sanitária: faltou suporte dos órgãos de Estado no diagnóstico de doenças e na assistência nutricional; - Dario acusa o governo Bolsonaro de ser aliado de empresários do garimpo ilegal e de saber desde o primeiro ano de mandato da situação do povo Yanomami: “Ele não tinha interesse em cumprir o seu papel como presidente da República”; - Sobre as trágicas imagens de crianças e idosos subnutridos que correram o mundo, o líder indígena explica por que na cultura de seu povo é proibido tirar fotos de quem está doente: “A fotografia também pega a alma da pessoa”.
1/24/202337 minutes, 44 seconds
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Militares na política: o intervencionismo

Durante cerca de dois meses, grupos golpistas se concentraram em frente a quartéis do Exército pelo país clamando por intervenção verde-oliva – o que, de acordo com a Constituição Federal, é crime. Não houve qualquer repressão. Pelo contrário, os grupos foram protegidos pelos oficiais militares, inclusive durante o ataque terrorista contra os prédios dos Três Poderes, em 8 de janeiro. O ministro da Defesa, José Múcio, balançou no cargo e o presidente Lula (PT) prometeu punição “não importa a patente”. Depois que a temperatura subiu entre o Alto Comando e o governo federal, uma reunião na última sexta-feira (20) aparentemente apagou o incêndio. Para entender esse cenário de alta instabilidade, Natuza Nery recebe o antropólogo Piero Leirner, professor titular da Universidade Federal de São Carlos, que pesquisa as Forças Armadas há mais de três décadas. Neste episódio: - Leirner esclarece que muitos daqueles que acamparam em quartéis integram a “Família Militar” e agem sob o “controle coletivo da instituição”; - Ele recorda que a construção da candidatura de Jair Bolsonaro (PL) à Presidência começou em 2014, “no interior da instituição militar” antes de ganhar densidade e se consolidar; - O antropólogo descreve o modus operandi das Forças Armadas para impor suas “pautas corporativas” a outras instituições de Estado: “além da politização da caserna, é uma militarização da política”; - Por fim, ele diz acreditar que, entre governo e militares, “a reconciliação já está feita” - e explica os porquês.
1/23/202335 minutes, 19 seconds
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Americanas: o escândalo contábil

Surpresa e incredulidade tomaram o mercado assim que o recém-empossado presidente da gigante varejista anunciou “inconsistências contábeis” da ordem de R$ 20 bilhões. Seria o maior tombo já registrado pela empresa que nasceu como uma lojinha de rua em Niterói, em 1929, e convertida em uma companhia com mais de 40 mil funcionários, sob o controle acionário da 3G Capital, dos bilionários brasileiros Carlos Alberto Sicupira, Jorge Paulo Lemann e Marcel Telles. Ficaria ainda pior: a dívida revisada chega aos R$ 43 bilhões e a Americanas agora está em recuperação judicial. Neste episódio, Natuza Nery entrevista a jornalista Mariana Barbosa, editora da coluna “Capital” do jornal O Globo. - Mariana descreve a prática irregular na contabilidade da empresa que configurou a “fraude” que elevou a dívida de R$ 8 bilhões para mais de R$ 40 bilhões; - Explica o que é uma recuperação judicial e quais as consequências para a Americanas e para os fornecedores – e o que significa a forte reação do banco BTG Pactual; - E aponta os possíveis próximos capítulos: perda para pequenos investidores, venda de ativos de alto valor e muitas demissões.
1/20/202322 minutes, 28 seconds
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Natuza Nery entrevista Lula

Na manhã desta quarta-feira (18), o presidente Lula (PT) recebeu Natuza Nery e a equipe da GloboNews no Palácio do Planalto e concedeu sua primeira entrevista exclusiva desde que assumiu a Presidência da República pela terceira vez. Lula falou sobre os atos golpistas de 8 de janeiro, a relação do Executivo com as Forças Armadas, o agrupamento internacional de forças para frear a extrema-direita, as negociações com o novo Congresso eleito e as prioridades do Orçamento federal. Neste episódio especial de O Assunto: - O presidente recorda como foi informado sobre os ataques aos Três Poderes em Brasília e o passo a passo da reação: “Fiquei com a impressão de que era o começo de um golpe de Estado”; - Recusa o tom de “caça às bruxas” contra as forças de segurança, mas diz ter “mágoa” da negligência: “Minha inteligência não existiu”. O presidente, agora, promete punição; - Conta que chamou os comandantes das Forças Armadas para uma conversa e fala sobre “despolitizar” as corporações militares; - Lista as lideranças globais com quem já falou sobre a necessidade de formar uma “unidade” para barrar o “ressurgimento do nazismo e do fascismo”; - Destaca suas discordâncias em relação ao teto de gastos e à independência do Banco Central, mas reforça seu compromisso com a agenda fiscal: “É preciso que haja uma contrapartida social. Nós queremos uma sociedade de classe média”; - Reforça a necessidade de realizar a reforma tributária com a promessa de campanha de isentar salários de até R$ 5 mil no Imposto de Renda. E diz estar otimista em formar maioria no Congresso para aprovar a proposta.
1/18/202355 minutes, 43 seconds
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8 de janeiro – a preocupação internacional

Dois anos depois do ataque ao Capitólio, nos EUA, o mundo voltou a ver um ato de terrorismo contra os poderes constituídos de uma democracia. Dessa vez, o palco do movimento de extrema-direita foi Brasília, e o Brasil entrou no centro da pauta de lideranças globais e de instituições multilaterais – que, unânimes, condenaram os atos de golpismo e reforçaram apoio à democracia brasileira. Neste episódio, Natuza Nery conversa com o analista político Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV-SP e colunista do Estadão. - Oliver diz que, à luz dos ataques ao Capitólio e aos três Poderes em Brasília, analistas internacionais observam o risco de “uma onda de vandalismo contra parlamentos” nas principais democracias do mundo; - O analista político explica por que o “medo do contágio global” da erosão democrática coloca o Brasil em evidência e destaca a importância de uma “punição exemplar, rápida e visível” aos olhos da comunidade internacional; - Ele também destaca como “o apoio internacional à democracia” foi fundamental para pautar a atuação das Forças Armadas na crise do golpismo de 8 de janeiro.
1/18/202325 minutes, 24 seconds
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A farra do cartão corporativo

A queda do sigilo nos dados do cartão corporativo da Presidência da República durante os 4 anos de mandato de Jair Bolsonaro (PL) escancarou um gasto superior a R$ 27 milhões. Na fatura revelada pelo Planalto estão despesas superlativas em hospedagem de luxo (R$ 13,6 milhões ao todo) e na compra de marmitas (R$ 109 mil pagos a apenas uma lanchonete em Boa Vista, Roraima) e de sorvetes (mais de R$ 8 mil em um único dia). Para explicar as funções e as responsabilidades no uso do cartão corporativo, Natuza Nery conversa com Leopoldo Ribeiro, professor de orçamento e finanças públicas da Escola de Políticas Públicas e Governo da FGV-Brasília, e com o jornalista Luiz Fernando Toledo, cofundador da agência independente de jornalismo de dados Fiquem Sabendo. Neste episódio: - Leopoldo recorda a criação do dispositivo em 2002 e seu objetivo de dar “mais flexibilidade, agilidade e eficiência à administração pública”; - Ele detalha também a quais agentes da máquina pública é permitido o uso do cartão e sob quais regras: “o mais importante é que seja transparente”, diz; - Luiz Fernando explica por que a lei permite que todas as informações que ponham em risco a segurança do presidente - por exemplo, os gastos com hospedagem e alimentação - fiquem em sigilo durante todo o mandato; - O jornalista demonstra surpresa diante da discrepância nos números divulgados pelo governo federal e pelo Portal da Transparência: “são gastos só do presidente? Ainda não sabemos”.
1/17/202326 minutes, 56 seconds
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A defesa da democracia na prática

Os últimos meses registram o crescimento da onda golpista em reação ao resultado das urnas em outubro de 2022. A reação democrática se deu em manifestações de ruas, no discurso de autoridades e nas centenas de cartas e notas publicadas por instituições de Estado e da sociedade civil. Na agenda oficial, somam-se ações do Legislativo, do Judiciário e dos ministérios recém-empossados pelo novo governo federal. Para avaliar o que efetivamente pode ser feito nos próximos anos pelos Poderes em favor da ordem democrática, Natuza Nery entrevista Beto Vasconcelos, ex-secretário nacional de Justiça e professor no Insper no curso de Governança e Compliance. Neste episódio: - Beto avalia os riscos e cuidados associados à reformulação da legislação sobre terrorismo, assim como de uma procuradoria recém-criada pela Advocacia Geral da União e que foi alvo de críticas; - Analisa o papel que uma Comissão Parlamentar de Inquérito pode desempenhar na investigação dos atos criminosos do dia 8 de janeiro, somada a outras iniciativas como uma nova Comissão Nacional da Verdade; - Pondera os desequilíbrios que levaram ao protagonismo do Judiciário nos últimos anos desta missão.
1/16/202325 minutes, 9 seconds
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Participação popular de volta ao governo

Em 2019, após completar 100 dias de mandato, Jair Bolsonaro extinguiu todos os conselhos, comissões e comitês que não tenham sido criados em lei – o equivalente a 75% dos órgãos participativos mais importantes do país. Ao assumir o Planalto, a atual gestão promete reverter essa política ao assinar decreto que remove impedimentos à participação social e anunciar a retomada de organizações de diálogo com a sociedade civil. Para analisar o que muda sob o comando de Lula, Natuza Nery entrevista a cientista política Carla Bezerra, pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole, da USP, e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que assessorou o Conselho de Participação Social do Gabinete de Transição. Neste episódio: - Carla explica como a Constituição Federal define a participação do povo nas tomadas de decisão do Estado, e quais são os “mecanismos e princípios gerais de políticas públicas” para tal; - Ela, que trabalhou na produção de um levantamento sobre o impacto dos decretos de Bolsonaro, fala sobre as consequências da perda de poder dos comitês e comissões nas políticas públicas brasileiras – especialmente no Meio Ambiente e nos Direitos Humanos; - A cientista política analisa também a relação entre novos formatos de participação da sociedade civil – inclusive a partir da nomeação de novas ministras como Anielle Franco (Igualdade Racial) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas – e as pressões pela governabilidade do Executivo diante do Legislativo.
1/13/202330 minutes, 57 seconds
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O Estado sob tensão: a ameaça golpista

Ainda sob o impacto do atentado contra a democracia que tomou de assalto as sedes do Executivo, do Legislativo e do Judiciário em Brasília, os líderes dos três Poderes agem para evitar mais ataques. E nesta quarta-feira a temperatura voltou a subir: diante da convocação para um novo ato terrorista nas redes sociais, a autoridade de intervenção federal ordenou a interdição da Esplanada dos Ministérios e o reforço da segurança pública. Neste episódio, Natuza Nery recebe o jornalista Thomas Traumann, colunista da revista Veja e do Poder 360, para analisar a reação das instituições diante da ameaça golpista: - Thomas avalia que as forças de segurança “passaram no teste da índole legalista” desta quarta-feira, ao contrário da postura “leniente à violência” vista no domingo; - Natuza e Thomas descrevem o papel do ministro da Defesa, José Múcio, na interlocução com os comandantes das Forças Armadas – e revelam os bastidores do encontro dos ex-ministros da pasta em prol da manutenção de Múcio no cargo; - Os jornalistas debatem os objetivos dos atos golpistas. Para Thomas, “eles sabiam que não eram capazes de dar um golpe de Estado, mas achavam que poderiam impedir o governo de funcionar” pela via do caos.
1/12/202325 minutes, 15 seconds
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Por dentro do acampamento golpista

Desde o início de novembro, os jornalistas Pedro Borges, Anna Reis e Afonso Ferreira se mantiveram infiltrados dentro do grupo de bolsonaristas que ocupou a frente do quartel general do Exército em Brasília. Neste período, eles circularam pela robusta estrutura de barracas, banheiros químicos e áreas de alimentação cujo financiamento ainda é desconhecido. E observaram o recrudescimento do discurso golpista e o aumento da radicalização violenta até os atos terroristas de domingo. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Anna e Afonso, que relatam tudo o viveram nos últimos dois meses: - Afonso descreve um “ambiente hostil” no qual os golpistas circulavam com pedaços de pau nas mãos atrás de eventuais “esquerdistas infiltrados” no movimento; (2:25) - Anna dá detalhes da estrutura do acampamento, da rotina das refeições e dos métodos de arrecadação de recursos realizada entre os radicais - “a conta não bate para uma estrutura tão grande”; (5:25) - Os jornalistas contam sobre a escalada na radicalização golpista. Afonso recorda a conversa que ouviu entre radicais dispostos “a matar e a morrer” e Anna fala sobre o “orgulho” daqueles que voltaram lesionados dos atos de domingo; (15:20) - Eles relatam também o processo de desmonte do acampamento e como os terroristas já começam a articular novos movimentos – e já falam em “tacar fogo” nos prédios dos Poderes. (27:45)
1/11/202332 minutes, 23 seconds
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A incubadora de terroristas no Brasil

Durante pelo menos seus 4 anos de mandato, Jair Bolsonaro (PL) incentivou o golpismo entre seus apoiadores, numa série de abusos que expôs milhares de brasileiros aos riscos da pandemia e sequestrou a data da Proclamação da Independência do país. Como reação ao resultado das urnas em 2022, grupos bolsonaristas questionaram a legitimidade do processo eleitoral, bloquearam estradas e fizeram campanas em frente a quartéis das Forças Armadas – uma escalada autoritária que culminou no mais grave atentado contra o Estado Democrático de Direito, neste domingo. Para explicar como este movimento radical se estruturou no Brasil, Natuza Nery conversa com a antropóloga Isabela Kalil, coordenadora do Observatório da Extrema Direita e do curso de Sociologia e Política da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Neste episódio: - Isabela descreve as três principais características da “extrema direita contemporânea” e o papel do “apito de cachorro” na lógica de mobilização desses grupos; - Para ela, o golpismo pode entrar em uma nova fase “pós-bolsonarista”: um movimento menos numeroso em relação a apoiadores, mas com “maior grau de violência e radicalidade”; - A antropóloga descreve a movimentação em redes da horda bolsonarista e como o discurso "dúbio" do ex-presidente é combustível para o processo de “dissonância cognitiva” de seus apoiadores.
1/10/202329 minutes, 51 seconds
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Golpismo bolsonarista toma Planalto, Congresso e STF

A Praça dos Três Poderes foi o cenário do mais grave atentado terrorista contra o Estado Democrático de Direito brasileiro. Pouco antes das 15 horas de domingo, dezenas de milhares de golpistas organizados invadiram as sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal e vandalizaram parte da estrutura dos prédios e destruíram patrimônio público - a lista de objetos danificados tem documentos, mesas, cadeiras, obras de arte, computadores e outros equipamentos eletrônicos. Uma série de eventos que ocorreu sob a complacência dos agentes de segurança do Distrito Federal. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Miriam Leitão, jornalista da TV Globo, da Globonews, do jornal O Globo e da rádio CBN, sobre os significados e as consequências deste dia 8 de janeiro: - Miriam descreve o passo a passo das “cenas inacreditáveis de profanação” das sedes e dos símbolos dos três Poderes da República - e questiona sobre quem financiou os atos golpistas; - Ela explica por que autoridades como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o governador afastado do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) podem ser responsabilizados criminalmente “por ação ou omissão”; - A jornalista analisa a “decisão moderada” de Lula (PT) de decretar a intervenção federal no DF – que irá durar até 31 de janeiro e terá o comando de uma liderança civil; - Miriam comenta ainda a atuação do ministro da Defesa, José Múcio, que fez “avaliação absolutamente equivocada” em relação aos manifestantes que passaram meses em frentes aos quartéis. E alerta para o “golpismo” em setores das Forças Armadas.
1/9/202334 minutes, 6 seconds
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A crise nas gigantes da tecnologia

Uma onda de demissões em massa vem atingindo uma a uma as maiores empresas de tecnologia do Vale do Silício. Nos últimos meses, Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp), Alphabet (Google e Youtube), Twitter (recém comprada pelo bilionário Elon Musk), Apple, Amazon e Microsoft, entre outras, cortaram dezenas de milhares de profissionais - um pessimismo que não se via desde o estouro da bolha da internet, em 2000. Para explicar as causas e as consequências do derretimento das “big techs”, Natuza Nery conversa com o jornalista Pedro Doria, colunista do jornal O Globo e editor do Canal Meio, que cobre o setor de tecnologia há quase três décadas. Neste episódio: - Pedro relaciona as políticas restritivas da pandemia com a expectativa das gigantes da tecnologia de que “digitalizaríamos cada vez mais a nossa vida” - e como isso gerou um boom de expansão e contratações; (3:25) - Explica a cadeia de investimentos de risco por trás da cultura de inovação do Vale do Silício, e o impacto provocado pela alta dos juros nas grandes e nas pequenas empresas do setor; (8:15) - E posiciona a China no quebra-cabeça da indústria da tecnologia: o país concentra grande parte da manufatura do setor e tem companhias que buscam protagonismo global. (17:30)
1/6/202323 minutes, 19 seconds
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Explosão de Covid na China

Depois de quase três anos de Covid zero, a política chinesa de prevenção contra o coronavírus entrou em colapso. No segundo semestre do ano passado, o número de casos cresceu na mesma proporção em que as medidas de isolamento social foram enrijecidas e parte da população reagiu, dando início a uma série de manifestações nas ruas de grandes cidades do país - protestos que colocaram em alerta até o regime central em Pequim. Xi Jinping, então, propôs um giro de 180° no combate à pandemia, um “liberou geral” que pode resultar em mais de 1 milhão de mortes, novas variantes e recuo na economia global. Neste episódio, Natuza Nery recebe Maurício Santoro, professor de relações internacionais da UERJ, onde faz parte do Núcleo de Estudos sobre China, e Julio Croda, infectologista da Fundação Oswaldo Cruz. - Maurício traça a linha do tempo dos protestos e das reações do governo chinês, a começar pela onda de protestos iniciada em novembro até a “transformação súbita” nas medidas sanitárias contra a Covid; (4:35) - Ele explica por que o sistema de saúde chinês e a vacinação aquém do adequado, sobretudo entre os idosos, podem ser insuficientes para dar conta de atender uma população superior a 1 bilhão de pessoas; (9:30) - E analisa as consequências de uma eventual desaceleração da capacidade produtiva chinesa nas cadeias de produção global e seus “potenciais inflacionários” em todo o mundo – inclusive no Brasil; (19:40) - Julio Croda fala sobre a importância de monitorar o surgimento de novas variantes e justifica por que as medidas de restrição a turistas chineses no Ocidente podem ter impactos negativos neste aspecto. (22:50)
1/5/202328 minutes, 46 seconds
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O STF no governo Lula 3

Neste ano dois ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) se aposentarão compulsoriamente: Ricardo Lewandowski e Rosa Weber. Com o direito a duas indicações para o tribunal, o presidente Lula (PT) terá uma Corte diferente para lidar. Para entender o que esperar da relação entre os poderes Executivo e Judiciário, Natuza Nery conversa com Eloísa Machado, professora de direito constitucional da FGV. Neste episódio: - Eloisa avalia que as duas próximas nomeações serão "as mais importantes no STF" e explica o porquê; - A pesquisadora do STF traça o perfil de Lewandowski e Weber; - Avalia o tamanho da influência de Lula no Supremo.
1/4/202323 minutes, 52 seconds
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A responsabilização pelos crimes da pandemia

Em seu primeiro discurso após tomar posse, o presidente Lula (PT) enfatizou que haverá apuração e punição dos delitos cometidos na gestão do governo Bolsonaro da pandemia. A fala coloca em evidência as violações atribuídas ao ex-presidente, - somente no relatório final da CPI da Covid são 9. E também a omissão em iniciar qualquer investigação pelo procurador-geral da República, Augusto Aras. Para entender do que se tratam essas acusações, Natuza Nery conversa com Deisy Ventura, professora titular de Ética da Faculdade de Saúde Pública da USP e coordenadora, na USP, de um estudo que analisou mais de 3 mil normas relacionadas à Covid-19 baixadas pela gestão Bolsonaro. Neste episódio: - Deisy indica o que pode mudar na coleta de provas com novos depoimentos e documentos vindo a público por esforço do novo governo; - A jurista interpreta os sentidos do uso da palavra "genocídio" nessa discussão; - Como as palavras de ordem por "Sem Anistia" surgidas neste domingo dialogam com outros momentos da história do Brasil; - O episódio ainda conta com um depoimento exclusivo de André Maya Monteiro sobre o seu pai, o designer Claudio Maya Monteiro, preso torturado pela ditadura em 1970 e, décadas mais tarde, morto pela Covid-19 dias antes do início da vacinação no Brasil.
1/3/202328 minutes, 58 seconds
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A estreia do terceiro mandato de Lula

No último domingo (1º) o presidente Lula tomou posse pela terceira vez. A cerimônia contou com discursos marcantes do presidente e a entrega da faixa pela sociedade civil - um grupo de oito pessoas subiu a rampa com Lula. O grupo representava a diversidade da população brasileira. Neste mandato, Lula enfrenta o desafio de governar o país com uma popularidade menor do que tinha antes. Somado a isso, estão as dificuldades orçamentárias e uma preocupação com a radicalização da oposição ao governo. Neste episódio, Natuza Nery conversa com o jornalista Fábio Zambeli, analista-chefe em São Paulo do Jota, e que há quase 3 décadas se dedica à cobertura política, sobre os momentos marcantes da posse e o que eles representam: - Segundo Zambeli, a caminhada na rampa do Palácio do Planalto foi uma solução sob medida para Lula, que teve uma subida triunfal; - Ao analisar os discursos de Lula durante a posse, o jornalista avaliou que Lula adotou um tom mais duro no Congresso, para demarcar limites que vão na contramão de quem precisa expandir a base política para governar. A fala aos parlamentares, para Zambeli, mostrou que o presidente busca o protagonismo na agenda, sem trégua ao governo que saiu de cena. Já o discurso no parlatório foi voltado a toda a população, e não apenas aos que votaram nele. - O jornalista destacou que Lula nunca adotou a cartilha liberal, e que tem o desafio de explicar como vai aplicar uma nova regra fiscal sem levar as contas públicas ao colapso.
1/2/202330 minutes, 24 seconds
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EXTRA: A cara do governo Lula 3

Na última quinta-feira (29), depois de seguidos atrasos, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva terminou de montar sua nova equipe. Foram anunciados os 16 ministros que faltavam de um total de 37 pastas. Na nova leva, mais mulheres, a primeira ministra indígena da história do Brasil e nomes das siglas que podem compor a futura base de Lula no Congresso Nacional. Neste episódio, Natuza Nery conversa com a jornalista Vera Magalhães -- colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura -- sobre quem saiu vitorioso e quem saiu perdendo neste processo e quais os sinais emitidos pela formação do governo Lula 3: - Segundo Vera, "pode ser um governo amplo, um governo diverso, mas é um governo em que o core é petista, tanto na área econômica, quanto na área política"; - Ao analisar os ganhos em termos de diversidade, a jornalista destaca o fato de termos, pela primeira, uma mulher no comando da Saúde: "que é dos dois grandes ministérios em termos de orçamento e de política na ponta. Isso é algo histórico e que tem o potencial de ser muito bom para a valorização das mulheres"; - Sobre o papel dos partidos do que Vera classifica como "novo centrão" na governabilidade futura, ela diz que é uma história ainda "está para escrita", já que algumas das siglas do "centrão velho" ficaram muito "compradas em ações do Bolsonaro e do orçamento secreto, duas coisas que estão de saída", como o Republicanos e o PP -- que Arthur Lira tentará "levar mais para perto do governo". - Vera também aborda as aparentes dissonâncias entre o ministro da Defesa, José Mucio, e da Justiça, Flávio Dino, em relação ao desmantelamento do acampamento bolsonarista na frente do QG do Exército. Os manifestantes pedem intervenção militar, o que é vedado pela Constituição. "Tende a ser tomada uma providência para desocupar realmente os quartéis. E não pode ficar só nas costas do Alexandre de Moraes".
12/31/202224 minutes, 6 seconds
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Pelé, o Rei

Único jogador de futebol com três títulos do Copa do Mundo, Pelé morreu neste 29 de dezembro aos 82 anos. Ele, que defendeu o Santos por quase 20 anos, foi o brasileiro mais famoso do século XX. Além dos números inalcançáveis, como os mais de 1200 gols marcados, foi garoto-propaganda e embaixador do esporte. Para refletir a importância da vida e da obra de Edson, Natuza Nery conversa com o jornalista Andrew Downie, autor do livro “México 70: A mais bela Copa do Mundo contada por seus protagonistas”. Neste episódio: Andrew recorda como o gramado, os uniformes, a bola e a violência tolerada em campo eram distintas na época que Pelé jogou, fatores necessários em qualquer comparação com os dias atuais O jornalista enfatiza como a infância pobre de Pelé moldou sua personalidade pública Analisa como Pelé "representa o Brasil" no imaginário de todo o mundo e que depois do tricampeonato da Copa, conquistado entre 1958 e 1970, o Brasil passa a ser "o país do futebol".
12/30/202223 minutes, 53 seconds
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REPRISE - A obra de Gal Costa, por Gilberto Gil

Para refletir sobre a trajetória de uma das maiores cantoras da história da música brasileira, que morreu neste 9 de novembro aos 77 anos, O Assunto recebe um “doce bárbaro” como ela, parceiro desde o primeiro show, em 1964 em Salvador. Gilberto Gil celebra não apenas a voz única, mas também a capacidade de eterna transformação dessa “tropicalista inata”, que em mais de 40 álbuns mergulhou em quase todos os gêneros de canção, colecionando sucessos como “Meu Nome é Gal”, “Baby”, “Força Estranha”, “Gabriela” e “Festa no Interior”. - Gil resgata desde sua memória mais antiga de Gal em uma lanchonete na capital baiana, quando ela tinha 18 anos). E explica por que a cantora de uma voz incomparável: “o aspecto físico e acústico, e a variedade de atitudes e intuições na interpretação das canções”; - Ele explica por que Gal era uma “tropicalista inata” e destaca o amor que ela tinha pela música: “Ela tinha compreensão profunda da extraordinária primazia que o som e as artes produzidas através dele têm"; - Recorda lembranças da turnê que fizeram juntos em 2018, em trio – os dois mais Nando Reis. “Uma retomada da jovialidade de nossa adolescência”. Gil fala também sobre a ampla “expressividade” da artista e seu lugar no acervo da música popular; - “Gosto daquelas músicas onde há vivacidade, contrição religiosa, tristeza... e gosto ainda mais de suas canções alegres”, resume o amigo.
12/29/202228 minutes, 29 seconds
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REPRISE - Jô Soares, gênio de múltiplos talentos

Uma história que se confunde com a da televisão brasileira, na qual ele teve duas grandes “encarnações”: a dos programas humorísticos, dos quais saíram personagens e bordões eternizados na memória do público; e a do apresentador de “talk show” que entrevistava com igual habilidade notáveis e desconhecidos. Mas Jô Soares, morto aos 84 anos no início de agosto, foi muito mais: homem de teatro, tradutor, artista plástico, escritor de sucesso e, em todos os ofícios que abraçou, um eterno curioso. Neste episódio especial, Matinas Suzuki Jr., coautor do livro de memórias do artista, relembra marcos e casos curiosos de uma carreira que se estendeu por mais de seis décadas: - Matinas descreve como Jô construía seus personagens – um mix de três tradições: o humor do rádio, do teatro de revista e do cinema e da chanchada. E ao talento, afirma, somava-se a “visão internacional” de quem estudou na Suíça; - Recorda como a mudança de Jô para São Paulo define os novos rumos de sua carreira e desperta seu interesse em programas “talk show” - o que se tornaria “seu grande projeto de vida”. E como se daria seu posterior sucesso no formato: “Quando ele se interessava por um assunto, virava professor”; - O jornalista fala sobre a “paixão do artista” enquanto escritor: era um leitor voraz de thriller policiais e humorísticos, e foi o gênero no qual brilhou como escritor de romances. “Jô tinha uma vida maior que a vida”, afirma o diretor de operações da editora Companhia das Letras; Amigo pessoal de Jô, Matinas revela qual a frase que o artista escolheu para a epígrafe do livro que escreveram juntos – a mesma que repetiu em seus últimos dias de vida. “A ausência de Jô é uma ausência reveladora de um país que perdeu a graça”, resume.
12/28/202233 minutes, 11 seconds
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REPRISE - Vida e obra de Elza Soares, por Ruy Castro

Neste episódio especial, reprisado nesta terça-feira, 23 de dezembro, O Assunto faz uma homenagem a uma de nossas maiores cantoras. Jornalista e escritor, profundo estudioso da música brasileira, Ruy Castro conduz o ouvinte por marcos da trajetória de Elza, que morreu em janeiro aos 91 anos: da estreia no programa de rádio de Ary Barroso, em 1953, à colaboração com jovens compositores em anos recentes, passando pela histórica gravação de “Língua”, de Caetano Veloso, que a resgatou de um período de ostracismo na década de 80. Biógrafo de Garrincha, com quem Elza viveu longo e conturbado casamento, Ruy a entrevistou dezenas de vezes para a feitura do livro, colhendo em primeira mão relatos das adversidades enfrentadas desde a infância de menina negra na favela até a luta, em vão, contra o alcoolismo do jogador. Neste episódio: - Ruy Castro recorda detalhes de toda a carreira de Elza, iniciada em um contexto de efervescência da música brasileira e cujo álbum de estreia (lançado em 1959) já a alçou à condição de “artista de grande popularidade e um grande estouro comercial”; - Como a cantora conseguiu atravessar o período no qual as gravadoras reduziram o investimento em artistas de samba. Gênero, analisa Ruy, que marcou o que ele considera a melhor fase da carreira de Elza, até o início dos anos 1970: “Não teve pra mais ninguém”; - Descrita por Ruy como “muito corajosa”, Elza realmente “cantou até o fim”, conforme letra da canção destacada no obituário do jornal americano “The New York Times”. O jornalista recorda como ela por diversas vezes conseguiu se reinventar como artista: “É uma coisa espantosa que tenha ‘recomeçado’ a carreira aos quase 80"; - Biógrafo daquele a quem Elza descreve como “o grande amor de sua vida”, Ruy Castro conta episódios da relação entre a cantora e o jogador de futebol – inclusive durante os períodos de dependência química de Garrincha.
12/27/202232 minutes, 1 second
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REPRISE - Os 50 anos do 'Clube da Esquina'

O encontro das ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Belo Horizonte, reuniu talentos excepcionais, como os irmãos Lô e Marcio Borges, os músicos Ronaldo Bastos e Fernando Brandt. Todos guiados “pela inquietação e pela genialidade” de sua figura maior, Milton Nascimento. Quem relembra é o jornalista e antropólogo Paulo Thiago de Mello, autor de um livro sobre o Clube da Esquina e seu principal fruto: o disco homônimo lançado em março de 1972, divisor de águas na história da música brasileira. Um álbum duplo de sonoridade sofisticada e caráter sinfônico, no qual se mesclam influências que vão das raízes mineiras aos Beatles. Nesta segunda-feira, 26 de dezembro, O Assunto reprisa a homenagem ao disco. Neste episódio, Paulo Thiago resgata o contexto histórico em que vieram à luz canções como “Cais”, “Trem Azul”, “Um Gosto de Sol” e “Nada Será Como Antes”: - A história começa na década de 1960 quando Bituca (apelido de Milton Nascimento) se muda para o prédio onde mora a família Borges. Baseados na “forte relação de amizade” e inspirados pelo cinema francês, pelas músicas dos Beatles e pelo movimento tropicalista, eles começam a fazer música; - Paulo Thiago narra o encontro musical entre o jovem Lô Borges e o então celebrado Milton Nascimento – que àquela altura já assumira a liderança artística do grupo. E descreve como, a partir daí, se construíram as “letras misteriosas” e as “harmonias sofisticadas” das canções do álbum; - Chamado a comparar “Clube da Esquina” a outros discos seminais que saíram naquele ano (como “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos), Paulo Thiago afirma que Milton e seus amigos levaram “o interior para a beira do mar": “A revolução deles foi musical”; - Para o antropólogo, o grupo reflete “a angústia e a asfixia” da pior fase da ditadura militar. Sinal disso, diz ele, é a presença de estrada em quase todas as letras, como um “portal para um universo que está no interior, e que só quem bota a mochila nas costas poderá encontrar".
12/26/202238 minutes, 52 seconds
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REPRISE - Notícias de Kiev, por Gabriel Chaim

A guerra russa na Ucrânia atravessou 2022 e completa 10 meses neste sábado (24). Na atual fase da batalha, o aliado maior de Putin é o inverno. Tropas russas atacam instalações de energia ucranianas, cortando a luz e o aquecimento, itens essenciais para a sobrevivência da população do país invadido. Nesta sexta-feira, 23, O Assunto reprisa o episódio originalmente publicado no dia 3 de março, quando o jornalista Gabriel Chaim relatou, direto da capital Kiev, a situação na cidade cercada e os limites da resistência da população local: - O momento “é crítico”, disse Gabriel, referindo-se ao cerco à capital e aos limites da resistência da população. “Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã”; - Ele descreveu a confusão e o desespero de quem tentava ir embora e as estratégias de sobrevivência de quem optou por ficar ou simplesmente se resignou à ideia de não deixar a cidade; - Na principal estação ferroviária, milhares de pessoas que não sabem “qual será o próximo trem e para onde ele vai”. Em residências semidestruídas pelos bombardeios, “principalmente idosos, com menos mobilidade e menos recursos” para fugir; - Experiente em coberturas de guerra, o jornalista compara o conflito ucraniano à situação da Síria e da disputa territorial de Armênia e Azerbaijão: “uma das maiores catástrofes de nossos tempos”.
12/23/202235 minutes, 30 seconds
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REPRISE – Urna eletrônica, uma história de inclusão

Marco da revolução do processo eleitoral brasileiro, ela estreou em 1996. Desde então, a abstenção caiu e os índices de votos inválidos despencaram de 40% para cerca de 7%. Questionada por Jair Bolsonaro durante todo o processo eleitoral deste 2022, nenhum caso de fraude foi identificado desde que ela foi implementada. Nesta quinta-feira, 22 de dezembro, O Assunto reprisa o episódio originalmente publicado no dia 1º de agosto, com o cientista político Marcus André Melo: - Marcus André destaca momentos-chave da trajetória do voto no Brasil, como a introdução do sufrágio secreto (1932) e a adoção da cédula oficial (1955); - Lista termos reveladores da profusão de fraudes no Império e na República Velha, como “fósforos” (eleitores fantasmas) e “chapa de caixão” (cédula falsa); - Descreve o papel do voto obrigatório, ainda durante a ditadura militar, como um elemento para legitimar o processo eleitoral brasileiro – embora tenha rendido ao país o recorde de votos inválidos; - Explica por que o equipamento eletrônico foi um marco no “encorajamento à participação” dos eleitores menos instruídos e “deu concretude” ao direito universal ao voto.
12/22/202224 minutes, 32 seconds
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Mega da Virada: as chances (reais) de ganhar

Às 20 horas do dia 31 de dezembro vai ser sorteado o maior prêmio da história das loterias no Brasil. Quem acertar as seis dezenas da Mega da Virada pode levar para casa cerca de R$ 450 milhões - e, caso ninguém crave todos os números, o valor será dividido entre quem acertar a quina. Mas quais as chances reais de vencer? Neste episódio, Natuza Nery tira todas as dúvidas sobre a mais famosa loteria do país com o matemático Diego Marques, professor da Universidade de Brasília: - Diego explica a probabilidade de acerto das seis dezenas sorteadas com um jogo simples: “50 vezes mais difícil do que ser atingido por um raio; - O matemático fala sobre que estratégias aumentam as chances de levar o prêmio - se marcar mais dezenas por jogo ou fazer mais apostas diferentes; - Ele analisa a efetividade de entrar em um bolão - e conta suas experiências em apostas coletivas, sob a perspectiva da matemática; - Diego revela quantos anos são necessários, do ponto de vista estatístico, para que uma combinação simples seja sorteada. Mas pondera: “Se não jogar, a chance é zero”.
12/21/202218 minutes, 16 seconds
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O fim do Orçamento Secreto

Por 6 votos a 5, o colegiado do STF determinou a inconstitucionalidade das emendas de relator. Também no Supremo, o ministro Gilmar Mendes determinou que é permitido abrir créditos extraordinários para garantir o pagamento dos R$ 600 por beneficiário do Bolsa Família no ano que vem. Duas decisões que fortalecem o poder de Lula (PT) nas negociações com o Congresso. Para explicar o impacto da entrada da Suprema Corte no debate do Orçamento de 2023, Natuza Nery conversa com o jornalista Paulo Celso Pereira, editor executivo dos jornais O Globo e Extra. Neste episódio: - Paulo Celso diz por que, agora, o presidente eleito se torna “menos dependente” de Arthur Lira (PL) para dar início a seu governo em condições de honrar as promessas de campanha; - Analisa a diferença de ambiente que Lula enfrenta no Senado e na Câmara, e sua dificuldade em viabilizar a aprovação da PEC da Transição ao mesmo tempo que tenta construir base parlamentar; - Avalia a possibilidade “praticamente consolidada” da reeleição do presidente da Câmara, embora sem o mesmo capital político com o qual “emparedou” o Executivo nos últimos dois anos; - E projeta quais serão os mecanismos que Lula lançará mão para propor uma nova relação com o Congresso, que o receberá de modo “muito mais hostil” dos que seus dois mandatos anteriores.
12/20/202230 minutes, 41 seconds
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Primeira-dama: história e papel no Brasil

Nomenclatura reservada às mulheres de governantes eleitos, as primeiras-damas ganharam papel de destaque na vida pública brasileira a partir de Darcy Vargas, mulher de Getúlio. Casada com Lula, a socióloga Janja disse em entrevistas querer “ressignificar” essa função. Para entender como diferentes mulheres se valeram desse posto e suas ligações históricas com a assistência social, Natuza Nery recebe Dayanny Rodrigues, historiadora e doutora pela Universidade Federal de Goiás que estuda esse tema há uma década. Neste episódio: - Dayanny relembra como Darcy Vargas inaugurou a atuação pública atrelada à imagem do presidente, no período pós-2ª Guerra. E como esse papel nasceu ligado ao assistencialismo; - Explica o termo “primeiro-damismo”, um conjunto de práticas exercidas por mulheres de governantes, podendo ser estratégico (alinhado ao plano político) ou tático, quando a mulher consegue elaborar ações para além do papel do homem; - Avalia como recentemente Michele Bolsonaro e Janja tiveram papel político-eleitoral nas campanhas. E como Michele foi “convocada a falar para retratar falas” do atual presidente; - E conclui que ainda há um “engessamento” da figura social da mulher do presidente, desde o que vestir, até o que falar e como agir, em um processo considerado por ela “aprisionador”.
12/19/202226 minutes, 4 seconds
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Estatuto do Nascituro e o direito ao aborto

Na reta final da atual legislatura, parlamentares bolsonaristas trabalham para ressuscitar o Projeto de Lei que criminaliza a realização de aborto em qualquer circunstância - inclusive nos casos de estupro, risco à vida da mãe e anencefalia, situações em que hoje a mulher tem garantido o direito de interromper a gravidez. Em reação, a oposição tenta barrar a proposta no Congresso. Para explicar em que pé está a tramitação do Estatuto do Nascituro, e quais seriam suas consequências, Natuza Nery recebe Gabriela Rondon, pesquisadora do Instituto de Bioética Anis e professora do Instituto de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa, e Laura Molinari, coordenadora da campanha “Nem presa nem morta”. Neste episódio: - Gabriela descreve como o Projeto de Lei pretende criar uma “carta de direitos para embriões e fetos” que os equipare juridicamente às pessoas nascidas; - Ela rebate o que chama de “estratégia retórica insidiosa e cruel” dos grupos organizados que trabalham para a aprovação do estatuto; - Laura traça uma linha do tempo sobre a forma como o Congresso age para acelerar e para barrar o PL, que nasceu em 2005 e tramita desde 2007; - Ela destaca a oportunidade de, no processo de transição do governo federal, identificar “o tamanho do desmonte” das políticas públicas relativas aos direitos da mulher.
12/16/202223 minutes, 8 seconds
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Fusão nuclear: o futuro da energia limpa

O anúncio inédito feito por cientistas do Departamento de Energia dos Estados Unidos pode ser o início de uma revolução para a produção de energia limpa. Pela primeira vez dentro de um laboratório, foi possível gerar energia a partir do processo de fusão nuclear - fenômeno que funde os núcleos de átomos de hidrogênio e que gera muito menos resíduo radioativo que a fissão nuclear. Para entender os desdobramentos desta conquista da ciência, Natuza Nery conversa com Marcelle Soares-Santos, professora de Física da Universidade de Michigan. Neste episódio: - A professora detalha a diferença entre as tecnologias da fusão e da fissão nuclear – e por que a fusão é tão mais complexa; - Descreve as “implicações estratégicas políticas e econômicas” que motivam governos e empresas a investirem pesado no desenvolvimento desta tecnologia; - Explica o experimento dos cientistas americanos e quais são as “condições extremas” - que replicam temperaturas equivalente à do interior do Sol; - Marcelle fala sobre os desafios para colocar a tecnologia em larga escala e conclui sobre os “benefícios potenciais” dela para o futuro da humanidade.
12/15/202215 minutes, 9 seconds
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A delinquência bolsonarista em Brasília

A prisão preventiva de um indígena apoiador do presidente Jair Bolsonaro foi o estopim para que uma onda de atos violentos tomasse conta da capital federal. Os extremistas incendiaram ônibus, quebraram carros e vandalizaram o prédio da Polícia Federal – sem que qualquer criminoso tenha sido detido. Para classificar a violência da extrema direita que atenta contra a democracia e põe em risco a institucionalidade do país, Natuza Nery conversa com Conrado Hubner Mendes, doutor em Direito e Ciência Política e professor de Direito Constitucional na USP. Neste episódio: - O professor identifica e classifica quais crimes foram cometidos na noite da segunda-feira em Brasília - e indica quais artigos Bolsonaro e seus aliados podem responder; - Conrado explica a distinção entre os conceitos jurídico e político de terrorismo – e em quais contextos as ações dos grupos bolsonaristas são enquadrados na Lei do Estado Democrático de Direito; - Ele analisa o contexto no qual há um vácuo de poder entre o futuro presidente - eleito e diplomado - e a atual gestão, dedicada apenas à construção de “acordos” para evitar prisões; - E avalia o risco da omissão dos órgãos de segurança pública diante dos delitos cometidos em série no DF.
12/14/202225 minutes, 8 seconds
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Sigilo de 100 anos: como reverter

Nos últimos 4 anos, pululam exemplos da ocultação de informações no governo federal: dados sobre a vacinação do presidente Jair Bolsonaro, o processo administrativo do Exército contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, reuniões e visitantes no Planalto e o processo da Receita sobre supostas rachadinhas de Flávio Bolsonaro. Lula, que tomará posse em 1° de janeiro, promete expor tudo. Mas o futuro presidente esbarra em questões legais e práticas para revogar os sigilos, como explica Maria Vitória Ramos, cofundadora e diretora da Fiquem Sabendo, agência independente especializada na Lei de Acesso à Informação. Em conversa com Natuza Nery, Maria Vitória detalha como Bolsonaro usou um artigo da Lei de Acesso à Informação sobre pessoas privadas para “cercear o acesso a informações públicas referentes à pessoa mais pública do país”, justamente o presidente. Ela avalia como o futuro governo pode reverter o processo de ocultação de dados de interesse público. E conclui: "não existe uma forma de abrir todos esses dados com uma canetada”.
12/13/202226 minutes, 1 second
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Bolsonaro, Lula e a faixa presidencial

Passada a diplomação no TSE, marcada para esta segunda-feira (12), o foco em Brasília passa a ser o dia 1° de janeiro. Tradicional, a passagem da faixa presidencial é dúvida na cerimônia de posse de Lula (PT). Para analisar os sentidos da potencial negativa de Jair Bolsonaro (PL) de transmitir o objeto-símbolo do poder presidencial, Natuza Nery conversa com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Neste episódio: - Bernardo explica o que acontece caso Bolsonaro não passe a faixa: “se o presidente que está saindo não passar a faixa, não importa. Fica só uma questão de birra”; - Analisa que a recusa de Bolsonaro faz parte do discurso do atual presidente a seus seguidores: “o momento que fica nos livros de História é a foto de um presidente passando a faixa para o outro”; - Lembra que quem vai estar na Praça dos 3 Poderes no dia da posse será “a militância do PT, não a bolsonarista”, com o atual presidente correndo o risco de “receber uma sonora vaia”; - E revela os planos da equipe de Lula caso Bolsonaro realmente não compareça.
12/12/202219 minutes, 1 second
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EDIÇÃO EXTRA: Haddad na Fazenda e mais ministros

Lula (PT) definiu nesta sexta-feira (9) os primeiros nomes da futura gestão. O mais aguardado, o do ministro da Fazenda, não foi surpresa: será Fernando Haddad (PT-SP), homem de confiança do presidente eleito. Além de Haddad, foram confirmados Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), José Múcio Monteiro (Defesa) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). Nesta edição extra de O Assunto, Natuza Nery conversa com a jornalista Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN, para explicar as escolhas e as consequências dos anúncios. Neste episódio: - Maria Cristina comenta a decisão de Lula de dar os dois ministérios mais poderosos (Fazenda e Casa Civil) a dois petistas “não tão petistas”: “Haddad é o mais tucano e Rui Costa o mais privatista do partido”; - Em que sentidos Lula e Haddad pensam parecido e por que a lealdade do ex-ministro da Educação a Lula foi um fator decisivo para sua ida à Fazenda – uma reação, analisa MCF, à “decepção do petista com Palocci”; - Quais serão os dois primeiros testes de fogo para o futuro ministro da Fazenda: convencer os parlamentares a aprovar a PEC da Transição, e o mercado de que é o “nome de confiança” para administrar o Orçamento 2023; - O que levou José Múcio à pasta da Defesa. “Militares estão divididos entre bolsonaristas e antibolsonaristas", avalia Maria Cristina. “Mas estão todos unidos no antipetismo”. Múcio, que já esteve na Arena e já presidiu o TCU, pode tranquilizar a relação com os quarteis - mas não impedirá a promessa de Lula de desmilitarizar a administração federal.
12/10/202227 minutes, 16 seconds
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CadÚnico: sucateamento e reconstrução

Dezenas de milhões de brasileiros vivem com menos que o mínimo necessário: 62 milhões têm renda mensal abaixo de R$ 500 – e deste total, 18 milhões tentam sobreviver com menos de R$ 170 por mês, situação classificada pelo Banco Mundial como extrema pobreza. E o principal mecanismo para identificar essas pessoas e adequá-las aos programas sociais do governo está sucateado. O grupo de transição para o próximo governo acusa a importância de reestruturar o CadÚnico para garantir a eficácia das políticas sociais no Brasil. Para analisar as condições da assistência social no país, Natuza Nery conversa com a socióloga Letícia Bartholo, que foi secretária nacional adjunta de renda da cidadania entre 2012 e 2016. Neste episódio: - Letícia esclarece o histórico das políticas de transferência de renda, desde o bolsa-escola, passando pelo sucesso do Bolsa Família até chegar ao Auxílio Brasil – e aponta a importância do CadÚnico nesta história de duas décadas; - Detalha por que os critérios adotados para o Auxílio Brasil prejudicaram a capacidade do Estado em identificar os mais pobres e focalizar a distribuição de recursos: “O CadÚnico é a seta para os programas sociais”; - E explica a importância da “simbiose” necessária entre a correção do CadÚnico e o redesenho do Auxílio Brasil (que voltará a ser Bolsa Família na próxima gestão): “É preciso fazer as duas coisas”.
12/9/202224 minutes, 31 seconds
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Peru: o caos que derrubou Pedro Castillo

Estava marcada para o fim da tarde a sessão plenária que votaria o terceiro pedido de impeachment do presidente peruano. E então, sem apoio político e da população, Castillo se adiantou e foi à TV para anunciar a dissolução do Congresso e o estabelecimento de um governo de exceção. A reação foi imediata: deputados, inclusive de seu próprio partido, ignoraram o anúncio e votaram pela destituição de Castillo. Horas depois, a vice Dina Boluarte assumiu o poder e o agora ex-presidente foi preso. Para explicar essa sucessão de eventos, Natuza Nery conversa com o jornalista Ariel Palacios, comentarista da GloboNews. Neste episódio: - Ariel relata passo a passo os atos do “autogolpe” tentado por Pedro Castillo. E explica por que foi um “fracasso total”; - Recorda que, desde 2016, todos os cinco presidentes peruanos foram investigados ou até condenados por corrupção e não concluíram seus mandatos; - Apresenta o panorama geral do país, no qual o Congresso está fragmentado com muitos partidos pequenos e a economia apresenta sinais de melhora, embora registre números recordes de inflação e insegurança alimentar.
12/8/202219 minutes, 7 seconds
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Orçamento Secreto no STF – o julgamento

A presidente do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber pautou para esta quarta-feira (7) o julgamento das ações que questionam a constitucionalidade do pagamento das emendas do relator do Orçamento. No entorno do presidente eleito, a expectativa é pelo veto do mecanismo - para Lula (PT), isso é fundamental para negociar com o Congresso pelos próximos 4 anos e pode até determinar o resultado para a presidência da Câmara e do Senado. Para entender a importância da decisão, Natuza Nery conversa com Breno Pires, repórter da revista piauí, um dos jornalistas que revelaram, no jornal O Estado de S.Paulo, a existência do Orçamento Secreto. Neste episódio: - Breno recorda a série de subterfúgios usados pelo Congresso para preservá-lo desde que houve a revelação do esquema; - Analisa como a decisão do Supremo irá determinar "a relação que o Executivo terá com o Legislativo" e da própria governabilidade do futuro governo Lula (PT); - E explica o que há de “ilegítimo” no Orçamento Secreto: o uso do dinheiro público “sem prestação de contas” e sem atender a “critérios técnicos”, e ainda sua função de ferramenta de barganha “para a compra de votos” no Congresso.
12/7/202224 minutes, 59 seconds
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Governo parado: os bloqueios no orçamento

Mais de R$ 15 bilhões foram congelados de ministérios ao longo de 2022 - desde a derrota para Lula (PT), a gestão Bolsonaro impôs bloqueios superiores a R$ 5 bilhões na Saúde e na Educação. Na prática, cortes que afetam o dia a dia de universidades federais e impossibilitam a compra de medicamentos para o SUS – em outras áreas do governo, o Ibama está sem recursos e a PF teve que interromper a emissão de passaportes. Para entender as causas e os impactos da paralisação da administração pública, Natuza Nery conversa com a economista Ursula Dias Peres, professora de Gestão de Políticas Públicas na USP e Pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole. Neste episódio: - Ursula explica por que, apesar da arrecadação recorde, o governo faz bloqueios nas verbas para ministérios; - Enfatiza que o "desfinanciamento de áreas fundamentais", desestruturando políticas públicas, é um processo contínuo desde ao menos 2014; - E analisa as soluções possíveis para resolver o problema: “o ideal seria ter um novo regime fiscal” a ser amplamente discutido, de olho na questão do endividamento público.
12/6/202226 minutes, 13 seconds
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As crianças com fome no Brasil

Entre 2020 e 2022 dobrou o percentual de casas que não conseguem garantir alimentação básica para menores de até 10 anos. Hoje, 3 em cada 10 famílias brasileiras sofrem com a subalimentação infantil – uma crise social cujas consequências poderão ser vistas e sentidas daqui a décadas, diante de uma população com déficit de aprendizado e problemas crônicos de saúde. E os recursos federais para a merenda escolar, única refeição garantida de milhões de crianças e adolescentes, perdem valor de compra ano a ano desde 2017, data do último reajuste: o repasse por aluno, atualmente, varia entre R$ 0,36 e R$ 1,07. Para entender os impactos da falta de comida no desenvolvimento infantil e o lugar da escola na garantia de segurança alimentar, Natuza Nery conversa com a sanitarista Márcia Machado, professora da Universidade Federal do Ceará, e com a nutricionista Gabriele Carvalho, do Observatório da Alimentação Escolar e da Fian Brasil. Neste episódio: - Márcia descreve como a fome compromete a interação social, o desenvolvimento cognitivo e afeta a incidência de violência dos jovens: “é um desastre como civilidade”; - Ela fala dos riscos que envolvem uma dieta baseada em alimentos ultra processados. São produtos, afirma, que não têm “as qualidades nutricionais que as crianças precisam” e podem causar obesidade; - Gabriele explica a importância do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) como garantia legal para que crianças, jovens e adultos estudantes acessem alimentação de qualidade – e também como forma de financiamento à agricultura familiar; - A nutricionista explica por que o repasse anual de R$ 3,9 bilhões do governo federal para as escolas é insuficiente e reduz profundamente a qualidade da comida servida. “Para recompor as perdas, o valor do programa para 2023 deveria corresponder a R$ 7,9 bilhões”.
12/5/202227 minutes, 43 seconds
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A nova geração na seleção brasileira

Classificado para as oitavas-de-final da Copa do Mundo, o Brasil entra em campo com o time reserva no último jogo da fase de grupos – contra Camarões, nesta sexta-feira. É a oportunidade de os torcedores brasileiros conhecerem o alto nível do elenco à disposição de Tite no Catar: um grupo de jovens atletas que já são protagonistas nos maiores clubes da Europa. Natuza Nery conversa com Martín Fernandez, colunista do ge e do Jornal O Globo que está no Catar. Neste episódio: - Martín explica por que o Brasil "tem no banco vários jogadores que seriam titulares em outras seleções"; - Ele enfatiza que somos "o maior mercado exportador de pé-de-obra" para um "mercado europeu que busca jogadores cada vez mais jovens"; - Para Martín, o futebol atual está "baseado em pressão" e, portanto, é "de muita exigência física", o que favorece atletas de menos idade; - Ele comenta ainda quem deve se destacar no elenco brasileiro e avalia as reais chances do hexa.
12/2/202216 minutes, 46 seconds
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A revolta das iranianas

Em setembro, Mahsa Amini foi presa pela Polícia da Moralidade sob a justificativa de que não estaria cumprindo as regras de vestimentas impostas às mulheres no Irã. Três dias depois, a jovem curda de 22 anos morreu sob a custódia do Estado. Foi o estopim para uma onda de manifestações que se espalharam rapidamente por todo o país. Os protestos, majoritariamente liderados por mulheres, se alongam pelo terceiro mês seguido, com manifestações chegando até a Copa. Natuza Nery conversa com Adriana Carranca, jornalista e autora do livro "Entre Sonhos e Dragões", com duas personagens nascidas no Irã. Neste episódio: - Adriana Carranca destaca que, ao contrário de manifestações anteriores, dessa vez estão nas ruas pessoas de diversas idades, etnias e regiões; - Ela descreve como as novas gerações de mulheres, desde a Revolução Islâmica de 1979, "foram encontrando seus caminhos para desafiar o regime ditatorial"; - A jornalista dá seu testemunho em relação à repressão da Polícia da Moralidade: “Eu via prisões de mulheres iranianas todos os dias”.
12/1/202222 minutes, 56 seconds
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Militares e Lula: o futuro da relação

Entre os 31 grupos temáticos da transição, uma ausência: a Defesa. Para romper a falta de articulação do governo eleito com o comando militar, Lula (PT) lança mão de ex-chefes das Forças Armadas e de nome tradicional da política - que se tornou o favorito para assumir a pasta. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Fabio Victor, jornalista e autor do livro "Poder Camuflado: Os militares e a política, do fim da ditadura à aliança com Bolsonaro". Neste episódio: - Fabio Victor explica que “há um componente político-ideológico" na rejeição dos militares em relação à esquerda, que insuflou o anti-lulismo e o anti-petismo; - Relembra os elementos que fizeram do período 2014-2016 uma “tempestade perfeita” para deteriorar a trégua entre militares e os governos do PT; - Como o fato de um civil ocupar a Defesa é “premissa básica” para garantir a subordinação do poder militar ao poder civil – tradição rompida por Michel Temer (2018) e mantida por Bolsonaro; - Avalia quais são as condições para reverter o processo de politização das Forças Armadas.
11/30/202225 minutes, 15 seconds
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China – a onda de protestos

A política de Covid zero adotada pelo governo chinês fez a nação com a maior população do mundo registrar menos de 31 mil mortes em quase três anos de pandemia. Com o recente aumento do número de casos, novos lockdowns foram adotados. E parte da população se mostra insatisfeita, principalmente depois de um incêndio matar dez pessoas em uma cidade no oeste do país. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Rodrigo Zeidan. Professor da Universidade de Nova York em Xangai e da Fundação Dom Cabral, ele relata direto da China como – ao contrário do que se pensa – protestos são comuns por lá. Você vai ouvir: - Zeidan revela o caráter espontâneo e descentralizado das manifestações, o que inibe punições significativas; - Como os valores do confucionismo orientam a maioria dos chineses a endossar a política de Covid zero; - Nomeado pelo Partido para um terceiro mandato de 5 anos, Xi Jinping "seguramente vai terminar o mandato”, diz Zeidan, mesmo com parte da população insatisfeita.
11/29/202222 minutes, 40 seconds
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A meia-volta da política armamentista

Os últimos 4 anos escancararam a política de “todo mundo armado”, exposta ao público por Bolsonaro (PL) na reunião ministerial de abril de 2020. Dezenas de decretos e portarias assinadas pelo presidente reduziram o controle, o rastreio e a fiscalização de armas e munições. E a flexibilização de requisitos para o registro de CAC (caçadores, atiradores e colecionadores) ampliou para cerca de 700 mil pessoas o direito de comprar até 60 armas (30 delas de uso restrito) e 180 mil balas anualmente. O governo eleito e o grupo de transição responsável pela Justiça e Segurança Pública já anunciaram que uma das prioridades a partir de 1º de janeiro será reverter o “liberou geral” de Bolsonaro para armas de fogo e recuperar normas de controle do Estatuto do Desarmamento, de 2003. Natuza Nery conversa com Flávio Dino (PSB), senador eleito pelo Maranhão e integrante do GT de Justiça e Segurança Pública, e com a advogada e socióloga Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz. Neste episódio você ouvirá: - Flávio Dino aponta para a “grande ameaça” que é o crescimento desenfreado de CACs desde 2019 - já são mais pessoas com o registro do que policiais militares e do que membros do Exército em todo o país; - O senador eleito reforça a posição do próximo governo sobre o aumento de fiscalização de combate ao armamento, que, afirma, “deve ser restrito às forças de segurança”; - Carolina Ricardo alerta para a destinação de armas de fogo de alto poder destrutivo: fuzis chegam às mãos de grupos criminosos via “cooptação de laranjas ou falsificação de cadastro”; - Ela sugere que, para reduzir a quantidade de armas nas mãos dos civis, será necessário estabelecer novas e mais rígidas regras – mas descarta a ideia de confisco.
11/28/202228 minutes, 43 seconds
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Bolsonaro-Lula: a transição anormal

Em tudo diferente de 20 anos atrás, quando recebeu a faixa presidencial do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula (PT) lida com uma transferência de poder atípica. Jair Bolsonaro sequer cumprimentou o adversário, em clima de total falta de cooperação. Lula montou uma equipe de transição com mais de 300 integrantes, mas importantes definições seguem em aberto. Natuza Nery conversa com a jornalista Malu Gaspar, colunista do jornal O Globo. Neste episódio: - Malu relata que a PEC da Transição, projeto urgente, carece da confirmação de um ministro da Fazenda que possa negociar com o Congresso; - Ela explica como o Orçamento Secreto e o Fundo Eleitoral diminuem o espaço de barganha entre o novo governo e os parlamentares; - É no xadrez da política, da formação da base de apoio, "que vai depender todo o futuro governo"; - E indica que as cobranças na nomeação de ministérios como Casa Civil e Fazenda têm uma razão simples: "quanto mais você demora, mais seu adversário toma conta".
11/25/202227 minutes, 46 seconds
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Bolsonaro desencastelado – ou quase

Depois de 19 dias recluso no Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro (PL) voltou a dar expediente no Planalto – mas apenas por 5 horas e em regime de silêncio público. Em paralelo à clausura do presidente, o movimento golpista ganhou corpo: os comandantes das Forças Armadas publicaram notas ambíguas e o PL formalizou ao TSE o pedido para anular os votos de 60% das urnas eletrônicas no 2º turno, o que daria a reeleição a Bolsonaro – pedido prontamente indeferido pelo ministro Alexandre de Moraes. Soma-se a isso a onda de milhares de militantes golpistas bloqueando rodovias e pedindo intervenção militar em frente aos quartéis do Exército. Natuza Nery conversa com Jussara Soares, repórter do jornal O Globo de Brasília, e Thomas Traumann, jornalista e pesquisador da FGV. Neste episódio: - Jussara relata o clima de “fim de governo elevado à máxima potência” em torno do presidente. E como foram os melancólicos dias de Bolsonaro recluso no Alvorada; - Como o presidente incentiva e cobra aliados a contestarem os resultados das urnas e a manterem o tom golpista. “Não dá pra dissociar Bolsonaro do pedido do PL", diz Jussara; - Traumann analisa as ações tanto do PL quanto dos comandantes militares para "conduzir Bolsonaro pra uma ação", e assuma seu lugar como líder da oposição; - Ele identifica os papéis que atores políticos como Valdemar da Costa Neto (presidente do PL) e Braga Netto (candidato a vice-presidente) assumiram no vácuo de Bolsonaro. E explica como a manutenção do caos é estratégia para deslegitimar o governo eleito. “Eles precisam ter algo para se agarrar em janeiro, quando deixarem a Presidência”, afirma.
11/24/202232 minutes, 30 seconds
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Erasmo Carlos, o Gigante Gentil

Ícone da Jovem Guarda, autor de mais de 600 músicas - entre elas clássicos como “Minha Fama de Mau”, “É proibido fumar” e “Quero que tudo vá para o inferno” -, Erasmo morreu neste 22 de novembro, aos 81 anos. Pai do rock nacional, foi parceiro de Roberto Carlos, com quem formava “a dupla Lennon e McCartney” brasileira. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Marcelo Froes, produtor musical que trabalhou com Erasmo, autor do livro "Jovem Guarda, em ritmo de Aventura". Neste episódio: - Marcelo diz que Erasmo “trouxe a linguagem do rock para o Brasil", inspirado em Elvis Presley e Marlon Brando; - Superou o preconceito da crítica em relação à Jovem Guarda e firmou inúmeras parcerias, de Wanderléia, a Bethânia, Marisa Monte, Skank e Emicida; - Discos de Erasmo tem “uma assinatura própria”, ao longo dos mais de 60 anos de carreira; - “Erasmo estava feliz”, depois de receber um Grammy pelo disco “O Futuro Pertence à Jovem Guarda”, na semana da morte do Tremendão.
11/23/202230 minutes, 35 seconds
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A COP e o preço das mudanças climáticas

Depois de duas semanas de negociações na Conferência do Clima da ONU, representantes de mais de 200 países chegaram a um acordo para criar um fundo de compensação às nações mais vulneráveis a eventos extremos. Por outro lado, a COP 27 falhou ao não firmar uma meta de desaceleração de emissão dos gases causadores do efeito estufa. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Daniela Chiaretti, repórter especial do jornal Valor Econômico que acompanhou a COP no Egito, e José Eli da Veiga, professor do Instituto de Estudos Avançados da USP. Você irá ouvir: - Daniela relembra a resistência histórica de países ricos em aceitar a criação do fundo de perdas e danos, e detalha os três principais motivos para isso; - A jornalista explica o que levou à maior “derrota" da COP-27: a ausência de acordo na diminuição até zerar o uso de combustíveis fósseis; - José Eli da Veiga avalia que o fundo é "uma espécie de reconhecimento de fracasso", e lamenta que, ao não dar centralidade à redução das emissões, os debates hoje sejam apenas sobre “como é que vamos salvar as primeiras vítimas"; - Ele aponta os erros históricos nas negociações pelo clima e explica por que, a partir do momento que o sistema financeiro entrou nas discussões sobre redução de emissões, foram criados os mecanismos de compensação que “animaram” o setor privado.
11/22/202231 minutes, 27 seconds
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A Copa do Catar

Na estreia de Natuza Nery no comando de O Assunto, o podcast fala sobre o Mundial da Fifa, que acumula polêmicas desde 2010, quando o país-sede foi anunciado. Desde então, acumulam-se denúncias de ataques aos direitos humanos: uma lista que contempla mortes de trabalhadores, intolerância contra pessoas LGBTQIA+ e restrições de liberdade para as mulheres. Neste episódio, Natuza Nery conversa com a narradora da TV Globo Renata Silveira, a primeira mulher a narrar uma Copa do Mundo em rede aberta no Brasil, e Eric Faria, repórter que cobre seu quarto mundial e acompanha o Mundial direto do Catar. Você vai ouvir: - Renata Silveira conta a relação dela com Copas passadas, desde a conquista do penta, em 2002, até a eliminação contra a Bélgica, em 2018; - A narradora detalha inspirações e desafios: “Espero que nesta Copa, as meninas liguem a TV e vejam muitas mulheres narrando e comentando jogos de futebol”; - Há mais de dois meses vivendo no Catar, Eric Faria relata “situações chocantes” que viu em relação à igualdade de gênero: “Mulheres precisam pedir autorização do marido para trabalhar ou para estudar”; - Ele conta também as histórias inspiradoras que conheceu na sede do Mundial, caso da primeira mulher comerciante do Catar e da única pilota aero desportiva do país.
11/21/202228 minutes, 38 seconds
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Natuza Nery estreia no podcast O Assunto

A partir do dia 21 de novembro, segunda-feira, o podcast diário do g1 será apresentado por Natuza Nery. “Vai ser uma alegria imensa ser a sua companhia diária”, diz Natuza. De segunda a sexta, bem cedinho, sempre um episódio novo para você entender o assunto mais importante do momento.
11/19/202255 seconds
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As negociações pela PEC da Transição

Desde que o Tribunal Superior Eleitoral certificou sua vitória nas urnas, Lula (PT) mira subir a rampa do Palácio do Planalto com uma promessa de campanha assegurada: a manutenção do Auxílio Brasil (que voltará a se chamar Bolsa Família) em R$ 600 por família mais R$ 150 por criança de 0 a 6 anos. Para isso, a equipe de transição de Lula apresentou ao Congresso o texto-base para a Proposta de Emenda à Constituição que excluiria benefícios sociais do teto de gastos, mas com alguns poréns: “o texto apresentado traz outras coisas”, afirma Ana Flor, comentarista da Globonews e colunista do g1. A primeira versão apresenta mais situações de exceção ao teto, que poderiam estourá-lo em mais de R$ 200 bilhões em 2023. Em conversa com Julia Duailibi, a jornalista conta os bastidores das negociações entre Legislativo e novo governo e destaca que o ponto mais sensível é a definição do prazo temporal para que o Bolsa Família fique fora da regra fiscal. Para a gestão Lula, avalia Ana Flor, garantir quatro anos de licença seria uma “vitória política” que abriria espaço para uma agenda de reformas tributária e administrativa. Ela recorda ainda que, embora tenha mais 40 dias no poder, o governo Bolsonaro está paralisado e vê ex-aliados sinalizarem apoio ao petista: “ele está simplesmente a reboque dos partidos”, afirma.
11/18/202223 minutes, 32 seconds
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O Brasil de volta à agenda climática

Desde que o país recusou sediar a COP-25 – uma das primeiras decisões do então presidente-eleito Jair Bolsonaro (PL, então no PSL) – a política climática brasileira foi rebaixada à posição de pária global. Durante os últimos quatro anos, a Amazônia registrou recordes de desmatamento e o Brasil se tornou o quinto maior emissor de gases de efeito estufa. Nesta quarta-feira, o “discurso contundente” do presidente-eleito Lula (PT) na 27ª Conferência do Clima atraiu os olhos de “observadores e negociadores de todo o mundo”. É o que testemunhou, diretamente de Sharm El Sheikh, no Egito, a administradora pública especialista em mudanças climáticas Natalie Unterstell. Em entrevista a Julia Duailibi, ela, que é também presidente do Instituto Talanoa, relata a expectativa dos representantes em relação à volta do país aos compromissos climáticos. “Há esperança, mas também cobrança”, diz. Na agenda política interna, Lula sinalizou a necessidade de “fortalecer alianças” com estados e municípios para avançar em direção a uma “economia descarbonizada”. Para os agentes internacionais, avalia Natalie, foram bem recebidos o compromisso de zerar o desmatamento de todos os biomas até 2030 e a “tímida” pressão sobre os países desenvolvidos para “cumprirem os acordos que podem conter a crise climática”.
11/17/202224 minutes, 20 seconds
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A mais nova onda de Covid

Foram meses de relaxamento de medidas de proteção, com índices de transmissão e de novos casos em baixa. O alerta voltou a soar no início de novembro, com o aumento exponencial na busca por exames em laboratórios e farmácias. Na sequência, veio a alta na média móvel de casos, puxada pela subvariante BQ.1, da ômicron. “Estamos vendo apenas a pontinha do iceberg”, avalia a infectologista Rosana Richtmann em conversa com Julia Duailibi. Para ela, o número real de casos é muito maior do que o registrado. “É importante que as pessoas se testem e tomem o cuidado para não expor os outros”, lembra. Ela explica que a BQ.1 tem transmissibilidade maior, ainda sem indicar maior gravidade. E argumenta o caminho para frear novas variantes: a adoção de vacinas atualizadas. “Mais uma vez estamos atrasados” na aquisição desses imunizantes, diz. Rosana reforça ainda situações em que é essencial voltar a usar máscaras: no transporte público, dentro de farmácias, em unidades de saúde e para todos os imunossuprimidos.
11/16/202220 minutes, 45 seconds
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Renata Lo Prete se despede de O Assunto

Podcast diário do g1 será apresentado por Natuza Nery a partir do dia 21 de novembro. No comando do podcast por mais de 3 anos e 834 episódios, Renata gravou um agradecimento aos ouvintes e à equipe do g1. Nos próximos dias, O Assunto será apresentado por Julia Duailibi.
11/14/20221 minute, 36 seconds
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EUA: saldo da eleição de meio de mandato

Por uma combinação de fatores econômicos e políticos, muitos esperavam que as chamadas “midterms” produzissem uma “onda vermelha”. Traduzindo: que o Partido Republicano (representado por essa cor) desse uma surra no Partido Democrata (do presidente Joe Biden) no pleito para renovar toda a Câmara dos Deputados e parte do Senado, além de cargos em Executivos estaduais. Ainda há muito a contabilizar dos votos depositados nas urnas nesta terça-feira, mas os resultados já conhecidos mostram uma realidade mais complexa. Os democratas perderam, sim, o controle da Câmara, porém o do Senado continua em aberto. E, do lado republicano, vários candidatos patrocinados pelo ex-presidente Donald Trump se deram mal. Neste episódio, o último de Renata Lo Prete no podcast, ela conversa com Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV-SP, para entender os recados dos eleitores americanos. “O clima piorou muito”, diz ele sobre o aumento da violência política no país. Stuenkel fala também da transformação do Partido Republicano “em uma agremiação populista com fortes tendências antidemocráticas”. E, apesar dos percalços de Trump, ainda aposta nele como mais provável adversário de Biden em 2024.
11/11/202221 minutes, 22 seconds
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A obra de Gal Costa, por Gilberto Gil

Para refletir sobre a trajetória de uma das maiores cantoras da história da música brasileira, que morreu neste 9 de novembro aos 77 anos, O Assunto recebe um “doce bárbaro” como ela, parceiro desde o primeiro show, em 1964 em Salvador. Na conversa com Renata Lo Prete, Gil celebra não apenas a voz única, mas também a capacidade de eterna transformação dessa “tropicalista inata”, que em mais de 40 álbuns mergulhou em quase todos os gêneros de canção, colecionando sucessos como “Meu Nome é Gal”, “Baby”, “Força Estranha”, “Gabriela” e “Festa no Interior”. “Gosto daquelas onde há vivacidade, contrição religiosa, tristeza... e gosto ainda mais de suas canções alegres", confidencia ele. Ao longo do episódio, Gil resgata desde sua memória mais antiga de Gal (em uma lanchonete na capital baiana) até lembranças da turnê que fizeram juntos em 2018. “Ela tinha compreensão profunda da extraordinária primazia que o som e as artes produzidas através dele têm", afirma.
11/10/202227 minutes, 47 seconds
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COP-27: o que esperar da cúpula do clima

Eventos extremos cada vez mais frequentes, em um planeta que não para de esquentar. No intervalo de um ano desde a última Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, assistimos às inundações que mataram milhares de pessoas no Paquistão, à seca recorde na Europa e a chuvas devastadoras na costa brasileira, entre outros desastres. Acordos para mitigar os danos e fazer as adaptações existem, mas o mundo tem imensa dificuldade em tirá-los do papel. Agora, na COP-27, que se desenrola até 18 de novembro no Egito, “o momento é de implementação de tudo o que foi prometido”, acredita Ana Toni, ex-presidente do conselho do Greenpeace Internacional e diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade. Neste episódio, ela conversa com Renata Lo Prete diretamente do balneário de Sharm el-Sheikh, na costa do Mar Vermelho, onde acontece o encontro. Para a economista, a discussão sobre quem pagará a conta da emergência climática está vencida. A questão é exigir dos países ricos que os recursos já combinados cheguem às populações mais vulneráveis no fluxo necessário, e não mais “a conta-gotas”. Ana fala também da expectativa quanto à participação brasileira - Lula irá à COP na próxima semana. “Há sensação de esperança”, diz.
11/9/202223 minutes, 13 seconds
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Teto de gastos: o que virá depois dele

Meia década atrás, em resposta à escalada da dívida pública, o Brasil adotava uma nova âncora fiscal, que limita o crescimento da maior parte das despesas da União à inflação do ano anterior. De lá para cá, essa construção balançou e sofreu muitos remendos, diante de realidades como a pandemia e o vale-tudo da campanha pela reeleição. “Estamos no limite do teto há muito tempo”, afirma Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for Internacional Economics e professora da universidade Johns Hopkins. E os seguidos truques para burlá-lo acabam por “minar sua credibilidade”. Na conversa com Renata Lo Prete, a economista credita parte do problema ao “desenho” definido no governo Temer, rígido demais e sem “válvulas de escape” para usar quando a situação do país exigir. Para ela, a largada de um novo governo “abre boa oportunidade” para que se estabeleça uma regra fiscal melhor, não sem antes atender ao imperativo de “reconstruir a base dos programas sociais”.
11/8/202223 minutes, 37 seconds
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A cara da direita no pós-eleição

No primeiro pronunciamento depois da derrota nas urnas, Jair Bolsonaro festejou seu mandato como o período no qual “a direita surgiu de verdade em nosso país”. Ex-ministros e outros colaboradores do presidente se deram bem em disputas por governos estaduais e vagas no Legislativo federal, movimento paralelo ao do avanço do Centrão. A despeito do estímulo ao golpismo e de outras potenciais encrencas com a Justiça, "Bolsonaro está muito bem posicionado” para liderar esse campo político no qual “a extrema-direita hegemonizou a direita”, afirma o filósofo Marcos Nobre, presidente do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). E conta, para isso, com o “partido digital” que o promove e destrói adversários desde 2018. Na conversa com Renata Lo Prete, o autor de “Limites da Democracia” explica de que maneira esse quadro impacta o governo eleito. Para Nobre, a estabilidade política dependerá não apenas da capacidade de Lula de entregar alguma prosperidade e ampliar a coalizão para muito além do PT. “É fundamental também que surja no país uma direita democrática”, capaz de concorrer com os bolsonaristas.
11/7/202228 minutes, 51 seconds
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Bolsonaro na trilha de Donald Trump

Ambos passaram os respectivos mandatos lançando descrédito sobre o sistema eleitoral pelo qual chegaram ao poder. Derrotado na tentativa de obter o segundo mandato, o americano investiu meses na contestação do resultado, até insuflar a invasão ao Congresso em 6 de janeiro de 2021. Por aqui, a apuração rápida e segura, encerrada na noite do próprio domingo, inviabilizou qualquer questionamento à Justiça Eleitoral, a despeito das ameaças prévias do presidente. E este então se recolheu num silêncio de dois dias que foi a senha para os bloqueios ilegais em rodovias. Na comparação com os Estados Unidos, o Brasil padece de duas desvantagens, avalia Guilherme Casarões, professor da FGV-SP e coordenador do Observatório da Extrema-Direita. Primeiro, “um ímpeto golpista mais presente”. Depois, a opacidade das Forças Armadas, que se associaram ao atual governo e jamais manifestaram de forma inequívoca seu compromisso com a ordem constitucional. O cientista político chama a atenção para a ambiguidade das falas de Bolsonaro - que orientou os manifestantes a sair das estradas na mesma mensagem em que voltou a estimular outros atos de cunho golpista. Segundo Casarões, o presidente derrotado “vive um dilema”: quer manter seus radicais motivados e, ao mesmo tempo, não se inviabilizar como líder da oposição ao futuro governo petista.
11/4/202225 minutes, 40 seconds
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PT: a história e os desafios à frente

Fundado em 1980, na esteira de uma greve de metalúrgicos que deu projeção nacional a sua principal liderança, o Partido dos Trabalhadores chegou à Presidência da República 22 anos depois e lá ficou por dois mandatos de Lula e “um e meio” de Dilma Rousseff - alvo de impeachment em 2016. A partir daí, o partido atravessou um longo deserto até receber das urnas, no último dia 30, a missão de voltar ao Palácio do Planalto e “reorganizar a democracia”, em processo muito semelhante ao levado a cabo por Ulysses Guimarães e o PMDB ao final da ditadura, avalia Celso Rocha de Barros, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Autor do livro recém-lançado “PT, uma história”, o sociólogo avalia que se trata do “último grande partido ainda de pé” no país. Para ele, neste terceiro mandato de Lula é possível que a militância passe por uma “crise de identidade”, a partir da necessidade de fazer alianças mais ao centro - com personagens como Simone Tebet (MDB) e Eduardo Paes (PSD). Ele explica como a transição Bolsonaro-Lula pode definir a política econômica na largada do novo governo. “Quando Lula assumiu em 2003, sabia que não tinha ninguém pronto para dar golpe, o que lhe permitiu tomar medidas impopulares na economia”, lembra. E conclui falando sobre o desafio de lidar com Bolsonaro. “Essa é a grande questão da política brasileira”: com o futuro ex-presidente liderando a oposição será preciso “se preparar para uma década de instabilidade”.
11/3/202234 minutes, 11 seconds
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A baderna a serviço de Bolsonaro

Os dois dias de silêncio do presidente da República serviram de combustível para o bloqueio de rodovias em 24 estados por seguidores inconformados com a derrota nas urnas, movimento antidemocrático que causou prejuízos de todo tipo, além de deixar Bolsonaro isolado até dentro do próprio governo. Quando finalmente se pronunciou, passou a mão na cabeça dos desordeiros e não mencionou o adversário eleito, mas reconheceu implicitamente o resultado ao agradecer os votos recebidos e dar púlpito ao ministro da Casa Civil para declarar iniciada a transição. “Ele tentou tirar as meias sem descalçar os sapatos”, diz Maria Cristina Fernandes em conversa com Renata Lo Prete. Para a colunista do jornal Valor Econômico, Bolsonaro adotou tom de “vitimização” já de olho em eleições futuras e porque tem uma “bola de ferro amarrada nos pés” - pela primeira vez em mais de três décadas, não desfrutará de foro privilegiado. Na avaliação de Maria Cristina, a toada será essa nas próximas semanas: “ele vai esticar a corda até o último dia”.
11/2/202229 minutes, 37 seconds
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Os primeiros passos da transição

Vinte anos depois de ser eleito pela primeira vez, Lula terá que lidar com uma troca de guarda em tudo diferente daquela de 2002. A começar pelo fato de que, mais de 24 horas depois de anunciado o resultado, o adversário ainda não havia se pronunciado sobre a derrota. "Entre uma opção pacífica e o confronto”, o governo de Jair Bolsonaro (PL) “sempre escolheu o confronto", diz Thomas Traumann, pesquisador da FGV e colunista da revista Veja, que volta ao podcast para dar sequência à conversa com Renata Lo Prete sobre os resultados do 2° turno. O jornalista relembra “a transição modelo” entre Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Lula. Agora será outro padrão, prevê ele. Thomas explica as regras previstas na lei que rege as transições, como a indicação, pelo presidente eleito, de nomes que terão acesso a documentos e informações antes da posse, em 1º de janeiro. Autor do livro “O Pior Emprego do Mundo”, sobre ministros da Fazenda, Thomas elenca os perfis dos possíveis escolhidos para o cargo na próxima administração. Para ele, a experiência de negociação com o Congresso é um dos ativos mais importantes, o que poderia render a indicação a quadros petistas como o governador Rui Costa (BA) e o deputado federal Alexandre Padilha (SP). Mas Thomas pondera que uma conjuntura econômica mais delicada poderia favorecer “um nome de maior confiança” do mercado, como o de Henrique Meirelles. Para ele, os sinais emitidos até aqui pela equipe do presidente eleito sugerem "um governo menos petista que os dois primeiros de Lula".
11/1/202228 minutes, 58 seconds
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A vitória de Lula para 3° mandato inédito

Estavam apuradas mais de 98% das urnas quando o TSE anunciou o resultado oficial da eleição para Presidente. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) registrou a maior votação da história do país: foram mais de 60 milhões de votos, o que garantiu a ele 50,90% do total de válidos - diante de um uso nunca visto antes da máquina pública a favor de Jair Bolsonaro (PL). “Uma vitória nos minutos finais da prorrogação”, sintetiza Thomas Traumann, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas. Na madrugada desta segunda-feira, ele e Renata Lo Prete analisaram os dois discursos do presidente eleito: o primeiro para seus correligionários, e o segundo, para a militância, na Avenida Paulista. “Foram mensagens muito claras”, afirma o jornalista. Lula sabe que vai assumir um “país partido” e que precisa pregar um governo de amplo espectro. O petista também reconhece “que o PT sozinho não teria ganho essa eleição”: daí a importância da ampla aliança construída no 2º turno com Simone Tebet (MDB), Marina Silva (Rede) e o grupo de economistas responsáveis pelo Plano Real - além da presença de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB). Para Traumann, no entanto, essa “grande tenda” organizada por Lula tem contradições naturais: “O que unia todo mundo era o movimento contra Bolsonaro”. Agora, entende, o presidente eleito – que assume o Planalto em 1º de janeiro de 2023 - terá que aglutinar essas forças para serem “a favor de outras pautas”.
10/31/202234 minutes, 53 seconds
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Taxa de abstenção: a incógnita final

Mais de 32 milhões de brasileiros não compareceram ao 1º turno, número que representa quase 21% do total de aptos a votar. “É um problema para a sociedade”, considera o cientista político Antonio Lavareda, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Na avaliação dele, não é natural que tantos abdiquem de participar do “principal momento da democracia”. Professor colaborador da Universidade Federal de Pernambuco e presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), Lavareda explica como, em uma reta final tão acirrada, a abstenção se tornou variável de peso, e por que ela tem potencialmente mais impacto sobre o desempenho de quem está na frente - no caso da disputa presidencial, Lula (PT), que aparece com 5 pontos de vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) no Datafolha divulgado nesta quinta-feira. Lavareda discute o papel da gratuidade do transporte público, ampliada no 2º turno, para garantir o exercício do voto aos eleitores mais vulneráveis. “Tirar dinheiro do bolso para votar afasta compulsoriamente muitos brasileiros da urna”, diz. E recomenda olhar com especial atenção para o comparecimento no Sudeste e no Nordeste: “A abstenção pode alterar profundamente o desenvolvimento dos fatores políticos de um país”.
10/28/202222 minutes, 33 seconds
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O papel de Minas no desfecho da eleição

Segunda maior concentração de votantes do país, único Estado do Sudeste a dar vitória a Lula (PT) em 2 de outubro. Ali, a vantagem percentual do petista sobre Jair Bolsonaro (PL) foi praticamente a mesma do resultado nacional. Isso porque, explica Bruno Carazza, Minas Gerais é, sob vários aspectos, uma síntese do Brasil. Na conversa com Renata Lo Prete, o colunista do Valor Econômico analisa o desempenho dos dois candidatos por região do Estado no primeiro turno e as seguidas visitas de ambos nas últimas quatro semanas. Avalia o peso da máquina comandada pelo governador reeleito Romeu Zema (Novo), agora a serviço do presidente. E elenca também os apoios reunidos por Lula, que luta para conservar ao menos parte dos cerca de 600 mil votos de dianteira que obteve entre os mineiros. Carazza chama a atenção ainda para os números da abstenção, que foi elevada em partes do interior. Em Minas, conquista estratégica para a vitória nacional, “cada voto conta”.
10/27/202223 minutes, 22 seconds
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Eleição: a batalha do salário mínimo

Na cabeça de Paulo Guedes desde a largada do governo Bolsonaro, a ideia de desatrelar o mínimo das aposentadorias (que assim não teriam mais correção pela mesma regra) voltou ao noticiário. O vazamento, em pleno segundo turno, de um estudo do Ministério da Economia sobre formas de cobrir o rombo fiscal deixado pelo esforço pró-reeleição obrigou o presidente a jogar a bola para o mato. Bolsonaro agora promete dar aumento real ao salário (o que não fez no primeiro mandato), sem, no entanto, esclarecer o que aconteceria com as aposentadorias. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Valdo Cruz, comentarista da Globonews e colunista do g1, para entender a disputa dentro do governo e por que o comparativo com a gestão Lula é especialmente desfavorável a Bolsonaro nesse quesito. Participa também João Saboia, professor de emérito da UFRJ. É ele quem explica a centralidade do salário mínimo na discussão econômica brasileira e seu papel na redução da pobreza e da desigualdade.
10/26/202224 minutes, 32 seconds
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Caso Jefferson: baderna bolsonarista

Depois de desrespeitar seguidas vezes as condições que lhe permitiam cumprir pena em regime domiciliar, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) recebeu com dezenas de tiros de fuzil e três granadas os policiais federais que foram cumprir a ordem judicial de prendê-lo. De gravidade inédita, o incidente suscita uma série de perguntas ainda sem resposta, começando pela mais flagrante: “como um condenado tinha esse arsenal em casa?”, indaga Andréia Sadi, apresentadora do Estúdio i (GloboNews) e colunista de política do g1. Em conversa com Renata Lo Prete, ela mostra como o evento de domingo desnorteou as milícias digitais a serviço de Jair Bolsonaro. De início, elas formaram uma espécie de corrente de defesa do criminoso - que, ao reagir a bala e desrespeitar o Supremo, nada mais fez do que seguir, de forma literalmente explosiva, a cartilha do presidente. Só que este, ao perceber o risco eleitoral envolvido, procurou se dissociar do aliado. Operação difícil, considera Sadi. “Ele esqueceu de combinar com a turma e deixou o bolsonarismo nu”, diz. Fora os rastros da ligação entre ambos, como o onipresente Padre Kelmon (prestador de serviços para Bolsonaro no primeiro turno, “negociador” na cena da rendição do delator do mensalão). A jornalista avalia ainda as semelhanças com o caso Daniel Silveira, outro petebista de extrema-direita condenado, ao qual o presidente concedeu perdão. Para Sadi, tudo indica que Bolsonaro se inclinava a fazer o mesmo com Jefferson, mas a campanha eleitoral e o atentado contra os agentes inviabilizaram esse caminho.
10/25/202233 minutes, 48 seconds
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Amazônia urgente: o impacto no clima

O desmatamento acelerado da floresta está no topo das preocupações globais com o aumento das temperaturas e os eventos extremos em diferentes pontos do planeta. E há razões de sobra para isso. Neste episódio do podcast, a cientista Luciana Gatti detalha os resultados do mais recente estudo coordenado por ela no Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo esse trabalho, as emissões de gás carbônico na região dobraram no período 2019-2020, “principalmente por desmantelamento na aplicação da lei”. O volume de precipitações caiu 12% no acumulado (na estação chuvosa, a queda chegou a 26%), e a temperatura média subiu 0,6°. “É a nossa grande fábrica de chuva”, define Luciana. “Que estamos transformando em acelerador das mudanças climáticas”. Na conversa com Renata Lo Prete, ela explica consequências que se estendem para pontos distantes do país e atingem setores essenciais, como a produção de alimentos. Independentemente de quem vencer a eleição presidencial, Luciana não tem dúvida quanto a um ponto: “A Amazônia não aguenta mais quatro anos de destruição”.
10/24/202224 minutes, 12 seconds
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O TSE e a avalanche de desinformação

Na largada da campanha, o presidente da Corte, Alexandre de Moraes, prometeu coibir abusos de forma “célere, firme e implacável”. Mas o volume de fake news e outras distorções tem desafiado o ministro e seus colegas, em especial neste segundo turno. Em resposta, o tribunal aumentou a pressão sobre as plataformas, abriu investigação em torno de uma rede de notícias falsas que atuaria em favor de Jair Bolsonaro (PL) e concedeu quase duas centenas de direitos de resposta - a maioria à campanha de Lula (PT). Na noite desta quinta, eles foram suspensos, até julgamento em plenário, pela ministra Maria Claudia Bucchianeri. O conjunto das medidas revela “uma estratégia combativa”, nas palavras de Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da USP. Muitos, no entanto, se perguntam se o cerco não deveria ter começado mais cedo, considerando que se trata da eleição mais mentirosa e violenta já vista no país. “O TSE responde aos desafios do momento”, pondera Mafei. “E o desafio do momento é esse”. Em conversa com Renata Lo Prete, ele recupera os anos de ofensiva planejada de Bolsonaro contra a Justiça Eleitoral e seus principais representantes. E explica como essa operação de desgaste se relaciona com as dificuldades para conter o presidente dentro das regras agora.
10/21/202226 minutes, 8 seconds
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O voto e o peso do agro em 2022

No cinturão do agronegócio brasileiro, que atravessa os estados do Sul, passa por São Paulo, integra o Centro-Oeste e chega a porções do Norte, o resultado das urnas no primeiro turno traduziu o expressivo apoio que o setor oferece a Jair Bolsonaro. Os elementos que explicam esse fenômeno, afirma Caio Pompeia, autor do livro “Formação Política do Agronegócio”, são “em parte econômicos e em parte ideológicos”. Em conversa com Renata Lo Prete, o antropólogo e pesquisador visitante na Universidade de Oxford recorda que o “agro se beneficiou muito nos governos petistas”, mas sempre houve resistência a políticas trabalhistas, sociais, agrárias e ambientais implementadas nas gestões Lula e Dilma. A insatisfação se misturou bem à “agenda antiesquerda” promovida pelo atual presidente desde antes da chegada ao Planalto. Assim, ele atraiu para sua órbita principalmente a pecuária e a sojicultura, dois segmentos que, neste ano, se opuseram “ferozmente” aos agroempresários dispostos a dialogar com Lula. “Os líderes do setor são muito conservadores”, ressalta Caio, e muitos foram cooptados para a promoção de pautas “antidemocráticas e contra o STF”. Nos números, o PIB nominal do agro, informa Marsílea Gombata, repórter do jornal Valor Econômico, chegou a R$ 2 trilhões - avanço muito superior, nos últimos quatro anos, ao do conjunto da economia. A expansão, explica a jornalista, tem mais motivações externas do que internas: a alta recorde no preço das commodities, a desvalorização do real diante ao dólar e a integração do agro ao mercado internacional.
10/20/202224 minutes, 38 seconds
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Bolsonaro e a infância roubada

Em pelo menos três ocasiões, o presidente da República não apenas sexualizou menores de idade venezuelanas como sugeriu que elas estariam se prostituindo. Um caso entre vários protagonizados por ele e por aliados como a ex-ministra Damares Alves, reveladores de um modo de enxergar a infância e a adolescência. Trata-se de mistura de fake news com uma espécie de “solidariedade seletiva”, explica neste episódio a jornalista Fabiana Moraes, do Intercept Brasil. Em “perigosa instrumentalização”, diz, “eles escolhem crianças que possam trazer rendimentos políticos claros”. Enquanto isso, ao longo do atual governo, foram reduzidos drasticamente o volume de recursos e o número de programas voltados para a proteção e promoção de crianças e jovens. Quem detalha esse processo, em conversa com Renata Lo Prete, é Thallita de Oliveira, assessora técnica do Instituto de Estudos Socioeconômicos. Na atual gestão, “a palavra adolescente sumiu do Plano Plurianual (PPA)”, observa ela, integrante de um movimento que reivindica prioridade política e orçamentária para essas faixas etárias. Mantida a atual situação, “o recado é que a gente não quer evoluir como sociedade”.
10/19/202231 minutes
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Bolsonaro com Moro: qual é a jogada

Colocado para fora do governo em 2020 com requintes de humilhação, o ex-juiz falou o diabo do presidente - e vice-versa. Frustrado em seu projeto original de concorrer ao Palácio do Planalto, candidatou-se ao Senado pelo Paraná, e obteve sucesso justamente quando se associou de novo à imagem do ex-chefe. Este, por sua vez, levou-o a tiracolo ao debate de domingo para “encarnar a memória do antipetismo”, analisa Carlos Andreazza, âncora da rádio CBN, apresentador do podcast 2+1 e colunista do jornal O Globo. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista diz que o time de futuros parlamentares ao qual Moro pertence consagrou o bolsonarismo e “anistiou criminosos da pandemia”. Como o “discurso da Lava Jato já não servia mais”, Moro topou representar a “radicalização no sentimento antipetista”. Bom negócio para Bolsonaro, avalia Andreazza, mas de ganho incerto para Moro. Se Lula vencer, o ex-ministro da Justiça ainda poderá tentar se cacifar como alternativa da direita para 2022, a despeito de sua pouca entrada com as forças políticas. Em caso de reeleição, Bolsonaro se afastará rapidamente de Moro, no qual nunca confiou - e vice-versa. “Ambos com razão”, completa Andreazza.
10/18/202224 minutes, 28 seconds
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Populismo: do que estamos falando?

A resposta a essa questão, que dá título ao livro recém-lançado dos cientistas políticos Thomás Zicman de Barros e Miguel Lago, passa pelo uso do termo no plural. “São populismos”, afirma Thomás. Em conversa com Renata Lo Prete, o pesquisador do Centro de Estudos Políticos da Sciences Po Paris conta que a dupla se interessou pelo tema ao constatar a utilização indiscriminada da palavra para descrever ideias e práticas de personagens tão díspares quanto Jair Bolsonaro (PL) e Lula (PT). Uma confusão que “normaliza a extrema-direita" e “estigmatiza a esquerda". Para Thomás, embora existam elementos comuns a diferentes tipos de populismo (como a oposição discursiva entre "povo" e "elites" e uma espécie de transgressão das formas tradicionais de fazer política), um abismo separa os dois projetos em questão. Em sua avaliação, o populismo de Lula é “emancipador”, porque incorpora ao debate setores subalternizados. Enquanto o de Bolsonaro seria “reacionário”, permanentemente mobilizando ressentimentos e medo de transformações sociais. Ao atrair ex-adversários, o petista “reforça sua característica conciliadora”, na contramão do entendimento do presidente de que o oponente é sempre "alguém a ser destruído".
10/17/202223 minutes, 53 seconds
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A guerra nada santa de Bolsonaro

No intervalo de cinco dias, o candidato à reeleição pelo PL compareceu a duas das maiores festas do calendário católico. No sábado, foi ao Círio de Nazaré, em Belém (PA). Na quarta-feira, à missa em homenagem à padroeira do Brasil no Santuário de Aparecida (SP). Em ambos os casos, estava em busca de “fotos com uma multidão cristã”, mirando em especial os votos dos não-praticantes, afirma Rodrigo Toniol, pesquisador de sociologia das religiões e professor na UFRJ e na Unicamp. O descontentamento manifestado por integrantes do clero diante do espetáculo eleitoreiro ameaça atrair para o presidente a imagem de “desrespeitoso” e “fariseu”, diz. Em conversa com Renata Lo Prete, o antropólogo avalia os desdobramentos dessa espécie de “motociata em Aparecida”, na qual bolsonaristas hostilizaram funcionários de emissora de TV ligada à Igreja Católica e vaiaram falas do arcebispo. Toniol detalha ainda a “tradição de conservadorismo” entre determinados grupos católicos ao longo do século 20. Participa também do episódio André Eler, diretor-adjunto da Bites Consultoria e autor da newsletter “Didaquê do Jair”, sobre a relação do presidente com os evangélicos. Ele compara o impacto desses eventos de campanha entre os públicos evangélico e católico. De um lado, alerta para a ação pró-Bolsonaro dos “influencers espirituais”, que reúnem mais de 30 milhões de seguidores em redes sociais. De outro, aponta o risco de o candidato se consolidar como uma figura pouco crível, um “camaleão religioso”.
10/14/202227 minutes, 15 seconds
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Bolsonaro: crônica da autocracia anunciada

Ao retomar a conversa sobre ampliar o número de ministros do Supremo, o presidente explicita o que pretende fazer no eventual segundo mandato. Além de avançar sobre o tribunal, principal muro de contenção das arbitrariedades do Executivo nos últimos 4 anos, trata-se de controlar imprensa, universidades e instituições independentes de maneira geral, até reescrever a Constituição para “tornar ilimitada a possibilidade de reeleição”. Quem expõe a cartilha neste episódio é o cientista político Fernando Abrucio, da FGV-SP. “Esse é o projeto que está na cabeça de Bolsonaro”, afirma o professor, lembrando precedentes em países como Hungria e Venezuela. Em conversa com Renata Lo Prete, ele avalia o saldo de apoios para cada um dos finalistas neste acirrado segundo turno, analisa especialmente o quadro no interior de São Paulo (hoje maior reduto bolsonarista do Brasil) e diz que a história “cobrará um preço” das elites que convalidem, por ação ou omissão, o projeto autocrático.
10/13/202224 minutes, 3 seconds
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Guerra: a represália da Rússia

A explosão de um caminhão-bomba na ponte que liga o território russo à península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, foi a senha para um ataque como não se via desde as primeiras semanas da invasão, em fevereiro. Mísseis atingiram as maiores cidades ucranianas, entre elas a capital, Kiev, matando ao menos 14 pessoas e ferindo quase uma centena. Boa parte desses lugares ficou sem energia. O incidente ainda mal esclarecido na ponte Kerch e a “resposta vigorosa” de Vladimir Putin inauguram “um novo momento da guerra”, afirma Daniel Sousa, comentarista da GloboNews e criador do podcast Petit Journal. Em conversa com Renata Lo Prete, ele rememora como se chegou a esse ponto. E destaca, entre os eventos recentes, a anexação formal pelos russos de províncias no leste e a recuperação de territórios pelo país invadido. “Foi um ressurgir da Ucrânia na guerra”, afirma Daniel, que é também professor de economia do Ibmec. Agora, a perspectiva é de “absoluta indefinição”: nos dois lados da fronteira, soam alertas de que grupos radicais podem ganhar espaço e forçar ações ainda mais violentas. Pressões internas e externas “fragilizam” a situação de Putin, que promete reagir de forma ainda mais brutal - até mesmo com armas nucleares táticas - diante de novas hostilidades. “Seria o cruzamento de uma linha vermelha, que colocaria todo o mundo em perigo”.
10/11/202228 minutes, 22 seconds
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Assédio eleitoral: casos em série

No Pará, um empresário foi flagrado em vídeo oferecendo dinheiro a funcionários para que votem em Jair Bolsonaro no 2º turno, em 30 de outubro. Em Mato Grosso do Sul, um boiadeiro passou a ser boicotado por fazendeiros depois de revelar a um amigo, em mensagem de áudio, sua preferência por Lula. No Rio Grande do Sul, uma empresa comunicou em nota que fará drástica redução de investimentos caso o candidato petista vença. "Para o Ministério Público do Trabalho, isso é assédio", afirma Fernanda da Escóssia, editora da revista Piauí e coautora de reportagem que elencou vários incidentes e ouviu autoridades de fiscalização. Elas relataram que vêm recebendo denúncias desde agosto, e que o quadro piorou a partir da reta final do primeiro turno. Na conversa com Renata Lo Prete, Fernanda, que é também professora de Jornalismo da UERJ, chama a atenção para o duplo problema envolvido: "é infração trabalhista e crime eleitoral". E para a urgência de combatê-lo: “o importante é que o direito ao voto livre seja garantido".
10/10/202220 minutes, 53 seconds
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Lula x Bolsonaro: status da disputa

Concluída a apuração do primeiro turno, os dois finalistas iniciaram a temporada de anúncios de apoios. “O presidente saiu na frente”, afirma Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. “Mas ele tem uma distância maior a percorrer”, pondera, referindo-se à vantagem de cerca 6 milhões de votos do ex-presidente petista. O candidato à reeleição pelo PL foi bem-sucedido em obter a adesão dos governadores dos três maiores colégios eleitorais do país (pela ordem, SP, MG e RJ). Isso conta “porque na política as peças se movem pela expectativa de poder”. Na reta final da campanha, “20% dos indecisos correram para Bolsonaro”, observa ela, “resultado do antipetismo, que vem da saga da corrupção”. Do lado de Lula, a chegada de Simone Tebet (MDB) agrega na comunicação com “o agronegócio, o público feminino e o eleitorado antipetista”, avalia Maria Cristina. Ela analisa a pressão para que Lula sinalize antecipadamente quem seria seu ministro da Fazenda. E, ainda nessa seara, o significado do apoio recebido de economistas “com a grife do Plano Real”. Nas três semanas restantes de campanha, a pauta deve se concentrar em dois eixos. Um deles é o “debate dos costumes”, que já vem agitando as militâncias nas redes sociais. No entender da jornalista, seria uma “cilada” para Lula enveredar por esse campo. No outro estão os “pujantes problemas da vida real”, que Bolsonaro tenta atacar com sua “metralhadora de benefícios”. Mas ele segue com dificuldade em virar votos na base da pirâmide: “um recado importante das urnas foi que o pobre não vende o seu voto”, conclui Maria Cristina.
10/7/202229 minutes, 56 seconds
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Autodeclaração racial nas eleições

Os negros (aí incluídos pretos e pardos, na classificação do IBGE) representam 56% da população brasileira. Já na Câmara dos Deputados recém-eleita eles são, oficialmente, 21%. E mesmo este tímido percentual embute uma ilusão. A Casa “é mais branca do que a gente imagina”, afirma Luiz Augusto Campos, coordenador do Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e um dos autores do livro “Raça e Eleições no Brasil”. Estudo conduzido pelo sociólogo encontrou discrepâncias no caso de 60 dos 135 eleitos (eles registraram as candidaturas se apresentando como negros, embora não sejam socialmente “lidos” assim). Renata Lo Prete conversa também com Samuel Vida, coordenador do programa Direito e Relações Raciais na Universidade Federal da Bahia, para entender como evitar fraudes sem perder os avanços obtidos com a autodeclaração, que efetivamente contribui para o aumento da representatividade. Ele destaca a importância de ações para combater o racismo institucional. “Não podemos reduzi-lo a manifestações de ódio individual”, diz.
10/6/202225 minutes, 42 seconds
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2º turno: o papel dos palanques estaduais

Dois dias depois de fechadas as urnas, Jair Bolsonaro (PL) já obteve a adesão declarada dos governadores dos três maiores colégios eleitorais do país. Uma movimentação rápida que busca reverter, pela via das alianças, a vantagem de cerca de 6 milhões de votos obtida nas urnas por Lula (PT). Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Bernardo Mello Franco sobre a importância das máquinas públicas locais para dar capilaridade e tração às campanhas. “São Paulo é decisivo”, afirma o colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN. Bolsonaro precisa aumentar sua vantagem no Estado e, para isso, conta com a associação ao favorito na disputa local, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o recém-conquistado “apoio incondicional” do atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB). Do outro lado, Lula enfrenta um “uma situação crítica” para conquistar novos votos dos paulistas, dada a força demonstrada pelo bolsonarismo, especialmente no interior. No Rio, Cláudio Castro (PL) deve mobilizar “a maioria esmagadora dos prefeitos e deputados estaduais” em favor do presidente. Em Minas, avalia Bernardo, o empenho real do reeleito Romeu Zema (Novo) ainda “é uma incógnita”. O jornalista analisa também a situação na Bahia e no Rio Grande do Sul.
10/5/202231 minutes, 14 seconds
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O novo desenho da Câmara e do Senado

No segundo de dois episódios de resenha dos resultados eleitorais, Renata Lo Prete conversa com Thomas Traumann sobre o desfecho da disputa pelas 513 cadeiras da Câmara e por 27 das 81 do Senado. Na contramão da altíssima taxa de renovação de 2018, agora foram reeleitos 287 deputados – maior número desde 1998. Em comum, afirma o jornalista e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, ambas votações impuseram ondas conservadoras no Congresso: o PL, partido de Jair Bolsonaro, terá a partir de janeiro de 2023 a maior bancada na Câmara e no Senado. Efeitos de um combo que inclui mudança na legislação eleitoral, financiamento público bilionário de campanha e a imposição do orçamento secreto – que somente este ano liberou R$ 36 bilhões em emendas. “Foi uma reação à antipolítica de 2018, e a tática deu certo”, afirma. Soma-se a isso a consolidação do bolsonarismo como força política-ideológica: “Muitos candidatos só conseguiram votos com o carimbo de Bolsonaro”. Thomas aponta que a avalanche de aliados eleitos no Senado demonstra de forma mais clara este “carimbo presidencial”, mas, no caso da Câmara “o vencedor não é necessariamente ele, mas Arthur Lira (PP-AL)”. Na composição total do Congresso, as demais forças políticas perderam espaço. Para o campo da centro-direita, o cenário é de “terra arrasada” - em especial ao PSDB, que já elegeu presidente da República duas vezes e, agora, fica sem o governo de São Paulo pela primeira vez em 28 anos e com apenas 13 deputados. Na esquerda, o “PT teve uma vitória” ao aumentar sua bancada, mas o resultado da aliança com PSB e demais partidos foi “abaixo do esperado e a legenda ficou mais fragilizada que em 2018”. Renata e Thomas analisam também os cenários em caso de vitória de Lula ou Bolsonaro. Se o petista vencer, afirma o jornalista, precisará entender rápido que o Congresso “mudou muito e tem outra capacidade de pressionar e ser protagonista”. No caso de reeleição, “a prioridade política de Bolsonaro será controlar o Supremo”, avalia. “As questões institucionais brasileiras estariam em risco muito maior do que nos últimos 4 anos”, conclui.
10/4/202231 minutes, 53 seconds
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O resultado do 1° turno das eleições

Na madrugada desta 2ª feira, uma vez encerrada a maratona da apuração na Globo, Renata Lo Prete foi ao estúdio do g1 no Rio de Janeiro e de lá conversou com o jornalista Thomas Traumann, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas sobre os resultados eleitorais de domingo, com foco na disputa pelo Palácio do Planalto. Para Thomas, o desempenho de Lula (48,43%) e de Bolsonaro (43,20%) retrata um “antibolsonarismo muito forte, mas um antipetismo também”. A dupla comenta as principais surpresas das urnas, caso da disputa pelo governo de São Paulo – onde Tarcísio de Freitas chegou à frente de Fernando Haddad, contrariando o que indicavam as pesquisas. Agora, afirma o jornalista, os institutos vão precisar “investigar o bolsonarismo escondido” que não foi captado nos últimos meses – e que teve resultados expressivos também na eleição de aliados do presidente na Câmara e no Senado. Na disputa do segundo turno, Bolsonaro larga com “o vento a favor” e com a possibilidade de confirmar o apoio dos governadores reeleitos Romeu Zema (Minas Gerais) e Cláudio Castro (Rio de Janeiro), dois importantes colégios eleitorais. “Se isso acontecer, vamos ter uma eleição muito mais apertada do que temos hoje”. Para Lula, avalia Thomas, além de fechar a presença de Simone Tebet e Ciro Gomes em seu palanque, será necessário “negociar parte da sua proposta econômica” para derrotar o incumbente no dia 30 de outubro. Considerado o desempenho expressivo de seu campo político, Bolsonaro terá que vencer uma diferença de mais de 6 milhões de votos para conseguir uma virada inédita. “Lula segue favorito”, conclui Traumann.
10/3/202239 minutes, 10 seconds
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Como são contados os votos para deputado

Para presidente, a maioria já fez sua opção, dizem as pesquisas. Para o Legislativo, porém, persiste até a última hora muita indefinição. E se trata de uma fase importante do roteiro a ser cumprido diante da urna eletrônica: além de seu papel essencial ao equilíbrio da ordem democrática, os parlamentares adquiriram, nos últimos quatro anos, poder sem precedentes sobre o destino dos recursos do Orçamento. Com tudo isso em mente, O Assunto desta sexta-feira é um episódio explicativo do mecanismo pelo qual são definidos o tamanho da bancada de cada sigla na Câmara e quais serão os ocupantes das cadeiras. Em conversa com Renata Lo Prete, Lara Mesquita, do Centro de Política e Economia do Setor Público da FGV-SP, faz uma exposição didática sobre o caráter proporcional do sistema. Ao teclar os 4 números (5 no caso dos deputados estaduais), o eleitor está, na verdade, fazendo duas escolhas: primeiro no partido, depois no nome que, a seu ver, deve ficar no topo da lista de opções oferecidas por aquela agremiação. Daí o nome “lista aberta”, em contraste com países onde ela é “fechada”, ou seja, a cúpula da legenda decide o ordenamento. “Não é tão complicado”, garante Lara, que nesta entrevista destrincha conceitos como “quociente eleitoral” e “voto de legenda”, além de esclarecer o papel, por vezes enganoso, dos “puxadores de voto”. Na avaliação da pesquisadora, o sistema funciona bem e “permite que a sociedade esteja representada em sua diversidade no Poder Legislativo”.
9/30/202221 minutes, 52 seconds
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A reta final da disputa pela Presidência

A três dias de uma eleição em que as últimas pesquisas têm se movido quase que exclusivamente dentro das margens de erro, o grande suspense diz respeito ao encerramento ou não neste domingo. Analisando precedentes históricos e dados de conjuntura, a consultoria internacional Eurasia estima entre 20% e 25% as chances de Lula (PT) vencer no primeiro turno. Mas, segundo seu diretor-executivo, Christopher Garman, essa previsão ainda pode ser revista, para mais ou para menos, em função de pelo menos duas variáveis: “o voto útil dos eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) e o impacto do debate da Globo” (a ser realizado na noite desta quinta-feira). Em conversa com Renata Lo Prete, Garman fala também das expectativas externas em torno do próximo mandato presidencial. “Os investidores estão divididos, mas a maioria acredita que o cenário com Lula seria mais construtivo”, afirma, entre outras razões porque dele esperam “reversão total de curso no tema ambiental”. Quanto à possibilidade de reeleição de Jair Bolsonaro (PL), que a Eurasia hoje avalia ser de 30%, a resenha dos investidores varia entre “reconhecimento de que a gestão macroeconômica não tem sido ruim” e preocupações “com o ruído institucional” que o presidente provoca. Segundo o analista, “eventos curtos” de questionamento dos resultados por Bolsonaro, em caso de derrota, “não devem ter grandes consequências” para o mercado, embora não sejam “saudáveis para nenhuma democracia”.
9/29/202224 minutes, 36 seconds
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Indígenas: recorde de candidaturas

São cerca de 300 povos originários, que hoje somam mais de 1,1 milhão de pessoas. Seus direitos estão inscritos na Constituição Federal, mas nenhum outro segmento da população brasileira é tão pouco representado no Congresso: atualmente está lá apenas a deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR). Um quadro que tem chances de melhorar este ano, quando há um número inédito de postulantes: 180, de várias etnias, a diferentes cargos em disputa. “Quanto mais nos sentimos ameaçados, mais criamos instrumentos de defesa”, afirma Keyla de Jesus da Conceição, liderança pataxó, advogada e pesquisadora da Universidade de Brasília. Para ela, o crescimento da participação no processo eleitoral reflete a escalada de violações e ameaças ao longo do atual governo. Na conversa com Renata Lo Prete, Keyla celebra a Carta de 1988 como marco do “reconhecimento da autonomia dos povos originários” e resgata o papel histórico do primeiro deputado federal indígena - Mário Juruna, eleito em 1982 pelo Rio de Janeiro, filiado ao PDT de Leonel Brizola. Participa também do episódio a escritora e ativista Márcia Kambeba, que em 2020 se candidatou a vereadora em Belém (PA). Não teve sucesso nas urnas, mas se tornou a primeira indígena a ocupar um posto de primeiro escalão na Prefeitura da cidade, o de ouvidora geral. “Política indígena é feita todo dia na aldeia”, diz Márcia. Ela acredita que essas candidaturas têm por objetivo “construir uma ponte entre dois mundos” e fazer valer a lógica do “bem viver” como “eixo central da prática política”.
9/28/202227 minutes, 25 seconds
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Itália: neofascismo vitorioso nas urnas

Desde a queda de Benito Mussolini, durante a Segunda Guerra Mundial, os italianos já tiveram 44 primeiros-ministros. Cada um deles durou, em média, 1 ano e 8 meses no cargo, dado revelador da vocação do país para a instabilidade política. A despeito de muitas diferenças, nenhum deles defendeu explicitamente pautas ultranacionalistas da extrema-direita, até a renúncia, em julho, de Mário Draghi, ex-presidente do Banco Europeu. Em seu lugar deve entrar, pela primeira vez, uma mulher: Giorgia Meloni, de 45 anos, cujo partido (Irmãos da Itália) é herdeiro do movimento inspirado nas ideias de Mussolini. Com os resultados da eleição de domingo, ela deverá formar o novo governo tendo como parceiros nomes conhecidos da direita: os ex-premiês Matteo Salvini (Liga) e Sílvio Berlusconi (Forza Italia). “Ela se projetou como outsider, convencendo o eleitor de que poderia resolver problemas que a classe política não consegue”, analisa Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV-SP. Em conversa com Renata Lo Prete, ele explica o contexto no qual a ex-militante do movimento neofascista conseguiu apoio a pautas xenófobas e de restrição a direitos de minorias. Mas alerta que urgências de outra ordem se colocarão diante de Meloni agora: “A Itália é um país que enfrenta desafios estruturais profundos, como o alto índice de desemprego entre os jovens”. Associada à economia há “a relação com a União Europeia”. E também o posicionamento diante da invasão russa à Ucrânia (Salvini e Berlusconi são admiradores declarados de Vladimir Putin).
9/27/202224 minutes, 41 seconds
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Para entender a sucessão no Ceará

Liderada desde a pré-campanha por Capitão Wagner (União Brasil), a disputa pelo governo agora embolou: com 29% na mais recente pesquisa Ipec, o deputado federal e ex-PM está tecnicamente empatado com o deputado estadual Elmano de Freitas (PT), que obtém 30%. Em seguida, com 22%, aparece o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Claudio (PDT). A presença simultânea de Freitas e Claudio na pista marca o fim da longa aliança entre o clã Ferreira Gomes e o PT no Estado. Para entender esse quadro, Renata Lo Prete conversa com o jornalista Inácio Aguiar, da TV Verdes Mares, afiliada da Globo. Ele explica os motivos que levaram Ciro, candidato a presidente, a bancar internamente a opção pelo ex-prefeito. E também a saia-justa criada para seu irmão Cid: o ex-governador, hoje no Senado, tenta se apresentar como “bombeiro” na relação com os petistas. E já indicou que apoiará Elmano se Claudio não chegar ao segundo turno. Na avaliação de Aguiar, os três nomes “são competitivos”, e o desfecho da eleição, “imprevisível”. Com Lula forte no Estado, e o ex-governador Camilo Santana (PT) favorito para a vaga disponível de senador, Ciro está sob risco de colher este ano, em sua base, o pior resultado de todas as suas tentativas de chegar ao Palácio do Planalto.
9/26/202223 minutes, 50 seconds
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30 anos do massacre Carandiru

No dia 2 de outubro de 1992, o maior complexo penitenciário da América Latina, encravado na cidade mais populosa do Brasil, abrigava cerca de 7.500 mil presos, quase o dobro de sua capacidade. No pavilhão 9, uma briga de grupos rivais saiu de controle, e a PM foi acionada. Sob ordem do governo estadual para “resolver o conflito”, cerca de 500 policiais conduziram a mais sangrenta ação da história prisional brasileira, que deixou, oficialmente, 111 mortos. “As autoridades assumiram o risco do desfecho trágico”, afirma Marta Machado, coordenadora, na FGV, do Núcleo de Estudos sobre o Crime e a Pena. Neste episódio, que é o de número 800 de O Assunto, Renata Lo Prete entrevista a professora sobre as circunstâncias da carnificina. A começar pela inversão de prioridades no calor da hora: “Não houve esforço de negociação, e os policiais agiram com alto poder letal”. Os sobreviventes, ela recorda, passaram horas “sob humilhações”. Em seu projeto de pesquisa, intitulado “Carandiru não é coisa do passado”, Marta registra que eles foram obrigados a carregar corpos (alterando a cena dos crimes que haviam acabado de presenciar), agredidos nus no pátio e atacados pelos cães. Três décadas depois, o quadro é de absoluta impunidade. Nenhum dos policiais envolvidos cumpriu pena de prisão, muitos seguiram na corporação e vários ascenderam de posto. Hoje, o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo e metrópoles ainda mais violentas do que à época. “É importante que o Carandiru fique na memória coletiva, para que aquilo nunca mais volte a acontecer”, diz ela.
9/23/202232 minutes, 12 seconds
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Voto útil: em que medida ele pode influir

A menos de duas semanas da votação, as pesquisas permitem a Lula (PT) sonhar com a possibilidade de liquidar a disputa com Jair Bolsonaro (PL) no 1º turno - no Datafolha e no Ipec mais recentes, o ex-presidente tem, respectivamente, 48% e 52% pelo critério de votos válidos, que exclui brancos e nulos (para vencer na etapa inicial, é preciso obter nas urnas 50% dos válidos e mais um). Nesse cenário, muito se especula sobre o papel do chamado voto “útil” ou “estratégico”, aquele em que o eleitor “rejeita tanto um candidato” a ponto de votar principalmente para derrotá-lo - ainda que, no processo, abandone seu postulante favorito, define Mauro Paulino, comentarista da GloboNews. Em conversa com Renata Lo Prete, ele avalia as chances de eleitores de Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) migrarem para o petista nesta reta final. É possível, afirma o sociólogo. Ele alerta, porém, para o fato de que muita migração já ocorreu, e as taxas de convicção estão elevadas, restando pouca margem para “surpresas”. Paulino recomenda prestar atenção, em 2 de outubro, à taxa de abstenção, “que pode aumentar devido às ameaças de violência”. Tal hipótese, segundo ele, tenderia a prejudicar o candidato do PT: historicamente, são os mais pobres (entre os quais a liderança de Lula é absoluta) que mais se abstêm.
9/22/202221 minutes, 11 seconds
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Orçamento Secreto, o bolsa-reeleição

Dos 513 integrantes da Câmara, 87% tentarão renovar o mandato, percentual recorde que coincide com um Fundo Eleitoral de R$ 4,9 bilhões, triplo do valor disponível em 2018. Deputados e senadores ganharam "uma série de instrumentos” para disputar em melhores condições, avalia Antônio Augusto de Queiroz, ex-diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e colunista do site Congresso em Foco. Em conversa com Renata Lo Prete, ele analisa também a mudança de ventos: “criminalização da política" quatro anos atrás, Centrão no comando agora. Também participa deste episódio Breno Pires, da revista piauí, um dos repórteres que revelaram, no jornal O Estado de S.Paulo, a existência do Orçamento Secreto. Ele lembra que este supera em muito o Fundo Eleitoral - cerca de R$ 50 bilhões, desde 2020, para as chamadas emendas do relator, que fazem “girar o moinho da reeleição” dos atuais parlamentares. Para Breno, trata-se “do ponto alto do processo de captura do Orçamento”.
9/21/202227 minutes, 3 seconds
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Voto envergonhado terá peso este ano?

“É quando o eleitor se considera minoria dentro de seu grupo social”, e não fica à vontade para “expressar sua opinião real”, deixando para fazê-lo apenas na urna, define Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria e professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Em conversa com Renata Lo Prete, o cientista político afirma que esse fator surpresa ocorreu na eleição de Donald Trump (2016) e também na de Jair Bolsonaro (2018). Este ano, a partir de três estudos, o cientista político conclui que o fenômeno pode acontecer com sinal invertido na disputa presidencial: "o eleitor do Lula tende a não falar sobre seu voto, principalmente quando identifica a presença de um eleitor do Bolsonaro", que seria, em suas palavras, “mais vocal e engajado”. E especifica: "são as mulheres e a população mais pobre que mais sofrem pressão". Num ambiente político conflagrado, no qual um dos lados estimula permanentemente a violência, o medo é o motor do voto envergonhado, acredita Nunes. Ele avalia, porém, que um outro tipo de voto - o estratégico, também conhecido como “útil” - tende a ser ainda decisivo para definir se a disputa acabará ou não em 2 de outubro.
9/20/202221 minutes, 14 seconds
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Para entender a sucessão em Mato Grosso do Sul

Este colégio de aproximadamente 2 milhões de eleitores, sétimo menor do país, é a base de duas candidatas à Presidência da República: Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil). “Fato histórico” para um Estado implantado há pouco mais de quatro décadas, observa Daniel Miranda, professor da UFMS. Berço também de dois nomes que despontaram na cena nacional em anos recentes e agora buscam a vaga ao Senado: os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Tereza Cristina (Agricultura), esta na liderança das pesquisas. “Ela tem amplo arco de alianças e apoio do agronegócio”, afirma o cientista político. Em conversa com Renata Lo Prete, ele explica as características da única disputa equilibrada para o governo entre os Estados da região Centro-Oeste. O ex-ocupante do cargo André Puccinelli (MDB) lidera, acompanhado mais ou menos de perto por um segundo pelotão em que aparecem Marquinhos Trad (PSD), Rose Modesto (União Brasil) e Eduardo Riedel (PSDB). Em patamar um pouco inferior está Capitão Contar (PRTB) -que, assim como Riedel, apresenta-se como candidato de Jair Bolsonaro. Tanto Puccinelli quanto os outros três mais bem colocados representam, segundo Miranda, “o retorno dos profissionais da política”, em inversão da onda antissistema que varreu o país em 2018. Digna de nota também é a ausência da esquerda do quadro de candidaturas competitivas - o PT, que governou o Estado de 1999 a 2006, é inexpressivo agora. Apesar disso, a liderança de Bolsonaro sobre Lula é estreita entre os sul-matogrossenses.
9/19/202220 minutes, 33 seconds
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Indígenas: assassinatos em série

Apenas na primeira quinzena de setembro, seis representantes das etnias Guajajara, Pataxó e Guarani Kaiowá foram mortos em diferentes pontos do país. Entre eles, dois adolescentes. Intensificada nas últimas semanas, a onda sangrenta começou a se formar bem antes: 2021 teve o maior número de casos de violência contra essas populações dos últimos 9 anos, segundo dados do Conselho Indigenista Missionário. “Há grande pressa em fazer invasão de terra, desmatamento e garimpo antes da eleição", afirma a antropóloga Lúcia Helena Rangel. Professora da PUC de São Paulo e coordenadora do mais recente relatório do Cimi, ela descreve como invasores “fortemente armados” agem para acuar e amedrontar os povos originários, culminando em “assassinatos brutais”. E relaciona o aumento de invasões - que triplicaram em relação a 2018 - e a omissão do Estado aos ataques criminosos recentes. Participa também Alvair José Nascimento, cacique Pataxó da TI de Barra Velha, no sul da Bahia. É ele quem relata o ataque de pessoas que se aproveitam da ausência de autoridades para atacar as comunidades. “Estamos sujeitos a qualquer momento a sofrer ataque”, diz. Nesta quinta-feira, lideranças de nove etnias se reuniram para denunciar os atos de violência contra os povos originários e marcharam pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília.
9/16/202226 minutes, 11 seconds
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Bolsonaro: licença para atacar jornalistas

O caso de Vera Magalhães, agredida pelo presidente em um debate e, dias depois, por um apoiador dele em outro, é o mais recente da longa lista. Ofensas dirigidas sobretudo a mulheres e com método: insinuações de cunho sexual e comentários demeritórios a respeito de intelecto ou aparência para “perturbar o debate público”, explica a antropóloga Isabela Kalil, e deixar sem resposta perguntas incômodas, seja sobre as rachadinhas da família, seja sobre a gestão desastrosa da pandemia. Em conversa com Renata Lo Prete, a coordenadora do Observatório da Extrema Direita lembra que Bolsonaro começou a praticar “violência política de gênero” anos antes de mirar repórteres como Patrícia Campos Mello e Miriam Leitão. Em 2014, ele ganhou atenção nacional “exatamente por insultar uma mulher”, a então deputada petista Maria do Rosário - e mais ou menos na mesma época surgiu nas redes sociais a plataforma “Bolsonaro presidente”. Participa também do episódio a advogada Taís Gasparian, especialista em direito civil relacionado à imprensa. Ela destaca que a tentativa de cercear a atividade jornalística por meio de intimidação “é uma forma de censura”, e que, ao praticá-la, Bolsonaro “dá uma espécie de salvo-conduto” para que aliados como o deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos-SP), agressor de Vera, façam o mesmo.
9/15/202229 minutes, 42 seconds
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Guerra: contraofensiva da Ucrânia

Na última semana, as Forças Armadas do país retomaram dos russos cerca de 6 mil quilômetros quadrados de território na província onde fica a importante cidade de Kharkiv. Um triunfo como não se via desde abril, quando o exército invasor foi obrigado a desistir do cerco à capital, Kiev. "A ajuda que os EUA vêm fornecendo à Ucrânia, por meio de artilharia de médio alcance e inteligência, é chave para entender essa vitória", afirma Felipe Loureiro, coordenador do curso de Relações Internacionais da USP. Em conversa com Renata Lo Prete, o professor avalia que dois objetivos foram cumpridos. Primeiro, “convencer o Ocidente de que a ajuda é fundamental e precisa continuar". E também “evitar que a Rússia faça plebiscitos em áreas ocupadas no leste, o que poderia legitimar a presença de suas tropas”. Em Moscou, a recuperação ucraniana faz crescer diferentes pressões internas sobre Vladmir Putin, inclusive de setores ultranacionalistas que defendem intensificar o conflito iniciado em fevereiro. Para Loureiro, o cenário mais provável ainda é o de uma guerra que siga se arrastando, mas agora em uma “terceira fase”. Nela, avalia, estará com os ucranianos “a iniciativa de decidir onde o confronto se dará".
9/14/202222 minutes, 47 seconds
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PEC 275: como ela muda o Supremo

No 7 de Setembro transformado em comício, Jair Bolsonaro pediu “uma reeleição” para trazer às “quatro linhas” (nas quais jamais se enquadrou) “todos aqueles que ousam ficar fora delas”. Recado nada velado ao tribunal que, em várias ocasiões, conteve o ímpeto autoritário do chefe do Executivo. Nos quatro anos de mandato, várias ideias para inchar o STF, reduzir suas atribuições e facilitar a indicação de amigos foram colocadas para circular. A do momento resgata uma proposta de emenda à Constituição apresentada em 2013, que prevê elevar de 11 para 15 o número de ministros, delegando ao presidente do Senado a tarefa de indicar os 4 novos. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista Felipe Recondo aponta o casuísmo da iniciativa patrocinada por Bolsonaro e parte do Congresso. “Desde que o Supremo foi criado, em 1891, a forma de indicação é a mesma. Qual a justificativa para essa mudança?" Ele mesmo responde: “É uma tentativa de ingerência”, levada a cabo, com diferentes desenhos, em países onde a democracia foi solapada, como Venezuela e Hungria. Sócio-fundador da plataforma Jota e autor de dois livros sobre a Corte, Recondo lembra quem pela última vez aumentou o número de ministros e quando isso aconteceu: foi o presidente Castelo Branco, na ditadura militar (1965).
9/13/202221 minutes, 22 seconds
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Para entender a sucessão na Bahia

No Estado em que o PT venceu as últimas quatro disputas no primeiro turno, pesquisas apontam alta chance de mudança este ano. E desenham um quadro diferente da polarização nacional: lá, quem lidera por ampla margem (56% no Ipec mais recente) é o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil), que nunca esteve ao lado de Lula nem está com Jair Bolsonaro (PL). "Se as urnas confirmarem isso, a Bahia pode se tornar um laboratório da terceira via", diz o cientista político Paulo Fabio Dantas, referindo-se ao campo que tentou viabilizar uma alternativa às duas candidaturas protagonistas da corrida ao Planalto. Em conversa com Renata Lo Prete, o professor da UFBA analisa a “grande diferença de contexto” que separa as atuações de Neto e do avô, o ex-governador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007). Paulo Fábio aponta desgaste após 16 anos no poder e fragilidades de Jerônimo Rodrigues (13%), o ex-secretário da Educação escolhido para representar o PT na disputa, como fatores que ajudam a explicar por que o partido está ameaçado de perder seu principal reduto, apesar da dominância de Lula no Estado. A entrevista trata ainda dos papéis do distante terceiro colocado, João Roma (PL), hoje com 7%, lançado para dar palanque a Bolsonaro, e do MDB de Geddel Vieira Lima, que indicou o vice da chapa petista.
9/12/202223 minutes, 28 seconds
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Elizabeth II, a rainha e seu tempo

Em sete décadas de reinado, o mais longo da história britânica, ela testemunhou mais de 30 guerras e lidou com 7 papas, 14 presidentes americanos e 15 primeiros-ministros de seu país. Coroada pouco depois da morte de Josef Stalin, assistiu, décadas depois, ao fim da União Soviética, à queda do Muro de Berlim e à saída do Reino Unido do bloco europeu. Em conversa com Renata Lo Prete, a jornalista Barbara Gancia analisa a trajetória e o legado da monarca, que morreu nesta quinta-feira, aos 96 anos, no castelo de Balmoral, na Escócia. “É o fim de uma era”, diz. Barbara fala da figura de Elisabeth como símbolo de estabilidade em meio a revoluções e mudanças de toda espécie e de sua "humildade em servir a uma causa maior”. Discute as seguidas crises da família real e as perspectivas para o reinado de Charles III.
9/9/202232 minutes, 40 seconds
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A cartada de Bolsonaro no 7 de Setembro

Com dois discursos, o primeiro em Brasília e o segundo no Rio de Janeiro, o presidente fez das comemorações dos 200 anos da separação do Brasil de Portugal um grande comício, bancado com dinheiro público. "Não se ouviu nem a palavra 'bicentenário', nem independência'", atenta a jornalista Maria Cristina Fernandes. Em conversa com Renata Lo Prete, a colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da CBN avalia que, tendo passado impune pelo discurso golpista de 2021, Bolsonaro voltou a afrontar o Judiciário, desta vez "ainda mais do que se tivesse xingado". Ao mesmo tempo, a ausência de chefes de outros Poderes no desfile militar em Brasília "revela um presidente acuado" por um eleitorado que dá vantagem expressiva a Lula (PT) nas pesquisas a menos de um mês do primeiro turno. Os gritos autocongratulatórios de seu suposto desempenho sexual, analisa Maria Cristina, afastam Bolsonaro de um grande “contingente de votos de mulheres” e sinalizam que ele "coloca a virilidade em primeiro lugar e o Brasil em segundo". A adesão foi grande nessas duas praças e também em São Paulo, mas ao candidato resta o desafio de reduzir a vantagem de seu adversário até 2 de outubro. O 7 de Setembro, analisa a jornalista, ficará marcado como mais uma etapa de uma campanha para aumentar as abstenções: "O objetivo é gerar medo, especialmente de insegurança nas ruas".
9/8/202229 minutes, 13 seconds
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A Independência para além da Corte

“Até os anos 50, a história da Independência foi contada do ponto vista do Rio de Janeiro", diz o historiador Evaldo Cabral de Mello. Ele é autor do livro "A Outra Independência", que trata das movimentações políticas entre a Revolução Pernambucana, em 1817, e a Confederação do Equador, em 1824. A resistência na província contra o projeto centralizador da Casa Real é o ponto de partida deste episódio com Renata Lo Prete. De acordo com o integrante da Academia Brasileira de Letras, a emancipação brasileira foi composta por "dois golpes de Estado dados por dom Pedro I": o primeiro contra Portugal, celebrado no 7 de setembro, e o segundo na dissolução da Assembleia Constituinte, em 1823. Para Evaldo, boa parte das dificuldades na administração do Brasil vêm de seu tamanho: "Portugal nunca deveria ter violado o Tratado de Tordesilhas". E de uma chaga essencial: a ausência de políticas de inserção social para aos negros recém-libertos após o 13 de maio de 1888. "O Brasil foi definitivamente comprometido pela escravidão", afirma.
9/6/202228 minutes, 11 seconds
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O agosto incendiário na Amazônia

Abrindo a pior fase da temporada seca, o mês não registrava número tão alto havia mais de uma década: 33 mil focos de incêndio, muitas deles na divisa ente os Estados do Amazonas e de Rondônia. O repórter Alexandre Hisayasu, da TV Amazônica, afiliada da Globo, foi até lá e registrou “vários flagrantes de desmatamento”. Em conversa com Renata Lo Prete, ele relata o que viu: pelo alto, “áreas imensas destruídas, consumidas pelas chamas”; por terra, “na beira da rodovia, inúmeras queimadas”. O objetivo, afirma, é abrir caminho para pasto e cultivo de soja. Três anos depois do infame “Dia do Fogo” (superado em destruição no último 22 de agosto), Alexandre conta sua surpresa diante da atividade criminosa exercida “sem qualquer preocupação” por grileiros -comportamento diferente do observado em 2019, quando ainda havia algum “medo dos órgãos de fiscalização”. A geógrafa Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), explica que o “fogo representa a última etapa no processo de desmatamento”. Do total de floresta devastada, mais da metade estava dentro de terras públicas -caso das reservas indígenas, unidades de conservação e florestas públicas não destinadas. E pode ser ainda pior em setembro: “se o clima estivesse mais seco, seria um inferno”.
9/5/202225 minutes
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Por que o voto feminino será decisivo

No Datafolha recém-divulgado, Lula (PT) aparece com 13 pontos de vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL). Entre os homens, ela cai para 6 pontos. Já entre as mulheres, que representam 53% do eleitorado, sobe para 20. “Olhando os dados desde 1989, nunca antes observamos uma discrepância de gênero como esta", afirma Maurício Moura, à frente do instituto Ideia. Na conversa com Renata Lo Prete, ele enumera motivos que ajudam a explicar a preocupação das campanhas com esse público, começando pelo percentual de indecisas na pesquisa espontânea, maior que o de homens na mesma situação. No caso específico de Bolsonaro, o professor da Universidade George Washington destaca a perda de eleitoras, sobretudo da classe C, que apoiaram o candidato em 2018 e agora resistem a reconduzi-lo. Para Moura, esse segmento, guiado essencialmente por fatores econômicos, tem tudo para ser o fiel da balança em outubro.
9/2/202222 minutes, 8 seconds
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Família Bolsonaro: opção pelo dinheiro vivo

Desde 2018, acumulam-se indícios de “rachadinha” nos gabinetes parlamentares do clã e da possível relação dessa prática com negócios envolvendo filhos, ex-mulheres e o próprio presidente. Agora, reportagem publicada pelo UOL dimensiona outro traço comum a esses personagens: o gosto pelas transações em espécie. Foram 51 imóveis comprados por eles total ou parcialmente assim desde 1990, de um total de 107 examinados pelo portal. Estudioso do uso do mercado imobiliário para lavagem de dinheiro, o pesquisador Fabiano Angélico, da Universidade de Lugano (Suíça), observa: “São várias evidências de que houve geração de recurso ilícito onde se percebia circulação de dinheiro em espécie”. Ou seja, a partir do recolhimento de boa parte dos salários dos funcionários, muitos deles fantasmas. “Isso forma um conjunto indiciário muito forte”. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com a jornalista Malu Gaspar, que relembra as encrencas da família desde a descoberta, ainda antes da posse de Jair Bolsonaro no Planalto, do papel do ex-assessor Fabrício Queiroz no esquema. A colunista do jornal “O Globo” analisa o desmonte do “aparato de combate à corrupção" em anos recentes e a “blindagem” judicial que conteve investigações, especialmente contra o senador Flavio Bolsonaro. Ela vê baixo potencial de impacto das novas revelações na campanha eleitoral, seja pelo elevado percentual de consolidação do voto, seja porque o presidente-candidato agora diz não ver problema nenhum no farto uso de dinheiro vivo para adquirir patrimônio, o que em 2018 ele condenava com veemência.
9/1/202233 minutes, 31 seconds
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Paralisia infantil: queda livre da vacinação

O Brasil registrou um caso de poliomielite pela última vez em 1989. Porém, desde 2015 a cobertura vacinal vem caindo, fechando o ano passado em apenas 67%. E a adesão à campanha nacional em curso ainda é muito baixa. Em conversa com Renata Lo Prete, o infectologista Marco Aurélio Sáfadi destaca a importância de recuperar “o número mágico” de 95% na faixa etária de 0 a 5 anos. Só ele pode garantir que, mesmo diante de um ou outro caso vindo de fora, o vírus não encontre “condições para circular" no país. Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Sáfadi lembra que a paralisia, especialmente dos membros inferiores, é o “resultado dramático” verificado nos casos mais graves de polio, doença transmitida pela boca e pelas fezes cujos sintomas incluem febre, mal-estar, vômitos e diarreia. Ele também elenca fatores que ajudam a explicar o tombo da curva de aplicação de uma vacina supereficiente contra uma doença para a qual não existe tratamento. Entre eles, notícias falsas e e falta de comunicação adequada por parte das autoridades.
8/31/202223 minutes, 2 seconds
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O desmonte do combate à fome

Na sexta-feira, Jair Bolsonaro (PL) disse que não existe “fome pra valer” no Brasil. Dois dias depois, questionado a respeito por Ciro Gomes (PDT) em debate, o presidente do país que tem 33 milhões de pessoas vivendo nesse desespero recomendou a quem “passa necessidade” se cadastrar para receber os R$ 600 de auxílio do governo federal. Por mais essencial que seja o benefício, ele não basta para reverter um quadro que aflige 125 milhões de brasileiros quando se adota o critério da “insegurança alimentar” (não ter como fazer 3 refeições por dia). Para alcançar esse objetivo, é preciso devolver “centralidade, no Orçamento da União”, a uma série de políticas públicas interligadas de combate à fome, afirma Daniela Frozi, integrante da coordenação executiva da rede Penssan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional). Em conversa com Renata Lo Prete neste episódio, ela detalha as consequências “desastrosas” de decisões tomadas pelo atual governo, como a extinção do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável), o brutal corte de recursos para o Programa de Aquisição de Alimentos e o recente veto de Bolsonaro ao reajuste para o Programa Nacional de Alimentação Escolar que o Congresso havia aprovado. Daniela, que também é professora do programa de pós-graduação da Fiocruz, destaca sobretudo as consequências para as crianças, “que terão impactos cognitivos e biológicos no futuro”.
8/30/202225 minutes, 11 seconds
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Para entender a sucessão no Amazonas

Quatro anos atrás, em plena onda antipolítica, o Estado elegeu um ex-apresentador de TV que, em 2020, escapou do impeachment, na esteira de um escândalo de malversação de recursos para o enfrentamento da Covid. Agora, amparado por ampla base de na Assembleia Legislativa, Wilson Lima (União Brasil) busca a reeleição. Segundo a pesquisa Ipec mais recente, tem 30% das intenções de voto, empatado com Amazonino Mendes (Cidadania), veteraníssimo da política local que já ocupou o cargo quatro vezes. Em segundo lugar, com 16%, aparece outro ex-governador, Eduardo Braga (MDB). Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Rosiene Carvalho, colunista de política da BandNews Manaus, para entender a disputa no 15º colégio eleitoral do país, segundo maior da Região Norte. A jornalista recorda dois capítulos dramáticos da pandemia no Amazonas: o da “compra superfraurada de respiradores" e o do colapso no sistema de saúde “na crise da falta de oxigênio”. E mostra que, apesar deles, Lima segue competitivo. Rosiene explica ainda o xadrez dos palanques de Lula (aliado a Braga e líder no Estado) e Bolsonaro (apoiado, até aqui, tanto pelo governador quanto por Amazonino).
8/29/202225 minutes, 57 seconds
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A desigualdade na recuperação do emprego

A retomada da atividade depois da fase mais crítica da pandemia conseguiu reduzir o desemprego, embora à custa de recorde na informalidade e com a renda média em patamar muito baixo. Um quadro que pressiona sobretudo os 10% mais pobres: “eles não estão conseguindo mais estabelecer uma estratégia de sobrevivência”, afirma Ricardo Paes de Barros, que trabalhou por mais de 30 anos no Ipea pesquisando pobreza, mercado de trabalho e educação. Neste episódio, que marca os 3 anos de O Assunto, o economista é o convidado de Renata Lo Prete. Também professor do Insper, ele descreve a economia do país como “uma locomotiva que vai partir”, mas na qual o “vagão dos pobres não está conectado e vai ficar para trás”. É por isso, argumenta, que o Estado deve focar suas políticas públicas no conjunto de 20 milhões de pessoas com menor renda. Será necessário desfazer o “tremendo desserviço” patrocinado pelo governo federal, que mantém os dados do CadÚnico desatualizados. É a partir dessas informações que mais de 9 mil assistentes sociais podem chegar àqueles que mais precisam e, em conjunto, definir estratégias para seu futuro. “É obrigação da sociedade dar oportunidade e condição”, afirma, para que essas famílias possam “protagonizar a superação da pobreza”.
8/26/202224 minutes, 47 seconds
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Europa: uma seca que já entrou para a história

O quadro preocupa desde o início de 2022, mas se agravou muito no verão e sobretudo em agosto, com os termômetros nas alturas. Segundo a Comissão Europeia, a seca deste ano pode superar a de 2018, tornando-se a pior no continente em 500 anos. Em conversa com Renata Lo Prete, o correspondente da TV Globo Leonardo Monteiro descreve as imagens apocalípticas de rios como Elba, Reno, Danúbio e Loire, reduzidos a porção ínfima do volume habitual de água. E conta das surpresas descobertas em seus leitos, como restos de navios da 2ª Guerra. Baseado em Lisboa, o jornalista trata ainda do racionamento enfrentado por milhões de europeus e de perdas que vão da safra de diversos grãos à geração de energia. Participa também do episódio Sérgio Henrique Faria, professor no Centro Basco de Mudanças Climáticas e um dos autores do mais recente relatório do IPCC, painel intergovernamental das Nações Unidas sobre o tema. "Os modelos todos indicam a tendência de mais eventos extremos para as próximas décadas", diz o pesquisador.
8/25/202226 minutes, 2 seconds
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Empresários bolsonaristas na mira da PF

Na manhã desta terça-feira, oito - entre eles o dono da Havan, Luciano Hang - amanheceram com os agentes na porta. A operação, autorizada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, foi motivada pelo vazamento de conversas do grupo de WhatsApp “Empresários & Política”. Nas mensagens, seus participantes falam em dar bônus a funcionários que votarem de acordo com a orientação dos patrões, lançam descrédito sobre as urnas eletrônicas e defendem ruptura da ordem institucional em caso de derrota do presidente. Na investigação, juntada por Moraes ao inquérito das milícias digitais, apura-se “toda uma estrutura que atenta contra a democracia”, resume Camila Bonfim, jornalista da TV Globo em Brasília e apresentadora do Conexão GloboNews. Ela explica que a PF teria identificado “ação de organização criminosa” mais complexa do que o “simples” discurso golpista, com potencial para financiar crimes contra o Estado democrático de direito. Em conversa com Renata Lo Prete, Camila analisa os pedidos de busca e apreensão, de bloqueio de contas e de quebra de sigilo bancário dos empresários. Analisa ainda a situação do procurador-geral da República diante da operação.
8/24/202224 minutes, 15 seconds
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O coração emprestado e o sequestro do bicentenário

Em 2020 e 2021, Jair Bolsonaro usou a celebração do 7 de setembro para, respectivamente, fazer pouco da pandemia e ameaçar golpe. Neste ano, quando o Brasil comemora 200 anos de sua Independência, o governo acertou com Portugal o empréstimo do coração de d. Pedro I, a ser recebido com honras de chefe de Estado. "Um órgão morto, tomado como relicário", define a historiadora Lilia Schwarcz, co-autora do livro “O sequestro da Independência: Uma História da Construção do Mito do Sete de Setembro”. Em conversa com Renata Lo Prete, a professora da USP alerta para o fato de que "efemérides são momentos eficientes para que sejam construídas histórias de poder”. Para Lilia, trata-se de um rito para que Bolsonaro avance na pauta de um pretenso “golpe na legalidade”, ou seja, uma situação na qual possa “se vincular, no imaginário, à imagem do imperador”. Não seria a primeira vez, explica a historiadora: na comemoração dos 150 anos da Independência, o governo militar importou a ossada de d. Pedro I. Em ambos os momentos, dois disfarces para a “falta de projeto de país”, mas que agora é também “um golpe final no sequestro dos símbolos brasileiros”.
8/23/202229 minutes, 14 seconds
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Para entender a sucessão no Rio Grande do Sul

O Estado que jamais deu segundo mandato a um governador tem hoje, na liderança das intenções de voto, o vitorioso de 2018, que no final de março deixou o cargo de olho no Palácio do Planalto, mas acabou de volta à disputa pelo Piratini. Eduardo Leite (PSDB) aparece com 32% na mais recente pesquisa Ipec, seguido por Onyx Lorenzoni (PL), com 19%. Outro bolsonarista, Luis Carlos Heinze (PP), registra 6%, tecnicamente empatado com Edegar Pretto (PT), que tem 7%. É cedo, porém, para considerar o quadro definido, avalia a jornalista Kelly Matos, apresentadora da Rádio Gaúcha e do podcast “Descomplica, Kelly”, dada a tradição local de grandes viradas. Na conversa com Renata Lo Prete, ela lembra que tanto Germano Rigotto (MDB), em 2002, quanto Ieda Crusius (PSDB), em 2006, largaram do patamar de um dígito e venceram. Também colunista do jornal Zero Hora, Kelly tenta mensurar o quanto Leite será cobrado pela “traição” ao compromisso, muitas vezes reiterado, de que não concorreria à reeleição. Fala ainda sobre as situações, no Estado, de Lula (ligeiramente à frente) e Bolsonaro (forte sobretudo no interior). “A eleição nacional está muito presente”, afirma.
8/22/202225 minutes, 2 seconds
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g1 vai entrevistar candidatos ao governo do DF, da BA, MG, PE, RJ e SP

Série começa na segunda-feira, 22 de agosto. Os candidatos mais bem posicionados na pesquisa Ipec de 15 de agosto serão entrevistados ao vivo, por uma hora. Os demais candidatos participarão de entrevistas gravadas com duração de 20 minutos, sem corte, exibidas até o início de setembro. Todas as entrevistas serão publicadas também em formato podcast em g1.com.br e nas plataformas de áudio. Gostou? Compartilha!
8/19/202255 seconds
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A exploração eleitoral da fé

A campanha de Jair Bolsonaro (PL) investe pesado num segmento que o apoiou por ampla margem em 2018 e no qual ainda hoje ele tem vantagem de 17 pontos sobre Lula (PT), que lidera por 15 no quadro geral, segundo o novo Datafolha. A principal porta-voz da retórica messiânica é Michelle Bolsonaro: em culto recente, a primeira-dama chegou a dizer que o Palácio do Planalto era “consagrado a demônios” antes da chegada do marido ao poder. “É uma mensagem com apelo a Deus, à ideia de bons contra maus e à questão dos costumes", diz a jornalista Natália Viana, diretora da Agência Pública. Além de incitação à intolerância religiosa, o que eventualmente pode configurar crime. Em conversa com Renata Lo Prete, a autora da newsletter Xeque na Democracia analisa a tentativa de apresentar o chefe do Executivo como “um homem imperfeito, por meio de quem Deus faz sua ação”. Participa também do episódio o cientista político Victor Araújo, estudioso do eleitorado evangélico. Ele analisa recortes regionais de intenção de voto para explicar, pela via da religião, tanto a larga dianteira de Lula no Nordeste quanto a resiliência de Bolsonaro em Estados de expressiva parcela de evangélicos na população, como o Rio de Janeiro. Para o pesquisador na Universidade de Zurique (Suíça), especialmente o subgrupo pentecostal é “mais conservador e se preocupa mais com a dimensão moral do que com a econômica” na hora de decidir o voto.
8/19/202229 minutes, 56 seconds
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A ameaça nuclear chamada Zaporizhzhia

Logo nos primeiros dias de invasão, a Rússia se apoderou do complexo que responde por 20% do abastecimento de eletricidade na Ucrânia. Meses de silêncio a respeito se passaram até que, em agosto, começaram os bombardeios no entorno da maior usina nuclear da Europa, reacendendo o trauma da explosão, em 1986, de um dos reatores de Chernobyl, desastre que deixou dezenas de milhares de vítimas e espalhou efeitos ambientais pelo continente. Em conversa com Renata Lo Prete, o professor Vitélio Brustolin, da Universidade Federal Fluminense, destaca o ineditismo do que Vladimir Putin fez em março: “É a primeira vez que uma central nuclear é ocupada e militarizada por uma força invasora”. E diz que o quadro agora pode se revelar ainda mais grave: atacar uma instalação dessas “é crime de guerra”. Daí a troca de acusações entre os governos. Moscou nega responsabilidade, alegando que não teria por que mirar uma usina sob seu controle. Enquanto Kiev sustenta que, “disparando a partir de lá, a Rússia impossibilita revide", explica Brustolin. Para o pesquisador de Harvard, a ONU pouco pode fazer. “É difícil até chegar ali, porque a Rússia impôs várias condições", afirma. Nesta quinta-feira, o secretário-geral, Antonio Guterres, irá à cidade ucraniana de Lviv, mas ainda não existe nada acertado para inspeção independente do local em perigo.
8/18/202225 minutes, 36 seconds
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Para entender a sucessão em Pernambuco

Entre vários sobrenomes tradicionais da política local, desponta isolado na liderança o de Marília Arraes (Solidariedade), neta de um ex-governador (Miguel Arraes) e prima de outro (Eduardo Campos). “Ela foi a primeira dissidência do grupo” que chegou ao poder em 2007 com Eduardo, explica neste episódio Gerson Camarotti, comentarista da TV Globo e colunista do g1. Enquanto a deputada federal registra 33% na recém-divulgada pesquisa do Ipec, seus principais adversários estão embolados numa faixa que vai dos 11% aos 6%. Aí aparecem, em ordem decrescente, a ex-prefeita de Caruaru Raquel Lyra (PSDB), o ex-prefeito de Jaboatão Anderson Ferreira (PL), o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União Brasil) e o deputado federal Danilo Cabral (PSB) - este último correligionário e candidato do atual governador, Paulo Câmara, em aliança com o PT. Convidado por Renata Lo Prete a analisar a disputa no Estado onde nasceu e iniciou sua trajetória no jornalismo, Camarotti dimensiona o desgaste e as chances de reação dos herdeiros políticos de Campos, morto em acidente de avião quando concorria ao Planalto, em 2014. Numa praça em que Lula (PT) tem hoje mais de 40 pontos de vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL), o ex-presidente “é o grande eleitor” e se conduz de maneira pragmática”: formalmente apoia Cabral, mas permite que a ex-petista use seu nome na campanha.
8/17/202224 minutes, 12 seconds
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Eleições: usos e abusos nas redes sociais

A campanha começa oficialmente nesta terça-feira, mesma data em que o Tribunal Superior Eleitoral troca de comando. Agora sob a presidência do ministro Alexandre de Moraes, o TSE quer se aproveitar da experiência traumática de 2018 para conter a desinformação. Para isso, fechou acordos com diferentes plataformas. Mas, dadas a profusão de conteúdo e a resistência das empresas, o máximo que se consegue é “enxugar gelo”, avalia Pablo Ortellado, coordenador do Monitor do Debate Político no Meio Digital e professor da USP. Em conversa com Renata Lo Prete, o colunista do jornal O Globo pondera que ataques entre candidatos sempre existiram. A grande novidade é a ofensiva de um deles contra as regras do jogo. “O elemento mais preocupante são os ataques ao sistema eleitoral”, diz. Na disputa entre Lula (PT) e Bolsonaro (PL) nas redes, importa menos o número individual de seguidores e mais o tamanho do exército de influenciadores a serviço de cada um, avalia o pesquisador. Ele também elenca as plataformas que mais preocupam pelo potencial de disseminação de fake news: WhatsApp (dificuldade de rastreamento das mensagens), Facebook (investiu pouco em transparência) e YouTube (comprometimento ainda frágil com a retirada de conteúdo enganoso).
8/16/202223 minutes, 21 seconds
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Combustíveis em queda no mundo

Pela primeira vez desde fevereiro, quando começou a guerra na Ucrânia, o galão de gasolina ficou abaixo de US$ 4 nos EUA. Reflexo de medidas internas, mas sobretudo do tombo no valor do petróleo no mercado internacional - o barril passou de US$ 120 para menos US$ 100 em questão de semanas. Realidade também na Europa e no Brasil, a inflexão na curva de preços dos derivados tem como pano de fundo “a desaceleração da economia em todo o mundo”, afirma Armando Castelar Pinheiro, pesquisador do FGV-IBRE e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em conversa com Renata Lo Prete, ele analisa o peso da China e de seus gigantescos lockdowns para conter surtos de Covid no quadro de risco de recessão global. E trata do Brasil, onde a equação dos combustíveis passa também, no momento, “pela valorização do real diante do dólar”, além de fatores político-eleitorais. Na semana passada, a Petrobras anunciou novo corte no preço do diesel para as refinarias.
8/15/202219 minutes, 30 seconds
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Os significados do 11 de agosto

No Largo de São Francisco, milhares de pessoas se reuniram ao redor das arcadas da Faculdade de Direito da USP enquanto, lá dentro, eram lidos dois documentos concebidos em resposta à escalada ofensiva de Jair Bolsonaro contra o sistema eleitoral. Um da Federação das Indústrias de São Paulo e outro - a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito" - de professores da própria escola. Acompanhando a manifestação in loco, a produtora e roteirista Isabel Seta registrou para este episódio as palavras mais entoadas nas vozes do estudante Igor, de 18 anos, e da aposentada Maria Aparecida, de 81. Todas as capitais e o Distrito Federal organizaram atos para endossar a carta, que já tem mais de 1 milhão de assinaturas. “Caiu o preço para a elite apoiar a democracia”, diz o sociólogo Celso Rocha de Barros sobre a mensagem contida na presença das lideranças tanto da Fiesp quanto da Febraban na cerimônia. “E subiu o preço do golpe”, completa. Convidado de Renata Lo Prete para tirar o saldo deste 11 de agosto, o colunista do jornal Folha de S. Paulo destaca o caráter suprapartidário do evento, que reuniu desde ex-aliados do atual presidente até organizações historicamente ligadas à esquerda. A carta dos juristas vem à luz 45 anos depois de sua versão inspiradora, escrita durante a ditadura. Mas, avalia Celso, os atos desta quinta-feira se assemelham menos aos de 1977 e mais à campanha das Diretas Já, na década seguinte, quando o regime militar estava em seus estertores. Para ele, o sucesso da iniciativa atual mostra a políticos e militares “que estão em dúvida para que lado o vento vai soprar”. “Dar golpe e fracassar não é bom negócio”, conclui.
8/12/202232 minutes, 26 seconds
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Justiça aperta o cerco contra Trump

A operação realizada por agentes do FBI no endereço do ex-presidente na Flórida joga luz sobre um caso menos comentado que o da invasão do Congresso, porém de maior potencial imediato de dano. O material recolhido em Mar-a-Lago “nem poderia ter deixado a Casa Branca”, diz Guga Chacra, lembrando que, nos EUA, qualquer registro oficial do presidente é considerado bem público e deve permanecer no Arquivo Nacional. Desaparecer com esses documentos pode resultar até em inelegibilidade. Para o comentarista da TV Globo em Nova York, também colunista do jornal O Globo, essa ação inédita dificilmente teria sido autorizada “sem evidência de crime”. Na conversa com Renata Lo Prete, o jornalista recapitula as diferentes apurações em curso contra Donald Trump - em depoimento nesta 4ª feira em Nova York, o ex-presidente invocou a 5ª emenda à Constituição para não responder perguntas sobre suspeitas de fraude em seus negócios privados. Passando da polícia à política, Guga analisa o domínio de Trump sobre o Partido Republicano e o que ameaça rompê-lo. E avalia se o ex-presidente está hoje mais perto da cadeia, do impedimento eleitoral ou de uma nova candidatura à Casa Branca.
8/11/202224 minutes, 15 seconds
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TSE e militares: freio de arrumação

A Justiça Eleitoral vinha reagindo apenas com esclarecimentos e declarações de princípios aos questionamentos infundados de militares, estimulados por Jair Bolsonaro, às urnas eletrônicas. Mas agora decidiu que isso não basta: flagrado espalhando fake news sobre elas, o coronel Ricardo Sant’Anna foi expulso do grupo formado para verificar a programação das máquinas de votar. Em conversa com Renata Lo Prete, o repórter Marcelo Godoy, do jornal O Estado de S. Paulo, explica que as postagens de Sant’Anna ferem o regulamento disciplinar do Exército, o Estatuto do Militar e portaria do Ministério da Defesa. Para Godoy, que cobre a área há muitos anos, não se trata de caso isolado. “Existe larga contaminação das Forças Armadas pelo bolsonarismo”, diz. O episódio conta ainda com a participação de Marina Dias, autora de reportagem na revista Piauí sobre as providências tomadas pelo TSE para salvaguardar a integridade do processo. “Quanto às sugestões dos militares, a Corte considera que tudo o que poderia ser incorporado já foi”, afirma a jornalista. “As respostas foram dadas, são públicas. Os militares insistem porque isso faz parte do jogo de tentar desacreditar.” Marina também analisa a iminente troca de comando no tribunal - na próxima semana, Fachin será sucedido por Alexandre de Moraes.
8/10/202221 minutes, 25 seconds
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Eleição: como fica a economia no dia seguinte

A escalada golpista do presidente da República acordou a sociedade civil para o imperativo de defender as instituições e o sistema de votação. Em paralelo, seis especialistas com larga experiência no setor público lançam agora um documento intitulado “Contribuições para um Governo Democrático e Progressista”. Um de seus autores, Bernard Appy, diz a Renata Lo Prete que a perspectiva de um cenário internacional adverso e a fatura da irresponsabilidade eleitoreira da atual gestão desenham um 2023 “muito desafiador”. Lula, observa o ex-número 2 da Fazenda na administração do petista, “errou” ao qualificar como “herança maldita” o legado do tucano Fernando Henrique Cardoso. Maldita, afirma, será a herança deixada por Jair Bolsonaro. Em resposta, Appy e colegas (os também economistas Persio Arida, Marcelo Medeiros e Francisco Gaetani, o cientista político Sergio Fausto e o advogado Carlos Ari Sundfeld) propõem, entre outras medidas, uma “política fiscal de transição” para os próximos 4 anos, que não abandone de todo o teto de gastos, mas permita um excedente (1% do PIB) a ser destinado a políticas de distribuição de renda e investimentos em ciência e proteção ambiental. No capítulo tributário, uma das ênfases é em mudanças “que estimulem a formalização dos trabalhadores”. O diretor do Centro de Cidadania Fiscal também explica por que o documento será entregue a todos os candidatos ao Planalto menos Bolsonaro: “A defesa do Estado democrático de direito é pressuposto básico” da iniciativa.
8/9/202222 minutes, 51 seconds
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Para entender a sucessão em MG

O atual governador, Romeu Zema (Novo), lidera com folga as pesquisas. Seu único adversário competitivo, Alexandre Kalil (PSD), deixou o segundo mandato como prefeito de Belo Horizonte para concorrer. Ambos sem origem na política tradicional, conhecidos do público e bem-avaliados , eles se enfrentam em um duelo “de caráter local muito forte”, explica o mineiro Bruno Carazza, colunista do jornal Valor Econômico e autor do livro “Dinheiro, Eleições e Poder”. Isso leva, segundo o economista, a uma polarização “de dentro para fora”, ao contrário do que acontece em outros Estados. Zema, que em 2018 surfou a onda bolsonarista, agora procura manter distância da rejeição ao presidente, que se viu obrigado a patrocinar um candidato até aqui inexpressivo (Carlos Viana, do PL) para não ficar sem palanque no segundo maior colégio eleitoral do país. Já Kalil espera contar com a dianteira do aliado Lula no Estado para ao menos levar a disputa com Zema a um segundo turno. Para os dois protagonistas da corrida nacional, há muito em jogo ali: desde a redemocratização, ninguém se elegeu ao Planalto sem vencer em Minas.
8/8/202221 minutes, 10 seconds
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EXTRA: Jô Soares, gênio de múltiplos talentos

Uma história que se confunde com a da televisão brasileira, na qual ele teve duas grandes “encarnações”: a dos programas humorísticos, dos quais saíram personagens e bordões eternizados na memória do público; e a do apresentador de “talk show” que entrevistava com igual habilidade notáveis e desconhecidos. Mas Jô Soares, morto nesta sexta-feira aos 84 anos, foi muito mais: homem de teatro, tradutor, artista plástico, escritor de sucesso e, em todos os ofícios que abraçou, um eterno curioso. “Quando ele se interessava por um assunto, virava professor”, conta Matinas Suzuki Jr., co-autor do livro de memórias do artista. Em conversa com Renata Lo Prete neste episódio especial, ele relembra marcos e casos curiosos de uma carreira que se estendeu por mais de seis décadas. “Jô tinha uma vida maior que a vida”, afirma o jornalista, diretor de operações da editora Companhia das Letras. “A partida dele é reveladora de um país que perdeu graça, charme e humanidade", conclui. O episódio inclui áudios do jornal O Globo, do programa #Provoca (TV Cultura), do SBT e do canal de Drauzio Varella.
8/6/202232 minutes, 21 seconds
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A armadilha do consignado com Auxílio Brasil

Em novo capítulo do vale-tudo rumo às urnas, Jair Bolsonaro acaba de sancionar medida provisória que permite comprometer até 40% do benefício com o pagamento dessa modalidade de empréstimo. E sem limite para os juros cobrados. Um combinado explosivo para famílias que mal conseguem se alimentar com os R$ 400 mensais, elevados para R$ 600 somente até o final do ano, alerta Ione Amorim, coordenadora do Programa de Serviços Financeiros do Instituto de Defesa do Consumidor. Para esse segmento, caberiam linhas de crédito emergenciais, “mas com orientação e em outras condições”, afirma a economista. O modelo adotado “atende aos interesses do sistema bancário” em prejuízo dos mais vulneráveis, lançados na espiral de endividamento que assola o país. “O nome disso é estelionato eleitoral”, resume Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews e colunista do jornal O Globo e da rádio CBN. Na conversa com Renata Lo Prete, ela enumera várias iniciativas do governo com o mesmo propósito, como as “bondades” temporárias aprovadas na PEC Kamikaze. Sobre a mais recente delas, a jornalista conclui: “A população pobre precisa de assistência social, não de empréstimo”.
8/5/202228 minutes, 8 seconds
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BR-319, nova fronteira da devastação

Nem metade da rodovia concebida na ditadura militar para ligar os 885 km entre Manaus (AM) e Porto Velho (RO) saiu do papel. E o que saiu está em péssimas condições, oferecendo todo tipo de perigo aos motoristas. Apesar do custo bilionário, é o único projeto desse porte “que jamais teve estudo de viabilidade econômica”, observa o norte-americano Philip Fearnside, biólogo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Abandonado por décadas devido a sua inviabilidade, ele recebeu apoio de Jair Bolsonaro desde o início do mandato, e agora o Ibama emitiu licença prévia para a pavimentação dos 400 km centrais do trajeto, que atravessam ou margeiam terras indígenas e áreas de conservação. Na conversa com Renata Lo Prete, Fearnside alerta para o efeito “catastrófico” que a obra terá sobre um dos últimos grandes maciços verdes da floresta. A simples perspectiva de sua realização fez disparar a grilagem de terras públicas e o desmatamento no entorno, além de estimular o surgimento de estradas secundárias ilegais, em processo conhecido como “espinha de peixe”. O pesquisador, integrante do time que recebeu o Nobel da Paz por estudos feitos com o Painel sobre Mudanças Climáticas da ONU, lembra ainda que está “tudo conectado”, ou seja, as consequências são para o Brasil inteiro e para o mundo.
8/4/202223 minutes, 38 seconds
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Pelosi em Taiwan, e a tensão entre EUA e China

A visita da presidente da Câmara dos EUA foi a primeira de uma alta autoridade norte-americana em 25 anos. Atitude avaliada como uma provocação, já que Taiwan é considerado território chinês por Pequim. A escalada de tensão é um dos piores momentos da relação desde a separação provocada pela Revolução Chinesa (1949), quando “Taiwan passa a ser uma ilha rebelde”, explica o embaixador aposentado Fausto Godoy. Coordenador do Centro de Estudos das Civilizações da Ásia da ESPM, Godoy analisa em conversa com Natuza Nery que um conflito “não interessa” a nenhuma das partes. Ele, que já morou nas capitais dos dois países, diz que o confronto mancharia a imagem chinesa e seria prejudicial ao governo de Taipei, dependente economicamente de Pequim. Em relação aos EUA, Fausto analisa como a decisão de Pelosi diz muito mais sobre política interna do que externa. “Ela precisa manter a cara do partido Democrata” de olho nas eleições de meio de mandato, quando o partido pode perder maioria no Congresso.
8/3/202223 minutes, 37 seconds
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Varíola dos macacos: o tamanho da crise

Há cerca de 2 meses, eram 200 casos notificados no mundo, nenhum deles por aqui. Hoje, são mais de 20 mil em 78 países, o que levou a Organização Mundial da Saúde a uma rara declaração de “emergência global". E o Brasil, que está entre os mais atingidos, registrou sua primeira morte. Em entrevista a Renata Lo Prete, a epidemiologista Denise Garrett explica as falhas que permitiram a disseminação de uma doença conhecida em regiões da África desde os anos 70 e para a qual existe vacina. “Não temos visto ações coordenadas de contenção", diz a vice-presidente do Instituto Sabin, que atuou por duas décadas no Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA. Lá, a burocracia tem atrasado o acesso dos pacientes mais vulneráveis, que sofrem com dores e lesões no corpo, ao antiviral disponível. Enquanto no Brasil o Ministério da Saúde repete condutas que muito nos custaram na pandemia, como demora em adquirir vacinas, pouca atenção à testagem e escassez de campanhas de esclarecimento. “Quando se trata de uma doença infecciosa”, observa Denise, “semanas, dias até, fazem muita diferença”. Embora seja um meio de transmissão recorrente no momento, “esta não é uma doença de homens que fazem sexo com homens”, alerta Denise, lembrando que crianças estão entre os grupos de risco. “O estigma só atrapalha o enfrentamento”.
8/2/202225 minutes, 12 seconds
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Urna eletrônica: uma história de inclusão

Em 1532, quando ocorreu a primeira eleição de que se tem notícia no Brasil, habitantes de São Vicente (SP) cochichavam para o escrivão os nomes de seus escolhidos para a Câmara Municipal. Desde então, foi um longo caminho até o sistema seguro, eficiente e universal que temos hoje. Em conversa com Renata Lo Prete, o cientista político Marcus André Melo identifica momentos-chave dessa trajetória, como a introdução do voto secreto (1932) e a adoção da cédula oficial (1955). Explica termos reveladores da profusão de fraudes no Império e na República Velha, como “fósforos” (eleitores fantasmas) e “chapa de caixão” (cédula falsa). E analisa a revolução emancipatória promovida pela urna eletrônica, que estreou em 1996. “O Brasil era campeão de voto inválido”, lembra o professor da Universidade Federal de Pernambuco. A taxa, que chegou a superar 40% na eleição para deputado federal em 1990, caiu para cerca de 7% em 2000, e desde então se manteve relativamente estável. Para completar, até hoje não se identificou caso de fraude com a urna eletrônica, e o fim da necessidade de escrever na cédula “encorajou a participação” do eleitor menos instruído. O direito ao voto, que será exercitado mais uma vez em outubro, “ganhou concretude".
8/1/202223 minutes, 37 seconds
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Origem do coronavírus: novas evidências

Dois estudos recém-publicados na revista “Science” reforçam a hipótese de que um mercado da cidade chinesa de Wuhan foi o marco zero da doença que já matou mais de 6 milhões de pessoas desde o final de 2019. A parte do estabelecimento na qual os cientistas encontraram o SarsCov2 é justamente aquela “onde eram vendidos animais silvestres vivos”, explica o repórter da TV Globo Álvaro Pereira Júnior, indicando a probabilidade de que o vírus tenha mesmo “saltado” de uma dessas espécies para humanos. Diretor de três documentários do Globoplay sobre a pandemia, é ele quem apresenta, neste episódio, as principais conclusões dos dois estudos, além de apontar incógnitas que permanecem. Uma delas é qual teria sido exatamente o animal intermediário. Outra, a “pré-história” da doença: os pesquisadores “sabem o que aconteceu do mercado para frente, mas não do mercado para trás", resume Álvaro. Por isso, embora enfraquecida, ainda não está de todo descartada a possibilidade de “vazamento” do vírus de um laboratório situado a algumas milhas do mercado. Participa também o virologista Gúbio Soares, da Universidade Federal da Bahia, que destaca a elevada habilidade do SarsCov2 para driblar nosso sistema imunológico.
7/29/202225 minutes, 15 seconds
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Não ao autoritarismo: em 1977 e hoje

Quarenta e cinco anos depois da “Carta aos Brasileiros”, um documento com o mesmo espírito, igualmente nascido na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, reage à erosão de conquistas duramente alcançadas e às investidas golpistas do presidente da República. Para comparar as duas iniciativas e a conjuntura que as produziu, Renata Lo Prete recebe dois signatários da peça que começou a circular nesta terça-feira e já alcançou mais de 160 mil adesões - de empresários, intelectuais, artistas e quase uma dezena de ex-ministros do Supremo. O advogado criminalista José Carlos Dias, que foi ministro da Justiça e atualmente preside a Comissão Arns, fala com a experiência de quem teve papel decisivo na articulação da carta original. Ele a descreve como “um laudo” da ditadura militar, que contribuiu para galvanizar a sociedade civil e expor as arbitrariedades do regime. “Hoje, aos 83 anos, me vejo obrigado a continuar nesta luta", diz, emocionado. Participa também do episódio Conrado Hübner Mendes, professor de Direito Constitucional da USP. Ele destaca a rápida expansão do novo documento para além das fronteiras da comunidade jurídica, o que atribui à gravidade do momento. “A ficha está caindo tarde”, avalia. E “o alarme, soando muito alto”.
7/28/202228 minutes, 20 seconds
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A Europa cansada da guerra

Na maior economia da região, o chanceler Olaf Scholz avisou que o vertiginoso aumento nos preços da energia será repassado ao consumidor. A dificuldade dos países do bloco até chegar a uma meta (opcional) de redução no consumo de gás natural expõe a falta de consenso sobre como lidar com a Rússia, principal fornecedora, decorridos cinco meses da invasão à Ucrânia. Para analisar esse quadro e as perspectivas do conflito, Renata Lo Prete recebe Tanguy Baghdadi, professor de Relações Internacionais na Universidade Veiga de Almeida e fundador do podcast Petit Journal. “Quando a Alemanha faz um movimento como esse, dá a senha para outros governos admitirem que não estão conseguindo arcar com as consequências da guerra”, ele afirma. Tanguy trata também das incertezas em torno do acordo mediado pela Turquia para liberar os grãos retidos na Ucrânia - um dia depois do anúncio, os russos bombardearam o porto de Odessa.
7/27/202225 minutes, 32 seconds
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Lula x Bolsonaro: fase pós-convenções

Em contraste com a cerimônia quase protocolar realizada pelo PT três dias antes em São Paulo, o PL promoveu um megaevento no Maracanazinho para formalizar a candidatura do atual presidente da República. Em seu discurso, Jair Bolsonaro mirou claramente três grupos, avalia o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest Pesquisa e Consultoria: “militares, evangélicos e agro”. A aposta no núcleo de sua base de apoiadores tem uma explicação: “a eleição racional é ruim para o presidente”, observa o professor da Universidade Federal de Minas Gerais. “Ele depende de uma que seja emotiva." Na conversa com Renata Lo Prete, Felipe chama a atenção para a peculiaridade da disputa entre um presidente e um ex-ocupante do cargo - primeiro e segundo colocados, respectivamente, em quadro há muito tempo estável. “No fundo, o eleitor vai decidir a quem ele vai dar uma nova chance", diz. Por isso, Felipe explica, “medo, merecimento e rejeição” são sentimentos do eleitorado importantes de monitorar. No entender do cientista político, será preciso esperar até meados de agosto, pelo menos, para mensurar quanto benefício Bolsonaro conseguirá extrair do novo valor do Auxílio Brasil (R$ 600) e de outras medidas que visam conquistar o voto dos mais pobres, hoje predominantemente com Lula.
7/26/202225 minutes, 16 seconds
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Caso Codevasf: onde e quem ele pega

A descoberta, pela Polícia Federal, de um esquema de lavagem e desvio de dinheiro na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba joga luz sobre pelo menos três questões. Primeiro, mudanças promovidas na estatal sob o governo Bolsonaro para aumentar sua área de atuação e mudar a natureza dos serviços prestados, com ênfase em obras de pavimentação. Depois, o controle que políticos do Centrão passaram a exercer ali. Por fim, a multiplicação de recursos do Orçamento Secreto destinados à companhia. Em conversa com Renata Lo Prete, a jornalista Maria Cristina Fernandes detalha as investigações, no momento voltadas para a empreiteira ConstruService -fraudando processos licitatórios, ela se tornou onipresente em contratos da Codevasf no Maranhão. A repórter especial do Valor Econômico, também comentarista da rádio CBN, observa que o escândalo atinge o principal eixo de sustentação de Jair Bolsonaro: o presidente da Câmara. Arthur Lira (PP-AL), avalia a jornalista, vê comprometida sua capacidade de entregar tudo o que prometeu a aliados na Casa. E de atuar como “mediador de conflito” na mais recente crise armada pelo presidente da República, ao mentir sobre as urnas eletrônicas diante da comunidade internacional.
7/25/202220 minutes, 47 seconds
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Eleições 2022: segurança dos candidatos

2018 ficou marcado pelo atentado contra aquele que terminou vitorioso na disputa pela Presidência da República. Quatro anos depois, a campanha oficial nem começou, e os casos de violência escalam em frequência e gravidade. No mais recente, um apoiador de Jair Bolsonaro (PL) assassinou o tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu. Agora, com a temporada de convenções partidárias, entra em cena a Polícia Federal, que passa a ser responsável pela proteção dos candidatos ao Planalto. Em conversa com Renata Lo Prete, o diretor-executivo da PF, Sandro Avelar, explica os critérios que pautam a análise de risco usada para definir o tamanho do aparato de cada um - Lula e Bolsonaro são colocados no ponto máximo de uma escala que vai de 1 a 5. O delegado também detalha contingente, equipamentos e recursos disponíveis. Da segunda parte do episódio participa Renato Sergio de Lima, presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Para ele, a eleição deste ano “será a mais complexa no que diz respeito à segurança".
7/22/202225 minutes, 36 seconds
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Como enquadrar o show do Alvorada

Usar a estrutura do governo para fazer campanha antecipada. Mentir sobre as urnas eletrônicas. Tentar impedir o exercício de direitos e a atuação dos Poderes. Incitar as Forças Armadas contra instituições civis. Tudo vedado por dispositivos que vão da Constituição Federal às regras eleitorais, passando pela Lei do Impeachment. Tudo passível de punição - e, no entanto, presente com abundância de indícios no evento para o qual Jair Bolsonaro convocou embaixadores de dezenas de países. Para esclarecer, ponto a ponto, os crimes em que o presidente da República pode ter incorrido e que consequências eles acarretam, O Assunto ouve dois especialistas. “A convocação do aparato estatal para fazer propaganda negativa dos adversários” está caracterizada, avalia Luiz Fernando Pereira, coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Política. Mais comprometedor, porém, “é o conteúdo da fala” de Bolsonaro. O advogado lembra que vivemos em um “novo ambiente no Brasil a partir do julgamento do caso Francischini” - o deputado estadual que perdeu o mandato e se tornou inelegível por divulgar informações falsas contra o sistema de votação. Para Eloisa Machado, professora de Direito Constitucional da FGV, o país “tem um arcabouço jurídico capaz de dar conta dessas condutas do presidente”. O que se espera, diz ela, é que “as instituições incumbidas de aplicar a lei tenham condições de fazê-lo quando o momento chegar”.
7/21/202224 minutes, 50 seconds
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A mentira de Bolsonaro vista de fora

A convocação de embaixadores de dezenas de países ao Palácio da Alvorada para ouvir 50 minutos de acusações infundadas às urnas eletrônicas faz crescer, na comunidade internacional, a expectativa de reprise do caso Trump: o presidente brasileiro seria o próximo a contestar a eventual derrota. Com um agravante que não passou despercebido aos presentes: Jair Bolsonaro lançou no evento também a ameaça de sabotar o calendário eleitoral, melando o jogo antes do primeiro turno. Em paralelo à ampla reação interna, a repercussão externa da nova investida golpista foi a pior possível. O presidente segue “um roteiro bastante visível" para outros governantes, diz Oliver Stuenkel. Na percepção deles, uma transição de poder sem incidentes no Brasil é “cada vez mais improvável”. Na conversa com Renata Lo Prete, o professor de Relações Internacionais da FGV-SP relata o que tem ouvido de diplomatas na Europa e nos EUA - cuja representação em Brasília divulgou, nesta terça, nota na qual afirma que as eleições brasileiras são “exemplo para o mundo”. E discute a incógnita sobre o que farão as Forças Armadas caso Bolsonaro insista em tentar uma ruptura institucional.
7/20/202225 minutes, 49 seconds
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Os alertas climáticos que vêm do Norte

A violenta onda de calor na Europa já matou mais de mil de pessoas e desalojou em torno de 20 mil, sobretudo devido aos incêndios florestais. Em Portugal, o termômetro alcançou assustadores 47°C. E no Reino Unido os londrinos foram orientados a evitar o metrô. Segundo a autoridade meteorológica do país, “a infraestrutura e o estilo de vida” dos britânicos não estão adaptados à nova realidade climática. Para o pesquisador do Inpe Lincoln Muniz Alves, são eventos extremos cada vez mais frequentes, que antecipam previsões sombrias da ciência sobre o aquecimento do planeta. Em conversa com Renata Lo Prete, ele aponta a longa e destruidora temporada de chuvas deste ano no Brasil como outro sintoma. E fala da urgência em transformar a atitude de cada um -não só de governos e empresas. Participa também do episódio Claudio Angelo, coordenador de comunicação do Observatório do Clima, para tratar do fator EUA. Enquanto a Europa arde, do outro lado do Atlântico o governo de Joe Biden assiste à erosão de seu ambicioso plano verde. Primeiro, foi uma decisão da Suprema Corte. Agora, um revés pesado no Congresso. Tudo somado, tornou-se praticamente impossível o país cumprir a meta de cortar 50% das emissões de gases do efeito estufa até 2030. O jornalista analisa a situação de Biden: “É como entrar em uma guerra na qual, em vez de te equipar, suas forças auxiliares vão tirando o seu capacete, o seu fuzil e o seu uniforme".
7/19/202225 minutes, 21 seconds
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Para entender a sucessão no Rio

Cinco ex-governadores presos no passado recente. O atual herdou a cadeira do titular da chapa vitoriosa em 2018, alvo de impeachment. Crises agudas na economia e na segurança pública. E um desenho de disputa que espelha a polarização do quadro nacional. No terceiro maior colégio eleitoral do país, o incumbente Cláudio Castro (PL) e o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) estão tecnicamente empatados, segundo o Datafolha mais recente. "O Rio é o berço político de Bolsonaro, das milícias e da mistura entre religião e política no país", contextualiza o jornalista Bernardo Mello Franco. Na conversa com Renata Lo Prete, o colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN analisa as situações de Castro e Freixo. O primeiro tem o apoio de mais de uma dezena de partidos na Assembleia e “a máquina na mão”. O segundo aposta na associação com Lula e no caminho que vem fazendo para “tentar conciliar tudo” e superar “a pecha de radical”. Apesar da distância de ambos para os demais concorrentes, Bernardo não descarta surpresas: "A soma de brancos, nulos e indecisos está em 30%. Se a eleição fosse hoje, o vencedor seria... ninguém".
7/18/202225 minutes, 19 seconds
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Arthur Lira, senhor dos recursos e do regimento

Herdeiro de um clã político de Alagoas, ele chegou à Câmara em 2011 e começou a ganhar projeção quatro anos depois, na era Eduardo Cunha (MDB). Em 2021, conquistou o comando da Casa em aliança estreita com Jair Bolsonaro - que nunca mais teve de se preocupar com pedidos de impeachment. Além da blindagem do Executivo, marcam a presidência de Lira a consolidação do Orçamento Secreto e o rolo compressor para aprovar matérias ao arrepio do regimento interno -como ocorreu agora, com a chamada PEC Kamikaze. Sobre a primeira questão, Renata Lo Prete conversa com Paulo Celso Pereira, editor-executivo dos jornais O Globo e Extra e da revista Época. É ele quem explica o controle de Lira sobre as “emendas do relator” e o poder que isso lhe dá. Na avaliação do jornalista, o que Lira faz no momento é se preparar tanto para a hipótese de vitória de Lula quanto para a de reeleição de Bolsonaro. “Ele tem clareza de que são cenários distintos, mas tentará ganhar em todos eles”, afirma. Para falar do modus operandi do presidente da Câmara, a convidada é Beatriz Rey. Segundo a cientista política, o deputado do PP atropela de pelo menos duas maneiras: “desrespeitando regras regimentais” e criando novas por meio da “promulgação de atos da Mesa Diretora”. Lira, ela diz, “age no detalhe do processo legislativo”.
7/15/202228 minutes, 12 seconds
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O Orçamento Secreto no mundo real

Ao aprovar, nesta semana, a LDO de 2023, o Congresso não apenas garantiu longa vida às emendas do relator como ampliou ainda mais o controle da cúpula parlamentar sobre esses recursos, que chegarão a R$ 19 bilhões no ano que vem. Boa hora, portanto, para verificar o que está acontecendo na ponta com dinheiro público alocado sem identificação do deputado ou senador responsável nem possibilidade de controle. Com esta missão, O Assunto recebe Breno Pires, autor de reportagem na revista Piauí que conecta as emendas da sigla RP9 a um esquema para fraudar a destinação de recursos da saúde. Nesse trabalho, o jornalista percorreu o Maranhão, estado onde ficam 23 dos 30 municípios do país mais agraciados com repasses para atendimentos de média e alta complexidade. De perto, ele constatou falsificações exorbitantes dos números de serviços supostamente prestados, que contrastam com carências de todo tipo no atendimento à população. Tudo com “coordenação superior" dos senhores do Orçamento Secreto em Brasília. E às custas dos “mais vulneráveis”, que esses parlamentares tanto gostam de invocar. “O saldo de tudo isso é que falta dinheiro onde realmente precisa”, diz Breno.
7/14/202227 minutes, 58 seconds
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Crimes de ódio: ameaça à democracia

O assassinato de um tesoureiro do PT, durante uma festa de família, por um apoiador de Jair Bolsonaro foi “induzido” não apenas por falas do presidente, mas pela “máquina” de agressão de natureza política que prosperou no Brasil sob seu governo. É o que sustenta o sociólogo José de Souza Martins, professor emérito da USP. Na conversa com Renata Lo Prete, ele relembra eventos violentos que precederam a morte de Marcelo Aloísio de Arruda em Foz do Iguaçu e afirma ser impossível dissociá-los da proliferação de armas estimulada por Bolsonaro e família. Diz ainda que a sociedade precisa estar de “prontidão” para reagir a uma eventual tentativa do Planalto de usar atentados como o de sábado como pretexto para insinuar qualquer mudança no calendário eleitoral. Participa também do episódio Anielle Franco, irmã de Marielle e diretora do instituto que leva o nome da vereadora executada em 2018 - crime do qual até hoje não se conhece o mandante. Como se isso não bastasse, quatro anos depois a família ainda convive com “tentativas de assassinar a reputação de Marielle”.
7/13/202230 minutes, 13 seconds
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ESPECIAL: Renata Lo Prete entrevista André Janones

Pré-candidato pelo Avante, o deputado federal por MG anuncia que, caso assuma a Presidência, irá implementar um programa de transferência de renda emergencial para atender à população mais pobre, seguindo os mesmos critérios do extinto Bolsa Família e ao custo de até R$ 400 bilhões anuais: “é o meio mais confiável de buscar a justiça social”. Para financiar esta que é sua principal bandeira eleitoral, ele acrescenta a necessidade de uma “verdadeira reforma tributária” que inclua taxação de lucros e dividendos, imposto sobre grandes fortunas e redução de subsídios. Para Janones, o Brasil vive uma “falsa polarização” entre dois candidatos com altos índices de rejeição, mas adianta que, caso não esteja no 2º turno, estará “do lado oposto ao do atual presidente, ao lado da democracia”. Questionado sobre a PEC Kamikaze, o pré-candidato diz que nem Jair Bolsonaro nem o Congresso deixam claro que os benefícios a serem ampliados acabam no fim de 2022. Aos 38 anos, André Janones concorre pela 1ª vez à Presidência. O Assunto apresentou a primeira rodada de entrevistas do jornalismo da Globo nas eleições deste ano. O encontro de 1h30 de duração foi transmitido ao vivo pelo g1 na tarde da segunda-feira (11) e publicado na íntegra como episódio especial do Assunto. Foram chamados os cinco pré-candidatos com melhor pontuação na pesquisa Datafolha do dia 26 de maio. A campanha do presidente Jair Bolsonaro, do PL, não chegou a enviar representante ao sorteio da ordem. A do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou. Nenhuma das duas confirmou presença até a data-limite, 3 de junho. Ciro Gomes (PDT) foi entrevistado em 13 de junho, e Simone Tebet (MDB) em 20 de junho.
7/11/20221 hour, 33 minutes, 57 seconds
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Para entender a sucessão em SP

A recém-anunciada saída de Márcio França (PSB) tende a afunilar a disputa pelo comando do Estado mais rico e populoso do país em três nomes: Fernando Haddad (PT), que hoje lidera com folga as pesquisas, e os tecnicamente empatados Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Rodrigo Garcia (PSDB). “É corrida de chegada, não de largada", adverte o jornalista Fábio Zambeli, lembrando que o petista já é amplamente conhecido, ao contrário dos outros dois. Peculiar, também, porque nem todos têm padrinho: enquanto Haddad se escora em Lula, e Tarcísio é obra de Bolsonaro, Garcia, ocupante do cargo, luta para se desvincular do desgastado antecessor, João Doria, e afastar o fantasma de Geraldo Alckmin -personificação do PSDB para o eleitor paulista, o ex-governador migrou para o PSB e estará no palanque de Haddad. Na conversa com Renata Lo Prete, o analista-chefe da plataforma Jota em São Paulo analisa os possíveis efeitos do “fator Alckmin” e os movimentos de Lula e Bolsonaro em território no qual competem de forma mais acirrada do que na média nacional. Para o ex-presidente, “já seria vitória” ver seu candidato no segundo turno. Para o atual, seu ex-ministro da Infraestrutura, de perfil menos belicoso do que o chefe, pode ser isca para recuperar votos perdidos no Estado. Zambeli contempla a possibilidade de “fim de uma era” -jamais o PSDB esteve sob tanto risco de perder seu reduto de quase três décadas. Mas considera prematura qualquer previsão de resultado, levando em conta que serão quase "duas eleições distintas": a que se desenrola na capital e na Grande SP, onde o voto é pendular ao longo dos anos, e a do interior, tradicionalmente à direita.
7/11/202224 minutes, 3 seconds
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As armadilhas do cigarro eletrônico

Tecnológico, mais bonito e com melhor aroma que a versão tradicional, os vaporizadores atraíram os jovens. Estudos recentes das universidades federais de Minas Gerais e de Pelotas apontam que aproximadamente um a cada cinco jovens entre 13 e 24 anos já experimentou pelo menos uma vez o aparelho – embora sua comercialização seja proibida desde 2009. E, nesta semana, a proibição da venda foi mantida pela Anvisa, em uma decisão unânime. “É uma lenda urbana que o cigarro eletrônico seja um redutor de danos”, afirma Jaqueline Scholz, professora livre docente da Faculdade de Medicina da USP e diretora do programa de treinamento contra tabagismo do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas. Entrevistada por Natuza Nery neste episódio, a cardiologista chama a atenção para “a rapidez e a intensidade com que a dependência da nicotina se instala nos usuários desse produto”. Um exemplo é o da cantora Solange Almeida, que relata seu caso em depoimento neste episódio, dizendo que o uso comprometeu até sua voz. A médica Jaqueline Scholz conta que já atende adolescentes com níveis de nicotina tão altos quanto de adultos fumantes e já se sabe das consequências do consumo nos países onde é legalizado: a taxa de mortalidade por doenças cardiovasculares é semelhante ao do cigarro comum, “com a diferença de ser em faixa etária mais nova”. Jaqueline comenta também sobre como a indústria tabagista vem tentando reverter o “marketing falido” dos cigarros convencionais e a pressão do lobby sobre legisladores e médicos.
7/8/202220 minutes, 44 seconds
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A queda de Boris Johnson

O primeiro-ministro do Reino Unido perdeu, apenas nos últimos dois dias, mais de 40 integrantes de seu governo. A debandada e as críticas crescentes de aliados do próprio partido vêm após a revelação de que Boris Johnson sabia desde 2019 das denúncias de abuso sexual contra um de seus aliados e que, mesmo assim, o promoveu e disse não saber de nada. A nova crise é apenas mais uma da série de inverdades descobertas sobre o mandato do premiê conservador, conta o jornalista Ernani Lemos, chefe do escritório da Globo na Europa. Em conversa com Natuza Nery direto de Londres, Ernani descreve o premiê como um "narcisista inveterado". Considerado oportunista pela opinião pública, o que explica parte de sua resiliência, está também o desprendimento em descartar aliados de acordo com a conveniência. “As escolhas dele foram mostrando que o projeto era só de poder”, explica. Segundo Ernani o futuro do arranjo do comando britânico é imprevisível, pelas características do líder do Partido Conservador. Mas nenhuma mudança de rumo a curto prazo é provável, mesmo após a saída do premiê. Em posições urgentes, como a guerra da Ucrânia, relação com União Europeia e o combate à pandemia, os partidos são unidos: “o país deve continuar na mesma direção, independente de quem seja o comandante", conclui.
7/7/202221 minutes, 5 seconds
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A crise Argentina aprofundada

Inflação acumulada na casa dos 60% e a moeda em desvalorização recorde perante o dólar. Junto com o cenário de deterioração econômica, o país vive o conflito entre o presidente Alberto Fernández e a vice, Cristina Kirchner – rixa que atingiu o ápice nos últimos dias, com a renúncia do ministro da Economia ao mesmo tempo em que Cristina fazia um discurso criticando a política econômica do país. “O governo está paralisado”, resume Janaína Figueiredo em conversa com Natuza Nery neste episódio. Repórter especial do jornal O Globo, Janaína descreve a “epidemia da desilusão” vivida em solo argentino. Direto de Buenos Aires, ela narra como a população busca trabalho fora do país, para receber em outras moedas. E relembra como o conflito entre presidente e vice é antigo (passando pelas eleições legislativas de 2021) - retomando um atrito do primeiro governo Kirchner, ainda em 2008. Ao lembrar a escolha de uma aliada de Cristina para comandar a economia, pontua como, no meio da crise, está o acordo com o FMI. Apoiado pelo presidente, o acordo agora não tem garantias de ser cumprido, diante de um Banco Central “zerado” de reservas.
7/6/202224 minutes, 22 seconds
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Vale do Javari: hoje e 20 anos atrás

Na passagem de um mês dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Philips, O Assunto ouve quem conheceu a região e o agora assassino confesso Amarildo de Oliveira em 2002, quando foi realizada a última grande expedição indigenista por lá, para conter invasões a territórios de povos isolados. Então com 21 anos, Pelado, como é conhecido, foi um dos guias na jornada de 105 dias, ajudando também na construção de canoas, conta Leonencio Nossa, repórter do jornal O Estado de S. Paulo e autor do livro “Homens Invisíveis” (2007), no qual relata essa viagem. Refletindo sobre a trajetória do ribeirinho, ele fala do ambiente: “O crime avançou muito”, com o narcotráfico passando a patrocinar pesca e garimpo ilegais e a ter ascendência sobre a representação política local. Leonencio também atualiza as informações sobre a investigação dos assassinatos do funcionário da Funai e do jornalista inglês, pendente de esclarecimento do mando. Na segunda parte do episódio, Renata Lo Prete conversa com Eliesio Marubo, procurador jurídico da Univaja, no momento em que o Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União pedem indenização de R$ 50 milhões aos indígenas do Vale do Javari. "Nós não sabemos se pode vir uma outra ofensiva contra as nossas lideranças”, ele alerta.
7/5/202228 minutes, 37 seconds
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Biden, Trump e o curto-circuito americano

O questionamento infundado do resultado das urnas em 2020 e a invasão do Congresso em janeiro do ano seguinte deixaram marcas profundas na que já foi uma das mais estáveis democracias do mundo. Embora derrotado na tentativa de golpe, Donald Trump conseguiu convencer a maior parte do eleitorado republicano de sua mentira, minando a possibilidade de apoio suprapartidário ao governo de Joe Biden. Somada aos efeitos da inflação, recorde em 40 anos, essa polarização extrema derruba a aprovação ao atual presidente, compromete as chances dos democratas nas eleições legislativas de novembro e “ameaça tornar os EUA um país ingovernável”, diz o professor de Relações Internacionais da FGV Oliver Stuenkel. Na conversa com Renata Lo Prete, ele analisa o papel da Suprema Corte - que, em decisões recentes a respeito de armas, aborto e meio ambiente reduziu ainda mais a margem de manobra de Biden para cumprir suas promessas de campanha. Stuenkel fala também da peculiar situação de Trump - cada vez mais exposto como incitador dos depredadores do Capitólio e, ao mesmo tempo, possível candidato em 2024. E recomenda olhar os EUA como exemplo dos danos de longo prazo causados por campanhas para desacreditar o sistema eleitoral.
7/4/202225 minutes, 47 seconds
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PEC Kamikaze: auxílios e bombas

A proposta de emenda constitucional esnobada pelo ministro da Economia em fevereiro acaba de passar, em versão mais que turbinada, em dois turnos no Senado. Entre uma data e outra, falharam seguidas manobras para conter a alta dos combustíveis. Agravaram-se as condições de vida da população e também a situação eleitoral de Jair Bolsonaro. “É a última opção para levá-lo ao segundo turno", diz o analista político Thomas Traumann sobre o texto que, ao instituir estado de calamidade pública até 31 de dezembro, permite gastar sem respeitar teto, além de dar a volta em restrições da legislação eleitoral. Entre benefícios, vales e vouchers para caminhoneiros e taxistas, serão aproximadamente R$ 41 bilhões de impacto fiscal, a ser sentido a partir de 2023. Na conversa com Renata Lo Prete, Traumann, colunista da revista Veja e do site Poder 360, analisa ainda outros itens da pauta pré-recesso do Congresso, como o esforço para blindar o Orçamento secreto, seja qual for o próximo governo.
7/1/202223 minutes
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Assédio: a queda do presidente da Caixa

Propostas de contato físico, insistência, constrangimentos em privado e também diante de terceiros. “Começaram em janeiro de 2019, quando ele assumiu”, relata a jornalista Heloísa Torres, depois de ouvir algumas das mulheres que denunciaram Pedro Guimarães por assédio sexual e moral. Foram ignoradas pelos sistemas de ouvidoria da Caixa Econômica Federal - quando não perseguidas e removidas de suas funções. Em conversa com Renata Lo Prete, a repórter da TV Globo em Brasília detalha esses depoimentos (“ele se aproximava das mulheres já pegando nelas”), que um dia depois de virem a público derrubaram um dos auxiliares mais próximos de Jair Bolsonaro. Participa ainda do episódio Andréia Sadi, apresentadora do Estúdio i (GloboNews) e colunista do g1, envolvida na cobertura do caso desde a primeira hora. Ela descreve os indícios de que o comportamento de Guimarães, sob investigação do Ministério Público Federal, era de amplo conhecimento da diretoria da CEF. Com suas atitudes, “Bolsonaro acaba dando carta branca” para isso, afirma. Andréia fala também da misoginia disseminada na atual administração e das dificuldades de Bolsonaro com o eleitorado feminino. “O governo não fez nada antes e não fez nada agora”, conclui, lembrando que o presidente esperou pela carta de demissão de Guimarães - a ser substituído por Daniella Marques, integrante da equipe do ministro Paulo Guedes.
6/30/202229 minutes, 51 seconds
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MEC: corrupção, acobertamento e CPI

O que começou como denúncia de um esquema de pastores com trânsito no Palácio do Planalto para traficar recursos da educação virou, três meses depois, um pedido de investigação sobre a conduta do presidente da República. E ameaça se transformar em mais uma Comissão Parlamentar de Inquérito no caminho dele - desta vez, a pouca distância das eleições de outubro. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe os jornalistas Vera Magalhães e Bruno Tavares. O repórter da TV Globo, primeiro a revelar ligações telefônicas em que o ex-ministro Milton Ribeiro afirma ter sido alertado por Jair Bolsonaro da iminência da operação da PF na qual seria preso, detalha a origem e o alcance das escutas (mais de 1.700 áudios) captadas com autorização da Justiça. Ele também lembra o que acontece agora que a ministra do Supremo Carmem Lúcia acionou a PGR: “Augusto Aras vê elementos para investigar Bolsonaro? Isso terá que ser dito”. Na conversa com Renata Lo Prete, Vera é cética quanto às chances de o procurador-geral se mexer. Ainda assim, “essa apuração sobre vazamento de informações e obstrução do trabalho da polícia tem potencial de estrago para Bolsonaro”, avalia a colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura. A partir da apresentação, nesta terça-feira, do pedido de abertura da CPI do MEC, Vera diz o que esperar do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de quem depende a instalação. Analisa ainda as movimentações dos governistas para evitar ou, no mínimo, empurrar ao máximo o início dos trabalhos da comissão.
6/29/202226 minutes, 59 seconds
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Mulheres: direitos reprodutivos sob ameaça

Primeiro, veio à tona o episódio de uma criança de 11 anos cuja interrupção da gravidez foi impedida por uma juíza em Santa Catarina. Depois, a atriz Klara Castanho viu sua história (um estupro seguido por gestação indesejada e doação do bebê) divulgada a todo país, contra sua vontade. Em meio a isso, nos Estados Unidos, a Suprema Corte derrubou a lei que garantia o direito ao aborto em todos os estados americanos desde 1973. “Controlar os corpos das mulheres é fundamental para os poderes autoritários e patriarcais”, resume Debora Diniz, professora da UnB e pesquisadora do Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. Em entrevista a Julia Duailibi, a antropóloga relacionou as “duas histórias de violência” a elementos estruturais da misoginia, e explicou por que a educação sexual nas escolas é “fundamental”. Também neste episódio, o obstetra Olímpio de Moraes descreveu o código de ética médico para lidar com situações de interrupção de gravidez: “ouvir sempre e nunca julgar”. Ele, que também é diretor do Centro Integrado de Saúde Amaury Medeiros, hospital referência em saúde da mulher em Pernambuco, detalhou a lei de mais de 80 anos que regulamenta em que casos a Justiça permite o aborto: caso a mãe corra risco de morte ou a gestação seja resultante de estupro. “É muito raro a mulher vítima de violência continuar a gravidez”, relata. “Para ela, todo dia é uma tortura”.
6/28/202231 minutes, 24 seconds
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Bolsonaro e os sentidos da necropolítica

Diante das centenas de milhares de vidas brasileiras perdidas na pandemia, normalização e deboche. Em resposta à tortura e morte de um cidadão por policiais rodoviários federais, desconversa. Nos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Philips, responsabilização das vítimas. Três exemplos da política de violência sistêmica que “glorifica a morte como espetáculo” e teve seu nome cunhado pelo filósofo camaronês Achille Mbembe. Para entender o fenômeno e como ele se impôs entre nós, Renata Lo Prete recebe neste episódio Silvio Almeida, professor visitante de Direito da Universidade de Columbia e presidente do Instituto Luiz Gama. Ele explica os traços comuns a esses e outros casos ocorridos sob “um governo que sabe operar os instrumentos de morte de maneira muito eficaz”. Para Silvio, a superação da necropolítica passa por um reordenamento em que “fome e miséria não sejam mais toleradas”, paralelamente à valorização de serviços fundamentais para a vida (como o SUS) e ao estabelecimento de políticas culturais que resgatem o “significado simbólico” dos que partiram.
6/27/202224 minutes, 31 seconds
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Lembrar de Betinho para combater a fome

Diante do retrocesso brutal na garantia do mais básico dos direitos, especialistas alertam: além de cobrar das autoridades que façam sua parte, retomando políticas públicas hoje esvaziadas, é urgente mobilizar a sociedade civil. Como fez, há três décadas, o sociólogo Herbert de Souza, idealizador de campanha pioneira para levar comida aos brasileiros mais pobres. Na largada do “Natal sem Fome”, do qual nasceu a ONG Ação para a Cidadania, 32 milhões enfrentavam esse drama. Hoje, os avanços significativos observados até 2014 foram perdidos, e o número mais recente é ainda pior que o do início dos anos 90: 33 milhões. Em conversa com Renata Lo Prete, Kiko Afonso, diretor-executivo da Ação, aponta retrocesso também na percepção da gravidade do problema. “Hoje, até mesmo quanto à fome há divisão”, diz. Contra todas as evidências, “uma parte da sociedade nega que ela exista”. Sem diminuir a importância das doações, especialmente no quadro alarmante do momento, Kiko ressalta a necessidade de conscientizar pessoas e empresas do imperativo de se envolver, abraçando a retomada de programas exitosos e elegendo candidatos comprometidos com a erradicação da fome.
6/24/202226 minutes, 40 seconds
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Assédio: servidores na era Bolsonaro

Muito antes de sofrer a emboscada na qual seria assassinado no Vale do Javari, o indigenista Bruno Pereira denunciava as ameaças que ele e colegas de serviço público sofriam da “máquina pesada” instaurada pelo atual governo, que descreveu como “autoritário” em sua última entrevista, à Folha de S. Paulo, detalhando de que maneiras o presidente da Funai o pressionava. Não era um caso isolado. A pesquisadora Michelle Morais de Sá e Silva reuniu dezenas de relatos de funcionários que, sob condição de anonimato, expuseram o clima de “medo coletivo” predominante nas mais diversas áreas da administração federal. Em conversa com Renata Lo Prete, a professora da Universidade de Oklahoma (EUA) explica, em primeiro lugar, o “embaralhamento” imposto: parcela expressiva dos servidores foi transferida de seus órgãos de origem sem lógica nem consentimento, comprometendo a eficiência do serviço prestado e, em vários casos, a saúde física e mental dos atingidos. Participa também do episódio o sociólogo Frederico Barbosa, pesquisador do Ipea e um dos organizadores do livro “Assédio Institucional no Brasil: Avanço do Autoritarismo e Desconstrução do Estado”. Ele explica que, de 2019 para cá, houve “mudança de método”: a atitude oficial agora, além de mais agressiva para com os indivíduos, visa também desqualificar os órgãos públicos. As pessoas “adoecem”, enquanto as instituições “perdem seu próprio sentido”.
6/23/202229 minutes, 7 seconds
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Bolsonaro, Lira e o teatro dos combustíveis

Desde o início do ano, a gasolina acumula alta de 9%, e o diesel, de 25%. Sob o impacto da crise internacional no setor de energia e do real desvalorizado, puxam uma inflação que corrói o poder de compra dos brasileiros e as chances de reeleição do presidente da República. Em resposta a este problema concreto, ele e aliados no Congresso escolheram um inimigo imaginário: a Petrobras. Uma ofensiva que escalou a patamar inédito a partir do último reajuste anunciado pela estatal, na sexta-feira passada. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista Carlos Andreazza examina as ideias lançadas pelo consórcio Bolsonaro-Centrão para bombardear a empresa - de CPI a uma Medida Provisória que esvaziaria, numa canetada, as conquistas de governança trazidas pela Lei das Estatais, de 2016. Bolsonaro, diz o colunista do jornal O Globo e apresentador da rádio CBN, replica sua eterna “lógica do confronto” ao trocar o comando da Petrobras pela terceira vez. E o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “dá aula de patrimonialismo” quando defende a MP em nome de “maior sinergia entre as estatais e o governo do momento”. Como principal elemento da farsa, Andreazza aponta o fato de que, ao longo da cruzada, Bolsonaro e auxiliares jamais colocaram em discussão a política de Preço de Paridade Internacional (PPI), dado essencial da equação. Para o jornalista, do barulho todo restará uma conta de pelo menos R$ 50 bilhões que conseguirá, no máximo, “maquiar a bomba de gasolina até a eleição”.
6/22/202223 minutes, 9 seconds
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ESPECIAL: Renata Lo Prete entrevista Simone Tebet

Pré-candidata pelo MDB, Tebet anuncia que, caso assuma a Presidência, irá lutar pela adoção de políticas que busquem o “desmatamento zero”. Ela defende duas bandeiras como “principais objetivos” de sua candidatura: “erradicar a miséria” e garantir que “não se derrube uma árvore de forma ilegal no Brasil”. Entre suas propostas, sugere recriar um ministério específico para Segurança Pública e advoga pela manutenção do teto de gastos: “a responsabilidade fiscal existe para alcançar um fim, que é a responsabilidade social”. Perguntada sobre o que fará caso não esteja no 2º turno, respondeu que “no palanque eleitoral defendendo a democracia”. Aos 52 anos, Simone, que é senadora pelo estado de Mato Grosso do Sul, concorre pela 1ª vez. O Assunto apresenta a primeira rodada de entrevistas do jornalismo da Globo nas eleições deste ano. O encontro de 1h30 de duração foi transmitido ao vivo pelo g1 na tarde da segunda-feira (20) e publicado na íntegra como episódio especial do Assunto. Foram chamados os cinco pré-candidatos com melhor pontuação na pesquisa Datafolha do dia 26 de maio. A campanha do presidente Jair Bolsonaro, do PL, não chegou a enviar representante ao sorteio da ordem. A do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou. Nenhuma das duas confirmou presença até a data-limite, 3 de junho. Ciro Gomes (PDT) foi entrevistado em 13 de junho. No dia 11 de julho é a vez de André Janones (Avante).
6/20/20221 hour, 33 minutes, 24 seconds
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Bolsonaro e o octógono do golpe

Em 2018, as urnas deram vitória ao candidato que se apresentou como “outsider”. Alojado no então nanico PSL, Jair Bolsonaro prometia governar contra toda a política tradicional. Quatro anos depois, concorre à reeleição pelo notório PL, mas mantém o discurso antissistema. “Ele tenta convencer sua base de que, mesmo com o Centrão, segue lutando”, afirma Marcos Nobre, autor do livro “Limites da Democracia”, recém-lançado pela editora Todavia. Para o núcleo duro de seu eleitorado, “deu certo”, resume o professor de filosofia da Unicamp, também presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). Em conversa com Renata Lo Prete, ele recupera uma linha do tempo que começa nos protestos de junho de 2013, passa pela Operação Lava Jato e chega à ascensão do “partido digital bolsonarista”. Nobre descreve uma tempestade perfeita em que se misturam radicalismo, relação umbilical com as Forças Armadas e Centrão no comando do Orçamento secreto. “Bolsonaro joga um jogo muito diferente daquele jogado pelas forças democráticas” diz, ressaltando que isso tende a se prolongar para além de outubro: “Para ele, ganhar eleição não é objetivo, mas instrumento”. Diante daquilo que descreve como iminente “caos social duradouro”, Marcos aponta que apenas a união dos mais diferentes setores pode se contrapor a “todas as possibilidades de golpe” que estão no horizonte. “É um momento sem volta: ou daremos um salto democrático, ou perderemos a democracia”.
6/20/202229 minutes, 4 seconds
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Juros recorde nos EUA: alerta na economia

Desde 1981, os americanos não sentiam na pele uma inflação tão alta, acima dos 8% ao ano. Uma reação colateral – e inesperada - à série de “pacotes fiscais substanciosos” que o presidente Joe Biden e seu antecessor Donald Trump despejaram para reanimar a economia. Neste episódio, Samuel Pessôa, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, conversa com Julia Duailibi para descrever a sequência de “choques de demanda” que vêm impactando o mundo desde 2019: primeiro, a crise dos suínos na China; depois, a pandemia de Covid-19; e, por fim, a guerra na Ucrânia, “um dos celeiros de comida do mundo”. Os efeitos têm sido conhecidos no mundo todo, não só nos EUA, uma inflação generalizada, com destaque para os alimentos. O economista também explica que a contração monetária americana deve ajudar a segurar os preços, inclusive dos combustíveis, em todo o mundo, mas não de graça. “EUA crescendo menos é ruim para os emergentes”, afirma.
6/17/202223 minutes, 5 seconds
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O assassinato de Bruno e Dom na Amazônia

Mais de dez dias depois do desaparecimento do indigenista brasileiro e do jornalista britânico, o caso se encaminha para um desfecho. O principal suspeito, Amarildo da Costa Oliveira, o “Pelado”, confessou à Polícia Federal o assassinato e a ocultação dos cadáveres das vítimas - seu irmão Oseney também foi detido, mas não assumiu o crime. Nesta quarta-feira, Pelado levou os policiais até o ponto do rio Itaquaí onde teria descartado os corpos: resquícios de material humano foram encontrados e levados à perícia para a confirmação das identidades. Neste episódio do Assunto, Julia Duailibi conversa com Alexandre Hisayasu, repórter da TV Amazônica que acompanha o caso de perto. É ele quem narra o passo a passo das investigações, desde as condições precárias da polícia local até a intensa participação de grupos indígenas nas buscas de pistas sobre o paradeiro da dupla: “o Bruno era muito respeitado pelas lideranças da região”, lembra. Alexandre explica também as relações hostis entre o indigenista, que atuava na proteção da Terra Indígena Vale do Javari, e traficantes, garimpeiros e pescadores ilegais, que há anos o ameaçavam.
6/16/202223 minutes
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A batalha do ICMS

De olho na reeleição, há meses Jair Bolsonaro tenta empurrar para os Estados, que arrecadam o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, a responsabilidade pela escalada dos preços dos combustíveis, locomotiva da inflação. Em sintonia com o presidente, o Congresso se movimenta para limitar as alíquotas desse que é o principal imposto brasileiro, ameaçando os governadores com perdas de mais de R$ 100 bilhões, segundo estimativa do conselho dos secretários de Fazenda. "É uma guerra fiscal de despesas e receitas na federação", resume Élida Graziane, procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo. Segundo ela, a União vem progressivamente se desobrigando de despesas, ao mesmo tempo em que “inibe ganhos” dos outros entes. Antes do ICMS, lembra a professora da Fundação Getúlio Vargas, também o IPI foi garfado para segurar os preços dos combustíveis -e eles continuaram a subir. Na conversa com Renata Lo Prete, ela ainda descreve como esses movimentos comprometem, “numa só machadada", gastos com saúde, educação e segurança pública. "O governo federal tolhe o custeio abrupta e rapidamente, enquanto promete compensações que não passam de promessa".
6/15/202222 minutes, 16 seconds
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ESPECIAL: Renata Lo Prete entrevista Ciro Gomes

Pré-candidato pelo PDT, Ciro diz que, caso assuma a Presidência, irá “abrir mão da reeleição em troca das reformas do país”. Ele defende a necessidade de uma “reconstitucionalização do Brasil”, que seria feita a partir de "grande pacto" com governadores e prefeitos. Entre suas propostas, apresenta um programa de “renda mínima” para reduzir a miséria, além da federalização da educação básica e a proibição de militares em cargos políticos. Também sobre a presença das Forças Armadas no governo Bolsonaro, o pré-candidato chamou de “Frota boys” os ministros mais próximos ao presidente – uma referência ao general Sylvio Frota, um dos quadros mais radicais da ditadura militar. Aos 64 anos, Ciro concorre pela 4ª vez. O Assunto começa a primeira série de entrevistas do jornalismo da Globo nas eleições deste ano. A entrevista foi transmitida ao vivo pelo g1 na tarde da segunda-feira (13) e publicada na íntegra como episódio especial do Assunto. Foram chamados para a série de entrevistas os cinco pré-candidatos com melhor pontuação na pesquisa Datafolha do dia 26 de maio. A campanha do presidente Jair Bolsonaro, do PL, não chegou a enviar representante ao sorteio da ordem. A do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enviou. Nenhuma das duas confirmou presença até a data-limite, 3 de junho. Na próxima segunda-feira (20), a entrevistada será Simone Tebet (MDB). No dia 11 de julho é a vez de André Janones (Avante).
6/13/20221 hour, 29 minutes, 1 second
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O Censo e a população LGBTQIA+

A Justiça Federal do Acre determinou que o IBGE inclua questões sobre orientação sexual e identidade de gênero no questionário do censo demográfico deste ano. No entanto, ao recorrer da decisão, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística alega que a única alternativa possível para a inclusão é um novo atraso: previsto originalmente para 2020, o Censo foi adiado pela pandemia e, no ano seguinte, por falta de orçamento. "O que não se pode esperar são mais dez anos para que finalmente haja a inclusão da população LGBTI+", diz o professor de Direito da Unifesp Renan Quinalha. Em conversa com Julia Dualibi, o autor do livro “Movimento LGBTI+: uma breve história do século XIX aos nossos dias”, conta que a reivindicação para a inclusão vem desde o começo dos anos 1980, pois "sem dados qualificados, a gente não tem políticas públicas efetivas e precisas". A consultora do IBGE Suzana Cavenaghi explica a complexidade da organização de uma pesquisa, “cujas perguntas são planejadas desde o fim do Censo anterior”. Embora a barreira principal seja a falta de tempo hábil - todas as perguntas necessariamente precisam passar por testes com a população -, ela alerta para o risco de uma eventual “desinformação” decorrente da reação dos entrevistados diante do questionamento. “Isso pode botar a perder toda uma operação censitária”.
6/13/202224 minutes, 52 seconds
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A nova regra para os planos de saúde

Talita Negri e sua filhinha de 3 anos percorrem quase mil quilômetros para que ela tenha acesso ao tratamento adequado para seu problema de saúde. Para atender Victoria, que tem microcefalia com comprometimento motor e intelectual, ela entrou na Justiça e exigiu que a empresa de assistência médica financiasse o custo de clínicas e profissionais especializados. “Hoje, ela consegue ficar em pé sozinha”, orgulha-se Talita em depoimento à equipe do Assunto. Histórias como essa podem se tornar ainda mais raras depois que o STJ, por 6 a 3, definiu que o rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar deve ser considerado taxativo. Ou seja, os planos de saúde estão desobrigados a oferecer qualquer tratamento ou terapia que não esteja na lista da ANS. Mas, aponta a médica Lígia Bahia, há uma “vírgula” no texto que permite exceções. Em entrevista a Julia Duailibi, a professora e coordenadora do grupo de pesquisa sobre saúde coletiva da UERJ explica por que juízes de 1ª e 2ª instâncias devem “reconhecer os abusos e interpretações absurdas” dos planos de saúde. No entanto ela se preocupa com a “grande chantagem” da qual as empresas lançam mão para justificar aumentos de preço e influenciar as decisões da ANS – cuja função é defender o direito do consumidor, mas se coloca “descaradamente” do outro lado. Ela fala ainda sobre a pressão que tal medida pode colocar sobre o Sistema Único de Saúde: “O SUS ficou para os pobres e os planos de saúde, para os menos pobres”.
6/10/202222 minutes, 44 seconds
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O Supremo polarizado

No momento de maior tensão entre o chefe do Executivo e a Suprema Corte do país, o Tribunal Superior Eleitoral entrou em cena. Foi em outubro do ano passado que, por 6 a 1, o TSE cassou o mandato do deputado bolsonarista Fernando Francischini (ex-PSL, atual União Brasil), que divulgou em suas redes sociais fake news contra as urnas eletrônicas, colocando em xeque a lisura da eleição de 2018. O ex-parlamentar recorreu ao STF e coube ao primeiro ministro indicado por Bolsonaro ao Supremo, Nunes Marques, devolver o mandato. Durou pouco, quase nada: em menos de uma semana, a decisão chegou à Segunda Turma do Supremo que ratificou a sentença do TSE. Para Eloísa Machado, professora de direito constitucional da FGV, trata-se de uma medida que demonstra uma “harmonia” entre as duas cortes no objetivo de “preservar a integridade das eleições”, embora identifique um “jogo combinado” entre Nunes Marques e André Mendonça, segunda indicação do presidente ao STF. "O ambiente polarizado na política, acaba criando o mesmo no Supremo", explica Débora Santos, analista de Judiciário da XP Investimentos. Em entrevista a Julia Duailibi, a ex-secretária de Comunicação do STF reforça que "o ambiente não é de normalidade", mas que o senso de autopreservação do tribunal mais une os ministros do que os afasta.
6/9/202228 minutes, 25 seconds
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A epidemia de atiradores nos EUA

Buffalo, Uvalde, Chattanooga... Desde o início do ano, o país registrou 244 tiroteios, com 256 mortos, segundo dados do jornal The Washington Post. Apenas no final de semana passado, quando ainda estava fresco na memória o massacre das crianças em uma escola do Estado do Texas, foram 11 óbitos em diferentes cidades. Em conversa com Renata Lo Prete, Guga Chacra explica que são pelo menos dois tipos de violência em alta: a de gangues e a de atiradores solitários, estes praticamente um traço distintivo dos Estados Unidos, onde a proporção de armas por habitante é a maior do mundo. Comentarista da GloboNews e colunista do jornal O Globo, Guga cita fatores como o poder do lobby das armas e a composição da Suprema Corte para justificar seu ceticismo. “Não há a menor possibilidade de aumento significativo nas restrições", diz ele, a despeito da dor das famílias e do movimento de jovens nessa direção.
6/8/202222 minutes, 14 seconds
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Os desaparecidos no Vale do Javari

O sumiço do servidor licenciado da Funai Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips ganhou repercussão internacional, chamando a atenção para o desastre em curso no território que abriga a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo. Ambos com larga experiência em transitar na região, eles foram vistos pela última vez na manhã do domingo a caminho de Atalaia do Norte (AM), perto da fronteira com o Peru. Na viagem, Dom esperava colher depoimentos de moradores, permanentemente ameaçados por garimpeiros, madeireiros e todo tipo de atividade ilegal. Em entrevista a Renata Lo Prete, Eliesio Marubo, procurador jurídico da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) relata as ameaças que Bruno, ele próprio e o colega Beto Marubo vinham sofrendo. Participa também o jornalista Rubens Valente, autor do livro “Os Fuzis e as Flechas”, sobre ataques a povos indígenas durante a ditadura. “Na ‘nova Funai’”, diz ele, usando expressão adotada no governo Bolsonaro, “o Estado encolheu”, ele resume. Na Amazônia em que o crime organizado ganha terreno, observa Rubens, “jornalistas e funcionários se tornaram mais um alvo”.
6/7/202228 minutes, 18 seconds
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Guerra na Ucrânia: um exame aos 100 dias

O governo de Kiev contabiliza cerca de 20% do território ocupado pelo invasor, baixas de até 100 soldados por dia, cidades destruídas e pelo menos 14 milhões de pessoas que precisaram abandonar suas casas, quando não o país. Para a Rússia, que imaginava conduzir uma operação rápida e com pouca resistência, o saldo inclui a perda de generais e o peso de sanções sem precedentes. Em comum, os dois lados seguem sustentando que alcançarão vitória no campo de batalha. “Essa é uma guerra muito cara e de efeitos de longo prazo para o mundo todo”, afirma o professor de Relações Internacionais Tanguy Baghdadi. Ele se refere à alta disseminada de preços e ao risco de desabastecimento de itens essenciais como grãos, combustíveis e fertilizantes. Em conversa com Renata Lo Prete, Tanguy analisa a posição norte-americana: "Podemos ver a formação de dois blocos absolutamente apartados". Seria o resultado do contencioso dos EUA com Rússia e China. Para ele, não será surpresa se Vladimir Putin anunciar “que venceu a guerra” tão logo assuma integralmente o controle do leste ucraniano e do corredor sul do país. Já a Ucrânia precisa de mais: não apenas encerrar o conflito, mas estabelecer acordos diplomáticos que evitem “uma outra guerra daqui a dois anos”.
6/6/202221 minutes, 38 seconds
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O mistério da Covid na Coreia do Norte

De março de 2020 até maio de 2022, enquanto o mundo acumulava mais de 6 milhões de mortos pela doença, o país não teve nem sequer um caso. Ou assim dizia o regime de Kim Jong-un, cujas estatísticas os organismos internacionais jamais puderam verificar. No entanto, desde um suposto “paciente zero”, anunciado há cerca de 20 dias, foram registrados casos de uma “febre misteriosa” em mais de 10% dos 25 milhões de norte-coreanos, e a comunicação estatal assumiu que a pandemia havia invadido as quase intransponíveis fronteiras da ditadura. Os óbitos, porém, não passariam de 70. O repórter da TV Globo Álvaro Pereira Júnior faz as contas: pelos dados oficiais, a taxa de mortalidade seria de 0,002%, um desempenho 65 vezes melhor que o da vizinha Coreia do Sul, “modelo no combate à Covid”. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista, que estuda Coreia do Norte há 15 anos e foi dos poucos brasileiros a realizar reportagens no país, discute os motivos que teriam levado Kim Jong-un a decretar emergência de saúde pública e lockdown total, ao mesmo tempo recusando qualquer tipo de ajuda internacional, inclusive da parceira China. Isso tudo para depois afirmar, em nova reviravolta, que o surto já foi controlado. Embora “ninguém consiga entender bem”, as hipóteses mais aceitas são “medo de sabotagem” ou de “admitir fraqueza”. Álvaro comenta ainda os riscos para a população da “Coreia do Norte real”, que vive sob as mais precárias condições alimentares e sanitárias. Apesar disso, diz ele, “não há a menor possibilidade desta pandemia desestabilizar o regime”.
6/3/202220 minutes, 30 seconds
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Máscaras de volta: onde e quando usar

Desde o fim do primeiro trimestre, superado o pior momento da ômicron e diante do avanço na vacinação, essa barreira de contenção do contágio foi desaparecendo do rosto dos brasileiros. Só que agora, às portas do inverno, a média móvel de novos casos de Covid está em alta de 96%, na maior variação desde 31 de janeiro. Temendo sobrecarga no sistema de saúde, autoridades de vários estados resgataram a recomendação, já convertida em obrigatoriedade por uma série de prefeitos, de uso de máscara em locais fechados. O engenheiro biomédico Vitor Mori, entrevistado neste episódio, recomenda maiores cuidados neste período do ano. Em conversa com Renata Lo Prete, ele examina diferentes situações e seus respectivos graus de risco. Segundo ele, a decisão de utilizar ou dispensar máscara deve levar em conta fatores como ventilação do local, vulnerabilidade e doses de vacina da pessoa e do seu entorno. Em celebrações típicas desta época, como festas juninas, o integrante do Observatório Covid-19 BR sugere usar. “O risco ao ar livre cai muito, mas não é zero, especialmente se a gente tem uma interação face-a-face", diz.
6/2/202221 minutes, 28 seconds
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Chuva extrema: tragédia dos mais pobres

Em apenas 5 meses, 2022 concentra um quarto das mortes provocadas por chuvas no Brasil em dez anos. Foram 457 vítimas até o fim de maio, segundo informou ao Assunto a Confederação Nacional de Municípios. Desde a semana passada, entraram nessa conta catastrófica mais de cem moradores da região metropolitana do Recife. De suas famílias, quem sobreviveu perdeu tudo - a exemplo do que já havia acontecido este ano em estados como Bahia, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Na capital pernambucana, “qualquer evento climático extremo acentua a vulnerabilidade", alerta Hernande Pereira, coordenador do Instituto para Redução de Riscos e Desastres da Universidade Federal Rural de PE. Ele explica a urgência de políticas habitacionais destinadas à população que vai morar em encostas, forçada a deixar o interior pela falta de trabalho e renda. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com Maria Fernanda Lemos, professora de urbanismo da PUC-Rio. Coordenadora do capítulo sobre as Américas do Sul e Central do relatório mais recente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ela sinaliza a tendência de aumento na intensidade e duração das chuvas. E destaca como, além do gasto emergencial para conter danos, é necessário planejamento de longo prazo para adaptar infraestrutura e edificações a essa nova realidade. Do contrário, diz, “desastres e perdas serão cada vez maiores".
6/1/202221 minutes, 52 seconds
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Colômbia: significados do 1º turno

Gustavo Petro, de esquerda, que liderou a apuração com 40,4% dos votos, “personifica a insatisfação econômica e social” disseminada no país, campeão regional de desigualdade. Rodolfo Hernandez, populista de direita que obteve 27,9%, “personifica a insatisfação com a política”. Quem explica, direto de Bogotá, é Thiago Vidal, gerente de análise política para a América Latina da consultoria Prospectiva. Neste episódio, ele analisa a conjuntura antigoverno e antissistema que acabou por excluir, da etapa final, o grupo que manda na Colômbia há mais de duas décadas, atualmente representado pelo desgastado presidente Ivan Duque - candidato apoiado por ele, o ex-prefeito de Medellín Federico Gutierrez chegou em terceiro. Thiago observa que, seis anos depois do histórico (e até hoje não inteiramente implementado) acordo de paz com as Farc, esta é a primeira eleição “na qual questões de segurança pública e nacional não dominam o debate”. Na conversa com Renata Lo Prete, ele também avalia as chances de Petro e Hernandez no segundo turno, em 19 de junho, além de mostrar qual seria o grau de dificuldade de cada um para construir base no Congresso.
5/31/202221 minutes, 58 seconds
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Fator diesel na equação dos combustíveis

Usado para transportar mais de 60% das cargas no país, ele acumula alta de 47% nos últimos 12 meses, com efeitos “que se espalham por toda a economia”, afirma o especialista em infraestrutura Fernando Camargo. Para Jair Bolsonaro, que só pensa em escapar do custo eleitoral da explosão dos preços dos combustíveis, o diesel é um problema à parte, pois impacta diretamente uma categoria profissional que o ajudou a chegar ao Palácio do Planalto: a dos caminhoneiros. Somada à escassez do produto no mercado internacional, em consequência da guerra na Ucrânia, a disposição do governo para atropelar a Petrobras colocou no horizonte o risco de desabastecimento - que Camargo avalia, sem alarmismo, na conversa com Renata Lo Prete. Participa ainda Alvaro Gribel, colunista do jornal O Globo, para relembrar "os 10 dias que pararam o Brasil" na greve dos caminhoneiros, em 2018. Ele também atualiza as informações sobre o “bolsa caminhoneiro” que está no forno da equipe econômica, a um custo previsto de R$ 1,5 bilhão este ano.
5/30/202224 minutes, 52 seconds
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Bolsonaro e a polícia da morte

Desde sempre, o presidente estimula a violência e o descontrole das forças de segurança. No cargo, deu tratamento privilegiado a essas corporações, com as quais espera contar para afrontar a Constituição em caso de derrota nas urnas. Nesta semana, a Polícia Rodoviária Federal se viu exposta em 2 casos reveladores desse estado de coisas. No Rio, ganhou as manchetes ao participar, de forma até agora mal explicada, da operação que deixou mais de 20 mortos na Vila Cruzeiro. Em Sergipe, “um caso de tortura seguida de morte, onde os envolvidos são agentes da lei”. É como o professor de direito constitucional Oscar Vilhena (FGV-SP) descreve a barbárie a que policiais rodoviários submeteram Genivaldo de Jesus Santos, homem negro de 38 anos, no município de Umbaúba. Na conversa com Renata Lo Prete, o integrante da Comissão Arns analisa o papel do mau exemplo que vem de cima e a complacência de parte da sociedade com o atropelo dos direitos mais básicos, que vitima sobretudo os pobres. “Em nenhuma outra democracia no mundo a polícia chegou a padrões de tamanha violência", diz.
5/27/202225 minutes, 26 seconds
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A matança no Rio de Janeiro

Apenas na favela do Jacarezinho, há um ano, a polícia matou mais do que nesta terça-feira (25) na Vila Cruzeiro, uma das comunidades que formam o Complexo da Penha, na Zona Norte da capital fluminense. Entre as 25 vítimas, a cabeleireira Gabrielle da Cunha, atingida por um tiro dentro de casa, na vizinha Chatuba. Em conversa com Renata Lo Prete, Thainã de Medeiros, co-fundador do coletivo Papo Reto e testemunha da operação, relata o que viveu na mira de um fuzil. E reflete sobre o impacto de escolas e lojas fechadas, além do embaraço por que passam moradores impedidos de chegar ao trabalho em dias de confronto. “Não existe atestado-tiroteio”, diz. Participa também do episódio Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN. "A polícia do Rio está dentro de um caldo cultural, puxado por Jair Bolsonaro, de afronta à autoridade do Supremo", analisa, numa referência aos limites colocados pelo tribunal a operações em favelas durante a pandemia. Bernardo trata também das conexões entre a insegurança pública e a eleição que se aproxima: o governador Claudio Castro (PL), que herdou a cadeira do cassado Wilson Witzel, disputará o segundo mandato de olho principalmente no voto bolsonarista no estado. O ambiente, afirma o jornalista, é de "naturalização de uma polícia que morre e mata muito”.
5/26/202227 minutes, 11 seconds
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Varíola dos macacos: o que já se sabe

A doença, há muito tempo presente de forma controlada em regiões da África, agora surpreende ao aparecer em pelo menos 17 países - entre eles vários da Europa, EUA, Austrália e Israel. Diante do registro de mais de 200 casos, a OMS emitiu alerta e, no Brasil, o Ministério da Ciência e Tecnologia criou um comitê para acompanhar a situação. Umas de suas integrantes, a microbióloga Giliane Trindade, conversa com Renata Lo Prete para explicar que o vírus causador é, felizmente, muito menos letal do que aquele responsável pela outra varíola, erradicada em 1980 depois de causar 300 milhões de mortes ao longo do século 20. A atual se chama “dos macacos” porque neles foi primeiro identificada, esclarece a pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais. Giliane também conta quais são os medicamentos e vacinas existentes no mundo para tratar a doença, cujo traço mais visível são lesões de pele que depois secam. Outro motivo para alívio, diz ela, é que, “diferentemente do Sars-Cov-2, esse vírus não tem transmissão facilitada”.
5/25/202219 minutes, 47 seconds
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Doria fora: e agora, 3ª via?

O ex-governador de São Paulo terminou por ceder às pressões do PSDB, retirando-se da disputa pela Presidência meses depois de vencer a prévia interna. Agora, tucanos caminham para uma tentativa de acordo com Cidadania e MDB em torno de um nome desta última sigla, o da senadora Simone Tebet. Em conversa com Renata Lo Prete, a jornalista Vera Magalhães resgata o processo de fritura que culminou no movimento desta segunda-feira, revelador de um partido que perdeu “alma e caráter”, diz. Colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva (TV Cultura), Vera recomenda cautela na avaliação das chances desta que será a nona opção para emplacar uma candidatura competitiva da chamada “terceira via”. Segundo ela, Tebet não está livre de ser vítima da mesma lógica aplicada a Doria. Como pano de fundo, lembra a jornalista, há a cristalização das intenções de voto em Lula (PT) e Bolsonaro (PL), primeiro e segundo colocados nas pesquisas, respectivamente. Vera trata ainda da situação de Rodrigo Garcia, neotucano que sucedeu Doria no Palácio dos Bandeirantes, trabalhou para tirá-lo do páreo nacional e agora tem uma eleição difícil pela frente em São Paulo. Para Vera, se o PSDB perder o maior colégio eleitoral do país, que comanda desde 1995, “será terra arrasada”.
5/24/202223 minutes, 5 seconds
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Mães do Brasil: direitos negados

Prevista desde 1948 na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), a licença-maternidade está, no entanto, fora do alcance de parcela expressiva da população, dado o crescimento da informalidade. O percentual dos “sem-carteira”, hoje por volta de 40% da força, é até maior entre as mulheres. E a esse contingente “vários direitos não se aplicam", observa Cecília Machado, professora da Escola Brasileira de Economia e Finanças da FGV. Por isso, ela explica, é preciso discutir políticas de proteção a mães e recém-nascidos que vão além da licença, além de estimular maior participação dos pais nos cuidados, combatendo a ideia retrógrada de que os primeiros meses de vida seriam essencialmente tarefa das mães. Sobre a licença propriamente dita, Cecília rebate o argumento, vocalizado por personagens do governo, de que seria prejudicial às empresas. Todas as partes ganham com a segurança familiar, diz a pesquisadora. E, “quando é destruído o vínculo”, nos casos de demissão após o retorno, não só a mulher perde”, avalia. “As firmas também perdem todo o investimento que fizeram na funcionária”.
5/23/202220 minutes, 5 seconds
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Por que homeschooling é contra os pobres

A Câmara dos Deputados concluiu nesta quinta-feira a aprovação da lei que introduz o ensino domiciliar no país. O texto, que agora vai ao Senado, torna realidade uma bandeira levantada por Jair Bolsonaro e alguns de seus apoiadores mais ferrenhos desde o início do governo. Em conversa com Renata Lo Prete, Salomão Ximenes, professor de Políticas Públicas da Universidade Federal do ABC, critica duramente o projeto. Ele entende que, sob pretexto de atender ao desejo de algumas milhares de famílias, estão sendo retirados direitos consolidados de milhões de estudantes, colocando em risco a dura e tardiamente conquistada universalização do ensino básico no Brasil. “É um ataque frontal a pilares da educação pública”, afirma, mencionando a Lei de Diretrizes e Bases e o Estatuto da Criança e do Adolescente. O professor diz ainda que, negligenciando custos, a medida “empurra para os estados e municípios a responsabilidade pela implementação”. Também participa do episódio Maria Celi Vasconcelos, pesquisadora da UERJ e autora de livro sobre o tema. Para ela, o projeto atende a uma demanda legítima, mas regras de transição seriam bem-vindas. “Passamos da proibição para uma regulamentação semelhante à de países que a educação domiciliar para há muitas décadas contam com ensino domiciliar”, diz.
5/20/202219 minutes, 11 seconds
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Altamira: crimes e ruínas da floresta

O município mais extenso do país, no sudoeste do Pará, teve 12 assassinatos nas últimas duas semanas, todos com características de execução. Eles ocorrem num contexto de degradação social e ambiental diretamente associado às obras da hidrelétrica de Belo Monte, ao longo da década passada. Nesse período, a taxa local de homicídios se multiplicou por dez, entre outros indicadores deteriorados. Em conversa com Renata Lo Prete, a premiada jornalista Eliane Brum avalia que Altamira representa a vanguarda da destruição da Amazônia. "O que acontece aqui é uma espécie de crise climática localizada", diz ela, hoje moradora da cidade. Também documentarista e escritora, seu livro mais recente é “Banzeiro Okotó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo”, que investiga desastres socioambientais, principalmente na área do Rio Xingu, que banha a cidade. Eliane descreve como vivem, nas periferias, “pobres urbanos” que foram expulsos de suas terras pela construção da usina. “Entender uma cidade amazônica é entender o que são as ruínas da floresta", diz.
5/19/202228 minutes, 30 seconds
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Por que a dengue voltou com força

Desde janeiro, o Brasil registrou mais de 700 mil casos, superando o total do ano passado. O aumento de 150% nos registros é revelador do “padrão oscilatório” da doença, explica Claudia Codeço, coordenadora do InfoDengue, serviço da Fiocruz que monitora enfermidades transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. Segundo a pesquisadora da Fiocruz, o surto de 2022, que já causou 265 mortes, concentra-se numa espécie de corredor que vai “do Tocantins ao oeste de Santa Catarina”. E se deve a fatores que incluem desde a longa temporada de chuvas deste ano, favorável à concentração de água parada, até o empobrecimento da população, que precariza a moradia. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com Melissa Falcão, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia. Ela relembra bem-sucedidas campanhas de prevenção que remontam a 1950 - e que hoje fazem falta. “O principal ponto no qual o poder público pode influenciar é a infraestrutura”, diz, mencionando saneamento e coleta de lixo.
5/18/202215 minutes, 46 seconds
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Finlândia na Otan: por que isso importa

Assim como a também escandinava Suécia, o país abandonou décadas de neutralidade para pleitear entrada na Organização do Tratado do Atlântico Norte, aliança militar liderada pelos EUA. Em conversa com Renata Lo Prete, o professor de Relações Internacionais Oliver Stuenkel explica que o movimento revela mudança num cálculo de custo-benefício: o medo de agressão passou a superar o desejo de evitar contencioso com a vizinha Rússia. “Até recentemente, a neutralidade fazia parte não só da política externa desses dois países, mas era também um elemento da identidade política de ambos”, diz ele. Para Stuenkel, as potências do Ocidente estão “fechando fileiras", preparando-se para uma tensão permanente entre Europa e Rússia. “E algo parecido pode acontecer mais para frente em relação à China”, completa o analista. Mais um sinal, segundo ele, de que nenhum dos dois lados da guerra na Ucrânia irá recuar. "O cenário mais provável segue sendo um impasse que pode durar anos".
5/17/202223 minutes, 28 seconds
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Petrobras e preços: fatos e fakes

Em sua escalada ofensiva contra a Petrobras, Jair Bolsonaro, secundado pelos ministros Adolfo Sachsida e Paulo Guedes, agora fala em privatizá-la. “Eles sabem que estão mentindo”, diz sem rodeios Miriam Leitão, em conversa com Renata Lo Prete neste episódio. Comentarista da Globo, apresentadora de um programa na GloboNews, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, Miriam cita o caso da Telebrás, nos anos 1990, para lembrar que privatizações bem-feitas demoram. E explica que, ainda que a empresa saísse das mãos do Estado, a política de preços não seria muito diferente. "[Bolsonaro] quer se descolar do ônus de ser governante num momento em que os combustíveis sobem", avalia. Para ela, subsídios fazem sentido quando adotados para beneficiar os pobres, como no caso do gás de cozinha: “é difícil, num país tão desigual, você fazer um subsídio linear, você tem que transferir renda”. Sem esquecer que a alta de preços é, no momento, um fenômeno mundial, ela aponta o fator que agrava o problema por aqui: “Bolsonaro cria inflação" ao provocar crises institucionais.
5/16/202222 minutes, 20 seconds
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O retrato do buraco negro

Nesta quinta-feira, o mundo viu pela primeira vez imagens do Sagittarius A*, que fica no centro da Via Láctea, a galáxia do Sistema Solar. A conquista é do Event Horizon Telescope (EHT), iniciativa da qual participam centenas de cientistas de mais de uma dezena de instituições. A partir de 8 pontos da Terra eles "observam ao mesmo tempo o mesmo alvo e depois combinam todos os sinais”, em um “desafio tecnológico grande", explica Thaisa Storchi Bergmann, chefe do grupo de pesquisa em Astrofísica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em conversa com Renata Lo Prete, ela diz que as imagens do Sagittarius A* confirmam conclusões tanto dos vencedores do prêmio Nobel de Física de 2020 quanto da Teoria da Relatividade de Albert Einstein. “Os supermassivos surgiram no centro das galáxias”, ensina Thaisa. “E se formaram junto com elas, no início do Universo”. A astrofísica, responsável por uma importante descoberta sobre buracos negros no começo dos anos 1990, avalia que a foto é um "sucesso de todos” os que estudam o tema. “Culminou numa imagem que confirmou praticamente tudo que a gente vinha concluindo", comemora.
5/13/202220 minutes, 22 seconds
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Tempestade armada na economia mundial

Associada ao aumento de preços com a recuperação da atividade pós-pandemia, a inflação se consolidou como fenômeno global. E leva bancos centrais a decidir por apertos monetários, colocando recessão no horizonte. Dados divulgados nesta quarta-feira nos EUA mostram que a taxa acumulada em 12 meses chegou a 8,3% em abril, perto do maior patamar desde 1981. "Talvez ela tenha atingido um pico, mas nada indica que está a caminho de cair nos próximos meses", afirma o economista Otaviano Canuto em conversa com Renata Lo Prete. Segundo o ex-diretor do FMI e ex-vice-presidente do Banco Mundial, “a grande pergunta hoje é qual o grau de vulnerabilidade desse processo: o reajuste para baixo dos preços das ações, a alta das taxas de juros e as dificuldades de crédito". Hoje integrante sênior do Policy Center For The New South, Canuto aponta os fatores que diferenciam os temores atuais da crise de 2008, como a menor participação de instituições bancárias no sistema financeiro. E também os que aproximam, com destaque para os prêmios atrelados a ativos de elevada classificação de risco.
5/12/202222 minutes, 34 seconds
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Bolsonaro e a anatomia do golpe

Na segunda-feira, o TSE respondeu aos questionamentos do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas. As perguntas foram feitas no âmbito de uma comissão criada pelo tribunal para dar ainda mais transparência ao processo eleitoral, com as Forças Armadas chamadas a participar. “A partir desse convite, elas se empoderam. Aquela ideia de suposto ‘poder moderador' ganha materialidade e se arma uma tocaia”, avalia o jornalista Carlos Andreazza, para quem houve má-fé por parte dos militares. Em conversa com Renata Lo Prete, o colunista do Jornal O Globo e apresentador da rádio CBN diz que parte importante do golpismo surge de uma “leitura pervertida” do artigo 142 da Constituição, difundida pelo presidente a partir da célebre reunião ministerial de abril de 2020, ressoando até hoje. “O golpe está acontecendo agora e passa por essa dissolução de crença nos valores da República”, afirma Andreazza. Para ele, mais grave é o estado de golpismo permanente, “corroborado pelas Forças Armadas” onde os “pilares republicanos são carcomidos”.
5/11/202223 minutes, 32 seconds
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O salário mínimo comido pela inflação

Renda base para quase 25% da população, ele está há 3 anos sem aumento real. E deve terminar o governo Bolsonaro com o poder de compra menor do que há 4 anos, segundo cálculos divulgados pela corretora Tullet Prebon Brasil. “A renda está sendo corroída porque a inflação não é um fenômeno localizado”, explica Sergio Lamucci, editor-executivo do jornal Valor Econômico. Em conversa com Natuza Nery neste episódio, Lamucci detalha como a deterioração do poder de compra afeta mais quem ganha menos. Ele analisa como o Auxílio Brasil e o saque emergencial do FGTS “atenuam a situação” de quem mais precisa, mas que ambos também são corroídos pela alta nos preços. E fala como a economia, “calcanhar de Aquiles” de Bolsonaro, deve pesar na tentativa de reeleição: “quanto mais baixo o salário do eleitor, o presidente vai pior”, diz. “O eleitor tende a votar com o sentimento de como está o bolso”, conclui.
5/10/202225 minutes, 31 seconds
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Lei de Cotas: 10 anos depois

Em 2012 – na esteira de uma decisão do STF – o Executivo sancionou a lei que reserva 50% das vagas em instituições federais para negros, pardos, indígenas e pessoas de baixa renda. Para entender o que levou até essa política é preciso “recuar até 1988, no centenário da Abolição”, diz Edson Cardoso, doutor em Educação pela Universidade de São Paulo. Em conversa com Natuza Nery neste episódio, Edson relembra que a defesa das cotas nasceu de uma "longa caminhada", do movimento negro, do qual é militante histórico. Edson reforça que as cotas devem ser “política transitória” e reforça a necessidade de “universalizar o acesso à pré-escola e colocar recursos na escola pública, para que todos cheguem em condições iguais ao 3° grau” e haja uma mudança estrutural na sociedade. Participa também deste episódio Márcia Lima, professora do departamento de Sociologia da USP e coordenadora de pesquisa em justiça racial no Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Márcia explica como as cotas são “essencialmente socioeconômicas” e pontua como os dados de acesso ao Ensino Superior são “os mais exitosos de todos” em relação à diminuição das desigualdades. E conclui como a falta da realização do Censo – suspenso por falta de verbas - impede o entendimento sobre o impacto da lei no mercado de trabalho.
5/9/202237 minutes, 5 seconds
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Violência contra os Yanomâmi: o pior momento

Destruição da floresta, contaminação dos rios, disseminação de doenças e violência. Esses são alguns dos problemas decorrentes do crescimento do garimpo ilegal na maior Terra Indígena do Brasil, em Roraima, onde vivem cerca de 30 mil pessoas. Os riscos impostos aos Yanomâmi e aos Ye’kwana “não são de hoje”, destaca Mauricio Ye’kwana, mas cresceram expressivamente desde o início da pandemia: “São muito mais pessoas, mais barcos, mais aeronaves. E com esse aumento, crescem a violência e as doenças”. Recentemente, a denúncia de mais um crime no território movimentou redes sociais, agentes de investigação e os poderes Judiciário e Legislativo. Na pequena comunidade Aracaçá, uma menina de 12 anos teria sido estuprada e morta por ação de garimpeiros e os habitantes teriam deixado o local. No episódio 700 do Assunto, o diretor da Hutukara Associação Yanomâmi relata à Julia Duailibi a escalada do garimpo e da criminalidade, cujo modus operandi envolve presença de facções criminosas altamente armadas, aliciamento de jovens com bebida alcóolica e drogas, além do abuso sexual de menores. “O garimpo não tem lei”, resume Mauricio. Estima-se que atualmente a terra demarcada dos Yanomâmi esteja invadida por 20 mil garimpeiros, que se multiplicam diante da “ausência total do Estado”, cuja responsabilidade constitucional é proteger o território e os povos tradicionais. Abandonados à própria sorte devido à inação do governo Bolsonaro, da Funai e dos órgãos de fiscalização, os indígenas enfrentam os impactos sociais e ambientais do garimpo. “Não consigo mais tomar banho onde eu tomava, beber água onde eu bebia, não consigo mais pescar porque os peixes morreram. Pra onde que eu vou?”
5/6/202224 minutes, 37 seconds
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Os limites do Auxílio Brasil

No fim de 2021, quando a popularidade de Bolsonaro estava em seu nível mais baixo, o governo federal conseguiu aprovar a substituição do Bolsa Família (programa criado durante a gestão Lula) por uma marca para chamar de sua. O piso do benefício subiu para R$ 400 mensais, mas seu redesenho pouco focalizado pode criar distorções. “Não é adequado porque não é equitativo", resume Letícia Bartholo, especialista em políticas públicas de combate à pobreza. Em entrevista a Julia Duailibi, ela explica que a busca pelo registro em busca dos pagamentos cresceu expressivamente desde o início do ano. De acordo com a Confederação Nacional de Municípios, mais de 1 milhão de famílias estão na fila, fora do alcance do auxílio. “Essa é a fila oficial. Há ainda uma fila que a gente não vê”, afirma ex-secretária nacional adjunta de Renda e Cidadania, uma vez que o Ministério da Cidadania oculta os dados das famílias habilitadas ao benefício, mas que não recebem. O texto original do Auxílio Brasil previa pagamentos somente até dezembro deste ano, o que deve mudar com o aval do Congresso à MP que torna o programa permanente, ao custo de R$ 90 bilhões ao ano.
5/5/202218 minutes, 48 seconds
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O aborto (e a disputa política) nos EUA

A “Roe vs Wade”, decisão de 1973, garante acesso à interrupção da gravidez em todos os estados norte-americanos. E agora pode estar prestes a ser derrubada – como indica o vazamento de um rascunho da decisão dos ministros da Suprema Corte. O documento indica que a regra – nascida da contestação de uma grávida solteira mãe de 3 filhos - deve ser anulada pela maioria do Judiciário dos EUA. “Chegou o grande momento que os conservadores esperaram por 49 anos”, explica Guga Chacra, comentarista da Globo em Nova York em conversa com Julia Duailibi. Guga ressalta como as mulheres pobres serão as mais prejudicadas, recorrendo a clínicas clandestinas. Ele lembra como pautas religiosas foram incorporadas por republicanos, para quem o aborto é um “mobilizador de votos”. E como democratas devem usar o tema para convencer o eleitorado a comparecer às eleições de meio de mandato marcadas para novembro. “A tendência é que [democratas] percam a maioria na Câmara e no Senado”, conclui.
5/4/202224 minutes, 28 seconds
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Lula x Bolsonaro – atos de 1° de maio na corrida eleitoral

O Dia do Trabalhador foi de manifestações para apoiar os dois pré-candidatos que lideram as pesquisas. Lula foi a evento organizado pelas centrais sindicais, com discurso voltado à economia. Bolsonaro participou de ato em Brasília e falou, por vídeo, a apoiadores na Avenida Paulista em manifestação contra o STF e a favor do deputado Daniel Silveira. Em comum: a baixa adesão popular. Neste episódio, Julia Duailibi conversa com o analista político Thomas Traumann. Colunista da revista Veja e do site Poder 360, Traumann avalia como as mobilizações foram uma espécie de “aquecimento antes do início do campeonato”, ao sinalizar que a campanha deve ganhar tração a partir de junho. Traumann aponta as dificuldades de Lula e Bolsonaro no atual momento. De um lado, Lula e o PT tem a agenda de “não ser Bolsonaro”, sem apresentar um programa de governo. No campo Bolsonarista, Traumann aponta que o presidente está “ditando esse começo” de disputa e adota a estratégia de tornar a eleição e a política “insuportáveis”, a ponto de provocar o desinteresse de parte da população. E conclui como grupos bolsonaristas buscam pretextos para contestar a eleição caso o presidente seja derrotado nas urnas.
5/3/202223 minutes, 16 seconds
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Racismo e impunidade no futebol

Os casos se acumularam na última semana durante a principal competição sul-americana. Torcedores do Flamengo, Corinthians, Palmeiras, Fortaleza e Red Bull Bragantino foram vítimas de gestos racistas em jogos na Libertadores – com pouca ou nenhuma ação de autoridades contra os criminosos. Para que punições sejam efetivas, é preciso "envolver os clubes", avalia Marcelo Carvalho, diretor-executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, em entrevista a Julia Duailibi. Coordenador de um relatório que indica que apenas 25% dos casos de racismo resultam em julgamento, Marcelo relaciona o problema no esporte a uma sensação generalizada de impunidade: “Temos uma lei de racismo que trata o crime como inafiançável e imprescritível, mas não temos ninguém preso por racismo no Brasil”. Ele pontua três pilares para combater este crime dentro do estádio: punição, educação e conscientização. Ainda neste episódio, Leda Costa, pesquisadora do laboratório de Estudos em Mídia e Esporte da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, fala sobre a cultura de "vale-tudo" dentro dos estádios, onde racismo e homofobia são considerados "brincadeiras". Ela aponta a necessidade de problematizar violências verbais contra mulheres e o público LGBTQIA+. "A gente precisa fazer com que os estádios parem de ser 'escolas' formadoras de preconceito", conclui.
5/2/202224 minutes, 29 seconds
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A hepatite misteriosa em crianças

Os casos começaram a assustar no Reino Unido. Em questão de dias, 12 países já registravam mais de uma centena de crianças com um quadro hepático incomum: em nenhum dos pacientes foram encontrados os vírus que causam as hepatites já conhecidas até aqui. Enquanto autoridades sanitárias nacionais investigam as causas, a Organização Mundial da Saúde fez um alerta global de que está monitorando a doença. O médico hepatologista Mario Kondo, professor da Escola Paulista de Medicina, afirma que, apesar desta “hepatite misteriosa” ter sintomas semelhantes aos casos convencionais, ela apresenta incidência muito maior de quadros graves. “A do tipo A, mais comum onde não há vacinas, tem 1 caso grave para 100 crianças”, lembra. “Agora, a proporção sobe para 1 caso a cada 10 crianças”. Entrevistado por Julia Duailibi neste episódio, Kondo explica que a relação entre o coronavírus e o adenovírus, identificados em várias das crianças testadas, parece mais “coincidência do que causa”. A pesquisadora Mellanie Fontes-Dutra, professora da Escola de Saúde da Unisinos, reforça esta hipótese: “Mecanismos não infecciosos também podem ser importantes para fechar o quebra-cabeça”. Enquanto as respostas não vêm, Mellanie atua para combater as fake news que relacionam a inflação no fígado ao uso de vacinas. “Não há relação justamente porque as crianças não haviam recebido vacina da Covid”, conclui.
4/29/202218 minutes, 24 seconds
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Rússia x Europa: a guerra pelo gás

O conflito na Ucrânia escalou a um patamar inédito nesta semana. As movimentações tiveram início quando mais de 40 países (entre eles EUA e Alemanha, principal comprador do gás russo) anunciaram uma nova rodada de doações financeiras e militares a Kiev: desta vez, foram enviados armamentos de maior poder ofensivo, como tanques e blindados. O Kremlin reagiu ameaçando uma resposta nuclear e o início da Terceira Guerra Mundial. “Estamos em um momento muito crítico da guerra”, resume Felipe Loureiro, coordenador do curso de Relações Internacionais da USP. Em entrevista a Julia Duailibi, ele explica ainda o avanço do exército de Putin na Transnístria, região de maioria russa que busca independência da Moldávia, que abre o risco de “um novo front de batalha” nesta guerra. A tensão entre Rússia e Europa se acirrou ainda mais com o anúncio da estatal Gazprom de interromper o fornecimento de gás à Polônia e à Bulgária, dois países que se negaram a pagar o contrato em rublos, exigência russa pós-sanções econômicas. Loureiro reforça que a “Europa é dependente do gás russo” e que a escassez desta fonte de energia pode desencadear uma onda global de inflação de alimentos. “A segurança alimentar mundial pode ser alarmante nos próximos anos”.
4/28/202221 minutes, 42 seconds
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Elon Musk e o futuro do Twitter

Dono de uma fortuna de US$ 264 bilhões, o empresário chegou a um acordo com a rede social. As especulações e recusas duraram quase um mês - e terminaram com uma aquisição que vai custar US$ 44 bilhões. Musk defende menos moderação de conteúdo, o que “pode piorar o ambiente da plataforma”, na avaliação de Carlos Affonso Souza, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Uerj) e diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS). As mudanças no funcionamento do Twitter dependem ainda da conclusão da aquisição - o que pode demorar até o fim do ano -, mas o anúncio do acordo tem impactos imediatos: “se existe uma certeza, é de que mudanças vão acontecer”, diz Carlos. Para ele, “o comportamento de Musk na rede social” e as falas por “liberdade de expressão absoluta” incentivam e estimulam a desinformação e ataques – o que pode ter influência no contexto eleitoral brasileiro deste ano. Participa também do episódio o advogado Caio Vieira Machado, do Instituto Vero. Para Caio, Musk enfrentará desafios econômicos e jurídicos para implementar “sua própria visão de liberdade de expressão”. O advogado sinaliza ainda porque é um problema Musk controlar a rede social que se tornou um importante meio de comunicação de governos e governantes.
4/27/202226 minutes, 57 seconds
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Bolsonaro e mais uma crise aberta com o STF

O ápice da tensão entre Executivo e Judiciário foi no 7 de setembro de 2021. Pelo menos até aqui. “É muito explícito que [Bolsonaro] pretende continuar atacando as instituições”, resume Celso Rocha de Barros em conversa com Julia Duailibi. Sociólogo e colunista do jornal Folha de S. Paulo, Celso analisa a estratégia do presidente ao retomar o estado de conflito com o Supremo – depois de beneficiar o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) com o perdão da pena, apenas um dia depois de o parlamentar ser condenado, por 10 votos a 1, a 8 anos e 9 meses de prisão, além da perda de mandato e dos direitos políticos. “Um desastre”, resume Celso sobre a conivência das instituições diante das afrontas à Corte – uma ofensiva na retórica golpista e fim das ilusões sobre qualquer possibilidade de moderação. "O Centrão tentou vender isso pros aliados, mas é mentira”, conclui. Participa também Wallace Corbo, professor de Direito Constitucional da Fundação Getúlio Vargas. Ele aponta os possíveis destinos jurídicos de Silveira e os fundamentos do decreto presidencial, e explica o “desvio de conduta” no uso dos indultos: seja no caso individual ou no caso coletivo (a exemplo do perdão a crimes policiais), ele “usa mais como um instrumento de governo do que de política criminal ou clemência”.
4/26/202226 minutes, 37 seconds
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Desglobalização: causas e implicações

Processo construído ao longo de séculos e acelerado nas últimas décadas, a globalização está em xeque ao enfrentar uma pandemia e uma guerra. “[A globalização] foi planejada. A desglobalização, não”, diz Tatiana Roque, professora de matemática, história das ciências e filosofia na UFRJ. Para ela, este fenômeno recente ainda tem significado fluído, mas pode ser entendido como a “desconexão de setores da produção dos países em relação às regras globais”, com aspectos mais amplos que somente o econômico. Na entrevista a Natuza Nery, a pesquisadora descreve os movimentos liberais globais que instituíram os mecanismos comerciais no último século como “lógicas de proteger o mercado das decisões políticas nacionais” que, hoje, estão em crise e cujo resultado é a perda de força de todas as organizações multilaterais e o crescimento de movimentos protecionistas e nacionalistas, inclusive de viés autoritários. No campo econômico, Tatiana explica a estratégia chinesa de “circulação dual” para ser menos dependente da cadeia global de suprimentos – e como ela foi acentuada durante a crise sanitária e adotada pelos EUA e por muitos países europeus.
4/25/202226 minutes, 49 seconds
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O desmonte da Lei Rouanet

Desde o início do mandato, Jair Bolsonaro ameaça “desconstruir muita coisa” - e a cultura foi uma das áreas onde seu governo trabalhou mais ativamente para isso. Além do veto à Lei Paulo Gustavo, que destinaria recursos federais para compensar as perdas do setor durante a pandemia, destaca-se a perseguição à Rouanet - legislação de mais de 30 anos, que financia projetos culturais por empresas privadas via abatimento fiscal. Como define Cris Olivieri, advogada especializada em políticas culturais, uma série de alterações vigentes a partir de fevereiro já foram “muito impactantes para o setor”: corte de valores em até 50% para projetos de teatro, museus e espetáculos musicais e redução no prazo de captação para 24 meses. E que o que mais preocupa: a concentração de poder na aprovação final de projetos é feita pelo secretário especial da Cultura – regra que gera distorções, caso das declarações do ex-secretário de Fomento à Cultura, no qual garante a sua base a liberação de recursos para projetos culturais em prol do armamento. Em entrevista a Natuza Nery, Cris explica que o valor médio de pagamento da lei é de R$ 3.500, ou seja, “o dinheiro fica na mão de uma cadeia gigante de profissionais”. Trata-se, explica a advogada, de um setor que representa 2,6% do PIB e emprega 5,5 milhões de pessoas: “um dos poucos que impacta outros 60 setores da economia”.
4/22/202223 minutes, 22 seconds
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Fim da emergência sanitária: risco no combate à Covid

Pela primeira vez desde fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde reduz o nível máximo de alerta em relação à pandemia. O anúncio de Marcelo Queiroga – feito em cadeia nacional no domingo de Páscoa - derruba mais de duas mil normas de esferas estadual e municipal em todo o país e vai na contramão da recomendação da OMS, que reforça o status de emergência internacional. Para Deisy Ventura, jurista e professora da Faculdade de Saúde Pública da USP, trata-se de mais uma “irresponsabilidade concreta” do governo federal na condução das medidas sanitárias contra a Covid. Em entrevista a Natuza Nery, ela recorda que o Brasil iniciou a pandemia “com a pior resposta” e que tenta, agora, encerrar sua relação com a doença da mesma forma. “É mais um crime contra a saúde pública”, afirma sobre a decisão que foi apresentada à população brasileira sem os instrumentos legais e os detalhes técnicos pelo ministro da Saúde. Para Deisy, trata-se de uma “declaração falsa” para o fim da pandemia, cujo objetivo é somente a “produção de conteúdo para a campanha eleitoral” de reeleição de Jair Bolsonaro.
4/20/202221 minutes, 9 seconds
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Os áudios que atestam tortura no regime militar

Trechos de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) publicados pela jornalista Miriam Leitão, comentarista da TV Globo e colunista do jornal O Globo, revelam abusos contra direitos humanos cometidos durante a ditadura. Em conversa com Natuza Nery, o advogado Fernando Augusto Fernandes - autor da ação que, com aval do STF, disponibilizou ao público os áudios - relata a pesquisa de quase 25 anos para chegar às gravações. Seu conteúdo confirma que os ministros do STM tinham “pleno conhecimento das torturas”, institucionalizadas como “política de Estado” durante o regime. Para o advogado, só chegaremos a uma democracia plena “no momento em que as Forças Armadas pedirem desculpas públicas” pelas arbitrariedades cometidas. Também neste episódio, Pedro Dallari, coordenador da Comissão Nacional da Verdade, condena a reação do vice-presidente Hamilton Mourão, que riu ao ser questionado sobre os áudios: “Profunda desumanidade”. Ele recorda o fato de que mais de 200 casos de desaparecimento seguem abertos e suas famílias não puderam “velar e sepultar seus corpos”. Sobre a Comissão, ele comenta importantes episódios na busca por memória. “As próprias Forças Armadas teriam interesse em limpar essa mancha em sua trajetória”.
4/19/202231 minutes, 18 seconds
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Os políticos de mandato virtual

Eleitos na onda do bolsonarismo, eles pregaram o discurso da nova política. Além de terem nascido de um mesmo movimento, Gabriel Monteiro (vereador da capital fluminense) e Arthur do Val (deputado estadual em São Paulo) têm em comum o fato de terem milhões de seguidores nas redes sociais antes mesmo de serem eleitos. Agora, veem seus mandatos em risco por diferentes crimes. “Eles têm casca de novidade, discurso de renovação, mas trazem coisas muito velhas de volta à política”, analisa Bernardo Mello Franco em conversa com Natuza Nery. “A mesma tela do celular que ajudou na eleição, pode ser também pivô da cassação” dos dois, diz Bernardo, sobre os casos de Gabriel Monteiro – investigado por registrar sexo explícito com uma adolescente – e Arthur do Val – que em um áudio gravado fez comentários machistas e misóginos sobre refugiadas ucranianas. Colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, Bernardo pontua que, diferente de nomes como Wagner Montes, Celso Russomanno e Roberto Jefferson (todos alavancados por suas popularidades no rádio e na TV), o que diferencia os casos de agora é o fato de que tanto Gabriel Monteiro quanto Arthur do Val não terem “entrado nas regras do jogo”. “A novidade é que eles não têm interesse pelo mandato parlamentar”, conclui Bernardo. Também neste episódio, Fabio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo, discute as relações entre entretenimento e política na internet e comenta a confluência com outro fenômeno: quando celebridades falam de política.
4/18/202223 minutes, 9 seconds
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A nova fase da guerra na Ucrânia

Depois de seis semanas de invasão russa, a maior batalha entre as duas nações parece estar se aproximando. O exército de Vladmir Putin projetou uma ofensiva em todo território ucraniano, mas, barrado nos arredores da capital Kiev, reorganizou suas tropas para dominar a região leste. Ao mesmo tempo, Volodymyr Zelensky segue em campanha para receber armas e equipamentos de seus aliados no Ocidente. O conflito agora, avalia Oliver Stuenkel, perde a “assimetria militar” e se concentra em “menor território”: “Deve aumentar a violência e a intensidade”, afirma em entrevista a Julia Duailibi. O acirramento ocorre também na propaganda de guerra. Enquanto Moscou informa ao mundo que rendeu mais de mil soldados rivais e que tomou o porto de Mariupol – cidade que, agora, é o epicentro dos combates –, autoridades ucranianas acusam os russos de cometer crimes de guerra – a denúncia mais recente é de uso de armas de fósforo branco em ataques, proibida desde 1997. Stuenkel, que é professor de relações internacionais da FGV e autor do livro “O mundo pós ocidental”, explica que não há mais clima para negociações diplomáticas e que a “radicalização dos dois lados torna pouco provável um acordo de paz”.
4/14/202226 minutes, 15 seconds
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Sarampo: riscos de surtos e importância da vacina

Em 2016, a Organização Panamericana de Saúde conferiu ao Brasil o certificado de que o vírus fora eliminado do país. Uma conquista que duraria pouco: apenas três anos depois, o Ministério da Saúde contabilizaria quase 12 mil novos casos da doença - crescimento proporcional ao recuo na cobertura vacinal infantil. Desde que o sarampo voltou aos registros oficiais, já são mais de 40 mil pacientes e 40 mortes, metade delas em crianças abaixo de 5 anos de idade. Em entrevista a Julia Duailibi, o médico Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, conta que, como professor, “formou várias gerações de médicos” que nunca haviam visto um caso sequer de sarampo – e que, hoje, precisam de treinamento específico para diagnosticar a doença, cujos sintomas iniciais se assemelham a de outras viroses. Sáfadi descreve também o ciclo infeccioso do vírus, seu índice de transmissibilidade e seu risco de hospitalização e doença. Este ano, já são 13 casos confirmados e cerca de 100 suspeitos da doença, sendo 25 deles no estado de São Paulo, onde a epidemiologista Regiane de Paula é coordenadora de controle de doenças. Também neste episódio, ela fala sobre o fenômeno recente da queda na vacinação, consequência de fake news e desinformação.
4/13/202222 minutes, 34 seconds
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França: Macron x Le Pen de novo no 2° turno

Cinco anos depois de ser eleito, o presidente francês volta a enfrentar sua adversária de 2017. Um primeiro olhar pode indicar um cenário parecido com a última eleição, mas agora os discursos são diferentes: “vai ser uma eleição a favor ou contra a política liberal do Macron, mais do que uma briga entre a extrema-direita e o centro democrático”, analisa o cientista político Miguel Lago, que leciona na Universidade Columbia, em Nova York, e na Sciences Po, em Paris. Na conversa com Julia Duailibi, Lago analisa o que deve ocorrer nas próximas duas semanas antes do 2° turno. Para barrar a extrema-direita, segundo ele, “Macron vai precisar ter o candidato socialista Mélenchon o apoiando explicitamente”. Lago lista ainda as implicações para geopolítica da Europa em tempos de guerra na Ucrânia e as possíveis consequências para o Brasil.
4/12/202224 minutes, 11 seconds
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Ômicron: todas as letras das subvariantes

Casos em alta nos EUA, em países da Europa e principalmente na China, onde os 26 milhões de habitantes de Xangai foram colocados em lockdown. Enquanto isso, o Brasil vive período de melhora nos indicadores e derrubada quase completa das restrições da pandemia, mas não está isolado do mundo. Há poucos dias, foi confirmado o primeiro caso entre nós de uma recombinação de linhagens da variante ômicron do coronavírus chamada XE, que já infectou mais de meio milhão de moradores do Reino Unido. Uma sigla nascida da mistura de outras duas (BA.1 e BA.2) e que tem como “irmãs” a XD e a XF. Mas não é preciso se assustar com a sopa de letras, nem decorá-las, garante Átila Iamarino. São apenas “várias versões da ômicron”, simplifica o biólogo e divulgador científico. Até aqui, nenhuma apresentou mudança significativa o bastante para tornar o vírus tão perigoso quanto já foi, desde que a pessoa esteja imunizada. Daí o imperativo, diz Átila, de fazer a vacinação avançar sem parar, além de seguir o bom senso na manutenção dos cuidados, especialmente para proteger os grupos mais vulneráveis. Na conversa com Renata Lo Prete, Átila analisa os fatores por trás do surto em cada um dos países mais afetados agora. E se mostra otimista quanto ao Brasil. Segundo ele, por “um motivo bom” (altas taxas de vacinação) “e outro ruim” (muitos casos de ômicron no início do ano), temos uma barreira mais sólida no momento.
4/11/202221 minutes, 48 seconds
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Braga Netto: modos de Bolsonaro usar

Em seguidos eventos, o presidente da República vem renovando os ataques a ministros do Supremo e os sinais de que não pretende se conformar com uma eventual derrota nas urnas em outubro. Faz parte do pacote o aceno permanente aos militares - como na cerimônia recente em que qualificou o Ministério da Defesa como superior aos demais “por ter a tropa na mão”. É da Defesa, aliás, que Jair Bolsonaro retirou o general da reserva recém-filiado ao PL dado como certo no posto de vice da chapa. Walter Braga Netto seria “uma espécie de Hamilton Mourão, porém fiel e sem agenda ou cabeça própria”, nas palavras de Christian Lynch, professor no Instituto de Estudos Políticos e Sociais da UERJ. E ainda renovaria o seguro anti-impeachment do presidente - assim como o vice atual, é uma figura que o Congresso não se animaria a instalar no Palácio do Planalto. Na conversa com Renata Lo Prete, Lynch passa em revista a trajetória de Braga Neto, que foi interventor federal no Rio de Janeiro durante o mandato de Michel Temer e teve atuação para lá de questionada como coordenador, na Casa Civil, do enfrentamento da pandemia. O cientista político avalia que as ameaças de Bolsonaro vieram para ficar. “Precisa encenar o tempo todo que teria o poder de dar um golpe”, diz ele, que prevê alta instabilidade em caso de fracasso do projeto reeleitoral.
4/8/202226 minutes, 40 seconds
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Fake News: o que muda com o projeto de lei

Desde o vale-tudo das eleições de 2018, instituições do Estado e organizações da sociedade buscam formas de combater a desinformação. No Congresso, o tema ganhou força a partir de uma CPI Mista instalada em 2019, mas seguidamente esbarrou em interesses econômicos e políticos conflitantes. Agora, a seis meses do primeiro turno, a Câmara está prestes a votar o PL 2630, que regula plataformas de mídia social com o anunciado propósito de conter a disseminação de notícias falsas. Embora ressaltando que “o PL, na verdade, trata pouco de desinformação", o professor da USP Pablo Ortellado enxerga avanços: “O público é beneficiado, principalmente pela moderação de conteúdo". Mas quem ganha mesmo com a versão atual do texto são os parlamentares, diz a Renata Lo Prete o colunista do jornal O Globo, pois a imunidade de que desfrutam é estendida à sua atuação nas plataformas, garantindo uma espécie de “passe livre” no meio digital. Participa ainda do episódio o repórter do Valor Econômico Raphael Di Cunto, que resgata a origem do projeto, explica o jogo de forças em torno dele e antecipa os próximos passos da tramitação.
4/7/202225 minutes, 6 seconds
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Bolsonaro e Petrobras: por que deu ruim

Depois de derrubar dois presidentes da estatal na tentativa de interferir nos preços dos combustíveis, Jair Bolsonaro se associou aos donos do PP no patrocínio ao nome do consultor Adriano Pires, que acabou abdicando da indicação de forma constrangedora. Assim como já fizera Rodolfo Landim, que seria alçado ao comando do Conselho de Administração, Pires saiu de cena antes que viesse a público a varredura da Petrobras nos currículos de ambos, mostrando conflito flagrante de interesses (ligações estreitas com empresas privadas do setor de petróleo e gás). Em conversa com Renata Lo Prete, Maria Cristina Fernandes analisa “o consórcio” que promoveu a malsucedida iniciativa, destacando o movimento do presidente da Câmara, Arthur Lira, para reinserir o PP num espaço de poder do qual o partido foi excluído com a Operação Lava Jato. Lembrando o controle que Lira e aliados já exercem sobre o Orçamento da União, a colunista do Valor Econômico e comentarista da CBN resume: “O que resta? Voltar a dominar a Petrobras”, segunda maior empresa do país. Dentro dessa lógica, não espanta a contrariedade de Lira com o fiasco - nesta terça-feira, chegou a defender a mais do que improvável privatização da Petrobras. Já Bolsonaro, avalia Maria Cristina, não se abala com o impasse: “É o que ele sabe fazer: oposição ao próprio governo”. A jornalista também avalia os possíveis desfechos de uma situação com prazo apertado - no próximo dia 13, os acionistas se reúnem para definir o novo comando, que terá de passar pelo mesmo escrutínio que inviabilizou Adriano Pires.
4/6/202229 minutes, 38 seconds
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Centrão no topo e com Bolsonaro

As três siglas mais próximas do presidente emergem como principais vitoriosas da recém-encerrada temporada de trocas partidárias. O PL, ao qual ele é filiado, tem agora a maior bancada da Câmara dos Deputados. PP e Republicanos também registraram crescimento expressivo. Para além da completa volta por cima dada por legendas fortemente implicadas nos maiores escândalos de corrupção do passado recente, trata-se de um processo de consolidação da direita parlamentar e de um sinal inequívoco da destinação de seu investimento eleitoral. Esses políticos “apostam que Bolsonaro é o caminho mais seguro para a continuidade de benesses", diz Bruno Carazza, colunista do jornal Valor Econômico. Na conversa com Renata Lo Prete, ele analisa também a soma zero no campo da esquerda (apesar de um pequeno incremento no número de seus deputados, o PT caiu no ranking geral e ainda viu o encolhimento de aliados como o PSB) e a atrofia de partidos como MDB e PSDB, mais um reflexo do beco aparentemente sem saída em que está a chamada “terceira via”. A esta altura, avalia Bruno, a disputa presidencial é “um jogo de ganha-ganha” para personagens como Valdemar Costa Neto (dono do PL), Arthur Lira e Ciro Nogueira (caciques do PP). Ganham mais, claro, se Bolsonaro se reeleger. Mas qualquer outro também terá de se entender com eles.
4/5/202223 minutes, 15 seconds
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Voto jovem: como e por que incentivar

O TSE vem intensificando, nas redes sociais, o esforço para estimular jovens de 16 e 17 anos a tirar o título de eleitor e comparecer às urnas em outubro - o que para eles é facultativo. Mas o resultado ainda está muito aquém do desejável, e o prazo se encerra em 4 de maio. Mesmo com artistas e influenciadores participando da mobilização, o levantamento mais recente do tribunal mostra que, em fevereiro, apenas 13,68% dos 6,1 milhões de brasileiros nessa faixa etária possuíam o documento. A ativista Helena Branco, 19, uma das criadoras da campanha #SeuVotoImporta, conta a Renata Lo Prete o que escuta de potenciais eleitores e quais argumentos podem convencê-los a participar do processo eleitoral. “O que nos move é o poder dos nossos milhões de votos, não a cobrança impositiva de que a gente carrega o peso dos rumos do país", resume. Ainda neste episódio, o consultor Maurício Moura, fundador do instituto de pesquisas Ideia, elenca fatores que influenciam o voto jovem e a disposição de se envolver na política.
4/4/202225 minutes, 45 seconds
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3ª via em transe: Moro fora e o teatro do PSDB

Na reta final do prazo para mudar de partido e se desincompatibilizar de cargo Executivo, dois postulantes à Presidência dividiram as atenções nesta quinta-feira. O ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro trocou o Podemos pelo União Brasil, abrindo mão da pré-candidatura no mesmo movimento. Já o tucano João Doria ameaçou permanecer no Palácio dos Bandeirantes, alimentou por um dia inteiro o suspense sobre seu destino e terminou por deixar o cargo, como previsto, para disputar o posto máximo da República. Em conversa com Renata Lo Prete, o sociólogo Celso Rocha de Barros analisa a situação de ambos e os possíveis reflexos na corrida eleitoral. Moro “é o general que tentou lutar a guerra passada", diz o colunista da Folha de S. Paulo, numa referência a 2018. Desprovido de condições materiais e políticas, estagnado num distante 3º lugar nas pesquisas (8% no Datafolha mais recente), seu destino provável é mesmo a Câmara dos Deputados. Já Doria (2%) conseguiu afastar o perigo imediato de uma rasteira interna, mas a luta no PSDB continua -e Eduardo Leite, agora fora do governo gaúcho, está a postos para tomar-lhe o lugar, se chance houver. Embora aposte na continuidade do processo de “seleção natural” dos nomes da chamada terceira via, Celso ainda considera estreito o espaço para que algum deles venha a romper a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro (43% e 26%, respectivamente).
4/1/202225 minutes, 19 seconds
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Donbass: a guerra antes da guerra

No momento em que Vladimir Putin dá sinais de redimensionar suas ambições na Ucrânia, vale a pena olhar para o conflito que se desenrola há 8 anos no leste do país, com saldo de mais de 14 mil mortos. Seu palco são as províncias separatistas de Donetsk e Luhansk, que Putin declarou “independentes” pouco antes da invasão de 24 de fevereiro. Ligadas à vizinha Rússia por laços estreitos que precedem a formação da extinta União Soviética, no início do século passado, elas foram “isoladas do mundo” e “pararam no tempo” como resultado da guerra civil, explica neste episódio Fabrício Vitorino, mestre em cultura russa e jornalista do g1 Santa Catarina. Renata Lo Prete conversa também com Felipe Loureiro, coordenador do curso de Relações Internacionais da USP, para entender o papel de Donbass (região onde ficam as duas províncias) na pauta de negociações por um cessar-fogo. Ele aponta os bombardeios à capital, Kiev, nesta quarta-feira como evidência de que Moscou não quer paz. Mas avalia que as dificuldades encontradas até aqui podem mesmo levar Putin a abandonar “demandas maximalistas” e se concentrar em retirar da Ucrânia o leste e a “ponte terrestre” que liga a região à Crimeia, anexada pelos russos em 2014.
3/31/202226 minutes, 6 seconds
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O 'pacote verde' nas mãos do STF

São sete ações que o plenário do Supremo Tribunal Federal começa a examinar nesta quarta-feira. Cada qual com seu objeto, todas contestam o desmonte de políticas de preservação ao longo do governo Bolsonaro. Para Maurício Guetta, consultor do Instituto Socioambiental, trata-se de julgamento histórico, por levar o enfrentamento das mudanças climáticas à mais alta corte brasileira, a exemplo do que vem ocorrendo em outros países. Na conversa com Renata Lo Prete, o representante do ISA recomenda prestar especial atenção à ADPF 760, primeira das sete em pauta. Uma “ação-caminhão”, resume o ambientalista, “que abrange praticamente todos os tópicos trabalhados nas demais". E que reivindica, antes de mais nada, a retomada do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia. Diante do atual alinhamento entre Executivo e Congresso nessa área - e da inércia da Procuradoria-Geral da República - os olhos se voltam para o Supremo como última esperança de interromper a marcha da destruição.
3/30/202221 minutes, 1 second
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O tapa que roubou a cena no Oscar

Era para ser a festa que marcaria a retomada da indústria do cinema, depois de dois anos de estragos e adaptações por causa da pandemia. As estatuetas, porém, foram eclipsadas pelo incidente envolvendo o ator Will Smith e o comediante Chris Rock - o primeiro agrediu o segundo por fazer uma piada de mau gosto com o cabelo da mulher de Smith, curtíssimo em razão de uma doença. Diante da imensa repercussão, a Academia condenou a atitude de Smith, anunciando uma “revisão formal” do caso. E ele mesmo - vencedor pela atuação no filme “King Richard”- divulgou um pedido de desculpas. Para discutir os limites do humor, a questão racial e o espírito do tempo, Renata Lo Prete recebe Helio de la Peña, um dos criadores do grupo Casseta e Planeta. “Will Smith é maior do que este episódio e hoje está sendo reduzido a ele", lamenta o humorista, admirador também do trabalho de Chris Rock. Mesmo reprovando o comentário dele sobre Jada Pinkett-Smith, Helio considera que Will teria conseguido resultado muito melhor defendendo a mulher com palavras. Helio fala ainda da reverberação nas redes sociais: “Hoje em dia tem muito essa onda do comentário sobre o comentário, da opinião sobre a opinião”.
3/29/202222 minutes, 11 seconds
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O futuro do dólar no mundo

Cerca de 90% das transações cambiais do planeta usam a moeda americana, que responde por quase dois terços das reservas de todos os Bancos Centrais. Uma dominância que data do fim da 2ª Guerra e se tornou completa a partir da década de 70. E que agora está sujeita a debate, na esteira das sanções econômicas impostas à Rússia por ter invadido a Ucrânia. Além das reações de Moscou, movimentos recentes feitos por países como Arábia Saudita e Índia colocam em pauta a perspectiva de “desdolarização” do sistema financeiro internacional. Mas estamos longe disso, avalia o professor Ernani Torres, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em conversa com Renata Lo Prete, ele resgata o histórico da ascensão do dólar, a partir dos acordos de Bretton Woods (1944), e explica que mesmo o yuan chinês ainda não faz cócegas nessa hegemonia. “O sistema internacional é parte do americano”, diz, e não o contrário. Participa também do episódio Solange Srour, economista-chefe de Brasil do Banco Credit Suisse. É ela quem trata da trajetória de queda do dólar aqui, fruto da valorização que a guerra provocou nas commodities que exportamos e da contínua elevação da taxa básica de juros pelo BC.
3/28/202222 minutes, 35 seconds
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Água como arma de guerra

O alerta partiu da União Europeia: em lugares como Mariupol, os russos “estão usando a ameaça de desidratação para forçar a cidade a se render”. Um expediente tão antigo em conflitos armados quanto cruel: privar a população do item mais básico de sobrevivência. Direto de Kiev, o documentarista Gabriel Chaim relata as condições de infraestrutura e abastecimento da capital no momento em que a invasão completa um mês. Por lá, a situação ainda é bem melhor do que, por exemplo, na vizinha Irpin, onde faltam “água, comida e eletricidade”. Ele resume: “só tem bomba e bala”. Renata Lo Prete conversa ainda com Guga Chacra, comentarista da Globo em Nova York, que classifica o corte no fornecimento como “crime de guerra”, praticado para “estrangular os ucranianos”. Guga traça um panorama de guerras recentes em que essa prática também ocorreu, casos da Etiópia, Líbia, Síria e Iêmen.
3/25/202226 minutes, 7 seconds
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O esquema dos pastores no MEC

Às portas da campanha eleitoral, vem à tona um novo “gabinete paralelo” no governo Bolsonaro. Sem cargo ou formação para tanto, Arilton Moura e Gilmar dos Santos negociavam com prefeitos a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, revelou o jornal O Estado de S. Paulo. Com a anuência do ministro Milton Ribeiro, que, em áudio descoberto pela Folha de S. Paulo, orienta que sejam atendidos “todos os amigos do pastor Gilmar”, “um pedido especial do presidente da República”. Há anos dedicado à cobertura dessa área, o jornalista Antônio Gois (O Globo, CBN e Canal Futura) participa do episódio para explicar o que é o FNDE e que critérios devem, segundo a lei, pautar a partilha de suas verbas. Ele mostra ainda a completa anormalidade da conduta da dupla e de quem lhe deu cobertura. Renata Lo Prete conversa também com Vera Magalhães - colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura - sobre o sequestro de um dos ministérios mais essenciais da Esplanada por um grupo de interesses diretamente ligado a Jair Bolsonaro. Vera lista os possíveis crimes cometidos no caso e observa como o procurador-geral da República tenta, mais uma vez, “ganhar tempo para não fazer nada”. Enquanto isso, Milton Ribeiro balança na cadeira, cobiçada pelo Centrão - que já manda muito na pasta, mas assim teria “controle total do MEC”.
3/24/202230 minutes, 5 seconds
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Alckmin, o improvável que virou vice

Depois de meses de tratativas e várias opções contempladas, o ex-governador de São Paulo, um dos fundadores do PSDB, filia-se ao PSB para ser o companheiro de chapa de Lula na disputa pelo Palácio do Planalto. Uma união que fez tremer as bases do petismo, por fim enquadradas pelo ex-presidente, e emparedou antigos aliados do ex-tucano, como seu sucessor no Bandeirantes, João Doria. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista Fábio Zambeli sobre a surpreendente construção que devolveu protagonismo a um político escanteado por seus próprios correligionários depois da derrota em 2018, quando ficou em 4º lugar na corrida presidencial, com menos de 5% dos votos. E também sobre a ironia do destino: o escolhido por Lula, líder de todas as pesquisas para o pleito de outubro, foi, sob vários aspectos, um eterno estranho no ninho dos grão-tucanos - de perfil orgulhosamente modesto, à direita em questões de comportamento e mais pragmático como administrador. Analista-chefe da plataforma Jota em São Paulo, Zambeli aposta que, na campanha, Geraldo Alckmin cumprirá missões pontuais, em áreas onde transita bem, como o agronegócio. “Ele sabe que não faz sentido disputar espaço com quem está encabeçando a chapa e tem os votos", resume. Mesma lógica em caso de vitória, avalia o jornalista, lembrando que Alckmin foi um vice 100% leal a Mario Covas no governo paulista: “Lula já disse a pessoas próximas que confia nele nesse sentido”.
3/23/202225 minutes, 59 seconds
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Rússia x Ucrânia: guerra de exaustão

Quando o conflito começou, em 24 de fevereiro, muitos imaginavam uma “conquista rápida”, típica de situações nas quais há “grande assimetria de poderio militar”, lembra Oliver Stuenkel. Quase um mês depois, assistimos a uma “guerra de atrito”, ou “de exaustão”, na qual o exército invasor avança pela lenta asfixia do adversário e à custa de extrema violência, inclusive contra civis. Na conversa com Renata Lo Prete, o professor de Relações Internacionais da FGV resgata a história desse tipo de enfrentamento, que remonta à 1ª Guerra Mundial. E diz que o mais trágico exemplo dele, no momento, é Mariupol, onde centenas de milhares de pessoas permanecem sitiadas, há 3 semanas, progressivamente privadas de água, comida e energia elétrica. Mesmo depois de reduzir a cidade portuária a escombros, os russos viram negado, nesta segunda-feira, seu ultimato para que o governo ucraniano entregasse Mariupol. Um impasse alimentado por um paradoxo, explica Stuenkel: as cenas de horror tendem a alavancar a ajuda externa à Ucrânia e, portanto, sua capacidade de resistir, mais um sinal de que a guerra está longe do fim.
3/22/202223 minutes, 13 seconds
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Arte e guerra: de Tolstói à Ucrânia

Afastamentos voluntários e compulsórios. Apresentações suspensas. Obras e autores cancelados. Tudo isso se vê em resposta à invasão, num boicote tão ou mais global que o das sanções econômicas, capaz de descartar inclusive artistas que, em seu tempo, foram perseguidos exatamente por se opor ao autoritarismo e a aventuras militares. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe o jornalista e tradutor Irineu Franco Perpétuo, autor de “Como Ler os Russos” (Todavia), para entender o que se perde com esse movimento. Ele começa por falar de Liev Tolstói, o pacifista que escreveu “Guerra e Paz” e “Contos de Sebastopol” - este baseado em sua experiência na Guerra da Crimeia (1853-1856). Ainda nos clássicos, trata de nomes que por si só representam o entrelaçamento histórico dos países agora em conflito - como Gogol, nascido no que foi o Império Russo e hoje é uma cidade ucraniana. Nesse sentido, Irineu aponta como especialmente emblemático o caso da Nobel de Literatura em 2015 Svetlana Alexijevich, cidadã bielorrussa nascida na Ucrânia e que escreve em russo (“Vozes de Tchernóbil” e “A Guerra Não Tem Rosto de Mulher”, entre outros). Música e cinema também fazem parte desta conversa sobre o lugar da arte em tempos de guerra.
3/21/202225 minutes, 11 seconds
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O que poderia parar a guerra

Enquanto o mundo assiste à tragédia humanitária em cidades ucranianas, sinais contraditórios emergem da mesa de negociação que reúne representantes de Kiev e de Moscou. Organismos multilaterais protestam contra ataques a alvos civis em termos cada vez mais duros. As palavras, porém, não têm surtido efeito. Para entender o que poderia interromper a destruição, Renata Lo Prete conversa com o historiador, diplomata e ex-ministro Rubens Ricupero, que recomenda tomar com cautela as declarações de autoridades participantes desses encontros. “Em geral, a negociação só evolui quando os dois lados têm mais a perder do que a ganhar com a continuidade do conflito”, diz Ricupero, que foi embaixador do Brasil em Washington. Ainda não é o caso da Rússia, diz ele, muito superior ao oponente em termos militares. Mas pode vir a ser, completa, porque a guerra custa caro, e vai se revelando mais longa e difícil do que imaginava o Kremlin. Na entrevista, Ricupero enumera os principais pontos que, em seu entender, eventualmente conseguiriam balizar um cessar-fogo - da “neutralidade” à aceitação de perda de território por parte dos ucranianos. Não descarta, porém, que a Rússia aceite um acordo apenas para ganhar tempo e mobilizar mais tropas. Estabelecendo comparações com outras guerras, ele afirma que, desta vez, Putin involuntariamente fortaleceu os laços da Otan, desencadeou o rearmamento europeu e “reativou como nunca o sentimento nacional dos ucranianos”.
3/18/202228 minutes, 9 seconds
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Bolsonaro: sinais de recuperação eleitoral

Depois de longo período de desgaste, o presidente da República retoma fôlego em pesquisas sobre o pleito de outubro. Embora continue ampla, a distância que o separa do primeiro colocado, Luiz Inácio Lula da Silva, diminuiu um pouco, movimento que analistas atribuem a pelo menos dois fatores: população com menos medo da pandemia (ainda um dos quesitos de maior desaprovação a Bolsonaro) e iniciativas do governo de impacto direto para os mais pobres, notadamente o Auxílio Brasil. Neste episódio do podcast, Renata Lo Prete conversa com o cientista político Antonio Lavareda, presidente do conselho científico do Ipespe e professor-colaborador da Universidade Federal de Pernambuco. Ele avalia as chances de consolidação dessa curva ascendente, considerando as incógnitas no front que, a seu ver, será determinante na disputa de 2022: o da economia, que, com a guerra na Ucrânia, ficou ainda mais vulnerável. Para Lavareda, o novo status de Bolsonaro estreita bastante o caminho que poderia levar algum nome da chamada “terceira via” a tomar-lhe o lugar no segundo turno. É esse ponto do calendário que o presidente já mira, tentando vitaminar o antipetismo, do qual foi o grande beneficiário em 2018. Missão complexa, prevê Lavareda: “Esta eleição será necessariamente sobre o governo dele”.
3/17/202222 minutes, 40 seconds
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3ª Guerra: do que estamos falando

Poucos dias depois de Joe Biden reafirmar que um eventual ataque a país integrante da Otan terá resposta defensiva, os russos bombardearam uma base militar ucraniana a apenas 25 km da fronteira com a Polônia - que integra a aliança. A proximidade entre os dois eventos, somada à escassez de progressos no campo diplomático, faz crescer o alerta em torno da possibilidade de o conflito na Ucrânia ganhar dimensão planetária. Um cenário que o professor de Relações Internacionais Tanguy Baghdadi considera improvável, porque indesejado por ambos os lados e também pelo potencial destruidor, que transformaria as duas primeiras Guerras Mundiais em mero “ensaio". Ele reconhece, porém, que alguns elementos característicos de um conflito global - como envolvimento, em algum grau, de todas as potências - estão presentes na atual conjuntura. E que a situação pode sair de controle. Direto de Lviv, o jornalista Lucas Ferraz explica a posição estratégica da cidade e da região onde ela fica: “O oeste ucraniano é a porta de saída dos refugiados e a porta de entrada de ajuda humanitária e equipamentos militares”. A única que restou: as fronteiras norte, leste e sul do país já estão quase que inteiramente sob domínio russo.
3/16/202231 minutes, 34 seconds
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Pandemia: por que ainda não acabou

Em março de 2020, a OMS conferiu à doença provocada pelo então “novo” coronavírus o status que ela tem até hoje. O mundo acumula mais de 6 milhões de mortes e quase 500 milhões de casos conhecidos de Covid, mas a curva descendente dos indicadores no Brasil, depois do arrastão produzido pela variante ômicron, faz com que muita gente desconsidere duas realidades. Primeiro, a de que ainda morrem, em média, mais de 400 pessoas por dia da doença no país. Segundo, a escalada de contágio que se vê no momento em regiões da Europa e da Ásia - sobretudo na China. A esta altura, está claro que “o vírus vai ficar entre nós”, afirma a epidemiologista Ethel Maciel, e que precisamos agir para “reduzir os danos”. Em entrevista a Renata Lo Prete, a professora da Universidade Federal do Espírito Santo aponta as principais omissões do governo brasileiro nessa tarefa: ausência, até hoje, de um programa consistente de testagem e falta de medicamentos eficazes contra a Covid (e já aprovados pela Anvisa) no SUS. Fora a “intensa campanha de desinformação”, liderada pelo presidente e pelo ministro da Saúde, contra a vacina pediátrica. Tudo somado, e derrubada a maioria das medidas de restrição, resta ao brasileiro analisar por si “como se comportar”. No caso específico das máscaras, Ethel recomenda usar em pelo menos 3 situações, mesmo sem a obrigatoriedade: ambientes pouco ventilados, aglomerações e na presença de pessoas pertencentes a um dos grupos de maior vulnerabilidade.
3/15/202224 minutes, 48 seconds
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Rússia: o fechamento do regime

Enquanto proliferam imagens da destruição na Ucrânia, está cada vez mais difícil obter informações confiáveis sobre o que acontece no país invasor. Em paralelo à ofensiva militar, o Kremlin acelerou o processo de silenciamento da imprensa independente, transformou os veículos oficiais em máquinas de propaganda e obteve do Congresso uma nova lei de censura, que permite encarcerar alguém simplesmente por chamar a guerra pelo verdadeiro nome, e não de “operação especial”. Quem protesta enfrenta a mão pesada das forças de segurança, que têm prendido até idosos e crianças em manifestações. “Regimes autoritários se sustentam em três pilares”, lembra Vicente Ferraro, mestre em ciência política pela Escola Superior de Economia de Moscou: ideologia (desumanização do adversário e união contra suposta ameaça externa, por exemplo), repressão e sensação de bem-estar material por parte da população. O professor da USP explica que os dois primeiros elementos estão presentes na conjuntura russa — e podem trazer ganhos de popularidade a Vladimir Putin, como já ocorreu na esteira de outras aventuras bélicas sob seu comando. Mas a prosperidade do início dos anos 2000, época do conflito na Chechênia, não existe agora. A Rússia é o país mais sancionado do mundo, e a população já começa a pagar por isso. Na avaliação de Vicente, é cedo para saber se a Rússia migrará da autocracia para o totalitarismo puro e simples. “Há um um esforço do governo para obter controle total da sociedade, mas ele ainda não tem capacidade de exercê-lo plenamente”.
3/14/202224 minutes, 38 seconds
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Chile: a largada do governo Boric

Foram quase três meses desde a vitória nas urnas. De lá até a posse, nesta sexta-feira, o ex-líder estudantil Gabriel Boric colecionou ineditismos, começando pela própria idade. Com 36 anos, é o mais jovem ocupante do Palácio de La Moneda - e o primeiro sem origem em nenhum dos dois grupos políticos que se revezaram no poder desde o fim da ditadura militar, em 1990. Montou um ministério diverso, de maioria feminina e ampla troca de guarda geracional. “É uma novidade bastante grande para a região, o que cria expectativa”, sintetiza Claudia Antunes, editora de Mundo do Jornal O Globo. Na conversa com Renata Lo Prete, ela analisa também a decisão de indicar, para o comando da economia, o presidente do Banco Central do agora ex-governo de Sebastián Piñera. Um movimento de composição de forças e aceno ao mercado, diz a jornalista, que deve ser entendido à luz de duas circunstâncias deste início de mandato: falta de maioria no Congresso e uma Assembleia Constituinte ainda em curso. É nesse ambiente volátil que Boric terá que atender, como ele próprio admite, “pelo menos parte” das demandas por mais serviços públicos e menos desigualdade social que o levaram à Presidência.
3/11/202220 minutes, 3 seconds
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X-Tudo: projeto para liberar geral em terras indígenas

O apelido vem do amplo espectro do texto enviado pelo governo Bolsonaro ao Congresso. Além de garimpo, autoriza construção de hidrelétricas, exploração de petróleo e até cultivo de transgênicos. “É a pior” de quase duas dezenas de propostas apresentadas para regulamentar a mineração nessas áreas desde que entrou em vigor a atual Constituição, em 1988. A avaliação é de Marcio Santilli, que foi deputado constituinte, presidente da Funai e um dos fundadores do Instituto Socioambiental. “Uma aberração”, continua ele, patrocinada pelo Palácio do Planalto com apoio engajado do comando da Câmara - nesta quarta-feira, a Casa aprovou urgência para levar o PL 191 a votação. Se for aprovado, vai parar no Supremo, aposta Marcio, tão flagrantes são suas inconstitucionalidades. E isso reforçará o ambiente de insegurança jurídica, benéfico apenas à “garimpagem predatória”, que “já vem barbarizando” essas terras há muito tempo e ao arrepio da lei. Para Alessandra Munduruku, primeira mulher a presidir a Associação Pariri, que representa aldeias do médio Tapajós, trata-se de “um projeto de morte”, ao qual ela promete resistir: “Jamais vou me ajoelhar diante de quem quer destruir meu povo”.
3/10/202228 minutes, 27 seconds
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Deu a louca nas commodities

O anúncio do boicote dos EUA a petróleo e gás da Rússia é o novo motor de uma escalada de preços que começou ainda antes da invasão à Ucrânia e já levou o barril a quase US$ 140, recorde em 14 anos. Um movimento em linha com “a narrativa” da Casa Branca em resposta à guerra, mas de efeito interno limitado, já que os americanos compram menos de 10% de seus estoques dos russos. Quem pondera é a professora da FGV Fernanda Delgado, observando que países europeus, mais dependentes de Moscou nessa matéria, optaram até aqui por outras sanções. Em entrevista a Renata Lo Prete, a diretora-executiva do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) analisa o esforço diplomático dos EUA para encontrar alternativa inclusive com desafetos, como Venezuela e Irã, além de tentar convencer a Arábia Saudita a aumentar sua produção. E opina que a crise atual pode acabar atrasando a tão desejada transição para energia limpa. “O investimento de longo prazo seguirá com essa preocupação, mas, no momento, segurança é mais importante do que transição ou preço”, diz ela, que prevê aumento da demanda por carvão, por exemplo. Participa também Lucilio Alves, professor da Faculdade de Agricultura da USP, para tratar de outras commodities em disparada, em especial trigo e milho. Juntas, Rússia e Ucrânia responderam por 30% e 18%, respectivamente, das transações globais desses dois produtos nos últimos cinco anos. Enquanto países “buscam outros fornecedores”, a inflação dos alimentos seguirá pressionada, ele afirma, lembrando que o Brasil depende da importação do trigo.
3/9/202225 minutes, 34 seconds
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Crimes de guerra: violações da Rússia

Imagens de ataques a alvos civis e de áreas residenciais alvejadas na Ucrânia correm o mundo. É o caso do vídeo, feito por uma equipe do jornal The New York Times, do momento em que uma mãe e seus dois filhos são mortos por um explosivo quando tentavam fugir do cerco russo a Irpin, cidade próxima à capital, Kiev. É uma “guerra em tempo real”, afirma Flavia Piovesan, ex-secretária nacional de Cidadania e ex-integrante da Comissão Interamericana de Direitos Humanos. Ela se refere ao contínuo compartilhamento desses registros, do qual resulta um fenômeno que o jornalista americano Thomas Friedman chama de “globalização do repúdio moral” à invasão. Em entrevista a Renata Lo Prete, ela lembra que mesmo conflitos armados precisam respeitar “limites éticos e jurídicos”. Aperfeiçoado desde o fim da Primeira Guerra Mundial, esse regramento está hoje inscrito no Estatuto de Roma, assinado em 1998, e os casos afeitos a ele são analisados pelo Tribunal Penal Internacional. No entender da professora da PUC-SP, o que está acontecendo na Ucrânia dá margem a investigação e processo por crimes de guerra, contra a humanidade e de genocídio. Ela reconhece que não será simples fazer Vladimir Putin se curvar ao TPI, mas defende a importância de a comunidade internacional perseguir esse objetivo: “Para que não sejam punidos apenas os executores, mas os arquitetos da destruição”.
3/8/202223 minutes, 4 seconds
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Guerra na Ucrânia: oligarcas na mira

Alexei Mordashov, Alisher Usmanov, Igor Sechin. São alguns dos homens que construíram imensas fortunas privadas a partir dos escombros do Estado soviético, no início dos anos 90. Um “processo obscuro”, resume o jornalista Jaime Spitzcovsky, azeitado por laços estreitos com o governo russo, que lhes permitiu dominar setores como energia, mineração, telecomunicações e finanças. Na conversa com Renata Lo Prete, o ex-correspondente em Moscou, hoje colunista da Folha de S.Paulo, explica a origem, as relações e como essa elite foi enquadrada internamente. “Desde o início, o projeto do Putin é claro: restaurar o poder do Kremlin”, corroído nos anos de Mikhail Gorbatchov e Boris Yeltsin. Agora, com sanções que vão do congelamento de fundos ao sequestro de alguns dos apartamentos e iates mais valiosos do mundo, os EUA e seus aliados pretendem indispor esses bilionários com Moscou. Ainda é cedo, avalia Jaime, para saber se vai funcionar. “O que já dá para dizer é que a vida deles vai ficar bem menos confortável”, ironiza. Participa também do episódio Rodrigo Capelo, jornalista do ge e do Sportv. Especializado na cobertura de negócios do esporte, ele analisa a ascensão dos oligarcas russos no futebol e, em particular, a trajetória de Roman Abramovich, que na esteira das sanções anunciou a decisão de vender o Chelsea, clube inglês que comprou em 2003.
3/7/202223 minutes, 19 seconds
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Guerra na Ucrânia: a ameaça nuclear

Vladimir Putin prometeu “consequências nunca vistas antes” a quem tentar impedir o avanço de suas tropas. E já acenou explicitamente com uma carta que provoca o maior de todos os medos. Afinal, ninguém supera a Rússia hoje em número de ogivas - são mais de 6 mil. Na avaliação de Vitélio Brustolin, professor da Universidade Federal Fluminense e pesquisador de Harvard, trata-se da situação mais perigosa desde os “13 dias que abalaram o mundo”, durante a Crise dos Mísseis, que envolveu EUA, União Soviética e Cuba em 1962. Na conversa com Renata Lo Prete, ele explica que o arsenal global diminuiu 80% com o fim da Guerra Fria, mas se tornou mais destruidor - as atuais bombas são milhares de vezes mais poderosas do que as lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Fora o descontrole: menos respeito aos tratados em vigor, mais integrantes no clube dos países que têm esse tipo de armamento. Apesar da ausência de limites demonstrada por Putin na operação ucraniana, Vitélio considera que o presidente russo tenta tirar os adversários do prumo, mas não executará uma ameaça que representaria a “destruição total”. Para o professor, “mesmo na guerra os líderes tomam decisões racionais”.
3/4/202222 minutes, 28 seconds
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Notícias de Kiev, por Gabriel Chaim

No momento em que os russos intensificam os ataques contra as principais cidades ucranianas, O Assunto ouve Gabriel Chaim, um dos poucos jornalistas brasileiros a permanecer na capital do país. Fotógrafo e documentarista, com larga experiência na cobertura de guerras, ele chegou a Kiev dias antes da invasão, encontrando um centro urbano repleto de vida e história, que o fez lembrar de Praga, na República Tcheca. Não mais: o cenário que Gabriel descreve agora mistura o desespero de quem tenta ir embora e as estratégias de sobrevivência de quem decidiu ou simplesmente se resignou à ideia de ficar. Na principal estação ferroviária, milhares de pessoas que não sabem “qual será o próximo trem e para onde ele vai”. Em residências semidestruídas pelos bombardeios, “principalmente idosos, com menos mobilidade e menos recursos” para fugir. O momento “é crítico”, diz Gabriel, referindo-se ao cerco à capital e aos limites da resistência da população. “Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã”.
3/3/202234 minutes, 16 seconds
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Guerra na Ucrânia: os refugiados

Em uma semana de invasão russa, mais de 600 mil pessoas deixaram o país - de trem, carro e até mesmo a pé. A ONU e a União Europeia estimam que esse número pode chegar a 4 milhões em questão de dias. Uma tragédia humanitária narrada neste episódio por dois repórteres, um de cada lado da fronteira. O fotojornalista André Liohn conversa com Renata Lo Prete a partir de Lviv, cidade a cerca de 60 km da Polônia que virou um “lugar de separação”. Como o governo tornou obrigatória a permanência de homens entre 18 e 60 anos, muitas famílias precisam seguir viagem partidas. “Uma menina, criança, perguntou para o pai: 'numa guerra todo mundo tem que lutar?’” André completa o relato: “Ele respondeu apenas que mulheres e crianças não, mas percebeu que a filha havia compreendido que eles se separariam". Da Polônia, onde os que têm sucesso na fuga chegam exaustos, depois de jornadas que duram dias, em condições precárias e sob frio gélido, fala o correspondente da TV Globo Rodrigo Carvalho. O país já recebeu mais de 370 mil pessoas, numa política de braços abertos no momento adotada também por Hungria, Moldávia, Eslováquia e Romênia - e que contrasta com barreiras impostas, no passado recente, a refugiados vindos da África e do Oriente Médio. Rodrigo resgata histórias duras, “que levamos tempo para processar”, como a de um idoso que mal conseguia caminhar com as próprias pernas no posto de imigração. O jornalista descreve também o fluxo contrário - muito menor, mas mesmo assim surpreendente. São ucranianos vindos de outras partes da Europa para combater em seu país de origem. Ou casos como o da mulher que disse a Rodrigo estar voltando, mesmo ciente do perigo, para cuidar da mãe idosa em Lviv.
3/2/202229 minutes, 9 seconds
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Guerra na Ucrânia: asfixia econômica da Rússia

Cinco dias depois dos primeiros ataques ao território ucraniano, Moscou sente o aperto total das sanções. Enquanto o exército de Vladimir Putin tenta tomar Kiev, o Banco Central russo vê congelada boa parte de suas reservas internacionais, hoje estimadas em US$ 630 bilhões. Fora a exclusão do Swift, sistema internacional que interliga pagamentos ao redor do mundo. Para conter a queda livre das ações, a Bolsa de Moscou foi fechada - e assim permanecerá nesta terça-feira. O rublo mergulhou 30% frente ao dólar, e o BC dobrou a taxa de juros, na tentativa de estancar a fuga de moeda e a corrida aos bancos. “Neste momento, o BC está encurralado”, explica Miriam Leitão em conversa com Renata Lo Prete neste episódio. Comentarista da Globo, apresentadora da GloboNews, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, ela detalha como, mesmo com a provável ajuda da China, a Rússia não conseguirá impedir que seu sistema financeiro tombe diante da ação coordenada dos Estados Unidos e de seus aliados, especialmente na Europa. "A Rússia está exposta porque os países entraram em acordo para atacá-la ao mesmo tempo". Miriam também fala dos efeitos colaterais, que serão sentidos inclusive no Brasil.
3/1/202223 minutes, 30 seconds
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Carnaval e pandemia: há um século e hoje

Em 2021, uma segunda onda feroz, quando a vacinação contra a Covid ainda engatinhava, impediu qualquer folia. Neste ano, a variante ômicron cuidou de adiar novamente a retomada plena da festa. Mas houve uma vez, muito tempo atrás, em que foi possível sair de uma tragédia sanitária e social direto para a celebração da vida. Uma história -ou “coleta de histórias”, como ele prefere- trazida pelo jornalista David Butter no recém-lançado livro “De Sonho e de Desgraça: o Carnaval Carioca de 1919”. Até onde dá para separar mito de realidade nessa matéria, ainda mais a tamanha distância no tempo, David concorda: aquele foi, sim, um Carnaval de extravasamento e superação no Rio de Janeiro. “Uma reunião na rua de sobreviventes” da gripe espanhola, que em meados de 2018 contaminou mais da metade da população, matando, em registros sabidamente subestimados, 15 mil pessoas, numa cidade então habitada por menos de 1 milhão (hoje são cerca de 6,8 milhões). Na conversa com Renata Lo Prete, David explica de que maneiras a memória da doença superada se fez presente nas marchinhas e nas fantasias. E aponta inovações introduzidas naquele ano que chegaram até os dias atuais, como o Cordão da Bola Preta. Ao comparar o efeito catártico do Carnaval de 1919 às limitações que o coronavírus ainda impõe, ele nota que, agora, há uma “desigualdade no alívio”, por enquanto privilégio de quem “pode pagar ingresso” em eventos fechados. O episódio tem participação especial da apresentadora da GloboNews Maria Beltrão, lendo trechos de jornais e outros documentos da época.
2/28/202230 minutes, 21 seconds
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Guerra na Ucrânia: aberta a caixa de Pandora

Depois de meses estacionando tropas na fronteira, a Rússia fez o que os Estados Unidos repetidamente disseram que ela faria. Uma invasão em ampla escala do território ucraniano, do tipo que a Europa não via desde o fim da 2ª Guerra Mundial, há quase 8 décadas. Em conversa com Renata Lo Prete neste episódio, o professor de Relações Internacionais Oliver Stuenkel explica que o ataque em curso marca o fim do sistema unipolar que vigorou no mundo desde a dissolução da União Soviética, no início dos anos 90. A despeito das palavras duras e de novas sanções econômicas, os americanos e seus aliados da Otan nada farão pela Ucrânia do ponto de vista militar. “A não ser, mais adiante, armar a resistência”, diz Stuenkel, lembrando que os EUA seguiram essa trilha no Afeganistão, na época da ocupação soviética, e mais tarde colheram resultado amargo. O professor chama a atenção para a retórica “pré-2ª Guerra” de Putin, que rasgou o princípio fundador da estabilidade no continente: respeito às fronteiras. Isso abre uma “caixa de Pandora” da qual sairá, além de uma nova onda de refugiados, muita instabilidade global.
2/25/202232 minutes, 6 seconds
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Ucrânia invadida: as sanções contra a Rússia

Enquanto a Rússia avança sobre o leste da Ucrânia, a comunidade internacional vai anunciando represálias econômicas. “Elas são um tipo de pressão, sem caráter bélico”, resume Fernanda Magnotta, pesquisadora do Centro Brasileiro de Relações Internacionais. Neste episódio, a professora começa por resgatar exemplos históricos do uso desse instrumento de dissuasão, destacando diferentes medidas impostas pelos Estados Unidos contra Cuba, Iraque e Irã, além da própria Rússia, quando esta anexou a Crimeia, em 2014. Se naquela ocasião Vladimir Putin conseguiu se virar sem maiores concessões, agora isso é ainda mais provável, explica Fernanda, pelo menos no curto prazo, porque o governo russo vem aumentando sua poupança em ouro e hoje tem patamar confortável de reservas internacionais. Providências que lhe “dão fôlego” caso tenha que socorrer bancos oficiais, integrantes da elite econômica e parlamentares atingidos pelas sanções. Na conversa com Renata Lo Prete, Fernanda avalia o alcance desses bloqueios financeiros e comerciais, apontando um paradoxo: quanto mais amplos, maior a chance de atingirem seu objetivo coercitivo; por outro lado, maior a probabilidade de um efeito bumerangue, com perdas não apenas para a Rússia. Esse “movimento em cadeia” tende a atingir, de imediato, os preços da energia e dos alimentos em escala global, com “mais pressão inflacionária”.
2/24/202221 minutes, 22 seconds
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Militares e urnas: que confusão é essa?

Em nova ofensiva contra o sistema de votação que o levou à Presidência da República, Jair Bolsonaro distorceu informações ouvidas de um general indicado pelo governo para uma comissão de transparência criada pelo Tribunal Superior Eleitoral. Na esteira da tentativa de golpe no 7 de Setembro, o TSE fez, além desse, um outro movimento para se aproximar dos militares: convidou o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva para assumir a direção administrativa da corte, oferta da qual ele acabou declinando, por motivos ainda não completamente esclarecidos. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista Bernardo Mello Franco analisa a sucessão de eventos que contribuiu para dar às Forças Armadas um protagonismo no processo eleitoral brasileiro incompatível com o regime democrático. Colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, ele lembra que o papel delas nessa matéria é essencialmente de apoio logístico, não lhes cabendo coordenar nem fiscalizar nada. Até porque, completa Bernardo, “os militares não são observadores desinteressados”, menos ainda neste governo, que lhes garantiu cargos em abundância e uma série de demandas atendidas. Ele também avalia as condições para se desativar, agora, uma armadilha para a qual a Justiça Eleitoral involuntariamente contribuiu. Convencido de que, se perder, Bolsonaro tentará desrespeitar a vontade das urnas, Bernardo recorre à comparação com Donald Trump: “Lá o golpe não deu certo, as Forças Armadas não deixaram. E aqui, como seria?”
2/23/202223 minutes, 22 seconds
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Putin avança sobre o leste da Ucrânia

Dois movimentos do Kremlin, nesta segunda-feira, colocaram em novo patamar uma crise que tem repercussões mundiais. Primeiro, o reconhecimento da independência de duas regiões separatistas no território ucraniano: Donetsk e Luhansk. Horas depois, o anúncio de que elas receberão tropas russas, em missão de “pacificação”. Com isso, Vladimir Putin “mexeu completamente no tabuleiro” de um jogo que vinha se desenrolando há meses na base da troca de ameaças entre Moscou e Washington, em meio a tentativas de mediação de líderes europeus. É o que explica, na conversa com Renata Lo Prete, o comentarista da TV Globo em Nova York Guga Chacra. Ao analisar o discurso feito por Putin, o jornalista observa que não se trata mais de exigir que a Ucrânia permaneça fora da Otan, mas de algo muito maior: questionar a própria existência do país como tal, advogando implicitamente a restauração geral do mapa que existia antes da dissolução da União Soviética, no início da década de 90. A partir de agora, analisa, o diálogo entre Putin e Joe Biden fica cada vez mais “complicado e improvável”. Para Guga, os próximos passos do governo de Volodymyr Zelensky serão determinantes para o desenrolar do conflito. Se a Ucrânia revidar, “poderemos caminhar para uma guerra aberta”.
2/22/202220 minutes, 46 seconds
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Os 50 anos do 'Clube da Esquina'

Foi um lugar -o encontro das ruas Divinópolis e Paraisópolis, em Belo Horizonte. E também um movimento que reuniu talentos excepcionais, como os irmãos Lô e Marcio Borges, Ronaldo Bastos e Fernando Brandt, guiados “pela inquietação e pela genialidade” de sua figura maior, Milton Nascimento. Quem relembra é o jornalista e antropólogo Paulo Thiago de Mello, autor de um livro sobre o Clube da Esquina e seu principal fruto: o disco homônimo lançado em março de 1972, divisor de águas na história da música brasileira. Um álbum duplo (dos primeiros a sair no país) de sonoridade sofisticada e caráter sinfônico, no qual se mesclam influências que vão das raízes mineiras aos Beatles. Na conversa com Renata Lo Prete, Paulo Thiago resgata o contexto histórico em que vieram à luz canções como “Cais”, “Trem Azul”, “Um Gosto de Sol” e “Nada Será Como Antes”. Elas refletem “a angústia e a asfixia” da pior fase da ditadura militar. Sinal disso, diz ele, é a presença de estrada em quase todas as letras, como um “portal para um universo que está no interior, e que só quem bota a mochila nas costas poderá encontrar". Chamado a comparar “Clube da Esquina” a outros discos seminais que saíram naquele ano (como “Acabou Chorare”, dos Novos Baianos), Paulo Thiago afirma que Milton e seus amigos levaram “o interior para a beira do mar". “A revolução deles foi musical”.
2/21/202237 minutes, 52 seconds
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Celular roubado: muito além do aparelho

Quem ainda não foi vítima tem pelo menos um familiar ou conhecido que já foi. Ver o telefone ser levado por ladrões, em abordagens cada vez mais violentas, vai se tornando cena recorrente nas cidades brasileiras. O choque do momento pode se desdobrar em meses de transtornos, porque ali está armazenada boa parte da vida da pessoa, inclusive o que mais interessa aos criminosos: dados financeiros. Repórter da Globo em São Paulo, César Galvão descreve neste episódio o modus operandi das quadrilhas e por que seus integrantes se expõem a risco em ações espetaculosas, que incluem quebrar vidros e “mergulhar” dentro de carros em pleno congestionamento: “eles querem o celular desbloqueado” para “ter acesso a senhas e contas bancárias”. César mostra ainda o despreparo de parte da polícia para lidar com um crime que atinge simultaneamente vários tipos de patrimônio. Renata Lo Prete conversa também com Thiago Ayub, especialista no desenvolvimento de ferramentas de segurança digital. Ele fala da responsabilidade das empresas fabricantes e recomenda “pensar na proteção do celular assim como pensamos na proteção da nossa casa”, tamanha a importância das informações que ele carrega.
2/18/202220 minutes, 40 seconds
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Desastres naturais: adaptação urgente

O maior volume de chuva em 24 horas registrado em quase um século de medições na região serrana do Rio de Janeiro. A água deslocou imensos blocos de terra dos morros, transformou as ruas de Petrópolis em rios de lama e foi destruindo tudo pelo caminho, numa tragédia que, na madrugada de quinta-feira, já passava de uma centena de mortos. “Água acima de 2 metros. A sensação era a de estar sendo engolido”, descreve o André Coelho, repórter da GloboNews. Do Morro da Oficina, um dos pontos mais afetados, ele contou a Renata Lo Prete o que viu ao chegar à cidade. Natural da vizinha Teresópolis, André detalha a geografia local, explicando os fatores de vulnerabilidade: “Encosta muito grande de rochas, vegetação insuficiente e ocupação desordenada”, uma mistura que, somada à omissão do poder público, faz com que os episódios de devastação se repitam. Participa também o economista Sérgio Margulis. Um dos autores do estudo "Brasil 2040”, ele lista providências que os governos precisam tomar. A primeira, afirma, é “estar atento e levar muito a sério” os impactos das mudanças climáticas. Do ponto de vista de infraestrutura, “as soluções são conhecidas e, agora, têm que ser implementadas”, e as autoridades deveriam estar dispostas a “pagar qualquer coisa para não deixar acontecer de novo”.
2/17/202222 minutes, 17 seconds
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Lula em hora de vento a favor

A pouco mais de sete meses da eleição, a liderança nas pesquisas segue folgada e estável. Dentro do PT, diminui a resistência à escolha do ex-tucano Geraldo Alckmin para vice. Uma conjuntura a que agora se somam duas novidades: um manifesto em defesa da candidatura, assinado por apoiadores tanto históricos quanto recentes; e uma entrevista na qual o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avalia que o mercado financeiro já digere bem a possibilidade de vitória de Lula. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor Econômico e comentarista da Rádio CBN, para discutir esse quadro e o que pode alterá-lo. Na conversa, elas tratam também das dificuldades enfrentadas pelos nomes da chamada “terceira via” e do que esperar de Jair Bolsonaro na campanha: “Ele tentará reeditar o antipetismo, que foi a maior força eleitoral de 2018”. O problema é que há “outro fenômeno mais poderoso agora”, o antibolsonarismo.
2/16/202223 minutes, 39 seconds
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Violência no campo: em alta e impune

Em 2020, primeiro ano da pandemia e o último com dados consolidados disponíveis, o Brasil registrou mais de 1.500 conflitos de terra, recorde desde 1985. A Comissão Pastoral da Terra, ligada à Igreja Católica, aponta ainda aumento de 30% nos assassinatos derivados desses conflitos - crimes cuja investigação não raro dá em nada. “É uma impunidade recorrente”, afirma Carlos Lima, um dos coordenadores nacionais da CPT. Em entrevista a Renata Lo Prete, o historiador avalia de que modo as políticas do atual governo contribuem para disseminar, entre os agressores, a certeza de que “matar índio, quilombola e sem-terra” não resulta em condenação, menos ainda dos mandantes. A análise vem no momento em que ganha o noticiário um caso particularmente chocante: um menino de nove anos, filho de dirigente de sindicato de trabalhadores rurais, morto a tiros dentro de casa, diante da família, por homens encapuzados. O repórter Ricardo Novelino, do g1 em Pernambuco, recupera a história de Jônatas e explica o conflito em Barreiros, na Zona da Mata pernambucana.
2/15/202221 minutes, 13 seconds
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Amazônia ilegal: modelo de subdesenvolvimento

Dois anos e meio depois do evento que ficou conhecido como Dia do Fogo, quando criminosos se organizaram para incendiar centenas de hectares de floresta, uma área do sudoeste do Pará onde havia vegetação nativa hoje está tomada por extensa plantação de soja. “Eu consegui ver duas realidades”, conta Daniel Camargos, jornalista da organização Repórter Brasil, que esteve no local nos dois momentos. “A soja levou dinheiro, mas também violência, medo e morte”. Na conversa com Renata Lo Prete, ele narra a “expulsão” dos pequenos agricultores que, antes da destruição, seriam assentados perto da cidade de Novo Progresso (PA). Uma história, explica Daniel, de assédio para que arrendem ou vendam seus lotes, transformando-se em “laranjas da soja”. A despeito de investigações abertas pela Polícia Civil e pela PF, o que aconteceu no Dia do Fogo “entrou para a gaveta”, diz. Participa também do episódio Caetano Scannavino, coordenador da ONG Projeto Saúde & Alegria e integrante do Observatório do Clima. É ele que traz o contexto da “cultura da ilegalidade”, vigente em boa parte da região. “O que já era ruim agora está catastrófico”, afirma. O ambientalista explica por que deu errado: já foi desmatada uma área equivalente a duas Alemanhas e, no lugar, dois terços viraram pastagem de baixa produtividade. “É a insistência em um modelo de subdesenvolvimento”. E com consequências severas para o planeta: se fosse um país, o território que os mapas descrevem como Amazônia Legal seria um dos dez mais poluentes do mundo, tamanha sua emissão de gases do efeito estufa. “O agronegócio deveria ser o primeiro a se preocupar com as mudanças climáticas”, acrescenta Caetano. A solução, aponta, é investir no aumento da produtividade e em novas tecnologias da floresta. “Dá para tornar a Zona Franca de Manaus em um Vale do Silício da bioeconomia”.
2/14/202227 minutes, 57 seconds
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Bolsonaro na Rússia em meio à crise militar

O presidente brasileiro desembarca em Moscou no início da próxima semana para encontrar o russo Vladimir Putin. Na sequência, se reúne com o primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, em um giro de três dias numa região que vive tensão extrema: a estimativa é de que 130 mil soldados russos estejam perto da fronteira da Ucrânia, sinalizando risco de invasão iminente. Neste episódio, apresentado por Natuza Nery, o historiador Felipe Loureiro explica como a intenção de Putin ao receber Bolsonaro é mostrar “que a Rússia não está isolada” na atual crise internacional. Coordenador do curso de Relações Internacionais da USP e do Observatório da Democracia no Mundo, Loureiro avalia os significados do encontro de Bolsonaro com Putin e Orbán, dois líderes autoritários. O professor lembra como a Rússia é conhecida por interferir em eleições de outros países e alerta para o risco de a viagem servir como “laboratório” de métodos que possam causar disrupção na votação brasileira deste ano. Loureiro pontua ainda como Bolsonaro pode fazer aguar o esforço da diplomacia brasileira – que defende uma solução pacífica para o conflito entre russos e ucranianos. Segundo ele, uma eventual declaração desastrada de Bolsonaro prejudicaria a relação do Brasil com os EUA e ameaçaria até a prometida entrada do país na OCDE.
2/11/202220 minutes, 36 seconds
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Agrotóxicos: o que muda com o PL do Veneno

Desde 2015, o Brasil vem engordando a lista desses produtos autorizados para uso nas lavouras. Uma conta que disparou a partir de 2019 e no ano passado bateu recorde de liberações: mais de 560. Nesta quarta-feira, a Câmara aprovou o projeto de lei que facilita ainda mais a liberação. Um material extenso, “quase um código”, que “não deixa muito espaço para futuras regulamentações”, explica Rafael Walendorff. Em conversa com Renata Lo Prete, o repórter do Valor Econômico resgata a tramitação do PL e detalha os argumentos de quem o defende (“mais celeridade e segurança para o setor produtivo”) e de quem o rejeita (“abre muitas brechas e aumenta as pressões” pelo registro de mais agrotóxicos). Ele também aponta quem sai ganhando: “O Ministério da Agricultura fica com mais poder”, afirma sobre um dos pontos mais controversos do PL, que tira da alçada da Anvisa e do Ibama a decisão final sobre produtos potencialmente danosos à saúde humana e ao meio ambiente. “Vai ser um desastre”, prevê Luiz Claudio Meirelles, pesquisador da Escola de Saúde Pública da FioCruz e ex-gerente de toxicologia da agência. O agrônomo alerta para os riscos de permitir que mais defensivos agrícolas cheguem à mesa dos brasileiros. E lembra que o glifosato, embora declarado cancerígeno em 2015, ainda é o agrotóxico mais usado do país. Luiz Claudio aborda também o problema do monitoramento: “caro, demorado e não garante proteção”. Para ele, o caminho é justamente o contrário do previsto na nova lei: liberar cada vez menos.
2/10/202225 minutes, 12 seconds
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Alfabetização: o pior dos retrocessos

No início do ano letivo, aparecem as consequências de quase dois anos de apagão no ensino presencial regular. O quadro inclui evasão elevada, déficit de vagas na rede pública e a conclusão dramática de um levantamento feito a partir de dados da Pnad Contínua (IBGE): quase 41% dos alunos de 6 e 7 anos não sabem ler nem escrever, um salto de 66% na comparação com 2019. “Antes da pandemia, já era um desafio garantir que todos aprendessem”, diz a pedagoga Anna Helena Altenfelder. “Agora, piorou”. Na conversa com Renata Lo Prete, ela explica por que o ensino remoto funciona particularmente mal para essa faixa etária, além de ampliar as desigualdades. E defende que a criação de vagas é tarefa para ontem: cada dia sem aula é “um dia a mais de direito negado e um dia a menos de aprendizado”. Participa também do episódio a educadora Sônia Madi, que discorre sobre o comprometimento do futuro do aluno e da sociedade quando falta a base (leitura e escrita). Para ela, é o sistema que precisa se adequar a essa criança carente de ajuda para aprender, e não o contrário: “Não adianta apenas saber em que pé ela está. Precisa saber como faz para ela avançar”.
2/9/202221 minutes, 59 seconds
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Imposto sobre combustível: o que pode mudar

Já apareceu posto com o litro de gasolina acima de R$ 8. Em vários estados, ele está custando, em média, mais de R$ 7. Desde o início do ano passado, a alta acumulada é de 77%, uma das mais sentidas pelo consumidor, com efeitos que se espalham por toda a economia. Se antes as autoridades já temiam o custo político desse processo, que dirá agora, a oito meses da eleição. Por isso, sob pressão do presidente Jair Bolsonaro, o Congresso está coalhado de projetos que prometem colocar freio aos aumentos. Quem explica cada um deles neste episódio é a jornalista da GloboNews Bianca Lima, que resume assim: “Sobram propostas, falta consenso”. Ela se refere, por exemplo, à resistência dos governadores a perder arrecadação de ICMS (responsável por 70% das receitas dos estados). Ou da equipe econômica diante da possibilidade de se criar um fundo, com recursos da União, para amortecer as oscilações do preço do petróleo no mercado internacional. Com o barril superando os US$ 90 e o real se desvalorizando, o problema não será resolvido pela via dos tributos, explica o repórter Alvaro Gribel, do jornal O Globo. “Petróleo e câmbio: são esses os dois fatores”, diz. Na conversa com Renata Lo Prete, ele faz o histórico de como diferentes governos lidaram com a Petrobras e os preços de combustíveis, desde o período Lula. E examina a viabilidade das propostas dos pré-candidatos à Presidência nessa matéria.
2/8/202220 minutes, 57 seconds
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Moradia primeiro: um serviço essencial

Nas grandes cidades brasileiras, é visível, quando não gritante, que há mais gente vivendo nas ruas. Em São Paulo, censo recém-divulgado pela prefeitura detectou aumento de 31% entre 2019 e o ano passado, mas nem esse percentual dá conta da realidade, pois ainda existe muita subnotificação. Um quadro em que se misturam desemprego elevado, renda em queda e inflação acentuada do aluguel. E que provoca também mudança de perfil dos desalojados: “Agora você encontra mais famílias e crianças”, alerta Samuel Rodrigues, coordenador, em Minas Gerais, do Movimento Nacional de Pessoas em Situação de Rua. Ele, que já viveu 13 anos assim, conta como a ausência de políticas públicas está impondo a milhares de pessoas a necessidade de revirar lixo em busca de alimento. “O grito pela comida, neste momento, é o mais forte”. Na conversa com Renata Lo Prete, Samuel reforça a importância de pensar em moradia “não apenas como mercadoria, mas como serviço”, dentro da ideia de “housing first”, que gerou experiências exitosas em diversos países. Também entrevistado no episódio, o pesquisador André Luiz Freitas reforça que moradia é “o eixo condutor de acesso a outros direitos”, como saúde, assistência social e cultura. Professor e coordenador do programa Polos de Cidadania, da UFMG, ele explica como a carência de dados oficiais e confiáveis sobre a população de rua descumpre responsabilidades previstas na Constituição Federal e acaba resultando em “políticas de morte”.
2/7/202222 minutes, 43 seconds
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A Funai contra os indígenas isolados

Somente dentro dos limites da Amazônia Legal, são mais de 100 povos que optam por viver reclusos na floresta, muitas vezes pela lembrança de um passado sangrento. “Para eles, a proteção da Funai é vital. Literalmente vital”, resume Beto Marubo, integrante da Univaja, organização que luta pelos direitos desses grupos no Vale do Javari (AM). No entanto, o órgão federal incumbido da tarefa está na berlinda por fazer o contrário: deixá-los à mercê de desmatadores e grileiros. No comando, “um presidente da Funai que não gosta da Funai e que é contra a Funai”, diz Marubo, referindo-se ao delegado da PF Marcelo Xavier da Silva, que ocupa o posto desde julho de 2019. O capítulo mais recente do desmonte é a dificuldade para renovar portarias que restringem o acesso a áreas habitadas por esses povos - e até hoje não demarcadas. “Parece que existe intenção de ganhar tempo até que se encontre ambiente para uma decisão que agrade” os invasores, diz a Renata Lo Prete a advogada Carolina Santana, assessora jurídica do Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados. Morador de uma das regiões com maior presença deles, Beto alerta para a contradição de abandonar justamente quem mais precisa do zelo do Estado: “Além de covarde, é criminoso”.
2/4/202229 minutes, 48 seconds
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Juro básico de volta aos 2 dígitos

Em menos de 12 meses, a Selic saltou de seu piso histórico (2% ao ano, em março de 2021) para os 10,75% anunciados nesta quarta-feira, num acréscimo de 1,5 ponto percentual. E com nova alta já contratada para a próxima reunião do Copom. O movimento tende a frear ainda mais uma atividade econômica já vagarosa, mas, na avaliação Sergio Lamucci, editor-executivo do Valor Econômico, não restava alternativa: “O Banco Central está sozinho” na causa de conter a inflação. Ele analisa como, em um cenário de câmbio desvalorizado, incerteza eleitoral e risco fiscal, o BC lança mão da política monetária para tentar reduzir à metade o IPCA, o que mesmo assim manteria a inflação acima do centro da meta para 2022 (3,5%). Como dano colateral, além da redução da atividade, ele prevê a retomada da trajetória de crescimento da dívida pública. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, sobre o fim da era de juros muito baixos no mundo, que terá como próximo e importante capítulo o início, em março, de um ciclo de aperto monetário nos EUA. “O que se espera é a redução do fluxo de capitais para países emergentes, como o Brasil, e um dólar ainda mais forte”.
2/3/202220 minutes, 11 seconds
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O Brasil que lincha: o caso Moïse

Agredido com socos, chutes e pauladas porque, de acordo com depoimentos da família, reivindicava dois dias pendentes de remuneração no quiosque onde trabalhava, na orla da Barra da Tijuca. Moïse Kabamgabe, 25 anos, encontrou a morte no país que sua mãe escolheu para criar os filhos, de modo a afastá-los da instabilidade violenta do Congo. Um caso no qual racismo e xenofobia se misturam a uma barbaridade que tem raízes profundas em nossa história: os “justiçamentos de rua”. Estudioso do tema, sobre o qual escreveu um livro, o sociólogo José de Souza Martins, professor emérito da USP, identifica no assassinato brutal de Moïse “um novo tipo de linchamento dentro de uma cultura de linchamentos”. Novo porque associado não a acusações de furto ou estupro, mais recorrentes, e sim a relações de trabalho, que vêm sofrendo um visível processo de degradação. Na conversa com Renata Lo Prete, Martins reflete sobre o “comportamento de multidão” dos linchadores. “Na multidão, o responsável pelo crime é sempre o outro”, observa. E portanto, sob a ótica dos agressores, não é ninguém. Ele lembra que linchamentos são também uma expressão de medo -do novo e do diferente. E que nossa sociedade é, com o estímulo do governo, cada vez mais “uma sociedade do medo”. Participa ainda do episódio Luana Alves, repórter da TV Globo no Rio, que conversou com a mãe e os irmãos de Moïse: “Uma família que fugiu de uma realidade difícil em sua terra natal e, mesmo assim, permaneceu unida e afetuosa”.
2/2/202224 minutes, 48 seconds
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A vida na Ucrânia à espera dos russos

Há 9 meses o país assiste ao deslocamento de um contingente que hoje soma mais de 120 mil soldados em suas fronteiras. Nos últimos dias, escalaram também as ameaças de Washington a Moscou, as réplicas desafiadoras de Vladimir Putin e o bate-cabeça de líderes europeus (mais expostos do que os EUA às consequências de um eventual descontrole na região). Mas, e os ucranianos? Consideram a invasão iminente? O que pensam sobre ser palco de um conflito em que se chocam interesses das grandes potências? “Uma frase que circula aqui é ‘se a gente sentir medo, eles venceram’”, conta o correspondente da Globo Pedro Vedova, enviado especial a Kiev. “É um país com mais resistência mental do que se pode imaginar”. A situação é diferente, ele explica, em áreas já ocupadas por forças russas ou pró-russas. “No leste da Ucrânia, não é tanto uma questão de se vai ou não ter invasão. É se vai ou não ser pior do que agora”. Na conversa com Renata Lo Prete, Vedova trata ainda da impopularidade do governo de Volodymyr Zelensky e das dificuldades econômicas que o país atravessa. “Antes da revolta de 2014, 12% dos ucranianos eram favor da Otan (aliança militar liderada pelos EUA). Agora, mais da metade são”.
2/1/202222 minutes, 50 seconds
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Deportados: o duro caminho de volta

Mais de 200 brasileiros devolvidos pelos EUA em um único voo, que chegou a Minas Gerais no último dia 26. O total já supera 3.800 desde que, em 2019, o presidente Jair Bolsonaro resolveu facilitar o processo de expulsão dos ilegais pelas autoridades americanas. Presente ao desembarque no aeroporto de Confins, o jornalista da TV Globo Dener Alano relata o que viu: predominantemente famílias, com “muitas crianças” (90, segundo a Polícia Federal). E ouviu: “São pessoas que tinham colocado uma expectativa grande. Largado emprego, feito empréstimo”. E que revelam ter sofrido, no centro de detenção no Estado do Arizona, vários tipos de agressões, além de passar frio e fome. “Uma refeição por dia”, diz Dener. Às vezes, “só bolacha”. Participa também do episódio o repórter Pedro Figueiredo, que no fim do ano passado cobriu, para o Fantástico, uma operação da Polícia Federal contra esquemas ilegais de entrada nos EUA. Entre eles, o “cai-cai”: “Basicamente, a pessoa se entrega na fronteira em troca de talvez entrar, talvez não. Se estiver acompanhada de criança ou mulher grávida, a chance aumenta”. Daí o uso crescente dos pequenos, expostos a todo tipo de risco. Pedro conta ainda o que descobriu sobre desilusão e ausência de perspectivas conversando com deportados. Um deles, depois de perder tudo o que tinha, está juntando dinheiro para tentar de novo.
1/31/202220 minutes, 42 seconds
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Ômicron: sistema de saúde tomba de novo

O rápido espalhamento da variante mais contagiosa do coronavírus produz recorde de infectados e volta a sobrecarregar os hospitais: em 6 Estados e no Distrito Federal, a taxa de ocupação de leitos de UTI está acima de 80%, situação crítica que há muito não se via. Em sua maioria menos graves, os casos, no entanto, são tão numerosos que impactam a linha de frente: em poucos momentos da pandemia houve tantos profissionais afastados do trabalho. Para quem fica, o sentimento é de exaustão e perplexidade. "Parece uma doença diferente”, conta a infectologista Ana Helena Germoglio, que quase dois anos atrás acompanhou a primeira paciente grave de Covid do DF e desde então segue atuante nas redes pública e privada da capital federal. “Uma doença do pescoço pra cima”, diz ela, referindo-se à recorrência de sintomas como dor de garganta e de cabeça. “E dos não-vacinados”, pois é esse o status da maior parte dos hospitalizados. Com tanto aprendizado obtido desde 2020, ela lamenta a sobrevivência do negacionismo, inclusive entre médicos. Na semana passada, Ana Helena assistiu à morte de um colega cardiologista, não imunizado e apologista de cloroquina. Para ela, a prioridade, agora, é avançar com a campanha infantil: “O adulto vacinado é como uma casa com muros; a criança sem vacina é uma casa sem muros, que o ladrão vai invadir”.
1/28/202219 minutes, 11 seconds
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Negacionismo: Bolsonaro dobra a meta

Quando muitos pensavam que o governo federal havia se conformado minimamente às realidades da pandemia, o Brasil vê renascer a disposição das autoridades para atrapalhar a vacinação, desta vez do público infantil, e promover um remédio que o mundo inteiro sabe, há tempos, ser ineficaz contra a Covid. Para o jornalista Carlos Andreazza, trata-se de um “padrão pendular” de conduta: “estica ao máximo a corda, e depois recua”. Ele reconhece, porém, pelo menos uma diferença na atual ofensiva: sem CPI, o presidente está convencido de que pode ultrapassar qualquer limite e tratar da crise sob o único prisma que lhe interessa, o eleitoral. “É a convicção de que, se segurar 15% de fiéis, alimentar os radicais, irá ao 2º turno”, diz o colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN. Na conversa com Renata Lo Prete, Andreazza observa também que o “fator ômicron” (mais gente pegando a doença, ainda que com quadros menos graves) fomenta a disseminação de fake news sobre vacinas. E lembra que essa confusão “com método” tem consequências na ponta: das reiteradas ameaças a funcionários da Anvisa à dificuldade para fazer a campanha das crianças decolar, providência que os epidemiologistas consideram indispensável para controlar o contágio.
1/27/202226 minutes, 46 seconds
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Federação partidária: como vai funcionar

Um tipo de associação em que as legendas preservam autonomia operacional e financeira, mas atuam em bloco no Legislativo e permanecem juntas por, no mínimo, 4 anos, num desenho que precisa ser respeitado tanto no palanque federal quanto nos regionais. Aprovada em setembro de 2021, a modalidade surgiu como resposta à cláusula de desempenho, que cobra dos partidos um piso de deputados federais para ter acesso a recursos públicos e tempo de TV. É o que explica neste episódio a cientista política Lara Mesquita, da FGV, identificando ainda outro fator na origem da ideia da federação: encontrar substituta para as extintas coligações em eleições proporcionais. Na conversa com Renata Lo Prete, Lara enumera semelhanças e diferenças entre coligação e federação, e aponta as duas maiores pedras no caminho desta última: a exigência de “verticalização” das alianças (cronicamente rejeitada pelos políticos) e as queixas, que começam a aparecer, à duração de 4 anos. Direto de Brasília, o repórter da Globo Nilson Klava atualiza as tratativas em curso para compor federações. A mais avançada é a que reúne PT, PSB (ambos reivindicam no TSE ampliar o prazo para concluir as negociações, atualmente fixado em 1º de março), PC do B e PV.
1/26/202220 minutes, 41 seconds
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A vez dos games nos grandes negócios

O recente movimento feito pela Microsoft chama a atenção primeiro pela cifra: quase US$ 69 bilhões (aproximadamente R$ 380 bilhões) para adquirir a Activision Blizzard. Ela é responsável por franquias consolidadas no mundo dos jogos interativos (como Call of Duty, Candy Crush e WarCraft), mas a importância do acerto vai muito além: mostra o quão central, para as empresas de tecnologia, tornou-se um mercado que movimentou quase US$ 200 bilhões em 2021. Com quase 3 bilhões de usuários (mais de um terço da população do planeta), os games já superam em valor ramos tradicionais da indústria do entretenimento, como o cinematográfico. Neste episódio, Vicente Martin Mastrocola, professor de Sistemas de Informação da ESPM, detalha as implicações dessa compra, que levará a Microsoft ao terceiro lugar no ranking do setor, atrás apenas da chinesa Tencent e da japonesa Sony. "A Microsoft, proprietária do Windows e do Xbox, vai investir pesado na integração desses jogos dentro de sua plataforma", diz. “O objetivo é conectar várias telas, como computador, consoles, tablets e smartphones, em um ecossistema só.” Na conversa com Renata Lo Prete, ele discute também o papel dos games na aposta da indústria no metaverso (integração de universos virtuais com o físico por meio de tecnologia imersiva).
1/25/202221 minutes, 41 seconds
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Vida e obra de Elza Soares, por Ruy Castro

Neste episódio especial, antecipado para homenagear uma de nossas maiores cantoras, O Assunto recebe o jornalista e escritor, profundo estudioso da música brasileira. Ele conduz o ouvinte por marcos da trajetória de Elza, que morreu na quinta-feira aos 91 anos: da estreia no programa de rádio de Ary Barroso, em 1953, à colaboração com jovens compositores em anos recentes, passando pela histórica gravação de “Língua”, de Caetano Veloso, que a resgatou de um período de ostracismo na década de 80. "Ela cantava muito com o corpo. Impressionante como tinha mobilidade, uma potência não só vocal, mas do corpo todo”, diz. Biógrafo de Garrincha, com quem Elza viveu longo e conturbado casamento, Ruy a entrevistou dezenas de vezes para a feitura do livro, colhendo em primeira mão relatos das adversidades enfrentadas desde a infância de menina negra na favela até a luta, em vão, contra o alcoolismo do jogador. "Ela encarava tudo”, afirma. “É uma coisa espantosa que tenha ‘recomeçado’ a carreira aos quase 80". Elza realmente “cantou até o fim”, conforme letra da canção destacada no obituário do jornal americano “The New York Times”. Dessa extensa produção, Ruy não titubeia quando chamado a escolher sua fase favorita: é a dos sambas, em especial até o início dos anos 70. Nesse capítulo, diz, não teve pra mais ninguém.
1/22/202231 minutes, 15 seconds
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Os arrastados, 3 anos de Brumadinho

No calendário, 25 de janeiro de 2019. Na vida de bombeiros, legistas e, principalmente, familiares dos 270 mortos, o maior desastre humanitário da história do país segue em curso - e não apenas porque seis das vítimas ainda não foram encontradas na lama e nos rejeitos liberados com o rompimento da Barragem 1 da mina Córrego do Feijão, da Vale. Neste episódio, O Assunto recebe Daniela Arbex, que reconstituiu cada detalhe do dia fatídico e deu voz a dezenas de personagens da tragédia em seu novo livro, “Arrastados”. O título remete a algo que a jornalista aprendeu acompanhando o trabalho incansável de médicos e técnicos do IML de Belo Horizonte: sem pele, “todos ficaram iguais na morte”. Na conversa com Renata Lo Prete, Daniela resgata as evidências de que a mineradora sabia, desde pelo menos um ano antes, dos riscos de rompimento da B1 - e da escala da destruição que isso provocaria. Sobre a luta inacabada dos sobreviventes por Justiça e reparação, ela diz: “Quando você é arrancado de seu lugar de origem, você passa a ser de lugar nenhum”.
1/21/202230 minutes
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China: limites da política de Covid zero

Um cordão sanitário nas fronteiras e dezenas de milhões de pessoas em lockdowns focalizados. Às vésperas de seu principal feriado e de um evento global em Pequim, o país que primeiro identificou o novo coronavírus segue com as medidas mais draconianas para contê-lo. Aliada a uma taxa de vacinação superior a 85%, essa estratégia conseguiu segurar as mortes pela doença num patamar comparativamente baixo (em torno de 5 mil registradas desde o início da pandemia, contra mais de 850 mil nos EUA, por exemplo). Mas agora é questionada tanto do ponto de vista da eficácia (a variante ômicron já está presente em pelo menos 7 das 31 províncias) quanto de efeitos colaterais (recuperação insuficiente da atividade). Professor da Fundação Dom Cabral e da Universidade de Nova York em Xangai, o economista Rodrigo Zeidan conta como funciona na prática: “Se um caso for detectado num condomínio, as autoridades fecham o lugar com quem estiver dentro” e promovem testagem em massa. Empresas e governos estrangeiros podem torcer o nariz, mas essa abordagem tem “alto apoio popular”, afirma. Participa também do episódio o jornalista Carlos Gil, que por mais de três anos foi correspondente da TV Globo na Ásia. É ele quem explica as rígidas regras da “bolha” onde ficarão atletas e demais envolvidos nas Olimpíadas de Inverno, a partir de 4 de fevereiro na capital chinesa. Como público, nas arenas, apenas convidados e em número restrito. Gil compara esse ambiente ao dos Jogos de Tóquio, em 2021. “Na China, quem pisar fora do circuito fechado vai sofrer sanções”, até mesmo deportação.
1/20/202225 minutes, 35 seconds
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A panela de pressão do funcionalismo

Os atos desta terça-feira em Brasília são o capítulo mais recente de um movimento que começou ainda em 2021, quando Jair Bolsonaro operou para que fosse incluído, no Orçamento deste ano, R$ 1,7 bilhão destinado a reajustar os salários dos policiais federais, cujo apoio o presidente espera obter nas urnas em outubro. O tratamento diferenciado deflagrou reivindicações de servidores da Receita Federal e do BC, principalmente, mas reverbera em dezenas de outras categorias, com gestos de advertência e ameaças de paralisação. Neste episódio, O Assunto procura entender distorções e suas consequências conversando com os economistas Bruno Carazza e Daniel Duque. "É um grupo articulado e poderoso da administração pública", diz Carazza, doutor em direito e colunista do Valor Econômico, sobre os setores que lideram a atual temporada de reivindicações. Ele, que finaliza um livro a respeito do tema, resgata as origens da disparidade de remuneração e defende uma reforma que “racionalize carreiras e institua um sistema sério de avaliação". Pesquisador do Ibre-FGV, Duque detalha estudo comparativo da evolução salarial de diferentes categorias na última década, mostrando quem ganhou e quem perdeu da inflação. E chama a atenção para uma peculiaridade nacional: “O Brasil gasta com o Judiciário 3 vezes mais do que países desenvolvidos. Temos essa jabuticaba para resolver”.
1/19/202224 minutes, 43 seconds
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Djokovic: quando a lei vale para todos

Ele era o favorito para vencer o Aberto da Austrália, iniciado no domingo passado. O título seria seu 21º de Grand Slam, feito inédito na história do tênis. Mas, em vez de desfilar talento nas quadras de Melbourne, o número 1 do mundo foi deportado depois de uma queda-de-braço com as autoridades locais: o sérvio de 34 anos desembarcou sem ter tomado vacina contra a Covid, e ainda mentiu no formulário de imigração para burlar a perspectiva de quarentena. “Hoje, ele também não poderia disputar Roland Garros (França) e o US Open (Nova York)”, complementa Guga Chacra. Na conversa com Renata Lo Prete, o comentarista da Globo nos EUA detalha a carreira de um dos maiores tenistas de todos os tempos e relembra outros episódios de negacionismo em que ele se envolveu na pandemia -a lista inclui a promoção de um torneio sem nenhum protocolo restritivo e a realização de entrevista (sem máscara) após teste positivo para a doença. “A Austrália entendeu que ele é uma ameaça à segurança pública”, avalia Deisy Ventura, professora titular de ética da Faculdade de Saúde Pública da USP, sobre a decisão do governo, referendada por uma corte federal. A pesquisadora ainda analisa a diferença entre três diferentes políticas de estímulo à vacinação, a partir de exemplos do Brasil, do Canadá e da Áustria – que está prestes a impor a imunização a todos os adultos maiores de 18 anos.
1/18/202223 minutes, 57 seconds
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A falta de fiscalização no turismo de natureza

A tragédia de Capitólio, em Minas Gerais, colocou em evidência a falta de regulamentação para a visitação de atrações naturais no Brasil – e, consequentemente, o risco que oferecem aos turistas. Depois da paralisação quase total no setor durante a pandemia, o turismo voltou a aquecer no país, principalmente a partir de setembro, informa Luiz Del Vigna, diretor-executivo da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura. Em entrevista a Natuza Nery, ele fala sobre o crescimento da procura por contato com o ambiente natural - “para descomprimir as tensões da pandemia” - e alerta para o problema colateral: a segurança. Seu diagnóstico relaciona a falta de cuidado dos próprios viajantes, a situação de informalidade de muitos profissionais do setor e, principalmente, a falta de fiscalização sobre a legislação vigente. “Precisamos minimizar os riscos para a aventura ocorrer somente no campo do imaginário”. A geóloga Joana Paula Sanchez, professora da Universidade Federal de Goiás, chama atenção para a falta de estrutura das pequenas cidades, cuja população pode até dobrar de tamanho durante feriados ou férias escolares. “Não tem hotéis ou mesmo saneamento básico suficiente”. Ela também alerta os turistas sobre os maiores perigos e recomenda o que fazer para garantir uma viagem segura.
1/17/202220 minutes, 34 seconds
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A falta de exames e o autoteste para Covid

Desde as últimas semanas de 2021, a demanda por diagnóstico cresceu como há muito não se via. Resultado, afirmam especialistas, de uma “tempestade perfeita” que atingiu o Brasil: um mix de festas de fim de ano, contágio acelerado da variante ômicron, surto de casos de gripe H3N2 e descuido nas medidas não farmacológicas de contenção do vírus. Neste episódio, a jornalista Ana Carolina Moreno, repórter de dados da Globo em São Paulo, conta como a procura por testes subiu quatro vezes desde novembro – e que a taxa de positividade explodiu de 9% para 30%. Ela também revela que os principais distribuidores no Brasil já estão em processo de reposição de estoque: “Já fizeram as compras e tem grande volume de testes em trânsito para cá”. Natuza Nery ouve também Claudio Maierovitch, coordenador do núcleo de epidemiologia e vigilância de saúde da FioCruz, que explica a importância da testagem em massa para o estabelecimento de políticas públicas de saúde: “Permite diminuir a velocidade com que o vírus se espalha”. Ele, que foi diretor da Anvisa entre 2002 e 2008, alerta para o risco de que a alta velocidade de transmissão sem a medição adequada pode resultar em mais casos graves e óbitos “sem que os sistemas de saúde tenham se preparado para isso”. E recorda os primeiros meses da pandemia: “Tenho a impressão de que estamos no começo de novo: propagação rápida e testes insuficientes”.
1/14/202224 minutes, 33 seconds
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Burnout: o esgotamento do trabalho

A partir de 1º de janeiro deste ano, a OMS incluiu a síndrome relacionada ao trabalho na classificação internacional de doença. Já há anos, o número de pessoas que recebem o diagnóstico cresce, mas houve um boom durante a pandemia – estima-se que, no Brasil, cerca de um terço da população seja afetada. A então publicitária Carol Milters sofreu em duas oportunidades: sintomas como dores no peito, reincidência em infecções e exaustão a afastaram de dois empregos. Hoje, ela, que mora na Holanda, é autora do livro “Minhas páginas matinais: crônicas da síndrome de burnout” e relata sua experiência ao Assunto. Também neste episódio, Natuza Nery conversa com a psicanalista Vera Iaconelli, que fala sobre a importância da decisão da OMS para jogar luz sobre a “patologia social” das relações laborais. E alerta: “Precisa tomar cuidado para entender que o problema não é com a pessoa, mas com a lógica de trabalho”. Ela explica as características da síndrome que, entre outros sintomas, leva à crença de que o trabalho deve “tomar todo o espaço” da vida e de que seus esforços “nunca são o suficiente”. Natuza e Vera falam também dos recortes de gênero e de raça em relação ao aumento de casos, que se multiplica principalmente entre mulheres e, sobretudo, mulheres negras. “Trabalhar cansa, mas não adoece”, resume Vera.
1/13/202224 minutes, 20 seconds
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Explosão da ômicron: como ela mudou a pandemia

O tsunami de infecções provocado pela nova variante registra, dia após dia, recorde no número de casos: no mundo, foram mais de 3,2 milhões em 24 horas; no Brasil, a média móvel subiu mais de 600%. Trata-se de um cenário inédito na pandemia, que o médico Márcio Bittencourt, mestre em saúde pública e professor da Universidade de Pittsburgh (Estados Unidos), explica neste episódio. Em entrevista a Natuza Nery, ele esclarece por que é possível deduzir desta nova onda conclusões otimistas. “Não é só o vírus que mudou, mas seu hospedeiro também”, afirma. “Hoje estamos mais protegidos e imunizados”. A lógica é a seguinte: embora a ômicron seja “intrinsicamente mais transmissível” e “escape da imunidade”, a vacinação se provou capaz de reduzir o risco de internação ou complicação decorrente da Covid em até 20 vezes. No entanto, embora as evidências científicas demonstrem que a nova variante é cerca de 30% menos grave do que a variante dominante anterior, a delta, sua alta transmissibilidade ameaça sobrecarregar os sistemas de saúde em todo o mundo – inclusive no Brasil – e coloca em risco principalmente as crianças, ainda não imunizadas. A retomada de atividades cotidianas, como ir a festas ou voltar ao trabalho presencial, expõe a população adulta a novas contaminações e “essas pessoas, que são as que mais interagem com as crianças, acabam levando o vírus para casa”. Bittencourt ressalta que novas medidas de enfrentamento à Covid devem levar em conta, além dos índices de saúde pública, fatores como economia e convívio social. Mas que, agora, estamos em um momento no qual “se não houver medidas de contenção novamente, a transmissão seguirá intensa e irá infectar grande parte da população”.
1/12/202224 minutes, 39 seconds
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Por que está chovendo tanto?

Em 2021, o Brasil passou por uma estiagem que fez a conta de energia subir e acendeu o alerta vermelho do risco de um apagão. Isso até dezembro chegar. De lá pra cá, todas as regiões do país sofreram com enchentes, inundações e deslizamentos de terra decorrentes do intenso volume de chuvas. O sul da Bahia foi a primeira região a enfrentar a força das águas, que agora devastam Minas Gerais. Um evento que, descreve Marcelo Seluchi, coordenador-geral do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), pode ser considerado o “maior desastre das últimas décadas” no Estado. Em entrevista a Natuza Nery, ele explica a “zona de convergência do Atlântico Sul”, fenômeno que é o principal responsável pela alta na precipitação fluviométrica, e justifica que, embora as tragédias deste verão não estejam diretamente vinculadas às mudanças climáticas, a tendência é de mais irregularidades no regime de chuvas. “Não vai aumentar a média, mas as oscilações. Os extremos, tanto chuvas mais intensas como secas mais longas, serão mais comuns”. Neste episódio, participa também Pedro Luiz Côrtes, professor de ciência ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP. Ele lista os principais mecanismos de mitigação dos eventos climáticos extremos no Brasil e resume: “A palavra-chave é prevenção”.
1/11/202221 minutes, 26 seconds
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Cerrado: um bioma sob ameaça

Ele é o segundo maior do Brasil e ocupa uma área de quase um quarto do território nacional, mas está em vias de ser deixado à mercê do desmatamento. A partir de abril, o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) irá encerrar o projeto que monitora a destruição do Cerrado – cujo custo anual é de R$ 2,5 milhões. “Falta visão estratégica”, resume Mercedes Bustamante, professora do departamento de ecologia da UnB e integrante da Academia Brasileira de Ciências, em relação ao fim do monitoramento. Ela explica que a “savana mais biodiversa do mundo” tem uma importância hidrológica que impacta todas as regiões do país. “Garante a segurança hídrica, energética e alimentar do Brasil”. E conclui que o avanço do agronegócio na conversão de terras é um “tiro no pé”. Também neste episódio, Natura Nery entrevista o jornalista Fábio Campos, da TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás, que há duas décadas trabalha no Cerrado. Ele descreve a paisagem local, com suas “árvores baixas, troncos retorcidos e coloração amarelada” e conta por que os pesquisadores têm tanta urgência em estudar a região – que, informa, está sendo dizimada. “Hoje, as unidades de conservação representam 3% do que é o bioma”, informa. “O resto do Cerrado já não existe mais”.
1/10/202222 minutes, 11 seconds
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Apagão: Brasil sem dados na pandemia

Quando os sistemas do Ministério da Saúde sofreram um ataque hacker, em 10 de dezembro, o número de casos, hospitalizações e mortes por Covid estava no nível mais baixo do ano até então. Mas isso antes das celebrações de fim de ano, do surto de gripe em várias cidades e do avanço da variante ômicron, que já representa mais da metade das contaminações no país. Desde então, já há quase um mês, as autoridades sanitárias brasileiras enfrentam a pandemia de olhos vendados, sem os dados necessários para frear a nova onda de infecções - a taxa de positividade nos laboratórios particulares cresce acima de dois dígitos e os hospitais já registram lotação de leitos. “Informação é poder e não faz sentido a gente não ter”, diz Julio Croda, integrante da Fundação Oswaldo Cruz e presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. Em entrevista a Natuza Nery, o infectologista detalha o que faz cada um dos sistemas integrados do SUS e qual o caminho da informação do atendimento nas unidades de saúde até a consolidação no Ministério. Ele também revela que conversou com diversos técnicos que trabalham com a rede do SUS – eles afirmam que “esse sistema poderia ser restabelecido em dias”. "O ataque hacker não justifica a lentidão”. Neste episódio, participa também Leonardo Bastos, pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc), da Fiocruz, que explica como funciona a análise dos dados para a avaliação que guia as possíveis ações de políticas públicas no combate à Covid. “Tendo essas informações, as autoridades podem fazer algo, como abrir mais leitos”, afirma. “Inclusive o cidadão pode olhar para isso e pensar: ‘opa, não vou mais àquela festinha que eu ia’”.
1/7/202220 minutes, 46 seconds
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O começo de 2022 para Bolsonaro

O fracasso na condução da pandemia, a economia em estado vegetativo e o derretimento da aprovação nas pesquisas assombraram o fim de ano do presidente. Vieram as férias - que não foram interrompidas sequer diante da tragédia provocada pelas chuvas no sul da Bahia. Depois do susto que o levou a uma internação hospitalar repentina, Bolsonaro inicia 2022 pensando em um só objetivo: a reeleição. “Há um eleitor duro do bolsonarismo, que está em torno de 20% nas pesquisas”, afirma o jornalista e analista político Thomas Traumann, colunista da revista Veja do site Poder360. “Pode não ser alto o suficiente para ganhar o segundo turno, mas é muito alto para ele deixar de estar no segundo turno”. Em entrevista a Natuza Nery, o autor do livro “O pior emprego do mundo”, sobre a passagem de 14 ministros pela Fazenda, analisa as pesquisas de opinião para avaliar as chances de o capitão reformado chegar ao segundo mandato: para ele, Bolsonaro “já pagou o preço pela pandemia” eleitoralmente, mas sofre com uma economia estagnada na qual, “se nada for feito não reelege o presidente”. Thomas explica ainda as principais estratégias do bolsonarismo para a corrida eleitoral. Duas já estão em andamento: a “tática de jogar com os seus” - a exemplo do aumento concedido a policiais federais em detrimento a todos os outros funcionários públicos - e a “narrativa dos problemas de saúde decorrentes da facada”. O movimento mais importante, no entanto, deve ocorrer durante a campanha formal ao Planalto: Thomas explica que a “pergunta clássica” em casos de reeleição é se o presidente merece mais 4 anos. “Assim, ele não se reelege. Mas vai tentar mudar a pergunta: o PT merece voltar?”
1/6/202223 minutes, 44 seconds
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Vacina: direito das crianças

Nicolas Rodrigues dos Santos, de 9 anos, começou a se sentir mal ainda no início de dezembro. Depois de um vai-e-volta nos hospitais de Astorga, interior do Paraná, foi internado com apendicite e veio a confirmação de Covid-19. Um dia depois do Natal – para qual sua avó já comprara uma bicicleta para presenteá-lo – ele se tornou uma das mais de 500 crianças mortas durante a pandemia no Brasil. “Foi por causa da Covid que ele faleceu”, lamenta Marta Cristina Machado, avó do garoto. “Estava esperando ter a vacina para ele tomar, mas não deu tempo”. Embora a Anvisa já tenha anunciado a decisão de liberar doses da Pfizer para 35 milhões de crianças entre 5 e 11 anos (em uma versão com dosagem diferente da usada em adultos) em 16 de dezembro, o Ministério da Saúde ainda não deu o aval para a imunização em massa. Neste episódio, em entrevista a Natuza Nery, o médico e advogado Daniel Dourado explica a diferença nas atribuições da Anvisa - quem “reconhece a vacina como válida para ser usada no Brasil” - e do Ministério da Saúde - quem “define política pública, caso da vacinação em si no SUS, na esfera federal”. Ele analisa o que diz o Estatuto da Criança e do Adolescente sobre o dever do Estado brasileiro de garantir a imunização e a obrigação de pais e responsáveis em levar menores de idade para a vacinação. O pesquisador do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da USP ainda avalia o passo a passo das decisões tomadas pela pasta comandada por Marcelo Queiroga: desde a lentidão no pedido de novas doses para a Pfizer até a consulta pública com “perguntas mal elaboradas e amostragem que não temos como considerar”. “É uma maneira de fazer aceno para sua base antivacina e ao mesmo tempo ganhar tempo”, resume.
1/5/202224 minutes, 25 seconds
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Covid a bordo: cruzeiros suspensos no país

Depois de quase dois anos, foram liberadas as primeiras viagens de cruzeiro no Brasil. Milhares de turistas embarcaram atrás de dias de descanso e lazer, mas acabaram presos dentro de cabines. Um deles é o empresário Maxwell Rodrigues, apresentador do programa Porto 360 Graus, da TV Tribuna, afiliada da Globo em Santos. Em entrevista a Natuza Nery, ele relata as falhas de comunicação a bordo do navio Costa Diadema: desde a falta de contato após a realização do teste de Covid até o “silêncio ensurdecedor” sobre as informações de casos confirmados entre tripulação e passageiros. Ele recorda também como, ao atracar na costa de Salvador, os turistas receberam a notícia de testes positivos de coronavírus no navio pela imprensa. “Depois do anúncio do lockdown, começou a correria em busca de comida”. Participa também deste episódio a pesquisadora em saúde Chrystina Barros, integrante do Grupo Técnico de Enfrentamento à Covid da UFRJ. É ela quem explica por que, mesmo no caso de as operadoras de turismo terem cumprido à risca os protocolos, não há como evitar novos casos dentro dos navios: “Não dá para conter, é uma realidade aumentada da sociedade”. E aponta que a ômicron e eventuais novas variantes tornam imprevisível o cenário para a volta dos cruzeiros – a partir da recomendação da Anvisa, a associação de empresas do setor interrompeu as atividades até dia 21 de janeiro.
1/4/202221 minutes, 22 seconds
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Os 100 anos da Semana de Arte Moderna

No palco principal do Teatro Municipal de São Paulo, em 13 de fevereiro de 1922, o escritor Graça Aranha abriu a Semana de Arte Moderna da seguinte forma: “Para muitos de vós, essa curiosa e sugestiva exposição que gloriosamente inauguramos hoje, é uma aglomeração de horrores”. Naqueles dias, artistas como Heitor Villas-Lobos, Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Anita Malfatti – a quem os especialistas creditam o mérito de ser a “primeira realmente modernista” do país – apresentaram composições, peças, quadros e poemas que seriam um “catalizador das várias iniciativas e direções da implementação da arte moderna no Brasil”, como define Luiz Armando Bagolin, um dos curadores da exposição Era Uma Vez o Moderno, em São Paulo. Em entrevista a Natuza Nery, o professor e pesquisador do Instituto de Estudos Brasileiros da USP disseca os eventos históricos que culminaram no evento, cujo ”forte efeito de propaganda” foi fundamental para chamar a atenção ao movimento e impulsionar o modernismo no Brasil. Ele recorda como o Abaporu, mais célebre obra de Tarsila do Amaral, dá origem à antropofagia e como daí nasce o conflito que afastaria Mário de Andrade do núcleo duro do modernismo. “Mário foi o primeiro autor brasileiro a buscar entender antropologicamente o que é o ‘Brasil profundo’”, afirma. “Ele dizia que o Brasil não conhece o Brasil e que apenas assim se poderia conhecê-lo de verdade”. O desgaste entre o autor de Macunaíma com os demais modernistas, explica Bagolin, se intensifica sob o projeto ultranacionalista do Estado Novo, que “coopta o movimento” e mata aquilo que ele descreve como “dimensão utópica do modernismo”. Nos últimos 100 anos, sua herança passa pela construção da capital Brasília, assinada pelo mais célebre arquiteto modernista, Oscar Niemeyer, e pelo tropicalismo, que reforma a cultura nacional na música, cinema e teatro entre as décadas 1960 e 1970. Bagolin e Natuza resgatam ainda o balanço de Mario de Andrade sobre o modernismo. “Não adianta uma arte moderna em uma sociedade desigual”, cita o pesquisador. “E 100 anos depois, vivemos a mesma coisa: somos modernos, mas ainda temos irmãos que não conseguem comer”.
1/3/202230 minutes, 3 seconds
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REPRISE: Em busca das árvores gigantes da Amazônia

Elas se erguem muito acima da média do dossel da floresta. Como conseguem crescer tanto e não quebrar é algo que sempre intrigou estudiosos. Em outubro, quatro guias e quatro engenheiros florestais partiram da pequena Cupixi, na região central do Estado do Amapá, e se embrenharam durante três dias no rio e na mata com o objetivo de chegar à segunda mais alta já identificada pelos radares do Inpe: um angelim vermelho de 85 metros, marca que o faz superar um prédio de 30 andares ou duas vezes a estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro. Concluída a expedição – na qual equipe de cientistas captou áudios especialmente para o episódio do podcast que O Assunto reprisa neste 31 de dezembro – o professor Diego Armando Silva conversou com Renata Lo Prete a respeito da importância do projeto que coordena. "As árvores gigantes são as mães da floresta", diz. “Além de resistir ao vento, à luz e às tempestades, elas precisam sustentar o próprio peso". A observação de perto, o inventário e a coleta de informações nos ensinam não apenas sobre elas, mas sobre “a estrutura da floresta”. E ele não tem dúvida: ainda há muitas gigantes por mapear e conhecer na Amazônia.
12/31/202123 minutes, 57 seconds
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REPRISE: Brasileiros sem documento - os verdadeiros invisíveis

Segundo o último dado oficial disponível, são cerca de 3 milhões de pessoas que, como Maria Helena Ferreira da Silva, chegam à vida adulta (e eventualmente à idade avançada) sem certidão de nascimento: um problema nacional que foi tema da redação do Enem neste ano e do episódio que O Assunto reprisa neste 30 de dezembro. No caso da agricultora de 70 anos, que vive no interior do Paraná, a carência virou barreira na hora de se vacinar contra a Covid-19. No posto, recomendaram-lhe que se conformasse em ficar sem o imunizante, “porque o governo nem sabia que eu existia”. Ela só veio a receber a primeira dose meses depois, por ação da Defensoria Pública, e agora está perto de conseguir a tão sonhada certidão de nascimento. “A gente fica envergonhado, né?” O relato feito por Maria Helena ao podcast introduziu a conversa entre Renata Lo Prete com Fernanda da Escóssia, autora do livro "Invisíveis - Uma Etnografia sobre Brasileiros sem Documento", fruto da tese de doutorado da jornalista na Fundação Getúlio Vargas. Ela explica o papel fundador desse registro e o efeito bola de neve que a ausência dele provoca: vai ficando mais difícil obter outros documentos e, com o passar dos anos, limitações muitos concretas se apresentam, notadamente no acesso aos serviços públicos de educação e saúde. Editora na revista Piauí, com longas passagens pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, Fernanda se interessa há quase duas décadas por um fenômeno que descreve como “transversal”, porque ligado a múltiplos fatores, como miséria e desestruturação familiar. Em sua pesquisa e nesta entrevista, ela conta histórias de pessoas que conheceu no momento em que buscavam o registro de nascimento e reencontrou tempos depois -- quando haviam resgatado direitos, cidadania e às vezes o próprio "fio da vida".
12/30/202124 minutes, 59 seconds
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REPRISE: Fogo na Cinemateca - memória destruída

“Todo mundo sabia que ia acontecer. E aconteceu", diz o diretor Cacá Diegues sobre o processo crônico de negligência e asfixia de recursos que culminou no incêndio do galpão na Vila Leopoldina, em São Paulo, em 29 de julho deste ano. O fogo destruiu cerca de um milhão de documentos que registravam décadas da produção audiovisual brasileira, entre trabalhos de artistas de renome e de anônimos, e que contavam a história do país. O descaso vem de longe, mas o desejo de extermínio é recente, diferencia Cacá, integrante da Academia Brasileira de Letras “Não é que o atual governo não se interesse pelo cinema. Ele é contra o cinema, contra a cultura e não quer que o Brasil exista”. Na conversa com Renata Lo Prete, que O Assunto reprisa neste 29 de dezembro, o diretor reflete sobre o significado de seu “Bye Bye Brasil”. O filme, que no ano 1 da pandemia completou quatro décadas, aborda temas para lá de atuais, como destruição ambiental e aniquilação de povos indígenas. A despeito das dificuldades, Cacá continua a criar e mantém a esperança de que ninguém conseguirá matar o cinema brasileiro. E afirma que sem a arte “você corta a possibilidade de o país se organizar e ser alguma coisa".
12/29/202128 minutes, 12 seconds
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REPRISE: Simone Biles - saúde mental primeiro

A maior ginasta de todos os tempos chegou aos Jogos Olímpicos sob pressão para ampliar sua lista de medalhas. Já em Tóquio, a atleta revelou que passava por uma espécie de bloqueio ao saltar e desistiu de quatro finais olímpicas para priorizar o cuidado com sua saúde mental – e abriu um debate que rompeu as fronteiras do esporte. No episódio que O Assunto reprisa neste 28 de dezembro, Renata Lo Prete recebe dois convidados: o ex-repórter da Globo Marcos Uchoa e a doutora em psicologia pela USP Vera Iaconelli. “O que ela faz ninguém mais é capaz de fazer”, resume Uchoa sobre o fenômeno Biles. Ele, que cobre Olimpíadas há mais de três décadas, descreve o estresse a que são submetidos desde muito cedo os atletas de alta performance, especialmente na ginástica. “Há uma deformação da infância e da adolescência", diz. Vera, que também é diretora do Instituto Gerar de Psicanálise, analisa o caso da ginasta sob o aspecto da “relação com os nossos desejos". Ela questiona a caracterização do gesto da atleta como “um problema”, e pondera: “Saúde mental é poder dizer não a certas coisas que não são aceitáveis. E não tentar loucamente se adaptar a elas".
12/28/202132 minutes, 30 seconds
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REPRISE: Militares de novo no poder: as origens

Primeiro, eles saíram dos quartéis para o front internacional em missões de grande visibilidade, notadamente a do Haiti. Depois, foram chamados a atuar em segurança pública interna, numa escalada de operações que culminou com a intervenção de 2018 no Rio de Janeiro. Logo depois da eleição de Jair Bolsonaro, o então comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas, qualificou como “volta à normalidade” a atuação de quadros das Forças Armadas em áreas de natureza civil da administração federal -hoje em patamar sem precedentes. “Este é um governo de militares", afirma Natália Viana, autora do livro “Dano Colateral”, um dos mais importantes lançamentos de 2021, tema do episódio que O Assunto reprisa neste 27 de dezembro. No momento em que eles disputam terreno com políticos do Centrão -e recebem a conta do desempenho desastroso na pandemia-, a jornalista resgata o capítulo inaugural dessa história. Mostra, com apuração minuciosa, a opacidade de informações e a impunidade de atos cometidos, em especial no Rio. E constata que “a democracia já está rota” quando um general (Braga Netto, ministro da Defesa) se sente à vontade para ameaçar ninguém menos do que o presidente da Câmara com a ruptura do calendário eleitoral. “Eles entraram na política e não pretendem se retirar”.
12/27/202125 minutes, 13 seconds
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REPRISE: O vale-tudo das “narrativas”

O dicionário diz que se trata da “exposição de uma série de acontecimentos mais ou menos encadeados”. Na política, porém, a palavra se perdeu numa epidemia de usos equivocados, quase sempre voltados ao diversionismo e à tentativa de ocultar verdades inconvenientes. No episódio que O Assunto reprisa neste 24 de dezembro, o apelo incessante à carta da “narrativa”, notadamente pelos bolsonaristas na CPI da Covid, compõe a trilha sonora da conversa de Renata Lo Prete com o jornalista Eugênio Bucci, professor da Universidade de São Paulo e autor do livro “A Superindústria do Imaginário”. Eugênio resgata o sentido original do termo -em diferentes mitologias, na literatura e no jornalismo. Passa por transformações ligadas à lógica dos mercados e chega às fake news, um território onde “a verdade não pesa”. Para ele, abster-se de responder pelos fatos é o "objetivo final dessa discurseira vazia e histérica".
12/24/202121 minutes, 26 seconds
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O Orçamento capturado de 2022

A peça aprovada pelos parlamentares evidencia o que os especialistas vinham apontando: menos de metade do “espaço” de R$ 113 bilhões criado com a aprovação da PEC dos Precatórios irá para o novo programa social do governo. “Não houve, de fato, preocupação em reforçar o Auxílio Brasil”, observa Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do jornal O Estado de S. Paulo. Em compensação houve, ela explica, ampla e bem-sucedida preocupação em contemplar os interesses do presidente Jair Bolsonaro (como R$ 1,7 bilhão para dar reajuste a policiais federais, deflagrando a ira de outras categorias do funcionalismo) e de deputados e senadores (caso dos R$ 16,5 bilhões para emendas do relator, que seguirão quase tão secretas quanto antes). Na conversa com Renata Lo Prete, Adriana também descreve as idas e vindas que resultaram num Fundo Eleitoral de quase R$ 5 bilhões, a baixa no volume de recursos para investimento e a primazia dada à Defesa sobre pastas como Saúde e Educação. A jornalista destaca ainda o caráter simbólico das ausências de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes, de Brasília quando da aprovação: “Quem realmente está mandando no Orçamento é o Congresso”.
12/23/202119 minutes, 53 seconds
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Lula: chapa, pesquisas e mais sobre 2022

O ano termina com o petista na liderança isolada das intenções de voto para a Presidência, enquanto negocia uma composição que, até recentemente, poucos sequer imaginariam, com o ex-governador Geraldo Alckmin, recém-saído do PSDB. Se concretizada, será “a aliança do establishment político da Nova República”, diz o cientista político Miguel Lago, que leciona na Universidade Columbia, em Nova York, e na Sciences Po, em Paris. Daí vem sua força e, segundo ele, também seu calcanhar de Aquiles, que Jair Bolsonaro tentará explorar. Na conversa com Renata Lo Prete, Lago analisa movimentos e falas de Lula. Reconhece que nenhum outro candidato desperta tanto no eleitorado pobre, amplamente majoritário no Brasil, a lembrança de dias melhores, mas pondera que o país mudou bastante desde os dois mandatos do ex-presidente. Ele cita dois exemplos: o trabalho formal encolheu para dar lugar ao chamado “precariado”, e a religião ganhou peso no debate e nas definições de perfil. A dicotomia, afirma o professor, agora se dá entre “batalhadores” e “encostados”, estes últimos bem representados, segundo ele, pela família Bolsonaro. “São milionários e nunca fizeram nada".
12/22/202127 minutes, 12 seconds
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Chile: a esquerda no poder

Ao final do primeiro turno, muitos previam disputa acirrada e até mesmo favoritismo do candidato da extrema-direita. Porém, encerrada a apuração da etapa final, o ex-líder estudantil Gabriel Boric emergiu vencedor com mais de dez pontos percentuais de vantagem sobre José Antonio Kast. “Era preciso atrair o eleitor do centro. E Boric soube fazer isso melhor do que Kast”, afirma Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV. Na conversa com Renata Lo Prete, ele analisa a sucessão de eventos inaugurada no país com os protestos de 2011, até chegar à Assembleia Constituinte e, agora, à eleição do primeiro presidente que não saiu de nenhuma das duas coalizões que se alternaram no poder desde o fim da ditadura do general Pinochet, em 1990. “É preciso ter cuidado com as expectativas”, pondera Stuenkel. O jovem eleito (35 anos) terá que lidar não apenas com um Congresso dividido, mas com reticências em sua própria aliança. “O Partido Comunista está distante”, diz. Mais importante: num cenário de inflação e fim dos auxílios da pandemia, precisará enfrentar a desigualdade econômica e social que inflamou as ruas. Sem desconsiderar o histórico recente de resultados eleitorais da América Latina, o professor matiza: “Boric é uma outra esquerda, mais parecida com partidos progressistas da Europa. Um fenômeno típico chileno, difícil de imaginar em países como Paraguai, México ou o próprio Brasil”.
12/21/202123 minutes, 20 seconds
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Pandemia: o que esperar do ano 3

Ao fim de 2020, o trauma de meses dificílimos cedeu lugar à euforia com o início da vacinação. De fato, onde ela avançou mais, o quadro melhorou bastante. Mas a desigualdade na aplicação contrapõe países com mais de 80% da população completamente imunizada a outros, quase sempre pobres, nos quais o percentual não chega a 10%. “Mais do que um imperativo ético e moral, o acesso equitativo às vacinas ainda é a melhor resposta à pandemia”, afirma Jarbas Barbosa, vice-diretor da Opas, braço da OMS nas Américas. Isso porque somente o controle da transmissão do vírus poderá impedir o surgimento sem fim de variantes de preocupação. A ômicron, mais recente delas, embaralhou todos os prognósticos para 2022, ao combinar manifestações aparentemente menos graves da doença à maior transmissibilidade vista até aqui. “Mesmo países com sistemas de saúde fortes poderão enfrentar problemas”. Em entrevista a Renata Lo Prete, o médico brasileiro analisa estudos preliminares sobre a ômicron e a necessidade das doses de reforço. E lança um olhar esperançoso sobre o futuro: “Se tivermos vigilância genômica funcionando, mantivermos a adesão da população às recomendações de saúde pública e avanço da vacinação, acredito que possamos chegar ao final de 2022 com perspectiva de controle”.
12/20/202124 minutes, 22 seconds
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Gripe fora de época se espalha no Brasil

Os primeiros sinais surgiram na UPA da Rocinha, onde explodiu o número de pacientes com queixas respiratórias. Alguns dos sintomas se assemelhavam aos da Covid, mas testes deram outra resposta: influenza. E uma variante diferente, a Darwin, que predominou no hemisfério norte no início de 2021 e agora, atipicamente longe do inverno, ganha terreno por aqui. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Marcelo Gomes, coordenador do Boletim Infogripe, da Fiocruz. O pesquisador em saúde pública explica a piora do quadro, notadamente no Rio de Janeiro e no Espírito Santo, onde a doença já adquiriu caráter epidêmico, com espalhamento dos casos. Cidades como São Paulo, Salvador, Belém e Manaus também enfrentam surtos, com sobrecarga de seus hospitais e postos. “Infelizmente, a perspectiva para as próximas semanas é de mais ocorrências”, diz Marcelo. Ele cita entre os motivos a “queda na cobertura vacinal deste ano” no Brasil. Ainda que o imunizante disponível não proteja contra a variante H3N2, ele não tem dúvida em recomendar que especialmente os segmentos mais vulneráveis da população tomem a vacina. Para prevenção, as recomendações são as mesmas dos últimos dois anos: usar máscaras de boa qualidade e sempre, preferir lugares abertos e evitar aglomerações.
12/17/202123 minutes, 11 seconds
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Violência obstétrica: como se proteger

O relato da influenciadora digital Shantal Verdelho sobre abusos sofridos durante o nascimento de sua filha em um hospital privado paulistano evidenciou um drama silenciado por longo tempo e que atinge uma legião de mulheres no país. Um tipo de violência que pode ocorrer no atendimento pré-natal, no parto ou depois dele, e se manifestar em intervenções cirúrgicas (realizadas sem consentimento ou mesmo à revelia da paciente) e assédio moral (por meio de gritos e ofensas), explica a jornalista Giovanna Balogh, especialista em temas ligados à maternidade e à infância. “Os profissionais da saúde não querem cometer violência, mas reproduzem condutas que aprenderam, estão desatualizados ou são insensíveis ao fato de haver uma mulher atrás daquela vagina”. A ginecologista e obstetra Larissa de Freitas Flosi, do coletivo Nascer, enxerga o momento histórico em que o trabalho de parto saiu maciçamente do ambiente familiar, entre as décadas de 1950 e 1960, como uma espécie de marco zero desses casos. “Virou um evento médico”, que ocorre “no momento de maior vulnerabilidade física e emocional” da mulher e envolve traços da sociedade como machismo, racismo e preconceito de classe. A médica afirma que a assistência obstétrica precisa ser baseada em dois pilares: ciência e autonomia da mulher. Para a gestante, o mais importante é ter informação de qualidade. “É o melhor item do enxoval”.
12/16/202123 minutes, 2 seconds
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O desmanche das decisões da Lava Jato

Na largada, em março de 2014, a operação investigava lavagem de dinheiro e evasão de divisas. A partir daí vieram as descobertas de malfeitos bilionários, relacionados sobretudo à Petrobras, e a prisão de representantes da elite empresarial e política. Numa sucessão espetacular de fases, a Lava Jato conquistou grande apoio popular, mas não sem danos colaterais. Excessos cometidos pelos investigadores passaram a ser questionados pelo Judiciário: hoje, nas cortes superiores, condenações em série são revertidas, e pilares da operação, derrubados. “A decisão do STF de deixar na vara de Curitiba apenas casos relativos à Petrobras foi um divisor de águas”, afirma Marco Aurélio de Carvalho, integrante do Grupo Prerrogativas. Assim como, no entender dele, a de remeter à Justiça Eleitoral casos de crimes comuns relacionados a caixa dois. Tudo isso, acredita Marco Aurélio, faz parte de um processo de depuração e restabelecimento de marcos institucionais, no qual ele inclui ainda a declaração de suspeição de Sergio Moro para julgar o ex-presidente Lula. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe também Raquel Pimenta, professora de direito na FGV. Ela, que estuda corrupção e poder econômico, analisa erros e acertos no uso, pela Lava Jato, de instrumentos como delações premiadas e acordos de leniência.
12/15/202124 minutes, 18 seconds
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Os evangélicos e seu espaço no Judiciário

Logo no início do mandato, Jair Bolsonaro prometeu que levaria ao STF um nome “terrivelmente evangélico”. André Mendonça foi o segundo escolhido pelo presidente (depois de Nunes Marques), mas não corresponde exatamente ao perfil. “Ele é, na verdade, um conservador moderado”, define a socióloga Christina Vital da Cunha, “que inclusive já apoiou governos à esquerda”. Em entrevista a Renata Lo Prete, a professora da Universidade Federal Fluminense, também colaboradora do Instituto de Estudos da Religião, explica que o interesse de grupos religiosos pelo Judiciário é anterior ao atual governo e vai além dos evangélicos. Em sua origem está a dificuldade de fazer avançar, via Legislativo, determinados pontos da agenda conservadora. E a necessidade de se contrapor ao que consideram “ativismo do Judiciário”, sobretudo em pautas comportamentais. Christina recorda a entrevista que fez em 2014 com o então candidato à Presidência Pastor Everaldo (PSC), na qual ele reconhecia que o projeto era “trocar a cabeça”, com a finalidade de indicar ministros afinados com os interesses de seu grupo. O alinhamento de muitas lideranças evangélicas com o bolsonarismo se deu ainda no discurso anticorrupção que prevaleceu nas eleições de 2018 -mesma pauta que “agora motiva o rompimento” de parte do segmento com o presidente. Essa é uma das razões, acredita, pelas quais o eleitorado evangélico pode chegar a 2022 fragmentado entre a reeleição de Bolsonaro, a nostalgia dos tempos de prosperidade de Lula e o apelo lavajatista de Sergio Moro. Um racha que o presidente terá de enfrentar também diante da base parlamentar e ativista que empurrou Mendonça até a aprovação pelo Senado - onde a indicação ficou quatro meses parada e enfrentou expressiva resistência. “Se ele atuar conforme o interesse dos grupos que realmente o apoiaram, entrará em choque com Bolsonaro, inevitavelmente”.
12/14/202125 minutes, 35 seconds
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Natal com fome: como ajudar quem precisa

O ano 2 da pandemia agravou uma situação que já era a de milhões de brasileiros em 2020: insegurança alimentar. Ao longo de 2021, a demanda por doações cresceu 30%, enquanto o volume caiu 20%. Uma realidade que Renata Alves, uma das responsáveis pelas ações de enfrentamento à Covid na favela paulistana de Paraisópolis, define como “perturbadora”. Ela relata que a crise tem levado pessoas a buscar comida até em Unidades Básicas de Saúde. Para Daniel Souza, presidente do conselho da ONG Ação da Cidadania, o quadro resulta do “desmonte criminoso das políticas públicas” em anos recentes. Por maior que seja o imperativo da solidariedade, “é só por meio delas que poderemos sair novamente do mapa da fome”, afirma. A terceira entrevista de Renata Lo Prete é com Preto Zezé. O presidente da Central Única das Favelas mostra como o empobrecimento atinge parcelas da sociedade antes relativamente protegidas -resultando no aumento da população de rua e em mais de 20 milhões de brasileiros sem alimentação básica. Para responder a essa tragédia, ele espera promover uma mobilização “mais contagiosa do que o próprio vírus”. A exemplo do que viu acontecer com mães de Fortaleza: em uma ação na capital cearense, havia 50 cartões no valor de R$ 120 reais para distribuir entre essas mulheres; no entanto, 100 apareceram. Então, as primeiras 50 da fila compartilharam o dinheiro com as demais. “Elas fizeram isso não só em um momento difícil do Brasil, mas no pior momento”. O episódio traz indicações de como doar para organizações de ajuda atuantes em todo o Brasil.
12/13/202124 minutes, 33 seconds
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Capes: a crise na pós-graduação

De setembro a dezembro deste ano, por força de uma decisão judicial, centenas de pesquisadores da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior não puderam executar a avaliação de cursos de mestrado e doutorado. Muitos deles responsabilizam a presidência do órgão, ligado ao Ministério da Educação, que não teria recorrido a instâncias superiores com a devida celeridade para reverter esse quadro. Em meio a esse impasse, e diante de uma série de outras denúncias, pelo menos 114 pesquisadores de quatro áreas deixaram a Capes, em movimento inédito. Renata Lo Prete recebe o ex-ministro da Educação e ex-diretor da Capes, Renato Janine Ribeiro, e a repórter do jornal O Globo Paula Ferreira para explicar a questão. Paula apresenta os argumentos dos pesquisadores, segundo os quais a pós-graduação no Brasil “não é mais política de Estado”. Eles apontam ainda falta de diretrizes e de consultas aos técnicos - a presidente da Capes, terceira a ocupar o cargo no governo Bolsonaro, rejeita todas as acusações. Renato lembra que, na produção científica brasileira, "a base de tudo é a avaliação”, um trabalho “barato”, que custa ao governo apenas as despesas dos avaliadores. Para explicar a importância da Capes, Janine lembra que quase toda a ciência no Brasil é feita na pós-graduação. Assim como em outras áreas, ele reforça que, para a ciência, é fundamental ter um plano "que diga quais são as prioridades para o futuro".
12/10/202125 minutes, 17 seconds
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Ucrânia: vai ter invasão da Rússia?

Até meados de novembro, o serviço ucraniano de inteligência estimava em 90 mil os soldados russos deslocados para a fronteira entre os dois países. Os Estados Unidos sugerem que pode ser o dobro, no que enxergam como preparativos para uma ofensiva a partir de janeiro. E ameaçam impor novas sanções a um velho adversário, que por sua vez insinua disposição de pagar para ver. Na perspectiva da Rússia, é a Otan (aliança liderada pelos EUA) que pretende cruzar a “linha vermelha” tentando atrair para seus quadros a mais estratégica das ex-repúblicas soviéticas. Para analisar essa reencenação da Guerra Fria, motivo de teleconferência na terça-feira entre os presidentes Joe Biden e Vladimir Putin, Renata Lo Prete recebe Guga Chacra. O comentarista da Globo em Nova York começa por lembrar que “a Ucrânia faz parte do sentimento de nação dos russos” desde o tempo dos czares e que isso não mudou depois do fim da URSS, em 1991. Para explicar a tensão atual, ele resgata o capítulo anterior, ocorrido em 2014, quando um movimento de inflexão pró-ocidente na Ucrânia terminou com a anexação, pela Rússia, da península da Crimeia. Assim como há sete anos, diz Guga, os americanos não pretendem e dificilmente teriam condições de avançar sobre a vizinhança de Putin. Com outros problemas para resolver, Biden espera, no máximo, manter influência e “uma certa estabilidade na Europa”. Quanto a Putin, embora esteja promovendo a maior mobilização de contingente militar no Leste Europeu em décadas, ainda é cedo para cravar se pretende ir até o fim.
12/9/202124 minutes, 21 seconds
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O aparelhamento da Polícia Federal

Desde o início do mandato, o presidente da República é claro sobre seu projeto de subordinação. Na fatídica reunião ministerial de 22 de abril de 2020, prometeu trocar o diretor-geral e o ministro da Justiça, se necessário - e assim o fez. “Não estamos aqui para brincadeira”, sentenciou no evento. Desde então, acelerou-se o “processo de tomada da PF pelo bolsonarismo”, como define Allan de Abreu, repórter da revista Piauí. Em conversa com Renata Lo Prete, ele descreve as conexões políticas que levaram ao cargo o atual “DG”, Paulo Gustavo Maiurino, conhecido por subordinados como “delegado de cativeiro”, devido à pouca experiência em investigações. O jornalista observa que, ao decretar o fim do “segredismo” na corporação, durante evento interno em maio, Maiurino estava na verdade escancarando a diretriz de tornar a PF uma “polícia política” nas mãos do presidente. O jornalista recorda outras trocas nas quais “gente de confiança” do Executivo assumiu posições de diretoria ou superintendência portando “currículos não tão auspiciosos” e cita especialmente a perseguição ao delegado Felipe Leal - que, depois de investigar afastamentos suspeitos de colegas, acabou ele mesmo sendo retirado do inquérito que apura a interferência de Bolsonaro na PF. Renata e Allan traçam o histórico de conquista de autonomia e protagonismo da corporação a partir dos anos 2000. “Agora é o oposto”, compara Allan. “Uma delegada me disse: aquilo que a instituição demorou anos para construir foi destruído em meses”.
12/8/202123 minutes, 9 seconds
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Por que é preciso exigir passaporte vacinal

A recomendação da Anvisa, emitida há quase um mês, é direta quanto à necessidade de impedir o acesso ao Brasil de viajantes não imunizados contra a Covid. Em suas notas técnicas, a agência pondera que esse é um movimento global diante do aumento no número de casos e da emergência da variante ômicron, mais transmissível. Em entrevista a Renata Lo Prete, a jornalista Isabela Camargo, repórter da GloboNews em Brasília, observa que a atitude da Anvisa foi apoiada por Estados e municípios, além de reiterada pelo Tribunal de Contas da União. Mas nada disso basta num caso que envolve fronteiras nacionais, lembra a jornalista: “só uma portaria do governo federal pode estabelecer a exigência do passaporte da vacina”. E, diante da ostensiva oposição de Jair Bolsonaro, até uma reunião interministerial para tratar do tema foi cancelada nesta segunda-feira -pouco depois de o ministro do Supremo Luís Roberto Barroso cobrar uma posição do Executivo em até 48 horas. Para Rosana Richtmann, infectologista do Instituto Emílio Ribas, esse comprovante e o de testagem são fundamentais para proteger os brasileiros da ômicron. “Ela é quase outro vírus, se comparada a variantes anteriores”, afirma. “E o problema é que outras virão”. A médica cita o caso da febre amarela, cuja vacina é exigida há décadas por pelo menos 100 países, como exemplo de que “a liberdade individual deve ser limitada quando tem impacto no bem coletivo”. E reforça que, para a segurança do país, não bastam ações de administradores locais: “é necessário o governo federal” agir.
12/7/202123 minutes, 2 seconds
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Alemanha: na 4ª onda e sob nova direção

Depois de 16 anos, a era Merkel deve chegar ao fim nesta quarta-feira, quando o Parlamento se reunir e confirmar Olaf Scholz como chanceler. De cara, às portas do inverno, o social-democrata terá de enfrentar o arrefecimento da pandemia - e a resistência de parte da população a se vacinar. Isso será “prioridade absoluta do novo governo”, afirma Kai Enno Lehmann, professor de Relações Internacionais da USP. Angela Merkel e seu sucessor vêm trabalhando juntos em medidas nessa área. Depois da transição, no entanto, conflitos em torno de temas menos consensuais podem emergir. Afinal, a coalizão formada é a primeira, desde a metade do século passado, a abrigar três partidos distintos e “ideologicamente bem diferentes” (verdes e liberais completam o trio). “São parceiros pouco naturais, e isso vai produzir muito debate”, sobretudo a respeito da sempre adiada reforma do sistema previdenciário. Entre as concordâncias, ele aponta investimento na transição para uma economia mais verde - o que, prevê o professor, ameaça colocar mais pressão nas tratativas da União Europeia com o Brasil. Na conversa com Renata Lo Prete, Kai também analisa o longo período Merkel. Segundo ele, a cientista que se tornou uma das políticas mais influentes do mundo “encarnou muito bem” a estabilidade que a Alemanha buscava e conseguiu alcançar, mesmo diante de sucessivas turbulências globais. A democracia-cristã de Merkel foi derrotada nas urnas, mas a chanceler sai de cena com alta popularidade. “Ela tem perfil cauteloso, mas, quando a oportunidade se apresenta, ela pega”, resume. “E esse jeito frio de lidar com as crises conquistou os alemães”.
12/6/202125 minutes, 20 seconds
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Recessão técnica: daqui vamos para onde?

O resultado do PIB brasileiro teve o segundo trimestre seguido no vermelho: de acordo com o IBGE, a economia retraiu 0,1% no 3° trimestre de 2021 em relação ao período anterior - condição que coloca o país em recessão técnica. Miriam Leitão, comentarista da Globo, da CBN e colunista do jornal O Globo, analisa em conversa com Renata Lo Prete o processo de recuperação dos índices neste 2021 em relação ao ano anterior - “um Brasil que caiu, levantou mas não conseguiu andar”. E por que estamos ficando para trás em relação ao resto do mundo. Parte das respostas está em Brasília, nas figuras de um presidente “desorganizador e criador de conflitos” e de um ministro da Economia “fora da realidade”. Miriam fala das perspectivas para 2022: com juros mais altos, a previsão é de "economia parada", mas com inflação menor, "em parte pela produção maior da agricultura". E como a alta menor nos preços dos alimentos deve aliviar o orçamento das famílias “que estará apertado por um país que não cresce, e por um desemprego muito alto". Participa também deste episódio Mauro Rodrigues Júnior, professor da USP e economista do site “Por quê? Economês em bom português”. Ele explica a composição do PIB, número que “dá o valor de tudo o que foi produzido”. E como o resultado reflete “a renda total da economia”, além de detalhar os mecanismos para a medição dos resultados. E aponta ainda para onde olhar para diagnosticar a saúde econômica do país: “é preciso entender a renda média”, conclui, ao apontar que, muito desigual, “o Brasil está muito mal”.
12/3/202125 minutes, 8 seconds
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Centrão-raiz: esteio de Bolsonaro para 2022

Depois de passar mais de dois anos sem legenda, Bolsonaro ingressou na nona de sua carreira política. E se declarou “em casa” na cerimônia de filiação ao Partido Liberal, que teve a presença também de lideranças do Progressistas (PP) e do Republicanos. É nesse trio que o presidente pretende apoiar sua campanha à reeleição - na contramão de 2018, quando concorreu como candidato “antissistema”. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, para entender motivos, vantagens e riscos desse consórcio. Bernardo começa por lembrar que, quando deixou o PSL, a ideia de Bolsonaro era criar um partido, mas isso “exige organização e trabalho, duas coisas que não são o forte dele”. Resgata também as opções que o presidente cogitou até finalmente se decidir. “Pesou a favor do PL o fato de ter dono único”, explica. Ele se refere a Valdemar Costa Neto, político de 7 vidas condenado no mensalão e influente em todos os governos. Para o cacique, Bolsonaro representa, no mínimo, um impulsionamento de votos capaz de expandir uma bancada que já é das maiores da Câmara. E, no melhor cenário, oferece a perspectiva de entrar no principal gabinete do Palácio do Planalto “pela porta da frente e sem bater”. Desde que a aliança se mantenha firme até a eleição - o que, Bernardo ressalva, depende de muitos fatores e ninguém tem como garantir.
12/2/202125 minutes, 11 seconds
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Boate Kiss: enfim caso vai a julgamento

São quase nove anos desde o incêndio na casa noturna da cidade gaúcha de Santa Maria, no qual morreram 242 pessoas, a maioria estudantes universitários. A data era 27 de janeiro de 2013, mas “é como se esses meninos e meninas morressem todos os dias” desde então, afirma Daniela Arbex, autora do livro “Todo Dia a Mesma Noite - A História Não Contada da Boate Kiss”. Isso porque, até hoje, ninguém foi responsabilizado pelas irregularidades e negligências que resultaram na tragédia. “Eu percebo que a falta de Justiça dói tanto quanto a morte”, diz a jornalista, referindo-se a suas conversas com familiares e sobreviventes (estes, mais de 600, muitos com sequelas graves). Nesta quarta-feira, depois de longo e acidentado processo, um júri popular começa a decidir o destino de quatro réus - dois ligados à boate e dois à banda que se apresentava no local e deu início ao fogo. Na conversa com Renata Lo Prete, Daniela destaca a luta dos pais, sem a qual, ela acredita, o julgamento jamais aconteceria. A memória daquela noite é motivo de “adoecimento permanente” para eles, que enfrentam ainda a “hostilidade” de outros moradores, que os culpam pelas dificuldades econômicas de Santa Maria. “Hoje, é uma cidade dividida entre as pessoas que perderam seus amores e aquelas que querem que a história seja esquecida”.
12/1/202122 minutes, 59 seconds
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Ômicron: por que o mundo tem medo

Em poucos dias, a nova variante do coronavírus, de origem ainda desconhecida, mas sequenciada primeiro na África do Sul, alcançou o status de “gravidade máxima”, conferido pela Organização Mundial da Saúde. “Foi a mais rápida”, observa Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo. Na conversa com Renata Lo Prete, ela explica o que levou a comunidade científica e o mercado ao estado de alerta em tempo recorde: o risco de que as mutações da ômicron saibam “escapar” da resposta imune desenvolvida por pessoas vacinadas. Nas próximas duas semanas, estima a epidemiologista, os principais laboratórios do planeta devem estabelecer o nível de eficácia dos atuais imunizantes contra a nova variante. Até lá, cabe ao governo brasileiro “ampliar o programa de testagem e de vigilância genômica”. Se for constatado que a ômicron tem mesmo grande potencial de dano, analisa o jornalista do Valor Econômico Assis Moreira, haverá mais pressão para que os países se entendam sobre a suspensão de patentes. Mesmo que ela só venha a se mostrar útil “numa próxima pandemia”. “Vai levar anos para que todos consigam produzir”, ele afirma. E alerta para o relatório em que a OMS prevê mais 5 milhões de mortes “se tudo continuar como está” do ponto de vista da distribuição global de vacinas. No campo da diplomacia, China, Rússia e Estados Unidos prometem a transferência de bilhões de doses para reverter a desigualdade: os países do G-20 compraram 89% de todas as disponíveis - e já anteciparam a aquisição majoritária das futuras. “Já existe vacina suficiente para todo o mundo; o problema é o desequilíbrio”.
11/30/202130 minutes, 7 seconds
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Pobreza Menstrual: sociedade reage

Na esteira do veto de Jair Bolsonaro à lei que prevê fornecimento gratuito de absorventes a mulheres em situação de vulnerabilidade, prosperaram iniciativas locais, dos setores público e privado, para atacar uma carência essencial de milhões de brasileiras. A forte repercussão ameaça reverter o próprio gesto do presidente — está em curso uma articulação no Congresso para derrubá-lo na próxima sessão de análise de vetos, no início de dezembro.
11/29/202121 minutes, 56 seconds
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Garimpo: Serra Pelada no Rio Madeira

Um arrastão de centenas de balsas num dos mais importantes afluentes do Amazonas, lar de cerca de 1.200 espécies de peixes. Atracadas em trecho situado no município de Autazes, a 133 km de Manaus (AM), elas são o traço mais visível de uma corrida do ouro que muitos já comparam à que se deu nos anos 80 na Serra dos Carajás (PA). O repórter Alexandre Hisayasu, que sobrevoou a área, descreve uma “invasão em massa de garimpeiros” que, por lei, não poderiam operar ali. Nesta quinta-feira, depois de duas semanas de tensão escalando, o vice-presidente Hamilton Mourão anunciou que será criada “uma força-tarefa” para lidar com o problema. Em conversa com Renata Lo Prete, o jornalista da Rede Amazônia, afiliada da Globo, detalha o funcionamento do garimpo sobre balsas e seu impacto ambiental - uma vez que tudo, “incluindo mercúrio”, é jogado de volta no rio. Para Raoni Rajão, professor de Gestão Ambiental e Estudos Sociais da Ciência e Tecnologia da UFMG, esse tipo de ação remete ao modo como agem as Farc do lado de lá da fronteira, “desafiando a autoridade e a soberania do Estado brasileiro”. A ousadia crescente dos garimpeiros, analisa Rajão, relaciona-se com o desmonte de órgãos como o Ibama e o “apoio explícito de parte do poder público” à atividade ilegal. Resultado de uma legislação criada décadas atrás para atender a lógica da lavra artesanal e que hoje é desvirtuada, facilitando a prática de crimes que mobilizam milhões de reais, equipamentos sofisticados e até helicópteros e aviões. Na Amazônia, mais da metade do ouro tem indícios de ilegalidade, afirma o pesquisador, gerando prejuízos de “escala bilionária”, muito superiores aos impostos arrecadados com a mineração legal. “Como um todo, é negativo para a sociedade”.
11/26/202125 minutes, 21 seconds
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Carne: embargo da China e outras pressões

Destino de 15% da carne bovina brasileira, a China suspendeu suas compras no início de setembro, depois que o Brasil reportou dois casos da doença da vaca louca. Agora, depois de mais de dois meses, dá sinal verde para a retomada parcial das importações. Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura entre 2003 e 2006, analisa em conversa com Renata Lo Prete o impacto do embargo para o Brasil. Ele explica como a pandemia trouxe à tona duas questões que estão diretamente relacionadas ao agro: sustentabilidade e segurança alimentar. E seus resultados práticos: corrida acelerada dos países pela compra de mais comida, com pressão inflacionária global - com efeito mais severo para o mercado interno, diante da desvalorização do real em relação ao dólar. Em paralelo ao contencioso com a China, o ex-ministro fala sobre a preocupação do agro nacional com o eventual embargo ameaçado pela União Europeia sob argumento ambiental: uma “espécie de barreira não-tarifária”, que ele considera “protecionismo injustificado”. Participa também Rafael Walendorff, repórter do Valor Econômico. Ele atualiza o status da negociação entre os governos para a liberação da carne nos portos chineses e contextualiza a “jogada comercial” da China em derrubar parcialmente o embargo: repõe seu estoque interno de proteína animal (que tradicionalmente cai nos fins de ano) e “sinaliza boa vontade” aos frigoríficos brasileiros.
11/25/202123 minutes, 29 seconds
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Para onde vai o Chile no 2º turno?

Desde a redemocratização, coalizões de centro-direita e de centro-esquerda se alternaram no poder. Uma equação, ao menos na aparência, mais estável que a de outros países da região até 2019, quando milhares de chilenos tomaram as ruas por dois meses. “A panela de pressão explodiu”, resume a socióloga Beatriz Della Costa, diretora do Instituto Update, que estuda inovação política na América Latina. Para ela, dois fatores explicam a virada de vento: “brutal desigualdade social” e “baixo acesso a serviços públicos”. Os protestos abriram caminho para uma Assembleia Constituinte, eleita em maio deste ano, de configuração majoritariamente progressista. E agora, apenas seis meses depois, nova inflexão: no primeiro turno da disputa presidencial, realizado no domingo passado, o candidato da extrema-direita, José Antonio Kast, chegou na frente, com 28% dos votos. Na etapa final, seu adversário será o Gabriel Boric, de esquerda, que obteve 25%. “O que está em jogo é a capacidade de mobilização” de cada um, afirma Beatriz. Para o historiador Felipe Loureiro, os eleitores de Franco Parisi (terceiro colocado, com 13%), serão o fiel da balança. E, até aqui, os sinais são de que Kast teria capacidade de atraí-los em maior número. Loureiro, coordenador do curso de Relações Internacionais da USP e do Observatório da Democracia no Mundo, explica que a agenda econômica e o discurso de ordem de Kast têm aderência no mercado e entre nostálgicos da ditadura -ele é defensor ferrenho de Augusto Pinochet. Já a pauta de Boric, ligada a temas como preservação ambiental e defesa dos direitos humanos, encontra eco no eleitorado mais jovem.
11/24/202124 minutes, 4 seconds
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Prévias frustradas: o apagão tucano

De 1994 até 2014, o PSDB foi protagonista de todas as eleições presidenciais, vencendo as duas primeiras (com FHC) e perdendo para o PT no 2º turno das demais. Mesmo em 2018, Geraldo Alckmin conseguiu reunir a maior coalizão do pleito, antes de terminar em 4º lugar, com menos de 5% dos votos. Naquela altura, “o eleitor antipetista começou a enxergar mais defeitos no partido”, lembra o jornalista Fábio Zambeli, analista-chefe em São Paulo da plataforma Jota. E migrou em peso para Jair Bolsonaro. Desta vez, sem nenhum postulante com força suficiente para se impor de saída na disputa interna, a sigla marcou inéditas prévias para escolher entre João Doria (SP), Eduardo Leite (RS) e Arthur Virgílio (AM). Mas, na hora H, a milionária plataforma de votação simplesmente não funcionou. E agora os tucanos se bicam sobre o que fazer, expondo fraturas de difícil conserto. Na avaliação de Zambeli, o desastre de domingo “é um case de antipropaganda para o eleitor arrependido do voto em Bolsonaro” e empurra ainda mais o PSDB à condição de “plano C” para o espectro político que vai do centro à direita - atrás do próprio presidente e do ex-juiz Sergio Moro. “Há mais dúvida do que convicção na empreitada, seja com Doria ou com Leite”, diz. Favorito para vencer caso as prévias aconteçam, o governador de São Paulo será o mais prejudicado se o impasse se estender indefinidamente.
11/23/202126 minutes, 19 seconds
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Amazônia: a marcha batida da destruição

O balanço anual do Inpe indica, pela quarta vez seguida, avanço do desmatamento na região. No comparativo com o período anterior, a alta foi de 22%, correspondente a mais 13 mil km². Números não apenas assombrosos como ocultados pelo governo desde outubro, para que só viessem à luz depois da Cúpula do Clima da ONU. De posse das informações, o agrônomo André Guimarães, diretor-executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazonia (Ipam), dimensiona o estrago: uma perda anual equivalente a quatro vezes o tamanho do Distrito Federal, 90% em operações ilegais e mais da metade em terras públicas, griladas para especulação fundiária. “Ao perder floresta, perdemos biodiversidade, serviços ambientais e ciclos hídricos que ela mantém”, explica. Esse longo período de desmatamento em patamares elevados coincide com o protagonismo dos militares no Conselho da Amazônia, contextualiza a jornalista Marta Salomon, colaboradora da revista Piauí e doutora em Desenvolvimento Sustentável. Ela se baseia em documentos públicos para afirmar que a atual estratégia oficial para o bioma remonta à época da ditadura. “É uma visão de que não se trata de um território estratégico para mudanças climáticas, mas sim de uma fronteira de recursos naturais a ser explorada”. Marta explica também que as Forças Armadas assumiram não só o comando estratégico, mas também o das verbas públicas: em 2020, geriram R$ 370 milhões para a Amazônia, o dobro do que os órgãos ambientais tiveram no período. E os resultados vemos agora.
11/22/202127 minutes, 28 seconds
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Os “sem-nada” são quase 30 milhões

Em um contexto no qual a inflação se aproxima dos dois dígitos e o desemprego nas faixas de menor renda atinge um terço da população, o mês de novembro marca o fim da última fase do auxílio emergencial e a substituição completa do Bolsa Família, criado há 18 anos, pelo Auxílio Brasil. Uma operação que vai empurrar para a pobreza mais brasileiros - a maior parte mulheres, negras, jovens, com filhos, sem trabalho formal e moradoras de periferias e favelas, como descreve Lucia Xavier, assistente social há mais de 30 anos e coordenadora da ONG Criola, que atua no Rio de Janeiro. Ela relata que vê pessoas sem condições de comprar até medicamentos e comida, sobretudo proteínas animais. “As pontas das carnes eram compradas em açougues ou mercados, mas, agora, o recurso não alcança”, conta. O economista Marcelo Neri, diretor da FGV-Social, dimensiona e analisa: a renda dos mais pobres caiu 21,5% desde o início da crise sanitária. “É um Brasil bem pior do que antes da pandemia”. E com sinais econômicos apontando para mais deterioração. Neri explica que, ao olhar para trás, observam-se duas grandes crises - a recessão brasileira de 2016 e a mais recente, agravada pela pandemia. Mas, ao mirar à frente, a paisagem aponta estagflação. E um governo incapaz de focalizar sua política social. Diante de um “apagão de informações” que atrapalha a aplicação das políticas públicas, a vulnerabilidade é a nova regra. “Os mercados gostam de estabilidade, mas são os beneficiários desses programas que precisam muito mais dela”.
11/19/202125 minutes, 3 seconds
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Argentina em seu labirinto pós-eleitoral

O presidente Alberto Fernandez terá que atravessar os dois anos remanescentes de mandato sem maioria no Senado e com vantagem estreita na Câmara. E, nessas condições, enfrentar uma inflação que neste ano já supera 40%, mesmo percentual da população que vive na pobreza. Em conversa com Renata Lo Prete sobre desdobramentos das eleições legislativas de domingo passado, o jornalista Ariel Palacios resgata o histórico de uma crise econômica que vem de longe, foi agravada pela pandemia e agora cobra a conta do condomínio peronista instalado no poder central. “Condomínio que mais parece um hospício”, diz o correspondente da Globo em Buenos Aires. Ele se refere, principalmente, à disputa permanente entre os apoiadores de Fernandez e de sua vice, a ex-presidente Cristina Kirchner - também derrotada nas urnas. Ariel analisa ainda mudanças dentro da coalizão oposicionista, com perda de poder do ex-presidente Mauricio Macri. E recomenda prestar atenção à chegada da extrema-direita ao Congresso, com a eleição do economista “antissistema” Javier Milei.
11/18/202123 minutes, 2 seconds
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Lockdown: agora para não-vacinados

Diante da quarta onda de infecções por Covid-19, a Áustria resolveu resgatar uma medida dos primeiros tempos da pandemia. Pelos próximos dias, vai impor restrições drásticas à circulação de pessoas, mas, desta vez, apenas aquelas que não se imunizaram. Direto de Viena, a jornalista Amanda Previdelli conta que, para entender o presente, é preciso lembrar do que aconteceu desde o verão passado: o distanciamento foi derrubado, e uma hora a vacinação “empacou”. Em parte porque, segundo ela, “o governo falhou em conversar com as pessoas”. Já efeito do isolamento recém-anunciado foi imediato: “filas para fazer teste de PCR e tomar vacina”. Participa também do episódio Bianca Rothier, correspondente da Globo na Suíça. Ela dá um panorama de medidas adotadas por países como Alemanha, Holanda e Dinamarca - num momento em que a Europa voltou a ser o epicentro da pandemia. E mostra que a situação é pior onde a vacinação menos avançou - casos de Rússia, Romênia e Bulgária, por exemplo.
11/17/202122 minutes, 48 seconds
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Inflação: a do Brasil e a do mundo

A aceleração de preços é global. Mas aqui ela não apenas alcança taxas mais elevadas como tem motores específicos. Com a ajuda de dois estudiosos do tema, este episódio procura explicar tanto o fenômeno geral quanto as peculiaridades do caso brasileiro. Para a primeira tarefa, o convidado é Otaviano Canuto, ex-diretor-executivo do FMI e do Banco Mundial. De Washington, onde dirige o Centro para Macroeconomia e Desenvolvimento, ele analisa o momento histórico “extraordinário”, no qual o aquecimento da demanda (especialmente nos países ricos) não encontra correspondência na oferta (ainda impactada pelo efeito disruptivo da pandemia nas cadeias produtivas). Canuto descreve as faces da crise de energia em diferentes regiões e a escassez de mão-de-obra nos Estados Unidos - onde a inflação anualizada é a maior em três décadas. Na comparação com ciclos passados, ele vê vantagem no fato de hoje não haver a “dinâmica perversa da corrida entre salários e preços”, nem economias tão fechadas, o que oferece “possibilidade maior de substituição de produtos”. A questão principal, diz, é “quando os agentes privados acham que a situação vai se estabilizar”. E conclui: não antes do meio de 2022. Renata Lo Prete conversa também com André Braz, pesquisador do Ibre-FGV, que aponta o espalhamento como um dos traços distintivos da inflação brasileira. Puxada sobretudo por energia elétrica e combustíveis (estes sob efeito permanente de uma desvalorização cambial acima da média), ela hoje está disseminada por todos os preços da economia, e em outubro atingiu o maior patamar, para esse mês, desde 2002. Braz chama a atenção para outro elemento complicador: “como nossa inflação não é de demanda, e sim de custos, aumentar a Selic ajuda pouco a resolver”. Ele se refere à elevação da taxa básica de juros que o Banco Central vem promovendo. Melhor remédio, avalia o economista, seria o fiscal. Mas ele mesmo acha improvável que, com uma campanha eleitoral pela frente, governo e Congresso tomem medidas relevantes de corte de gastos.
11/16/202129 minutes, 47 seconds
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Avanços e frustrações: saldo da COP-26

A mais aguardada cúpula climática desde o Acordo de Paris (2015) vai chegando ao fim com resenha mista, feita neste episódio por Daniela Chiaretti, repórter especial do Valor Econômico. Com a experiência de quem cobriu esta e as 12 conferências anteriores, ela destaca, entre os ganhos, o entendimento para cortar drasticamente as emissões de metano - ainda mais poluente que o gás carbônico. Aponta como revés o fato de EUA, China e Índia terem pulado fora de compromisso para reduzir a produção de carvão. E reconhece que, no cômputo geral, os resultados do evento devem ficar aquém da “palavra mágica” que o precedeu: “ambição”. Até porque o financiamento das medidas para conter o aquecimento do planeta “é sempre um problema”, lembra Daniela. Também participando do episódio direto de Glasgow, na Escócia, a administradora pública Natalie Unterstell, especialista em mudanças climáticas, analisa o papel desempenhado pelo Brasil, que chegou à COP-26 “como pária”. Isso obrigou a diplomacia do país a adotar posição “muito humilde” em várias discussões. Para além de gafes cometidas pelo ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, o que fica de mais surpreendente, segundo ela, são concessões feitas num ponto central: os mercados de carbono.
11/12/202126 minutes, 21 seconds
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Vacina para crianças: a hora do Brasil

No mundo todo, a prioridade dada a grupos mais expostos às formas graves de Covid-19 empurrou a imunização dos pequenos para o final da fila. Desde setembro, porém, ela é realidade em muitos países, e por aqui a Anvisa analisa pedidos nesse sentido. Nada mais oportuno, na avaliação de Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Num momento em que outras faixas etárias já estão mais protegidas, é natural que a participação das crianças no universo de doentes aumente, e com ela a conveniência de vaciná-las. Além disso, diz Sáfadi, a “desproporcionalidade” com que a doença colhe vítimas entre os mais idosos “faz com que a gente se distraia” de uma estatística cruel: o Brasil tem uma das mais altas taxas de mortalidade por Covid entre crianças e adolescentes. Na contramão do Ministério da Saúde, que até aqui manifesta desinteresse em incluí-los no plano nacional, o infectologista defende a medida e prevê que “não vai parar por aí”: logo mais, segundo ele, estaremos discutindo a vacinação de bebês.
11/11/202121 minutes, 56 seconds
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Enem: retrocessos em série

Já são quase 3 anos (com uma pandemia no meio) de ideias fora de lugar no Inep, responsável pelo Exame Nacional do Ensino Médio. Todas no sentido de enfraquecer uma ferramenta essencial de avaliação do aprendizado, que desde 2008 funciona também como maior vestibular do país. Agora, a menos de 2 semanas do Enem de 2021, mais de três dezenas de servidores do instituto entregaram seus cargos, muitos de coordenação do exame. Denunciam um quadro que inclui de assédio moral a fragilidade técnica do comando. “E eles têm provas”, afirma com conhecimento de causa a pedagoga Maria Inês Fini, uma das idealizadoras do Enem, que esteve à frente do Inep entre 2016 e 2018. Para ela, o desmonte do órgão, que no governo Bolsonaro já teve quatro presidentes, não é acidental, e sim um “processo programado de exclusão” - a prova deste ano tem o menor número de inscritos desde 2005. Na entrevista a Renata Lo Prete, ela resgata a história do exame e sua importância para a democratização do acesso ao ensino superior. Participa também do episódio a jornalista da Globo Ana Carolina Moreno, para lembrar que o desmantelamento em curso tem consequências mais amplas do que se imagina: hoje o Inep não divulgou os dados relativos à prova passada, instrumento estratégico para conhecer o perfil dos alunos e definir políticas públicas.
11/10/202126 minutes, 58 seconds
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Curto-circuito no Orçamento secreto

Ao mandar suspender o pagamento das “emendas de relator” e determinar a publicidade das informações acerca dos beneficiários desses recursos, a ministra Rosa Weber deu um nó no sistema que sustenta o governo Bolsonaro no Congresso. Nesta “superterça”, como define a jornalista Vera Magalhães, o plenário virtual do Supremo estará recebendo os votos dos colegas de Rosa para confirmar ou rejeitar a decisão liminar. Enquanto isso, em outro ponto da Praça dos Três Poderes, o presidente da Câmara pretende votar em segundo turno a PEC dos Precatórios - mesmo diante de questionamentos da própria ministra, relatora também de ações que apontam desrespeito ao regimento na primeira e apertada aprovação do texto. Colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura, Vera relata o bastidor do tribunal quanto a essa questão. Na conversa com Renata Lo Prete, ela aposta numa “saída conciliatória”, que preserve prerrogativas do Legislativo e, ao mesmo tempo, restaure alguma transparência no manejo do dinheiro público. O diagnóstico é compartilhado por Valdo Cruz, colunista do g1 e comentarista da GloboNews, que participa deste episódio para analisar os humores do Congresso e do Palácio do Planalto. Ele fala da urgência, para Bolsonaro e Lira, em aprovar a PEC que viabilizará a vitrine eleitoral de um (Auxílio Brasil) e o instrumento de poder do outro (mais recursos para emendas parlamentares), às custas de um drible no teto de gastos. E relembra votações anteriores igualmente regadas com o pagamento de “emendas de relator”. Também para deputados e senadores, “o que está pesando é o ano que vem”, quando muitos enfrentarão recondução difícil a seus mandatos.
11/9/202131 minutes, 11 seconds
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Moro e Dallagnol: Lava Jato vai às urnas

Em 2018, com Lula preso, quase duas centenas de outros personagens condenados e mais de R$ 12 bilhões recuperados para os cofres públicos, a operação viveu o apogeu de sua influência. Ajudou a eleger o presidente da República e outros nomes que se apresentaram como desafiadores da corrupção e do “sistema”. Agora, às vésperas de um novo ciclo eleitoral, os dois principais símbolos da República de Curitiba preparam sua entrada na pista. Sergio Moro, ex-juiz e ex-ministro de Jair Bolsonaro, está com filiação marcada ao Podemos. Foi “um dos poucos partidos que se dispuseram a abrigá-lo”, conta Andréia Sadi, repórter da Globo, colunista do G1 e apresentadora da Globonews. Moro mira o Planalto, buscando espaço no miolo em que se acotovelam vários “candidatos a candidato” da chamada “terceira via” -pelotão hoje distante de Lula e Bolsonaro, primeiro e segundo colocados nas pesquisas, respectivamente. Já Deltan, que acaba de anunciar seu desligamento do Ministério Público Federal, almeja cadeira na Câmara dos Deputados. O mandato lhe daria algo que sempre criticou: imunidade parlamentar, útil diante das denúncias que enfrenta pela atuação na Lava Jato. Na conversa com Renata Lo Prete, Andréia reconstrói as movimentações de ambos e avalia cenários para cada um. Ainda neste episódio, o consultor Mauricio Moura, fundador do instituto Ideia, aponta o grau de conhecimento que o eleitorado tem de Moro como principal ativo dele na comparação com outros postulantes da “terceira via”. Por outro lado, Mauricio mostra com números como a aprovação ao ex-juiz caiu desde seu desembarque do governo. E projeta que, em 2022, a conversa se dará principalmente sobre temas como emprego, inflação e pobreza. “É a eleição na qual a pauta econômica terá mais peso desde 1994”.
11/8/202128 minutes, 11 seconds
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PEC dos precatórios: como ler a votação

Perto do limite do tempo regulamentar, o governo conseguiu colocar de pé seu “plano A” para 2022: um programa social que entre no lugar do já extinto Bolsa Família. Para que ele saia do papel, venceu a tese do calote constitucionalizado em dívidas da União e do abandono do teto de gastos. A PEC dos Precatórios é a torneira da qual sairão recursos para o Auxílio Brasil e também para encher ainda mais o tanque das emendas parlamentares no ano da eleição. “Todo governo faz barganha, mas este se reduziu a isso”, resume Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Na votação da PEC em primeiro turno na Câmara, a operação funcionou, mas por pouco: a proposta passou com apenas 4 votos acima do mínimo necessário. E para isso contou com todo o empenho do presidente da Casa, que permitiu até votação remota de deputados que estão fora do Brasil. A “chicana de Arthur Lira”, explica Maria Cristina, está relacionada à compreensão de que a “lógica das emendas de relator vai morrer” - e que portanto o Centrão precisa se mobilizar para garantir seu naco no Orçamento do ano que vem. Na conversa com Renata Lo Prete, ela analisa ainda o racha em partidos como o PDT (que levou Ciro Gomes a “suspender” sua pré-candidatura ao Planalto) e PSDB (reflexo do “drama tucano” de ver se esvaírem suas condições de liderar uma eventual “terceira via” na disputa presidencial).
11/5/202125 minutes, 22 seconds
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5G: o leilão e o que muda depois dele

A disputa pela exploração das frequências da internet de 5ª geração, marcada para esta quinta-feira, é o primeiro passo para revolucionar a conectividade no Brasil. “O 5G realmente é a próxima internet”, reforça Fabro Steibel, diretor-executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade. Essa tecnologia não só permite conexões até 100 vezes mais rápidas do que as atuais -melhorando, por exemplo, a qualidade de chamadas de vídeo- como irá impactar a estrutura das cidades, a produtividade da indústria e a eficácia dos transportes. Sua implementação será fundamental para que a chamada “internet das coisas” vire realidade. “A experiência será muito mais presente”, diz Fabro em entrevista a Renata Lo Prete. “Talvez passe a ser até estranho ter algo em sua casa que não seja conectado”. Ele alerta, no entanto, que até o ano que vem teremos apenas um “5G caviar”, aquele do qual “só se ouve falar”: a perspectiva é de que a implementação completa leve até 10 anos. Também neste episódio, a repórter Ivone Santana, do Valor Econômico, explica as condições impostas pela Anatel às operadoras, os prazos previstos para o início da prestação do serviço e por que a chinesa Huawei -mesmo depois do lobby contrário do então presidente Donald Trump- não foi impedida de atuar no país, como grande fornecedora de equipamentos ao setor.
11/4/202120 minutes, 28 seconds
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A cultura do sigilo na era Bolsonaro

Às vésperas do aniversário de 10 anos da Lei de Acesso à Informação, o direito ao conhecimento de dados públicos nunca esteve tão ameaçado. Assistimos a uma série de embargos centenários impostos a itens que vão desde a carteira de vacinação do presidente da República até registros da presença de seus filhos na sede do governo, passando pelo julgamento que absolveu o general Eduardo Pazuello após flagrante manifestação política. “São exemplos até caricatos”, resume o advogado criminalista Luís Francisco Carvalho Filho, que presidiu, entre 2001 e 2004, a Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos. Na conversa com Renata Lo Prete, ele descreve tipos de informações estratégicas e, portanto, passíveis de sigilo -- e pondera que, no caso de autoridades públicas, “não se pode usar destes mesmos princípios para esconder” nada. “O que prevalece é a coisa pública”. Comentando o fato de que o Ministério da Defesa é o que mais reduziu o atendimento de pedidos via LAI, Luís Francisco observa que a “tradição de sigilo das Forças Armadas é exagerada”. E lembra que Bolsonaro, por sua vez, já descumpriu sigilos que haviam sido determinados pela Justiça: “Aí entramos no caminho da delinquência política”. Participa deste episódio também Jorge Hage, ex-ministro-chefe da Controladoria Geral da União à época da implementação da LAI. “O Brasil se integrou a toda uma mobilização internacional em uma crescente evolução para medidas de transparência”, relata. A questão atual, para Hage, é que, ao momento da elaboração tanto da Constituição quanto da lei, “não se imaginava a realidade de hoje” no quesito fake news. “O problema não é o governo apenas resistir a abrir suas informações, mas ainda patrocinar a divulgação de informações falsas”.
11/3/202127 minutes
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CLIMA: jovens à frente do movimento

Os seis anos que se passaram desde o Acordo de Paris viram a frustração das metas de corte das emissões de gases que aquecem o planeta, mas também a ascensão do ativismo para salvá-lo. A sueca Greta Thunberg é a figura mais conhecida entre milhares de jovens que, primeiro, foram às ruas em várias cidades do mundo, para em seguida ganhar voz também nos grandes fóruns globais. Neste quinto e último episódio de uma série especial preparatória da COP-26, O Assunto traz depoimentos de jovens brasileiros que participam do evento iniciado neste domingo em Glasgow, na Escócia. E uma entrevista com a baiana Catarina Lorenzo, de 14 anos -- estudante, surfista e embaixadora da ONU para Águas Internacionais. Aos 12, ela discursou na sede do Unicef, em Nova York, depois de ter apresentado, junto com outras 14 novas lideranças, uma reclamação formal contra o Brasil por não agir no enfrentamento da crise. Na conversa com Renata Lo Prete, ela relata como se deu conta da destruição do meio ambiente cedo e na prática -- estranhando a temperatura da água e o embranquecimento dos corais ao mergulhar na região de Maraú. “Quando depois aprendi sobre mudanças climáticas na escola, acendeu uma lâmpada em minha cabeça”, relata. “E eu precisava agir”.
11/1/202122 minutes, 25 seconds
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Máscaras: nova fase, novas regras

Desde o início da pandemia, elas foram incorporadas ao figurino e se tornaram essenciais para conter o avanço do contágio. Com a chegada dos imunizantes, países que progrediram mais rapidamente na aplicação começaram a deixá-las de lado - e alguns se arrependeram. Agora, com cerca de metade da população totalmente vacinada, o Brasil revê seus protocolos - em mudanças já decididas ou em estudo por Estados e municípios. Em entrevista a Renata Lo Prete, o engenheiro biomédico Vitor Mori, integrante do Observatório Covid 19 BR, afirma que esse debate deve tratar de modo diferente ambientes abertos e fechados: nos primeiros, já cabe falar em flexibilização; nos outros, os riscos ainda são grandes. Ele defende “políticas de incentivo” ao uso de espaços abertos e a adoção de critérios além da taxa de imunização para definir a hora de suspender a obrigatoriedade das máscaras. Participa também a imunologista Ester Sabino, para analisar um fator embutido nessa discussão: o efeito aparentemente controlado da variante Delta no Brasil, ao contrário do que se viu em outros países. Ester levanta hipóteses que explicam o fenômeno, mas recomenda cuidado: é preciso “trabalhar dia a dia” para evitar retrocessos. Ela conclui que, no melhor cenário, o Brasil pode servir de laboratório para responder a uma pergunta central: quando será possível não se preocupar mais com o uso de máscaras?
10/29/202121 minutes, 41 seconds
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Combustíveis nas alturas: os efeitos

Desde o início do ano, a gasolina subiu mais de 73%, e o diesel, 65%. A arrancada dos preços bate mais duro em categorias como motoristas de aplicativo e caminhoneiros, mas já modifica hábitos até de quem simplesmente tinha no carro particular seu principal meio de locomoção. E a perspectiva é de que o patamar “continue elevado” por um bom tempo, afirma a economista Julia Braga, da Universidade Federal Fluminense. Os motivos, que ela explica na conversa com Renata Lo Prete, devem ser buscados primeiro no mercado internacional, onde o valor do barril de petróleo vem batendo seguidos recordes. E dizem respeito tanto à demanda (turbinada pelos países em recuperação mais acelerada na pandemia) quanto à oferta (limitada pelos produtores reunidos na OPEP). Soma-se a isso um fator interno de grande peso: o câmbio. O real vem se desvalorizando mais do que a maioria das moedas, e a Petrobras, desde 2016, pratica preços que acompanham as flutuações externas - embora ainda com alguma defasagem. Julia analisa, do ponto de vista técnico, o embate entre o presidente Jair Bolsonaro e governadores em torno das alíquotas do ICMS, imposto estadual que incide sobre os combustíveis. Ela não descarta ajustes (“algum nível de política tributária ajuda”), mas crava: “O ICMS não é o responsável pelo aumento que estamos assistindo em 2021”.
10/28/202123 minutes, 17 seconds
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Mentiras que matam: fake news na pandemia

A falsa associação feita por Jair Bolsonaro entre vacina contra a Covid e risco de contrair o vírus da Aids recolocou na ordem do dia o efeito letal da desinformação numa crise sanitária. Um processo acompanhado de perto por Roney Domingos, jornalista do g1 que integra o projeto de checagem Fato ou Fake. Neste episódio, ele lembra que, enquanto o coronavírus atacava sobretudo na China, vídeos e outras montagens fraudulentas procuravam maximizar o horror. Mas, quando a doença chegou com força ao Brasil, houve uma “inversão de sinal”, e negacionistas passaram a usar o mesmo expediente para subestimar o perigo, promover tratamentos sem eficácia e boicotar o distanciamento social. Entre tantos personagens que acompanhou nessa cobertura, Roney não se esquece de Iomar, irmão gêmeo do enfermeiro Anthony Ferrari, que espalhou dezenas de fake news sobre a Covid até morrer da doença, junto com vários familiares. “Em 15 dias, perdeu as pessoas que mais amava” e se foi, conta sobre Iomar. Renata Lo Prete conversa também com Fernando Aith, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP. O professor lista pelo menos quatro crimes contidos na fala mais recente de Bolsonaro. Avalia o que esperar do procurador-geral da República, Augusto Aras, principal destinatário do recém-aprovado relatório da CPI. Analisa também os esforços, aqui e no mundo, para regular as plataformas digitais, que “lucram, e não é pouco, com fake news”, diz. “A gente ainda pode evoluir com a legislação brasileira, assim como outros países estão tateando nesse sentido".
10/27/202129 minutes, 5 seconds
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Orçamento secreto, obra de Bolsonaro

No momento em que o governo tenta disseminar a falsa ideia de que vai furar o teto de gastos porque não haveria outra maneira de bancar um programa social, O Assunto trata de uma deformidade que perpassa esse debate: as chamadas “emendas gerais do relator”, um instrumento adaptado para garantir recursos polpudos (R$ 19 bilhões este ano) a deputados e senadores aliados do Palácio do Planalto que, além de tudo, têm seus nomes mantidos em sigilo. “Se você não conhece o autor de uma solicitação de repasse e a motivação, todo o processo fica opaco”, afirma o repórter Breno Pires, que desde maio vem revelando, no jornal O Estado de S. Paulo, os meandros do Orçamento secreto. Ele explica o funcionamento dessa verdadeira “bolsa reeleição” dos parlamentares, repleta de indícios de irregularidades na aplicação do dinheiro. E aponta “as digitais do Planalto” nas mudanças que viabilizaram o chamado “tratoraço”. Em sintonia com as informações de Breno, o cientista político Fernando Limongi, da FGV e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), chama a atenção para o equívoco de atribuir esse estado de coisas principalmente ao Congresso. O presidente Jair Bolsonaro endossou tudo, lembra Limongi, em busca de proteção contra o impeachment e também porque “não tem a menor ideia do que fazer com o Orçamento”. Ele ressalta que a participação do Legislativo na destinação dos investimentos é legítima, e que mesmo o caráter impositivo das emendas individuais não é, em si, um problema. Já as emendas do relator, em sua forma atual, representam a volta ao padrão de descalabro revelado no célebre escândalo dos “Anões do Orçamento”, no início dos anos 90. E com “transparência zero. O que significa que o retrocesso é ainda maior”.
10/26/202130 minutes, 14 seconds
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CLIMA: a parte do agro na crise e na solução

No mundo, o sistema de produção de alimentos responde por aproximadamente um quarto das emissões de gases do efeito estufa. No Brasil, a parcela é ainda mais significativa, superada apenas pela do desmatamento. Num círculo vicioso, agricultura e pecuária são diretamente afetadas pelo aumento da temperatura global, em produtividade e qualidade. Neste quarto episódio de uma série especial preparatória da COP-26, O Assunto discute o papel dessas atividades no enfrentamento da crise. O engenheiro agrônomo Carlos Eduardo Cerri, professor do Departamento de Ciência do Solo da Esalq (USP), explica como sistemas integrados de cultivo estimulam a “fixação de carbono e a redução das emissões”. Ele detalha usos que resultam em solos saudáveis, capazes de dar às plantas mais “chance de sobreviver em períodos de eventos extremos”. E mostra como o Brasil pode seguir avançando para ser menos poluente num dos pilares de sua economia. Renata Lo Prete conversa também com Leonardo Resende, sócio e gestor da Fazenda Triqueda, em Minas Gerais. Cofundador do projeto Pecuária Neutra e Regenerativa, ele lembra que “pastagens degradadas” ainda são realidade em 70% das fazendas do país o que fez para reverter esse quadro em sua propriedade. “A pastagem é um ser vivo. Precisa ser bem manuseada para produzir bem”, diz. A série especial é publicada às segundas-feiras até a Conferência do Clima da ONU, que começa no próximo dia 31 em Glasgow, na Escócia.
10/25/202134 minutes, 16 seconds
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A implosão do teto e da equipe econômica

O governo rasgou o que restava de sua fantasia de responsabilidade fiscal ao executar manobra que abrirá espaço de R$ 83 bilhões no Orçamento de 2022. Na prática, isso rompe o limite de gastos introduzido na Constituição em 2016. Parte desse dinheiro será usada para bancar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família que Jair Bolsonaro pretende usar como ativo na campanha do ano que vem. E parte é cobiçada pelo Congresso na forma de mais emendas. Neste episódio, o professor João Villaverde, da FGV, explica a gambiarra e suas consequências de longo prazo - entre as imediatas está a debandada de vários secretários do ministro Paulo Guedes, além de novo tombo da Bolsa e empinada do dólar. Autor do livro “Perigosas Pedaladas”, sobre a contabilidade criativa que precipitou a ruína do governo de Dilma Rousseff, João descreve a "esculhambação institucional" do atual momento. Ela está em tantas áreas que “você não sabe nem para onde olhar: Orçamento secreto, precatórios, caminhoneiros”, lista ele na conversa com Renata Lo Prete. Participa também a economista Tereza Campelo, ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (2011-2016), para lembrar que a discussão sobre o Auxílio Brasil não pode ser apenas fiscal. Ela considera no mínimo impreciso tratá-lo como um Bolsa Família “rebatizado”, porque são dois programas muito diferentes. Este, "simples e muito claro em seus objetivos", acaba de completar 18 anos, tendo gerado impactos positivos "generalizados" e mundialmente reconhecidos. O novo é uma “árvore de Natal” da qual pouco se sabe, repleto de condicionantes e diferenciações que acabam por "excluir pessoas". Fora as incertezas sobre o valor do benefício para além do ano eleitoral.
10/22/202135 minutes, 2 seconds
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CPI: o relatório e o que vem agora

Ao final de 6 meses de investigações, a Comissão Parlamentar de Inquérito mais importante da história do Brasil decidiu indiciar o presidente da República por crime contra a humanidade e mais 8 tipos penais. As ações e omissões que legaram ao país mais de 600 mil mortos na pandemia renderam acusações a outras 65 pessoas - entre elas 4 ministros, 2 ex-ministros, deputados, empresários e 3 filhos de Jair Bolsonaro. “O governo deixou uma série de digitais nas cenas desses crimes”, resume Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN. Falando direto de Brasília, onde acompanhou a apresentação do relatório, ele faz com Renata Lo Prete um balanço dos trabalhos da CPI. Destaca contribuições decisivas, como elementos de prova da macabra aposta do presidente e seu gabinete paralelo na imunidade de rebanho por contágio, bem como do corpo mole na compra de imunizantes. “Bolsonaro não trouxe o coronavírus, mas se aliou à doença contra a população que deveria proteger”, diz Bernardo. A comissão avançou também sobre o “camelódromo de vacinas com personagens do submundo” (caso Covaxin), além de bater no iceberg do escândalo Prevent Senior. Por outro lado, o jornalista aponta a timidez dos senadores na responsabilização dos militares e o pouco interesse em ir a fundo na questão indígena. O episódio contempla ainda o próximo capítulo dessa história, em que as atenções se voltam para o que fará o procurador-geral da República, Augusto Aras.
10/21/202136 minutes, 44 seconds
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PEC da vingança: de quem contra quem

Uma disputa que tem, de um lado, parlamentares de variados partidos, e, de outro, o Ministério Público. No meio, uma proposta de emenda à Constituição para mudar a forma como são indicados os integrantes do conselho fiscalizador das atividades dos procuradores - que, por sua vez, fiscalizam o poder público. Nesta terça-feira, por falta de consenso, o presidente da Câmara adiou mais uma vez a votação da matéria, enquanto entidades de representação do MP seguem reivindicando alterações num texto que qualificam como retrocesso institucional. Neste episódio, Renata Lo Prete coloca na balança, em conversa com Julia Duailibi, argumentos das duas partes. “Os mecanismos de investigação precisam ser protegidos”, lembra a apresentadora da GloboNews e colunista do g1. “Mas também aperfeiçoados". Julia resgata a Operação Lava Jato, com seu saldo inédito de condenações de empresários e políticos, como origem “do sentimento de autoproteção” que move o Congresso nesse e em outros projetos - como a recém-aprovada mudança na Lei de Improbidade. Ao mesmo tempo, “o Conselho Nacional do Ministério Público, como está, talvez não dê respostas suficientes à sociedade”. Ela se refere, por exemplo, à reação tíbia do CNMP às revelações da “Vaza Jato” sobre irregularidades na atuação da hoje extinta força-tarefa de Curitiba. “Agora, não é o controle via Centrão, como está sendo proposto, que vai resolver a situação.
10/20/202125 minutes, 6 seconds
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Aula presencial: hora de reverter a evasão

Retomado há tempos em outros países, o ensino 100% na escola só agora volta a ser realidade em grande escala no Brasil. Cerca de metade dos Estados já se decidiu pela volta plena - em 3 deles, ela entrou em vigor nesta segunda-feira. Falando de São Paulo, da Bahia e do Mato Grosso, respectivamente, os repórteres Zelda Melo (TV Globo), Camila Oliveira (TV Bahia) e Leonardo Zamignani (TV Centro América) atualizam a situação. Descrevem a emoção de alunos, professores e funcionários. E acidentes de percurso: em São Paulo, por exemplo, parte das unidades da rede ainda terá que seguir no modelo híbrido, por falta de condições de cumprir protocolos básicos da pandemia. A despeito das diferenças regionais, um traço se mantém em todo o país: muitos estudantes perderam totalmente o contato com a escola, e vice-versa. Entrevistada por Renata Lo Prete, a pedagoga Julia Ribeiro, oficial de Educação do Unicef no Brasil, fala sobre o imperativo de empreender uma “busca ativa” para resgatá-los. Ela lembra que, em 2020, mais de 5 milhões de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos não tiveram acesso à educação, o que levou o fundo da ONU a alertar para o risco de o país “regredir duas décadas" nesse quesito. Julia destaca ainda que o abandono está longe de ser homogêneo, comprometendo o futuro principalmente de estudantes pobres - negros, pardos e indígenas.
10/19/202122 minutes, 37 seconds
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CLIMA - o desafio maior das cidades

Em menos de 2% da superfície, elas concentram mais da metade da população e respondem por 60% das emissões de gases que aquecem o planeta. Sentem particularmente as consequências –na forma, por exemplo de temperaturas extremas e inundações– e são, ao mesmo tempo, território para a busca de soluções. É esse o tema do terceiro episódio da série especial que O Assunto publica como preparação para a Conferência da ONU sobre o Clima -a partir de 31 de outubro em Glasgow, na Escócia. “Os lugares para começar a atuar dentro das nossas cidades são aqueles onde vivem os mais vulneráveis”, afirma o geógrafo Henrique Evers, gerente de desenvolvimento do Instituto WRI Brasil. Ele se refere a áreas de risco urbanizadas no atropelo, e explica por que, a esta altura, será preciso não apenas mitigar as ameaças, mas também inventar adaptações a mudanças climáticas já em curso. Na conversa com Renata Lo Prete, Henrique detalha experiências como a dos “jardins de chuva” e apoia a ideia de cobrir de plantas toda a superfície possível das cidades. A natureza, lembra ele, não é barreira, e sim “fonte de solução”. Participa também o arquiteto e urbanista Roberto Montezuma, professor da Universidade Federal de Pernambuco. Ele analisa problemas e experiências de Recife, capital especialmente exposta a um dos efeitos mais dramáticos do aquecimento global: a elevação do nível dos oceanos. A série especial será publicada às segundas-feiras, até o início da COP-26.
10/18/202128 minutes, 30 seconds
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Os vereadores mortos na Baixada Fluminense

No ano eleitoral de 2020 houve quase uma centena de assassinatos de políticos no Brasil. Em 2021, mesmo sem urnas, a violência continua solta. Embora disseminada pelo país, ela tem sido mais recorrente no conjunto de municípios que concentra quase 60% dos votantes do Rio de Janeiro. Na maior dessas cidades, Duque de Caxias, 3 dos 29 vereadores foram mortos apenas nos últimos 7 meses. Em conversa com Renata Lo Prete neste episódio, o repórter Luã Marinatto, do jornal Extra, detalha o caso de Sandro do Sindicato (Solidariedade), atingido por tiros de fuzil nesta quarta-feira, assim como os de Danilo do Mercado (MDB) e Quinzé (PL) - ocorridos, respectivamente, em março e setembro. Luã relata ainda a própria experiência de crescer temendo pela segurança da mãe, que foi vereadora em Nova Iguaçu. Participa também o sociólogo José Cláudio Souza Alves, autor do livro "Dos Barões ao Extermínio: Uma História da Violência na Baixada Fluminense". Ele explica a relação de muitos desses crimes com disputas por territórios e negócios, progressivamente controlados pelas milícias e pelo tráfico de drogas. Lembra que as milícias jamais teriam chegado ao atual patamar de domínio sem conexão direta com o Estado, do qual saem seus quadros. E aponta uma mudança alarmante de padrão no fato de haver tantos assassinatos de políticos mesmo longe do próximo ciclo eleitoral.
10/15/202123 minutes, 50 seconds
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Bolsonaro na terra sem lei do Telegram

Em números absolutos, a rede social nascida na Rússia em 2013 ainda não se compara a gigantes como o WhatsApp. Seu crescimento, porém, é vertiginoso. Isso vale tanto para o percentual de smartphones que carregam o aplicativo quanto para a audiência de usuários ilustres, como Jair Bolsonaro. O presidente da República acaba de ultrapassar a marca de 1 milhão de inscritos em seu canal oficial nessa rede que adota a “filosofia da mínima moderação”, como explica Guilherme Caetano, repórter do jornal O Globo. Guilherme foi aos subterrâneos do Telegram, abriu “portas secretas” e voltou para descrever um ambiente no qual prosperam conteúdos impróprios e mesmo atividades criminosas. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com Giulia Tucci, pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, para entender por que o Telegram virou uma ferramenta valorizada pelos políticos, em especial de extrema direita. Ela resgata o histórico das postagens de Bolsonaro e prevê dificuldades para enquadrar o Telegram em qualquer regramento da Justiça Eleitoral para a campanha de 2022. Até aqui, a plataforma - atualmente sediada em Dubai - nem mesmo respondeu às tentativas de contato do TSE.
10/14/202124 minutes, 43 seconds
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Em busca das árvores gigantes da Amazônia

Elas se erguem muito acima da média do dossel da floresta. Como conseguem crescer tanto e não quebrar é algo que sempre intrigou estudiosos. Na expedição mais recente, quatro guias e quatro engenheiros florestais partiram da pequena Cupixi, na região central do Estado do Amapá, e se embrenharam durante três dias no rio e na mata com o objetivo de chegar à segunda mais alta já identificada pelos radares do Inpe: um angelim vermelho de 85 metros, marca que o faz superar um prédio de 30 andares ou duas vezes a estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro. Concluída a missão - repleta de áudios captados especialmente para este episódio do podcast - o professor Diego Armando Silva conversou com Renata Lo Prete a respeito da importância do projeto que coordena. "As árvores gigantes são as mães da floresta", diz. “Além de resistir ao vento, à luz e às tempestades, elas precisam sustentar o próprio peso". A observação de perto, o inventário e a coleta de informações nos ensinam não apenas sobre elas, mas sobre “a estrutura da floresta”. E ele não tem dúvida: ainda há muitas gigantes por mapear e conhecer na Amazônia.
10/13/202123 minutes, 16 seconds
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CLIMA: quem pagará a conta das mudanças?

No segundo episódio de uma série especial, O Assunto aborda “a discussão que vai pegar” na Conferência das Nações Unidas, a partir de 31 de outubro em Glasgow, na Escócia. Quem alerta é Claudio Angelo, coordenador de comunicação do Observatório do Clima. Ele lembra que a responsabilização dos países ricos, historicamente os maiores emissores dos gases que aquecem o planeta, esteve na pauta da cúpula de Paris, 6 anos atrás. Mas nem por isso foi cumprida a promessa de que eles alocariam US$ 100 bilhões por ano para medidas de mitigação. Agora, num contexto econômico degradado pela pandemia, a negociação promete ser ainda mais dura. “Os países ricos não querem ver isso como compensação. Não vão produzir provas contra si próprios”, diz o jornalista. Renata Lo Prete conversa também com Ana Toni, ex-presidente do conselho do Greenpeace Internacional e diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade. A economista defende “uma conversa séria” não apenas sobre investimentos, mas também sobre como são empregados os recursos que já existem - dando como exemplo o fato de que governos continuam a subsidiar a indústria de combustíveis fósseis. O Brasil, afirma, chega à COP-26 em posição delicada: “Querem ação e entrega. E a entrega brasileira continua terrível.” A série especial será publicada às segundas-feiras, até o início da cúpula.
10/11/202127 minutes, 16 seconds
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Malária: por que a vacina é um evento histórico

Uma das doenças infecciosas mais antigas do mundo, que ainda atinge 200 milhões de pessoas por ano. E que colhe a ampla maioria de suas vítimas num continente e numa faixa etária: das cerca de 400 mil mortes anuais, 94% acontecem na África, onde há "hospitais carregados de crianças com quadros graves de malária", relata Carolina Batista, integrante da organização Médicos sem Fronteiras. Elas respondem por dois terços dos óbitos. Convidada de Renata Lo Prete neste episódio, Carolina conta o que viu participando de missões na região entre 2007 e 2018. Ela descreve barreiras geográficas, financeiras e culturais para cuidar dos pacientes e narra em detalhes a história de uma menina que conseguiu salvar por um triz. Participa também o infectologista Marcus Lacerda, doutor em medicina tropical e pesquisador da Fiocruz Amazônia. Ele lembra que “a imunologia praticamente começou com o estudo da malária”. As décadas que se passaram até a recomendação de uma vacina pela Organização Mundial da Saúde dão testemunho da dificuldade em desenvolver um imunizante contra o parasita causador. Apesar da eficácia relativamente baixa do produto aprovado, Marcus não tem dúvida de que se trata de uma virada de jogo: de saída, será possível "evitar 30% de mortes” num universo de 260 mil crianças africanas a cada ano. Marcus fala ainda do Brasil, que não se beneficiará neste momento, porque seus casos são majoritariamente de outro tipo, menos agressivo. O especialista conta o que o país fez para reduzir a transmissão e tratar os infectados, obtendo queda consistente no número de casos e de óbitos ao longo do tempo.
10/8/202121 minutes, 32 seconds
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PSL+DEM e outras costuras para 2022

“O DEM entra com a experiência, e o PSL, com os recursos”. Assim o repórter da Globo Nilson Klava resume a fusão, agora formalizada, dos dois partidos. Neste episódio, ele faz o balanço dos dotes de cada um - em fundos e tempo de TV - e narra cenas do casamento que deu origem ao União Brasil, de saída dono da maior bancada da Câmara. Desse ponto, Renata Lo Prete parte para uma conversa com Fabio Zambeli, analista-chefe da plataforma Jota, sobre o significado desse e de outros movimentos de acumulação de forças a um ano das próximas eleições. Ele mostra como o DEM, sigla tradicional porém declinante da centro-direita, vinha se ressentindo dos avanços do concorrente PSD, de Gilberto Kassab. E como o PSL, que passou de nanico a grande em 2018, teve que se virar depois de “perder a alavanca” representada por Jair Bolsonaro. O jornalista acrescenta ao quadro o PP, “Centrão raiz”, do presidente da Câmara, Arthur Lira, e lembra que o jogo que se trava no momento é principalmente parlamentar: “Ser o partido de maior peso no Congresso equivale a mandar nos rumos do país talvez até mais do que o presidente eleito". Seja ele qual for, acrescenta.
10/7/202125 minutes, 3 seconds
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Guedes e Campos Neto nos papéis de Pandora

O ministro da Economia e o presidente do Banco Central figuram como donos de empresas offshore numa coleção de quase 12 milhões de documentos, relativos a mais de 300 personagens de 91 países, trazida à luz pela investigação jornalística internacional Pandora Papers. A prática é legal, desde que informada à Receita, mas suscita todo um debate sobre conflito de interesses quando se trata das duas principais autoridades econômicas do país. Agora, ambos foram chamados a prestar esclarecimentos a comissões do Congresso. Campos Neto encerrou as atividades de sua empresa 15 meses depois de entrar no governo. Mas a de Guedes - ministro que, além de tudo, conduz uma proposta de reforma do Imposto de Renda - permanece aberta, e atualmente abriga o equivalente a R$ 51 milhões. “Em 28 de setembro de 2021, ele ainda aparecia como controlador”, pontua Carlos Andreazza. Na conversa com Renata Lo Prete, o colunista do jornal O Globo e apresentador da rádio CBN chega ao seguinte resumo: “A rigor, o patrimônio fora do Brasil protege Guedes do governo do qual faz parte”. Participa também do episódio Tathiane Piscitelli, professora de direito tributário e finanças públicas da FGV, para explicar o que diz a legislação brasileira sobre abertura e manutenção de empresas em paraísos fiscais. E como as restrições são maiores para agentes públicos, submetidos ao Código de Conduta da Alta Administração Federal. Tathiane analisa também o crescente movimento global por maior transparência e justiça fiscal, ilustrado pelas revelações em série desse consórcio de jornalistas.
10/6/202127 minutes, 17 seconds
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O apagão do WhatsApp

Foram mais de 6 horas sem três das maiores redes sociais do planeta, todas pertencentes ao império de Mark Zuckerberg. As consequências atingiram bilhões de usuários -interrompendo comunicações, comprometendo a execução de tarefas cotidianas e causando muitos prejuízos. No caso do próprio Facebook, o tombo no valor de mercado foi de US$ 6 bilhões em um único dia. Para dimensionar, discutir hipóteses de causa e extrair lições do que aconteceu, Renata Lo Prete recebe Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro. “Um apagão de larga escala", ele explica, no qual o “mapa da internet" parou de funcionar para o Facebook e todos os serviços do grupo, incluindo Instagram e WhatsApp (este último, de longe o aplicativo de troca de mensagens mais usado no Brasil). Ele também descreve o funcionamento das “fazendas de servidor", galpões gigantes onde ficam computadores armazenadores de dados. E analisa o impacto desse tipo de evento sobre uma sociedade que, cada vez mais, "constrói formas de trabalhar e viver que dão como certo o fato de você sempre ter acesso à internet", que ele chama de "a nova eletricidade".
10/5/202120 minutes, 30 seconds
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CLIMA: onde estamos 6 anos depois de Paris

O histórico acordo de 2015, firmado entre mais de 190 países, pretendia reduzir as emissões de gases do efeito estufa a um patamar capaz de conter o aumento da temperatura do planeta. Não aconteceu. Nem mesmo a recessão pandêmica derrubou as emissões na proporção necessária. Agora, em meio a eventos extremos como a seca que aflige vários Estados brasileiros, e sob pressão global de ativistas, uma nova cúpula do clima patrocinada pelas Nações Unidas pretende atualizar compromissos e lançar “um alerta vermelho para a humanidade”, nas palavras do secretário-geral Antonio Guterres. No episódio introdutório de uma série especial a ser publicada todas as segundas-feiras até a COP-26 -- que tem início marcado para 31 de outubro em Glasgow, na Escócia -- Renata Lo Prete recebe Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP. A conversa é para entender a ciência que pauta o debate público sobre o tema, e Nobre não poderia ser mais claro. Ele mostra a velocidade sem precedentes da escalada da temperatura na Terra. Explica a diferença entre conseguir limitar a alta a 1,5 grau Celsius até 2100 (como queriam os signatários do Acordo de Paris) ou deixá-la subir 3 graus. Dá exemplos de adaptações, como agricultura regenerativa, que precisarão ser feitas mesmo no cenário menos catastrófico -- porque parte das mudanças climáticas já está contratada. E é assertivo ao enunciar a consequência maior de subestimar a emergência: “As novas gerações vão viver num mundo muito mais perigoso”, diz. “Num outro planeta, muito pior, em todos os sentidos, para a vida humana e para as outras espécies.”
10/4/202127 minutes, 55 seconds
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Botijão de gás a R$ 100

Os preços dos combustíveis são uma questão global - agravada, no Brasil, por um dado básico da equação macroeconômica: câmbio. O real está entre as moedas que mais se desvalorizaram na pandemia. Também a inflação aqui bate forte - puxada, no momento, justamente pelos combustíveis. Assim, o item usado por 90% das famílias para cozinhar está custando, em média, R$ 93, e consumindo 10% do salário-mínimo em 16 Estados. Entre os mais pobres, passou a ser substituído por lenha e outros produtos tóxicos. Nesta semana, quase ao mesmo tempo, a Câmara e a Petrobras ensaiaram resposta a esse quadro de risco social. Os deputados aprovaram uma espécie de “vale-gás” - ainda a ser examinado pelo Senado. E a estatal anunciou que vai subsidiar o botijão para consumidores de baixa renda. Neste episódio, o repórter Raphael di Cunto, do jornal Valor Econômico, explica a ciranda de pressões políticas por trás dessas duas medidas. Pressionada pelo presidente Bolsonaro, principalmente por causa dos preços da gasolina e do diesel, a Petrobras correu para sinalizar algum alívio no gás de cozinha tão logo saiu a decisão da Câmara. Renata Lo Prete conversa também com o economista Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura, que defende uma “tarifa social” mais duradoura, como existe no setor elétrico”, para enfrentar o problema. “Muitas pessoas não têm noção do que famílias passam para cozinhar" o mínimo.
10/1/202123 minutes, 42 seconds
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Escândalo Prevent: a hora da ANS

A sequência estarrecedora de revelações deixa no ar a pergunta: como foi possível a operadora ir tão longe no desrespeito à vida de seus clientes e na prestação de serviços ao Palácio do Planalto? Parte da resposta está nas revelações da CPI da Covid, atualizadas neste episódio por Octavio Guedes, colunista do G1 e comentarista da GloboNews. Ele destaca a convicção da Prevent Senior -relatada no depoimento da advogada de médicos da empresa - de que jamais seria incomodada por órgãos de fiscalização, dado seu relacionamento estreito com o “gabinete paralelo” de assessoramento do presidente na pandemia. Com as costas quentes, a Prevent se sentiu à vontade para conduzir um “campo de experimentos anticientíficos”, diz Guedes. Outro depoimento, o do empresário Luciano Hang, desnudou o empenho dos governistas em boicotar qualquer tipo de lockdown em nome de “salvar a economia”. “Mas nunca foi a economia”, lembra Guedes. “Sempre foi a reeleição de Bolsonaro”. A segunda parte da resposta Renata Lo Prete foi buscar em entrevista com o advogado Matheus Falcão, pesquisador do Núcleo de Direito Sanitário da USP e assessor jurídico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Ele mostra como funciona a Agência Nacional de Saúde Suplementar, órgão regulador que apenas nesta semana, quando a pilha de denúncias graves já transbordava, emitiu a primeira autuação contra a Prevent. A ANS, explica Falcão, tem corpo técnico qualificado, formado por servidores públicos concursados, mas suas decisões finais ficam a cargo de uma diretoria composta por cinco indicados pela Presidência da República. Ele fala também do Conselho Federal de Medicina, que até aqui fez cara de paisagem diante das pressões para que profissionais da Prevent empurrassem aos pacientes remédios ineficazes contra a doença. Matheus conclui como esta situação "chegou ao limite" e demanda ação do Estado.
9/30/202129 minutes, 38 seconds
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Explosão dos despejos, agora suspensos

De um lado, perda de emprego e renda. Do outro, alta do aluguel -mais de 30% em 12 meses. Resultado: crescimento exponencial do contingente de famílias removidas de suas casas ou vivendo sob essa ameaça. Pessoas que precisam escolher entre "pagar o aluguel ou colocar comida na mesa", conta o repórter da TV Globo Giba Bergamin, que acompanha de perto movimentos por moradia há quase duas décadas. Ele narra como, na esteira desse drama agravado pela pandemia, uma ocupação na Zona Leste de São Paulo saltou de 200 famílias em julho para 800 agora. Participa também deste episódio Bianca Tavolari, pesquisadora do Cebrap e professora do Insper. É ela quem analisa a decisão do Congresso de derrubar o veto do presidente da República à lei que estabelece uma espécie de moratória dos despejos até 31 de dezembro. "Pela primeira vez, temos uma proteção importante" a pessoas em situação de vulnerabilidade habitacional. Mas a medida é paliativa e de curta duração, alerta. Bianca aponta ainda a escassez de dados oficiais sobre o problema, o que dificulta a elaboração de políticas públicas acertadas, e resume: "Para além da pandemia, ter uma moradia é porta de acessos a direitos".
9/29/202123 minutes, 19 seconds
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Térmicas: emergência ou longo prazo?

Diante da situação crítica dos reservatórios, o governo vem recorrendo progressivamente a uma energia mais cara e mais poluente do que a extraída da água. O movimento agora ganha contornos de estratégia, a ser implementada por meio de leilões que vão implicar na manutenção, por vários anos ainda, de fatia generosa para as termelétricas na nossa matriz (hoje, elas respondem por cerca de 32% do total gerado, enquanto as hidrelétricas amargam sua menor participação histórica, em torno de 50%). Letícia Fucuchima, repórter do jornal Valor Econômico, traz detalhes sobre esses leilões e mostra como a atual política não favorece a expansão de energias limpas como a solar e a eólica. "O racionamento de 2001 inaugurou uma safra de termelétricas", relembra Diogo Lisbona, pesquisador do Centro de Estudos e Regulação em Infraestrutura da FGV, também entrevistado por Renata Lo Prete. Ele explica por que o consumidor não deve esperar refresco tão cedo. "Tem termelétrica que gera energia ao custo de R$ 2 mil o megawatt hora", compara, enquanto no mercado o custo médio é de R$ 250.
9/28/202123 minutes, 32 seconds
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O público de volta aos teatros

Foram necessários 2 anos, 70 pessoas trabalhando diretamente e outras 400 na prestação indireta de serviços para colocar de pé um espetáculo que, depois de apenas 9 apresentações, saiu de cartaz em março de 2020. “Fomos os primeiros a parar e os últimos a retornar”, resume, em depoimento ao Assunto, a atriz Karin Hills, que faz o papel-título no musical sobre a trajetória da cantora disco Donna Summer. Em conversa com Renata Lo Prete, a produtora-geral e coreógrafa Barbara Guerra narra uma saga de ano e meio vivida por boa parte da classe artística: morte de colegas por Covid, contas a pagar sem receita para cobrir, luta para garantir algum suporte financeiro à equipe. Mesmo compartilhando com todos a emoção da reestreia, ela faz questão de frisar: “A pandemia ainda está aí. Voltamos, mas com protocolos e muita disciplina”. Para o sociólogo Danilo Santos de Miranda, há mais de três décadas diretor do Sesc-SP, a cena cultural brasileira passa por uma “euforia do retorno”, mas é preciso lembrar que ele ocorre num contexto de crise econômica, sanitária e sobretudo política -diante do “desmonte perpetrado” pelo governo federal numa área que, até a pandemia, respondia por cerca de 2% do PIB e abrigava 6% do total de pessoas ocupadas no país. “O presencial é indispensável à cultura”, afirma. “E nós vamos restabelecer isso, porque conhecemos o caminho”.
9/27/202124 minutes, 41 seconds
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Os números maquiados da Prevent Senior

Subnotificação de óbitos de pacientes que participaram, sem conhecimento, de experiência com cloroquina. Mortes registradas com outras causas, ocultando a verdadeira. Reclassificação sistemática de prontuários, apagando a referência a Covid. As evidências que se acumulam contra uma das maiores operadoras de saúdes do país são detalhadas neste episódio por Guilherme Balza, repórter da GloboNews que investiga as práticas da empresa desde o início da pandemia e já revelou capítulos importantes dessa história. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com Daniel Dourado, médico, advogado e pesquisador do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da USP. "Não se pode fazer pesquisa dessa maneira", pontua Daniel sobre as evidências de que pacientes participaram de estudos sem consentimento. Ele esclarece as possíveis consequências contra a empresa e o governo. Para Daniel, a punição às autoridades federais pode ser pensada de duas maneiras: "indicações penais e dos crimes de responsabilidade". Ele sinaliza ainda quais cuidados clientes de operadoras de saúde podem adotar para se proteger.
9/24/202127 minutes, 42 seconds
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Precatórios: pedalada ou calote?

São R$ 89 bilhões em dívidas judiciais da União a pagar em 2022, montante que o Executivo quer reduzir drasticamente para encaixar no Orçamento do ano eleitoral um Bolsa Família turbinado e que Jair Bolsonaro possa chamar de seu. Depois de algumas movimentações mal-sucedidas, surge um esboço de acordo entre os presidentes da Câmara e do Senado e o ministro da Economia. A proposta - detalhada neste episódio pela repórter Julia Lindner, do jornal O Globo - prevê limitar o desembolso com precatórios no ano que vem ao patamar de 2016, quando foi instituído o teto de gastos. Em valores corrigidos, R$ 40 bilhões. O restante - mais da metade, portanto - seria objeto de algum “encontro de contas” ainda por definir ou simplesmente empurrado para 2023. Também entrevistado por Renata Lo Prete, Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente, dá nome às coisas: ele explica por que algumas das manobras em discussão constituem pedalada fiscal, quando não configuram calote puro e simples. Uma “bola de neve” arriscada e, no entender de Salto, desnecessária: “É possível pagar” os precatórios em sua totalidade e elevar o valor do Bolsa Família, avalia o economista, autor de uma proposta alternativa baseada no remanejamento de recursos discricionários.
9/23/202122 minutes, 49 seconds
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Crise da Evergrande e impacto no Brasil

A ameaça de calote da segunda maior incorporadora chinesa, cujo passivo chega a US$ 300 bilhões, levou pânico aos mercados na largada da semana. "O risco financeiro é dentro da China, não fora", sintetiza Rodrigo Zeidan, professor da Universidade de Nova York em Shangai, de onde fala com Renata Lo Prete. Zeidan descreve a importância do setor imobiliário num um país em que mais de 1 bilhão de pessoas migraram do campo para as cidades nos últimos 30 anos. "Imóveis são vistos como algo que traz riqueza para a família", explica, lembrando o peso do setor no PIB. Zeidan diz ainda que, ao contrário da crise com o banco norte-americano Lehman Brothers, em 2008, agora a expectativa é que a China socorra e “estanque a crise financeira", mais do que a empresa, mas pondera que é difícil saber o "tamanho certo" da intervenção. Participa também do episódio Lívio Ribeiro, pesquisador do Ibre-FGV. É ele quem detalha os possíveis efeitos para o Brasil, principalmente para empresas do setor de mineração. Lívio pontua como 85% das exportações brasileiras para a China são de minério de ferro, soja e petróleo. Por isso os impactos podem ser sentidos aqui, principalmente pela desvalorização da moeda brasileira e da queda do preço das commodities.
9/22/202122 minutes, 56 seconds
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Submarinos para a Austrália e o conflito do futuro

O anúncio de que os Estados Unidos fornecerão submarinos à Austrália, atropelando um acordo de mais de US$ 50 bilhões que a França havia firmado para o mesmo fim, provocou uma crise diplomática entre Washington e Paris - de onde fala, neste episódio, a jornalista Adriana Moysés, da Rádio França Internacional. Ela explica por que, para o país, tratava-se do “contrato do século”, tanto do ponto de vista econômico quanto de ambição estratégica. E interpreta o ocorrido como mais um sinal do esvaziamento da Otan - a aliança militar que uniu americanos e europeus desde o final da 2ª Guerra Mundial. Também entrevistado por Renata Lo Prete, o cientista político Mathias Alencastro usa justamente a expressão “Otan do Indo-Pacífico” para se referir à nova parceria entre EUA, Austrália e Reino Unido, que tem como pano de fundo a competição entre americanos e chineses. Para ele, o que se encena na região é o “conflito do futuro”, enquanto o recém-encerrado em Cabul seria o do passado. A União Europeia, diz Alencastro, já foi mais impactada por 6 meses de Joe Biden do que por 4 anos de Donald Trump, e será obrigada a se reinventar.
9/21/202124 minutes, 47 seconds
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IOF maior: novo improviso na economia

Sem ter de onde tirar recursos para turbinar o Bolsa Família, Jair Bolsonaro e Paulo Guedes engoliram as próprias palavras e adotaram uma solução por decreto: aumentar a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras. Isso deve bastar para o lançamento do programa rebatizado, principal aposta eleitoral do governo, “mas não há nada garantido para o ano que vem”, avisa Adriana Fernandes, repórter especial e colunista do jornal O Estado de S. Paulo. Para que o benefício vigore em 2022, “há uma conta de R$ 60 bilhões a ser fechada” no Orçamento. Conta que passa, explica Adriana, pela encrencada negociação, com Legislativo e Judiciário, para reduzir o saldo de quase R$ 90 bilhões de precatórios da União a pagar nesse período. Jornalista que acompanha há mais de duas décadas a agenda econômica em Brasília, Adriana analisa, na conversa com Renata Lo Prete, o potencial impacto negativo da elevação do IOF sobre a atividade já enfraquecida. Interpreta a medida como mais um sinal do “improviso” que tem pautado as decisões do governo, e aponta o vespeiro bilionário no qual ninguém quer de fato mexer: os chamados incentivos fiscais.
9/20/202122 minutes, 58 seconds
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CPI e as cobaias humanas da pandemia

Revelados pelo repórter da GloboNews Guilherme Balza, os indícios de acordo entre o governo Bolsonaro e a Prevent Senior para empurrar cloroquina a doentes de Covid estão na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito. Depois de receber denúncia formal de médicos da operadora, os senadores vão ouvir seus dirigentes para tirar a limpo relatos de fraude em estudo sobre o medicamento e estímulo à circulação de pessoas em plena primeira onda da doença no Brasil. Neste episódio, além de conversar com Balza, Renata Lo Prete entrevista a jurista Deisy Ventura, professora titular de ética da Faculdade de Saúde Pública da USP. Coordenadora de um levantamento que tipificou ações e omissões do governo na pandemia, ela mostra como o caso Prevent Senior, assim como o desabastecimento de oxigênio em Manaus, pode acabar enquadrado na mais grave das categorias: crime contra a humanidade. “Houve banalização das mortes”. E muito mais do que incompetência: “O elemento da intencionalidade é fundamental para entender o que aconteceu”.
9/17/202131 minutes, 25 seconds
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Mix de vacinas: por que e como fazer

A estratégia de aplicar diferentes imunizantes contra a covid na mesma pessoa tem sido usada em países como EUA, Canadá, Alemanha, Israel e Coreia do Sul. Estudos preliminares indicam que, a depender da combinação, a resposta imune cresce. E até “dilui o risco de eventos adversos”, explica o professor Edecio Cunha-Neto, chefe do Laboratório de Imunologia Clínica e Alergia da Universidade de São Paulo. No Brasil, a prática passou a ser adotada por necessidade, em resposta a um apagão de Astrazeneca no início de setembro. Em estados como São Paulo, quem estava com a segunda dose pendente completará o esquema vacinal tomando Pfizer. A repórter da TV Globo Mariana Aldano conta como a população reagiu nos postos: de início teve dúvidas, mas logo entendeu a eficácia do arranjo e, principalmente, a importância de tomar as duas doses. Mariana mostra também como, mais uma vez, os governos federal e paulista se desentendem sobre como administrar a campanha de vacinação. E Edecio opina sobre outro ponto de discórdia: a ciência, ele afirma, dá razão aos que recomendam evitar a Coronavac como 3ª dose (o reforço) para os mais idosos, ao contrário do que prega a gestão Doria.
9/16/202120 minutes, 40 seconds
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Bolsa Família: fila e incertezas

Enquanto o governo busca espaço no Orçamento para chegar ao ano da eleição com uma versão turbinada do programa, na vida real cerca de 1,2 milhão de famílias aptas a receber o benefício seguem desassistidas. Um drama que se desenrola em meio ao aumento da pobreza no país, prestes a se agravar com o fim do auxílio emergencial da pandemia, explica Fernanda Trisotto, repórter do jornal O Globo. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com a socióloga Marta Arretche, professora titular da USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole. Ela mostra como o Bolsa Família, embora visto como ativo eleitoral pelos políticos, é vulnerável a cortes e roda hoje em patamares muito inferiores aos do passado. “O programa é pouco protegido contra estratégias silenciosas de retração”, ao contrário do que acontece, por exemplo, com o Benefício de Prestação Continuada, inscrito na Constituição. “Seu tamanho depende da disposição do governo de plantão”. Marta não acredita que a solução seja “constitucionalizar” o Bolsa Família, mas defende clareza e respeito a critérios de elegibilidade e fontes mais estáveis de financiamento.
9/15/202126 minutes, 11 seconds
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Quanto dura o Bolsonaro “moderado”?

O golpismo escancarado do presidente da República no 7 de Setembro provocou palavras duras de autoridades importantes, mas, apenas dois dias depois, a temperatura baixou, e a perspectiva de alguma consequência concreta desapareceu, por obra de uma operação de socorro capitaneada por ninguém menos do que Michel Temer. “A turma do deixa-disso barrou o impeachment", resume o sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista da Folha de S. Paulo. Ele reconhece que o impedimento de Jair Bolsonaro via Congresso nunca foi cenário provável, mas avalia que o crime de responsabilidade enunciado com todas as letras na avenida Paulista colocou as coisas em outro patamar. E, como o presidente continua “sem a menor intenção” de mudar, pretendendo de fato "melar a eleição" de 2022, a sustentabilidade do arranjo endossado por boa parte do establishment político ainda está por ser demonstrada. Na conversa com Renata Lo Prete, Celso também analisa os protestos do fim de semana passado, capitaneados por ex-apoiadores de Bolsonaro como MBL e Vem pra Rua, e as dificuldades de construção de uma Frente Ampla. E lembra que, enquanto o país segue em suspense na trama do golpe, “não está nem por um segundo” se debruçando sobre seus graves problemas reais.
9/14/202126 minutes, 56 seconds
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Estagflação: perigo real e imediato

A escalada dos preços foi sentida primeiro e não parou mais: a taxa acumulada em 12 meses vai se aproximando dos dois dígitos. Recentemente, somaram-se a isso sinais de que a retomada da atividade patina: o PIB ficou negativo no segundo trimestre. “Não chega a ser recessão, mas praticamente não tem crescimento; e, apesar disso, a inflação está muito elevada”. Assim a economista Silvia Matos, do Ibre-FGV, define o quadro de estagflação que, em seu entender, já se configura no Brasil. Como em outros países, parte do problema se deve à pandemia, mas ela aponta pelo menos dois diferenciais: desvalorização da moeda local muito além da média e acentuada instabilidade política. “O governo contribui para a depreciação cambial”, diz. Embora reconheça o efeito perverso sobre a atividade, Silvia não vê alternativa ao aumento dos juros promovido pelo Banco Central, que tenta ser “bombeiro” enquanto o Planalto “joga gasolina” na inflação. Para abrir espaço no Orçamento aos programas sociais, ainda mais urgentes diante da corrosão da renda das famílias, ela defende o enfrentamento de algumas perguntas inconvenientes. “Precisamos de R$ 35 bilhões para emendas parlamentares?” ou de tantos “benefícios fiscais ineficientes?”.
9/13/202120 minutes, 29 seconds
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A ameaça do bolsonarismo de caminhão

Por dois meses, o presidente da República insuflou a mobilização de caminhoneiros para o 7 de Setembro. No dia seguinte, o país viu rodovias bloqueadas e, com elas, o fantasma da grande paralisação da categoria em 2018. E daí Jair Bolsonaro teve que “desarmar a bomba que ele próprio armou”, diz Valdo Cruz. O colunista do G1 e comentarista da GloboNews se refere à mensagem de áudio que o presidente enviou, para espanto desses apoiadores, pedindo que liberassem as estradas. Para desativar outra bomba - a da ofensiva contra o Supremo - foi chamado ninguém menos do que o ex-presidente Michel Temer, completando o dia de ressaca do golpismo. Neste episódio, Valdo narra e analisa o bastidor desses eventos, enquanto o economista Claudio Frischtak explica por que a perspectiva de caminhões parados assusta, em especial diante da atividade já fraca e da inflação em alta. Ele observa que desta vez o movimento - estimulado por empresários bolsonaristas - tem demandas "predominantemente políticas". E que, se não for controlado, "todos nós perderemos".
9/10/202131 minutes, 10 seconds
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Um repórter pelo mundo pós-11 de Setembro

Os atentados fundadores do século 21 produziram alguns de seus efeitos mais duradouros bem longe dos Estados Unidos, onde aconteceram. Para discuti-los, Renata Lo Prete recebe neste episódio o jornalista da TV Globo Marcos Uchôa, que ao longo dessas duas décadas visitou 22 países do mundo islâmico. O primeiro foi aquele em que a chamada guerra ao terror começou e do qual os americanos só agora se retiraram. Ele conta que nunca, em sua trajetória profissional, sentiu tanto medo quanto no Afeganistão. E que, ao mesmo tempo, se lembra de saraus vespertinos "para conversar sobre poemas de 800 anos com idosos, mulheres e crianças". A alternância de análise política e memórias do cotidiano das pessoas que encontrou dá o tom do depoimento de Uchôa sobre suas passagens por lugares como Iraque, Tunísia e Síria. Prestes a lançar uma série no GloboPlay com esse rico material, ele conclui que, duas décadas depois, a questão do terrorismo está longe de ser resolvida. “A vitória do Talibã traz a mensagem de que a violência funciona”, diz.
9/9/202128 minutes, 43 seconds
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O golpismo permanente de Bolsonaro

O 7 de Setembro não trouxe ruptura, mas deixou claro que o presidente continuará dobrando a aposta na depredação institucional para se manter na cadeira. Ao discursar em dois dos eventos que convocou para a data, ele escalou mais um degrau, declarando abertamente que não pretende respeitar decisões do Supremo (no momento, as do ministro Alexandre de Moraes) e do Congresso (que já enterrou o voto impresso, ressuscitado por Bolsonaro na pregação desta terça). “Uma reação para tentar sair do cerco”, resume Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da Rádio CBN. Ela se refere tanto à ausência de respostas do governo para as crises econômica e social quanto ao avanço de investigações que vão das fake news às rachadinhas da família presidencial, passando pelas suspeitas de corrupção na compra de vacinas. “Bolsonaro pode estar fraco para se reeleger", mas tem ainda um dispositivo para "dar cara de povo a seu golpismo", diz a jornalista, que esteve no ato da avenida Paulista. Na conversa com Renata Lo Prete, Maria Cristina prevê que os ataques a Moraes acabem por “unir ainda mais” os ministros do Supremo. Quanto ao Congresso, embora a palavra impeachment tenha voltado a ser pronunciada, tudo continua a depender do grande ausente neste 7 de Setembro: o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
9/8/202133 minutes, 42 seconds
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Brasileiros sem documento: os verdadeiros invisíveis

Segundo o último dado oficial disponível, são cerca de 3 milhões de pessoas que, como Maria Helena Ferreira da Silva, chegam à vida adulta (e eventualmente à idade avançada) sem certidão de nascimento. No caso da agricultora de 70 anos, que vive no interior do Paraná, a carência virou barreira na hora de se vacinar contra a Covid-19. No posto, recomendaram-lhe que se conformasse em ficar sem o imunizante, “porque o governo nem sabia que eu existia”. Ela só veio a receber a primeira dose meses depois, por ação da Defensoria Pública, e agora está perto de conseguir a tão sonhada certidão de nascimento. “A gente fica envergonhado, né?” O relato feito por Maria Helena ao podcast introduz a conversa de Renata Lo Prete com Fernanda da Escóssia, autora do recém-lançado livro "Invisíveis - Uma Etnografia sobre Brasileiros sem Documento", fruto da tese de doutorado da jornalista na Fundação Getúlio Vargas. Ela explica o papel fundador desse registro e o efeito bola de neve que a ausência dele provoca: vai ficando mais difícil obter outros documentos e, com o passar dos anos, limitações muitos concretas se apresentam, notadamente no acesso aos serviços públicos de educação e saúde. Editora na revista Piauí, com longas passagens pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, Fernanda se interessa há quase duas décadas por um fenômeno que descreve como “transversal”, porque ligado a múltiplos fatores, como miséria e desestruturação familiar. Em sua pesquisa e nesta entrevista, ela conta histórias de pessoas que conheceu no momento em que buscavam o registro de nascimento e reencontrou tempos depois -- quando haviam resgatado direitos, cidadania e às vezes o próprio "fio da vida".
9/6/202124 minutes, 24 seconds
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Os sinais de que o Brasil está secando

O problema tem escala global. A ONU estima que, nos últimos 20 anos, mais de 1,5 bilhão de pessoas entraram em situação de “insegurança hídrica”. E o Brasil, a despeito de sua riqueza natural, é duramente atingido. A escassez crescente de chuvas, associada a queimadas e desmatamento, se traduz em “quase 16% da cobertura de água perdida nos últimos 35 anos”, informa Sônia Bridi, repórter especial do Fantástico. Em conversa com Renata Lo Prete, ela conta o que viu em suas viagens pelo país: um Pantanal 60% mais seco, um rio Paraguai que se pode cruzar a pé, ribeirinhos sem peixes para pescar e agricultores com a colheita reduzida. “São dramas humanos e da natureza, cujos reflexos se espalham até muito longe dali”. Além do Brasil, África, Austrália e China convivem com a ameaça de estiagens mais longas -ou até crônicas- conforme sobe a temperatura do planeta. Participa também do episódio Gilberto Câmara, ex-diretor do Inpe e integrante do conselho consultivo do último relatório da ONU para a redução de riscos e desastres. Ele explica os modelos científicos que embasam as recomendações das Nações Unidas. “A palavra-chave é adaptação”, diz. “Nosso planejamento precisa contemplar ações de adaptação às crises”.
9/3/202124 minutes, 8 seconds
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A hora e a vez do gabinete de 02

Com a autorização da Justiça para quebra dos sigilos fiscal e bancário de Carlos Bolsonaro, o Ministério Público do Rio de Janeiro terá instrumentos para apurar se, além dos indícios de manutenção de fantasmas, o mandato do vereador envolveu outra prática associada a seu irmão mais velho, o senador Flavio, quando deputado estadual: o recolhimento de parte do salário dos funcionários, mais conhecido como rachadinha. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Juliana Castro, da plataforma Jota, que dois anos atrás participou, como repórter de O Globo, da investigação jornalística que deu origem à ação do MP. Ela descreve a teia de familiares, agregados e conhecidos do clã presidencial espalhada pelos diferentes gabinetes dos Bolsonaro - inclusive o de Jair na Câmara. E explica o papel de destaque desempenhado por Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente e chefe de gabinete de Carlos de 2001 a 2008. Participa também do episódio Octávio Guedes, colunista do G1 e comentarista da GloboNews, que lança a seguinte pergunta: “Quem ensinou Flávio e Carlos a fazer rachadinha?" Ele analisa o que há de semelhante no modus operandi dos gabinetes da família e, ao mesmo tempo, por que Carlos é "tormenta maior no planeta Bolsonaro": mais próximo do pai que qualquer um dos irmãos, ele está sob ameaça também no inquérito das fake news.
9/2/202124 minutes, 58 seconds
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O terror dos grandes assaltos no interior

Foram pelo menos dez a agências bancárias do país em menos de dois anos, todos com cidades de médio ou pequeno porte como alvo. E características semelhantes: grupo numeroso de executores, armamentos e explosivos de tecnologia avançada, ação espetaculosa e quase sempre conduzida na madrugada. Neste episódio, a antropóloga Jânia Perla, do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará, resgata o histórico que desembocou nessa modalidade de crime. Ela explica por que “novo cangaço”, termo usado por alguns policiais e analistas, é “nomenclatura imprecisa", que dá caráter rudimentar a algo de planejamento sofisticado e alto potencial de dano. Participa também o jornalista Rafael Honorato, repórter da TV Tem, filiada da Globo no interior de São Paulo. Ele relata o que testemunhou em Araçatuba na madrugada do assalto mais recente. Descreve veículos incendiados e moradores em pânico ao acordar com o barulho dos disparos. “Virou uma cidade deserta, como eu nunca tinha visto”.
9/1/202124 minutes, 26 seconds
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PIB impaciente com Bolsonaro, mas nem tanto

Num quadro de deterioração das expectativas econômicas e seguidas ameaças do presidente da República à ordem democrática, centenas de representantes dos setores financeiro e produtivo costuraram um manifesto que passa ao largo de qualquer crítica direta, apenas pedindo entendimento entre os Três Poderes em nome da recuperação da atividade. Foi o bastante para que Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal ameaçassem pular fora da Febraban, uma das signatárias. E a publicação do texto acabou adiada (apenas o agronegócio lançou sua carta aberta). Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista Thomas Traumann sobre o que extrair de significado desse vaivém e da repercussão que o documento alcançou antes mesmo de vir à luz. À diferença de iniciativas anteriores, esta não é de pessoas físicas. “Reverbera muito mais”, diz ele. Autor de livro sobre a trajetória de 14 ministros da Fazenda, Thomas analisa a coincidência de o manifesto entrar em pauta no momento em que aparecem, na avenida Faria Lima, cartazes nos quais a imagem de Paulo Guedes vem acompanhada da expressão “faria loser”. Mesmo perdendo todas, ele "vai ficando", até porque os candidatos a substituí-lo vão desaparecendo. “A sensação é de um governo que já se exauriu em suas pretensões". No vácuo, ganha protagonismo o presidente da Câmara, que negociou pessoalmente o adiamento. “Em nenhum outro governo Arthur Lira teria tanto poder".
8/31/202122 minutes
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Os indígenas acampados em Brasília

Em sua maior mobilização em pelo menos 3 décadas, mais de 6 mil representantes de dezenas de etnias marcam presença, há uma semana, nas proximidades do Supremo Tribunal Federal. O motivo é um julgamento, que a Corte deve retomar nesta quarta, cujo desfecho ameaça limitar o que há de mais essencial para esses povos: o direito originário à terra. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe duas convidadas: Samara Pataxó, coordenadora jurídica da Articulação dos Povos Indígenas, e Isadora Peron, repórter do jornal Valor Econômico. Samara, entrevistada num intervalo dos trabalhos na manifestação, explica como a tese do “marco temporal” contradiz o texto da Constituição, ao restringir o direito a quem puder comprovar que já estava no território em 1988. A Carta “reconhece claramente que a relação com a terra é ancestral” -- o que, lembra Samara, “não tem relação com critérios temporais”. Ela puxa o fio dessa história, que começa em outro julgamento (do caso da reserva Raposa Serra do Sol, em 2009), passa por decisão tomada na gestão Temer e vem dar na ostensiva política contrária aos indígenas do governo Bolsonaro. A conversa com Isadora esclarece os interesses em jogo no atual julgamento, que trata de disputa envolvendo os Xokleng, de Santa Catarina. Em especial, o interesse do agronegócio pela limitação do direito originário. A repórter adianta a possibilidade de um dos ministros pedir vista, para ganhar tempo. E também a de uma “solução intermediária”, a partir de costura interna no tribunal.
8/30/202123 minutes, 41 seconds
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Crise hídrica: o que Paulo Guedes não vê

Depois de meses de inação, o governo ensaia as primeiras medidas para reduzir o consumo de energia, enquanto o Operador Nacional do Sistema Elétrico alerta: já a partir de outubro, não será possível garantir que as usinas supram a demanda do país. Ainda assim, o ministro da Economia pergunta “qual é o problema” de termos tarifas mais caras “se choveu menos”. A ex-diretora da Aneel Joisa Dutra, atualmente na FGV, explica: os reajustes da conta de luz, um dos vilões da escalada inflacionária, têm o poder de se disseminar por uma série de preços de produtos e serviços. Fora o impacto negativo de um eventual racionamento - que até aqui o governo descarta - sobre o crescimento do PIB, como aconteceu em 2001. Participa também do episódio Manoel Ventura, repórter do jornal O Globo. É ele quem mapeia o status dos reservatórios diante da maior seca em quase um século, detalhando o plano oficial de usar o sistema do Nordeste para socorrer o Sudeste, onde a situação é pior. Manoel comenta ainda o bem-vindo avanço na produção de energia eólica e solar.
8/27/202122 minutes, 36 seconds
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Destruição ambiental: o olhar do fotógrafo andarilho

Em meio século de viagens pelo país, Araquém Alcântara testemunhou como poucos as mudanças sofridas por nossos principais biomas. Tempo suficiente para se indignar com “a incapacidade dos brasileiros de entender a importância de seu maior patrimônio”. Neste episódio, que celebra o aniversário de 2 anos de O Assunto, Araquém conta a Renata Lo Prete algumas das histórias que ouviu e, principalmente, das cenas que registrou em fotos premiadas aqui e no exterior. Em uma dessas passagens, relata seu encontro com uma onça-pintada, em setembro de 2020, no Pantanal destruído pelas chamas. “Nunca tinha visto um fogo tão avassalador”, relembra. E ali teve “uma epifania”, diante “daquele animal belo como uma esfinge, me olhando com uma expressão que dizia ‘vai dar certo’.” Araquém fala ainda da Amazônia, cuja paisagem, em anos recentes, foi transformada pelo “crescimento vertiginoso do garimpo ilegal”. E alerta para a urgência de tratar da questão ambiental como “do pão que comemos”.
8/26/202125 minutes
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Senado parceiro da recondução de Aras

Da sabatina amistosa na Comissão de Constituição e Justiça ao folgado placar no plenário, nada fez lembrar a turbulência política dos últimos dias e os questionamentos que pesam sobre o procurador-geral da República. Diante da CCJ, Augusto Aras cantou a música que todos ali queriam ouvir, analisa Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, comentarista da Rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura. A saber: contra a “criminalização da política” e os excessos da extinta força-tarefa da Lava Jato. Em conversas prévias, “ele convenceu senadores a descasar a recondução dele da indicação de André Mendonça ao Supremo”, explica Vera na conversa com Renata Lo Prete. No caso de Mendonça, prevê a jornalista, o Senado tende a optar pelo "banho-maria", pelo menos até ver até onde vai a escalada golpista de Jair Bolsonaro. Com mais dois anos à frente da PGR, caberá a Aras receber o relatório final da CPI da Covid -o que abre a perspectiva de alguma redução de danos para o presidente da República.
8/25/202122 minutes, 41 seconds
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Otimismo do mercado: tinha, mas acabou

Faz tempo que o discurso animado do ministro Paulo Guedes tem pouca aderência com a realidade da maioria dos brasileiros. A novidade é a deterioração das expectativas de quem, até aqui, vinha endossando as opções do governo Bolsonaro na economia. Ibovespa negativo no acumulado do ano, real se desvalorizando muito além de outras moedas, juro futuro empinando na contramão do mundo: é a “reprecificação do risco Brasil”, explica neste episódio Mário Torós, ex-diretor de Política Econômica do Banco Central e sócio-fundador da Ibiúna Investimentos. Na origem do fenômeno está, segundo ele, o desmantelamento do edifício fiscal que começou a ser construído no governo Temer. “O que a gente vê são notícias constantes de busca de novos gastos e despesas", diz ele, referindo-se à primazia do projeto reeleitoral do presidente da República sobre o teto de gastos. E a constante pregação golpista de Bolsonaro também tem seu peso: “Essa direção é equivocada. Economias prósperas são democracias modernas".
8/24/202122 minutes, 56 seconds
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Crianças com deficiência e a inclusão nas escolas

Noadias Novaes é professora no sertão do Ceará. Desde o início da pandemia ela vai de bicicleta dar aulas a crianças com deficiência — e com escolas fechadas, passou a agregar alunos sem deficiência, a pedido das famílias. "Todos ganham, principalmente com a descoberta de valores que não se aprendem nos livros: respeito, diversidade, empatia", diz Noadias em conversa com Natuza Nery neste episódio. A professora relata como é seu dia a dia ao ensinar crianças de várias idades e níveis diferentes de conhecimento. "O ambiente escolar é uma extensão da sociedade – e por isso não pode ser excludente", resume. Noadias relata como a inclusão de crianças com deficiência em salas "comuns" ajuda no aprendizado de todos, ao contrário do que declarou o ministro da Educação Milton Ribeiro no fim da semana passada. "Um aluno com deficiência não atrapalha. Ele só nos ensina", afirma. Neste episódio participa também Rodrigo Hübner Mendes, fundador e diretor do Instituto Rodrigo Mendes, que pesquisa técnicas de ensino para pessoas com deficiência. Rodrigo relembra a revolução pela qual o país passou nas últimas duas décadas em relação à inclusão. "É um direito da criança estar em convívio em uma escola comum", diz. Sobre a fala do ministro – que declarou que 12% das crianças com deficiência tornam "impossível a convivência" em sala de aula - Rodrigo é claro: "estudo esse assunto há 25 anos, não sei de onde ele tirou esse número". Para ele, o apoio ao professor é um dos pilares da inclusão. Rodrigo reforça ainda como a educação "melhora para todos" quando escolas matriculam alunos com deficiência. "Poder ter perfis variados é muito valioso. Isso estimula habilidades e competências valiosas para o mundo contemporâneo", conclui.
8/23/202131 minutes, 8 seconds
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Idosos, a Covid e a 3ª dose

Antes da vacinação engrenar no Brasil, o grupo que mais registrava casos graves e internações por Covid eram os maiores de 60 anos. Eles, junto com os profissionais de saúde, foram os primeiros a receberem o ciclo completo de imunização. Agora, meses depois da aplicação das doses, o número de pessoas internadas com 80 ou mais atingiu o maior patamar desde o início da pandemia, afirma a Fiocruz. “A vacina não zera o risco. Ela diminui, e muito, mas não zera”, reforça o pesquisador Marcelo Gomes, integrante dos Métodos Analíticos em Vigilância Epidemiológica da Fiocruz e coordenador do Boletim Infogripe. Em entrevista a Natuza Nery, Marcelo explica a alta das internações das pessoas acima de 60 anos em cidades como Rio e São Paulo e defende a aplicação da terceira dose neste grupo. “Não sabemos se de fato vai melhorar, mas não oferece riscos. Neste cenário, acho importante antecipar”, opina. Também neste episódio, o infectologista Bruno Scarpellini conta o que vê no dia a dia da UTI de Covid do Hospital Samaritano Vitória, na capital fluminense.
8/20/202119 minutes, 13 seconds
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O Brasil com fome de novo

Depois de sair do mapa da fome da ONU, em 2013, estamos de volta ao mesmo patamar de insegurança alimentar do início dos anos 2000: quase 10% dos brasileiros não têm o que comer. “É a história se repetindo como farsa e como tragédia”, sentencia Marcelo Canellas, repórter do Fantástico, em entrevista a Natuza Nery. Em 2001, Canellas rodou o país para uma série de reportagens sobre a fome no Brasil e, agora, 20 anos depois, enfrenta novamente o desafio de contar as mesmas histórias. “Vejo um país concentrador de renda, concentrador de terra e um lugar no qual os ricos devem aos pobres o financiamento da educação pública”. Participa também deste episódio o economista Walter Belik, diretor-geral adjunto do Instituto Fome Zero e professor titular aposentado da Unicamp. Ele explica como os índices de segurança alimentar já vinham caindo desde antes da pandemia - resultado do desmonte de políticas públicas que tornaram o Brasil exemplo para o mundo. Belik fala ainda do paradoxo brasileiro (que produz cada vez mais comida enquanto o número de famintos cresce) e dá a receita para o governo tirar o país da atual “situação de urgência da fome”.
8/19/202132 minutes, 57 seconds
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Haiti: um país desolado

Em 2010 um terremoto deixou mais de 200 mil mortos na ilha – e desde então o país nunca se recuperou. Agora, outro tremor e um ciclone fizeram mais vítimas no Haiti, que vivia uma crise política depois do assassinato do presidente. "Minha família está desesperada", relata Franceline Loregeant, haitiana que vive no Brasil desde 2014. Franceline conta os momentos de apreensão ao tentar localizar o irmão no último fim de semana – ele perdeu o celular depois do terremoto e ficou incomunicável. "A casa onde ele trabalha, destruiu tudo", diz. Ela narra a situação da família e diz que "não há abrigo", ao contar que a casa da mãe está cheia de água. Neste episódio, Natuza Nery conversa também com a repórter da TV Globo Lilia Teles, que participou da cobertura do terremoto em 2010 e voltou à ilha várias outras vezes. Lilia explica como o país, o qual "o mundo virou as costas" e vive "afundado em corrupção", nunca conseguiu se reconstruir. E relembra como ajudou a salvar uma mulher grávida dos escombros em 2010. "Nunca mais me esqueci daquilo. Sou uma Lilia antes e outra depois do Haiti".
8/18/202122 minutes, 25 seconds
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Afeganistão na mão do Talibã

"As meninas estão com muito medo", relata a jornalista Adriana Carranca sobre a situação de mulheres afegãs em pânico depois da tomada de poder pelo grupo extremista. Adriana é uma das convidadas de Natuza Nery neste episódio - autora do livro "O Afeganistão depois do Talibã", ela viajou ao país quatro vezes e diz que a sensação ao chegar lá é de "voltar 2 mil anos" no tempo. Segundo Adriana, em sua última visita (2014) já era possível notar como o grupo estava perto de Cabul. A jornalista narra como afegãos estão "sitiados em casa" e relembra como os extremistas adotaram a tática de "saída estratégica" durante a invasão norte-americana 20 anos atrás. É Adriana quem explica as origens do grupo – cujo nome significa "estudante". "Os talibãs eram jovens e crianças que foram treinados para devolver a paz ao Afeganistão na guerra contra os soviéticos". Participa também Daniel Wiedemann, coordenador da redação da TV Globo em Nova York. Ele pontua como a retomada de poder por parte dos talibãs já era esperada: "a grande surpresa é a velocidade dessa tomada", diz. Daniel fala que esta não é apenas uma derrota de Joe Biden, mas sim "de quatro presidentes americanos, na mais longa guerra da história dos EUA", que começou com os ataques às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Para ele, agora Biden terá que lidar com o risco de o Afeganistão se tornar um "paraíso para terroristas".
8/17/202133 minutes, 42 seconds
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As coligações e a reforma eleitoral

Há 4 anos deputados baniram as coligações nas eleições proporcionais. A medida valeu em 2020, quando foram eleitos vereadores, mas seu grande teste está previsto para 2022 – quando os cargos proporcionais em disputa serão os de deputado estadual e federal. Mas agora a Câmara tenta voltar com esse mecanismo, em um movimento que beneficia partidos nanicos e de aluguel. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Bruno Carazza, colunista do jornal Valor Econômico e autor do livro “Dinheiro, eleições e poder”. Carazza explica como o fim das coligações deixaria o sistema “mais claro” para eleitores e como ainda diminuiria o incentivo a partidos que “vivem da venda de apoio” ao governo. Ele analisa como o Brasil vive um “sistema disfuncional”, com dezenas de partidos, o que acarreta “dificuldade de negociar”, com negociações custosas – tanto do ponto de vista financeiro quanto político. E conclui como todos os movimentos recentes de reforma eleitoral vão na mesma direção: tornar a política mais excludente.
8/16/202125 minutes, 59 seconds
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O tumulto de Ricardo Barros na CPI

Líder do governo na Câmara, o deputado passou a ser personagem central no caso Covaxin ainda em junho. Ele foi citado pelos irmãos Miranda nas suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana. E nesta quinta-feira se sentou à frente de senadores: "a estratégia de defesa acabou sendo o ataque", diz Bernardo Mello Franco em conversa com Natuza Nery neste episódio. Bernardo analisa como o deputado "não se intimidou" e manteve firme o "pacto de proteção mútua" com o presidente. "Bolsonaro blinda Barros. E Barros não diz nada que comprometa o presidente", define. Bernardo explica ainda como a CPI pode se beneficiar de uma futura sessão com Barros, desta vez tendo o líder do governo no papel de convocado – o que o obriga a dizer a verdade. A expectativa, segundo ele, é que até lá a comissão tenha em mãos dados da quebra de sigilo do deputado. O que nesta quinta-feira foi uma "guerra de versões" se tornaria "confrontação de documentos", conclui.
8/13/202121 minutes, 9 seconds
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Urna eletrônica e o teste de integridade

A Câmara rejeitou e arquivou a discussão sobre o voto impresso – eram precisos 308 votos, mas a proposta teve apoio de 229 deputados. Mesmo após a derrota, o presidente Bolsonaro insistiu na ideia de que as eleições de 2022 não serão confiáveis, questionando o sistema da urna eletrônica. Agora, ministros do TSE, do STF e líderes do Congresso procuram convergir para uma solução que não mude em nada o modelo eleitoral, mas que responda à onda de desconfiança. Neste episódio Natuza Nery, conversa com Julia Duailibi, colunista do G1 e jornalista da GloboNews. Julia conta como está sendo costurada nos bastidores uma proposta para aumentar a amostragem do teste de integridade da urna eletrônica, medida que seria acompanhada de comissões de fiscalização maiores e mais prazo para a análise do código fonte. “É uma resposta para dar atenção às queixas", explica Julia. A medida "só aumenta a transparência e mostra o quão seguro é”, afirma. Mas não deve ser suficiente. “Para Bolsonaro, tanto faz. A discussão serve a seus propósitos políticos”. Participa também Vitor Marchetti, cientista político e professor de políticas públicas da UFABC. Ele explica como é realizado o teste de confiabilidade das urnas e detalha o processo de auditoria dos votos.
8/12/202126 minutes, 41 seconds
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Bolsonaro e as Forças Armadas

"Fraqueza travestida de força." É assim que Raul Jungmann, ex-deputado e ex-ministro da Defesa, classifica o desfile militar de terça-feira em Brasília. Convidado de Natuza Nery neste episódio, Jungmann detalha como Jair Bolsonaro "busca criar a ilusão de ter as Forças Armadas ao seu lado". Para ele, o presidente faz uso "inadequado e equivocado" das forças militares e tenta provocar tumulto ao constranger o Congresso. O desfile patrocinado pelo presidente aconteceu hora antes de a Câmara votar a PEC do voto impresso – proposta que foi rejeitada e arquivada, em uma derrota para o presidente. Jungmann narra ainda o movimento, dentro do Planalto, de tentar desmobilizar o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Oliveira. Ele chama atenção para a hipótese de Bolsonaro incitar distúrbios caso seja derrotado nas urnas em 2022. "Estaremos diante de um impasse constitucional", conclui.
8/11/202130 minutes, 39 seconds
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Brasil: peça-chave contra mudanças climáticas

A conclusão do relatório da ONU sobre o clima não é nada animadora: até metade do século a temperatura do planeta irá aumentar, independentemente das medidas adotadas por países. E as consequências já não são mais para o futuro, mas, sim, para o presente – entre elas, derretimento recorde de geleiras, secas prolongadas e enchentes. “O Brasil tem que se preocupar com os impactos disso, que estarão bem distribuídos em todo o território nacional”, diz Mercedes Bustamante, professora do Departamento de Ecologia da UnB, que atua no Painel Intergovernamental de sobre Mudanças Climáticas, o IPCC. Em entrevista a Natuza Nery, Mercedes alerta sobre o risco de vermos triplicar os efeitos de eventos climáticos extremos a cada 0,5 °C a mais na atmosfera terrestre. Fala também das consequências diretas ao país, aumentando a vulnerabilidade social e comprometendo o crescimento econômico, sobretudo ao limitar a capacidade do agronegócio. “Precisamos retomar a econômica com os olhos para o século 21, não mirando o retrovisor”. Responsável por 4% a 5% das emissões globais de gases de efeito estufa, o Brasil está na “contramão do mundo”, explica Raoni Rajão, professor da UFMG e coordenador do Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais. A lista de razões é ampla: investimento em energia baseada em combustíveis fósseis, agronegócio mais poluente e, principalmente, a crescente destruição das florestas. “Plantar árvore é a melhor tecnologia para ajudar o planeta”, conclui.
8/10/202125 minutes, 18 seconds
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A vida depois da medalha

O Brasil sai de Tóquio com um número recorde de pódios: 7 ouros, 6 pratas e 8 bronzes. Um resultado para comemorar, mas qual a perspectiva para o futuro? Os investimentos que marcaram o ciclo da Rio-2016 arrefeceram para esta edição. E a perspectiva é ainda pior para Paris-2024. A extinção do Ministério do Esporte, em 2019, ainda não fez "grande estrago”, avalia Ana Moser, ex-jogadora de vôlei e atual diretora da ONG Atletas pelo Brasil. A medalhista que trouxe o então bronze inédito em Atlanta-1996 fala sobre a perda de talentos brasileiros e a necessidade de ampliar a base de acesso ao esporte para crianças e adolescentes. “Não dá pra construir uma nação esportiva pensando apenas na ponta. Enquanto não melhorar a base, não teremos resultado”, conclui. Também em entrevista a Natuza Nery, Katia Rubio, jornalista, psicóloga e autora de livros sobre atletas olímpicos brasileiros, analisa o desempenho do Time Brasil no Japão, a alta na politização dos atletas e fala sobre a perspectiva para o futuro: “Se nada mudar, este resultado é insustentável”, diz.
8/9/202123 minutes, 2 seconds
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A delta vai adiar o fim da pandemia?

Uma onda de otimismo tomou países com altas taxas de vacinação. Alguns chegaram a realizar o “dia da liberdade”, com o fim de restrições e uso de máscara em ambientes fechados. Mas a situação mudou com o aumento expressivo no número de novos casos de Covid nas últimas semanas - resultado da alta transmissibilidade de variante delta. Neste episódio, Natuza Nery ouve dois infectologistas: Esper Kallás e Marcelo Otsuka. Coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, Otsuka explica por que, diante desta variante que é tão infecciosa quanto a catapora, será preciso ampliar ainda mais a vacinação em massa. Para Kallás, infectologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, há dois sinais amarelos para a continuidade do atual modelo de cobertura vacinal. A primeira é a “desigualdade intensa” na distribuição global de doses – 75% estão apenas em mãos de dez países. E a segunda é a necessidade de produzir uma segunda, e mais eficiente, forma de imunidade, com foco na mucosa do sistema respiratório.
8/6/202122 minutes, 58 seconds
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Assédio sexual: a pressão contra o governador de NY

Andrew Cuomo viu sua popularidade ir às alturas por causa das ações de combate à pandemia, até que ainda no fim de 2020 surgiu contra ele a primeira denúncia de assédio sexual. Agora, o democrata é pressionado para renunciar, depois de um relatório mostrar evidências de que ele assediou 11 mulheres. Neste episódio, Natuza Nery conversa com duas convidadas: Candice Carvalho, jornalista da Globo em NY, e Marina Ganzarolli, advogada responsável pelo movimento 'Me too Brasil' e fundadora da rede feminista de juristas. Marina define como o consentimento é que determina se há assédio ou não. Ela analisa como muitos assediadores "usam o poder para intimidar" as vítimas e como, a exemplo de Andrew Cuomo, têm redes de proteção e círculos de contatos que dificultam as denúncias. "Existe um pacto de silêncio e de silenciamento das vítimas", diz. Candice relata as evidências contra Cuomo e como a popularidade dele ruiu. Ela fala ainda sobre os próximos passos da investigação, do processo de impeachment contra o democrata e como, sem apoio político e popular, a situação dele fica cada vez mais insustentável.
8/5/202126 minutes, 47 seconds
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Bolsonaro enquadrado pelo TSE

Às vésperas da eleição que lhe daria a Presidência, Bolsonaro já questionava o sistema eleitoral - o mesmo que o elegeu deputado federal sete vezes. Como presidente, seguiu a ofensiva, sobretudo contra a urna eletrônica. “Nunca houve uma prática tão serial de ataques às instituições”, diz Conrado Hubner Mendes, professor de Direito Constitucional da USP e doutor em Ciência Política. Em conversa com Natuza Nery, Conrado analisa a atuação “omissa” do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, como peça chave para a estratégia bolsonarista de manter seu eleitorado coeso. “Ele já cruzou todas as linhas possíveis. Bolsonaro está em um jogo de tudo ou nada e qualquer concessão o prejudicará em 2022”. A crise institucional chegou ao ápice na live presidencial da última quinta-feira, quando Bolsonaro reforçou o discurso de fraude eleitoral e, novamente, ameaçou não haver eleições sem voto impresso. Contudo, pela primeira vez, houve reação para além das notas de repúdio: o TSE aprovou, por unanimidade, a abertura de inquérito contra o presidente.
8/4/202129 minutes, 38 seconds
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Mãe solo: a realidade no Brasil

A trajetória da ginasta Rebeca Andrade, que fez história em Tóquio, expôs a realidade de 11,5 milhões de mulheres brasileiras. Como Dona Rosa, responsável por Rebeca, são elas que provêm tudo aos filhos, sozinhas. E mais da metade delas está abaixo da linha da pobreza. Neste episódio, Natuza Nery recebe duas convidadas: a demógrafa Suzana Cavenaghi e a socióloga Hayeska Costa. Suzana, que integra a comissão consultiva do Censo, retrata que essas mulheres "estão espalhadas por todo o país". Suzana aponta ainda como, apesar de as mulheres terem avançado no mercado de trabalho, a responsabilidade em torno dos filhos "continua sobre os ombros" das mães. Já Hayeska detalha como "ser mãe solo não tem a ver com o estado civil", mas sim com a relação de sobrecarga financeira e psicológica em torno dessas mulheres. "Elas são as principais cuidadoras da sociedade", conclui, ao constatar também como elas foram as principais afetadas pela pandemia.
8/3/202128 minutes, 51 seconds
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Fogo na Cinemateca: memória destruída

“Todo mundo sabia que ia acontecer. E aconteceu", diz o diretor Cacá Diegues sobre a crônica de negligência e asfixia de recursos que culminou no incêndio do galpão na Vila Leopoldina, em São Paulo. Os documentos armazenados ali, cerca de um milhão, não dizem respeito apenas ao trabalho de artistas de renome, lembra Cacá, integrante da Academia Brasileira de Letras. São décadas e décadas de produção audiovisual, muitas vezes de anônimos, a contar a história do país. O descaso vem de longe, mas o desejo de extermínio é recente, diferencia Cacá: “Não é que o atual governo não se interesse pelo cinema. Ele é contra o cinema, contra a cultura”. No fundo, “o governo brasileiro não quer que o Brasil exista”. Na conversa com Renata Lo Prete, o diretor reflete sobre o significado retrospectivo de seu “Bye Bye Brasil”. O filme, que no ano 1 da pandemia completou quatro décadas, aborda temas para lá de atuais, como destruição ambiental e aniquilação de povos indígenas. A despeito das dificuldades, Cacá continua a criar. E acredita que ninguém conseguirá matar o cinema brasileiro. Sem ele, “você corta a possibilidade de o país se organizar e ser alguma coisa".
8/2/202127 minutes, 44 seconds
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Endividamento recorde do brasileiro

Em abril, o comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas atingiu inéditos 58,5%. Em muitos casos, elas foram contraídas não para a aquisição de bens, mas simplesmente para dar conta de despesas básicas. Um drama alimentado por fatores como o avanço da inflação e o elevado desemprego, explica Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele analisa o papel do auxílio emergencial (primeiro suspenso e depois reduzido pelo governo) nesse quadro. Fala ainda do complicador representado pelo fato de que o país teve duas retrações em curto período (a de 2015-2016 e a do ano passado). E prevê dificuldade extra para a superação do endividamento, por causa da trajetória de alta dos juros. Participa também Myrian Lund, professora de Finanças da FGV. É ela quem dá dicas para quem se encontra numa bola de neve. “Sempre tem solução", que, segundo ela, passa por “estruturar a situação e só daí renegociar" com o banco. Ela sugere ainda planejar receitas e despesas a longo prazo e evitar o crédito consignado. "Por ter taxa mais baixa, você pega mais. Quando vê, está com a vida comprometida".
7/30/202122 minutes, 54 seconds
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Simone Biles: saúde mental primeiro

A maior ginasta de todos os tempos chegou a Tóquio sob pressão para ampliar seus feitos. Ao decidir ficar fora de pelo menos duas competições para cuidar de si e recuperar a autoconfiança, ela abriu uma discussão planetária que não se restringe ao esporte. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe dois convidados: Marcos Uchoa e Vera Iaconelli. Repórter da Globo que cobre Olimpíadas há mais de três décadas, ele começa por explicar o fenômeno Biles: "o que ela faz, ninguém mais é capaz de fazer". Ele descreve o estresse a que são submetidos desde muito cedo os atletas de alta performance, especialmente na ginástica. “Há uma deformação da infância e da adolescência", diz. Vera, doutora em psicologia pela USP e diretora do Instituto Gerar de Psicanálise, analisa o caso Biles sob o aspecto da “relação com os nossos desejos". Ela questiona a caracterização do gesto da campeã como “um problema”, e pondera: “Saúde mental é poder dizer não a certas coisas que não são aceitáveis. E não tentar loucamente se adaptar a elas".
7/29/202131 minutes, 50 seconds
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Brasil, potência no surfe e no skate

Italo Ferreira, Rayssa Leal, Kelvin Hoefler: três medalhistas na estreia dessas duas modalidades em Olimpíadas. Não é exagero comparar seus feitos “aos de nomes como Messi e Neymar”, diz o jornalista Paulo Lima. E tampouco se trata apenas de um “bom momento” dos esportes de prancha no país, mas sim de uma construção de décadas, que envolveu talento e esforço de muita gente. Para entender essa trajetória, Renata Lo Prete conversa com o criador da revista Trip e da editora de mesmo nome. “O prazer de deslizar, assim como o de voar, é atávico”, lembra Paulo, ao resgatar a origem do encantamento. O skate nasceu do surfe, e desde então eles se retroalimentam. Nas manobras mais ousadas de atletas como Italo Ferreira e Gabriel Medina, Paulo identifica movimentos originalmente vistos nas rampas e nas pistas. Ele descreve as origens e analisa os fatores que ajudaram a disseminar surfe e skate para além do eixo Rio-São Paulo. Especialmente no caso do surfe, segundo ele, não tem pra mais ninguém: “Hoje o Brasil lidera no mundo, em todas as frentes".
7/28/202128 minutes
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A pandemia dos não-vacinados

Depois de um 2020 trágico, os Estados Unidos entraram em rota de superação do coronavírus graças, sobretudo, ao maior estoque de doses de vacina do planeta. Assim imunizaram quase metade da população, mas a partir daí a campanha começou a ratear, e a variante delta, a ganhar terreno. Hoje, casos, hospitalizações e óbitos estão de novo em alta no país. E governadores e prefeitos de diversas localidades se inclinam por duas medidas que prometem gerar resistências: restabelecer o uso obrigatório de máscaras e exigir imunização de servidores públicos. Neste episódio, o correspondente da Globo Tiago Eltz descreve a disparidade de cobertura vacinal entre os Estados americanos e o papel do movimento antivacina na construção dessa realidade ameaçadora. Participa também a epidemiologista Fátima Marinho, da organização Vital Strategies. Ela resgata as origens do movimento, apontando onde mais ele é forte no mundo. E, para mostrar o contraste, analisa dois casos de imunização homogênea e com bons resultados na América do Sul: Chile e Uruguai.
7/27/202125 minutes, 24 seconds
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Militares de novo no poder: as origens

Primeiro, eles saíram dos quartéis para o front internacional em missões de grande visibilidade, notadamente a do Haiti. Depois, foram chamados a atuar em segurança pública interna, numa escalada de operações que culminou com a intervenção de 2018 no Rio de Janeiro. Logo depois da eleição de Jair Bolsonaro, o então comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas, qualificou como “volta à normalidade” a atuação de quadros das Forças Armadas em áreas de natureza civil da administração federal -hoje em patamar sem precedentes. “Este é um governo de militares", observa Natalia Viana, diretora-executiva da Agência Pública e autora do recém-lançado “Dano Colateral”. No momento em que eles disputam terreno com políticos do Centrão - e recebem a conta do desempenho desastroso na pandemia-, a jornalista resgata o capítulo inaugural dessa história. Mostra, com apuração minuciosa, a opacidade de informações e a impunidade de atos cometidos, em especial no Rio. E constata que “a democracia já está rota” quando um general (Braga Netto, ministro da Defesa) se sente à vontade para ameaçar ninguém menos do que o presidente da Câmara com a ruptura do calendário eleitoral. “Eles entraram na política e não pretendem se retirar”.
7/26/202124 minutes, 44 seconds
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Espionagem via celular: o caso Pegasus

Mensagens, fotos, e-mails, localização. Todo e qualquer conteúdo do aparelho que se tornou um prolongamento do corpo humano capturado por um software - capaz, ainda, de gravar e transmitir o material. E sem que o usuário desconfie de nada. A revelação, feita por um consórcio de veículos de imprensa, de que países como México, Arábia Saudita e Hungria teriam comprado o produto desenvolvido pela empresa israelense NSO para monitorar alvos comerciais e políticos disparou alarme geral. “Mais do que um software, o Pegasus é uma arma de guerra”, explica o professor Sergio Amadeu, ex-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação. Ao utilizá-lo, "governos, a partir de suas estruturas de inteligência, atuam nas sombras”, num mercado em que “as fronteiras entre legal e ilegal foram borradas". Ele defende um esforço multilateral de regulação e, de imediato, moratória no uso desse tipo de ferramenta. De Nova York, o correspondente da Globo Ismar Madeira faz um relato das reações dos países na berlinda e também dos potenciais atingidos - entre eles ativistas, advogados de direitos humanos, jornalistas e até chefes de governo, como o presidente francês, Emmanuel Macron.
7/23/202122 minutes, 32 seconds
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Com Bolsonaro, Centrão chega ao topo

Acuado por revelações da CPI da Covid e mais de uma centena de pedidos de impeachment, o presidente resolveu promover uma dança de cadeiras que levará o senador Ciro Nogueira (PP-PI) à chefia da Casa Civil. Para esse aglomerado de partidos essencialmente fisiológicos, que apoiaram todos os governos em troca de cargos e manejo de verbas do Orçamento, não se trata de um avanço qualquer. “A Casa Civil está no topo da cadeia alimentar dos ministérios", observa Natuza Nery em conversa com Renata Lo Prete no episódio de número 500 do podcast. Ao entregar tamanha fatia de poder a um dos expoentes do Centrão, Bolsonaro espera, além de chegar até o fim do mandato, pavimentar terreno para a disputa da reeleição. Nesse contexto, explica a colunista do G1 e comentarista da GloboNews, ele tanto pode se filiar ao PP quanto pescar um vice nos quadros da sigla. Renata e Natuza analisam ainda movimentos secundários da sacudida no primeiro escalão. O esperado deslocamento do general da reserva Luís Eduardo Ramos da Casa Civil para a Secretaria Geral da Presidência indica perda de terreno dos militares na disputa com o Centrão. Assim como a recriação da pasta do Trabalho, desmembrada da Economia, para dar abrigo a Onyx Lorenzoni é mais uma etapa do longo processo de desidratação de Paulo Guedes.
7/22/202125 minutes, 31 seconds
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Congresso: Fundão e muito mais

Com Jair Bolsonaro mais dependente de sua base parlamentar a cada revelação da CPI da Covid, deputados e senadores vão cuidando dos próprios interesses, sem maior preocupação com o pensamento ou as demandas da sociedade. Antes de saírem em férias, triplicaram o valor do fundo público que financia eleições, no que bem pode ser um “bode na sala”, explica Paulo Celso Pereira, editor-executivo do jornal O Globo. Diante da péssima repercussão, tudo caminha para um “acordo” que reduziria os quase R$ 6 bi para algo como R$ 4 bi - patamar que mantém as campanhas brasileiras entre as mais caras do mundo. Na conversa com Renata Lo Prete, Paulo Celso fala também de outras movimentações na mesma linha, previstas para a volta do recesso, em agosto. Uma delas pretende reduzir drasticamente a obrigação de prestar contas, criando uma espécie de “salvo-conduto para os gastos do Fundo Partidário" e terceirizando sua análise para auditorias privadas. Para completar, há a proposta de adoção de um regime semipresidencialista, que limitaria os poderes do chefe do Executivo, aumentando ainda mais os do Congresso. Ao abraçá-la, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), “quer esvaziar a pressão em torno dos mais de cem pedidos de impeachment de Bolsonaro". Como lembra Paulo Celso, falta apenas combinar com o eleitor, que já rejeitou o parlamentarismo (do qual o semipresidencialismo é a forma envergonhada) duas vezes em plebiscitos.
7/21/202124 minutes, 42 seconds
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Olimpíadas de Tóquio: a hora chegou

Elas já foram marcadas pela ascensão (e pela contestação) do nazismo. Pela Guerra Fria e pela emergência da China, entre outros movimentos históricos. Desta vez, a ideia era que refletissem diversidade e o esforço de reconstrução do Japão pós-desastre nuclear de Fukushima (2011). Mas o coronavírus atropelou tudo. Os Jogos que se iniciam agora, um ano depois da data original, são essencialmente sobre a pandemia. Com infecções pelo coronavírus em alta e vacinação incipiente, Tóquio nem de longe lembra as sedes anteriores. “Existe uma indiferença grande", relata o correspondente Carlos Gil. Para contenção do contágio, nem público local haverá nos eventos, cujo protocolo sanitário atingirá até as cerimônias de premiação. “Pela primeira vez, é o atleta que vai colocar a medalha no próprio peito", diz Gil. Mas o jornalista pondera: o esforço de se preparar em circunstâncias tão adversas faz dos participantes deste ano tão ou mais merecedores de aplauso do que seus antecessores. Gil ainda destaca quem serão as potenciais estrelas destas Olimpíadas e faz prognósticos sobre a participação brasileira.
7/20/202123 minutes, 26 seconds
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Violência contra a mulher: um alerta

A cada minuto de 2020, o Brasil registrou uma denúncia de agressão dentro de casa. E, a cada dia, mais de 600 vítimas foram à delegacia denunciar - como fez recentemente a mulher do DJ Ivis, depois de divulgar um vídeo com imagens que chocaram o país. Uma realidade agravada por duas circunstâncias da pandemia: mais tempo de exposição ao agressor sob o mesmo teto e menos autonomia financeira. Neste episódio, a repórter da Globo Bruna Vieira compartilha as descobertas que fez ao acompanhar as histórias de algumas dessas mulheres: cerceamento muitas vezes travestido de “amor e cuidado”, desrespeito verbal que evolui para ataques físicos, medo das consequências de relatar à polícia. Mesmo depois da concessão de medida protetiva pela Justiça, uma das entrevistadas por Bruna teve que enfrentar um mês de terror até que o marido saísse de casa. Renata Lo Prete conversa também com a socióloga Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ela destaca a importância de combater a vulnerabilidade socioeconômica das vítimas, como forma de romper o ciclo de violência.
7/19/202125 minutes, 33 seconds
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Amazônia emite mais CO2 do que absorve

O fenômeno, em estágio avançado na região sudeste da floresta, foi detectado em estudo que ganhou destaque na revista científica “Nature”. Resultado de desmatamento e outras formas de degradação, ele compromete a capacidade do bioma para exercer uma de suas funções essenciais no planeta: funcionar como filtro do dióxido de carbono, principal vilão do efeito estufa. Neste episódio, dois convidados enxergam o Brasil “na contramão do mundo”. Um deles é Paulo Artaxo, professor da USP e integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Segundo o físico, trata-se de “um tiro no pé” porque, nessa batida, até o agronegócio terá dificuldades para se sustentar, por escassez de chuvas. Ele discute qual seria o ponto de não-retorno da destruição da Amazônia, e recomenda “não testar esse precipício”. Também entrevistado por Renata Lo Prete, o jornalista Jorge Caldeira analisa o cerco internacional que se fecha. “Se o Brasil não se mexer depressa, será punido”, diz ele, comentando editorial do jornal britânico “Financial Times” que conclama investidores a reduzir suas posições no país. “Vai virar uma espécie de Irã, com embargos por questões ambientais”. Apesar desse diagnóstico, Caldeira enxerga avanços à margem da política oficial, especialmente na área de energia. “Somos o país que mais tem a ganhar com a economia de carbono neutro”, diz o autor do livro “Brasil: Paraíso Restaurável”.
7/16/202125 minutes, 33 seconds
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Vacina: adiantar ou não a 2ª dose?

Com pouco mais de 15% dos brasileiros totalmente imunizados e a variante delta amedrontando o mundo, vários Estados se movimentam para reduzir o espaçamento entre as duas doses dos imunizantes da AstraZeneca e da Pfizer, até aqui aplicadas com 12 semanas de intervalo. A Fiocruz é contra, considerando a resposta imunológica “mais eficaz” no modelo atual. O biólogo e imunologista Gustavo Cabral vê mérito nos argumentos dos dois lados do debate, mas vota com o primeiro. "Precisamos construir anéis e barreiras de dispersão do vírus", diz em entrevista a Renata Lo Prete, o que só será possível, segundo ele, aumentando mais rapidamente o percentual das pessoas que concluíram o esquema vacinal. A epidemiologista Denise Garrett também participa do episódio, para avaliar outra discussão, que cresce em países com campanha de imunização mais avançada: trata-se de saber se vale a pena acrescentar uma terceira dose ao calendário. Ela não vê evidências científicas suficientes de ganho de proteção com tal medida. E considera que seria antiético direcionar esse reforço extra aos países ricos agora, quando ainda há tanta desigualdade vacinal no planeta.
7/15/202127 minutes, 53 seconds
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Os protestos em Cuba

Eles impressionam, antes de tudo, porque são raros no país. Os últimos desse porte haviam acontecido quase três décadas atrás. Voltaram agora por força de uma “tempestade perfeita”, como define o jornalista Marcelo Lins, apresentador do programa GloboNews Internacional. Tempestade na qual se misturam pandemia fora de controle, vacinação lenta e uma economia que encolheu 11% no ano passado - sob o peso da interrupção do turismo e do embargo comercial dos EUA. “O governo não está conseguindo entregar o básico”, diz Lins, de alimentos a remédios. Ainda assim, ele não acredita que as manifestações - com uma morte já registrada - venham a comprometer a sobrevivência do regime de partido único vigente em Cuba desde a revolução castrista. Para avaliar o papel das redes sociais na convocação dos atos, participa do episódio David Nemer, professor do departamento de Estudos de Mídia na Universidade da Virgínia, que desde 2015 pesquisa a expansão da conectividade entre os cubanos.
7/14/202125 minutes, 27 seconds
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Golpe: por que não é tão simples

O presidente atenta sem trégua contra o sistema de votação que lhe deu a vitória em 2018. E agora também militares lançam ameaças de ruptura da ordem democrática. Para Bolsonaro, eleição em 2022 “é só o plano B”, afirma o sociólogo Celso Rocha de Barros, colunista da Folha de S. Paulo. Falta, no entanto, combinar com muita gente. Começando pelo eleitor - segundo o Datafolha, a maioria enxerga corrupção no Ministério da Saúde e rejeita a presença de integrantes das Forças Armadas no governo. A ofensiva do comando contra a CPI não resolve esse problema, lembra Celso. No caso do Congresso, outra ponderação: o poder dos parlamentares “deriva inteiramente das instituições democráticas". “Eles podem brincar de muita coisa, não de ditadura". Na conversa com Renata Lo Prete, Celso diz ainda que Supremo e TSE precisam matar no nascedouro a campanha dos bolsonaristas pela impressão do voto, para não tratar como debate de mérito algo que tem sentido exclusivamente golpista.
7/13/202129 minutes, 16 seconds
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O vale-tudo das “narrativas”

O dicionário diz que se trata da “exposição de uma série de acontecimentos mais ou menos encadeados”. Na política, porém, a palavra se perdeu numa epidemia de usos equivocados, quase sempre voltados ao diversionismo e à tentativa de ocultar verdades inconvenientes. Neste episódio, o apelo incessante à carta da “narrativa”, notadamente pelos bolsonaristas na CPI da Covid, compõe a trilha sonora da conversa de Renata Lo Prete com o jornalista Eugênio Bucci, professor da Universidade de São Paulo e autor do recém-lançado livro “A Superindústria do Imaginário”. Eugênio resgata o sentido original do termo -em diferentes mitologias, na literatura e no jornalismo. Passa por transformações ligadas à lógica dos mercados e chega às fake news, um território onde “a verdade não pesa”. Para ele, abster-se de responder pelos fatos é o "objetivo final dessa discurseira vazia e histérica".
7/12/202120 minutes, 54 seconds
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André Mendonça no Supremo

Falta formalizar a indicação, mas Jair Bolsonaro já afirmou com todas as letras que o advogado-geral da União é seu escolhido para a vaga que se abre com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello. Assim, o presidente cumpre o objetivo, anunciado na largada do governo, de instalar alguém “terrivelmente evangélico” no tribunal. Neste episódio, Bela Megale, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN, explica como Mendonça acabou prevalecendo sobre outros que cobiçavam a cadeira, notadamente o procurador-geral da República, Augusto Aras. E dá o termômetro da receptividade ao AGU no Senado, a quem cabe aprovar ou rejeitar a indicação. Renata Lo Prete entrevista também Felipe Recondo, sócio-fundador da plataforma Jota e autor de dois livros sobre o STF. O jornalista destaca dois aspectos do perfil de Mendonça. De um lado, a defesa incondicional das vontades de Bolsonaro. De outro, no bastidor, um comportamento apaziguador na relação com os ministros da Corte, o que faz dele um nome internamente mais palatável que o de Aras. Recondo analisa também o timing da indicação, feita num momento de seguidos ataques de Bolsonaro ao Supremo. E avalia que, goste-se ou não, é preciso reconhecer que ele sabe o que quer das opções que fez até aqui nessa área: tanto com Nunes Marques antes como com André Mendonça agora o presidente conseguirá “fazer tocar a sua música” no tribunal.
7/9/202123 minutes, 34 seconds
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Luta de facções no Ministério da Saúde

Antes de sair preso do depoimento à CPI da Covid, o ex-diretor de Logística Roberto Dias voltou suas baterias contra o coronel Elcio Franco, ex-número 2 da pasta, atualmente com cargo no Palácio do Planalto. A manobra é reveladora da disputa interna “entre um grupo estabelecido e um novo”, descreve Carlos Andreazza, colunista do jornal O Globo e apresentador da Rádio CBN. Dias, alçado ao posto por indicação do Centrão, é representante do primeiro. E Franco, o principal executivo do núcleo militar, que se tornou dominante na gestão do general Eduardo Pazuello. “Não tem santo nesse jogo” cujo prêmio é o controle dos contratos do Ministério da Saúde, observa o jornalista. Para que ninguém se perca diante de uma lista de nomes que não para de crescer, Andreazza e Renata Lo Prete examinam personagens como o coronel Blanco, o PM Dominghetti e o reverendo Amilton de Paula, identificando o papel de cada um no balcão de negociatas com vacinas. Andreazza analisa também a situação de Jair Bolsonaro: ainda que o presidente pretendesse arbitrar essa disputa, ele é hoje tão dependente do Centrão quanto dos militares que lotam a administração federal.
7/8/202131 minutes, 44 seconds
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Taxação de dividendos na reforma do IR

É o item mais controverso do projeto de lei apresentado pelo governo para mudar as regras de tributação da renda no país. A ponto de o ministro Paulo Guedes já admitir alterações num texto que mal começou a tramitar no Congresso. Este episódio traz, em entrevistas a Renata Lo Prete, as visões de dois economistas sobre o que está em discussão. Rodrigo Orair, do Ipea, até enxerga pontos a calibrar na proposta, mas considera que ela pega o caminho certo rumo a um sistema com menos distorções e mais parecido com o da maioria dos países. Já Bernard Appy, diretor do Centro e Cidadania Fiscal, avalia que, com medidas diferentes, seria possível atacar os problemas distributivos atuais sem gerar novas distorções. Entre as sugeridas por ele estão aumentar a base de contribuição das empresas, integrar a distribuição de lucros para pessoa física e jurídica e criar uma nova alíquota de IR, mais elevada, para o topo da pirâmide.
7/7/202123 minutes, 17 seconds
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Prevaricação: crime e castigo

Na base do inquérito sobre a malfadada compra da vacina indiana Covaxin está uma prática consumada quando um funcionário público deixa de cumprir os deveres do cargo, por interesse próprio ou má-fé. No caso, o funcionário sob suspeita vem a ser o presidente da República. Neste episódio, Isadora Peron, repórter do jornal Valor Econômico em Brasília, resgata as origens dessa investigação e avalia suas chances de prosperar, à luz do desinteresse da Procuradoria Geral da República em contrariar Jair Bolsonaro. Renata Lo Prete entrevista também Pierpaolo Bottini, professor de Direito Penal da Universidade de São Paulo. É ele quem explica a diferença entre crimes comuns (como prevaricar) e de responsabilidade (descritos, por exemplo, no superpedido de impeachment que acaba de ser apresentado por partidos e entidades). E lembra que, quando se trata do presidente, para processar é necessário haver autorização da Câmara dos Deputados. O criminalista ainda compara prevaricação e peculato (suspeita que paira sobre Bolsonaro diante da nova denúncia de rachadinha em seu gabinete, na época em que foi deputado federal): no segundo caso, a pena é bem maior. Mas, como se trata de evento anterior ao mandato no Planalto, Bolsonaro só responderia por ele depois de deixar o cargo.
7/6/202125 minutes, 6 seconds
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Um retrocesso chamado distritão

A ideia não é nova, mas nunca antes reuniu tanto apoio entre os parlamentares. Trata-se de abandonar, na eleição para deputados e vereadores, o sistema proporcional (vagas distribuídas de acordo com os votos dados aos candidatos e também às legendas). E adotar o majoritário (que considera apenas os nomes mais votados). Em entrevista a Renata Lo Prete, o cientista político Jairo Nicolau, da FGV, explica como esse modelo fragiliza os partidos e diminui a margem para renovação, reservando informalmente o mercado para quem já tem mandato, é mais conhecido ou concorre com abundância de recursos (ou tudo isso junto). Escolhido como “o pior sistema” num ranking especializado, ele “não é usado em nenhuma grande democracia atualmente”, diz Jairo. Participa também do episódio Nilson Klava, repórter da Globo em Brasília, para explicar a proposta de distritão misto, apresentada na tentativa de vencer as resistências ao distritão - e igualmente criticada por Jairo. Nilson aproveita para atualizar o ouvinte sobre o status de matérias correlatas em discussão na Câmara, como a reforma de regras para as eleições de 2022 e a emenda constitucional que pretende instituir a impressão do voto - esta última já descartada por 11 partidos.
7/5/202127 minutes, 42 seconds
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Um escândalo para cada vacina

Um policial militar sem qualquer experiência ou qualificação na área da saúde se apresenta à CPI da Covid como intermediário de uma empresa que ofereceu 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca ao governo Bolsonaro num negócio bilionário, ouvindo em resposta um gordo pedido de propina. Em condições minimamente normais, Luiz Paulo Dominguetti, o depoente desta quinta-feira, “não passaria da portaria do ministério”, observa Vera Magalhães, colunista do jornal O Globo, comentarista da rádio CBN e apresentadora do programa Roda Viva, da TV Cultura. “Mas não só passou como foi a três reuniões”. Mesmo com muito ainda por ser esclarecido, a história de Dominguetti é reveladora do modus operandi do governo Bolsonaro em relação às vacinas. E tem elementos em comum com encrencas ainda maiores, como a que resultou na suspensão do contrato de compra da indiana Covaxin e derrubou o diretor de logística Roberto Dias. “O que se tem é um ambiente propício a esse tipo de personagem e a toda sorte de negociata”, analisa Vera. E em flagrante contraste com o longo período de desinteresse oficial pelas ofertas da Pfizer e do consórcio Covax Facility, bem como de campanha do presidente da República contra a Coronavac. Na conversa com Renata Lo Prete, Vera trata ainda da união estável entre indicados do Centrão e militares no Ministério da Saúde, visível em vários casos agora investigados pela CPI.
7/2/202127 minutes, 21 seconds
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Militares no governo: liberou geral

Enquanto, no Congresso, uma emenda constitucional reguladora da presença de integrantes das Forças Armadas em cargos de natureza civil encontra dificuldades para avançar, o Executivo agiu com rapidez - e no sentido oposto. Já está em vigor um decreto que torna ainda mais difícil disciplinar uma mistura que, na gestão de Jair Bolsonaro, atingiu nível sem precedentes. Justo no momento em que o fracasso na gestão da pandemia mais assombra o presidente. E quando auxiliares como o general Eduardo Pazuello e o coronel Elcio Franco têm dificuldade em se explicar diante dos indícios de corrupção no Ministério da Saúde. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Fernando Rêgo Barros, repórter da Globo em Brasília, para detalhar o que muda com o decreto e entender por que o Congresso até aqui não se animou a aprovar PEC. Participa também do episódio Alcides Vaz, ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa e professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília. Alcides explica por que a crescente presença de militares no governo gera “perda de credibilidade” e “distanciamento da realidade” das Forças Armadas. Ele também alerta sobre o risco deflagrado pela proposta de que civis possam ser julgados Justiça Militar. “É preocupante de assustador, como um ato de exceção. É algo que põe em questão a liberdade de pensamento e expressão”, afirma.
7/1/202123 minutes, 23 seconds
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Ricardo Barros e os negócios da vacina

Pelo líder do governo na Câmara passam várias das histórias sob investigação na CPI da Covid -começando pela que levou à suspensão, nesta terça, do contrato de compra da indiana Covaxin. Expoente do Centrão, ministro da Saúde na gestão Temer e sobrevivente de diversos escândalos, o deputado do PP virou problema de difícil solução para o presidente Jair Bolsonaro, avalia Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e comentarista da rádio CBN. Seja porque sabe demais, seja porque na trama da Covaxin está enredado também o senador Flavio Bolsonaro. Neste episódio Renata Lo Prete conversa ainda com Renan Truffi, repórter do jornal Valor Econômico em Brasília. É ele quem ajuda a encaixar as peças de um quebra-cabeças que não para de crescer: agora o governo já está às voltas com outra acusação, de cobrança de propina em doses do imunizante da AstraZeneca.
6/30/202127 minutes, 21 seconds
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Impeachment no Brasil

Na Câmara, são mais de cem pedidos de abertura de processo contra Jair Bolsonaro - e um novo deve ser apresentado nesta semana. Quantidade, porém, não significa necessariamente viabilidade, explica neste episódio Rafael Mafei, professor da Faculdade de Direito da USP. À diferença dos antecessores Fernando Collor e Dilma Rousseff, o atual presidente veio até aqui blindado por suficiente apoio parlamentar. Mas a suspeita de acobertamento de negócios escusos na compra de vacinas contra a Covid-19 pode comprometer esse escudo protetivo. “Sem o discurso de que não há corrupção no governo, vai ficar difícil se sustentar”, afirma o autor do recém-lançado “Como Remover um Presidente - teoria, história e prática do impeachment no Brasil”. Em entrevista a Renata Lo Prete, Mafei resgata a origem desse instrumento no nosso ordenamento político-jurídico. Analisa, ao lado da caracterização de crime de responsabilidade, o peso de fatores como anemia econômica e erosão de popularidade. E avalia os custos de curto e de longo prazo da permanência de Bolsonaro, um presidente “que tem orgulho de agredir os valores da Constituição”.
6/29/202129 minutes, 3 seconds
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A mobilização indígena contra o PL 490

Povos indígenas estão mobilizados há semanas em Brasília em vários pontos do país contra o projeto que muda as regras para a demarcação das terras indígenas. O PL 490, apresentado em 2007, foi desengavetado pela base governista na Câmara e teve seu texto-base aprovado na CCJ – comissão comandada pela deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF). “Falar da demarcação de terras indígenas é falar de condição de vida e da continuidade existencial dos povos indígenas”, diz a advogada Samara Pataxó, coordenadora jurídica da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Samara é uma das entrevistadas de Natuza Nery neste episódio. Ela explica em que o projeto fere uma cláusula pétrea da Constituição e rebate o argumento de que os povos originários, donos de 13% do território brasileiro, são subdesenvolvidos. “Quem diz isso não conhece as múltiplas vivências indígenas. O que deve ser levado em conta é a forma como nossos povos se relacionam e como funciona nosso desenvolvimento sustentável”. Participa também deste episódio Delis Ortiz, repórter da TV Globo em Brasília. Ela explica os trechos mais polêmicos do texto, como a possibilidade de retomada de áreas não demarcadas pela União, a flexibilização para atividades econômicas dentro de territórios e o marco temporal – tema que está na pauta do STF nesta semana. “É, de novo, uma boiada que está se aproximando para passar”, relata Delis.
6/28/202124 minutes, 36 seconds
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Covaxin, CPI da Covid, e os irmãos Miranda

As suspeitas que pairam em torno das negociações de compra da vacina indiana agitaram a semana da CPI – e do governo. A gestão que esnobou a vacina da Pfizer e passou meses criticando a Coronavac acelerou a contratação de 20 milhões de doses da Covaxin, em uma negociação de R$ 1,6 bilhão. Nesta sexta-feira a Comissão espera o servidor do Ministério da Saúde que disse ter alertado o presidente Jair Bolsonaro sobre irregularidades na compra. Neste episódio, Natuza Nery entrevista Thomas Traumann, jornalista e analista político. Ele explica como os depoimentos de Miranda e do irmão dele, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) podem impactar o governo. "A partir de agora estamos falando de dinheiro público", diz. Traumann avalia ainda o impacto das suspeitas e aponta como a "reação desmedida" do governo escancara o medo do Planalto sobre o caso, que "chega no círculo muito perto do presidente". E conclui como o caso pode impactar a popularidade de Bolsonaro em um momento de piora da pandemia. "O inverno chegou para o governo", avalia.
6/25/202126 minutes, 43 seconds
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A saída de Ricardo Salles

Na mira do STF, o ministro "da boiada", dos recordes de desmatamento, das queimadas e do desmonte dos órgãos de fiscalização pediu demissão no meio da tarde da quarta-feira. Neste episódio, Natuza Nery conversa com Jussara Soares, repórter do jornal O Globo em Brasília. Jussara relembra como Salles se manteve no cargo por 30 meses, mesmo depois sucessivos escândalos - o maior deles, a operação da PF, em maio, da qual foi um dos alvos principais. "Salles ficou porque ele cumpria as demandas de Bolsonaro". Ela explica por que o presidente "nunca quis demitir" o ministro e conta os bastidores da entrega do cargo - e de como o cerco das investigações autorizadas pelo Supremo foram decisivas. Elas analisam também o que a saída do ministro diz sobre a situação atual do governo, que precisa explicar as suspeitas de irregularidade nas negociações da vacina indiana Covaxin.
6/24/202121 minutes, 10 seconds
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O vai e vem no calendário da vacinação

Em um dia, antecipação. No outro, falta de vacinas e suspensão da aplicação. Nesta terça-feira, capitais registraram falta de imunizantes para a 1ª dose contra a Covid. E o Ministério da Saúde, que deveria coordenar a distribuição e garantir as vacinas, é parte da confusão e já revisou várias vezes a previsão de chegada e entrega de doses. Neste episódio, Natuza Nery recebe duas convidadas: Carla Domingues, ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização, e Ana Carolina Moreno, jornalista de dados da TV Globo. "Não estamos em uma maratona, precisamos chegar todos juntos", afirma Carla, ao explicar como a falta de coordenação e de comunicação clara à população prejudicam a campanha. Para ela, calendários diferentes provocam "deslocamentos a outras cidades" e bagunçam o processo de imunização. Ana Carolina explica como as doses são repassadas do Ministério da Saúde para Estados e, depois, para municípios. E como a quantidade de vacinas disponíveis agora coloca em risco a aplicação da 2ª dose a quem precisa recebê-la.
6/23/202127 minutes, 9 seconds
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500 mil mortes, e o Brasil mais triste

Enquanto as vítimas da Covid ultrapassam a trágica marca de meio milhão, outros índices reforçam as inúmeras e várias perdas para o país. Pesquisa realizada pela FGV-Social constatou que o brasileiro nunca esteve tão infeliz: a percepção de bem-estar despencou quase 20% no último ano. “Ao fim da década, a fotografia é de que andamos para trás, com um impulso final dado pela Covid”, analisa Marcelo Neri, economista e diretor da FGV-Social, que coordenou a pesquisa. “A pandemia é como um teste coletivo no qual estamos indo muito mal”. Esta conclusão está baseada nos resultados objetivos – caso do crescimento recorde da desigualdade de renda entre ricos e pobres. E também nos subjetivos – a auto avaliação de felicidade caiu entre brasileiros, na contramão do resto do mundo – descobertos pelo trabalho, somada ao déficit educacional das crianças da “geração Covid” (entre 5 e 9 anos) e à falta de perspectiva de emprego para os jovens que ingressam no mercado de trabalho. Neste episódio, Natuza Nery entrevista Marcelo sobre causas e consequências da tragédia brasileira. “Está claro que falhamos em três frentes: na saúde, na inclusão produtiva e na educação”, conclui.
6/22/202124 minutes, 52 seconds
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Os bandidos da banda larga

A expressão, estampada na capa da mais recente edição do semanário britânico “The Economist”, indica a ameaça global representada por um tipo de crime que triplicou de frequência em menos de uma década. Entre os alvos mais recentes estão a Colonial Pipeline Company, fornecedora de combustível para metade da costa leste dos EUA, e a multinacional de origem brasileira JBS, líder mundial no setor de carne. Ambas pagaram milhões de dólares para reaver dados roubados e reverter o colapso dos serviços que prestam. Neste episódio, Altieres Rorh, colunista de segurança digital do G1, explica como funcionam os ataques cibernéticos, de que maneira a pandemia facilitou a ação dos criminosos e por que é tão difícil, para os atingidos, seguir a recomendação das autoridades de não pagar resgate. Ele também avalia as suspeitas que, em muitos desses casos, pairam sobre a Rússia - não à toa, o tema esteve no topo da agenda do encontro Biden-Putin. “É muito raro a Rússia anunciar que prendeu algum autor, algo no mínimo curioso", diz. Renata Lo Prete entrevista ainda o advogado Rafael Zanatta, diretor da associação Data Privacy Brasil de Pesquisa. Ele critica o pouco interesse do Brasil em participar dos esforços mundiais de combate à insegurança cibernética. “É uma estrutura de crime organizado internacional", afirma, “o que demanda cooperação entre países para punir e lidar com o problema”.
6/21/202123 minutes, 18 seconds
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Lei de improbidade: o que muda?

Com apoio da direita à esquerda e placar folgado (408 x 67), a Câmara alterou diversos pontos da lei que, há quase três décadas, é usada para punir desvio de recursos públicos, enriquecimento ilícito no cargo e uso deste para obtenção de vantagens indevidas. A principal novidade é a exigência de que seja caracterizada intenção por parte do acusado, relata Camila Bonfim, repórter e apresentadora da Globo. Ela detalha essa e outras mudanças, assim como o bastidor de uma aprovação do interesse direto dos parlamentares - vários deles, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com pendências na Justiça. Apesar do viés, muitos operadores do direito recomendam cautela antes de condenar por inteiro o texto, que irá agora ao Senado: sustentam que a matéria precisa mesmo de atualização, para distinguir mais claramente crimes de erros administrativos. Eliana Calmon, ministra aposentada do STJ e ex-corregedora nacional de Justiça, concorda até o ponto de defender modulação das penas. Mas para por aí: "Exigir dolo para incriminação é praticamente dizer que a lei não vai mais existir”.
6/18/202123 minutes, 38 seconds
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O saldo da cúpula Biden-Putin

Dos ataques cibernéticos à Ucrânia, da interferência nas eleições de 2016 ao encarceramento do líder oposicionista Alexei Navalny, o contencioso entre Estados Unidos e Rússia é extenso, e ninguém esperava que diminuísse significativamente com a reunião desta quarta-feira em Genebra entre os presidentes dos dois países, a primeira desde a troca de comando na Casa Branca. Mas ambos conseguiram o ganho de imagem que esperavam, analisa o jornalista Guga Chacra, correspondente da Globo em Nova York. De olho principalmente no público interno, o americano afirma ter feito “advertências” ao russo, que por sua vez lucra com o simples reconhecimento de sua posição estratégica na cena global. Neste episódio, Guga passa em revista os principais gargalos da pauta bilateral e fala também do “sujeito oculto” da cúpula: a China, cuja ascensão explica todos os movimentos dos EUA, tanto para se reaproximar dos aliados europeus quanto para evitar a escalada das tensões com a Rússia.
6/17/202120 minutes, 8 seconds
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O medo da variante delta

Das mutações preocupantes do novo coronavírus que se acumulam desde o início da pandemia, a que mais assusta o mundo no momento é a originária da Índia, batizada com a quarta letra do alfabeto grego. Nos EUA, ela vai ganhando terreno rapidamente. E no Reino Unido, outro país de vacinação avançada, tornou-se dominante, provocando um surto de casos às portas do verão. De Londres, o correspondente Pedro Vedova detalha as medidas que o governo de Boris Johnson se viu obrigado a tomar para conter a nova sobrecarga dos hospitais, adiando o esperado “Dia da Liberdade” - como os britânicos se referem ao fim de todas as restrições. E anota o valor da imunização: os óbitos, felizmente, não estão acompanhando a alta. Participa também deste episódio a epidemiologista Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo. A professora enumera as evidências de que a delta é a mais contagiosa das variantes já identificadas. Expõe o debate sobre o grau de eficácia das atuais vacinas contra ela. E ainda faz um alerta ao Brasil: só uma campanha de imunização completa e mais célere evitará que a delta faça por aqui o estrago que a gama ainda faz.
6/16/202123 minutes, 7 seconds
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O bolsonarismo de motocicleta

Pressionado pelos efeitos da pandemia em sua popularidade e pelo cerco da CPI, o presidente da República encontrou um jeito peculiar de demonstrar que tem apoio: as “motociatas”, percursos feitos por ele na companhia de motociclistas, eventos bancados com dinheiro público em que se misturam infrações sanitárias e de trânsito. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Guilherme Caetano, repórter do jornal O Globo que cobriu o mais recente desses atos, no sábado passado em São Paulo. É ele quem identifica os organizadores e traça o perfil dos participantes (cerca de 12 mil, segundo a Secretaria Estadual da Segurança Pública). Apesar da temática evangélica da convocação, eram, em sua maioria, “integrantes de motoclubes”, diz Guilherme. Segundo ele, tanto pilotos quanto veículos guardavam pouca semelhança com os motoboys que respondem por boa parte dos serviços de entrega nas cidades brasileiras. Participa também o cientista político Christian Lynch, professor do Instituto de Estudos Políticos e Sociais da UERJ. Para ele, o desfile de motos é a forma de manifestação escolhida pelo presidente por dar uma sensação de volume superior ao real - num momento em que a oposição passou a disputar as ruas. E por conversar com seu público mais fiel. Uma “estratégia populista reacionária”, define Lynch. “Mas quando se quer transmitir tanta força é porque ela está em falta na prateleira".
6/15/202123 minutes, 44 seconds
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Os sonhos roubados da juventude negra

As mortes de Kathlen Romeu e da criança que ela esperava voltaram a escancarar a realidade de um país em que as balas ditas perdidas miram sobretudo uma cor e uma faixa etária, com taxa de homicídio que a OMS considera epidêmica. A explicação oficial de praxe (dano colateral do confronto entre policiais e criminosos) é recebida com crescente descrédito, como revelam desabafos ouvidos neste episódio. Neles se percebe também o desalento diante da impossibilidade de planejar o futuro –o que resulta, inclusive, em abdicar do sonho de ser mãe. “Devemos pensar na sociedade como num organismo. Quando uma parte dele ataca a si próprio, temos uma doença auto-imune”, afirma Clélia Prestes, doutora em psicologia social pela USP e integrante do Instituto Amma Psique e Negritude. “O racismo no Brasil é uma doença auto-imune. Porque é uma forma de ataque à maioria da população”. A entrevista, em que Clélia detalha os efeitos individuais e coletivos dessa violência, é complementada pela participação do educador Jota Marques, também conselheiro tutelar na cidade do Rio de Janeiro. Num cenário em que as autoridades se ausentam, quando não chancelam a supressão de direitos, ele defende a importância da organização comunitária “não apenas para resistir, mas para existir plenamente”.
6/14/202127 minutes, 47 seconds
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Peru: a incerteza pós-eleitoral

A ofensiva de Keiko Fujimori para contestar a virtual vitória de Pedro Castillo na disputa presidencial abre novo capítulo na turbulência política do país, que teve 5 governantes nos últimos 5 anos. Um gesto desesperado: assim a movimentação da candidata de direita é definida pelos dois convidados deste episódio - Janaína Figueiredo, repórter especial do jornal O Globo, e Raul Nunes, pesquisador do Núcleo de Estudos de Teoria Social e América Latina da UERJ. “É menos esperança de conseguir que de bagunçar o processo”, analisa Raul, lembrando que a filha do ex-ditador Alberto Fujimori já esteve presa e ainda responde processos por corrupção. Janaína contextualiza as crises que se misturam no Peru, onde a taxa de mortalidade por Covid-19 é a maior do mundo e a economia encolheu 11% no ano passado. E indica como Castillo, um sindicalista de esquerda ultraconservador em questões de costumes, tentará se estabilizar no cargo: “Acordos maiores. E isso implica alguma moderação. É o único caminho viável”.
6/11/202124 minutes, 43 seconds
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O governo como sócio da inflação

A alta de preços que corrói o poder de compra dos brasileiros -e que registrou em maio sua maior taxa para o mês em 25 anos- tem um efeito colateral que a equipe do ministro Paulo Guedes discretamente comemora: a redução da dívida pública como proporção do PIB. Depois de longo período em escalada explosiva, ela caiu de quase 90% no final do ano passado para 86,7% agora. O economista Alexandre Schwartsman reconhece o alívio, mas alerta: “Não é um processo sustentável. Queremos controlar a dívida para não ter inflação, não o contrário”. Em conversa com Renata Lo Prete, o ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central parte desse subproduto do quadro inflacionário para analisar outros elementos da conjuntura, como o crescimento de 1,2% no primeiro trimestre. Sem deixar de anotar o aspecto positivo desse resultado, ele pondera: “PIB dá manchete, mas o que vale é a percepção das pessoas na vida”. E essa ainda está longe de melhorar para a maioria, também por causa do desemprego elevado e persistente. Schwartsman comenta ainda o debate do momento, que busca avaliar a sustentabilidade e o alcance dos ganhos do novo ciclo virtuoso das commodities.
6/10/202122 minutes, 49 seconds
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Manaus: a soma de todas as crises

A capital do Amazonas se tornou símbolo da tragédia brasileira na pandemia. Recentemente passou a amargar também os efeitos da maior cheia da história do rio Negro. E, desde o final de semana passado, enfrenta uma onda de ataques promovidos por criminosos, em resposta à morte de um traficante pela polícia. “A população está com medo", relata a Renata Lo Prete o repórter da TV Amazônica Alexandre Hisayasu. Ele se refere a Manaus e a pelos menos outras seis cidades do Estado que tiveram ônibus incendiados, prédios públicos atingidos e suspensão tanto de aulas quanto da vacinação contra a Covid-19. O outro entrevistado deste episódio é Roberto Magno, pesquisador do Laboratório de Geografia da Violência e do Crime da Universidade Estadual do Pará. É ele quem resgata a trajetória do crime organizado na região Norte do país. “À medida que a rota amazônica do tráfico de drogas foi ganhando importância estratégica, o poder público começou a se deparar com um problema de proporções transnacionais”, explica. E agora está fragilizado para enfrentá-lo, como demonstra o pequeno efetivo disponível para dar conta dos ataques dos últimos dias. Magno só vê um caminho, que combina “melhores políticas de segurança pública e inteligência” e investimento social.
6/9/202123 minutes, 58 seconds
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CBF: o escândalo e a Copa América

Revelações de assédio sexual e moral derrubaram Rogério Caboclo no exato momento em que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol azeitava suas relações com o governo Bolsonaro. Este “viu na Copa América uma possibilidade de ganho político”, analisa André Rizek, apresentador do SporTV. E voltou suas baterias contra Tite quando ficou claro que o técnico da seleção, assim como os jogadores, é contra a realização do torneio no país. Nesta terça, os atletas devem anunciar a decisão de se enquadrar, participando do evento. Mas isso nem de longe resolve os problemas de Caboclo. Também entrevistada por Renata Lo Prete neste episódio, a repórter da Globo Gabriela Moreira, co-autora do furo, explica em detalhes a denúncia da ex-assessora contra o dirigente, que dificilmente conseguirá voltar depois do mês de “afastamento” para investigação interna. Gabriela lembra dos antecessores de Caboclo, todos derrubados por escândalos, e não prevê mudança significativa com a sucessão: “O cenário é que o sistema continue como está”.
6/8/202129 minutes, 14 seconds
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Anarquia militar em versão bolsonarista

A decisão do Exército de deixar sem punição o general da ativa que violou o regulamento ao fazer comício para o presidente da República deflagrou a maior crise envolvendo as Forças Armadas desde a redemocratização do país. “Não faltaram alertas sobre os riscos dessa aventura”, afirma o cientista político Octavio Amorim Neto. O professor da FGV se refere ao embarque de lideranças militares no projeto político de Jair Bolsonaro, processo que teve seu primeiro movimento em 2018, com o tuíte ameaçador no qual o então comandante do Exército pressionava o STF a manter Lula fora da eleição. Agora, com o passe livre a Eduardo Pazuello, está dada a senha para a insubordinação em patentes inferiores e nas PMs (que já acumulam incidentes de arbítrios e excessos). E o atual comandante, prevê Amorim Neto, só recobrará a autoridade se tiver apoio do Congresso e do Supremo. Congresso que é chamado a fazer sua parte pelo ex-deputado federal e ex-ministro da Defesa Raul Jungmann, também entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio. “Não tem exercido suas responsabilidades”, diz ele. “Já deveria ter regulamentado a presença (ou melhor, a ausência) de militares da ativa no governo”.
6/7/202124 minutes, 7 seconds
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A ofensiva pela impressão do voto

Há um quarto de século a urna eletrônica é usada no Brasil, sem registro de incidente grave ou fraude documentada. Agora, estimulada por Jair Bolsonaro, a Câmara analisa emenda constitucional para instituir um comprovante impresso de cada voto, com identificação do eleitor, alegadamente para permitir auditoria. Que no entanto já é permitida pelo atual sistema, lembra o advogado e professor Diogo Rais. “Em várias camadas”, ele explica. “E inclusive por terceiros”, como partidos políticos, Ministério Público e OAB. Embora enxergando espaço para aperfeiçoamentos, ele aponta mais riscos do que potenciais benefícios na PEC. O principal deles: quebra de sigilo do voto, cláusula pétrea da Constituição. Por isso, mesmo considerando a aprovação possível, dado o ambiente político, ele acredita que tal mudança seria barrada pelo Supremo. Participa também do episódio a antropóloga Isabela Kalil, estudiosa da base do bolsonarismo. Ela conta que, em redes de apoiadores do presidente, a ideia de “voto auditável” se mistura à defesa de que essa deveria ser atribuição de militares, sobrepondo-se à Justiça Eleitoral. “Bolsonaro quer melhorar o sistema ou desacreditá-lo?”, pergunta Isabela. Ela própria responde, ao explicar que essa campanha do presidente é a “apólice de seguro” que ele pretende sacar em caso de derrota na eleição de 2022.
6/4/202126 minutes, 14 seconds
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Crise hídrica: risco de apagão?

Há exatos 20 anos entrava em vigor o traumático racionamento de energia adotado em resposta a um apagão que derrubou a economia e o capital político do governo de Fernando Henrique Cardoso. Agora, com os reservatórios das hidrelétricas no nível mais baixo em quase um século, a tarifa já escalou para a bandeira mais cara (vermelha dois) e analistas se dividem entre os que enxergam perigo de blecautes, mas não de racionamento, e os que consideram ambos possíveis nos meses de seca que estão por vir. O próprio secretário do Tesouro, Bruno Funchal, admitiu que o governo teme os efeitos da conjuntura energética sobre inflação e crescimento. Neste episódio, Renata Lo Prete ouve Fernando Camargo, especialista em infraestrutura, para entender as origens da crise e seu desenrolar mais provável. “O que está acontecendo nos últimos anos, episódios de seca sem precedentes, já não surpreende. Era necessário, desde pelo menos 2014, que isso fosse reposto por outras capacidades não-dependentes do clima”, afirma ele. Participa também o jornalista Roberto Rockmann, co-autor do recém-lançado “Curto-Circuito - Quando o País Quase Ficou às Escuras”, sobre 2001. Ele lembra que o governo previa alta de até 4,5% do PIB em 2001, pré-apagão, mas acabou colhendo a um terço disso.
6/2/202126 minutes, 10 seconds
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O “fora Bolsonaro” ganha as ruas

As manifestações pró-vacina e pelo impeachment do presidente que ocorreram sábado em mais de 200 cidades marcam uma inflexão e pressionam ainda mais um governo investigado em CPI, hiperdependente do Congresso e em contínuo flerte com a ideia de golpe. “Agora será difícil as pessoas voltarem para casa”, diz Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Ao mesmo tempo em que considera provável a repetição desses eventos, ela vê risco de que Bolsonaro se aproveite deles para disseminar fake news e dobrar a aposta na cooptação das forças de segurança. “Em tensão com a cúpula das Forças Armadas, porque não quer ver o general Eduardo Pazuello punido, ele estimula a politização dos quartéis”. E a repressão da Polícia Militar aos atos em Recife -- que o governo estadual promete punir -- pode ser peça-chave para a reação bolsonarista. “O presidente se pauta por atos de indisciplina da PM”. O preço do apoio do Centrão, que já tinha aumentado com a abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid, agora vai escalar ainda mais, prevê a jornalista.
6/1/202126 minutes, 36 seconds
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Indígenas à mercê do crime no Pará

Apesar da escalada de violência e de seguidos alertas do Ministério Público, foi apenas depois de determinação do Supremo que a PF realizou, na semana passada, uma operação em terras dos Munduruku no Alto Tapajós. Garimpeiros ilegais, ao que tudo indica previamente informados, confrontaram os agentes. Neste episódio, você ouve o pedido de socorro de Maria Leusa Munduruku, uma das mais importantes lideranças da etnia, pouco antes da chegada dos homens que incendiaram sua casa. “Com toda a certeza foi retaliação”, afirma o procurador da República Paulo de Tarso Moreira, um dos entrevistados por Renata Lo Prete. Ele relata a rotina de ameaças e explica por que o quadro tende a piorar: “Hoje, a estratégia oficial é de legalização. Mas isso não resolve. Pelo contrário, intensifica”. Participa também Fabiano Villela, repórter da TV Liberal, afiliada da Globo no Pará. Ele descreve um barril de pólvora em que se misturam grupos criminosos (respaldados por políticos locais e da esfera federal), divisões entre os próprios indígenas e a progressiva ausência do Estado.
5/31/202124 minutes, 46 seconds
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Alta na mortalidade materna por Covid

Menos de um mês se passou entre o nascimento do menino Ravi e a morte de sua mãe, a contadora Flávia Carneiro Araújo, aos 34 anos. Um calvário descrito neste episódio pelo viúvo Adriano Rodrigues Oliveira, preparador físico, que agora cuida do bebê com a ajuda da família de Flávia. Ela pertenceu a um grupo de especial risco na pandemia: o de gestantes e puérperas (mães de recém-nascidos). Foram 1.204 óbitos, cerca de 60% deles em 2021. E a taxa acelera mais do que no conjunto da população. Também entrevistada neste episódio, a médica Rossana Francisco, professora da Faculdade de Medicina da USP e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, explica que, dentro do grupo, há as que estão particularmente expostas: “Os riscos são maiores para puérperas até 42 dias depois do parto e para gestantes entre 14 e 28 semanas”. E completa: “Precisamos rapidamente vacinar todas elas”.
5/28/202126 minutes, 7 seconds
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O capital humano perdido para a Covid

Quando Naomi Munakata morreu aos 64 anos, em março do ano passado, o Brasil contava 77 vítimas do novo coronavírus. Com a maestrina do coro do Teatro Municipal de São Paulo se foi uma vida inteira dedicada ao aprendizado e ao ensino da música em patamar de excelência. “Ela foi a figura mais importante de sua geração no canto coral brasileiro”, resume Maíra Ferreira, substituta de Naomi -- que a ex-assistente considera insubstituível. “A falta que ela faz... nossa, eu nem consigo medir”. Claudio Considera resolveu tentar. Inspirado em trajetórias como a de Naomi, o economista do FGV Ibre procurou mensurar o impacto das mortes da pandemia para o país. E chegou a um valor de pelo menos R$ 5,9 bilhões anuais, considerando brasileiros da faixa entre 20 e 69 anos. Ele mesmo reconhece que isso é só o começo da história: tem ainda as habilidades, o conhecimento e a experiência dessas pessoas, além da desestruturação de famílias que perdem seu arrimo de renda.
5/27/202120 minutes, 13 seconds
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Quem é quem no gabinete paralelo

Diferentes depoimentos à CPI da Covid vão identificando os personagens que Jair Bolsonaro ouviu e seguiu enquanto dispensava dois ministros da Saúde e transformava o terceiro em despachante dos conselhos e interesses dessa turma. “São três grupos claros de influência”, diz o jornalista Octavio Guedes, comentarista da GloboNews. “Um liderado pelo empresário Carlos Wizard, outro pelo [ex-assessor palaciano] Arthur Weintraub e um terceiro pelo gabinete do ódio, com participação do Carlos Bolsonaro. Além da participação-chave do deputado Osmar Terra”, resume. Para Guedes, é no mínimo impreciso dizer que esses personagens atuavam “nas sombras”, como se ouviu de senadores da comissão. Pelo menos a partir da gestão de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde, foram eles que que deram as cartas -- do incentivo ao uso de cloroquina à aposta velada na imunidade de rebanho por contágio. No depoimento da secretária Mayra Pinheiro, conhecida como “Capitã Cloroquina”, o jornalista enxergou “um outro efeito colateral” do remédio: “a cegueira deliberada diante da realidade”.
5/26/202125 minutes, 49 seconds
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Eletrobras: venda à moda do Centrão

Projetos de lei para privatizar a principal estatal de energia elétrica emperraram tanto no governo Temer quanto no atual. Agora a ideia avança por meio de Medida Provisória -- que os deputados reconfiguraram antes de aprovar. Em vez de estimular a competição, o texto que saiu da Câmara estabelece várias reservas de mercado para interesses específicos, notadamente das usinas termoelétricas (que geram energia mais cara e mais suja). “A conta irá recair sobre os consumidores”, resume Daniel Rittner, repórter especial do jornal Valor Econômico. Derrotada também nessa matéria, a equipe econômica se conformou, diz ele: “Estão no modo ‘privatiza de qualquer jeito’. Precisam de uma agenda para apresentar à Faria Lima em 2022”. Renata Lo Prete conversa também com Maurício Tolmasquim, ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética e professor do Programa de Planejamento Energético da UFRJ. Ele espera que o Senado entenda e modifique a MP que passou na outra Casa legislativa -- a qual, na avaliação de Tolmasquim, “não faz sentido nem do ponto de vista ambiental e nem do ponto de vista do consumidor”.
5/25/202124 minutes, 39 seconds
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Desmonte da proteção ambiental, fase 2

Na fase 1, o Executivo agiu praticamente sozinho, nos termos explicitados por Ricardo Salles na inesquecível reunião ministerial de 22 de abril do ano passado: “é só parecer e caneta, parecer e caneta”. “Nos primeiros dois anos, a boiada passou por decreto. Com a troca no comando da Câmara e o Centrão mais próximo do Planalto, passa por lei”, explica Suely Araújo, especialista-sênior em Políticas Públicas do Observatório do Clima e presidente do Ibama entre 2016 e 2018. Em entrevista a Renata Lo Prete, a advogada diz que não se trata de mudança trivial: “É muito mais difícil reverter”. Ela se refere, antes de tudo, ao recém-aprovado projeto do licenciamento, que promove um “liberou geral” classificado por Suely como “a mãe de todas as boiadas”. Mas não só: vem aí, com incentivo do governo e expressivo respaldo parlamentar, nova tentativa de emplacar o PL da grilagem de terras. Suely fala também dos relatos de perseguição do próprio Ministério do Meio Ambiente a funcionários do Ibama, no exato momento em que Salles cai de vez na mira da PF por suspeita de envolvimento num esquema para facilitar exportação de madeira extraída de forma ilegal. “O governo burocratiza o processo para inviabilizar autuações. A intenção só pode ser dificultar a aplicação de multas”, conclui.
5/24/202124 minutes, 26 seconds
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A CPI, as boiadas que passam e 2022

Da diluição do licenciamento ambiental ao sinal verde para a venda da Eletrobras, contemplando ainda uma alteração no regimento que reduziu a margem de manobra da minoria, os deputados estão votando matérias em série, enquanto o governo tenta erguer um muro de contenção de danos na comissão em que senadores investigam a gestão da pandemia. Para completar, o depoimento de Eduardo Pazuello coincidiu com a operação que coloca na mira da PF um outro personagem próximo de Jair Bolsonaro: o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Em entrevista a Renata Lo Prete, o filósofo Marcos Nobre liga todos esses pontos para traçar o quadro político do momento e o que ele projeta para 2022. “É um presidencialismo de coalização secreto”, afirma o professor da Unicamp e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). A expressão se refere a um outro elemento da conjuntura: o recém-revelado Orçamento paralelo para atender aliados do Planalto no Congresso. Para Nobre, esse expediente tem permitido a Bolsonaro manter uma base parlamentar mais sólida do que muitos imaginavam. E a CPI ainda está por mostrar quanto dano pode causar ao presidente. Por enquanto, avalia o professor, a narrativa bolsonarista sobre o enfrentamento da Covid “seduz entre 25% e 30% do eleitorado”. “O suficiente para levá-lo ao segundo turno no ano que vem”.
5/21/202126 minutes, 56 seconds
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Pazuello: a voz de Bolsonaro na CPI

Para quem estava protegido por um habeas corpus, o ex-ministro da Saúde até que falou bastante. Mas basicamente para se desviar de culpa e blindar o presidente, para isso falseando a realidade em diversos temas -- da compra de vacinas ao investimento na ineficaz cloroquina. “Ele foi disposto a matar no peito, mas derrapou”, analisa Natuza Nery, comentarista da GloboNews e apresentadora do Papo de Política. Ela e Renata Lo Prete examinam, neste episódio, o primeiro dia do mais aguardado depoimento à CPI da Covid. Tratam do desempenho do relator Renan Calheiros (considerado mais brando do que com outros convocados) e do senador Flavio Bolsonaro (que, mesmo não pertencendo à CPI, tem atuado como uma espécie de cão-de-guarda do pai nas sessões). Elas também destacam a tentativa de Pazuello de sugerir que haveria dois governos paralelos, um das redes sociais e outro das ações concretas (e que este último nada teria feito de errado). Para Natuza, isso dificilmente livrará o general de responsabilização. “Será difícil ele se defender, principalmente sobre o que aconteceu em Manaus”.
5/20/202128 minutes, 19 seconds
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Chile rumo à nova Constituição

No final de semana, mais de 6 milhões foram às urnas para escolher os 155 representantes encarregados de elaborar a Carta que irá aposentar aquela vigente desde a ditadura do general Augusto Pinochet. O resultado foi um baque para o sistema político tradicional: a coalizão de direita que sustenta o presidente Sebastián Piñera não fez nem um terço dos votos, e os independentes (muitos sem filiação partidária) terão a maior parcela das cadeiras. “Se pudermos esboçar um perfil, os vencedores têm em torno de 45 anos, muitos são advogados e vêm de escolas públicas. E entre as pautas em comum estão obrigar o Estado a fornecer e distribuir água e promover a equidade de gênero”, explica Camilla Viegas, correspondente da GloboNews em Santiago. Em conversa com Renata Lo Prete, ela descreve o novo desenho do tabuleiro político e detalha o calendário que o país tem pela frente: prazo máximo de um ano para elaborar a Carta (que depois irá a plebiscito) e, antes, eleição presidencial (novembro deste ano). “O que sobreviveu na atual Constituição, depois da transição democrática, foi um consenso liberal”, agora em xeque, analisa o doutor em história política Leandro Gavião, professor da Universidade Católica de Petrópolis. Ele diz que, agora, a bússola está “mais inclinada para a esquerda”, em defesa da “construção de um regime de bem-estar social com ampliação de serviços de acesso básico”, e também de “pautas difusas do século 21”.
5/19/202119 minutes, 58 seconds
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O novo conflito entre Israel e Gaza

Desde 2014, a tensão não escalava tanto entre israelenses e palestinos. Já são mais de sete dias de mísseis rasgando o céu, explosões e mortes: 10 em Israel e mais de 200 na Faixa de Gaza. Apesar de apelos da comunidade internacional, a perspectiva é de mais ataques. “O clima é tenso”, resume a jornalista Laura Capelhuchnik, que vive em Tel Aviv e esteve em Jerusalém durante o primeiro dia de hostilidades. Em entrevista a Renata Lo Prete, Laura conta como soube do disparo do primeiro míssil contra a capital israelense e explica como uma série de eventos ocorridos em maio levou ao que vemos agora -- entre eles, datas religiosas e uma ação que pode despejar quase mil palestinos no distrito árabe de Jerusalém. “Não vejo cessar-fogo no horizonte”, analisa o historiador Michel Gherman, coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Judaicos da UFRJ e diretor-acadêmico do Instituto Brasil-Israel. Para Michel, enquanto o Hamas, grupo extremista responsável pelos bombardeios, usa os ataques como forma de devolver a questão palestina ao debate global, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, se amarra a uma lógica política interna a fim de desarticular a coalizão que tenta tirá-lo do poder. “Para ele, é importante manter o conflito e tornar a oposição irrelevante. Para o Hamas, é uma forma de se consolidar como resistência a Israel”.
5/18/202125 minutes, 13 seconds
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Quebrar patente das vacinas ajuda?

O percentual fala por si: de quase um bilhão e meio de doses já aplicadas de imunizantes contra a Covid-19, apenas 0,3% foram parar nos braços de pessoas que vivem em países pobres. No esforço para atacar essa brutal desigualdade, a proposta de suspender as patentes ganha corpo, com inédito apoio dos Estados Unidos. Neste episódio do podcast, Renata Lo Prete entrevista a economista Monica de Bolle, professora da Universidade Johns Hopkins, para avaliar viabilidade e eficácia da ideia, à luz da emergência sanitária. Especializada em imunologia e genética por Harvard, Monica não deixa de enxergar vantagens de médio e longo prazos na quebra de patentes e na transferência de propriedade intelectual. Mas é clara: “Não resolve o problema agora”. E o que resolve então? “A única forma são países com excesso de doses enviarem para aqueles onde há falta”. Ela reconhece que isso nunca foi feito na escala necessária nesta pandemia. Mas diz que a saída passa necessariamente pela cooperação global. “Temos mecanismos de coordenação, como OMS, G-20 e OMC. É preciso colocar as autoridades na mesa para negociar.”
5/17/202123 minutes, 3 seconds
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CPI: vacinas que o Brasil deixou passar

O depoimento de Carlos Murillo, gerente-geral da Pfizer na América Latina, confirma e detalha um capítulo essencial para entender o saldo trágico da pandemia no país: o pouco caso do governo diante de ofertas de imunizantes que lhe foram feitas. O executivo falou à comissão no mesmo dia em que o ex-ministro Eduardo Pazuello recorreu à Justiça para não falar. Enquanto isso, o ritmo de vacinação cai pela metade, entre outros motivos porque, em pelo menos 20 capitais, falta Coronavac para a segunda dose. “O ritmo está aquém da necessidade. Além de prejuízo aos não-vacinados, isso mina a confiança no programa”, diz o infectologista Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele lembra que atrasos e interrupções resultam em mais hospitalizações e mortes, além de aumentar o risco de surgimento de novas variantes. “Temos capacidade de vacinar até mais de 2 milhões de pessoas por dia. Nosso limitador é a quantidade de doses”. Participa também a jornalista Mariana Varella, editora do Portal Dráuzio Varella. É ela quem analisa, ponto a ponto, a relevância do depoimento do representante da Pfizer e os rombos que ele causa no casco do discurso governista.
5/14/202123 minutes, 54 seconds
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CPI: Wajngarten incrimina Bolsonaro

O ex-secretário de Comunicação Social compareceu à comissão disposto a proteger o presidente. Mas caiu em contradições e acabou por criar pelo menos dois problemas para o ex-chefe: admitiu que o governo deixou sem resposta, por pelo menos dois meses, uma volumosa oferta de vacinas da Pfizer (da qual apresentou prova documental); e que existia no Planalto uma estrutura paralela, ao largo do Ministério da Saúde, para assuntos da pandemia. Por mentir aos senadores, foi ameaçado de prisão, movimento que abriu espaço para ataque aberto (e rebatido) do senador Flavio Bolsonaro ao relator da CPI, Renan Calheiros. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista Thomas Traumann sobre as implicações do mais atritado e turbulento depoimento da CPI até agora. Wajngarten “não percebeu a importância do que apresentou”, avalia Thomas. “É a prova de que o governo inteiro (presidente, vice e ministro da Economia, entre outros) foi negligente na compra de vacinas”. Para o jornalista, a ofensiva do filho do presidente foi “uma declaração de guerra” de quem já espera o pior do relatório final da CPI.
5/13/202127 minutes, 37 seconds
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Asfixia das universidades federais

A precarização começou com a crise econômica, em 2015, e se aprofundou no governo Bolsonaro, que desde o início hostilizou essas instituições com palavras e gestos. Depois de quase dois anos e meio de drenagem de recursos, e diante do bloqueio de parte do minguado Orçamento de 2021, reitores alertam: se não houver algum socorro, a partir de julho as universidades federais não terão dinheiro nem para pagar as contas mais básicas. “A maioria não consegue funcionar até o fim do ano”, sustenta Edward Madureira, reitor da federal de Goiás e presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). Em entrevista a Renata Lo Prete, ele detalha as consequências desse apagão. “As universidades estão ameaçadas até de ficar sem energia. Imagine isso com milhares de pesquisas em andamento, inclusive relativas à Covid-19”. Participa também do episódio Úrsula Dias Peres, professora de Gestão de Políticas Públicas na USP e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole. É dela a previsão para o médio prazo: “Se nada mudar, perderemos professores capacitados e será reduzido o número de vagas”.
5/12/202124 minutes, 25 seconds
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Colômbia em transe

O ambiente já era de muita insatisfação com o governo quando, cerca de duas semanas atrás, o presidente Iván Duque anunciou uma proposta de aumento de impostos para compensar o gasto público na pandemia. A reação das ruas foi imediata, levando ao descarte do projeto e do ministro da Fazenda. Mas nem isso conteve os protestos, que escalaram junto com a violência da polícia. O saldo até aqui é de mais de 30 mortos, centenas de desaparecidos e inúmeros relatos de abusos cometidos pelas forças de segurança. “A situação é mais preocupante na região de Cali”, afirma o jornalista brasileiro Felipe Seligman, referindo-se à terceira maior cidade do país. Fundador do veículo digital Jota, ele vive na capital, Bogotá, onde os distúrbios ainda estão sob algum controle. “O Estado Vale de Cauca está fechado, com mais de 900 estradas bloqueadas, toque de recolher e desabastecimento”, relata Felipe. Também a partir de Bogotá fala Nicolás Urrutía, analista sênior da consultoria Control Risks. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele analisa a trajetória de um país conhecido, no passado recente, tanto pela estabilidade macroeconômica quanto pela desigualdade social, agora agravada pela crise sanitária. A tensão atual, prevê Nicolás, “irá polarizar ainda mais” a Colômbia e deixar cicatrizes que impactarão a próxima eleição presidencial, daqui a um ano. Para os próximos dias, a expectativa não é de distensão. “O comitê de paralisações segue se reunindo, e o presidente mobilizou mais milhares de soldados e policiais. Parece que não há acordo à vista”, diz Felipe.
5/11/202125 minutes, 58 seconds
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A miragem mortal da imunidade coletiva

Com palavras e ações, Jair Bolsonaro apostou desde o início na ideia de deixar o novo coronavírus correr solto. Em detrimento das vacinas, por essa via chegaríamos, achava o presidente, à proteção do conjunto dos brasileiros. Catorze meses depois, a CPI da Covid mira a estratégia de imunização de rebanho por contágio como uma das principais evidências da responsabilidade dolosa do governo federal por uma tragédia sanitária que já conta mais de 420 mil mortos. “Fica claro o objetivo de que o vírus se propagasse de forma rápida e intensa. Essa intencionalidade vai além do discurso, ela se deu na prática”, afirma neste episódio a professora Deisy Ventura, pesquisadora da relação entre pandemias e direito internacional. Na CPI, existem pelo menos quatro requerimentos para ouvir Deisy, coordenadora, na USP, de um estudo que analisou mais de 3 mil normas relacionadas à Covid-19 baixadas pela gestão Bolsonaro. Ela detalha os achados e explica que eles podem gerar, para o presidente e demais envolvidos, acusações por crimes comuns, de responsabilidade e contra a humanidade. Renata Lo Prete conversa também com o colunista Bernardo Mello Franco, do jornal O Globo e da rádio CBN, que vem acompanhando o trabalho dos senadores da comissão. “Nas próximas semanas, um dos desafios mais importantes será identificar o que o ex-ministro Mandetta classificou como ‘Ministério da Saúde paralelo’”, diz ele. Ou seja, quem contribuiu para a decisão de Bolsonaro “de nos jogar nesse caminho”.
5/10/202129 minutes, 34 seconds
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Horror no Jacarezinho

A operação mais letal da história da polícia do Rio de Janeiro, que deixou 25 mortos nessa grande favela da zona norte da cidade, aconteceu em plena vigência de restrições impostas pelo STF a ações dessa natureza. No entanto, desde que os limites entraram em vigor, em junho do ano passado, a polícia informou a realização de cerca de 500 operações, com um saldo de mais de 800 óbitos. Neste episódio você ouve, além do relato apavorado de moradores, que acordaram nesta quinta-feira sob tiros e bombas, entrevista de Renata Lo Prete com Henrique Coelho, repórter do G1 no Rio. Ele descreve a favela de 37 mil moradores como “uma região muito viva, com muito comércio e movimentação grande de pessoas”. E detalha a investigação sobre a suspeita de recrutamento de crianças pelo tráfico, apresentada como base para a ação. Renata conversa também com Bruno Paes Manso, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP e autor do livro “A República das Milícias”. Ele explica como o enfraquecimento das instituições no Rio, que teve 6 ex-governadores presos nos últimos 4 anos (além de um derrubado via impeachment) é o pano de fundo para o descontrole da polícia e a escalada da violência. “Uma polícia que tem carta branca para matar quase sempre vai querer ganhar dinheiro com isso. É a semente das milícias”.
5/7/202124 minutes, 11 seconds
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Quando Paulo Gustavo nos fez chorar

A morte do ator e humorista por Covid-19, aos 42 anos, entristeceu ainda mais um país machucado, ao qual ele só deu alegria. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista e escritor Chico Felitti sobre a trajetória do responsável pelo maior sucesso de bilheteria da história do cinema brasileiro -- a série de três filmes “Minha Mãe é uma Peça”. E sobre sua principal personagem, Dona Hermínia: “Uma mulher batalhadora, amorosa e combativa. Um arquétipo de mãe que conversa com todas as mães do Brasil”, resume Chico. Ele define Paulo Gustavo como “um Mazzaropi deste século, que fazia um humor tipicamente brasileiro”. Fala ainda do sonho interrompido do ator -- que planejava encarar também papéis dramáticos -- e de seu modo de fazer avançar a pauta LGBTQIA+. “Não era só humor. Ele comeu o país todo pelas beiradas. Não mostrou beijo gay no filme, mas mostrou uma mãe ensinando à criança que a aceitação é o caminho, independentemente do que ela seja”, analisa Felitti. “Era uma forma doce de lutar”.
5/6/202121 minutes, 49 seconds
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CPI: Mandetta fala, e Pazuello foge

A largada dos trabalhos na Comissão Parlamentar de Inquérito teve o primeiro ministro da Saúde da pandemia colocando no caminho dos senadores uma série de pistas potencialmente explosivas para o governo. Mesmo evitando ataques frontais a Jair Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta deixou claro que o presidente agiu ao largo das orientações da pasta, pressionou em favor da cloroquina e apostou na imunidade de rebanho, em detrimento da vacinação. “Esse é um dos maiores riscos para ele. A CPI quer provar que houve ação deliberada do governo para a população se infectar. E o depoimento de Mandetta reforça a tese”, analisa Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Sobre os esforços em favor de um medicamento sem eficácia contra a Covid-19, Bernardo destaca: “Um decreto para alterar a bula do remédio é algo que pode implicar em crime de improbidade administrativa”. O dia foi marcado tanto pela presença de Mandetta quanto pela fuga de outro ex-ministro, Eduardo Pazuello, que iria depor nesta quarta. Ele alegou quarentena, após contato com dois casos confirmados da doença. O que só fez ampliar a percepção de que o Planalto teme esse depoimento: “Ele se apresentou como um pau mandado do presidente. Pazuello responsabilizado significa Bolsonaro também responsabilizado”, afirma Bernardo.
5/5/202125 minutes, 30 seconds
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Cloroquina para os indígenas

As denúncias vêm desde o ano passado, mas agora ganharam visibilidade, e o motivo tem três letras: CPI. A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada no Senado vai investigar, apenas nessa seara, 15 potenciais erros da gestão Bolsonaro, entre eles distribuição e prescrição de medicamentos sem eficácia no tratamento da Covid-19. “Um pessoal de Brasília foi à terra yanomami e levou 3 mil quilos de cloroquina”, recorda Junior Hekuari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indigenista Yanomami e Ye’kuana, sobre a comitiva oficial que visitou a etnia no meio de 2020. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele lembra que, embora o governo tenha mais tarde alegado que o objetivo era tratar malária, a recomendação real era para dar o remédio a qualquer um que apresentasse suspeita de infecção pelo novo coronavírus. “Foi totalmente marketing”, diz Junior. Participa também Daniel Biasetto, repórter do jornal O Globo que localizou documentos públicos em Vilhena (RO), distrito responsável por 144 aldeias da Amazônia Legal, orientando explicitamente o tratamento com o chamado “kit covid”. Daniel exemplifica com o caso de Aruká Juma, que era o último homem de sua etnia e foi vítima da doença. “Tudo indica que Aruká morreu por negligência no tratamento”, diz.
5/4/202126 minutes, 34 seconds
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O Brasil do futuro sequestrado

As consequências nefastas da pandemia para o sistema de ensino e o mercado de trabalho atingem todas as etapas de uma escala etária que vai da primeira infância à juventude. Esta padece com o desemprego em percentual bem acima da média, em si desastrosa, da população. Enquanto crianças e adolescentes já sentem, apontam pesquisas, os danos socioemocionais e cognitivos causados pelo fechamento prolongado das escolas. “O resultado para o país veremos lá na frente”, diz Naércio Menezes, economista e pesquisador do Insper. Entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio, ele disseca questões como a evasão, que dobrou entre 2019 e 2020, e a ascensão dos chamados “nem-nem”(neste momento, mais de um terço dos brasileiros entre 20 e 29 anos não trabalha nem estuda, maior percentual da história). “O prejuízo é da sociedade toda”, afirma Naércio, e envolve dimensões como “produtividade, renda e até criminalidade”.
5/3/202120 minutes, 20 seconds
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400 mil mortos: o que esperar agora

Foram quase cinco meses até 100 mil. Outros cinco até 200 mil. Com a metade do tempo chegamos a 300 mil. E em pouco mais de um mês atingimos a nova marca devastadora, superada apenas pelos Estados Unidos. Em 2020, a Covid-19 roubou quase dois anos da expectativa de vida dos brasileiros. E, segundo a demógrafa Márcia Castro, a aceleração dos óbitos em 2021 tende a produzir um tombo ainda maior nesse que é um dos principais termômetros sociais de qualquer país. Chefe do Departamento de Saúde Global e População da Universidade Harvard, Marcia liderou a pesquisa que constatou a queda. E dimensiona, neste episódio, a inflexão que ela representa: "De 1945 a 2020, a expectativa de vida ao nascer subiu, em média, cinco meses a cada ano no Brasil”. Renata Lo Prete conversa também com o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz. Ele explica por que o mix de vacinação lenta, restrições em baixa e inverno chegando deve nos empurrar para um saldo de 500 mil vítimas sem muita demora. “Saímos de uma segunda onda terrível, com março e abril tendo sido os dois piores meses da história do Brasil. Junho e julho podem superar”.
4/30/202125 minutes, 54 seconds
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100 dias de Biden na Casa Branca

O homem mais velho a assumir a Presidência dos Estados Unidos chega ao primeiro marco temporal de seu governo com um feito que ninguém questiona: a vacinação em massa dos americanos contra a Covid-19. Não por acaso, foi esse o primeiro item do discurso de Joe Biden nesta quarta no Congresso. “A América avança novamente”, disse ele. Como peça de resistência do pronunciamento, a apresentação de mais um pacote de investimento público pesado, desta vez com foco em educação e ajuda às famílias. Biden passou pelos principais temas do período inaugural de seu mandato: da reinserção americana em esforços globais, como o Acordo de Paris, à defesa da transição para uma economia verde; da violência policial ao controle de armas. Temas que estão na conversa de Renata Lo Prete com Claudia Antunes, editora de Internacional do jornal O Globo. Ela analisa cada um dos tópicos e ainda explica como as eleições de meio de mandato, no ano que vem, podem impactar as ambições de Biden. “Ele não atiça a polarização, mas ao mesmo tempo quer estabelecer uma marca que mantenha o voto que teve, tanto no eleitorado democrata quanto no independente. E mirando até alguns republicanos".
4/29/202128 minutes, 55 seconds
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Sem dinheiro para habitação popular

Entre as áreas atingidas pelo facão do governo Bolsonaro no Orçamento de 2021, poucas perderam tanto quanto o financiamento de moradia para as famílias de menor renda: 98% dos recursos foram cortados. José Carlos Martins, presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, explica neste episódio que a paralisia será imediata e atingirá obras em andamento, ceifando, de saída, mais de 250 mil empregos. “O diálogo com as pessoas que lidam diretamente com o Orçamento é muito difícil. Nossa esperança é o Congresso”, diz. Participa também o urbanista Nabil Bonduki, professor da USP e ex-vereador paulistano. “O problema da habitação ganhou ainda mais importância na pandemia. Com diretrizes sanitárias como ficar em casa e lavar as mãos, fica evidente o problema para quem não tem casa ou vive em uma com água intermitente", afirma. “Um programa de habitação precisa responder a três questões que estão na agenda do país: o problema sanitário, a redução da desigualdade e geração de empregos.
4/28/202123 minutes, 55 seconds
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Tsunami de Covid na Índia

Um número diário de novos casos sem precedente em qualquer outro país, já tendo superado 350 mil. Variantes do vírus alimentando o contágio. Colapso dos hospitais, pacientes morrendo por falta de oxigênio, disparada de sepultamentos e cremações. E desconfiança generalizada de que a contagem de óbitos - na casa dos 200 mil - esteja seriamente subestimada. “Não dava para imaginar que ficaria tão grave. No dia a dia, a mensagem era de que o pior já havia passado”, conta o repórter da Globo Álvaro Pereira Jr., que esteve nas cidades de Nova Délhi e Pune no início de março, como parte das gravações para o documentário “A corrida das vacinas”. De fato, a situação saiu de controle em poucas semanas, disparando alerta global, porque o país é grande produtor do que o mundo inteiro quer. “Se o Brasil ainda esperava receber vacinas prontas da Índia, pode tirar o cavalo da chuva”, alerta o jornalista. Isso porque a prioridade do país, agora, será acelerar a imunização de sua população -inferior em tamanho apenas à da China. Também neste episódio, Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV, explica por que o país asiático está recebendo ajuda internacional em escala a que o Brasil nem de longe tem acesso: “Ela é aliada dos EUA para conter a China e peça-chave na distribuição global de vacinas”.
4/27/202127 minutes, 42 seconds
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Enquanto a vacina não vem

Em março de 2020, André Akito, 27, mudou-se para o Vietnã, onde dá aulas de inglês como voluntário. Surpreendido pela declaração de pandemia, teve a chance de voltar ao Brasil, mas decidiu ficar. “Hoje sou grato por ter vivido esse período num país que atua de forma preventiva no controle da Covid-19”, diz. Ele se refere a testagem, rastreamento de contatos e isolamento dos infectados, além do uso disseminado de máscaras. Tudo promovido exaustivamente em campanhas de comunicação do governo. “Desde o primeiro momento, teve um sentimento nacional de que está todo mundo unido, lutando contra um inimigo comum”, conta André. Resultado: mesmo sem grandes recursos e com vacinação ainda incipiente, o país do sudeste asiático registra 0,04 mortes pela doença a cada 100 mil habitantes. Enquanto nós, 181,7. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa também com Fátima Marinho, epidemiologista da Vital Strategies, organização que atua no enfrentamento do novo coronavírus em 40 países. Ela explica o que precisamos extrair da experiência de países como o Vietnã para colocar o contágio sob algum controle enquanto a imunização não ganha ampla escala: “Investir tudo o que pudermos em rastreamento de casos e contatos, ter uma coordenação nacional e incluir nesse processo a atenção primária do SUS”. Fátima recomenda ainda abandonar a ilusão de que a onda atual será a última: “A tendência é repetir o cenário, e pra pior”.
4/26/202127 minutes, 15 seconds
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A resposta do mundo à crise climática

Discursando na reunião virtual convocada pelo presidente americano, chefes de Estado e de governo se comprometeram com esforços para frear o avanço do aquecimento global. Começando pelo próprio Joe Biden, que anunciou a ambiciosa meta de reduzir à metade as emissões dos Estados Unidos de gases do efeito estufa até 2030. "Isso vindo de um país ainda muito dependente de combustíveis fósseis é absolutamente inédito”, explica Ricardo Abramovay, professor sênior do programa de Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente da USP. “E envolve uma profunda transformação econômica e social", completa. Entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio, Abramovay analisa os principais temas que atravessam a cúpula: do objetivo de neutralizar as emissões à “economia do cuidado”, da proposta de taxar carbono a medidas mais radicais para conter a escalada da temperatura do planeta. “A transformação é de uma magnitude que o mundo não vê desde a revolução industrial”. Enquanto isso, “o governo brasileiro está com o olho no retrovisor", diz. Quando seria necessário ficar atento “à rota fascinante que está se abrindo em razão da urgência climática”.
4/23/202131 minutes, 39 seconds
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O Brasil na Cúpula do Clima

"O mundo busca uma nova fotografia, e o Brasil tem que estar nela". Assim a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira resume a importância do encontro virtual de líderes que começa nesta quinta-feira. Entrevistada por Renata Lo Prete neste episódio, a bióloga de formação, ex-servidora do Ibama, alerta que combater o desmatamento da Amazônia é apenas parte do problema, “a agenda do passado”, que já deveríamos ter superado. Para a do futuro, “o governo precisará construir um alicerce que permita ao mundo voltar a olhar para o Brasil". Participa também Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. É ele quem detalha o passivo de 28 meses que assombra o discurso de Jair Bolsonaro no evento. "O governo barbarizou o meio ambiente”, diz Astrini, lembrando da “boiada” do ministro Ricardo Salles. “Nenhum país vai querer se arriscar colocando dinheiro na mão de um governo que claramente trabalha contra a floresta".
4/22/202130 minutes, 8 seconds
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A desumanidade da intubação sem kit

Depois do esgotamento de leitos e do desabastecimento de oxigênio, a mais recente manifestação de colapso do sistema de saúde é a escassez de medicamentos para doentes graves de Covid-19. Cinco Estados zeraram seus estoques no fim de semana, e outros se aproximam desse ponto - São Paulo tem o suficiente para mais quatro dias. Neste episódio, a médica intensivista Lara Kretzer, que coordena uma força-tarefa para alocar recursos escassos, descreve a mecânica da intubação e o papel de cada um dos remédios usados no procedimento. Sem eles, “a gente não consegue ventilar o paciente de maneira apropriada”, o que compromete suas chances. E do ponto de vista ético e humanitário? “É pior ainda”, afirma. A importação desses medicamentos por empresas privadas, para destinar ao SUS, é mais do que bem-vinda. Mas a atitude do governo federal não ajuda e, no estágio da pandemia em que está o Brasil, qualquer medida de alívio para quem está hospitalizado só se sustenta se houver esforço para reduzir o contágio - e com ele as internações. É o que explica Walter Cintra, professor da pós-graduação em administração hospitalar da FGV. “Chegamos aonde chegamos porque não tomamos as medidas preventivas, que são as melhores medidas”, diz.
4/20/202124 minutes, 25 seconds
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CPI da Covid: um guia de perguntas

Por que o governo Bolsonaro esnobou ofertas de vacina no 2º semestre de 2020? Quanto dinheiro público foi usado na compra e na produção, pelo Exército, de um remédio que não funciona contra o novo coronavírus e até mortes já provocou? Onde foi parar o plano de testagem que Nelson Teich disse ter deixado pronto? Que sequência de ações e omissões matou doentes por falta de oxigênio em Manaus? Que fim levaram os medicamentos para intubação requisitados de laboratórios pelo Ministério da Saúde? Vem aí a Comissão Parlamentar de Inquérito que poderá iluminar essas e muitas outras questões, apontando responsabilidades pelo maior desastre sanitário da história do Brasil, que já conta mais de 373 mil vítimas. Às vésperas de sua instalação no Senado, Renata Lo Prete conversa com Carlos Andreazza, âncora da CBN e colunista do jornal O Globo. Ele lista convocados que não poderão faltar e passa em revista os temas, mostrando quais são os mais explosivos para o presidente e o governo como um todo.
4/19/202127 minutes, 42 seconds
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Ricardo Salles, o novo Ernesto Araújo

No momento em que Jair Bolsonaro tenta convencer Joe Biden e líderes europeus de que tem compromisso com a preservação da Amazônia, o ministro do Meio Ambiente está no centro de uma crise deflagrada com a maior apreensão de madeira da história do país, feita pela Polícia Federal na divisa entre Amazonas e Pará no final do ano passado. Ricardo Salles entrou na história mais recentemente, ao visitar a região e se colocar ao lado dos madeireiros. “A PF sustenta que essa operação detectou uma organização criminosa”, relata Fabiano Villela, repórter da TV Liberal (filiada à Globo no Pará) e um dos entrevistados neste episódio. É ele quem explica os expedientes mais usados na região para “esquentar” madeira ilegal. Renata Lo Prete conversa também com Julia Duailibi, apresentadora e comentarista da GloboNews. Ela analisa o impasse criado com a decisão do superintendente local da PF, Alexandre Saraiva, de apresentar ao Supremo notícia-crime contra Salles - movimento que custou o cargo ao delegado. E fala também de como, mais e mais, o titular do Meio Ambiente lembra o chanceler dispensado em março. Assim como Ernesto Araújo, Salles já esgotou a paciência de empresários e parlamentares aliados do Planalto - além de ser entrave a qualquer melhora nas relações externas do governo Bolsonaro. “Ele se segura porque é quadro remanescente da chamada ala ideológica, mas há grande pressão no Congresso para derrubá-lo”, diz Julia.
4/16/202126 minutes, 12 seconds
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A importância da 2ª dose

"Duração maior da proteção", resume o médico Marco Aurélio Sáfadi. Em conversa com Renata Lo Prete, ele explica o imperativo de tomar o reforço, no caso das vacinas contra a Covid-19 disponíveis no Brasil (a Coronavac e a do consórcio Oxford-AstraZeneca). Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Sáfadi ressalta que só completando o processo de cada imunizado (e aumentando muito o número geral de doses aplicadas por dia) conseguiremos controlar o contágio. Segundo o Ministério da Saúde, 1,5 milhão de pessoas que receberam a primeira dose não retornaram para a segunda. Ainda que secretarias estaduais e municipais apontem exagero nesse dado, o problema existe, mas pode ser sanado com medidas práticas e melhor comunicação. “Se cada comunidade faz uma coisa diferente, sem coordenação nacional, dificulta. A população fica confusa", analisa Carla Domingues, que chefiou o Programa Nacional de Imunizações entre 2011 e 2019 e também participa deste episódio. Para ela, ainda há tempo de colocar os retardatários de volta no bonde da vacinação, com uma grande campanha de conscientização, além de mutirões e providências locais para localizar os faltosos. Estes, por sua vez, não devem desistir, orienta Sáfadi. Seja qual for o atraso, “basta ir tomar a segunda dose para que ela ofereça a proteção necessária".
4/15/202122 minutes, 13 seconds
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A multiplicação das armas

À margem do Legislativo, por meio de dezenas de decretos e portarias, o governo Bolsonaro vem executando sua principal política: a de facilitação ampla do acesso a armas de fogo, tal como afirmado pelo presidente na famosa reunião ministerial de um ano atrás. Em 2020, o número de registros de posse por colecionadores, atiradores e caçadores mais do que dobrou. E o crime organizado não encontrou dificuldade para se apoderar de parte expressiva desse arsenal. Na véspera da entrada em vigor de quatro decretos, ainda mais permissivos, a ministra do Supremo Rosa Weber suspendeu vários de seus artigos, e o caso agora será examinado pelo plenário do tribunal. Neste episódio, o jornalista Marcio Falcão, da TV Globo em Brasília, analisa as perspectivas para esse julgamento e lembra que não é inédito um ministro do STF conceder liminar na contramão da escalada armamentista promovida pelo atual governo - Edson Fachin já fez o mesmo. Renata Lo Prete conversa também com o advogado Bruno Langeani, gerente do Instituto Sou da Paz. Ele chama a atenção para o tipo de arma que vem sendo liberada: “Algumas são mais potentes que as da polícia”. E estabelece a conexão: “A maioria esmagadora das armas apreendidas com criminosos é nacional é foi comercializada antes do desvio para o crime”.
4/14/202124 minutes, 56 seconds
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Bolsonaro no redemoinho

“Quando o presidente viu que a bomba das mortes e de todo esse desastre ia cair em seu colo, decidiu jogar no ventilador e espalhá-la”, diz Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da rádio CBN. Neste episódio ela analisa, em conversa com Renata Lo Prete, de que maneira o conteúdo do telefonema entre Bolsonaro e o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) se encaixa na tática presidencial de empastelar a CPI da Covid, se não for possível evitá-la. Vazado pelo senador, o diálogo mostra tentativa explícita de interferir nos poderes Legislativo e Judiciário para tirar as ações e omissões do governo federal na pandemia do foco, diluindo as investigações por Estados e municípios. Como tal comportamento pode configurar crime de responsabilidade, muita gente não entendeu quando Kajuru revelou que divulgou a conversa autorizado por Bolsonaro - que no dia seguinte se declarou “traído”. Maria Cristina explica também como o Orçamento aprovado pelo Congresso entra nesse cenário turbulento. Para se proteger da CPI, o presidente precisará dos parlamentares, que, neste momento, cobram dele que preserve a generosa parcela que lhes coube na peça de 2021. “Se Bolsonaro sancionar sem vetos, incorrerá em outro crime de responsabilidade. Se vetar, pode azedar a relação e levar a Câmara a engrossar o coro por impeachment”.
4/13/202126 minutes, 1 second
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O golpe mortal no Censo

A pandemia já atrasou, em um ano, a única radiografia completa da população brasileira, feita a cada década, desde 1940. E ainda impõe dificuldades sanitárias à realização dessa ampla e detalhada pesquisa do IBGE. Mas o que realmente ameaça sua sobrevivência é a asfixia de recursos. Com custo estimado, ainda em 2019, de R$ 3,4 bilhões, o Censo Demográfico foi sendo lipoaspirado pelo Executivo e pelo Legislativo até ficar, no recém-aprovado Orçamento de 2021, com minguados R$ 71,7 milhões, valor que inviabiliza o levantamento. Um falso barato que sairá caríssimo, alerta o economista Sérgio Besserman, presidente do IBGE entre 1999 e 2003, hoje integrante da Comissão Consultiva do Censo. Entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio, ele começa por lembrar do básico: “Além de vital para a elaboração e a eficiência de qualquer política pública, o Censo serve de base para outras pesquisas. Sem ele, vai se eliminando a racionalidade”. Para além desse aspecto, estamos falando de um direito da cidadania, em especial diante da devastação do último ano: “A sociedade brasileira precisa saber o que aconteceu com as populações mais vulneráveis e com o sistema de saúde, balisada pelas informações censitárias”. Participa também Lucianne Carneiro, repórter do jornal Valor Econômico. Ela trata da demissão da presidente do IBGE e do cancelamento do concurso que recrutaria mão-de-obra para o Censo, além de pesar argumentos favoráveis e contrários à sua realização enquanto o país estiver pouco vacinado e com o contágio nas alturas.
4/12/202124 minutes, 22 seconds
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Henry: o horror que ninguém viu

Depois de um mês de investigações, a polícia do Rio de Janeiro reuniu indícios suficientes para mandar prender o padrasto e a mãe do menino de 4 anos agredido até a morte no apartamento onde vivia o casal, na Barra da Tijuca. “A perícia técnica foi fundamental”, avalia o repórter da Globo Carlos de Lannoy, que acompanha o caso desde o início. É ele quem detalha, neste episódio, o histórico de violência contra crianças do vereador Dr. Jairinho e as evidências de que Monique Medeiros tinha pleno conhecimento dos maus tratos sofridos pelo filho. Eles agora são investigados por homicídio duplamente qualificado e tortura. Lannoy explica também a rede de conexões políticas que por muito tempo protegeu Jairinho -no quinto mandato, ele é influente na Câmara Municipal, onde integra o Conselho de Ética. Renata Lo Prete entrevista ainda o advogado Ariel de Castro Alves, do Instituto Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. “Trabalho há quase 30 anos na área, e nunca vi um caso como esse”, afirma.
4/9/202128 minutes, 21 seconds
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A privatização da vacina

“Em português claro, é uma maneira de furar a fila”. Assim o médico e ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão traduz a decisão da Câmara dos Deputados de liberar a compra de vacinas contra a Covid-19 por empresas privadas sem necessidade de repassar todas as doses ao SUS, executor do Plano Nacional de Imunização. E de permitir que essa aplicação paralela aconteça antes mesmo de o PNI alcançar todos os grupos prioritários. Entrevistado neste episódio, Temporão explica de que maneira a fila dupla rompe a lógica sanitária de imunizar em etapas, considerando o grau de risco de quem vai receber a dose. E aponta ainda a incongruência de favorecer funcionários de empresas, aleatoriamente, num país em que o trabalho informal predomina e o número de desempregados é altíssimo. Renata Lo Prete ouve também a empresária Luiza Trajano, que está à frente do Unidos pela Vacina, movimento de apoio atuando em quase todos os municípios brasileiros. Há meses mergulhada nessa questão, ela aponta, em primeiro lugar, a ociosidade do debate: “O problema é que não tem vacina sobrando para comprar”. Luiza se refere ao superaquecimento da demanda global e à consequente decisão, por parte dos principais fabricantes, de por enquanto vender somente para governos. Se alguma empresa conseguir, “ótimo”, ela diz. E completa: “tem que ir para o SUS”.
4/8/202124 minutes, 57 seconds
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A fábula do tratamento precoce

Durante meses, enquanto outros países se concentravam na aquisição antecipada de vacinas, o governo brasileiro investiu pesadamente em comprar e distribuir cloroquina, um antigo medicamento até hoje sem eficácia demonstrada contra o novo coronavírus. A pregação do presidente Bolsonaro encontrou eco em parte da classe médica, que receitou sem pudor nem critério esse e outros itens do chamado “kit covid”. As vendas dispararam, e agora se multiplicam também as notificações à Anvisa de complicações sofridas por pacientes. Neste episódio, Ricardo Melo, repórter do Fantástico em Minas Gerais, relata alguns desses casos - há quem tenha ido parar na fila do transplante de fígado. “Tem gente usando como profilaxia, acha que vai evitar a doença”, conta. Ele também mapeia a rede de fake news que promove o consumo do kit e ações que já tramitam na Justiça para responsabilizar agentes públicos. Renata Lo Prete entrevista também o cardiologista Bruno Caramelli, professor da USP e diretor do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas. Ele é o autor de uma representação para que o Ministério Público investigue o papel do Conselho Federal de Medicina nessa história. “O CFM não só não condena como aprova”, diz. Caramelli questiona ainda a ideia de que a “autonomia médica” impediria a atuação do poder público, como sugere o novo ministro da Saúde. “Prescrever medicamento para o qual não existe evidência científica não é autonomia, é erro”.
4/7/202130 minutes, 5 seconds
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A guerra em torno do Orçamento

Foram sete meses de tramitação, três dos quais já no ano de vigência. E ao final saiu uma peça de ficção, no entender quase unânime dos especialistas. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Cristiano Romero, diretor-adjunto, chefe da Sucursal de Brasília e colunista do Valor Econômico, para entender as despesas subestimadas, os cortes de gastos obrigatórios e o milagre da multiplicação das emendas parlamentares. Uma disputa que tem o ministro da Economia de um lado, aliados do governo no Congresso de outro, e o presidente Jair Bolsonaro com um pé em cada canoa - e os dois olhos mirando a eleição de 2022. “Paulo Guedes já esteve para sair do governo inúmeras vezes”, lembra Romero. Se Bolsonaro não vetar os desarranjos da peça aprovada, “não haverá momento melhor para o ministro sair do que agora”. O jornalista explica que irregularidades tão flagrantes “podem até criar motivo técnico para impeachment”, como ocorreu com Dilma Rousseff, em 2016. E avalia que a eventual decretação de uma nova calamidade pública, para escapar das exigências fiscais, será uma grande derrota para Guedes.
4/6/202122 minutes, 37 seconds
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Diplomacia sob Bolsonaro: terra arrasada

Os objetivos perenes de toda política externa cabem num enunciado simples, ensina o embaixador Marcos Azambuja, ex-secretário geral do Itamaraty e conselheiro emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais: “Se dar bem com os vizinhos, se dar bem com os fregueses e manter relação de confiança com o mundo”. Por qualquer um desses critérios, fracassou miseravelmente a gestão do chanceler Ernesto Araújo, que no entanto só chegou ao fim, após dois anos e três meses, porque empresários e o Congresso perderam a paciência com um fiasco em específico, o das negociações para obter vacinas contra a Covid-19. Em entrevista a Renata Lo Prete, Azambuja passa em revista diferentes aspectos do que chama de “erro sistêmico”, que considera menos “ideológico” do que resultado de “desatinos sem pé nem cabeça”. E alerta: a questão ambiental, principal fonte de descrédito do país no exterior, está longe de ser atacada, que dirá resolvida. Embora reconheça que o substituto de Araújo, Carlos Alberto França, foi escolhido sobretudo por ter caído nas graças da família presidencial, Azambuja vê chance de alguma correção de rumo. “A realidade dos fatos é irresistível”, diz. “No fim, é o que ganha”.
4/5/202128 minutes, 12 seconds
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Colapso até para enterrar os mortos

A cada minuto dos últimos 7 dias, duas pessoas morreram de Covid no Brasil. Um ritmo do qual não dá conta nem o sistema funerário da maior cidade do país, dotada de uma rede de 22 cemitérios públicos. “Além de espaço, falta também estrutura física e material e até carros para levar os corpos”, relata o repórter da Globo César Galvão. Na conversa com Renata Lo Prete, ele conta como foi seu trabalho de acompanhar sepultamentos noturnos em São Paulo. E compartilha histórias como a de “um filho que disse que não conseguiu prestar uma última homenagem à mãe e ainda teve que enterrá-la no escuro”. Participa ainda deste episódio Lourival Panhozzi, presidente da Associação de Empresas e Diretores do Setor Funerário, que procura dimensionar a tragédia: “O número de mortes que estamos vendo só seria alcançado no Brasil, dentro da normalidade, em 2045”. O impacto, diz, atinge também quem trabalha no setor: “Sou funerário há 45 anos. Sempre vi famílias chorando nos velórios. Agora eu entro no velório e o que vejo é a minha equipe chorando”.
4/1/202122 minutes, 24 seconds
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Os militares e Bolsonaro: e agora?

Primeiro o presidente demitiu o ministro da Defesa, alegando falta de apoio a ideias de exceção como decretar estado de sítio. Em resposta, os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica tomaram a inédita iniciativa de entregar conjuntamente seus cargos. “Ficou mais difícil para Bolsonaro dar um golpe”, avalia o cientista político Octavio Amorim Neto, professor da FGV no Rio de Janeiro. Isso diante da sinalização, dada pelos generais do Alto Comando do Exército, de que a maior das três Forças Armadas não pretende embarcar em aventura golpista. O que não significa que Bolsonaro não irá tentar. Ou que inexistam ambiguidades na relação dos militares com um governo que vem lhes garantindo uma série de benefícios, explica Amorim. De todo modo, ele vê mais risco de adesão de policiais que de militares a uma eventual escalada autoritária. “Movimentos populistas de extrema-direita testam todas as instituições”, diz.
3/31/202126 minutes, 57 seconds
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Bolsonaro contra-ataca

Acuado pelo desempenho desastroso na pandemia e, principalmente, por cobranças do Congresso, o presidente da República moveu, num único dia, seis peças no tabuleiro ministerial. Duas das trocas foram concessões aos parlamentares: a degola de Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e a ida da deputada Flavia Arruda (PL-DF) para a Secretaria de Governo. Todas as outras atendem a um único propósito: “blindagem”, resume na conversa com Renata Lo Prete a jornalista Vera Magalhães (de O Globo, rádio CBN e TV Cultura). Neste episódio, Renata e Vera passam as mudanças em revista, com destaque para a demissão do general Fernando Azevedo e Silva da pasta da Defesa - e o que esperar agora dos comandantes das Forças Armadas. Saíram, enfatiza Vera, “ministros que não topam fazer tudo o que Bolsonaro pedir”, notadamente iniciativas que afrontem a Constituição. E entraram, além dos que topam, mais amigos da família - como o novo titular da Justiça, o delegado da PF Anderson Torres. A conversa inclui também análise da tentativa de deputados bolsonaristas de estimular insubordinação da PM da Bahia, a partir de incidente ocorrido no domingo.
3/30/202131 minutes, 15 seconds
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Na pior hora, doações despencam

Quando o vírus chegou ao Brasil e tudo fechou de repente, a resposta solidária de pessoas físicas e jurídicas foi gigante: nos primeiros três meses, somou mais de R$ 6 bilhões. Mas o tempo passou. As curvas de casos e de mortes deram algum alívio, o auxílio emergencial garantiu o básico a dezenas de milhões de pessoas, e a arrecadação de alimentos e outros produtos básicos entrou em queda livre. Hoje, com a pandemia em momento catastrófico, a crise econômica aprofundada e o auxílio (mais magro) ainda sem dia para voltar, entidades e organizações de apoio aos mais carentes lançam um grito de alerta. “Estou vendo muita gente na política pensando em 2022. Só que antes temos que atravessar 2021”, diz Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas, a Cufa. Em entrevista a Renata Lo Prete, ele dá a real sobre o avançado estágio de insegurança alimentar nas comunidades. “Estamos vendo nas redes sociais gente vendendo pertences para ter o que comer”, conta. E cita dados de levantamento recente: quase 80% dos moradores de favela afirmam que faltou dinheiro para comprar comida nos últimos 15 dias. Participa também do episódio Ana Paula Campos, repórter da Globo em São Paulo. Ela relata histórias de necessidade extrema em favelas da maior cidade do país. “Só não falta tudo porque o vizinho divide o pouco que tem”, conta. Preto Zezé conclui: “Se as pessoas têm que ver seus filhos chorando de fome, é a declaração do caos total. E aí é a nossa falência como sociedade e como nação”.
3/29/202124 minutes, 32 seconds
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Por que a vacinação patina na Europa

Em julho de 2020, os 27 países da União Europeia negociaram de forma conjunta a aquisição de imunizantes contra a Covid-19. As compras foram feitas, mas a distribuição avança em marcha lentíssima: até agora, menos de 15% da população adulta do bloco foi vacinada. Enquanto isso, no vizinho Reino Unido, o percentual se aproxima de 50%. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a jornalista Cecília Malan, correspondente da Globo em Londres, e com a médica Sue Ann Clemens, chefe do Instituto para Saúde Global da Universidade de Siena e coordenadora dos estudos da vacina de Oxford no Brasil. Cecília descreve um “conto de duas realidades distintas”, uma da UE, outra dos britânicos. E detalha as tensões diplomáticas que podem resultar em bloqueio de exportação de vacinas e de insumos para produzi-las. Sue Ann explica as consequências da interrupção das campanhas, vista em vários países europeus. “O primeiro impacto é em hospitalizações e mortes. O segundo, na adesão à vacina”, afirma. Ela tem uma palavra de alívio para os brasileiros: não acredita que as ameaças de bloqueio venham a interferir no fluxo de doses para nós.
3/26/202124 minutes, 41 seconds
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300 mil mortos: a despedida possível

No momento em que o Brasil cruza essa marca terrível, familiares de vítimas da Covid-19 compartilham com O Assunto as mensagens de celular que se revelaram o derradeiro meio de contato com mães, pais e filhos isolados nas UTIs. Declarações de amor, palavras de encorajamento, diálogos sobre cenas do cotidiano, como tirar a roupa do varal e pedir pizza: tudo registrado na tela e agora convertido em última lembrança. Na outra ponta dessa correspondência estavam doentes como os que o médico intensivista Daniel Neves Forte acompanha há um ano no Hospital Sírio Libanês, onde gerencia o setor de Humanização. "É um rolo compressor. A gente está vivendo uma tragédia”, resume na entrevista a Renata Lo Prete. “Com uma carga de trabalho brutal, é fácil desumanizar: numerar os pacientes e só cuidar do corpo que está ali. Desumanizar para manter o paciente vivo, isso é muito desgastante. E se desconecta do propósito da profissão”, reflete. Forte acredita que a dificuldade de elaborar o luto nessas condições não é apenas individual, mas também do país, principalmente em razão do comportamento do governo federal desde o início da pandemia. Sem reconhecer toda a extensão do que nos aconteceu não é possível ter, nas palavras do médico, a “esperança da reconstrução”.
3/25/202124 minutes, 12 seconds
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Covid grave entre os jovens

“Não pude dar um abraço. Nem de me despedir tive direito”. Quem conta é Maria de Jesus, que perdeu o único filho, de 22 anos, para a Covid-19. Renan Ribeiro Cardoso administrava a pequena pizzaria da família, na zona leste de São Paulo, e era figura querida na vizinhança. Foi a primeira pessoa a morrer na fila por um leito de UTI na maior cidade do país. Sua saga em vão por atendimento ocorreu num momento em que mais jovens estão se contaminando e, não raro, desenvolvendo formas agressivas da doença. Este episódio traz, além do relato dilacerante de Maria, entrevista de Renata Lo Prete com Ana Freitas Ribeiro, coordenadora do serviço epidemiológico do Instituto de Infectologia do Hospital Emílio Ribas. “Entre os casos graves, ainda há predomínio de maiores de 60 anos, mas o volume de contaminações entre os mais jovens aumentou bastante”, diz a médica. Ela sugere duas explicações: livre circulação e maior transmissibilidade da variante brasileira, a P1. “É um momento delicado: muitos casos e poucos leitos”. Diante disso, ela recomenda aos jovens, que serão os últimos a se vacinar, a manter todo o distanciamento possível.
3/24/202123 minutes, 54 seconds
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O manifesto dos economistas

Ex-ministros da Fazenda, ex-presidentes do Banco Central, economistas de variadas posições no espectro ideológico, empresários: são mais de 500 assinaturas na carta aberta que cobra do governo Bolsonaro um conjunto de providências para finalmente enfrentar a catástrofe sanitária. “No grupo há críticos de partida do governo, outros que de início acreditaram, outros que tinham medo de se manifestar”, diz o economista Pérsio Arida, um dos signatários e entrevistado de Renata Lo Prete neste episódio. “O denominador comum é o desespero diante da inércia do governo.” E por que lançar o documento agora? “A incompetência supera as expectativas de todos. É incompetência mesmo, falta de noção da realidade, falta de contato com o mundo. E isso perpassa o governo como um todo”, responde Arida, ex-presidente do BC, do BNDES e do Banco do Brasil. O manifesto prioriza quatro reivindicações: acelerar a vacinação, incentivar o uso de máscaras, implementar medidas de distanciamento social e criar mecanismos de combate. Tudo isso com algo que não tivemos até agora: coordenação nacional. Arida fala do egoísmo de quem acreditou ser possível implantar uma pauta reformista na economia (que jamais se concretizou) em meio a retrocessos de toda ordem nas questões da cidadania. “Se o governo fosse racional, daria meia volta. Ou se tornará impotente e perderá de vez sua legitimidade”, conclui.
3/23/202126 minutes, 17 seconds
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Comida cara, tensão social em alta

A disparada dos preços dos alimentos é fenômeno global, explicado, em boa medida, pelo estrago que a pandemia produziu nas cadeias de produção. No passado, ciclos como o que vemos agora fomentaram distúrbios e disrupção, alerta o sociólogo José Eustáquio Diniz Alves, mestre em economia e doutor em demografia. Um dos convidados deste episódio, ele cita os exemplos da Primavera Árabe, no início da década passada, e da Guerra da Síria, que acaba de completar 10 anos. Se o quadro geral preocupa, que dirá o do Brasil, diz Eustáquio, citando às avessas o verso de Gilberto Gil: “O pior lugar do mundo é aqui e agora”. Ele se refere ao fato de sermos o epicentro da crise sanitária, com vacinação ainda incipiente, auxílio emergencial interrompido e desemprego nas alturas. Para se aprofundar na situação brasileira, Renata Lo Prete entrevista a jornalista Nathalia Tavoliere, do Profissão Repórter, que acompanhou de perto a luta de famílias de São Paulo, Pernambuco e Paraíba para colocar comida na mesa. Muitas trabalham em lixões. “Me impressionou ver as pessoas pegando alimentos estragados”, conta, e depois “rezando pra não fazer mal”. Lembrando de outras reportagens que já fez sobre o tema, Nathalia relata uma mudança de comportamento: antes, era comum que as pessoas sentissem vergonha de admitir que estavam passando fome. Agora não mais. “É o desespero”. Um cenário que Eustáquio descreve assim: “Precisa só de uma centelha, estamos em um barril de pólvora”.
3/22/202126 minutes, 33 seconds
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Estrangulamento logístico das UTIs

O colapso dos hospitais é realidade em todo o Brasil. Doentes que morrem à espera de leitos. Unidades de Tratamento Intensivo onde atuam profissionais exaustos e já faltam medicamentos essenciais para o atendimento de pacientes graves. Um cenário de guerra, relatado neste episódio pelo repórter Bruno Tavares. Ele descreve o desalento dos médicos ao ver alas inteiras tomadas por vítimas de uma única doença, boa parte em estado crítico. Um deles diz que no trabalho se sente, todos os dias, “dentro de um Boeing caindo”. Além de Bruno, Renata Lo Prete recebe a médica Laura Schiesari, professora do FGV Saúde e do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa. Ela enumera tudo o que o governo federal deveria ter feito e não fez, sugere medidas de emergência para dar alívio aos hospitais e às equipes, ampliando assim a capacidade de atendimento no curtíssimo prazo. E diz que, neste momento, a mensagem para quem não está doente é uma só: fazer o distanciamento mais rigoroso possível, para reduzir drasticamente a circulação do vírus. “Porque nos hospitais não há lugar para ninguém”, nem com Covid, nem com outras doenças.
3/19/202127 minutes, 32 seconds
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Juro básico em alta: e agora?

Alimentos, combustíveis, preços da indústria: diante da inflação disseminada, o Banco Central optou por aumentar a Selic pela primeira vez desde 2015, em 0,75 ponto. Ela agora está em 2,75% ao ano. Para o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore, entrevistado neste episódio, o movimento era inevitável, mas poderia ter sido mais brando num primeiro momento. “É uma dosagem excessiva do remédio monetário", analisa, diante do claro desaquecimento da economia. Ele lembra que antes mesmo de o "meteoro chamado Covid" se abater sobre nós, produzindo uma crise “completamente diferente de todas as do passado", já enfrentávamos sérias dificuldades - na atividade, no emprego e na situação fiscal. E diz que só há um passaporte para a recuperação: vacina. “Antes disso, ela será artificial”. E vacinação como não temos ainda: “rápida, abrangente e eficaz."
3/18/202129 minutes, 26 seconds
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O cerco aos críticos de Bolsonaro

"Fiquei muito espantado quando vi que estava sendo acusado de crime contra a segurança nacional", disse o comunicador Felipe Neto, intimado pela Polícia Civil do Rio, a pedido filho do presidente da República, depois de chamar Jair Bolsonaro de genocida na condução da pandemia. Neto não foi o primeiro. Órgãos do governo e instituições de Estado têm avançado contra professores universitários, estudantes, jornalistas e blogueiros num processo a que o professor de Direito da USP Conrado Hübner Mendes deu o nome de “Estado de Intimidação”. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa a esse respeito com a professora de Direito da Estácio Fabiana Santiago, autora de um livro sobre a Lei de Segurança Nacional, e com o doutor em Filosofia Fernando Schuler, do Insper. Ela resgata a história da LSN, dispositivo sobrevivente de seguidas ditaduras, e diz que, independentemente de qualquer outra consideração, é flagrante que a lei não se aplica aos casos em questão. “Isso viola a lógica da segurança humana e do Estado democrático de direito”. Estudioso do tema da liberdade de expressão, Schuler considera que “o país não sabe o que quer” nessa matéria. “E arrisco dizer: o Congresso não sabe, o Supremo não sabe. E o debate público é pobre”. Ele conclui: "Liberdade de expressão não dá para ser seletiva. Tem que ser para todo mundo".
3/17/202127 minutes, 1 second
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Novo ministro, o mesmo Bolsonaro

"Se o presidente pudesse, ele não tiraria o Pazuello", avalia a repórter da Globo Andréia Sadi, convidada de Renata Lo Prete neste episódio. Subserviente ao extremo, fiel executor da política do chefe de não-enfrentamento da pandemia, o terceiro ministro da Saúde do atual governo sobreviveu 10 meses, durante os quais os mortos por Covid saltaram de 15 mil para quase 300 mil. E o general teria durado mais, não fosse a reconfiguração política que começou com a sucessão nas Casas do Congresso e teve capítulo decisivo na semana passada, explica Sadi: “O Centrão está aproveitando o retorno de Lula para reconquistar ministérios que ocupou em outros governos”. No caso específico da Saúde, não só parlamentares, mas também governadores, prefeitos e ministros defendem uma completa mudança de rumo -que ninguém se arrisca a dizer se virá com o médico Marcelo Queiroga. Confirmada no início da noite desta segunda-feira, a escolha do presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, figura próxima do filho mais velho do presidente, causou menos impacto do que a recusa da convidada anterior, a também cardiologista Ludhmila Hajjar. Alegando "incompatibilidade técnica", ela deixou claro que não teria autonomia, além de relatar as ameaças que sofreu de apoiadores do presidente.
3/16/202133 minutes, 8 seconds
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A vida na linha de frente da vacinação

“A gente sempre dá um jeito”, resume Mayane Brito, 32 anos, enfermeira numa unidade de Saúde da Família em São José de Espinharas, interior da Paraíba. De carro, moto, barco ou mesmo atravessando rio a pé, com a caixa de doses sobre a cabeça, ela tem chegado até os idosos da zona rural para imunizá-los contra a Covid-19. É recebida com entusiasmo e confiança. “Porque a vacina traz isso mesmo: uma esperança”, diz. A história de Mayane, contada neste episódio, é a de milhares de profissionais que, atuando na porta de entrada do SUS, fazem com que a vacinação aconteça nos pontos mais remotos do país, não deixando nenhum brasileiro para trás. Eles já cumpriram essa missão com sucesso em diversas campanhas, e só temem mesmo a escassez de doses -fruto da falta de planejamento e de sentido de urgência por parte do governo federal. É disso que trata Ligia Bahia, especialista em saúde pública e professora da UFRJ, na entrevista a Renata Lo Prete. Ela entende a aflição de governadores e prefeitos, mas receia que a compra descentralizada de doses, agora liberada, venha a criar uma “fila dupla”, em prejuízo de regiões com menos recursos. A vacina, lembra Ligia, tem que ser como o verso da canção de Milton Nascimento: “ir aonde o povo está”.
3/15/202126 minutes, 22 seconds
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Como ficou a PEC Emergencial

A emenda à Constituição que permitirá a volta do auxílio emergencial foi finalmente aprovada pelo Congresso, mas bastante despida dos mecanismos de controle de despesas que a equipe de Paulo Guedes pretendia implantar. “O fogo amigo veio de dentro do próprio governo", conta Valdo Cruz, jornalista da GloboNews em Brasília, um dos convidados de Renata Lo Prete neste episódio. Participa também o economista Felipe Salto, diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente. Valdo relembra como a proposta nasceu, tramitou e foi esvaziada. "A mudança era para ter sido mais profunda. O governo teve que ceder para evitar uma derrota maior", diz. Valdo explica o que falta para definir valores e duração do auxílio, que deve beneficiar bem menos brasileiros do que a temporada de 2020. “É uma medida para reduzir o desgaste do presidente", conclui. Do ponto de vista fiscal, Salto alerta: “Os impactos não são imediatos, e não se sabe os efeitos de medidas que só serão acionadas em 2025. É muito distante do que foi prometido”. Ele aponta que o texto aprovado abre brecha para novos gastos no Orçamento do próximo ano - “a despesa sobe de escada, e o teto, de elevador”, ironiza. E lembra que o novo auxílio, que custará R$ 44 bilhões e está fora do teto de gastos, poderia ter sido implementado muito mais rapidamente, via crédito extraordinário.
3/12/202125 minutes, 59 seconds
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São Paulo de joelhos diante da Covid

“Estamos enxugando gelo no calor". É assim que o médico Márcio Bittencourt define a situação do sistema hospitalar no Estado mais rico do Brasil. Mestre em saúde pública e integrante do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP, ele é um dos entrevistados de Renata Lo Prete neste episódio, ao lado de Ismael Pérez Flores, intensivista em dois hospitais da capital. Ambos mostram como São Paulo, que com muito esforço conseguiu se manter à tona na primeira onda, sucumbiu nesta, e agora assiste impotente à morte de doentes na fila por vaga nas UTIs. Márcio alerta que abrir leitos é urgente, mas igualmente importante é radicalizar o distanciamento e os demais cuidados, para reduzir o contágio. E chama a atenção para o aumento do número de jovens sem comorbidades entre os casos graves. "Pacientes de 22 anos intubados. Mãe internada com filho, gente que perdeu familiar e ainda não pudemos contar". Ismael vai na mesma linha, relatando o impacto, sobre os profissionais da saúde, da perda de pacientes nessas condições. Ele diz ainda o que sente ao ver a história se repetir - e de maneira mais grave. "Frustrante. Em nenhum momento a gente saiu da pandemia”.
3/11/202127 minutes, 40 seconds
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Brasil: celeiro de Covid, ameaça global

Além da OMS, vários países deram o alerta: enquanto a transmissão do novo coronavírus estiver fora de controle aqui, toda a América Latina e até regiões mais distantes seguirão sob risco. Os convidados de Renata Lo Prete neste episódio são Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo, e Mathias Alencastro, doutor em Ciência Política e pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Ethel explica como o Brasil se tornou terreno fértil para novas variantes do Sars-CoV-2: “Cada vez que o vírus é transmitido, a gente dá a ele a chance de fazer uma mutação". Para ela, "a preocupação é com o que ainda está por vir". A epidemiologista resgata ainda importantes ações de controle, como as adotadas em Wuhan no início de 2020. E compara: “Nós não tomamos nenhuma medida, e continuamos como se nada estivesse acontecendo". Mathias Alencastro analisa o custo para o país no longo prazo. "Estamos num contexto internacional em que os diplomatas são tão importantes quanto médicos e enfermeiros". Ele lembra a crise global na busca por vacinas e a relevância de negociações neste momento da pandemia. E aponta como os brasileiros terão que lidar com um "passaporte desvalorizado" para viagens de turismo, estudos e negócios.
3/10/202125 minutes, 24 seconds
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Lula livre para a eleição de 2022

A decisão caiu como uma bomba na tarde da segunda-feira: o ministro do STF Edson Fachin resolveu, sozinho, anular todas as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato, o que devolve ao ex-presidente a condição de ficha limpa e lhe permite participar da próxima sucessão. “Fachin concordou com o que a defesa sempre disse: que as investigações não tinham a ver com a Petrobras, e portanto, não deveriam ficar na 13ª Vara de Curitiba, onde atuava Sergio Moro", explica o jornalista Felipe Recondo a Renata Lo Prete neste episódio. Repórter do Jota, veículo especializado em notícias jurídicas, e autor de um livro essencial sobre o Supremo (“Os Onze”), Felipe detalha a decisão de Fachin, inclusive no que se refere a Moro - o ministro considerou que as ações de contestação à imparcialidade do ex-juiz agora perdem a razão de ser. E prevê o que acontecerá quando o plenário analisar o despacho de Fachin: “O cenário de reversão é improvável". Participa também o sociólogo Celso Rocha de Barros. É ele quem analisa os efeitos eleitorais da anulação para o próprio Lula e para os demais pré-candidatos. No terreno que vai do centro à esquerda, "Ciro Gomes vai ter que correr para montar sua coalizão". Ele pondera ainda que, numa eventual polarização Bolsonaro-Lula, o atual presidente pode ver o apoio do Centrão ruir, a depender de sua taxa de aprovação mais adiante. "Se Bolsonaro conseguir se segurar, repete-se o desenho de 2018. Mas em condições piores para Bolsonaro".
3/9/202126 minutes, 41 seconds
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Mulheres, as mais prejudicadas na pandemia

“Minha barraca, às 5h da manhã já tava aberta. E até 20h30 da noite eu já fiquei nessa barraca. Mas aí, pronto, veio a pandemia”. Essa era a rotina de Elisangela Amâncio, de 46 anos, que todos os dias vendia cachorro-quente no bairro de Itapuã, Salvador. Ela é uma das milhões de mulheres que perderam emprego e renda durante a pandemia – e que também perdeu um ente querido, seu irmão, para a Covid. A retração nos empregos afetou sobretudo o gênero feminino: já são mais mulheres fora do mercado de trabalho do que dentro, o maior recuo em 30 anos, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Neste episódio do Dia Internacional das Mulheres, Natuza Nery ouve a história de Elisangela e conversa com a economista Juliana de Paula Filléti, professora e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas de Economia e Gênero da Facamp. Elisangela conta tudo que passou nos últimos meses: a impossibilidade de trabalhar, o luto pela morte do irmão, os filhos sem aulas online, a dificuldade financeira e a depressão que a acometeu – uma pesquisa da USP informa que 40,5% das mulheres brasileiras apresentaram sintomas de depressão em algum momento da pandemia. “O pior é querer trabalhar e não poder. E também o medo de sair na rua, passei por uma quase depressão e só voltei agora a fazer minhas coisinhas”, relata. Juliana detalha o custo da sobrecarga do trabalho doméstico, detalha o impacto do fim do auxílio emergencial e explica a relação entre crise no setor de serviços e o desemprego entre mulheres – sobretudo, as negras. “Elas são maioria nas vagas de trabalho mais precárias”, diz.
3/8/202124 minutes
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Máscaras: a importância no descontrole da Covid

Pelo sexto dia seguido, a média móvel de mortes bateu recorde no Brasil. Na quinta-feira (4), foram 1.361 óbitos na média dos últimos sete dias. E enquanto a vacinação segue insuficiente e novas variantes, mais contagiosas, se espalham pelo país, é importante reforçar medidas de proteção. Distanciamento social e uso de máscaras. “A inalação de gotículas é a via mais importante de transmissão. E a ideia da máscara é reduzir esse mecanismo”, resume Vitor Mori, doutor em engenharia biomédica e pesquisador na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos. Neste episódio, Vitor explica a Natuza Nery, ponto a ponto, a importância de sempre, em qualquer ocasião, usar máscaras. “Se puder, fique em casa. Se tiver que sair, prefira ficar ao ar livre. Agora, se for inevitável ficar em ambiente fechado, use máscara de melhor qualidade”, recomenda. As do tipo PFF2 são as que garantem melhor nível de proteção, podem ser compradas por menos de R$ 5 a unidade e permitem reuso. O CDC dos Estados Unidos sugere também o uso combinado de máscara cirúrgica com máscara de pano – juntas, garantem o bloqueio de mais de 90% de partículas do ar. Vitor explica também como testar a qualidade de uma máscara e os melhores procedimentos de limpeza.
3/5/202123 minutes, 19 seconds
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Como é sentir na pele o colapso na Saúde

“A equipe médica falou: ‘ele precisa de um leito’. E não tem”. Matheus Magalhães, de 30 anos, passou mais de 24 horas atrás de uma vaga de UTI para o pai, que já estava com mais de 50% do pulmão comprometido pelo coronavírus. Ivanildo, de 71 anos, foi infectado dias antes, quando tratou de uma perfuração no intestino em um hospital de Natal, capital do Rio Grande do Norte – onde a ocupação dos leitos para Covid chega a 100%. A piora no quadro clínico de Ivanildo desesperou a família. “Tentei ser forte, não sei se consegui. Por mais que soubesse que ele poderia esperar mais um pouco por um leito, não via luz no fim do túnel”, se emociona Matheus. Neste episódio, ele relata a Natuza Nery a saga do pai até a entubação em um hospital militar de Recife. Participa também a enfermeira Stephanie Pinheiro, de 25 anos, que trabalha no Centro de Terapia Intensiva de um hospital privado de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul – estado que também chegou a mais de 100% de ocupação de leitos de UTI. “A gente passou por muitas dificuldades em um ano de pandemia, mas, de fato, a gente nunca enfrentou algo como estamos enfrentando hoje”, diz. Stephanie conta como é o dia a dia dos profissionais de saúde diante da escassez de vagas e de recursos, e relata como são tomadas as decisões mais difíceis, como a entubação de um paciente. “A parte mais dolorosa é lidar com a família, porque quem morre de Covid morre sem ver os familiares”, conta. “No trabalho, às vezes a gente vai no banheiro e chora, desaba ali. Mas na frente da equipe a gente demonstra mais força do que a gente tem.”
3/4/202122 minutes, 58 seconds
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A disputa de Bolsonaro com governadores

1.726 mortes em 24 horas, mais um recorde do Brasil, que enfrenta nesta semana alta generalizada de casos e óbitos. "Liderança, coesão e coordenação", assim o ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão enumera o que é necessário para enfrentar este momento da pandemia. Temporão é um dos entrevistados de Natuza Nery neste episódio. Ex-ministro, o médico sanitarista e pesquisador da Fiocruz detalha como podem atuar municípios, Estados e o governo federal no controle da Covid-19. Diante do que ele caracteriza como "inércia" do governo federal em relação à compra e vacinas, Temporão diz ver com esperança as tentativas de prefeitos e governadores de comprarem doses sem depender do Ministério da Saúde. Depois de analisar a relação entre governo federal e Estados do ponto de vista da saúde pública, Natuza Nery conversa com Thomas Traumann para analisar o embate político entre Jair Bolsonaro e governadores. Jornalista e analista político, Traumann explica o que o presidente calcula ao se colocar contra a vacina e medidas de contenção da Covid. Segundo ele, desde o início da pandemia "o presidente se coloca como o único político que entendia a preocupação, na ponta, com a possibilidade de perder o emprego", diz. Para ele, Bolsonaro reforça a ideia de que é igual à população. Traumann pondera, no entanto, que agora em 2021 a situação é muito mais grave e que o novo valor de R$ 200 do auxílio emergencial pode pesar na avaliação do presidente.
3/3/202128 minutes, 53 seconds
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EUA, Israel e Reino Unido: efeitos da vacinação

Líder global no ranking de vacinação por habitantes, Israel já superou a marca dos 50% da população imunizada pelo menos com uma dose. E os resultados apareceram rapidamente: redução em até 95% do risco de adoecimento após a aplicação das duas doses e diminuição de hospitalizações e mortes em mais de 98%. No Reino Unido, a Escócia teve 80% menos hospitalizações apenas quatro semanas depois da aplicação da primeira dose. Nos EUA, mais de 50 milhões de doses foram aplicadas em pouco mais de um mês – a meta do presidente Joe Biden é atingir 100 milhões em 100 dias. “À medida que você vacina e mantém as medidas de proteção, você consegue reduzir rápido [a transmissão do vírus], e mais rapidamente pode voltar a sonhar de novo e viver uma vida melhor”, afirma Fatima Marinho, epidemiologista da Vital Strategies, organização que auxilia 63 países no combate à pandemia. Fatima e Felipe Santana, correspondente da Globo em Nova York, são os entrevistados de Natuza Nery neste episódio. Fatima detalha as campanhas de Israel e Reino Unido para vencer as fake news e gerar confiança nas vacinas e explica por que a imunização dá resultado tão rápido. Felipe relata o caso norte-americano: com uma população de 330 milhões de habitantes, o país tem doses suficiente para imunizar mais de 400 milhões de pessoas. Além do ritmo de vacinação recorde em mais de 2 milhões de aplicações por dia e um aporte bilionário na economia e na estrutura de saúde. “Há muito investimento e o presidente faz pressão para que Estados aumentem o ritmo”, conta.
3/2/202124 minutes, 21 seconds
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A tragédia do Brasil na pandemia

Mais de um ano após a chegada do coronavírus, o Brasil enfrenta o pior momento da pandemia. Recorde de mortes e de novos casos diários, UTIs lotadas, fila em hospitais... Diferente de 2020, agora vários Estados enfrentam ao mesmo tempo o colapso em seus sistemas de saúde. "Eu até não acreditava nesse vírus, mas foi uma lição", diz André Luis da Rosa, de 40 anos, um dos entrevistados de Natuza Nery nesse episódio. André perdeu o irmão Adilmar (46) para a Covid em Boqueirão do Leão, no interior do RS, um dos Estados onde a taxa de ocupação de UTI está perto do limite. Ele relata a evolução rápida da doença. "Ele ia ser transferido, só que meia hora antes, faleceu", lembra. Depois da morte do irmão, André conta como está a recuperação da família, que foi toda infectada pelo coronavírus. O outro convidado do episódio é o neurocientista Miguel Nicolelis. Para ele, "é como uma guerra. O inimigo tomou boa parte do território nacional e o exército do lado de cá já não tem mais energias, nem munição, para conseguir combater esse inimigo mortal". Professor da Universidade de Duke e ex-coordenador no Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio do Nordeste, Nicolelis reflete sobre como chegamos até aqui e o que fazer para evitar uma catástrofe ainda maior. Para ele, a situação é "muito pior do que a primeira onda. E tende a se agravar".
3/1/202128 minutes, 3 seconds
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Imunidade parlamentar: os limites e a lei

No mesmo dia em que a Câmara manteve a prisão do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), anunciou uma proposta que muda regras da imunidade e da prisão de parlamentares. A toque de caixa, a Câmara fez o texto andar, sem passar por nenhuma comissão. A PEC da imunidade parlamentar ficou conhecida como PEC da impunidade. Neste episódio, Natuza Nery recebe dois convidados, Conrado Hubner Mendes, professor de Direito Constitucional, e Weiller Diniz, jornalista com 35 anos de cobertura política em Brasília. A rapidez com que a PEC andou na Câmara é para "neutralizar críticas e reações contrárias", diz Weiller. Ele pontua como, numa Casa onde 200 parlamentares têm algum tipo de pendência com a justiça, a PEC é vista como "uma forma extra de proteção". Segundo ele, o trâmite e os interesses resgatam "velhas práticas e antigos privilégios" dos deputados. Conrado explica por que a imunidade parlamentar existe e como ela surgiu. "É um meio para proteger a democracia e o Parlamento, mas também para qualificar e melhorar esse parlamento", lembra. Ele lembra que, além dos deputados, outros interessados deveriam participar do debate de Propostas de Emenda à Constituição e como este tema não "perde urgência" no momento do país. E conclui: "Não é autoritário pensar em restrições à liberdade de expressão. É autoritário pensar que a liberdade de expressão não permite limites".
2/26/202126 minutes, 44 seconds
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A nova rodada de restrições contra a Covid

"Um tsunami de casos." Assim o médico Flávio Arbex descreve a Natuza Nery a situação em Araraquara, cidade do interior de SP que prorrogou medidas de restrição para tentar controlar a nova variante do coronavírus. Pneumologista, Flávio é coordenador da enfermaria de Covid da Santa Casa da cidade. O médico relata a mudança de perfil dos infectados e descreve a doença como uma "tragédia familiar". E lembra de pacientes que, ao serem internados, perguntam: "vou ver meu filho de novo, vou ver minha filha de novo?". Neste episódio participa também o epidemiologista Guilherme Werneck, pesquisador e professor da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. É ele que enumera os vários indícios de mais um cenário de descontrole geral da pandemia, no momento em que estados como São Paulo anunciam medidas mais duras de restrição de circulação. Guilherme aponta que estamos "colhendo frutos de um período relativamente longo de contato social", ao lembrar das festas de fim de ano e do carnaval. E explica por que a alta de casos demora a ser percebida nos números. "As pessoas mais jovens podem desenvolver formas mais leves, mas transmitem. Elas vão para casa, transmitem para o pai e para o avô. E são essas pessoas que vão aparecer nas estatísticas, um mês depois". O epidemiologista alerta que a situação pode ser agravar nas próximas semanas. "Atuar agora pode não resolver o problema, mas vai trazer frutos positivos um pouco mais adiante".
2/25/202122 minutes, 14 seconds
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Vacina da Pfizer, o que muda com a liberação

Em dezembro, o imunizante do laboratório norte-americano foi o primeiro a ser aprovado e aplicado no ocidente. E, nesta terça-feira (23), foi também o primeiro a receber o registro definitivo pela Anvisa – a Coronavac e a Oxford-AstraZeneca estão autorizadas apenas em caráter emergencial. Mas, até agora, o Brasil não tem nenhum acordo assinado para a compra da vacina. “A Pfizer tentou negociar com o Brasil desde junho de 2020, mas, segundo o ministro Pazuello, com ‘clausulas leoninas’”, recorda a jornalista Mariana Varella, editora do Portal Drauzio Varella e pós-graduanda da Faculdade de Saúde Pública da USP. Mariana e Daniel Dourado, médico e advogado do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da USP são os convidados de Natuza Nery neste episódio. Mariana explica as diferenças entre o registro emergencial e o definitivo. Ela detalha a tecnologia do imunizante, que, de acordo com pesquisas recentes, tem 85% de eficácia já na primeira dose. Daniel analisa o processo de análise da Anvisa e a atuação do Supremo para aumentar a oferta de vacinas no país. “Chama a atenção a atuação do STF, que pressupõe a incapacidade do governo federal na vacinação", diz. E diante das tratativas para permitir a compra de imunizantes pela iniciativa privada, alerta para a importância do Plano Nacional de Imunização. “No atual momento, qualquer vacina precisa ser incorporada ao PNI. Não há outra maneira de vacinar a população que não seja grátis, no SUS e em fila única”.
2/24/202123 minutes, 55 seconds
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Petrobras - o que Bolsonaro quer ao intervir?

Em apenas um dia, o valor das ações da maior estatal brasileira caiu quase 21%. Desde que o presidente Jair Bolsonaro indicou o General Joaquim Silva e Luna à presidência da estatal, a perda foi de R$ 100 bilhões em valor de mercado. Resultado direto da interferência do presidente, feita em reação ao quarto aumento nos preços do diesel e da gasolina deste ano, empurrados pela alta internacional do petróleo. E o presidente disse que mais mudanças virão. “Bolsonaro não fará um governo liberal, não é um projeto de respeito às regras da economia de mercado, ele fará intervencionismos populistas. É o projeto dele”, afirma a jornalista Miriam Leitão, comentarista da TV Globo, colunista da Rádio CBN e do jornal O Globo. Ela é a convidada de Natuza Nery para explicar as consequências da intervenção de Bolsonaro na Petrobras. Miriam explica os movimentos do governo para viabilizar o nome de Silva e Luna no conselho da empresa, e compara as diferenças e similaridades com a política de controle de preços praticada pelo governo Dilma. “Hoje, o empresário terá que lidar com um risco Brasil 14% mais alto”, diz. E avisa: Bolsonaro se beneficia com a ação. “Ele está pensando em 2022. É uma jogada de marketing populista.”
2/23/202126 minutes, 47 seconds
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Como a Covid-19 levou um povo à beira da extinção

Vítima da Covid, morreu aos 86 anos Aruká Juma, o último homem de sua etnia. Os Juma eram, até a década de 1960, mais de 10 mil, mas uma série de massacres dizimou este povo. Aruká é um dos mais de 960 índios que morreram após a contaminação pelo coronavírus. “O vírus foi levado de fora para dentro porque não há barreira sanitária e barreira de controle”, afirma a historiadora Neidinha Bandeira, pesquisadora da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé, que atua na Amazônia. Neidinha Bandeira e a médica sanitarista Sofia Mendonça, professora da Unifesp e coordenadora do Projeto Xingu, são as convidadas de Natuza Nery neste episódio. Neidinha relata o desafio de levar vacinas e alimentos aos índios de uma aldeia Uru-Eu-Wau-Wau, povo irmão dos Juma: grileiros fecharam a passagem que dá acesso à Terra Indígena e o grupo de atendimento teve que ser escoltado por policiais. Ela também conta o que será das tradições da etnia após a morte de Aruká. “Diante da ameaça de extinção, os herdeiros se autodeterminaram Juma Uru-Eu-Wau-Wau. Ele passou adiante essa ideia de residência, de que o povo não pode deixar de existir”, relata. A sanitarista Sofia Mendonça explica por que nem 30% dos índios que vivem em aldeias foram vacinados, mesmo estando entre os grupos prioritários. “Falta comunicação correta e há muitas fake news, principalmente entre os jovens”. Ela sugere que se forme grupos com pessoas e organizações de confiança para levar informações corretas às aldeias.
2/22/202127 minutes, 7 seconds
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Covid em Portugal e os brasileiros retidos

Nos anos que antecederam a pandemia, o trajeto era só de ida: do Brasil para Portugal. Em 2019, o número de imigrantes bateu recorde, depois de três anos de alta na migração. Agora, após um janeiro trágico da pandemia e a crise econômica, centenas destes brasileiros querem voltar à terra natal. É o caso de Claudia Soares, 35 anos, que há dois se mudou com a mãe para o país europeu. Claudia é uma das entrevistadas de Natuza Nery neste episódio. "O custo de vida ficou muito elevado. Só conseguia pagar o aluguel", conta. Médica veterinária, ela conseguiu se recolocar no mercado de trabalho do Brasil, onde espera começar em 1 de março. Mas com a suspensão dos voos entre os dois países para barrar a variante brasileira do Sars-CoV-2, ela vive a insegurança de não chegar a tempo. Claudia relata a sensação de insegurança e a expectativa da volta: "quero muito pisar no meu país e me sentir acolhida". Participa também o correspondente da Globo Leonardo Monteiro. Direto de Lisboa, ele relata como Portugal foi de exemplo no combate à pandemia ao total descontrole. "O verão chegou, e todo mundo relaxou", diz. No fim de 2020, com a chegada do inverno, o número de casos e de óbitos voltou a subir. "O governo não agiu", diz. Com viagens permitidas e com festas de fim de ano, "a conta chegou. E chegou logo". Ele lembra como autoridades portuguesas ignoraram o alerta dado pelo Reino Unido sobre a variante britânica e, agora, tentam barrar a entrada da variante brasileira.
2/19/202126 minutes, 12 seconds
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Daniel Silveira preso e a relação dos 3 poderes

Deputado federal eleito pelo Rio de Janeiro na fase crescente da onda bolsonarista de 2018, Daniel Silveira (PSL) subiu o tom no discurso antidemocrático. Em um vídeo, sugeriu agressão física aos ministros do Supremo e fez apologia ao AI-5, instrumento de repressão mais duro da ditadura militar. Na noite de terça-feira, o deputado foi preso pela Polícia Federal a mando do ministro Alexandre de Moraes. Nesta quarta-feira, o STF foi unânime ao confirmar a legalidade da prisão - que precisa ser confirmada pelo plenário da Câmara. “O porão das Forças Armadas nunca aceitou a abertura democrática. Hoje, esse porão é formado por aqueles que afrontam as instituições e o Estado democrático de direito e está abrigado sob as asas do presidente da República. É o caso do deputado Daniel Silveira”, afirma Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico e comentarista da CBN. Ela é a convidada de Natuza Nery neste episódio. Maria Cristina explica como o enfrentamento ao bolsonarismo radical une o Supremo, dividido pelas reações à Lava Jato. E detalha as consequências da prisão para a relação entre Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). “Se Lira acolhe a prisão, afeta seus planos de desidratar as instituições de controle da corrupção. E se rejeita, estará afrontando o Supremo, onde é réu”, analisa. “Para Bolsonaro, Daniel Silveira prestou um baita serviço. É uma novela que vai desviar as atenções do que realmente importa, a condução da pandemia e o futuro do Brasil”.
2/18/202124 minutes, 45 seconds
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Poucas doses, vacinação paralisada

Um mês depois do alívio pelo início da imunização, agora capitais param a campanha por falta de doses. E justo no momento em que uma variante mais transmissível da Covid-19 se espalha pelo país. Qual o risco de interromper a campanha agora? "Estamos perdendo a oportunidade de salvar vidas", diz o infectologista Julio Croda, um dos convidados de Natuza Nery neste episódio. Croda, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz e professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, ele pontua como desmobilizar a população para ir se vacinar pode ser prejudicial. E aponta qual deveria ser a meta de vacinação diária: "Precisamos atingir no mínimo 500 mil, 1 milhão de pessoas por dia". Participa também a jornalista Flávia Oliveira, comentarista da GloboNews que esmiúça quantas doses o Brasil já recebeu e quantas estão prometidas. "A estratégia [de diversificar a compra de vacinas] deveria ter começado no segundo semestre do ano passado e não ao fim do primeiro trimestre de 2021”, diz. Ela analisa a atuação do Ministério da Saúde. “O tempo da ciência é soberano e agora a política quer se impor à ciência. Isso não pode acontecer”, afirma.
2/17/202126 minutes, 57 seconds
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Mais facilidades para garimpo ilegal

Enquanto o governo federal ainda encontra dificuldade para fazer avançar seus planos de liberação ampla e irrestrita da atividade mineradora, dois Estados da região Norte vão tentando atalhos. Rondônia autorizou o uso de dragas e balsas para retirar minérios de seus rios. E Roraima foi mais longe: legalizou a exploração, sem necessidade de estudos prévios, em terras estaduais. E com um agravante que vai na contramão de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil: a utilização de mercúrio. Substância que “contamina os rios, os peixes e as pessoas”, descreve James Alberti, jornalista do Fantástico que é um dos convidados deste episódio. Participante de uma investigação internacional que traçou a rota do contrabando de mercúrio aqui e em países vizinhos, Alberti identifica as duas portas de entrada, Bonfim (RR) e Guajará-Mirim (RO) e explica: “O garimpo clandestino não é mais como antigamente, é uma estrutura milionária. Usam máquinas de R$ 700 mil, R$ 2 milhões, e cooptam falsas lideranças para entrar em áreas protegidas”. O outro convidado é o procurador Edson Damas, do Ministério Público de Roraima, que começa por esclarecer a ficção de que o garimpo se daria em terras estaduais: na verdade, o que existe para ser extraído está principalmente em terras indígenas. Ele analisa a inconstitucionalidade da lei, já sob contestação no Supremo: ela trata de “bens da União e invade competência exclusiva da União”.
2/16/202125 minutes
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A reinvenção dos sem-Carnaval

Uma das maiores festas populares do mundo é também, para milhares de brasileiros, trabalho duro, que se estende pelo ano inteiro. Limitados pela Covid-19, eles foram à luta. Os bonecos gigantes de Leandro Castro este ano não desfilarão pelas ruas do Recife e de Olinda, mas serão vistos em exposição, e com novidades: “Não poderia faltar homenagem à classe guerreira de médicos e enfermeiros", ele diz. À frente de um projeto voltado para a inclusão de jovens em São Paulo, a percussionista Silvanny Sivuca viu no bloco online a chance de manter o grupo coeso: “É a maneira que a gente encontrou de alimentar o coração de nossos batuqueiros, que na pandemia foram salvos pela música”. Em Salvador, Bira Jackson colocou suas três décadas de Olodum em modo de espera e foi trabalhar como motorista de aplicativo para sustentar a família: “As contas não param de chegar, e não estamos fazendo shows”. Os três, que contam suas histórias neste episódio, têm em comum a esperança na vacinação em massa como único e verdadeiro passaporte para a volta da folia.
2/15/202126 minutes, 5 seconds
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2022: polarização em alta, centro à deriva

O rearranjo de forças produzido pela troca de comando no Congresso mandou o impeachment para o freezer e favoreceu a reedição do confronto do segundo turno de 2018, enfraquecendo a postulação de diversos nomes que transitam do centro à direita do espectro político. “Foi o campo mais ferido”, diz Bernardo Mello Franco, um dos convidados de Renata Lo Prete. E não aconteceu por obra do acaso, completa Carlos Andreazza, que assim como Bernardo é colunista do jornal O Globo e também participa do episódio: “Desarticular, engessar o tabuleiro e garantir a polarização foi uma jogada clara de Bolsonaro”. A partir desta conclusão inicial, eles debatem a luta interna de siglas como DEM, PSDB e MDB. E também o movimento de Lula, que, com quase dois anos de antecedência, acaba de ungir Fernando Haddad para ser novamente o candidato do PT ao Planalto. A dupla avalia também quanto espaço resta para o surgimento de novos nomes e que fatores ainda podem desestabilizar o cenário que o presidente considera o mais favorável para sua reeleição.
2/12/202127 minutes, 2 seconds
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Vacinas x variantes: o que já sabemos?

É a questão da hora: em que medida os imunizantes disponíveis contra a Covid-19 respondem às três novas e mais contagiosas versões do coronavírus identificadas, respectivamente, no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil. Entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio, o biólogo e divulgador científico Atila Iamarino começa por explicar as características dessas mutações e por que apareceram a esta altura da pandemia: “Teve tempo suficiente para o vírus mudar, e mudar na presença da imunidade de quem já se curou. E conseguir escapar dessa imunidade". Lembra ainda o traço comum aos países onde elas surgiram: nos três o contágio está fora de controle. Ele detalha a tecnologia de diferentes vacinas em uso no mundo para mostrar quais têm, em teoria, melhores condições de funcionar contra as variantes. E diz que esse processo não é desconhecido: “O vírus da gripe é assim, muda todo ano. Todo ano tem duas reuniões da OMS com o mundo inteiro discutindo para onde mirar a vacina da gripe". Sem deixar de lado a urgência de fazer a vacinação avançar no Brasil, Atila destaca que ela não elimina a necessidade de investir em testes, rastreio e medidas de contenção. “Se a gente contar só com a imunização, estaremos dando força para o vírus mudar e escapar da vacina”.
2/11/202123 minutes, 8 seconds
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Combustíveis: quem é quem nessa briga

Desde o início do ano, a Petrobras já reajustou duas vezes o preço do diesel e três o da gasolina. Os caminhoneiros estão insatisfeitos. Jair Bolsonaro, que tem na categoria uma importante base de apoio, também está. E o mercado se preocupa com a nova política de preços da estatal, que amplia o prazo para acomodar as oscilações do mercado internacional. Além de carregar os traumas do intervencionismo (governo Dilma) e de uma greve de caminhoneiros que parou o país e derrubou o PIB (governo Temer). Neste episódio do podcast, Renata Lo Prete conversa com Álvaro Gribel, repórter do jornal O Globo, que detalha a formação do preço dos combustíveis e prevê outros aumentos para breve: “A empresa ainda não conseguiu zerar sua defasagem”. Ele analisa o fator câmbio, o impacto sobre a inflação e a ideia, ventilada por Bolsonaro, de resolver o problema reduzindo o ICMS, imposto que sustenta os Estados. “A solução proposta não é uma solução”. O mesmo pensa Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados. “Estamos em uma crise profunda, e a arrecadação este ano será frágil para Estados e União. Não tem espaço fiscal para cortar impostos”, afirma. Vale aposta num cenário de alguma acomodação do governo com os caminhoneiros, mas sem interferência na Petrobras. E num avanço modesto da agenda econômica do governo no Congresso, sem reformas de grande impacto.
2/10/202126 minutes, 36 seconds
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Geopolítica da vacina: os emergentes

A população mundial já protegida contra a Covid-19 é ínfima (0,5% do total) e concentrada em países ricos. Eles, que abrigam cerca de 16% dos habitantes do planeta, abocanharam 60% das doses até aqui disponíveis. Os demais “ficaram com uma espécie de xepa” de vacinas como as das farmacêuticas Pfizer, AstraZeneca e Moderna. A imagem é da economista Monica de Bolle, professora na Universidade Johns Hopkins, com especialização em imunologia e genética pela Escola de Medicina de Harvard. Em conversa com Renata Lo Prete neste episódio, Monica explica que, no vácuo deixado pelas compras desenfreadas dos ricos, três países entraram em cena com imunizantes próprios e vontade de ampliar seu papel: Rússia, China e Índia. “São eles que estão atuando para a cooperação global, claro que pensando também nos próprios interesses". Papel ainda mais estratégico, lembra a economista, quando se verifica que o consórcio coordenado pela OMS nem de longe dará conta de suprir as necessidades dos países menos bem posicionados na corrida da vacinação. Para o Brasil, que precisa - e muito - das vacinas de seus parceiros de BRICS, pode haver outra oportunidade: ainda dá tempo de o país se posicionar neste mercado, usando sua experiência de produção e imunização em larga escala.
2/9/202126 minutes, 23 seconds
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Ser escravo doméstico no século 21

Desde 1995, segundo dados oficiais, mais de 55 mil pessoas foram libertadas de situações análogas à escravidão no Brasil. A maioria estava no campo, mas o crime ocorre também nas cidades, com uma frequência que chama a atenção das autoridades envolvidas nos flagrantes. No caso mais recente a ganhar destaque no noticiário, uma mulher de 63 anos passou quatro décadas a serviço de uma família que, além de submetê-la a condições humilhantes, ficava com toda a sua suposta remuneração -inclusive o auxílio emergencial da pandemia. Os responsáveis "tiram as referências da vítima e se aproveitam disso", explica Alexandre Lyra, auditor fiscal do trabalho que participou dessa operação de resgate, num bairro do Rio de Janeiro que se chama Abolição. Com base em longa experiência, ele enumera o que precisa ser feito para mudar esse vergonhoso quadro: “O tripé do enfrentamento precisa funcionar. Prevenção, repressão e reparação do dano, com punição do empregador". Lyra, porém, não consegue se lembrar de nenhum que tenha sido preso. A outra entrevistada neste episódio é a psicóloga Yasmim França, que integra o Projeto Ação Integrada, desenvolvido pelo Ministério Público do Trabalho em parceria com a Cáritas Arquidiocesana do Rio de Janeiro. Ela descreve o processo de infantilização das vítimas, que muitas vezes ignoram seus direitos mais básicos, e os sentimentos conflitantes quando encontradas pela fiscalização: “Carinho, raiva, indignação e culpa se misturam". Yasmin destaca ainda o quanto o panorama geral de desemprego e precarização do trabalho dificulta a reinserção dessas pessoas na sociedade.
2/8/202125 minutes, 33 seconds
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Sputnik V: mais opção para o Brasil

Sem a conclusão de todos os estudos e com poucos dados disponíveis, a Sputnik V gerou desconfiança no meio científico internacional quando aprovada para uso na Rússia, em agosto de 2020. Agora, depois de a Anvisa derrubar a exigência de estudos da fase 3 feitos no Brasil para aprovar o uso emergencial, o governo federal promete negociar a compra de 30 milhões de doses da vacina russa e também da indiana Covaxin. Antes, a Bahia já tinha ido ao Supremo para tentar adquirir o imunizante. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe dois convidados: Álvaro Pereira Jr, jornalista da Globo que acompanha tudo sobre vacinas na pandemia, e Mellanie Fontes-Dutra, biomédica, mestre e doutora em neurociências e coordenadora da Rede Análise Covid-19. Álvaro relata como a Sputnik V entrou no cardápio de vacinas pelo mundo e se tornou uma opção para o Brasil. E como a ideia de produzir doses no laboratório brasileiro União Química, fabricante de cremes dermatológicos, gerou surpresa. Mas conta que os russos também adaptaram laboratórios para produzir doses da Sputnik. Álvaro, que esteve em Moscou no fim de 2020, conta como a população russa lida com a vacinação. Melanie detalha como o imunizante age para proteger o organismo contra o Sars-Cov-2 e explica os resultados dos estudos. Ela fala ainda dos efeitos da decisão da Anvisa, em um cenário onde há menos de 10% das doses necessárias pra aplicar nos grupos prioritários. "Vacinas como Moderna, Novavax e Covaxin podem agora ter uma possibilidade mais concreta de pedir aprovação de uso emergencial", afirma.
2/5/202127 minutes, 54 seconds
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Vazamento de dados: você foi exposto

Nas palavras de Ronaldo Lemos, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro, é “o vazamento do fim do mundo”. Endereço, nome dos familiares, salário, status na Receita Federal, número de celular... Tem de tudo atrelado aos CPFs de mais de 220 milhões de brasileiros, entre eles alguns que já morreram. Na avaliação de Lemos, um dos entrevistados neste episódio, pouca coisa sobrou sob o devido sigilo. “Está todo mundo exposto" -inclusive o presidente da República e ministros do Supremo. E exposto a todo tipo de golpe. Ainda não se sabe de onde veio o material, nem quem vazou, e a Polícia Federal abriu inquérito para apurar o caso. Lemos explica que o excesso de concentração de informações numa mesma base de dados aumenta o risco de eventos como este. Ele usa a imagem dos modernos navios petroleiros para defender outro modelo: “A gente tem que ter dados em compartimentos estanques, específicos e interoperáveis", diz. Renata Lo Prete entrevista também Nina da Hora, cientista da computação pela PUCRio e colunista do Gizmodo. Ela orienta sobre o que fazer e, principalmente, o que não fazer agora. "A primeira coisa é não confiar em soluções imediatistas, como site que diz que vai verificar se o seu CPF foi vazado ou não". Nina ensina como criar senhas muito seguras e formas de se proteger, como a dupla autenticação. E fala da importância de ajudar familiares mais idosos para reduzir danos.
2/4/202123 minutes, 38 seconds
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Sucessão no Congresso, parte 2

No segundo de dois episódios sobre a troca de comando no Legislativo Federal, Renata Lo Prete conversa com o filósofo Marcos Nobre, professor da Unicamp e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, o Cebrap. Ele prevê união sólida entre o presidente Jair Bolsonaro e o deputado Arthur Lira (PP-AL), agora no comando da Câmara. “Um casamento de chantagem mútua, em que os dois são o mesmo lado da moeda". Mas com trepidações, até porque Lira dificilmente conseguirá entregar tudo o que prometeu aos 302 colegas que votaram nele. A chamada “agenda de costumes”, eufemismo para retrocessos em diferentes áreas, tem agora condições de prosperar. “Rodrigo Maia foi um biombo”, diz Nobre. Nesse aspecto, “o verdadeiro governo Bolsonaro começa agora”. Ao mesmo tempo, ele vê um “me engana que eu gosto” na ideia, expressa pelo mercado e pelo próprio ministro Paulo Guedes, de que Lira venha a abraçar reformas amplas ou qualquer pauta mais fiscalista da agenda econômica. Nobre concorda que o impeachment foi afastado do horizonte por um bom tempo ou mesmo definitivamente. Apenas pondera que ele nunca chegou a ser uma perspectiva real, nem na era Maia.
2/3/202127 minutes, 53 seconds
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Sucessão no Congresso, parte 1

O ano legislativo começou com vitória maiúscula de Jair Bolsonaro, que emplacou seus candidatos na presidência da Câmara (Arthur Lira, PP-AL) e do Senado (Rodrigo Pacheco, DEM-MG). Um fôlego e tanto para um governo que lida com a dupla pressão do fiasco no enfrentamento da pandemia e da recuperação econômica que não veio. Na Câmara, a vitória é antes de tudo do Centrão, que volta a ocupar a segunda cadeira mais importante da República seis anos depois da ascensão de Eduardo Cunha. Como foram construídos os resultados desta segunda-feira? E que impacto terão sobre o biênio final do mandato de Bolsonaro? É o que O Assunto vai procurar responder em dois episódios. Neste primeiro, Valdo Cruz, comentarista da Globo News em Brasília, detalha o quadro no Senado. E Bruno Carazza, colunista do jornal Valor Econômico e autor do livro "Dinheiro, Eleições e Poder", esmiúça as manobras do Palácio do Planalto para amarrar apoio a seus candidatos. "Oportunismo, criatividade e muita negociação de bastidor”, resume Carazza ao descrever a operação que destinou R$ 3 bilhões em créditos extraordinários do Orçamento do ano passado a 250 deputados e 35 senadores, viabilizada por uma decisão do TCU no apagar das luzes de 2020. “Abriram um balcão em que os parlamentares indicavam obras que serão contratadas pelo governo ao longo deste ano”. Sem deixar de reconhecer que Bolsonaro venceu, Carazza avalia que o preço a pagar será elevado: um presidente cada vez mais refém do Centrão.
2/2/202125 minutes, 57 seconds
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A vida de Ana no covidário em Manaus

Na faculdade, Ana Galdina se encantou com a infectologia por ser a especialidade que permite olhar simultaneamente para “o doente, a doença e sua inserção no ambiente”. Estudou as pandemias do passado, mas jamais imaginou as cenas que há 11 meses fazem parte de seu cotidiano na ala de pacientes graves de Covid-19 no Hospital 28 de Agosto, maior porta de entrada para atendimento na devastada capital do Amazonas. “No começo, era o medo do desconhecido”, recorda, referindo-se ao sentimento dela e de colegas diante dos sintomas e da evolução dos primeiros casos. “Hoje, nosso medo é da desassistência”. No relato de Ana Galdina, 42, a Renata Lo Prete se misturam angústia, frustração e resiliência. Em sua voz, a pressão sem trégua a que estão submetidos os profissionais da linha de frente. Na sucessão interminável de plantões, a lembrança de muitas datas se perdeu, mas de duas ela não esquece: 15 de abril de 2020, quando 21 pessoas morreram em seu turno, e 14 de janeiro de 2021, o dia em que o oxigênio acabou nas UTIs de Manaus. “A gente já teve que escolher, sim, quem receberia. E ainda tem que escolher”, diz. Casada, mãe de dois filhos, ela conta que, em face de tanto sofrimento, nem voltar para eles é simples. “Eu tenho minha rotina: chego em casa e vou tomar banho. Lá eu choro, choro e choro. Preciso dessa passagem para poder estar com minha família”.
2/1/202126 minutes, 23 seconds
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Vacina: vale usar todas na 1ª dose?

Enquanto o governo federal diz não ter pressa para decidir se fará uma compra adicional de 54 milhões de doses da Coronavac, o Plano Nacional de Imunização contra a Covid-19 segue em marcha lenta, e o país debate a conveniência de atrasar a segunda dose, ampliando em troca o número de pessoas que estão recebendo a primeira. Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurelio Safadi explica neste episódio o mecanismo pelo qual a vacina protege o indivíduo e o quanto é possível adiar a aplicação do reforço sem comprometer a imunização desejada -o intervalo máximo varia a depender do tipo de vacina e mesmo de uma marca para outra. Tudo considerado, Safadi aprova a adoção da estratégia neste momento: “É importante reconhecer que o Brasil tem carência de doses”. Outro que vota a favor é o médico sanitarista Gonzalo Vecina, um dos fundadores da Anvisa e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP. Mas com uma condicionante: tem que haver um cronograma crível de chegada de novas remessas, de forma a garantir que as pessoas recebam a segunda dose em prazo aceitável. Sem isso, “é muito arriscado”. Vecina acrescenta que a medida seria apenas paliativa, e que o fundamental é o governo comprar mais doses sem demora. Daí ele julgar inexplicável a atitude do Ministério da Saúde quanto aos 54 milhões do Instituto Butantan. “Neste momento, há tanta desconfiança em relação ao Ministério da Saúde que eu tiraria o comando da campanha da pasta e entregaria ao Conselho Nacional dos Secretários de Saúde”, afirma.
1/29/202124 minutes, 15 seconds
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O auxílio emergencial vai voltar?

Pandemia agravada, vacinação ainda incipiente. Amarrada ao destino da crise sanitária, a economia custa a se recuperar, e no momento tem quase nada a oferecer a milhões de brasileiros que, desde a virada do ano, estão privados da tábua de salvação de 2020: o auxílio emergencial. É nesse contexto que se desenrola um cabo-de-guerra em Brasília. De um lado, a equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, resiste à recriação de uma despesa gigantesca, num quadro fiscal explosivo. De outro, lideranças do Congresso e do próprio Executivo defendem o resgate do programa, de olho no risco de turbulência social e no efeito negativo do fim do benefício sobre a popularidade do presidente Jair Bolsonaro. "Dentro do governo, muitos ministros acham que o auxílio não deveria ter acabado", conta Ribamar Oliveira, colunista do jornal Valor Econômico, um dos entrevistados neste episódio. Ele desfaz uma confusão frequente ao explicar que "o auxílio não é um problema de teto de gastos, mas sim de dívida pública". Participa também Cecília Machado, professora da Escola Brasileira de Economia e Finanças da FGV. Cecília reconhece que, num cenário econômico de grande incerteza, cujo elemento principal são as dúvidas quanto ao avanço da vacinação, a volta do auxílio cumpriria um papel essencial: “É o responsável pela segurança alimentar de muitas famílias”. Mas ela considera que ele só poderia voltar com alcance e valor mais modestos, e acompanhado de corte de outras despesas, para afastar o perigo de insolvência das contas públicas.
1/28/202125 minutes, 14 seconds
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Público x privado: fila paralela da vacina?

Sem doses suficientes nem mesmo para o primeiro dos grupos prioritários, o Brasil vê surgir uma discussão que em outros países não prosperou, em torno de delegar à iniciativa privada parte da compra e da oferta de imunizantes contra a Covid-19. A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas propôs a aquisição de 5 milhões de doses da indiana Covaxin. E nesta terça o presidente Jair Bolsonaro confirmou ter dado sinal verde para que um grupo de empresários encomende 33 milhões de doses da AstraZeneca - metade iria para funcionários e familiares dos compradores, metade para o SUS. Problema: a farmacêutica já avisou que, neste momento da pandemia, não tem como atender clientes privados. “A gente precisa concentrar todos os recursos disponíveis para vacinar as pessoas mais vulneráveis", diz o médico sanitarista Adriano Massuda, pesquisador do Centro de Estudos em Planejamento e Gestão de Saúde da FGV, um dos entrevistados de Renata Lo Prete neste episódio. Ele lembra que os vulneráveis, no caso, não são apenas idosos e portadores de comorbidades, mas amplas fatias da população brasileira especialmente expostas ao contágio - e que não teriam acesso à vacina na rede particular. Com isso, o objetivo central, de alcançar a imunidade coletiva, ficaria cada vez mais distante. Participa também Geraldo Barbosa, presidente da associação das clínicas. “Vamos somar, não concorrer", defende ele.
1/27/202126 minutes, 5 seconds
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A esnobada do Brasil na Pfizer

Em setembro, o diretor-executivo global da farmacêutica ofereceu ao país 70 milhões de doses de sua vacina anti-Covid. Ainda que, em dezembro, o Ministério da Saúde tenha anunciado a intenção de comprá-las, a Pfizer revela agora que jamais recebeu resposta. E o governo brasileiro reage classificando como “abusivas” as cláusulas apresentadas e atacando a empresa por supostamente almejar um efeito de marketing ao vender para o Brasil. A nova celeuma se desenrola enquanto o país volta ao patamar de mil mortes diárias por Covid-19. “E o que nós temos de vacina até agora não é suficiente nem para atender ao primeiro grupo prioritário”, lembra Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Sabin, que atuou por duas décadas no Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA. Ela vê risco real de a vacinação ser interrompida, pois a conta de doses a chegar e do tempo que falta para o início da produção local ainda não fecha. Participa também do episódio o economista Thomas Conti, professor do Insper e integrante do Infovid, grupo interdisciplinar dedicado a divulgar informações sobre a doença. Ele desmonta ponto a ponto as alegações do governo para fustigar a Pfizer e alerta para a repercussão do caso: “O que mais preocupa é a negociação com outros laboratórios. Nossa prioridade deveria ser atrair e fazer acordos que não fizemos no ano passado. Estamos no caminho contrário”.
1/26/202123 minutes, 47 seconds
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Carteirada na fila da vacina

Prefeitos, secretários municipais, empresários, médicos, jovens sem comorbidade alguma: tem de tudo (até negacionistas) na lista de brasileiros que estão burlando a ordem de prioridades estabelecida no plano federal de imunização contra a Covid-19. O espetáculo desavergonhado do “eu primeiro” acontece mesmo diante da escassez de doses disponíveis -no momento, elas são insuficientes até para proteger o conjunto dos profissionais da saúde, prioridade das prioridades. Em Manaus, a mais devastada das capitais do país, a vacinação chegou a ser suspensa para que o Ministério Público investigue casos de fura-fila. Em entrevista a Renata Lo Prete, Daniel Dourado, médico e advogado do Centro de Pesquisa em Direito Sanitário da USP, lembra que burlar esse tipo de determinação das autoridades em plena pandemia configura crime previsto no artigo 268 do Código Penal, com punição que pode variar de um mês a um ano de detenção, mais multa. Ele explica o critério que deve nortear a sucessão de fases do plano: vacinar primeiro quem cuida dos doentes e, na sequência, as pessoas mais vulneráveis às formas mais graves da Covid, justamente aquelas que, se contaminadas, precisarão de leitos nos hospitais sobrecarregados. Um princípio fácil de entender quando se vê a vacina como proteção coletiva. “Mas há quem enxergue como benefício meramente individual”. Para Dourado, a falta de comunicação clara e de uma efetiva coordenação nacional contribui para as infrações.
1/25/202125 minutes, 52 seconds
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Brasil x China: como fica a vacina?

Depois de dois anos de provocações infantis do governo brasileiro, está nas mãos da superpotência emergente o futuro do nosso Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19. Ele só ganhará escala quando houver produção local. E tanto a Fiocruz quanto o Instituto Butantan dependem do IFA, insumo vindo da china. Correspondente do jornal “O Globo” em Pequim, Marcelo Ninio relata neste episódio as justificativas dadas pelo governo chinês para o atraso na liberação do material, todas de ordem burocrática. “O discurso é de interesse na colaboração com o Brasil”, diz. Mas ele não descarta que a China venha a aproveitar o episódio para reduzir as resistências à sua participação quando for introduzida aqui a tecnologia 5G. O outro convidado é Fausto Godoy, diplomata de carreira que serviu na embaixada brasileira em Pequim. Ele lembra que o interesse chinês no Brasil, essencialmente como provedor de alimentos, é de longo prazo e supera qualquer eventual desejo de retaliação pelos ataques de Jair Bolsonaro, do filho Eduardo e do chanceler Ernesto Araújo. Mas alerta que também não devemos esperar especial boa vontade na solução do impasse. E que, para além dele, o problema maior foi o atual governo ter colocado o Brasil na contracorrente do mundo, começando por negligenciar o papel que o século 21 reserva à China.
1/22/202124 minutes, 18 seconds
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Desafios de Biden na Casa Branca

Depois da transição mais conturbada da história, o democrata tomou posse como o 46º Presidente dos Estados Unidos. Biden assume um país em guerra interna, e que perde cerca de 4 mil vidas por dia para a pandemia de Covid-19. "A posse ocorre sobre o signo da divisão profunda da sociedade americana", diz Rubens Ricupero, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Historiador e diplomata, o ex-embaixador do Brasil em Washington traça um paralelo entre a posse de Biden e a de Abraham Lincoln, em 1861. Ricupero detalha como Biden terá que lidar com as consequências da recente invasão ao Capitólio e com o discurso do agora ex-presidente Donald Trump de que as eleições foram roubadas: "O grande primeiro desafio é esse, restabelecer a verdade dos fatos". O diplomata explica ainda como ficam as relações com China, Europa e com o resto do mundo. "Hoje esses parceiros todos estão cada um deles procurando seus próprios caminhos".
1/21/202125 minutes, 49 seconds
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Vacinação começou, e agora?

Depois da liberação da Anvisa para o uso emergencial, profissionais da saúde começaram a ser vacinados em todo o país. Mas as 6 milhões de doses da Coronavac que foram distribuídas não são suficientes para imunizar nem metade deste que é um dos grupos prioritários na fila da vacina. Outras 2 milhões de doses que devem vir da Índia não tem data para chegar. E além da escassez de doses, há ainda outro problema: a falta de insumos vindos da China para produzir localmente, o que daria mais capacidade e autonomia para uma vacinação em massa. "Ter doses é o grande gargalo", diz Isabella Ballalai, vice-presidente da Sociedade Brasileira em Imunizações, uma das convidadas de Renata Lo Prete neste episódio. Isabella lembra ainda que o Programa Nacional de Imunizações consegue vacinar muitos brasileiros em pouco tempo: "A gente sabe fazer". Participa também Fabiane Leite, jornalista da TV Globo especializada em saúde, que detalha quais são as metas estipuladas pelo Ministério da Saúde explica de onde vem o material que pode dar tração à produção local.
1/20/202123 minutes, 24 seconds
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Erros na pandemia: quem vai pagar?

Negação da ciência, incentivo às aglomerações, piadas sobre a vacina... Desde a chegada do coronavírus ao Brasil, o presidente Jair Bolsonaro colocou em dúvida e desafiou recomendações de autoridades de saúde para frear o avanço da pandemia. Mas não foi só ele. A tragédia assistida em Manaus expõe uma série de erros, passando pelo ministro da Saúde, pelo governador do Amazonas e o prefeito da capital. Existe espaço responsabilização dos agentes públicos? Para responder a esta questão, Renata Lo Prete recebe dois convidados neste episódio: Vanja Santos, integrante da Mesa Diretora do Conselho Nacional de Saúde, órgão vinculado ao Ministério da Saúde, e Oscar Vilhena, diretor da FGV de São Paulo e integrante da Comissão Arns. Ela diz que ministério mal se reuniu com o conselho e não seguiu nenhuma de suas recomendações. "A gente fica meio à deriva", afirma ela ao contar sobre relação entre os dois órgãos. Oscar Vilhena detalha quais são as consequências jurídicas e políticas a que Bolsonaro e Eduardo Pazuello podem ser submetidos. "Há duas formas de enquadramento, uma de crime comum. Outras, de crime de responsabilidade", o último que pode acarretar processo de impeachment. Ele explica que autoridades estaduais e municipais também podem ser responsabilizadas. "Estamos pendurados na Câmara dos Deputados. A cobrança deve ser feita em relação aos deputados", ele conclui, ao lembrar que quem pode fazer andar um processo contra o presidente são esses parlamentares.
1/19/202127 minutes, 18 seconds
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Polícia com mais poder: para quê?

Greves recorrentes apesar de ilegais, envolvimento crescente na política, letalidade em alta: é nesse ambiente, e com a simpatia do Palácio do Planalto, que corporações da segurança pública tentam fazer avançar no Congresso uma nova lei orgânica das polícias. Entre outras medidas de cunho autonomista, o texto retira dos governadores a prerrogativa de escolher o comandante-geral da PM (que passaria a sair de lista tríplice elaborada por coronéis), bem como de dispensá-lo, mesmo em situações de insubordinação ou crise de gestão (ele teria mandato fixo). O retrocesso é evidente. “A polícia não pertence aos policiais. Ela representa o braço armado do Estado, que tem, portanto, a obrigação fazer o controle disso”, pondera José Vicente da Silva Filho, coronel reformado da PM-SP, ex-secretário Nacional de Segurança Pública e um dos convidados deste episódio. Renata Lo Prete entrevista também Arthur Trindade, diretor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Brasília e pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Ele afirma que o projeto fere, além da Constituição, a própria lógica federativa, pela qual policiais civis e militares respondem aos governos estaduais, dos quais sai sua remuneração. O que está em curso é mais amplo, explica Trindade: “Não é de hoje que o presidente Jair Bolsonaro faz movimentos para cooptar as polícias”. E tem precedentes históricos: “Controle maior delas pelo poder central é algo típico de nossos períodos autoritários”. Para saber que filme é esse e como termina, o pesquisador recomenda olhar para a reforma feita na polícia de um país vizinho: a Venezuela.
1/18/202124 minutes, 46 seconds
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Enem da pandemia: chegou a hora

Adiado por causa do novo coronavírus, o exame que envolve quase 6 milhões de estudantes começa no domingo, 17 de janeiro. Apesar do apelo alunos, entidades e alguns prefeitos, a prova está mantida por decisão do TRF-3 - menos no Amazonas, onde a primeira instância suspendeu a realização. Mas como será fazer o exame neste momento de alta de casos de Covid? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Luiza Tenente, repórter de educação do G1. Luiza explica as orientações em meio ao processo de judicialização e da carência de explicações do governo sobre o que vai acontecer com quem estiver em cidades onde a prova não será aplicada. Ela detalha cuidados a tomar e o que levar na hora de fazer a exame: máscara e caneta preta. "A recomendação dos médicos é que o estudante leve um lanche rápido", diz. E dá uma dica: ter foco e combater a ansiedade.
1/15/202120 minutes, 2 seconds
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Eleição no Congresso na reta final

Uma disputa sem povo, mas que determina muita coisa no país. Assim Maria Cristina Fernandes, colunista de política do jornal Valor Econômico, define a corrida para as presidências da Câmara e do Senado, que terá desfecho no início de fevereiro. Ainda que novos nomes possam surgir - e eventualmente surpreender - até a última hora, o quadro se afunilou para dois confrontos: entre os deputados Arthur Lira (PP-AL) e Baleia Rossi (MDB-SP), e entre os senadores Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e Simone Tebet (MDB-MS). Lira e Pacheco apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro. Rossi e Tebet, por grupos que pregam a independência do Parlamento na relação com o Palácio do Planalto. Em conversa com Renata Lo Prete, Maria Cristina explica o que está além dos termos mais simples dessa equação. “É uma disputa por espaços dentro e fora do Congresso”, que envolve negociação de cargos no governo, alianças com vistas a 2022 e até acerto de contas entre lavajatistas e seus críticos. Nos dois casos, ela indica quem tem a vantagem no momento, lembrando, porém, que sempre há tempo para surpresas e mudanças de lado nesse colégio eleitoral restrito, mas influente.
1/14/202125 minutes, 3 seconds
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A saída da Ford e o derretimento da indústria

Primeira montadora a se instalar no Brasil, em 1919, a Ford anunciou que vai fechar suas fábricas de produção aqui – a de Camaçari (BA) e a de Taubaté (SP), imediatamente; e a de Horizonte (CE), ainda em 2021. Reflexo da crise de um setor que amarga quedas desde meados da década passada e que se vê diante de duas importantes transformações: na matriz energética e na relação do consumidor com os carros. "A juventude não tem mais a ambição de comprar o carro e há um movimento de trocar os veículos a gasolina por elétricos”, mapeia o economista José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda e sócio da MB Associados. Convidado de Renata Lo Prete neste episódio, Mendonça de Barros explica também por que as gigantes automobilísticas têm tanta influência nas decisões do governo federal e as consequências do emagrecimento do parque industrial brasileiro. “É indispensável à indústria do Brasil aumentar seu investimento em tecnologia e melhorar sua produtividade”, afirma. Participa também o repórter de economia do G1 Luiz Gerbelli. Ele relembra como este é mais um capítulo do processo de reestruturação da empresa, que fechou a tradicional fábrica do ABC em 2019. "Uma filial que precisa ser socorrida com frequência. A operação ficou inviável." Gerbelli explica ainda como a situação econômica contribui para a fuga. "O Brasil não tem mais força, pelas questões econômicas e pelas sucessivas crises, para fazer esse mercado crescer e absorver tantos veículos."
1/13/202126 minutes, 17 seconds
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Trump banido das redes

Na esteira de um inédito ato de insurreição estimulado pelo presidente dos Estados Unidos, outro movimento sem precedentes: sua remoção do Facebook e do Twitter. Quase ao mesmo tempo, Apple, Google e Amazon retiraram de suas lojas virtuais o aplicativo que mantinha ativa a rede social Parler, usada por apoiadores do presidente para organizar a invasão ao Congresso e pregar, entre outros crimes, o assassinato do vice Mike Pence. Tudo isso enquanto Washington se prepara, sob pesado esquema de segurança, para a posse de Joe Biden, no próximo dia 20. O expurgo digital do homem mais poderoso do mundo, que apenas no Twitter comandava 88 milhões de seguidores, suscita uma série de questões, que Renata Lo Prete discute neste episódio em entrevista com Pedro Doria, colunista do jornal O Globo e editor do Canal Meio. As gigantes de tecnologia passaram dos limites agora, praticando censura, ou demoraram a agir, tolerando, enquanto lucravam muito, quatro anos de seguidas incitações à violência e ilegalidades várias? “Estamos falando de um chefe de Estado, que ativamente usou como estratégia política bem mais do que mentir, mas criar uma realidade paralela", diz o jornalista. Se a conversa online exige marco regulatório, a quem cabe a arbitragem? “Se a gente pensa nas redes sociais como a praça pública, quem deve tomar a decisão sobre as regras é o povo, representado pelo Congresso”, afirma. Doria lembra ainda que a história não deve terminar no presidente americano, e vê o Brasil nesse roteiro: “Bolsonaro é quem mais imita Trump, é um caso-chave. Estamos no olho do furacão”.
1/12/202123 minutes, 55 seconds
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Covid: por que monitorar os viajantes

Num momento em que a pandemia se agrava em vários continentes, convém examinar os resultados obtidos por países que apostaram no controle de entrada, aliado a testagem e quarentena, como forma de erguer uma barreira de contenção do contágio. É o caso da Coreia do Sul, onde quem chega faz exame ainda no aeroporto e, na sequência, encara um rígido isolamento de 14 dias. “Um aplicativo no celular te monitora o tempo todo. Há estrangeiros que foram deportados por violar a quarentena”, conta Carlos Gorito, jornalista brasileiro que vive em Seul desde 2008. Fato é que, apesar de um rebote recente no número de casos, o país de 50 milhões de habitantes ostenta uma das mais baixas taxas de mortalidade por Covid-19. O episódio traz, além do depoimento de Carlos detalhando os protocolos sul-coreanos e seu impacto no cotidiano, entrevista de Renata Lo Prete com o médico Márcio Bittencourt, mestre em Saúde Pública que trabalha no Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP. Ele explica a função de cada uma das três fases de controle de fronteiras, destaca o uso da tecnologia para reduzir as transmissões e analisa a situação do Brasil: “Aqui, o maior problema é interno. Precisamos monitorar o fluxo entre cidades e entre Estados”, diz. E também do que jamais tivemos na pandemia: "Uma boa estratégia de comunicação, com mensagens uníssonas das autoridades”.
1/11/202120 minutes
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EUA sob ataque de Trump, parte 2

O dia em que o presidente americano incitou uma turba a invadir o Congresso foi seguido por uma madrugada na qual deputados e senadores ratificaram a vitória de Joe Biden. Mas os eventos da quarta-feira em Washington continuam a reverberar. Desdobraram-se em baixas na Casa Branca, na suspensão de Trump do Facebook por tempo indeterminado e, principalmente, num movimento de parte do establishment para removê-lo do cargo antes do próximo dia 20, data da posse de Biden. Pressão suficiente para levar o presidente a divulgar, na noite desta quinta, um vídeo em que, pela primeira vez, fala em tom conformado sobre a iminente saída do poder. Tudo isso tem consequências que vão além do prazo de validade do atual governo - e muito além das fronteiras dos Estados Unidos. Para avaliá-las, Renata Lo Prete recebe neste episódio o cientista político Houssein Kalout, pesquisador da Universidade Harvard. “Trump rebaixou a estatura da democracia americana", diz ele. Embora enxergue pouca chance de impeachment ou outra saída antecipada prosperar a esta altura, Kalout acredita que os atos de insurreição e vandalismo não ficarão impunes. “Pessoas morreram. Alguém terá que responder por isso". Para ele, o Partido Republicano está "diante de um teste de fogo: ou se reinventa, ou afunda com Trump". Kalout explica ainda o que significa para o mundo a percepção de fragilidade da democracia americana. O que inclui o Brasil: “O roteiro para 2022 está dado".
1/8/202126 minutes, 56 seconds
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Congresso invadido, Trump fora de controle

Era para ser apenas um rito formal no processo de transição, mas virou um dia inédito na história dos EUA. Incitados pelo presidente Donald Trump, manifestantes invadiram o Capitólio, onde congressistas estavam reunidos para ratificar a vitória de Joe Biden no Colégio Eleitoral. Extremistas interromperam a cerimônia, parlamentares foram retirados às pressas e uma mulher morreu baleada. "O que estamos vendo aqui é um grande teatro", diz Daniel Wiedemann, coordenador do escritório da TV Globo em Nova York, em entrevista a Renata Lo Prete. Ele relembra a estratégia de Trump, como a eleição na Geórgia selou a derrota dos republicanos e o que esperar até dia 20 de janeiro, quando Biden toma posse. Participa também Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV em São Paulo. Stuenkel analisa como, mesmo derrotado, Trump continua sendo a figura mais popular do Partido Republicano e como fica a relação entre ele e seu vice, Mike Pence: "está instalada uma espécie de guerra civil no partido." Stuenkel esmiúça como a instabilidade política interna pode afetar a influência norte-americana no mundo: "Biden vai ter que gastar muito tempo e energia para pacificar." E conclui como a troca de poder nos EUA pode complicar a vida de populistas ao redor do mundo, entre eles do presidente Jair Bolsonaro.
1/7/202128 minutes, 37 seconds
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Manaus de volta ao inferno da Covid

“Não há macas, não há leitos, não há nada." Assim o repórter Alexandre Hisayasu, da Rede Amazônica, resume a situação. Em conversa com Renata Lo Prete, ele conta que, em hospitais sobrecarregados, até o espaço antes usado por funcionários para bater ponto agora abriga pacientes de maneira precária. Acompanhando a pandemia no Estado desde os primeiros casos, Hisayasu tem a sensação de assistir a uma reprise trágica: nove meses depois de Manaus apresentar ao Brasil o colapso produzido pelo novo coronavírus, está de volta a via crucis de ambulâncias que não têm onde deixar os doentes. Assim como a adaptação de cemitérios onde falta espaço para sepultar os mortos. Participa também do episódio o infectologista Júlio Croda, pesquisador da Fiocruz, que até março de 2020 respondia pelo Departamento de Imunizações do Ministério da Saúde. Ele atribui a vulnerabilidade de Manaus, antes de tudo, à estrutura hospitalar do Amazonas, a pior do país em termos de leitos de UTI por 100 mil habitantes. Qualquer aumento no número de casos (e o atual é expressivo) leva o sistema ao limite. E frisa que nunca houve imunidade de rebanho por lá, ao contrário do que alguns chegaram a especular: "A imunidade coletiva depende das medidas preventivas". Croda é assertivo: "Vacina é a única forma segura de superar a pandemia".
1/6/202124 minutes, 55 seconds
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O estrago da versão mais contagiosa do corona

A mutação B.1.1.7 do coronavírus já foi registrada em mais de 30 países, entre eles o Brasil. Primeiro a identificá-lo, o Reino Unido registra mais de 50 mil casos diários há uma semana. Para tentar conter o avanço da nova variante, o premiê Boris Johnson reagiu e decretou o terceiro lockdown no país - este, mais longo, pode durar até março. Para explicar a trajetória desta variação do vírus e suas particularidades, Renata Lo Prete entrevista a jornalista da TV Globo em Londres Natalie Reinoso e a imunologista Ester Sabino, professora da Faculdade de Medicina da USP e primeira cientista a sequenciar o genoma do coronavírus no Brasil. Natalie detalha as medidas de restrição no Reino Unido e os dados de contágio atualizados. Ester explica por que esta é a mutação que mais preocupa e sugere o que podemos fazer para frear sua disseminação: "Deveria ter um cuidado maior com as pessoas que estão chegando de fora do Brasil". Segundo ela para "diminuir o número de entradas" da nova variante por aqui. Ester fala que este é o momento de manter os cuidados para evitar a propagação: "Não tem outra saída até que a vacina esteja disponível para toda a população".
1/5/202122 minutes, 44 seconds
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A matemática da vacinação

O biólogo Fernando Reinach descreve 2021 como a pista de uma corrida a ser disputada entre o novo coronavírus e a imunização, para ver quem chega antes às pessoas. Na largada, o primeiro está em clara vantagem. As posições se inverterão quando o mundo “vacinar mais do que o vírus contamina”, explica neste episódio Reinach, autor do livro “A Chegada do Novo Coronavírus no Brasil” e colunista do jornal “O Estado de S. Paulo”. No caso brasileiro, ele calcula que seria necessário aplicar cerca de 500 mil doses por dia, ao longo dos 365 dias deste ano, “para a vida do vírus ficar muito difícil”. Desafio imenso, especialmente quando se leva em conta que, à diferença de cerca de 40 países, não começamos a vacinar nem temos data definida para fazê-lo. Na entrevista a Renata Lo Prete, Reinach diz que começar é necessário, mas que o mais importante a observar é quantas pessoas conseguiremos imunizar por dia e qual será a taxa de eficácia do produto usado -variável essencial na hora de estimar quantos brasileiros precisarão ser vacinados até que se chegue ao controle da doença.
1/4/202125 minutes, 53 seconds
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Revisitando Maria em Ingazeira 

Neste final de ano, O Assunto resgata quatro de seus episódios mais marcantes, protagonizados por brasileiros que tiveram a vida duramente transformada pela pandemia. Da escassez de testes à sobrecarga dos hospitais, da falta de emprego ao luto sem despedida, suas histórias representam as grandes dificuldades do país no enfrentamento do novo coronavírus. Aqui você vai ouvi-los em dois momentos: o do relato original feito a Renata Lo Prete e agora. No quarto e último da série, a entrevistada é a agricultora pernambucana Maria Assunção Araújo, 40 anos, representante de um fenômeno social explicado na participação do doutor em demografia José Eustáquio Diniz Alves: a migração de retorno. Maria é uma entre muitos brasileiros que partiram em busca de oportunidades nos grandes centros do eixo Sul-Sudeste e, sob o efeito combinado de covid e crise econômica, terminaram por voltar à terra natal. Ouvida em 13 de julho, quando havia acabado de se instalar novamente em Ingazeira, Maria resumia assim sua experiência de um ano na cidade grande, com marido e filho pequeno: “São Paulo é bom pra passear. Mas São Paulo é uma ilusão". Cinco meses depois do retorno ao sertão, trabalho ainda é problema, mas dá-se um jeito: “Estamos estabelecidos, compramos uns animaizinhos, alguns deram cria, então a gente tá repondo o que vendeu”. E a mensagem para 2021 é de esperança: “Que seja um ano de paz e prosperidade pra todo mundo, que a pandemia se afaste e que volte a reinar a saúde”.
12/31/202031 minutes, 16 seconds
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2020 em frases e sons

Covid-19, Sars-CoV-2, pandemia, lockdown, recessão, vacina: as palavras mais repetidas deste ano que ninguém vai esquecer remetem todas para a mesma história, que começou na China, perto da virada do ano anterior, espalhou-se literalmente por todo o mundo e entrará em 2021 ainda no centro do noticiário. Palavras que estão na dor das famílias, nos alertas da ciência, nas declarações das autoridades, nos resultados eleitorais, nos eventos cancelados, na vida em suspenso. E que alimentam este episódio especial de O Assunto, cápsula sonora do ano que termina.
12/30/202041 minutes, 17 seconds
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Legítima defesa da honra: ameaça resiste

Esse argumento jurídico usado por décadas para livrar de punição assassinos de mulheres ganhou perspectiva de sobrevida com uma decisão da Primeira Turma do STF publicada pouco antes do Natal. Por 3 votos a 2, os ministros descartaram a possibilidade de anulação, seguida de novo julgamento, de absolvições proferidas pelo Tribunal do Júri, mesmo quando na contramão das provas. Em outro recurso, a matéria ainda será analisada pelo plenário do Supremo. E o que for pacificado ali terá repercussão geral - ou seja, valerá para todas as pendências futuras a esse respeito. O advogado criminalista Luís Francisco Carvalho Filho, entrevistado por Renata Lo Prete neste episódio, lembra que, pelo novo entendimento, Doca Street jamais teria enfrentado um segundo julgamento e cumprido pena de prisão pelo assassinato, em 1976, de Ângela Diniz. No primeiro, mais célebre exemplo do uso da tese da legítima defesa da honra, na prática a condenada foi a vítima, morta a tiros. Por uma conjunção do noticiário, a decisão da Primeira Turma chegou ao conhecimento do público quase ao mesmo tempo da morte de Doca, aos 86 anos, e de mais um caso brutal de feminicídio: o da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, assassinada pelo ex-marido com 16 facadas diante das 3 filhas. Carvalho Filho alerta: conferir a jurados autorização ilimitada de clemência vai beneficiar, além de criminosos de gênero, policiais que atiram quando não deveriam, milicianos, matadores profissionais e mandantes poderosos.
12/29/202019 minutes, 2 seconds
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Revisitando Alboino na UTI

Neste final de ano, O Assunto resgata quatro de seus episódios mais marcantes, protagonizados por brasileiros que tiveram a vida duramente transformada pela pandemia. Da escassez de testes à sobrecarga dos hospitais, da falta de emprego ao luto sem despedida, suas histórias representam as grandes dificuldades do país no enfrentamento do novo coronavírus. Aqui você vai ouvi-los em dois momentos: o do relato original feito a Renata Lo Prete e agora. No terceiro capítulo da série, o personagem é Alboino Lucena, médico de 27 anos que se divide entre cinco UTIs de Covid no Ceará. No episódio que foi ao ar em 22 de junho, ele relatou, em tempo real, duas noites de plantão na terapia intensiva. “Teve dia em que fiz 15 entubações”, contou. “Algumas pessoas que estão na linha de frente não estão psicologicamente bem. Eu mesmo estou um pouco abalado e com medo”. Seis meses depois, Alboino constata com otimismo que o número de casos graves na região onde atua diminuiu, mas ressalva que a taxa de letalidade da doença, para quem precisa de UTI, segue alta. “Dos cinco pacientes que atendi naquela noite, fizemos de tudo, tudo, mas eles não resistiram”, relembra. E ainda resume que aprendeu em quase um ano de luta: “as grandes coisas estão nos pequenos detalhes. A principal arma contra o coronavírus é água e sabão”.
12/28/202031 minutes, 36 seconds
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Revisitando Vanda no Parque das Tribos

Neste final de ano, O Assunto resgata quatro de seus episódios mais marcantes, protagonizados por brasileiros que tiveram a vida duramente transformada pela pandemia. Da escassez de testes à sobrecarga dos hospitais, da falta de emprego ao luto sem despedida, suas histórias representam as grandes dificuldades do país no enfrentamento do novo coronavírus. Aqui você vai ouvi-los em dois momentos: o do relato original feito a Renata Lo Prete e agora. No segundo capítulo da série, a entrevistada é a técnica de enfermagem Vanda Ortega Witoto, da etnia do mesmo nome, que vive no Parque das Tribos, em Manaus. O episódio com ela foi ao em 3 de junho e teve a participação mais do que especial de Ailton Krenak, escritor e líder indígena, fundador da Aliança dos Povos da Floresta. Já naquela altura, ele nos convidava a uma reflexão mais ampla sobre a pandemia: “a Terra está reagindo à predação que nós temos de alguma maneira colaborado para que aconteça”. Vanda, que coordena os cuidados com os doentes de Covid no parque, contava que ali o número de casos e óbitos superava em muito os registros oficiais e desabafava: “Não temos assistência do Estado. Até na morte nossa identidade é negada”. Seis meses depois, ela relata que a comunidade segue sem socorro oficial até mesmo para cestas básicas, desprovida de uma Unidade Básica de Saúde e às voltas com um drama acentuado pela pandemia: a ausência de trabalho. “Tem famílias inteiras desempregadas", diz.
12/24/202033 minutes, 10 seconds
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A prisão de Crivella e a crise política do Rio

Na última semana de seu turbulento mandato, o prefeito do Rio foi parar na prisão, mas recorreu ao STJ e conseguiu prisão domiciliar com o uso de tornozeleira. Crivella foi preso por envolvimento com o chamado QG da propina, comandado pelo empresário Rafael Alves. A prisão do prefeito coloca o Rio sob comando do vereador Jorge Felippe, presidente da Câmara Municipal. E expõe um Rio de crise política, onde cinco ex-governadores foram presos desde 2016. Neste episódio, Julia Duailibi recebe Berenice Seara, colunista do jornal Extra no Rio. Berenice explica o que é o QG da propina, as acusações contra Crivella e como o prefeito sobreviveu a nove pedidos de impeachment, mas foi pego pelo Ministério Público. Ela relata também a estreita relação entre Crivella e Rafael Alves, fala de um Rio devastado por escândalos políticos e como tudo isso pode afetar a transição para a gestão da prefeitura de Eduardo Paes.
12/23/202026 minutes, 19 seconds
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Revisitando Thiago, que perdeu o pai para Covid

Neste final de ano, O Assunto resgata quatro de seus episódios mais marcantes, protagonizados por brasileiros que tiveram a vida duramente transformada pela pandemia. Da escassez de testes à sobrecarga dos hospitais, da falta de emprego ao luto sem despedida, suas histórias representam as grandes dificuldades do país no enfrentamento do novo coronavírus. Aqui você vai ouvi-los em dois momentos: o do relato original feito a Renata Lo Prete e agora. Quem abre a série é Thiago Ladislau, 33, pequeno comerciante de Paulista, na região metropolitana do Recife. No episódio que foi ao ar em 11 de maio, ele descreveu a via crucis em busca de atendimento para o pai, seu José, 74, que morreu na fila de espera por um leito de UTI. Não houve velório, e a lembrança de Thiago é a do pai “no caixão fechado, na gaveta escrito Covid-19". Decorridos sete meses, ele conta que "a gente vai continuando as nossas vidas, rindo mais, chorando menos, nas lembranças. E é isso, esperança e fé na ciência". E reflete: "Nosso maior desafio é não normalizar a doença”.
12/22/202034 minutes, 40 seconds
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Escolas fechadas, desastre social

No Brasil, as aulas presenciais desapareceram na altura do registro da primeira morte no país pelo novo coronavírus e da declaração de pandemia pela OMS, nove longos meses atrás. Desde então, atividades menos essenciais e mais propensas à aglomeração foram retomadas, mas o ensino segue quase todo remoto - e apenas para quem pode. Quando deveria ser o contrário, diz Priscila Cruz, co-fundadora e presidente do movimento Todos pela Educação: “A escola tem que ser a última a fechar e a primeira a reabrir". Como acontece em muitos países do hemisfério Norte que, mesmo convivendo com medidas rigorosas para contenção da segunda onda, optaram por manter em sala de aula especialmente os alunos mais novos, menos equipados para aprender à distância. Em conversa com Renata Lo Prete, Priscila reconhece que carências básicas da nossa rede pública tornam mais difícil a reabertura com a pandemia ainda em curso, mas afirma que é preciso atacá-las com providências emergenciais e elegendo prioridades: “Garantir primeiro o retorno daqueles que mais precisam. Alunos em situação de vulnerabilidade, de fome, que não têm acessibilidade nem conectividade nenhuma”. Ela compara o estrago a consertar ao de um pós-guerra. No momento em que a rede paulista, de longe a maior do país, anuncia o retorno das aulas presenciais para fevereiro, convém ouvir o que a ciência diz sobre a transmissão do vírus por crianças e o contágio em ambiente escolar. Segundo o médico Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, também entrevistado neste episódio, as respostas são animadoras. Crianças não só adoecem como contaminam pouco. E na escola o contágio não é maior do que em outros lugares. “É injusto colocar na conta da atividade escolar um peso que ela não tem".
12/21/202026 minutes, 39 seconds
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Covid em crianças: alta nas internações

A grande maioria das crianças é assintomática ou desenvolve quadros leves da Covid-19. Algumas poucas precisam de hospitalização e, no geral, mesmo essas se recuperam de forma rápida. De março a outubro, mais de 6.300 pacientes com menos de 10 anos foram hospitalizados no Brasil apresentando quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave decorrente do novo coronavírus. O dado, de levantamento inédito da consultoria em saúde Vital Strategies, representa menos de 1% do total de internações da pandemia, mas desperta um alerta por revelar uma curva ascendente. Uma dessas crianças é Rodrigo, que completa 7 anos neste sábado. "Menino raiz, joga bola, nada, anda de bicicleta, brinca na rua. Não tinha ideia do que era uma internação", descreve o pai, Rodrigo Bernardes, em entrevista a Renata Lo Prete. Rodrigo pai tinha acabado de atravessar mais de dez dias de UTI com Covid quando o menino começou a apresentar sintomas como cansaço, pescoço rígido e fortes dores abdominais. De início, ninguém associou à doença. O quadro piorou bastante até vir o diagnóstico da rara Síndrome Inflamatória Multissistêmica, que ataca uma pequena parcela de crianças que tiveram Covid, muitas vezes de forma completamente assintomática. “A palavra é troca de valores”, diz o pai sobre sobre ver o filho na UTI tão pouco tempo depois de estar na mesma situação. “Não sei de onde tirei força. Se fosse necessário dar a minha vida pela dele, sem dúvida eu teria dado". Participa também do episódio a médica Daniela Carla de Souza, que trabalha nas UTIs pediátricas do Sírio Libanês e do Hospital Universitário da USP. Ela indica em que as famílias precisam prestar atenção e qual é a senha para procurar um médico. "Febre acima de 38 graus, que não cede com antitérmicos, e criança prostrada".
12/18/202023 minutes, 3 seconds
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Contagem regressiva para o fim do auxílio

Criado em abril para socorrer os brasileiros das limitações de circulação e da escassez de trabalho na pandemia, o pagamento emergencial - primeiro de R$ 600, e a partir de setembro de R$ 300 - beneficiou diretamente 68 milhões de pessoas, amortecendo a queda livre da atividade. Para dimensionar o impacto do programa que deixa de existir no próximo 31 de dezembro, o economista Pedro Fernando Nery, um dos convidados deste episódio, faz a seguinte comparação: “o auxílio emergencial transferiu, em nove meses, o mesmo volume de recursos que o Bolsa Família transferiu em dez anos”. Ele teme que o fim dos pagamentos, num contexto econômico ainda muito deprimido e com desemprego elevado, reverta automaticamente a redução de quase 24% da pobreza que o auxílio conseguiu. E, mesmo reconhecendo as restrições fiscais, defende algum tipo de “pouso suave” que prorrogue o benefício, ainda que em valor menor. Participa também o jornalista Valdo Cruz, que relembra como o auxílio nasceu e ganhou sobrevida e as idas e vindas do governo na malsucedida tentativa de criar um novo programa social permanente. Que primeiro ia se chamar Renda Brasil, depois Renda Cidadã e no final, diz Valdo, “vamos entrar em 2021 sem renda nenhuma".
12/17/202025 minutes, 30 seconds
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As encrencas dos filhos de Bolsonaro

01, 02, 03, 04. Respectivamente, Flávio, Carlos, Eduardo e Jair Renan. Todos protagonizaram histórias nebulosas no entorno do governo do pai. A mais explosiva até aqui é a da rachadinha, que tem no centro 01 e acaba de ganhar novo capítulo com a revelação de relatórios que a Agência Brasileira de Inteligência teria produzido para municiar a defesa do senador. Guilherme Amado, jornalista da revista Época que noticiou em primeira mão tanto os relatórios quanto, meses antes, uma reunião no Palácio do Planalto da qual participaram o próprio presidente, o ministro Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), o delegado Alexandre Ramagem (Abin) e duas advogadas de Flávio, é um dos convidados deste episódio. Diante dos esclarecimentos pedidos pela ministra do Supremo Carmen Lúcia e pelo procurador-geral da República, Amado diz: “Tem uma pessoa que resolve todas as dúvidas se falar. Chama-se Flávio Bolsonaro. É só ele dizer de quem recebeu [os relatórios]". 01 ainda não disse nada. Participa também Bruno Brandão, diretor-executivo da Transparência Internacional. Ele tipifica condutas que podem ser associadas ao caso, a depender do que concluir a investigação. De improbidade administrativa e prevaricação até crime de responsabilidade, caso fique caracterizado envolvimento de Bolsonaro em uso de órgãos de Estado em benefício do filho. “É algo que ameaça muito mais do que a luta contra a corrupção. Ameaça o Estado democrático de direito."
12/16/202027 minutes, 36 seconds
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Vacina: como salvar o plano brasileiro

Os EUA começaram a imunizar sua população contra o novo coronavírus nesta segunda-feira, mesmo dia em que o país ultrapassou a marca de 300 mil óbitos. No Brasil, segundo no ranking de óbitos na pandemia, o Ministério da Saúde finalmente entregou um plano ao Supremo - ainda repleto de incógnitas. Em entrevista a Renata Lo Prete neste episódio, Gonzalo Vecina, fundador da Anvisa, ex-secretário nacional de Vigilância Sanitária e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, critica o escopo limitado da proposta, a aposta num único imunizante e o “genocídio" que se desenha com a exclusão de presidiários do grupo prioritário para receber as doses. Para Vecina, os militares que ocuparam o Ministério da Saúde podem entender de logística armada, mas de logística de vacina não entendem nada e deveriam ter a humildade de chamar de volta os técnicos que foram escanteados no governo Bolsonaro. Participa também Cristiana Toscano, infectologista e epidemiologista que integra o Grupo de Trabalhos em Vacinas para a Covid-19 da OMS. Ela explica por que poucos países terão vacinação em massa no curto ou médio prazo e analisa os critérios para priorizar grupos e reduzir os impactos da doença. Cristiana considera “bem razoável" o prazo de dez dias que agora a Anvisa estipula para analisar pedidos de registro.
12/15/202027 minutes, 40 seconds
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Covid à solta nas baladas da pandemia

Alheias ao avanço do contágio em boa parte do país, muitas pessoas - sobretudo jovens - estão desafiando as limitações impostas ao funcionamento de bares e outros estabelecimentos, além de se aglomerar em festas clandestinas. “Mano, tá rolando normal” e “eu não consigo ficar em casa” foram algumas das impressões que O Assunto ouviu conversando com frequentadores da noite na região central de São Paulo. Já a repórter Isabela Leite, da GloboNews, conta a Renata Lo Prete como as festas são organizadas, nos bairros ricos e nas periferias das grandes cidades, abaixo do radar da fiscalização e com grande facilidade. São eventos que chegam a reunir mil pessoas, amontoadas e sem máscara. Cientes do quanto as festas do verão no hemisfério norte contribuíram para o agravamento do quadro na Europa e nos Estados Unidos, especialistas se preocupam particularmente com o risco representado por comemorações de Ano Novo. Participa também do episódio o estatístico e doutor em psicologia Altay de Souza, pesquisador da Unifesp e apresentador do podcast de divulgação científica Naruhodo. Ele diz que a questão do autocontrole (ou falta de) ajuda a explicar o comportamento de quem coloca a si e ao próximo em perigo. “Os jovens são menos aptos a pensar no futuro longínquo do que no prazer imediato”, afirma. “Para eles, é mais difícil associar ação com resultado”. Ele analisa o estímulo das redes sociais e sugere práticas, individuais e coletivas, que podem ajudar na conscientização.
12/14/202024 minutes, 19 seconds
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Vacina no Reino Unido: lições a aprender

Enquanto o Ministério da Saúde demora em fazer o necessário e confunde o público com informações desencontradas, longe daqui alguns brasileiros já receberam a primeira dose da vacina contra a Covid-19. É o caso de Kerlane Jackman, de 41 anos, que vive há oito no Reino Unido e conquistou lugar na fase inicial de imunização por trabalhar como cuidadora de idosos num asilo do sistema público de saúde, o NHS. “Foi um alívio inexplicável”, diz. Na entrevista a Renata Lo Prete, Kerlane conta como se inspirou na mãe, agente de saúde em Manaus, ao escolher a profissão. Relata os anos de estudo até ser admitida no NHS - que nos anos 80 serviu de modelo para a criação do nossos SUS. E as dificuldades para atender a faixa etária mais vulnerável ao novo coronavírus. “Nessa hora, é só o amor mesmo. A gente faz pelo amor de ajudar as pessoas”. Participa também do episódio Rodrigo Carvalho, correspondente da Globo em Londres. Rodrigo explica como o governo britânico conseguiu aprovar a vacina Pfizer-BioNTech e iniciar sua aplicação em menos de uma semana - inaugurando a imunização em países do Ocidente. Fala do papel estratégico da comunicação governamental permanente e uniformizada das informações sobre a pandemia. E destaca também o que as autoridades têm evitado por lá: divulgar cronogramas de vacinação impossíveis de cumprir.
12/11/202027 minutes, 14 seconds
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A queda do ministro do laranjal

Marcelo Álvaro Antônio carrega há mais de ano uma denúncia do Ministério Público pelo protagonismo no esquema de candidaturas de laranjas do PSL em Minas Gerais. Ainda assim, o presidente da República não viu problema em mantê-lo à frente da pasta do Turismo, até que vieram a público, nesta quarta-feira, desabafos dele contra o colega Luiz Eduardo Ramos, coordenador político do governo, num grupo de WhatsApp do primeiro escalão federal. Marcelo qualificou o general da reserva de “traíra”, e o acusou de pagar um preço “nunca antes visto na história” em troca de apoio no Congresso. Essa demissão “pode parecer uma defesa de Ramos”, diz a comentarista da GloboNews Natuza Nery em conversa com Renata Lo Prete. “Mas é a defesa do próprio governo à exposição das vísceras do governo”. Neste episódio, as duas explicam a relação entre a mudança no Turismo e o objetivo maior de Jair Bolsonaro daqui até o início de fevereiro: emplacar o deputado Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara. Nesse contexto, a substituição do demitido por Gilson Machado, atual presidente da Embratur, pode ter prazo de validade. Esse e outros cargos estão na roda para uma eventual reforma ministerial, antes ou logo depois da eleição das Mesas do Congresso.
12/10/202022 minutes, 56 seconds
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O Rio das crianças mortas a bala

Anna Carolina, João Vitor, Luiz Antônio, João Pedro, Douglas Enzo, Kauã Vitor, Rayane, Ítalo Augusto, Maria Alice, Leônidas Augusto. A eles se juntaram, no fim de semana passado, Emilly Victoria e Rebecca Beatriz. Crianças entre 4 e 14 anos, todas negras, que perderam a vida este ano no Estado do Rio de Janeiro. “Balas perdidas que encontram sempre os mesmos corpos”, escreveu a jornalista Flávia Oliveira, da GloboNews e da CBN, uma das entrevistadas deste episódio. Ela resgata histórias de famílias devastadas pela perda de suas crianças - e aponta o racismo como um elemento constitutivo dessa tragédia. O outro é a falta de consequência - dos 12 casos ocorridos desde o início do ano, em apenas um se chegou à autoria do crime. Participa também o sociólogo Daniel Hirata, professor da Universidade Federal Fluminense e pesquisador do Grupo de Estudos de Novos Ilegalismos. Ele explica por que as operações policiais nas comunidades - em tese suspensas durante a pandemia, por decisão do Supremo - estão no centro do problema. E lança um alerta: “A violência que vem dos grupos armados não pode espelhar a atuação das polícias”.
12/9/202024 minutes, 5 seconds
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Maia e Alcolumbre: como fica a sucessão

Depois de três dias de votação via plenário eletrônico, o STF surpreendeu boa parte dos analistas e vetou a possibilidade de recondução dos atuais presidentes da Câmara e do Senado. A maioria do tribunal divergiu do relator da matéria, ministro Gilmar Mendes. E agora? Para entender o significado da decisão do tribunal e explorar suas consequências, Renata Lo Prete recebe neste episódio a jornalista Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor Econômico. Ela começa por explicar o desconforto de vários ministros com a interpretação heterodoxa que se pretendia dar ao artigo 57. “Pode valer tudo contra o presidente Jair Bolsonaro, menos afrontar a Constituição de forma tão aberta”, diz. E sugere que pesou também a repercussão negativa que a perspectiva da manobra gerou. Maria Cristina avalia que, com os atuais titulares fora do jogo, a sucessão nas duas Casas do Congresso “embaralhou bastante” e será jogada até o último instante (a eleição, interna, é no início de fevereiro). Ainda assim, ela examina os principais nomes colocados. “O governo precisa fazer o presidente, principalmente na Câmara”, afirma. Dois motivos principais: as pautas econômicas pós-pandemia e os mais de 50 pedidos de impeachment que dormem nos escaninhos da Casa.
12/8/202025 minutes, 59 seconds
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Epidemia eterna na terra yanomami

Em três meses, o números de casos de Covid-19 deu um salto de 250% na maior reserva indígena do Brasil, que se estende pelos Estados do Amazonas e de Roraima, onde vivem cerca de 27 mil índios das etnia Yanomami e Ye'kwana. Lá o novo coronavírus, combinado à ressurgência da malária, deixa um rastro de mortes bem conhecido do povo, que ao longo de décadas foi dizimado por gripe, sarampo e outras doenças trazidas pelo homem branco. Em especial pelos garimpeiros -na estimativa dos yanomamis, eles são hoje cerca de 20 mil, praticando atividade ilegal no território e contaminando sua população com o novo coronavírus. “O garimpo pra gente é uma doença, que mata a pessoa, que mata o ambiente, que mata os rios”, diz em entrevista a Renata Lo Prete Dario Kopenawa, filho de Davi e vice-presidente da Associação Hutukara, que representa os yanomamis. Dario estabelece a relação entre os períodos de avanço do garimpo e a sucessão de epidemias que foram ceifando a etnia. Ele também explica o trabalho dos xamãs, dos “médicos da floresta”, e do autocuidado para compensar a progressiva omissão do poder público. E relata em detalhes o encontro que teve em julho com o vice-presidente Hamilton Mourão para formalmente dar ciência dos crimes que estão ocorrendo na reserva. Desde então, nada aconteceu para interromper esse processo. Dario fala ainda da destruição da Amazônia: “Se vocês não pararem de desmatar, a Terra vai ser muito brava com vocês”.
12/7/202026 minutes, 21 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES: Efeitos das novas regras nas urnas

Nestas eleições municipais começou a valer a proibição de coligações em cargos proporcionais – neste ano, vereadores. O efeito já foi sentido em 2020, com a redução no número de partidos que elegeram vereadores, especialmente em cidades menores. Mas agora o próximo ponto a observar é 2022, ano em que a nova regra será aplicada à escolha de deputados federais e estaduais. E quando partidos terão uma cláusula de desempenho mais rigorosa a cumprir. Quais siglas estão ameaçadas de extinção? Estamos prestes a ver uma temporada de fusão de partidos? Na Câmara dos Deputados, já há um movimento para derrubar a regra. Qual a chance de este movimento prosperar e o que significaria se isso acontecesse? No décimo episódio da série de O Assunto sobre as eleições municipais de 2020, Renata Lo Prete recebe Silvana Krause e Jairo Nicolau para discutir estas e outras questões. Silvana é professora do programa de pós-graduação em Ciência Política da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Jairo é pesquisador do CPDOC da FGV e especialista em sistemas eleitorais. Juntos, eles analisam os resultados das mudanças. Silvana fala sobre como há um movimento para tentar reverter as regras e como políticos "vão se adaptar e criar alternativas, como a migração". Jairo analisa como o PSD se tornou o grande polo de atração de deputados, e como as siglas se mexem para diminuir a fragmentação: "ter mais partidos significa dividir o pouco tempo de televisão, o fundo eleitoral e o fundo partidário". Este é o último dos dez episódios da série, todos lançados aos sábados.
12/5/202023 minutes, 48 seconds
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Rio de novo em colapso pela Covid

Falta de leitos e UTIs lotadas: a realidade da pandemia se agrava no Estado, e os números mostram alta na média móvel de novos casos. Depois de um breve respiro, com alívio em setembro e outubro, a segunda onda deixa mais de 80% dos leitos de UTIs ocupados; na capital, a taxa já supera os 91% na rede SUS, e está em quase 100% na particular. E o Comitê Científico da prefeitura da capital recomenda: as medidas de isolamento social devem ser endurecidas. Para tratar da situação, neste episódio Renata Lo Prete conversa com a neurologista Carolina Lucas, médica que atende em 4 hospitais no Rio e na região metropolitana, e com Victor Ferreira, repórter da TV Globo. Victor faz a cronologia que relaciona o abandono das regras de distanciamento com o aumento no número de casos, contextualiza a crise diante dos escândalos políticos no Estado e projeta que, nos próximos dias, as autoridades decidirão por um “recrudescimento das medidas”. Carolina faz um duro relato do dia a dia dentro das emergências, onde as UTIs nunca ficam vazias. Ela alerta que "o vírus não escolhe quem vai deixar em estado grave. Qualquer pessoa que contrai a doença pode ficar grave a qualquer momento” e relata como agora há "muito paciente jovem que procura atendimento" com sintomas mais complexos.
12/4/202022 minutes, 28 seconds
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Luz mais cara agora e o que esperar em 2021

O primeiro sinal de que algo não ia bem veio em outubro, quando o governo acionou termoelétricas e autorizou a importação de energia para poupar as hidrelétricas. Principal fonte de nosso sistema, os reservatórios estão com níveis baixíssimos, por causa da falta de chuva. Para tentar poupar as represas, a Agência Nacional de Energia Elétrica autorizou a tarifa vermelha, a mais cara de todas, que eleva a conta de consumidores residenciais e industriais. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe o repórter Bruno Fávaro, da afiliada TV Globo em Curitiba, e Fernando Camargo, economista e especialista em infraestrutura com foco no setor de energia, saneamento e logística. "Faltou água na torneira, a torneira perdeu a função", relata Fávaro, sobre o problema que começou a ser sentido na capital paranaense ainda no fim de 2019. Camargo explica por que, apesar do aumento da demanda, a alta no consumo não justifica tarifas mais elevadas: "no agregado do país como um todo, o consumo de energia está abaixo que o do ano passado. Espera-se que 2020 feche entre 1% e 1,5% abaixo de 2019". E fala ainda sobre como uma possível retomada da economia em 2021 pode agravar ainda mais a situação do setor de energia.
12/3/202024 minutes, 11 seconds
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Quando você será vacinado contra a Covid?

Para termos a resposta há dois passos essenciais: uma vacina eficaz e um plano de vacinação. Por aqui 4 imunizantes estão na fase 3 de testes, o Ministério da Saúde diz que só terá um plano completo quando a Anvisa liberar a vacina. Até agora, o que o governo apresentou é um esboço indicando metas e grupos prioritários, mas sem datas definidas. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe o repórter Fabiano Andrade, da Globo em Brasília, e Carla Domingues, epidemiologista que comandou o Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde entre 2011 e 2019. Carla detalha como a estrutura do PNI favoreceria a aplicação do imunizante logo após sua aprovação: "rapidamente entre 15 e 30 dias você já pode começar a fazer uma campanha de vacinação". Fabiano relata como o governo "deu perdido" após o Tribunal de Contas da União cobrar um plano completo para imunizar a população contra a Covid-19. E fala ainda das pistas dadas pelo Ministério da Saúde sobre qual vacina está na mira do governo para ser aplicada nos brasileiros.
12/3/202021 minutes, 46 seconds
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Pós-eleição, crise econômica e os rumos para 2022

Definido o tabuleiro político depois do pleito municipal, agora partidos e políticos com pretensões na disputa presidencial têm pela frente dois enormes problemas. A pandemia e a reconstrução de uma economia em frangalhos. Neste episódio, Renata Lo Prete entrevista Fernando Schuler, cientista político e professor do Insper. Para ele, a partir de agora a economia é "o grande eleitor". Schuler analisa a situação do presidente Jair Bolsonaro com o fim do auxílio emergencial no horizonte, fala da consolidação das vitórias de partidos de centro-direita e como as urnas mostraram "um cansaço da polarização".
12/1/202025 minutes, 19 seconds
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O saldo do 2º turno e os recados das urnas

Resultados rápidos, reeleições e poucas viradas... Na maioria das cidades em que os eleitores voltaram às urnas, vitórias de partidos do centro foram reforçadas. Enquanto isso, o bolsonarismo e o PT encolheram. Quem ganhou e quem perdeu neste domingo? O que os resultados mandam de recado para o presidente Jair Bolsonaro? E o que a nova conjuntura política já indica para 2022? Com Renata Lo Prete neste episódio, três jornalistas da Globo que cobriram intensamente o domingo de votação e apuração: Nilson Klava, Valdo Cruz e Julia Duailibi. Nilson detalha as taxas de abstenção, Valdo responde como a pandemia pautou este segundo turno e Julia aponta como lideranças de olho na disputa presidencial saem desta eleição municipal.
11/30/202021 minutes, 58 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES: Covid marca reta final

Campanha mais curta, chances de virada, padrinhos políticos de olho na campanha de 2022... Além desses fatores, a disputa do segundo turno foi marcada pelo agravamento da pandemia em muitas capitais. Na maior delas, Guilherme Boulos foi diagnosticado com Covid-19 na antevéspera da eleição, tirando o adversário de Bruno Covas das ruas e do debate nesta reta final. Como tudo isso deve influenciar os resultados? Devemos esperar mais ou menos abstenção neste domingo? No nono episódio da série de O Assunto sobre as eleições municipais de 2020, Renata Lo Prete debate essas e outras questões com o jornalista Fabio Zambeli, analista-chefe do Jota, e o cientista político Jairo Pimentel, pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público, da FGV. Zambelli fala como a pandemia se tornou mais presente: “os números que atestam essa possível segunda onda e o possível adiamento de medidas para o funcionamento do comércio de uma forma geral vieram a tona e estão muito presentes”. Jairo aponta capitais onde há claras chances de virada, algo raro entre um turno e outro. Para ele, o cenário é possível em Manaus, Maceió e Recife. A série tem dez episódios, lançados sempre aos sábados.
11/28/202031 minutes, 21 seconds
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Por que é tão difícil sair da pobreza no Brasil

Qual é a chance de uma pessoa nascida em família pobre conseguir ter o rendimento médio do brasileiro? Quanto tempo isso demora? A resposta: nove gerações. "Demoraria mais ou menos 160 anos", diz Paulo Tafner, economista e pesquisador associado da USP, convidado de Renata Lo Prete neste episódio. Diretor-presidente do recém-lançado Instituto de Mobilidade e Desenvolvimento Social, Tafner detalha o círculo vicioso que mantém brasileiros em situação de pobreza e pobreza extrema nas mesmas condições de seus antepassados. No Brasil, "a história do indivíduo está determinada na barriga da mãe", explica o economista. Tafner detalha ainda quais são as barreiras para que haja mobilidade de classe e compara a situação brasileira com a de outros países.
11/27/202024 minutes, 7 seconds
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Maradona, o mais humano dos deuses

O futebol perdeu na quarta-feira, 25 de novembro, um dos mais geniais jogadores da história: Diego Armando Maradona, aos 60 anos. O argentino que provocou devoção nos gramados e controvérsias fora de campo, tudo sempre movido a muita paixão. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe dois convidados que dão a dimensão da perda: Martín Fernandez e Ariel Palácios. Martín, jornalista esportivo do Grupo Globo, detalha como Maradona se encaixa no panteão do esporte: "Enquanto o Maradona jogou, ninguém jogou mais do que ele, numa era que tinha Zico, Platini e Rummenigge". Fala também da personalidade do craque: "sempre foi difícil de entender, tanto quanto o jogador foi difícil de marcar". Já Ariel Palácios, correspondente em Buenos Aires, descreve as várias facetas de Diego "um complexo quebra-cabeças que gera nos argentinos as mais variadas reações" e relata a relação turbulenta de amor do país com o craque.
11/26/202032 minutes, 2 seconds
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O que o encalhe dos testes de Covid revela

Em junho, o Ministério da Saúde anunciou uma testagem em massa cuja meta era aplicar 24,5 milhões de exames. Novembro chegou e o resultado é totalmente diferente: até agora foram feitos 5 milhões pelo SUS. E outros 7 milhões estão parados em um galpão, mas correm o risco de vencer, enquanto governo federal, Estados e municípios empurram de um para outro a responsabilidade por distribuí-los. O que deu errado na estratégia de testagem – uma das ações consideradas essenciais para mapear e tentar frear a pandemia? Neste episódio, Renata Lo Prete ouve dois convidados: Carolina Moreno, jornalista de dados da TV Globo que desde a chegada do coronavírus no Brasil acompanha as medidas das autoridades e os números da doença; e Márcio Bittencourt, mestre em Saúde Pública e pesquisador do Centro de Pesquisa Clínica e Epidemiológica do Hospital Universitário da USP. Carolina explica onde estão os gargalos e conta como, sem poder fazer teste, um trabalhador de São Paulo que mora com uma pessoa contaminada não consegue ser dispensado e corre o risco de espalhar o vírus. Márcio fala da importância da testagem em larga escala: "É o diagnóstico coletivo. Em uma pandemia, quem está doente é a sociedade". E responde se ainda dá tempo de contornar a situação ou se já é tarde demais.
11/25/202025 minutes, 6 seconds
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Polícia privada e o mercado de segurança

João Alberto Silveira Freitas foi morto por dois seguranças privados de uma empresa terceirizada que atende a uma loja do Carrefour, em Porto Alegre. Uma história terrível, mas não inédita. São muitos os casos de violência por agentes privados de segurança, a serviço de grandes corporações de áreas como mercados e bancos, sobretudo contra cidadãos negros. O que se repete também é a lógica de poucas e brandas punições aos agressores. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Sheila de Carvalho, advogada da Uneafro Brasil, coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e fellow do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, e André Zanetic, cientista político especialista em dados e estatística do programa Fazendo Justiça. André explica a gênese da indústria da segurança privada na ditadura militar, detalha os limites da atuação de policiais no setor e informa os números do mercado de segurança clandestina no Brasil. Sheila analisa a relação entre a violência dos agentes e a raça das vítimas e o impacto destes eventos na imagem e no lucro das empresas. Ela indica o que pode ser feito para que casos como este não se repitam, mas sentencia: "quanto tempo vai levar para termos um próximo Beto, provavelmente, não muito."
11/24/202026 minutes, 39 seconds
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Distanciamento: ainda o que mais salva

Os sinais de que o contágio pelo novo coronavírus voltou a aumentar no Brasil estão por toda parte. Um dos mais evidentes é a crescente reocupação de leitos de UTI em capitais de diversas regiões do país. No momento em que o quadro se agrava e muitos se comportam como se a pandemia tivesse acabado, é urgente lembrar das práticas essenciais de proteção contra o vírus, as únicas disponíveis enquanto a vacina não chega. Por isso, neste episódio Renata Lo Prete conversa com o médico brasileiro Ricardo Parolin, doutorando na Universidade de Oxford e participante do Grupo de Resposta do Imperial College de Londres. De restaurantes a academias, de escolas ao transporte coletivo, ele avalia o grau de exposição em diversos ambientes e conclui: “nossa proteção se baseia em um conjunto de medidas”. Mas elas têm gradação de importância: “A principal é o distanciamento social”, diz. A máscara deve ser associada a ele, “como oportunidade de reduzir ainda mais o risco". Parolin explica por que o distanciamento vem antes de tudo e ensina como fazê-lo de maneira correta no trabalho e nos deslocamentos necessários.
11/23/202020 minutes, 44 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES: centro, centrão ou direita?

A qualificação varia ao gosto do freguês. O fato é que partidos desse campo foram os grandes vencedores do primeiro turno - começando pelas sete capitais em que a disputa se definiu já no último domingo. E podem ampliar o placar no segundo, tanto em número de prefeituras quanto em população governada, já que têm finalistas nas duas maiores cidades do país. Qual é o significado do crescimento de siglas como DEM, Progressistas (antigo PP), PSD e Republicanos, que, com graus variados de adesão, sustentam o governo Bolsonaro no Congresso? Elas terão projeto próprio em 2022 ou tendem a acompanhar o presidente na tentativa de reeleição? No oitavo episódio da série de O Assunto sobre as eleições municipais de 2020, Renata Lo Prete debate essas e outras questões com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo, e o cientista político Christiano Noronha, vice-presidente e sócio da consultoria Arko. A série tem dez episódios, lançados sempre aos sábados.
11/21/202023 minutes, 12 seconds
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O reconhecimento da negritude no Brasil

Mais da metade da população é negra: 57% dos brasileiros se autodeclaram pretos ou pardos. Proporção impulsionada pelos 12 milhões de pessoas que, nos últimos 8 anos, mudaram a forma como se identificam do ponto de vista racial. Trata-se de um fenômeno demográfico e sociológico que acompanha o aumento do acesso da população negra à educação formal e à representação política. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Matheus Gato, professor de sociologia na Unicamp, integrante do Núcleo Afro do Centro Brasileiro de Pesquisa e Planejamento (Cebrap) e autor do livro “O Massacre dos Libertos – sobre raça e república no Brasil”. Ele analisa as motivações para que cada vez mais pessoas se autodeclarem negras. Matheus relaciona o espaço do negro na sociedade brasileira com o episódio da história brasileira que é tema de seu livro - em 1889, centenas de moradores negros de São Luís, no Maranhão, protestaram contra a possibilidade de a recém-proclamada república revogar a abolição da escravatura, assinada um ano antes - e afirma que este movimento é uma forma de buscar “imagens e possibilidades de referencial para as pessoas negras possam se ver e se sentir protagonistas de suas próprias histórias”.
11/20/202018 minutes, 37 seconds
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Os caminhos da madeira ilegal

Ao prometer divulgar uma lista de países que estariam comprando madeira retirada da Amazônia de forma criminosa, o presidente Jair Bolsonaro atraiu a atenção para uma atividade que vem burlando as normas e a fiscalização graças, em boa medida, ao desmonte regulatório promovido pelo próprio governo. Neste episódio, Renata Lo Prete explica e dimensiona o problema em conversas com Beto Veríssimo, engenheiro agrônomo e co-fundador do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) e Maurício Torres, professor do Instituto de Agriculturas Amazônicas da Universidade Federal do Pará. Beto faz um raio-X do negócio da madeira, descreve seu histórico declinante e mostra que o produto ilegal abastece majoritariamente o mercado interno. Ele também avalia a nova tecnologia de rastreamento da Polícia Federal, mencionada por Bolsonaro no mesmo evento em que falou da suposta lista. Maurício relata o passo-a-passo da extração na floresta e os expedientes para dar “verniz de legalidade” à madeira. Para ele, trata-se do “maior antro de trabalho escravo” da Amazônia.
11/19/202025 minutes, 37 seconds
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Peru: onde os presidentes não param em pé

Três presidentes em uma semana: Francisco Sagasti assumiu após a renúncia de Manuel Merino, que entrou no lugar de Martín Vizcarra, tirado do cargo em um processo de impeachment. Este é o novo capítulo da crônica peruana, país que vive uma turbulência política. Mas tudo começou dois anos atrás, com a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com dois convidados: Marina Yzu, peruana que esteve nos protestos, e Nicolás Urrutia, analista sênior para o Peru da consultoria Control Risks. Marina relata o clima de medo nas manifestações: "Não são só duas pessoas que morreram, são duas pessoas que saíram de casa para defender o país e que morreram por uma agressão violentíssima da polícia". Ela ainda detalha o papel das redes sociais e dos jovens nas manifestações e a repercussão da ação violenta da polícia, "abraçada" pela população durante a crise da pandemia e agora supostamente envolvida no estranho caso de desaparecimento de jovens. Nicolás explica a conjuntura política que derrubou Vizcarra, indica o que Sagasti precisa fazer para não ter o mesmo destino de seus antecessores e analisa se ele tem condições de se manter no cargo até as eleições presidenciais marcadas para abril de 2021.
11/18/202023 minutes
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Eleição foi mesmo ruim para Bolsonaro?

A maioria dos candidatos aos quais o presidente deu apoio explícito naufragou nas urnas, inclusive na maior cidade do país. E o principal sobrevivente, Marcelo Crivella (Republicanos), tem pela frente um segundo turno dificílimo no Rio de Janeiro. Sinal de fracasso e de enfraquecimento para 2022? Não necessariamente, pondera o filósofo Marcos Nobre, professor da Unicamp e presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), nesta entrevista a Renata Lo Prete. Ele começa por lembrar que o pleito deste ano não é “sobre” Bolsonaro. Ainda que a desaprovação ao presidente, em alta nas capitais, tenha contribuído para alguns dos resultados do domingo, convém não esquecer que partidos cada vez mais embarcados no governo, como PP e PSD, tiveram salto no número de prefeitos. Para Nobre, o que se desenha é uma reorganização de forças políticas com um núcleo de extrema direita, outro da “direita tradicional” (que agora tem o DEM como principal ator) e um terceiro à esquerda. “Dentro de cada um desses núcleos, a fragmentação aumentou e será preciso negociar mais”, diz. Ele também desenha um mapa de pontos de atenção para o segundo turno.
11/17/202028 minutes, 44 seconds
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O saldo do 1º turno - e para onde olhar no 2º

Adiadas por causa da pandemia, as eleições municipais foram marcadas por uma inédita lentidão na divulgação dos dados oficiais pelo Tribunal Superior Eleitoral. Conforme os resultados foram anunciados, partidos do espectro do centro à direita coletaram vitórias na maioria das capitais brasileiras. Belo Horizonte, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Natal, Palmas e Salvador saem do primeiro turno com prefeitos eleitos. Nos dois maiores colégios eleitorais do país, os atuais prefeitos encaram desafios distintos: no Rio, Marcelo Crivella enfrentará Eduardo Paes; em São Paulo, Bruno Covas está em vantagem, mas vê Guilherme Boulos de perto. Com Renata Lo Prete neste episódio, três jornalistas da Globo que cobriram intensamente o domingo de votação e apuração: Nilson Klava, Valdo Cruz e Julia Duailibi. Klava fala sobre a demora na divulgação dos resultados e do alto índice de abstenção. Valdo, descreve como ficou o cenário para novos candidatos e para os prefeitos que tentaram a reeleição. E Julia analisa como o apoio do presidente Jair Bolsonaro a candidatos a prefeito não vingou e indica para onde é preciso olhar nas disputas de segundo turno.
11/16/202026 minutes, 46 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES – A reta final em São Paulo

Na maior capital do país, com quase 9 milhões de votantes, a disputa nunca é apenas local. Alguns dos principais atores da política brasileira têm candidatos na eleição paulistana - e será inevitável confrontá-los com os resultados. Se o prefeito Bruno Covas (PSDB) confirmar o favoritismo, o impacto nas pretensões do governador João Doria (PSDB) para 2022 estará dado ou não necessariamente? Se Celso Russomanno (Republicanos) nem chegar ao segundo turno, qual será o efeito para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que patrocinou abertamente a terceira aventura do deputado e apresentador na cidade? O que significará para o PT perder o protagonismo da esquerda em seu berço político? Questões como essas, somadas ao eletrizante embate entre Guilherme Boulos (PSOL), Márcio França (PSB) e Russomanno pela vaga de adversário de Covas no segundo turno, amplificam o interesse pelo desfecho do pleito. Para discuti-las, Renata Lo Prete recebe neste episódio dois profundos conhecedores do mapa eleitoral de São Paulo: o jornalista Fabio Zambeli, analista-chefe do Jota, e o cientista político Jairo Pimentel, pesquisador do Centro de Estudos em Política e Economia do Setor Público, da FGV. Fabio explica por que o “bolsonarismo sem Bolsonaro” não funciona. Jairo aponta os números mais recentes para mostrar que a queda na avaliação de Bolsonaro na capital paulista contribuiu para o derretimento de Russomano. Ambos recomendam atenção ao fator pandemia na votação deste domingo, avaliam as chances de Covas liquidar já a fatura e explicam o que está mudando no maior colégio eleitoral do Brasil. A série terá dez episódios, lançados sempre aos sábados.
11/14/202034 minutes, 41 seconds
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Amapá sem luz, Macapá sem eleição

A Covid era a principal ameaça ao pleito municipal neste ano. Adiadas, as eleições vão acontecer em todo o país no próximo domingo. Mas não em Macapá, capital do Estado que convive há dez dias com um apagão que deixou a população também sem água e sem conexão. E enquanto a população agoniza perdendo comida e o mínimo de dignidade, quem está em Brasília age como se o problema estivesse resolvido. Neste episódio, Renata Lo Prete entrevista duas jornalistas: Andrea Jubé, do jornal Valor Econômico em Brasília, e Caroline Magalhães, repórter da rádio CBN em Macapá. Andrea traça o panorama dos interesses políticos no Estado e como esses interesses se cruzam com a disputa pela Prefeitura de Macapá. Caroline relata a indignação de moradores e como o apagão agravou a situação de um Estado que já convivia com a violência e o avanço da pandemia.
11/13/202023 minutes, 38 seconds
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Explosão de Covid-19 nos EUA

São mais de 10 milhões de infectados e 240 mil óbitos no país que é líder no ranking da pandemia. E enquanto o mundo estava à espera do resultado da eleição presidencial, uma nova onda da Covid voltou ainda mais forte do que a primeira. Na terça-feira, veio o recorde de 202 mil novos casos confirmados em 24 horas – isso depois de 7 dias seguidos em que a marca ficou acima de 100 mil. Nos hospitais, outro recorde: são mais de 61 mil internados com a doença. No horizonte, a perspectiva de que a situação piore com a chegada do inverno e das festas de fim de ano. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a epidemiologista Denise Garrett, que trabalhou por duas décadas no Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, o CDC, e Jorge Pontual, correspondente da Globo em Nova York. Denise explica os fatores que levaram os EUA a uma nova situação extrema diante do novo coronavírus e detalha onde o quadro é mais crítico. Pontual fala sobre o período de transição presidencial: em que a gestão Trump erra na resposta à pandemia e Joe Biden promete agir contra a Covid em seu mandato, que começa em 20 de janeiro.
11/12/202023 minutes, 34 seconds
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A briga da vacina e o apagão nos dados da Covid

A Anvisa suspendeu os testes da vacina chinesa CoronaVac no Brasil por causa de um “evento adverso grave”. A decisão foi comemorada como vitória pessoal pelo presidente: “mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. O Instituto Butantan, que coordena os testes, reagiu e informou que a morte de um voluntário não teve qualquer relação com o imunizante. O clima entre as duas entidades pesou. E tudo isso ocorre em meio a um apagão nacional de dados de Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde - pelo menos 14 Estados têm problemas para conseguir transmitir as informações. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o repórter da Globo Álvaro Pereira Júnior e com o doutor em epidemiologia Pedro Hallal, coordenador da maior pesquisa sobre Covid-19 no país e reitor da Universidade Federal de Pelotas. Álvaro relata o passo a passo do caos em torno da vacina e analisa seu uso político pelos governos federal e paulista. Hallal explica o impacto da falta de informações sobre a pandemia para a gestão pública.
11/11/202025 minutes, 3 seconds
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Inflação, um novo velho problema

Boa parte dos brasileiros já sabia: os preços estão em alta. O índice de outubro confirmou inflação de 0,86% - a maior para o mês em duas décadas. E a aceleração pesa mais no bolso de quem tem menos dinheiro, sobretudo por causa do preço dos alimentos - óleo de soja, arroz e tomate lideraram as altas no ano. Neste episódio, Renata Lo Prete entrevista o ex-presidente do BC Affonso Celso Pastore. Economista, o professor explica quais os fatores que puxam a alta dos preços, as consequências na vida real e como as decisões do governo - ou a falta delas – influenciam no índice. Para ele, a alta só é temporária, como sugere o BC, se o governo cumprir o rigor fiscal. Caso contrário, a inflação veio para ficar.
11/10/202026 minutes, 1 second
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EDIÇÃO ESPECIAL: Biden presidente dos EUA

Foram 4 dias de apuração até que a vantagem fosse suficientemente segura para declarar a vitória do candidato democrata. Joe Biden será o 46º presidente americano. Quais as consequências de sua chegada à Casa Branca? E como Donald Trump sai desta disputa? Neste episódio especial de O Assunto, Renata Lo Prete entrevista o ex-embaixador em Washington Rubens Ricupero. Ele analisa o que muda nos EUA, no mundo e para o Brasil com Joe Biden à frente do governo. Detalha o que esperar da relação entre o governo Bolsonaro e o democrata, da relação entre EUA e China e qual a expectativa para a transição de poder diante de um país dividido e das ameaças de Trump. *Em razão deste episódio especial, excepcionalmente antecipamos a publicação do episódio de segunda-feira de O Assunto.
11/8/202027 minutes, 46 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES – A disputa no Rio

Na reta final da corrida pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o cenário está aberto. Eduardo Paes (DEM) parece garantido no segundo turno. Disputam a outra vaga o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e a delegada Martha Rocha (PDT), com chances também para Benedita da Silva (PT). A briga é para comandar uma capital com sérios problemas de orçamento, e que administrou mal a crise da Covid-19. No sexto episódio da série de O Assunto sobre as eleições municipais de 2020, Renata Lo Prete recebe Alessandro Janoni, diretor de pesquisas do Instituto Datafolha, e Octavio Guedes, comentarista da GloboNews. Janoni disseca os números das últimas pesquisas no Rio, aponta a direção dos votos evangélicos, dos femininos e dos eleitores acima de 45 anos e sugere as perspectivas mais prováveis para o dia 15 de novembro. Octavio analisa o desempenho de Paes e Crivella e as escolhas da esquerda, explica o impacto da pandemia na disputa e recomenda muita atenção a uma tradição eleitoral carioca: o voto útil.
11/7/202026 minutes, 13 seconds
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Apagão no Amapá, sem luz e água na pandemia

O problema começou na noite da terça-feira, quando uma tempestade atingiu o estado. Mais de 760 mil pessoas ficaram sem energia elétrica, conexão à internet e água - em algumas cidades o apagão já dura 3 dias. Nas ruas, fila para conseguir comprar água potável, abastecer o carro e até gente lavando louça na sarjeta. Nos hospitais, cirurgias interrompidas e a crise da Covid-19 agravada. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista Arilson Freires, repórter da Rede Amazônica, e ouve o relato do médico Alieksei Mello, que atua no Hospital de Emergências Osvaldo Cruz de Macapá. Alieksei narra o cenário assustador com o qual se deparou na noite da terça-feira, depois que saiu do hospital. Arilson descreve a reação da população, o que dizem as autoridades e como o apagão agrava a situação do estado, que nas últimas semanas viu a crise da Covid voltar a piorar.
11/6/202015 minutes, 53 seconds
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Eleição nos EUA: retrato de um país dividido

Biden ou Trump, quem vencer terá sido eleito – ou reeleito – por uma margem apertada de votos. A chamada onda azul não veio, o resultado oficial pode demorar e a judicialização está dada: principalmente depois das declarações de Trump contestando resultados e pedindo que a apuração seja suspensa em 3 estados. No Colégio Eleitoral, o democrata está perto de atingir a marca de 270 delegados. Neste episódio, Renata Lo Prete entrevista Hussein Kalout, pesquisador na Universidade de Harvard. Ele aponta se é correto dizer que os EUA estão mais divididos do que nunca, fala como a composição do Senado e da Câmara pode afetar um possível governo Biden ou Trump e explica o que esperar da briga judicial prometida até o final da apuração dos votos.
11/5/202020 minutes, 17 seconds
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Terrorismo na Europa da pandemia

O ataque no centro de Viena, capital da Áustria, deixou 4 mortos – além do atirador –, e foi reivindicado pelo Estado Islâmico. Dias antes, um atentado conduzido por um jihadista fez outras 3 vítimas na Basílica de Notre Dame em Nice, na França. E houve ainda o assassinato, num subúrbio de Paris, do professor de história que mostrou aos alunos uma caricatura de Maomé. O terror, que havia refluído na Europa depois de causar centenas de mortes entre 2012 e 2017, volta à cena no exato momento em que o continente se recolhe em novos lockdowns, na tentativa de conter a ressurgência da Covid-19. Neste episódio, Renata Lo Prete ouve a jornalista brasileira Amanda Previdelli, que fala direto de Viena e narra o estado de choque de uma capital pacata, com jeito de cidade de interior. Participa também o sociólogo Demétrio Magnoli, que explica as semelhanças e diferenças entre os recentes ataques na Europa e detalha ainda a atuação do Estado Islâmico no Afeganistão, onde outro atentado deixou dezenas de mortos nesta semana.
11/4/202024 minutes, 5 seconds
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Dia D nos EUA: para onde olhar na apuração

Em um cenário de polarização extrema, há apenas um consenso na linha de chegada da campanha de 2020 pela Casa Branca: esta é a eleição mais importante de todas, porque vai ditar rumos completamente diferentes, para os Estados Unidos e para o mundo, a depender do vencedor da jornada que se encerra nesta 3ª feira, 3 de novembro. O volume de votação antecipada aponta para um recorde de comparecimento -num país em que o voto não é obrigatório. E também para a possibilidade de uma apuração mais demorada. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Maurício Moura, professor visitante na Universidade George Washington e fundador do instituto de pesquisas Ideia Big Data. Com base na análise da situação nos Estados-chave, ele desenha diferentes caminhos pelos quais o democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump podem conquistar 270 delegados no Colégio Eleitoral e assim vencer a disputa. Avalia também as chances de os republicanos perderem a maioria no Senado. E trata ainda de duas variáveis importantes a monitorar: a judicialização do processo e distúrbios sociais associados à votação.
11/3/202025 minutes, 49 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES: invisíveis na política

Mulheres e negros são maioria na população brasileira, mas nos mandatos eletivos predominam homens brancos. Desde o pleito de 2018, 30% dos recursos do Fundo Eleitoral devem ser destinados a candidaturas femininas. E, a partir deste ano, a distribuição do dinheiro terá que respeitar a proporção de candidatos negros e brancos. No quinto episódio da série de O Assunto sobre as eleições municipais de 2020, Renata Lo Prete recebe as advogadas Roberta Eugênio e Gabriela Araújo para debater a subrepresentação de mulheres e negros no Executivo e no Legislativo. Uma barreira que começa pela dificuldade de financiamento dessas candidaturas -justamente o ponto que as medidas procuram atacar. Mas elas funcionam? Como evitar que se prestem a fraudes? O que é prioritário fazer para que a representação política espelhe a composição da sociedade? Roberta, que prestou assessoria parlamentar à vereadora Marielle Franco, é pesquisadora associada do Instituto Alzira. Gabriela, integrante da comissão de direito eleitoral da OAB-SP, é uma das coordenadoras do observatório de candidaturas femininas da Ordem. A série terá dez episódios, lançados sempre aos sábados.
10/31/202024 minutes, 37 seconds
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Por que o SUS é essencial

Drauzio Varella vocalizou o diagnóstico antes mesmo da pandemia: "Sem o SUS é a barbárie. O SUS faz parte do processo civilizatório". O oncologista e escritor é ouvido por Renata Lo Prete neste episódio, no qual relembra como era praticar a medicina antes da criação do Sistema Único de Saúde, na esteira da Constituição de 1988. Do atendimento primário a procedimentos de alta complexidade, ele detalha o funcionamento e a importância do SUS, alertando também para o imperativo de mantê-lo a salvo de disputas políticas e orçamentárias. Participa também Rudi Rocha, professor da FGV e coordenador de pesquisa do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde. Ele analisa o natimorto decreto do governo federal que pretendia entregar à iniciativa privada parte da operação das Unidades Básicas de Saúde - porta de entrada do SUS. Fala ainda da curva declinante do gasto da União com o sistema - movimento que sobrecarrega Estados e municípios. E indica quais devem ser as prioridades de investimento nessa área.
10/30/202027 minutes, 36 seconds
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Vacina obrigatória, sim ou não?

Enquanto autoridades falam e prometem muito, a população espera para ser imunizada contra um vírus que já contaminou 44 milhões de pessoas e matou mais de 1,1 milhão no mundo. Mas faz sentido debater vacinação compulsória? E, aliás, o que quer dizer vacina obrigatória? O debate em torno da questão existe ou está fora de lugar? Para responder estas e outras perguntas, Renata Lo Prete ouve Gonzalo Vecina e Daniel Wang. Fundador da Anvisa, ex-secretário Nacional de Vigilância Sanitária e professor de Saúde Pública da USP, Vecina responde sobre a obrigatoriedade para adultos e fala o que o governo deveria estar fazendo agora, no lugar de discutir esta questão. Wang, professor de Direito da FGV de São Paulo e membro do Comitê de Bioética do Hospital Sírio-Libanês, explica o que diz a lei e até que ponto obrigar alguém a se vacinar viola os direitos individuais.
10/29/202024 minutes, 44 seconds
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Covid em alta assombra o Hemisfério Norte

Era fim de inverno quando o novo coronavírus fez da Europa epicentro da pandemia. No verão veio a sensação de que o pior havia ficado para trás. Agora, com a chegada de dias mais frios, o número de novos casos cresce ainda mais rápido que antes – e países como França, Reino Unido, Espanha, Itália e Alemanha voltam a endurecer as regras de confinamento e distanciamento social. Mas não é só lá... Os EUA também batem recorde diário de notificações da doença. Neste episódio, Renata Lo Prete ouve dois correspondentes: Bianca Rothier e Ismar Madeira. Da Suíça, Bianca relata o que governos têm feito para evitar o avanço da doença, num cenário em que a população já está cansada de medidas de restrição e onde há temor de que novos lockdowns afetem ainda mais uma economia já abalada. Dos EUA, Ismar cita os Estados onde a situação é mais crítica, fala de como o sistema de saúde já dá sinais de esgotamento e como tudo isso se desenrola na última semana antes da eleição presidencial.
10/28/202023 minutes, 41 seconds
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O plebiscito e o futuro do Chile

No domingo, 78% dos eleitores chilenos que compareceram às urnas votaram a favor de enterrar a atual Constituição - herança da ditadura comandada pelo general Augusto Pinochet entre 1973 e 1990. O plebiscito, que decidiu também pela formação de uma Assembleia Constituinte com equidade de gênero e representação de povos tradicionais, foi a saída aceita pelo presidente Sebastián Piñera diante da onda de protestos que tomou as principais cidades do Chile em 2019. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe dois convidados: a correspondente da Globonews em Santiago, Camilla Viegas, e o doutor em história política e professor da Universidade Católica de Petrópolis, Leandro Gavião. Camilla relembra a cronologia das manifestações e conta o que viu in loco nas zonas eleitorais da capital. Leandro relata as contradições da Carta, e seu fundamento ultra-liberal, e explica quem ganha e quem perde diante do resultado pró-reforma.
10/27/202023 minutes, 33 seconds
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Argentina: Covid fora de controle

O país vizinho não pode ser acusado de ter subestimado a ameaça representada pelo novo coronavírus. Na largada da pandemia, quando contabilizava três mortos, fechou fronteiras e partiu para uma das quarentenas mais rigorosas e longas do mundo. E por seis meses conseguiu, de fato, segurar a evolução de casos e de óbitos em níveis muito mais baixos do que outros da região. Até que, em setembro, o vírus rompeu a barreira da região de Buenos Aires, espalhando-se pelo interior. Em outubro, a Argentina virou um ponto crítico no quadro global. Neste episódio, Renata Lo Prete ouve o relato do médico intensivista brasileiro Clóvis de Almeida, que mora há 20 anos no país e atende pacientes de covid em uma clínica privada na província de Neuquén, região da Patagônia. Ele narra a rotina extenuante de plantões - que o leva a perder a noção dos dias -, a falta de leitos para os doentes e o cansaço da população diante de tantos sacrifícios. Participa também Ariel Palácios, correspondente da GloboNews em Buenos Aires. Ele detalha as medidas adotadas pelo governo de Alberto Fernández e explica a combinação perversa da pandemia com o aprofundamento da crise econômica.
10/26/202023 minutes, 35 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES: redes sociais e desinformação

Na campanha de 2018, notícias falsas e outros expedientes fraudulentos inundaram as redes. Dois anos e muita discussão depois, chegamos às eleições municipais com novas regras, adotadas pelo TSE na tentativa de amenizar o problema. Elas se somam a algumas iniciativas tomadas, sob pressão, pelas próprias plataformas. Mas qual será o peso das redes em uma campanha curta, limitada pela pandemia e pautada mais por questões locais do que por guerra ideológica? E as medidas anunciadas: serão capazes de civilizar a disputa no ambiente virtual ou se trata, no melhor cenário, de enxugar gelo? No quarto episódio da série especial de O Assunto sobre o pleito municipal, Renata Lo Prete debate estas e outras questões com Thiago Rondon e Pablo Ortellado. Thiago, programador, está à frente da Coordenação Digital de Combate à Desinformação do TSE. Pablo, doutor em filosofia, é professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da USP. A série terá dez episódios, lançados sempre aos sábados.
10/24/202025 minutes, 45 seconds
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EUA x Google, duelo de gigantes

A empresa que virou sinônimo de busca na internet, carro-chefe da quarta holding do mundo em valor de mercado, está na mira da Justiça americana. Naquela que promete ser a maior ação antitruste em décadas, o governo acusa o Google de práticas ilegais, que teriam por objetivo manter sua liderança absoluta como ferramenta de pesquisa e veículo de anúncios na internet. Neste episódio, a jornalista da Globo em Nova York Candice Carvalho resume o contencioso, antecipa os próximos passos e avalia as perspectivas nos tribunais. Renata Lo Prete entrevista também o professor da UERJ Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro. Ele explica as características de um processo antitruste, compara o caso do Google ao da Microsoft, ocorrido no final da década de 90, e aponta possíveis desfechos e consequências.
10/23/202023 minutes, 7 seconds
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Vacina: avanços, dúvidas e disputa política

Nada no mundo é tão aguardado hoje quanto a imunização contra o Sars-CoV-2. O desenrolar dos testes clínicos é sujeito a fatalidades - como a morte do voluntário brasileiro que recebia placebo no experimento com o produto de Oxford - e imprevistos, o que leva a maioria dos cientistas a situar o início da vacinação em larga escala no segundo semestre de 2021. Ao passo que governantes - interessados em se autopromover e detonar adversários - acenam com datas bem mais próximas, até neste ano. O descompasso entre a ciência e a política, enquanto a população enfrenta as aflições da pandemia, é abordado nas duas entrevistas deste episódio, com o biólogo Gustavo Cabral e o jornalista da TV Globo Álvaro Pereira Jr. Cabral, doutor em imunologia e pesquisador da Fapesp/USP, esclarece o grau de eficácia que podemos esperar da primeira vacina e quem dará a palavra final sobre sua liberação. Álvaro desfaz mitos e ilusões dessa discussão, além de alertar para a necessidade de combater não apenas o vírus, mas também a desinformação.
10/22/202026 minutes, 38 seconds
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Eleição nos EUA: votação antecipada recorde

A duas semanas do 3 de novembro, mais de 30 milhões de americanos já votaram. Boa parte pelo correio, mas há também, em vários Estados, longas filas para voto presencial. O que esse comparecimento recorde diz sobre a reta final da disputa entre Donald Trump e Joe Biden? Para responder a esta e outras perguntas, Renata Lo Prete conversa com Guga Chacra, comentarista da Globo em Nova York, que explica como funciona a votação antecipada e o peso maior de alguns Estados na definição do resultado. Participa também Oliver Stuenkel, professor da FGV. Ele analisa os riscos de intimidação de eleitores, demora na apuração e judicialização do processo.
10/21/202025 minutes, 18 seconds
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Caso Robinho e violência contra mulher

Uma pessoa foi estuprada a cada 8 minutos no Brasil em 2019 – 86% das vítimas eram mulheres e mais da metade delas tinha até 13 anos. Somada a esses números está uma cultura de normatização de abusos e agressões. As transcrições do caso que envolve o jogador Robinho – e as posteriores declarações dele sobre as acusações - revelam também que em muitos casos o abusador não considera estar cometendo um crime. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe Ana Paula Araújo e Lucas Ferraz. Ele, jornalista que primeiro divulgou as transcrições que serviram como base para a condenação do jogador na Itália. Ela, autora do livro "Abuso: a cultura do estupro no Brasil". Ana Paula Araújo explica o que o caso Robinho tem em comum com milhares de outros. Lucas relembra as reações à condenação na Itália e relata uma conversa que teve com a vítima.
10/20/202020 minutes, 58 seconds
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Dinheiro na cueca na Brasília do acordão

Foi em 2005 que veio à tona uma modalidade inusitada de ocultação de dinheiro suspeito: guardá-lo na cueca. Desde então, teve dinheiro na Bíblia, no armário, em malas guardadas num apartamento usado como "bunker"... Na semana passada, o senador Chico Rodrigues, do DEM – então vice-líder do governo – foi flagrado com R$ 33 mil nessa peça de roupa. Neste episódio, Renata Lo Prete e Natuza Nery comparam as Brasílias e os Brasis de 2005 e 2020, falam das reações ao afastamento do senador, como o presidente Jair Bolsonaro tenta se manter longe do escândalo e quais são as perspectivas para o parlamentar no Senado e no Supremo.
10/19/202028 minutes, 34 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES: violência na política

A quatro semanas do primeiro turno, o Brasil contabiliza mais de 70 assassinatos de políticos em 2020. Atentados contra candidatos e detentores de mandato são a manifestação mais explícita da violência que contamina o processo eleitoral. E, segundo levantamento da PF, em 18 Estados há risco de interferência de milícias e outros grupos criminosos na campanha. No terceiro episódio da série especial de O Assunto sobre o pleito municipal, Renata Lo Prete conversa com Pablo Nunes, coordenador-adjunto do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, que desde janeiro mapeia esses ataques. E com Bruno Paes Manso, jornalista, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, que em livro recém-lançado retrata a ascensão das milícias. Juntos, eles analisam casos recentes e o marco representado pelo assassinato, em 2018, da vereadora Marielle Franco - do qual até hoje não foram apontados os mandantes, a despeito da enorme repercussão. Pablo e Bruno também exploram as origens da relação entre poder e violência no país. A série terá dez episódios, lançados sempre aos sábados.
10/17/202026 minutes, 25 seconds
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Evasão escolar, doença crônica agravada na pandemia

No Brasil, dos quase 50 milhões de jovens entre 14 e 29 anos, mais de 20% não completaram alguma das etapas da educação básica. Entre 15 e 17 anos, 30% não estão matriculados no ensino médio. O abandono escolar é realidade, sobretudo para os mais pobres e para a população negra. E especialistas avaliam que a situação deve piorar, e muito, com a paralisação das aulas presenciais imposta pela Covid-19. Como remédio paliativo, o Conselho Nacional de Educação recomendou a junção dos anos letivos 2020/2021 e a aprovação automática universal. O que mais pode ser feito? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Ítalo Dutra, chefe da área de Educação do Unicef, para responder a essa pergunta. Ele destrincha os detalhes do quadro histórico da evasão escolar brasileira, explica por que a pandemia compromete tanto a continuidade dos estudos, lista quais são os grupos mais vulneráveis a esta situação e aponta medidas que podem mitigar o problema.
10/16/202020 minutes, 53 seconds
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Boi bombeiro: ele pode ajudar o Pantanal?

Cobrado pela devastação dos incêndios no Centro-Oeste, o governo resolveu introduzir um novo personagem na história. Primeiro foi a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que em uma audiência com senadores disse que, se houvesse mais gado na região, o fogo não teria avançado tanto. A declaração foi reproduzida -com dose maior de fantasia- pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Enquanto isso, segue a destruição: o número de focos de calor é o maior desde 1998, e mais de um quarto do bioma já foi consumido. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa Sandra Santos, pesquisadora da Embrapa, que explica o papel da alimentação do gado pantaneiro na prevenção dos incêndios. E mostra como a seca extrema deste ano impediu que isso acontecesse. Participa também Geraldo Alves Damasceno, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e doutor em Biologia Vegetal. Ele desmonta a ideia de que um rebanho maior teria resolvido o problema e aponta soluções de manejo para tentar salvar a maior planície alagada do mundo.
10/15/202019 minutes, 15 seconds
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André do Rap solto e a confusão no STF

Marco Aurélio Mello atendeu ao pedido da defesa de André do Rap e libertou o traficante preso há cerca de um ano – que, agora, está foragido e integra a lista de procurados da Interpol. Mas no dia seguinte, o presidente da Corte, Luiz Fux, anulou a sentença de Marco Aurélio. A decisão, agora, será votada em plenário. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com dois convidados para esclarecer a confusão instaurada no STF: a advogada criminalista Dora Cavalcanti, conselheira do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), e o professor e pesquisador da FGV Direito Thiago Bottino, autor de uma pesquisa sobre habeas corpus em tribunais superiores. Thiago esclarece o que mudou na lei após o pacote anticrime e analisa a tendência da Corte para decisões monocráticas. Dora explica o processo legal dos pedidos de soltura e justifica porque o Artigo 316, usado na decisão de Marco Aurélio, é importante para evitar prisões injustas.
10/14/202028 minutes, 28 seconds
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Como medidas anti-Covid frearam mortes por gripe

Máscaras, distanciamento social, higiene das mãos... As principais medidas de prevenção ao novo coronavírus se mostraram eficazes contra a disseminação de outros vírus que provocam doenças respiratórias. Dados do Ministério da Saúde mostram que o país registrou cerca de 300 óbitos pela gripe A (H1N1) até o meio de setembro – no ano passado foram mais de 1.100. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Marcelo Gomes, coordenador do Infogripe, da FioCruz, e Marilda Siqueira, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz. Marcelo relembra como o cenário da gripe no início do ano desenhava um surto preocupante de H1N1 e dimensiona a queda da incidência da doença. Marilda detalha como as medidas contra a Covid-19 ajudaram a frear outras doenças e responde por que, apesar dos dados positivos de gripe, elas não foram suficientes para deter a pandemia no Brasil.
10/13/202024 minutes, 22 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES: PMs e militares nas urnas

O número de candidatos oriundos das forças de segurança pública é o maior em 16 anos, e há cidades importantes, como Fortaleza, em que um deles lidera as intenções de voto para prefeito. São mais de 6.700 em todo o país -entre policiais militares, bombeiros, delegados e quadros saídos das Forças Armadas- aumento de 12,5% no comparativo com o pleito de 2016. Na esteira da eleição de Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército, a participação que mais cresceu foi a dos militares. No segundo episódio de uma série especial de O Assunto sobre as eleições de 2020, Renata Lo Prete conversa com Fábia Berlatto, professora do curso de especialização em Sociologia Política da Universidade Federal do Paraná, e com Inácio Aguiar, editor de Política do Sistema Verdes Mares, emissora afiliada da Globo no Ceará. Juntos, eles analisam as origens desse fenômeno e de que maneira greves como a da polícia de Fortaleza, no início deste ano, impulsionam candidatura. A série terá dez episódios, lançados sempre aos sábados.
10/10/202022 minutes, 58 seconds
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O ensino a distância no pós-pandemia

O MEC aprovou nesta semana a possibilidade de aulas não-presenciais até o fim de 2021, além de autorizar a junção de dois anos letivos - o atual e o próximo. A aprovação veio sete meses depois de as escolas de todo o país fecharem por causa da pandemia – e justamente no momento em que muitas capitais retomam as atividades presenciais. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com dois convidados: Claudia Costin e Luciano Meira. Claudia, diretora do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV, pontua erros e acertos e avalia as perdas para os alunos brasileiros nesses meses em que as aulas aconteceram apenas de maneira remota. Luciano, professor da Universidade Federal de Pernambuco e coordenador de Ciência e Inovação da Joy Street, responde se as aulas tradicionais estão ultrapassadas e se há espaço para falar em inovação em um país onde há predomínio de desigualdades, falta de infraestrutura e professores desvalorizados.
10/9/202024 minutes, 1 second
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Calor extremo: por que dias tão quentes?

43,5 no interior de São Paulo, 44 em Cuiabá... Recordes foram registrados em várias regiões do Brasil nas últimas semanas. Na tarde em que o Estado de São Paulo teve a maior temperatura da sua história, Renata Lo Prete ligou para Anne Lottermann, que apresenta a previsão do tempo no Jornal Nacional. Anne conta quais são as perguntas que mais ouve em dias de calorão. Na sequência, Renata entrevista o físico Paulo Artaxo, professor da USP, integrante do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU. Artaxo explica como o aumento das temperaturas vai além da previsão do tempo, como ele está relacionado às mudanças climáticas e os efeitos de tanto calor no nosso organismo e no ecossistema. Ele fala também sobre como temperaturas extremas serão cada vez mais frequentes e relembra países onde as ondas de calor provocaram dezenas de mortes.
10/8/202026 minutes, 5 seconds
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O acordão de Bolsonaro

Entre abril e junho, o presidente da República afrontou o Supremo mais de uma vez. Agora, praticamente desembargou com ministros do tribunal sua indicação para a cadeira que se abrirá com a aposentadoria de Celso de Mello. Antes, Bolsonaro estimulava sua base nos ataques ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Nesta semana, estimulou armistício entre o deputado e o ministro da economia, Paulo Guedes. Em conversa Maria Cristina Fernandes, colunista do jornal Valor Econômico, Renata Lo Prete analisa esses e outros exemplos da temporada de composição em curso em Brasília. Dos inquéritos que rondam Bolsonaro e família ao imperativo político de viabilizar um programa que preencha o vácuo do auxílio emergencial, Maria Cristina explica os motivos que levam Bolsonaro a mudar de figurino e tentar se apresentar como “presidente do sistema”.
10/7/202027 minutes, 6 seconds
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Trump com Covid e o futuro da eleição nos EUA

Depois de 3 noites no hospital, o presidente dos EUA voltou para a Casa Branca. Seu real estado de saúde levanta dúvidas: por que ele foi medicado com substâncias usadas, em geral, em casos críticos? E o que esperar da campanha, com a reviravolta em torno da saúde do candidato a um mês da data da eleição? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Luis Fernando Silva Pinto, correspondente da Globo em Washington há mais de 3 décadas, e com Mathias Alencastro, doutor em Ciência Política. Luis Fernando conta o que se sabe e as dúvidas sobre o estado de Trump. E Alencastro analisa o que acontece agora com a campanha do candidato à reeleição e a de seu opositor democrata, Joe Biden.
10/6/202025 minutes
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PIX: o que muda para você, bancos e maquininhas

Nesta segunda-feira, 5 de outubro, instituições financeiras começam a cadastrar as "chaves PIX", em preparação para o novo sistema de pagamento e transferência de dinheiro, disponível para os brasileiros a partir de 16 de novembro. Mais rápido (transações efetuadas em até dez segundos, a qualquer hora e dia da semana), gratuito para pessoas físicas e, de acordo com o Banco Central, também mais seguro. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Juliana Rosa, jornalista da GloboNews especializada na cobertura econômica. Ela explica como se cadastrar e que cuidados tomar ao aderir à nova modalidade de transferência de valores. Participa também Antônio Cerqueiro, sócio de uma consultoria que realizou estudo sobre o PIX. Ele conta como foi a implantação em outros países e avalia o impacto sobre os atuais DOC e TED.
10/5/202019 minutes, 44 seconds
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ESPECIAL ELEIÇÕES: reeleição na pandemia

A taxa de sucesso de prefeitos que buscam o segundo mandato vem caindo com o tempo. Este ano, porém, a pandemia produziu uma combinação de fatores que pode reverter essa escrita. Campanha mais curta e quase inteiramente remota tende a atrapalhar adversários menos conhecidos do que quem disputa no cargo. E o auxílio emergencial não melhorou a popularidade apenas do presidente Jair Bolsonaro - várias capitais introduziram programas inspirados na ajuda federal. Neste primeiro episódio de uma série especial sobre as eleições de 2020, Renata Lo Prete debate a perspectiva de reeleição dos atuais prefeitos com George Avelino, coordenador do Centro de Política e Economia do Setor Público da FGV, e Murilo Hidalgo, diretor do instituto Paraná Pesquisas. A série terá dez episódios, lançados sempre aos sábados.
10/3/202021 minutes, 26 seconds
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Brumadinho, Mariana e a nova lei de barragens

Na quinta-feira o presidente Jair Bolsonaro sancionou uma lei que dá até fevereiro de 2022 para as mineradoras eliminarem de vez barragens como as que se romperam em Minas Gerais, matando quase 300 pessoas. Por outro lado, o governo prevê corte no orçamento da Agência Nacional de Mineração, justamente o órgão responsável pela fiscalização das mais de 800 barragens que existem no país. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Thais Pimentel, repórter do G1 Minas Gerais que acompanhou de perto as duas tragédias e o sucateamento do sistema de fiscalização. Participa também Bruno Milanez, doutor em política ambiental e professor do Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora. Milanez dimensiona o tamanho do risco das barragens em atividade e os principais problemas para fazer cumprir a lei.
10/2/202023 minutes, 7 seconds
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Trump x Biden: o que esperar na reta final

A pouco mais de um mês da eleição de 3 de novembro, como estão as perspectivas do presidente republicano e de seu adversário democrata? E o que o caótico primeiro debate entre os dois revela sobre a natureza da campanha? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Guga Chacra, jornalista da Globo em Nova York. A partir do desempenho de cada um dos candidatos, Guga projeta os cenários possíveis para as próximas três semanas e além - dada a ameaça de Trump de contestar na Justiça sua eventual derrota. Participa também Christopher Garman, diretor-executivo da consultoria Eurasia. Ele avalia as chances de cada um e o quanto o resultado pode demorar para sair, num ano em que haverá crescimento expressivo do voto pelo correio.
10/1/202024 minutes, 46 seconds
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Contabilidade criativa: o governo vai usar?

A utilização de recursos do Fundeb e a moratória de precatórios são as mais recentes opções apresentadas para bancar um novo projeto de programa social. A proposta, apresentada pelo líder do governo no Congresso, pegou mal: a Bolsa despencou, e o dólar subiu. Tudo isso porque o mercado financeiro e os economistas entendem que essa manobra traz de volta termos como "calote" e "pedalada fiscal". Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o economista Felipe Salto, diretor executivo da Instituição Fiscal Independente, que explica o que é “contabilidade criativa” e por que a solução apresentada vai contra a responsabilidade fiscal. Ele ainda analisa as dificuldades e os possíveis caminhos para manter o Orçamento dentro do teto. Participa também o repórter do jornal Valor Econômico Fabio Graner, que acompanha desde o início a saga de Bolsonaro por um Bolsa Família para chamar de seu. Fabio relata os bastidores da formulação da proposta.
9/30/202025 minutes, 57 seconds
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Suprema Corte e STF: mudanças nos EUA e aqui

As cortes constitucionais dos dois países estão passando por renovação. No caso brasileiro, o decano Celso de Mello está prestes a se aposentar. Lá, a morte da liberal Ruth Bader Ginsburg abriu caminho para Donald Trump indicar a ultraconservadora Amy Coney Barrett – semanas antes da eleição presidencial. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Thiago Amparo, professor da FGV e autor de uma tese de doutorado sobre movimentos conservadores no Judiciário dos EUA e do Brasil. Ele explica as consequências da consolidação do conservadorismo na Suprema Corte americana e detalha o que os perfis contemplados por Trump e Bolsonaro revelam sobre seus movimentos políticos. Participa também o repórter da Globo em Brasília Márcio Falcão, que relembra quem são os cotados no momento para substituir Celso de Mello e quais os temas que estão na agenda do STF e são de interesse do presidente.
9/29/202028 minutes, 27 seconds
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Homo e transfobia: por que a lei não pega

Em junho do ano passado, o Supremo equiparou comportamentos homofóbicos e transfóbicos ao crime de racismo. Esperava-se que a decisão da mais alta corte do país alterasse o quadro de preconceito e violência, ou, no mínimo, que fizesse crescer de forma significativa o número de denúncias. Mas o repórter Fabio Turci, um dos convidados deste episódio, mostra que, na prática, pouca coisa mudou. E o mau exemplo às vezes vem das autoridades, como demonstrou na semana passada o ministro da Educação Milton Ribeiro -que, em entrevista, definiu o “homossexualismo” (sic) como “opção” e fruto de “famílias desajustadas”. O episódio traz ainda depoimento de Felipe Alves, 26, alvo de homofobia no próprio condomínio onde vive, e entrevista com Symmy Larrat, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT). Symmy explica as dificuldades para fazer valer direitos estabelecidos, o despreparo das instituições para lidar com o problema e o que de mais urgente precisa ser feito.
9/28/202025 minutes, 52 seconds
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Governadores na mira do impeachment

Prevista na Constituição como dispositivo a ser usado em caráter excepcional, a retirada de governantes do cargo por decisão do Congresso marcou a história recente do país. Desde a redemocratização, dois presidentes da República -Fernando Collor e Dilma Rousseff- deixaram o Palácio do Planalto desse modo. Mas, na esfera estadual, até hoje nenhum chefe de Executivo foi afastado definitivamente por essa via. Só que o cenário começa a mudar. Neste episódio, três repórteres relatam a situação em seus Estados. Fábio Melo conta como Wilson Lima (PSC) escapou no Amazonas. Joana Caldas mostra o estágio avançado do processo contra Carlos Moisés (PSL) em Santa Catarina. E Gabriel Barreira traz o caso de Wilson Witzel (PSC) no Rio de Janeiro, que parece com destino selado. Em entrevista a Renata Lo Prete, o professor Guilherme Casarões, da FGV, explica as condições políticas e econômicas que tornaram os governadores mais vulneráveis ao impeachment. E lembra que Moisés e Witzel têm em comum a chegada ao poder a reboque de Jair Bolsonaro, com quem depois romperam.
9/25/202023 minutes, 15 seconds
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Covid transmitida pelo ar - dúvidas e evidências

Contato com superfícies contaminadas e, principalmente, gotículas expelidas por pessoas infectadas são as duas formas mais estabelecidas de contágio pelo novo coronavírus. Há ainda indicativos, menos consensuais, de que se pega a doença também por meio dos aerossóis, partículas que ficam suspensas no ar. Desde julho, essa terceira via é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. Agora, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos se manifestou na mesma linha, mas pouco depois retirou o alerta de seu site, para espanto dos pesquisadores. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Jorge Pontual, correspondente da Globo em Nova York, para entender o vaivém do CDC e recordar confrontos recentes do governo Trump com seus cientistas. A outra convidada é a infectologista Rosana Ritchmann, do Instituto Emílio Ribas. Ela descreve os diferentes modos de contaminação e o grau de risco de cada um. Explica quais são as consequências, para o protocolo sanitário, de aceitar formalmente a existência da transmissão pelo ar. E lembra o que devemos fazer, a título de proteção, enquanto não temos todas as respostas.
9/24/202023 minutes, 45 seconds
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EUA x China: onde fica o Brasil nesse conflito?

Na 75ª Assembleia-Geral da ONU, Donald Trump discursou seu nacionalismo e reforçou as críticas sobre a responsabilidade chinesa na pandemia. Do outro, Xi Jinping defendeu a soberania de seu país e propôs mais cooperação econômica entre as nações. Antes disso, com a fala que abriu a cerimônia, Jair Bolsonaro protegeu aquilo que chama de valores “conservadores e cristãos”, disse que o Brasil é “vítima de campanha de difamação” sobre as queimadas na Amazônia e no Pantanal e repetiu o argumento de que sofre perseguição política. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a correspondente da TV Globo em Nova York Sandra Coutinho, que explica a participação brasileira e relata o clima na cidade durante o evento - este ano, pela primeira vez, virtual. E participa também Demétrio Magnoli, comentarista da Globonews, que disseca as motivações e as consequências dos discursos de Trump, Xi e Bolsonaro. Ele ainda projeta o futuro global diante desta disputa e explica como a fala do brasileiro ressalta seu alinhamento com os EUA.
9/23/202028 minutes, 18 seconds
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Covid volta a assombrar a Europa

Em março e abril o continente viveu o descontrole total de casos e óbitos. A partir de maio, a reabertura gradual. E agora, o número de casos volta a crescer, obrigando autoridades a impor novamente medidas de distanciamento social em algumas regiões, como a capital da Espanha. E no Reino Unido as autoridades de saúde alertam para um nível crítico da pandemia. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com os jornalistas da Globo Fernando Kallás e Pedro Vedova. De Madri, Kallás explica o que levou a capital a adotar um novo fechamento total em alguns bairros e detalha como um país dependente do turismo lidou com o rastreamento de visitantes e de novos casos. De Londres, Vedova relata onde a situação está pior no Reino Unido – e por que diversas autoridades europeias indicam que, mesmo com a alta nos casos de transmissão, novas medidas de confinamento total são improváveis.
9/22/202027 minutes, 16 seconds
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A onça-pintada ameaçada

São cerca de 170 mil representantes da espécie no mundo. Metade vive no Brasil, principalmente na Amazônia e no Pantanal, onde as chamas estão devastando uma área sem precedentes. Neste episódio, Renata Lo Prete conta a história de Ousado, que habitava um santuário de onças-pintadas em Mato Grosso, até ser resgatado com as patas queimadas e em grande sofrimento às margens do rio São Lourenço. Em entrevista, o biólogo Fernando Tortato, da ONG Panthera, explica as características que distinguem o maior felino das Américas e avalia os riscos à espécie com a degradação de seus maiores habitats. Participa também Cláudia Geigher, repórter da TV Globo com longa experiência na cobertura da região. Ela faz um balanço do que já foi perdido da rica fauna nativa e conta como voluntários têm contribuído para conter o fogo.
9/21/202026 minutes, 14 seconds
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Peru: o caos da Covid e a instabilidade política

Um em cada mil peruanos morreu de Covid-19. Já são mais de 30 mil pessoas. Com exceção do minúsculo San Marino, é o país com mais óbitos por 100 mil habitantes. E a mais grave crise sanitária da história peruana encontrou um ambiente de turbulência política. O presidente Martín Vizcarra é acusado de favorecer um amigo, o obscuro cantor Richard Swing, e fraudar documentos do governo. Nesta sexta-feira, ele enfrenta o Congresso em votação pelo seu impeachment – Vizcarra assumiu o país após a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski, envolvido em outro escândalo de corrupção. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o cientista político português Luís Nunes, que vive em Lima há duas décadas. Nunes detalha a denúncia contra o presidente e avalia as chances de o caso prosperar. Participa também Fátima Marinho, epidemiologista da Vital Strategies, organização que auxilia 63 países no combate à pandemia. Fátima explica o que não deu certo na política de confinamento imposta pelo governo e relata a sequência de erros que levou o sistema de saúde peruano à falência.
9/18/202023 minutes, 27 seconds
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As idas e vindas do Renda Brasil

Falta dinheiro no Orçamento da União para bancar o Bolsa Família 2.0 desejado por Jair Bolsonaro. A equipe econômica sugeriu o congelamento de aposentadorias e pensões, mas o presidente vetou: “não vou tirar de pobres para dar a paupérrimos”. Quando a proposta voltou à tona, Bolsonaro subiu o tom e disse que daria “cartão vermelho” a quem defendesse a ideia. Mas o relator do Orçamento de 2021 afirma que o próprio presidente deu aval para que se busquem recursos para um novo programa social. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social, e com o jornalista Thomas Traumann, autor de um livro sobre a trajetória de 14 ministros da Fazenda. Neri detalha as dificuldades de fazer caber o Renda Brasil no Orçamento e explica por que o Bolsa Família original é um modelo bem-sucedido – embora o benefício esteja perdendo valor há 5 anos. Traumann relata o conflito entre o projeto político e econômico do governo na pauta social.
9/17/202024 minutes, 21 seconds
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Descoberta em Vênus: a busca por vida no espaço

Fosfina. A presença deste elemento no nosso vizinho mais próximo é a mais recente revelação astronômica com potencial de mudar nossa compreensão do universo. A partir de um pequeno sinal luminoso, emitido das nuvens de Vênus, cientistas encontraram o que pode ser atividade biológica a mais de 40 milhões de km da Terra. Neste episódio, Renata Lo Prete busca explicar o significado científico e existencial da notícia em duas entrevistas: com Douglas Galante, astrobiólogo do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cnpem), e com Marcelo Gleiser, físico e astrônomo professor da Universidade de Dartmouth, nos EUA. Galante esclarece por que a novidade põe Vênus na rota da exploração de outros planetas e detalha o método científico que tenta, agora, desvendar se há ou não vida por lá. E Gleiser debate a repercussão existencial de, eventualmente, não estarmos sozinhos no universo. Em depoimento, Clara Sousa-Silva, astroquímica portuguesa que integra a equipe responsável pelo trabalho, relata como a fosfina se tornou o centro desta investigação.
9/16/202023 minutes, 56 seconds
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Planeta em chamas

As consequências do aquecimento global saltam aos olhos em imagens trágicas que se repetem pelo mundo: Amazônia, Cerrado, Pantanal e Estados Unidos são palco da devastação. O fogo se alastra em alta velocidade, derruba quilômetros de florestas e mata milhões de animais. Neste episódio, os repórteres da TV Globo Claudia Gaigher, Fabiano Villela e Carolina Cimenti, relatam, respectivamente, de Mato Grosso do Sul, do Pará e dos Estados Unidos, as consequências do fogo no centro-norte brasileiro e na costa oeste americana. E Renata Lo Prete conversa com Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP. Nobre esclarece a relação direta entre o aumento da temperatura global e a maior incidência e gravidade dos incêndios, explica por que estamos vendo o céu alaranjado e alerta sobre o futuro do planeta caso não sejamos capazes, pelo menos, de cumprir o Acordo de Paris.
9/15/202025 minutes, 20 seconds
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A corrida por meteoritos no sertão nordestino

No semiárido pernambucano, onde pouco chove, o município de Santa Filomena, a mais de 600 km de Recife, viu cair pedras do céu. Era chuva, mas de meteoritos. Fragmentos do espaço, que podem ser mais antigos do que a própria Terra, surpreenderam a população de 14 mil habitantes e atraíram pesquisadores e caçadores de diversas partes do mundo. Todos em perseguição às pedras, que valem muito do ponto de vista científico (dada suas composições químicas singulares) e financeiro (o valor do grama chegou a ser comercializado por R$ 40 – e uma das rochas pesa 38 kg). Neste episódio, Márcio Gomes conversa com a repórter do G1 Lais Modelli, que revelou a história da corrida e os problemas jurídicos para definir quem são os donos legais dos meteoritos. Em sua apuração, Lais falou com moradores, pesquisadores, caçadores e autoridades – recebeu telefonema até do ministro Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia e Inovações. Participa também o astrônomo Antônio Carlos Miranda, professor da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que luta para manter os meteoritos em Santa Filomena e desenvolver um polo científico na cidade.
9/14/202027 minutes, 9 seconds
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O socorro que não chega às pequenas empresas

Responsáveis por mais da metade dos empregos formais no país, as micro e pequenas empresas viram no Pronampe uma chance de sobreviver à crise da pandemia. Na primeira etapa, R$ 16 bilhões foram liberados. Na segunda, mais R$ 12 bilhões. Mas a demanda é tanta que, em menos de uma semana, os bancos dizem que o dinheiro está esgotado. Neste episódio, Marcio Gomes conversa com Carlos Melles, presidente do Sebrae, e com Lauro Gonzalez, professor e coordenador do Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV. Melles explica quem tem direito ao crédito e a importância dele para ajudar empreendedores. Gonzalez detalha como, apesar de importante, o Pronampe é insuficiente. O professor fala ainda da dificuldade recorrente do setor na busca por crédito e o que poderia ser feito de mais efetivo por parte do governo.
9/11/202023 minutes, 51 seconds
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Mortes por Covid em queda: é hora de relaxar?

O primeiro registro de óbito pelo novo coronavírus no Brasil inaugurou uma curva ascendente. Até que em junho chegamos ao chamado platô, com uma média diária estável em torno de mil mortes. Mas, nos últimos dias, a curva da média móvel variou para baixo e, pela primeira vez desde o início da pandemia, caiu mais de 15%. Neste episódio, Márcio Gomes entrevista o infectologista Julio Croda, pesquisador da Fiocruz e professor da UFMS. Croda esclarece se, de fato, vivemos um recuo da Covid. O infectologista traduz o que os números significam, explica se estamos diante de um quadro de imunidade de rebanho, contextualiza a situação brasileira com a de outros países e detalha quando poderemos considerar que a epidemia está sob controle.
9/10/202023 minutes, 4 seconds
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Por que a cesta básica sobe mais que a inflação

As gôndolas de supermercados não mentem: o custo dos alimentos essenciais disparou nas últimas semanas. Arroz, feijão, óleo de soja, leite... a lista de produtos cujos preços saltaram mais de 10% é grande, mesmo diante de um índice de inflação geral abaixo da meta de 4% ao ano, estabelecida para 2020. Neste episódio, Márcio Gomes conversa com o repórter da TV Globo Fábio Turci, que apurou os efeitos da alta para a economia real. Turci detalha os diferentes impactos inflacionários nas capitais pelo país. Participa também o economista André Braz, coordenador de índices de preço do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Braz explica como a alta do dólar e das exportações refletem no mercado interno e como a inflação geral se mantém sob controle mesmo diante da escalada da cesta básica.
9/9/202026 minutes, 28 seconds
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Índia, do maior lockdown à explosão da Covid

Vizinho da China, o país agiu rápido e decretou o confinamento total de seus mais de 1,3 bilhão de habitantes no fim de março para tentar evitar a disseminação do novo coronavírus. A reabertura gradual começou em junho, e nas últimas semanas a Índia assistiu à escalada da doença e ao recorde no número de casos diários confirmados – foram 94 mil nesta segunda-feira. Agora, o país passou o Brasil no número de casos, são mais de 4,2 milhões, e é o terceiro em número de óbitos. Neste episódio, dois brasileiros que vivem no país relatam como foi viver um isolamento super restrito e como está a vida agora. E Márcio Gomes conversa com Fátima Marinho, epidemiologista da Vital Strategies, organização que auxilia 63 países no combate à pandemia e que esteve na Índia no começo de 2020. Fátima detalha as particularidades do sistema de saúde indiano, o que deu errado no lockdown por lá e os desafios de países pobres para frear a Covid-19.
9/8/202021 minutes, 29 seconds
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Lava Jato: qual é o futuro da operação?

A semana de baixas começou com o anúncio da saída de Deltan Dallagnol da força-tarefa de Curitiba e teve também o pedido de demissão coletiva de sete procuradores do grupo de trabalho em São Paulo. Em Brasília, o ministro Gilmar Mendes impôs nova derrota à operação, a respeito do entendimento sobre o foro privilegiado. E o procurador-geral da República Augusto Aras mantém ataques aos métodos do que chama de “lavajatismo”. Neste episódio, Márcio Gomes conversa com Camila Bomfim, repórter da TV Globo em Brasília, que traça um histórico dos últimos acontecimentos da disputa entre PGR e procuradores e explica o que esperar da operação a partir de agora.
9/4/202023 minutes, 43 seconds
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Vacinas no Brasil: do exemplo ao risco de fracasso

O Programa Nacional de Imunizações data de 1973, e com ele o país conseguiu erradicar doenças como varíola, poliomielite e sarampo. Mas em 2019 o Brasil enfrentou um surto de sarampo que deixou mortos em vários estados. E agora, em meio à pandemia da Covid-19, a OMS alerta para o declínio na taxa de adesão a vacinas do calendário infantil. Neste episódio, Márcio Gomes conversa com Gilberto Hochman, pesquisador e professor da Casa de Oswaldo Cruz, da Fiocruz, e com Fabiane Leite, jornalista especializada em saúde da TV Globo. Hochman conta a história de como o Brasil conseguiu criar uma cultura de imunização em larga escala que durou décadas. Fabiane explica como, nos últimos anos, a cobertura vacinal caiu e abriu a porta para que doenças antes erradicadas voltassem a nos assombrar.
9/3/202025 minutes, 54 seconds
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O tombo do PIB e o auxílio emergencial

O Brasil está em recessão. A queda na economia seria mais aguda, não fossem os R$ 600 do auxílio emergencial. Benefício que, logo após o anúncio do PIB, o presidente Jair Bolsonaro prometeu estender até o fim do ano, baixando o valor para R$ 300. Neste episódio, Márcio Gomes conversa com a jornalista Flávia Oliveira, que detalha o resultado do segundo trimestre, faz um retrato de como chegamos até aqui e do que esperar. Participa também a economista Silvia Matos, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. É ela quem responde, entre outras questões: o que esperar na economia daqui para frente? Como equalizar a conta entre gastos públicos e estímulo para o país voltar a crescer?
9/2/202025 minutes, 16 seconds
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As sequelas da Covid no seu corpo

Falta de ar, de olfato e de paladar. Fraqueza muscular, cansaço... Como fica a vida de quem, mesmo recuperado da infecção, ainda tem que lidar com resquícios da doença? Neste episódio, Márcio Gomes conversa com a epidemiologista brasileira Denise Garrett, vice-presidente do Instituto Vacinas Sabin, que por duas décadas trabalhou no Centro de Controle e Prevenção de Doenças, o CDC, dos Estados Unidos. E ouve o relato da enfermeira Larissa Leal. Denise explica o que sabemos até aqui sobre as sequelas da infecção e que mesmo pacientes com quadros leves podem ter sintomas duradouros. Larissa conta a experiência de quem trabalha na linha de frente, se infectou e ainda convive com dores - e novos quadros - quatro meses depois de ter se curado.
9/1/202024 minutes, 22 seconds
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O impacto da fumaça de queimadas na sua saúde

O fogo continua a devastar a Floresta Amazônica. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de focos de incêndio aumentou 28% em julho deste ano, em relação ao mesmo mês de 2019. E as consequências vão além do meio ambiente: a fumaça compromete a saúde da população, causando problemas respiratórios e cardiovasculares. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o médico Daniel Pires e com o físico Paulo Artaxo. Daniel, que é diretor-adjunto do hospital infantil Cosme e Damião, na capital de Rondônia, fala do aumento na procura pelos serviços de saúde nesta época do ano por causa de complicações respiratórias, que afetam principalmente crianças e idosos. Paulo explica que componentes tornam a fumaça tóxica e o que é preciso ser feito para reduzir a poluição do ar não só na Amazônia, mas também nas grandes cidades.
8/31/202023 minutes, 25 seconds
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Renata Lo Prete fala dos bastidores de O Assunto

Na semana de aniversário de 1 ano do podcast, a apresentadora participou de uma live no G1. Renata Lo Prete respondeu perguntas de ouvintes e contou bastidores da produção de O Assunto. Renata contou qual foi um dos primeiros podcasts que ouviu e indicou alguns de seus favoritos. Apresentação: Paula Paiva Paulo.
8/30/202046 minutes, 40 seconds
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EDIÇÃO EXTRA - Ascensão e queda de Wilson Witzel

Eleito em 2018 sem nenhuma experiência prévia na política, na esteira de Jair Bolsonaro, Wilson Witzel foi afastado do cargo de governador do Rio de Janeiro nesta sexta-feira (28), por decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça. A suspeita é que ele tenha participado de um esquema de corrupção na área da saúde. Neste episódio-extra, Renata Lo Prete conversa com Octavio Guedes, comentarista da GloboNews. Ele resgata a trajetória do ex-juiz federal, de aliado de ocasião a adversário aberto do presidente da República e de seus filhos. Explica os possíveis desfechos criminais e administrativos do caso, lembrando que Witzel enfrenta também um processo de impeachment. E descreve o quadro de violência e pandemia no qual se desenrola a crise política fluminense. Guedes faz ainda o triste histórico da sucessão de governadores que estão ou já estiveram na cadeia por desvios no Estado.
8/29/202026 minutes, 10 seconds
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O histórico boicote da NBA contra o racismo

A bolha sanitária criada em Orlando para viabilizar a temporada da principal liga de basquete do mundo está protegendo os atletas da pandemia, mas não impediu que eles cruzassem os braços, nesta quarta-feira, se unindo aos protestos deflagrados por mais um caso de violência policial contra a população negra. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o comentarista Guga Chacra e com repórter Guilherme Roseguini, ambos baseados em Nova York. Guga explica como essas manifestações, ao lado da Covid-19, compõem a agenda da campanha eleitoral americana. E mostra o impacto delas na convenção realizada esta semana para formalizar a candidatura de Donald Trump ao segundo mandato. Guilherme resgata o único boicote anterior na NBA, protagonizado pelo lendário pivô Bill Russell, do Boston Celtics, em 1961, para ilustrar o alcance inédito do atual movimento. Fala também da reverberação em outros esportes e da cruzada do astro LeBron James para estimular o voto dos negros na eleição de 3 de novembro.
8/28/202026 minutes, 3 seconds
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Moradia popular: como reduzir o déficit habitacional?

Lançado em 2009, o Minha Casa Minha Vida é o principal acesso à moradia para a parcela mais pobre da população. Agora, sob o governo Bolsonaro, vai mudar de nome (se chamará Casa Verde e Amarela), terá novas regras e prevê atender 1,6 milhões de famílias de baixa renda até 2024 – e, assim, reduzir a falta de moradia, calculada em 6,3 milhões de domicílios. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do Instituto Brasileiro de Economia da FGV, que explica as novidades do programa federal e avalia o que falta para a política habitacional do país. Participa também o jornalista da TV Globo José Raimundo Oliveira, autor de uma reportagem que acompanhou os erros e acertos do Minha Casa Minha Vida em diversos Estados.
8/27/202024 minutes, 5 seconds
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Armas de fogo, posse e porte no Brasil

O que era promessa de campanha agora é fato: sob o governo Bolsonaro, ter armas de fogo se tornou mais fácil. Da linha do tempo de seu mandato constam oito decretos e 11 portarias flexibilizando as regras. Na famosa reunião ministerial de 22 de abril, o presidente deixou claro: “Eu quero todo mundo armado”. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a repórter do Fantástico Sônia Bridi, que detalha a autorização oficializada pela Polícia Federal para a compra de até quatro armas por pessoa e relata a série de ações do Planalto no setor, sua efetividade e suas consequências. Participa também Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto Sou da Paz. Ela discute a relação entre o crescente armamento da população e o aumento nos índices de violência e criminalidade.
8/26/202026 minutes, 9 seconds
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O risco Queiroz para o próprio Bolsonaro

A pergunta que tirou Jair Bolsonaro do sério se fundamenta na investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre o esquema de rachadinha na Alerj. Os extratos bancários de Fabrício Queiroz e de sua mulher, Márcia Aguiar, apontam repasses à conta da primeira-dama desde 2011, que totalizam R$ 89 mil – mais que o dobro dos R$ 40 mil que o presidente alega ter emprestado ao ex-assessor de Flávio Bolsonaro, de quem é amigo desde 1984. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a repórter da TV Globo Fernanda Graell, que detalha todos os capítulos da investigação. E mostra como diferentes fios dela se aproximam de Bolsonaro e explicam a explosão dele pela primeira vez desde que passou a se conter, justamente quando... Queiroz foi preso.
8/25/202025 minutes, 44 seconds
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Próxima pandemia: de onde ela pode vir?

Embora mais devastadora do que outras doenças contagiosas da história recente, a Covid-19 cumpre um roteiro conhecido: um vírus, hospedado em animais, é transmitido para humanos e se espalha pelo mundo. Um mecanismo algo aleatório, natural do processo evolutivo, mas que pode ser potencializado pela ação do homem. Com o crescente desmatamento da floresta, o berço de uma nova grande epidemia pode ser a Amazônia. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Alessandra Nava, pesquisadora do Instituto Leônidas e Maria Deane da Fiocruz Amazônia, e com Mariana Vale, chefe do Departamento de Ecologia da UFRJ. Alessandra explica o que faz um patógeno saltar para a espécie humana e por que a Amazônia desperta tanta preocupação. Mariana destaca o que pode ser feito para reduzir os riscos e lista boas práticas já adotadas.
8/24/202020 minutes, 27 seconds
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O Assunto, 1 ano

Um recado da Renata Lo Prete na semana em que o podcast faz aniversário. Em um ano, foram mais de 104 horas de programa e 360 convidados.
8/23/20202 minutes, 8 seconds
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Funcionalismo: por que a reforma não anda?

A agenda de mudanças prometida pela equipe econômica empacou. Após a aprovação, ainda em 2019, da nova Previdência, o governo apresentou tímida proposta tributária e nenhuma administrativa. E, agora, a dez dias do prazo final para o envio do Orçamento de 2021 ao Congresso, o Planalto é pressionado a enfrentar os gastos da folha de pagamento do serviço público. Bolsonaro, por sua vez, parece disposto a empurrar o debate. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a economista Ana Carla Abrão, ex-secretária da Fazenda do Estado de Goiás. Ana Carla detalha as distorções na máquina pública e aponta quais problemas a reforma administrativa deve atacar. E, de Brasília, o comentarista da TV Globo Gerson Camarotti explica por que esta reforma ficou mais difícil de aprovar do que a da Previdência e qual o status das negociações entre Executivo e Legislativo.
8/21/202026 minutes, 38 seconds
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Pantanal em chamas: causas e perigos

Diante da pior seca das últimas cinco décadas, a maior planície alagada do planeta arde em fogo. Desde o início de 2020, as queimadas consumiram uma área dez vezes maior que a cidade de São Paulo. As consequências são devastadoras para a fauna, a flora e a população humana que tem no bioma a sua casa. E, a julgar pela média histórica, o pior está por vir nos próprios meses. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a repórter da TV Globo no Mato Grosso do Sul Cláudia Gaigher, que cobre a relação fogo-Pantanal há 21 anos. Cláudia detalha por que a situação é mais grave este ano e quais são as causas desta tragédia. Participa também a bióloga Neiva Guedes, presidente do Instituto Arara Azul, que explica a singularidade do ecossistema e denuncia o risco de perda de biodiversidade no coração da América do Sul.
8/20/202024 minutes, 52 seconds
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O teto de gastos se segura?

A discussão está no centro da pauta econômica - e política - do governo. A melhora na avaliação do presidente e os pedidos de ministros por mais verbas para investimentos públicos estimulam Bolsonaro a gastar mais. Do outro lado, o ministro Paulo Guedes bate o pé para que o Orçamento se mantenha fiel à Lei do Teto de Gastos, em vigor desde 2016. Mas quais são as consequências dessa disputa? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com os economistas Solange Srour, uma das signatárias de um manifesto a favor do teto, e Bráulio Borges, pesquisador da FGV, para encontrar respostas sobre a manutenção, ou não, da regra e eventuais ajustes. Para Solange, o teto é o único regramento fiscal confiável para 2021. Para Bráulio, a regra é incapaz de responder às necessidades impostas ao governo no futuro próximo. Ainda assim, ele acha que este não é o momento de alterá-la.
8/19/202024 minutes, 56 seconds
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Aborto: por que a lei não é cumprida

Estupro, risco de morte à mulher e casos de feto anencéfalo. A legislação assegura que o procedimento seja feito nessas três circunstâncias. Mas, na prática, a realidade impõe uma série de dificuldades às mulheres que têm o direito, por lei, de interromper a gravidez. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Jefferson Drezett, professor de saúde pública na Universidade de São Paulo. Drezett, que coordenou por quase três décadas o Núcleo de Violência Sexual e Aborto Legal do Hospital Pérola Byington, referência no atendimento à saúde da mulher, fala quais são os entraves para fazer um aborto legal no Brasil. Participa também a jornalista Marcelle Souza, que estudou de perto a relação entre casos de estupro e o aborto previsto em lei.
8/18/202025 minutes, 50 seconds
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A batalha entre seu corpo e o coronavírus

Por que algumas pessoas ficam tão doentes e outras mal têm sintomas? Depois de curado, quanto tempo dura a proteção contra o vírus? O que já se sabe sobre a possibilidade de pegar Covid-19 duas vezes? Para responder a estas e a outras perguntas, Renata Lo Prete conversa com Daniel Mansur, professor de imunologia da Universidade Federal de Santa Catarina. Doutor em ciências biológicas, ele fez pós-doutorado no Imperial College de Londres e esclarece com didatismo os processos enfrentados pelo organismo humano na luta contra o vírus invasor.
8/17/202022 minutes, 46 seconds
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Kamala: como a vice pode ajudar Biden

Mulher negra e filha de imigrantes, Kamala Harris, senadora pela Califórnia, vai compor a chapa democrata que enfrentará Donald Trump em 3 de novembro. Qual é o impacto dessa escolha histórica na disputa, no momento liderada por Joe Biden? O que a ex-promotora de 55 anos agrega à chapa? E por que a escolha da vice ganhou tanta relevância estratégica desta vez? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a jornalista Lúcia Guimarães, que vive desde 1985 nos EUA, onde já cobriu oito eleições presidenciais. Lucia, hoje colunista do jornal Folha de S. Paulo, analisa as peculiaridades de uma campanha marcada por três grandes fatores: pandemia, recessão e movimento contra o racismo. E fala ainda qual deve ser a linha de ataque dos democratas para tentar impedir a reeleição do republicano.
8/14/202022 minutes, 4 seconds
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A implosão do projeto de Paulo Guedes

Dois novos desfalques na equipe econômica colocam em xeque o futuro do ministro da Economia. Numa manobra arriscada, ele resolveu expor em público as resistências do presidente em fazer reformas e privatizar, duas promessas de campanha. Nesta quarta, Jair Bolsonaro reagiu ao movimento de Guedes reafirmando compromisso com a responsabilidade fiscal. Mas a luta interna continua. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Miriam Leitão, comentarista da Globo, da CBN e colunista do jornal O Globo. Miriam explica por que o projeto de Guedes nunca decolou e, agora, corre o risco de sair de vez da pauta de Bolsonaro. E responde ainda: nosso debate econômico ficará eternamente limitado ao enfrentamento entre austeros e gastadores? Participa também Valdo Cruz, jornalista da TV Globo em Brasília. Ele antecipa os próximos passos desse conflito, como o destino do teto de gastos na elaboração do Orçamento. E analisa as perspectivas para Guedes no governo.
8/13/202027 minutes, 37 seconds
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O dossiê contra antifascistas: risco à democracia

Cobrado pelo Congresso, o Ministério da Justiça entregou o documento feito pela PF com dados de servidores considerados opositores do governo. Mas André Mendonça, titular da pasta, ainda tem que explicar o relatório, que rendeu a demissão do responsável por sua elaboração. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Pedro Serrano, professor de Direito Constitucional da PUC de São Paulo. Serrano explica por que um dossiê como estes contraria a essência da nossa Constituição. Participa também Camila Bomfim, repórter da TV Globo em Brasília, que detalha como essa história começou, as respostas dadas pelo ministério e se existem outras iniciativas do tipo em curso no governo.
8/12/202025 minutes, 39 seconds
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EUA x China, escalada de tensões

A disputa entre as duas superpotências não para de ganhar novos ingredientes. Os mais recentes são o popular aplicativo de vídeos TikTok, que Donald Trump ameaça banir dos Estados Unidos, e o futuro de Hong Kong, território semiautônomo do qual Pequim está progressivamente suprimindo as liberdades. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista da GloboNews Marcelo Lins e com Fernanda Magnotta, coordenadora do curso de Relações Internacionais da FAAP. Lins descreve o antagonismo nas diversas arenas e atualiza o status da guerra comercial entre os dois países. Fernanda explica por que o conflito não tem perspectiva de terminar e como fica o Brasil no desenho geopolítico pós-pandemia.
8/11/202024 minutes, 7 seconds
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Garimpos: o avanço ilegal em terras indígenas

O governo suspendeu uma operação de combate a garimpos ilegais na Terra Indígena dos Munduruku, no Pará - e disse que o fez a pedido dos indígenas. Depois, voltou atrás e permitiu a ação. Mas era tarde: ela foi abortada e servidores se queixam de ameaças de morte pelos garimpeiros. O que este vai-e-vem diz sobre a política ambiental do governo? Para encontrar as respostas, Renata Lo Prete conversa com Fabiano Villela, repórter da TV Liberal, afiliada da Globo no Pará, e com Luísa Pontes Molina, antropóloga que trabalha com a etnia Muduruku. Fabiano explica o que diz a Constituição sobre garimpos em Terras Indígenas e relata seus perigos para os índios e para a floresta. Luísa rebate o argumento de que a atividade favorece os indígenas e conta como eles se organizam para impedir o avanço dos criminosos.
8/10/202024 minutes, 42 seconds
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100 mil mortos

Quatro meses e meio depois de registrar o primeiro óbito por Covid-19, o país se vê no limiar de um marco, na maior tragédia de sua história. Nunca tantos brasileiros perderam a vida, pelo mesmo motivo, em tão pouco tempo. Para refletir sobre este momento, O Assunto resgata depoimentos de pessoas que compartilharam com os ouvintes do podcast, ao longo da pandemia, a dor da perda de familiares e a luta na linha de frente das UTIs. Renata Lo Prete também conversa com o psicanalista Tales Ab'Saber. Ele fala de lutos individuais e coletivos, de invisibilidade e indiferença, e do lugar do novo coronavírus na longa lista de traumas mal elaborados pelo país.
8/7/202026 minutes, 12 seconds
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Os erros do México, 3º em mortes por Covid

EUA, Brasil e... México. Os três países mais populosos da América, os três com presidentes que se manifestaram contra recomendações básicas de prevenção contra o novo coronavírus. No começo, Lopez Obrador minimizou a pandemia e, assim como Trump e Bolsonaro, causou aglomerações. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a correspondente da GloboNews na Cidade do México Larissa Werneck – ela traça a linha do tempo que fez o México ultrapassar o Reino Unido em óbitos pela Covid-19. E fala como, em um país onde mais da metade da população trabalha na informalidade, a reabertura contribuiu para a explosão no número de casos e mortes. Participa também a epidemiologista Fátima Marinho, que foi coordenadora na Opas (Organização Pan Americana da Saúde) e hoje atua em uma ONG que ajuda 63 países no combate à Covid. Fátima detalha como é o sistema de saúde no país e aponta onde a situação é mais preocupante na América Latina neste momento.
8/6/202025 minutes, 6 seconds
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Líbano - explosões em um país devastado

Mergulhado em crise econômica e política, o Líbano viu sua capital ser atingida por uma megaexplosão que, nas palavras de quem vive lá, é sem precedentes. Como relata a advogada brasileira Rosaly Bouassi, moradora de Beirute: "O prédio balançava, eu comecei a sentir alguns barulhos, vidro quebrando, portas e janelas.Beirute está no chão". Dezenas de mortos e milhares de feridos foram confirmados na tragédia, causada pela explosão de nitrato de amônio armazenado há mais de seis anos no porto da capital. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Guga Chacra, comentarista da TV Globo em Nova York e estudioso da história do Líbano. Guga fala sobre o momento de crise que colocou metade da população na pobreza e gerou protestos contra o governo - situação agravada pela pandemia da Covid-19. Guga analisa também as consequências da explosão e o que esperar agora das relações do Líbano com outros países de uma região já tão conturbada.
8/5/202024 minutes, 56 seconds
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Nova CPMF: qual a chance de o imposto voltar?

No ano passado, a ideia resultou na demissão do então Secretário da Receita, Marcos Cintra. Agora, com gastos em alta e arrecadação em queda, o presidente Jair Bolsonaro deu sinal verde ao ministro Paulo Guedes para buscar apoio a um imposto sobre comércio eletrônico e movimentações financeiras, em tudo semelhante ao que foi extinto pelo Congresso em 2007. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Eduardo Fleury, economista e mestre em direito tributário, e com Claudia Bomtempo, repórter da TV Globo em Brasília. Eduardo explica como funcionaria o imposto, mostra o quanto ele reproduz a finada CPMF e alerta: a anunciada alíquota de 0,2% não daria conta de arrecadar os R$ 120 bilhões projetados pelo governo. Claudia relata a estratégia da equipe econômica em busca de apoio para a “CP”, no Congresso e fora dele, e avalia as chances de aprovação do novo imposto.
8/4/202025 minutes, 52 seconds
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O quanto falta para a vacina da Covid-19

Só ela vai garantir segurança total para a retomada de uma série de atividades, além de nos restituir a tranquilidade para gestos essenciais como abraços e beijos. Daí a corrida sem precedentes de pesquisadores, empresas e países em busca de imunização eficiente contra o novo coronavírus. Para além dos desafios científicos, existem barreiras econômicas e políticas. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com dois convidados imersos no tema: Cristiana Toscano, única brasileira no grupo de trabalho da OMS para vacinas contra a Covid, e Álvaro Pereira Júnior, repórter do Fantástico que acompanha diferentes pesquisas desde o início da pandemia. Cristiana explica o status das principais vacinas em desenvolvimento e o que deve ser feito para que, uma vez comprovada a eficácia de uma delas, países mais pobres não sejam deixados para trás. Álvaro detalha os desafios logísticos e de produção em escala planetária. E os dois arriscam previsões sobre o que todos queremos saber: quando a vacina vai chegar?
8/3/202025 minutes, 35 seconds
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Aras e a Lava Jato: correção ou desmonte?

O procurador-geral da República acusa a força-tarefa de manter uma "caixa de segredos" em Curitiba. Foi o movimento mais explícito de um embate que vem de longe e agora coloca em xeque, como nunca antes, a maior operação de combate à corrupção já realizada no Brasil. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a comentarista da GloboNews Natuza Nery, que resgata o histórico desse conflito e episódios em que os procuradores foram acusados de ultrapassar limites em sua atuação. Ela também analisa desdobramentos como a defesa, feita pelo presidente do Supremo, de uma quarentena de oito anos para juízes e procuradores que decidam disputar cargo eletivo. Participa também o cientista político Fabio Kerche, autor de livro sobre a autonomia e as atribuições do Ministério Púbico. Ele avalia que a maneira com que Augusto Aras chegou ao cargo, sem passar pela eleição interna da categoria, é chave para entender o que acontece agora.
7/31/202029 minutes, 14 seconds
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Covid-19: os danos à circulação

Josué Borges, 27 anos e nenhum fator de risco, sofreu uma embolia pulmonar provocada pela Covid-19. Está livre da infecção, mas ainda com dores e em tratamento. A relação entre o novo coronavírus e embolias e tromboses é aos poucos desvendada. Elnara Negri, pneumologista do Sírio Libanês e do Hospital das Clínicas de São Paulo, foi uma das primeiras médicas a relatar o potencial que o vírus tem para provocar problemas circulatórios. Neste episódio, Josué relata o que sentiu e sua saga de recuperação após a doença. E Elnara conversa com Renata Lo Prete para explicar o que acontece nos pulmões e no sistema circulatório a partir da infecção. Ela ainda detalha os potenciais riscos e ensina a identificar os sintomas.
7/30/202020 minutes, 47 seconds
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Corrida do ouro: alta recorde na pandemia

Tradicional porto seguro de investidores em tempos de tormenta nos mercados, o metal vem se valorizando desde a segunda quinzena de março. Enquanto o dólar percorre caminho contrário: está caindo diante das outras principais moedas, notadamente o euro. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o repórter Victor Rezende, do jornal Valor Econômico, que apresenta um histórico desses dois movimentos e explica como eles se relacionam. Participa também o economista Sergio Vale, da MB Associados. Ele analisa a escalada do ouro como termômetro da gravidade da crise na economia mundial. E descreve diferentes cenários que devem definir, nos próximos meses, até onde ela vai.
7/29/202024 minutes, 53 seconds
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Protestos nos EUA: a segunda onda

Cerca de dois meses depois de manifestações que tiveram como gatilho a morte de George Floyd, milhares de americanos voltam às ruas contra o racismo e a violência policial. O marco zero dos novos atos é a cidade de Portland, primeira a assistir ao desembarque de tropas federais, dentro da ofensiva “lei e ordem” de Donald Trump. Por que agora, a menos de cem dias da eleição presidencial? E de que forma os protestos se relacionam com esse tema e com a pandemia? São algumas das perguntas feitas por Renata Lo Prete aos convidados Guga Chacra, comentarista da Globo em Nova York, e Maurício Moura, economista, professor visitante na Universidade George Washington e fundador da empresa de pesquisas Ideia Big Data.
7/28/202025 minutes, 2 seconds
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Pequenas empresas: o efeito destruidor da pandemia

Elas já vinham impactadas pela falta de tração na retomada do crescimento. Obrigadas a parar na fase mais rígida do distanciamento social, muitas não resistiram. Segundo o IBGE, quase todas as 700 mil empresas que fecharam as portas em definitivo até meados de junho eram pequenas, categoria que responde por mais da metade dos empregos formais do país. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a economista Laura Carvalho, professora livre-docente da USP, sobre as características que tornam esse tipo de negócio mais vulnerável ao choque simultâneo de oferta e demanda produzido pelo novo coronavírus. Numa análise comparativa com programas adotados por outros países, Laura mostra que crédito urgente e descomplicado teria garantido a sobrevivência de muitas dessas empresas, e que essa foi a principal falha do pacote brasileiro. Ela também aponta caminhos para a recuperação.
7/27/202023 minutes, 45 seconds
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O dinheiro que o governo não usou contra a Covid

No começo da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes falaram que não ia faltar dinheiro. O governo pediu e o Senado aprovou o estado de calamidade que permite à União não cumpra a meta fiscal, gastando mais do que o previsto em 2020. Agora, 4 meses depois, quando o país conta mais de 80 mil mortos e 2,2 milhões de casos de Covid-19, um relatório do Tribunal de Contas da União aponta que apenas R$ 11 bilhões dos R$ 38 bilhões disponíveis para medidas contra a pandemia foram usados. O que os gastos do governo mostram sobre a condução da maior crise sanitária da história do Brasil? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Élida Graziane, especialista em contas públicas, doutora em Direito Administrativo e procuradora do Ministério Público de Contas de São Paulo. Élida explica os critérios para o uso do dinheiro, o que acontece quando ele não é gasto e que tipo de responsabilização as autoridades podem sofrer.
7/24/202024 minutes, 57 seconds
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Reabertura de escolas, qual é a hora certa

Primeiras a suspender atividades, as escolas agora estão no fim da lista da retomada. Países como China, Coreia do Sul, Alemanha, Portugal e Uruguai já retornaram as aulas. O que eles têm em comum? A curva de transmissão em baixa. Nos EUA, onde os casos de infecção seguem em alta, o presidente Donald Trump pressiona por uma reabertura total. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o médico Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Ele explica qual o passo a passo para a volta do calendário escolar em segurança - e se estamos prontos para isso. Participam também os repórteres Pedro Vedova e Ismar Madeira, que detalham, respectivamente, os procedimentos de reabertura no Reino Unido e nos EUA.
7/23/202023 minutes, 16 seconds
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Fundeb: como fica o dinheiro da educação

Na última hora de uma longa tramitação no Congresso, o governo tentou introduzir duas mudanças na emenda constitucional que renova o fundo responsável pelo financiamento do ensino básico: queria adiar em um ano a entrada em vigor do novo Fundeb e subtrair parte dos recursos para destinar a um programa social ainda a ser lançado. A reação foi muito negativa, e as duas propostas terminaram eliminadas no acordo que permitiu a aprovação folgada da matéria em dois turnos na Câmara. Agora faltam os dois no Senado. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco e ex-secretário nacional de Educação Continuada do MEC. Ele explica por que a importância do Fundeb cresce num contexto de aumento da desigualdade e da necessidade de resgatar a rede pública do trauma da pandemia. Participa também o repórter Júlio Mosquera, direto da Câmara dos Deputados, para detalhar o bastidor da aprovação.
7/22/202023 minutes, 46 seconds
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‘Você sabe com quem está falando?’

O caso do desembargador Eduardo Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que desrespeitou o guarda que tentou multá-lo por andar em público sem máscara, vem se somar a outros de gente que se considera acima da lei e superior por motivos de renda, raça ou posição social. As restrições impostas pela pandemia são terreno fértil para esse tipo de carteirada, mas o fenômeno é antigo. A novidade é a onipresença das câmeras de celular, captando e divulgando muito do que antes passava batido. Renata Lo Prete conversa neste episódio com o repórter da TV Globo Bruno Tavares, que explica como o caso do desembargador será apurado e quais as possíveis sanções a ele. O outro convidado é o professor de diversidade da FGV Direito Thiago Amparo, que recupera as raízes da presunção de que a lei não seria para todos, e fala das consequências para a cidadania.
7/21/202024 minutes, 47 seconds
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Índios guardiões levados pela Covid

Eles são poucos no conjunto da população indígena, mais jovem que a do restante do Brasil. E dezenas já morreram infectados pelo novo coronavírus. Lideranças reconhecidas em suas comunidades e no exterior, como Bernaldina José Pedro, macuxi recebida em 2018 pelo papa Francisco. Ou Feliciano Lana, da etnia desana, artista plástico com obras expostas no Museu Britânico. Neste episódio, Arlisson Munduruku conta a história do pai, Amâncio Ikon Munduruku, vítima da doença aos 59 anos. Deve-se à luta de Amâncio, entre outras conquistas, a primeira escola da rede pública a ensinar também a língua munduruku na região do médio Tapajós. “A minha aldeia sofre com a perda do meu pai, porque a gente olha pro posto de saúde e enxerga ele. A gente olha pra escola e enxerga ele”. Participa ainda do podcast a antropóloga Aparecida Vilaça, professora do Museu Nacional da UFRJ e autora do recém-lançado “Morte na Floresta”. Ela explica que a perda dos anciãos representa muito mais do que a destruição de um arquivo: “Não pode ser substituído. É conhecimento encarnado”.
7/20/202030 minutes, 44 seconds
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Marco do saneamento sancionado: o que muda?

Depois de anos de tramitação, está em vigor um novo regramento para o setor, que padece de atraso histórico. Cerca de 35 milhões de brasileiros não têm acesso a água tratada. E quase metade vive em áreas onde não há coleta de esgoto. O marco estimula a participação da iniciativa privada e promete universalizar o serviço em pouco mais de uma década. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Édison Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, sobre os pontos principais do texto e o veto de Jair Bolsonaro ao trecho que garantia a renovação dos atuais contratos das empresas estaduais por mais 30 anos. Participa também o economista Fernando Camargo, da consultoria LCA, para avaliar qual será o grau de apetite das empresas, a depender do ritmo de recuperação da economia, e quais são as chances de cumprimento da meta de universalização.
7/17/202024 minutes, 13 seconds
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Militares no governo: no que vai dar?

Ao criticar a ausência de ministro da Saúde em plena pandemia e a entrega da pasta, na prática, a integrantes das Forças Armadas sem experiência na área, o ministro do Supremo Gilmar Mendes aumentou o nível de estresse em Brasília. Isso porque tocou num ponto nevrálgico: o custo de imagem, para o Exército, da associação a uma política que abdicou do dever de coordenar o enfrentamento ao novo coronavírus. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Pedro Doria, editor da newsletter Meio e colunista do jornal O Globo. Ele mapeia a presença militar no governo Bolsonaro e explica o que está em jogo. O outro convidado é o cientista político Chrystian Lynch, da UERJ e da FGV. Ele traz a perspectiva histórica da relação das FAs com a política e analisa possíveis desfechos para a atual controvérsia.
7/16/202031 minutes, 10 seconds
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Inpe: por que ele incomoda tanto?

Assim como no ano passado, medições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais assombram o governo. No exato momento em que o Planalto tenta convencer investidores estrangeiros e empresários brasileiros de que combate o desmatamento na Amazônia, os números indicam destruição recorde. E outra cena de 2019 se repete: a divulgação dos dados coincide com uma degola no Inpe, justamente da pesquisadora responsável pelo monitoramento. Neste episódio, a jornalista Letícia Carvalho, da TV Globo em Brasília, apresenta as justificativas do governo para a exoneração de Lubia Vinhas e também relatos de funcionários sobre as mudanças que vêm sendo feitas no instituto. Renata Lo Prete ouve ainda o cientista da computação Gilberto Câmara, que trabalhou por 35 anos no Inpe e foi diretor-geral entre 2005 e 2012. Hoje ele é secretário do Grupo de Observações da Terra, sediado em Genebra. Câmara explica como o Inpe se preparou e formou técnicos ao longo de décadas até alcançar excelência e reputação internacional. Para ele, a “reestruturação” de que agora fala o governo é desmonte puro e simples.
7/15/202028 minutes, 1 second
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Imunidade de rebanho: o que é e qual o custo?

Depois de amargar semanas terríveis logo na largada da pandemia no Brasil, com o sistema de saúde em colapso e sepultamentos em covas coletivas, Manaus assistiu à queda expressiva de casos e de óbitos, movimento que não se inverteu até hoje, mesmo com a reabertura das atividades. Especialistas acreditam que a capital do Amazonas, que registrou a maior taxa de contaminação entre as capitais brasileiras, pode ter sido a primeira a adquirir a chamada imunidade de rebanho contra o novo coronavírus. É quando uma parcela tão significativa da população já se infectou que o vírus tem pouco terreno para avançar. Outras cidades do país estariam próximas daquilo que o biólogo Fernando Reinach, um dos entrevistados neste episódio, chama de “imunidade por incompetência”. Renata Lo Prete conversa também com o infectologista Julio Croda, que alerta para o alto custo, em vidas humanas, de se apostar em imunidade de rebanho. Ele lembra também que, mesmo quando esse estágio é atingido, a doença não desaparece, daí a necessidade de cuidados permanentes.
7/14/202027 minutes, 44 seconds
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Desemprego e covid revertem migrações

As crises econômica e sanitária estão levando de volta para o Nordeste milhares de brasileiros que haviam deixado a terra natal em busca de uma vida melhor no eixo Sul-Sudeste. É o caso da agricultora Maria Assunção Araújo, 40, que um ano atrás saiu de Ingazeira, no sertão de Pernambuco, rumo à favela de Paraisópolis, na capital paulista. Na conversa com Renata Lo Prete, Maria relata dificuldades que culminaram quando ela e o marido se viram sem trabalho, e ele, com os sintomas do novo coronavírus. De volta a Ingazeira, ela reconhece que a recessão bate também em sua cidade, mas ainda assim não tem dúvidas: "Quando cheguei, ajoelhei no pé da porta, beijei o batente e disse: quanta vida eu tiver, não volto mais pra São Paulo". Participa também do episódio José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia que trabalhou no IBGE por 17 anos. Ele explica o fenômeno da migração de retorno.
7/13/202026 minutes, 54 seconds
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Facebook expõe o gabinete do ódio

A derrubada de perfis ligados a figuras próximas a Jair Bolsonaro e filhos escancarou a existência da rede de disseminação de ataques e desinformação contra adversários conhecida como “gabinete do ódio”, que o presidente insistia em negar. E mais: levou o caso para dentro do Palácio do Planalto, onde dá expediente Tercio Tomaz, que administrava algumas das contas falsas removidas. No episódio desta sexta-feira, Renata Lo Prete conversa com Marcelo Parreira, jornalista da TV Globo em Brasília, que explica quem são os personagens envolvidos na ação do Facebook e o que esse caso pode representar para outras investigações em curso (como a CPMI das Fake News e as ações contra a chapa Bolsonaro-Mourão no TSE). Participa também o filósofo e professor da USP Pablo Ortellado, que pesquisa a disseminação de notícias políticas na internet. Ele avalia os impactos legais e políticos dessa história, além de explicar as pressões que levaram o Facebook a agir.
7/10/202026 minutes, 59 seconds
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Amazônia: pressão do capital pelo fim da destruição

Primeiro foram fundos estrangeiros que comandam investimentos da ordem de trilhões. Agora são algumas das maiores empresas brasileiras demandando providências que, na prática, exigiriam uma completa reversão da atitude do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente. Em carta enviada ao vice Hamilton Mourão, presidente do Conselho da Amazônia Legal, elas alertam que a escalada no desmatamento comprometerá as exportações brasileiras e os negócios no país. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Daniela Chiaretti, repórter especial do jornal Valor Econômico, que noticiou em primeira mão a carta dos empresários. E também com o jornalista e escritor Jorge Caldeira, que explica como a questão ambiental se tornou elemento-chave nas cadeias globais de produção e norte das políticas públicas de qualquer país que pretenda receber investimentos.
7/9/202026 minutes, 56 seconds
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Bolsonaro positivo para Covid: e agora?

Depois de meses minimizando a pandemia e sabotando os esforços para contê-la, o presidente da República anunciou sua contaminação pelo novo coronavírus, relatando sintomas como febre e dores no corpo. E se manteve na mesma cartilha: criticou os esforços de isolamento social e promoveu o uso da cloroquina. No episódio desta quarta-feira, Renata Lo Prete conversa com a jornalista da GloboNews Julia Duailibi sobre as implicações políticas e administrativas desse diagnóstico, divulgado no momento que o Brasil é o segundo país mais assolado pela doença, tendo ultrapassado a marca de 66 mil mortos. Também participa a infectologista Rosana Richtmann, do Emílio Ribas, para explicar o que não se sustenta nas afirmações feitas por Bolsonaro ao anunciar sua infecção, e que protocolo deveria ser seguido agora pelo presidente e por todas as pessoas que tiveram contato recente com ele.
7/8/202026 minutes, 27 seconds
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Bares lotados: descaso na saída da quarentena

Nem parecia que o registro diário de mortes por Covid-19 ainda está acima de mil no país. No primeiro fim de semana de reabertura na cidade do Rio de Janeiro, poucas máscaras e nenhum distanciamento social. Sobraram até agressões verbais àqueles que estavam ali para garantir a segurança de todos. O que explica as cenas de desrespeito às medidas de higiene e para evitar aglomerações? Negação da pandemia, fadiga do isolamento? Para debater essas questões, neste episódio Renata Lo Prete conversa com o psiquiatra Arthur Danila, coordenador do Programa de Mudança de Hábito e Estilo de Vida do Instituto de Psiquiatria da USP. E, do Rio de Janeiro, o repórter do Fantástico Murilo Salviano relata o que a equipe de jornalismo viu na noite carioca no último fim de semana.
7/7/202028 minutes, 23 seconds
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Máscaras: proteção para todos contra Covid-19

Adotadas há muito tempo em países asiáticos, elas foram esnobadas por autoridades “coronacéticas” como Donald Trump e Jair Bolsonaro. E até a OMS demorou a perceber a importância de sua utilização generalizada para conter a disseminação do novo coronavírus. Agora, diante da escalada de infecções nos EUA, cresce a adesão dos americanos ao acessório. E o presidente brasileiro sancionou uma lei para tornar as máscaras obrigatórias em locais públicos de todo o país. Mas com vetos que alarmam especialistas em saúde, como o que libera a permanência de rosto desprotegido em igrejas e templos, locais conhecidos pelo alto risco de contaminação. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o médico e advogado Daniel Dourado, do Núcleo de Pesquisa em Direito Sanitário da USP. Ele faz uma defesa enfática do uso das máscaras fora de casa “o tempo todo e por todo mundo”. Fala das evidências de eficácia e de como recorrer ao item é uma “prática de solidariedade”. Dourado ainda detalha como usar e o que não fazer de jeito nenhum.
7/6/202027 minutes, 21 seconds
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O que muda na eleição da pandemia

Além de um calendário de votação alterado pela primeira vez em quase três décadas, o pleito municipal de 2020 terá novas datas para etapas como realização de convenções partidárias, registro de candidaturas e propaganda. Em conversa com Renata Lo Prete, o repórter Nilson Klava detalha as mudanças aprovadas pelo Congresso e o que mais o TSE estuda como proteção sanitária para eleitores e mesários. Participa também o cientista político Humberto Dantas, da Fundação Getúlio Vargas, especialista em eleições municipais. Ele avalia os possíveis impactos da Covid-19 na campanha e o que esperar do envolvimento do presidente Jair Bolsonaro nas disputas locais.
7/3/202028 minutes, 3 seconds
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A última fronteira da Covid no Brasil

A pandemia demorou a escalar na região Centro-Oeste. Mas agora é onde a curva de mortes mais acelera, levando o sistema de saúde ao limite da capacidade. O vaivém nas regras de isolamento social contribui para piorar as perspectivas. Este episódio traz relatos dos repórteres da TV Globo Fabiano Arruda (Mato Grosso do Sul), Rafael Oliveira (Goiás) e Luísa Doyle (Brasília), além de entrevista de Renata Lo Prete com Ianara Garcia, de Mato Grosso, onde a situação é pior no momento. Ianara aborda, entre outros aspectos, a contaminação entre os xavantes. Participa também Márcia Hueb, infectologista e professora de medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), para explicar as razões dessa onda tardia de contágio.
7/2/202024 minutes, 51 seconds
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Decotelli: o ministro que caiu antes da posse

Escolhido por Jair Bolsonaro na semana passada para assumir o Ministério da Educação, Carlos Alberto Decotelli se inviabilizou em velocidade recorde, diante das evidências de que sua alegada formação acadêmica não parava em pé. Que processo de aconselhamento levou Jair Bolsonaro a optar por um nome com inconsistências tão flagrantes? Por que desta vez o presidente foi rápido ao fazer o descarte? O próximo indicado será um “moderado”, como Decotelli, ou há chance de Bolsonaro devolver o MEC aos olavistas? Renata Lo Prete discute essas e outras questões com Bernardo Mello Franco, colunista do jornal O Globo e da rádio CBN.
7/1/202022 minutes, 50 seconds
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EUA: disparada da Covid depois da reabertura

O país que tem um quarto do total de casos e de mortes da pandemia está batendo seguidos recordes no registro diário de novas infecções. Neste episódio, a correspondente Carolina Cimenti mostra que o processo é liderado por alguns dos Estados mais populosos - como Califórnia, Texas e Flórida. E que tem atingido especialmente os jovens. Marcia Castro, brasileira que chefia o Departamento de Saúde Global e População da Universidade de Harvard, explica esse “novo perfil demográfico” dos contaminados e suas consequências. Desmonta a falácia de que a disparada dos casos resulta de testagem mais ampla, como chegou a dizer Donald Trump, e ainda sugere lições que o Brasil pode tirar do mau exemplo norte-americano.
6/30/202026 minutes, 58 seconds
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Lições de Paraisópolis na guerra à Covid-19

A segunda maior favela de São Paulo, na qual cerca de 100 mil pessoas vivem aglomeradas, registra metade da taxa média de mortalidade pelo novo coronavírus verificada na cidade. Neste episódio, Renata Lo Prete procura entender a fórmula desse sucesso conversando com Renata Alves, produtora nascida e criada em Paraisópolis, uma das coordenadoras das ações de atendimento à população local durante a pandemia. Ela explica o modo de operação das ambulâncias contratadas pela comunidade, o que fazem os “presidentes de rua”, como são isolados os doentes e o papel de empresas e doadores individuais para garantir renda básica neste momento. Fala também dos novos desafios, com a reabertura das atividades na capital paulista. Para analisar essas políticas, participa também do episódio Lígia Bahia, doutora em saúde pública e professora da UFRJ.
6/29/202025 minutes, 9 seconds
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O impacto do auxílio emergencial na pobreza

Antes do choque do coronavírus paralisar a economia, a pobreza no país já era severa: pelo menos 13,5 milhões de brasileiros viviam com menos de R$ 145 por mês. Interrompida a atividade, veio o auxílio emergencial de R$ 600, que chegou a 64 milhões de pessoas, aliviando a situação de famílias que estavam na extrema pobreza. Agora, o governo enfrenta um dilema: até quando manter o benefício? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Naércio Menezes, economista e pesquisador do Insper. Ele apresenta as conclusões de um estudo sobre o impacto do auxílio para quem mais precisa e as consequência de sua eventual interrupção. Participa também o jornalista da GloboNews Valdo Cruz, que detalha o que está em discussão no governo e no Congresso para prolongar e depois substituir o programa.
6/26/202027 minutes, 38 seconds
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Entregadores: categoria em expansão na pandemia

“Eu trabalhava de mecânico, fui mandado embora e comecei a fazer entregas”. Essa alternativa para muitos que perderam o emprego formal inclui longas jornadas, baixa remuneração e nenhum direitos trabalhista. Na pandemia, a situação se agravou. E a categoria começa a se organizar para apresentar suas reivindicações. Para entender esse movimento, Renata Lo Prete conversa com Tiago Bonini, entregador de comida em plataformas digitais há um ano. Ele relata sua rotina de 100 km pedalados por dia e as condições de trabalho. Participa também o sociólogo Ruy Braga, que estuda há anos o fenômeno da precarização das relações de trabalho e analisa o significado da tentativa de organização dos entregadores.
6/25/202025 minutes, 38 seconds
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Por que a Covid-19 se alastra em frigoríficos?

Nos EUA, a indústria da carne sacrificou milhões de animais e alguns dos maiores abatedouros foram fechados. A Alemanha suspendeu as operações de seu maior frigorífico. No Brasil, a taxa de infecção entre trabalhadores do setor é mais alta que a média. Para entender por que os frigoríficos são um foco da Covid-19, Renata Lo Prete conversa com Luiz Henrique Mendes, jornalista do Valor Econômico que acompanha o agronegócio, e com Adroaldo José Zanella, doutor em bem-estar animal e professor na USP. Eles detalham o dia a dia de um frigorífico, explicam a eficácia das medidas adotadas até aqui e analisam o impacto econômico de um fechamento generalizado.
6/24/202023 minutes, 26 seconds
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Frederick Wassef e a relação com os Bolsonaro

Um personagem que orbitava o clã presidencial ganhou notoriedade após a prisão de Fabrício Queiroz, na semana passada. Wassef, advogado que atuava para Flávio Bolsonaro no caso da rachadinha – justamente o que levou Queiroz à prisão - abrigava o ex-assessor do filho do presidente em uma casa em Atibaia. Mas quem é Wassef? Como ele se tornou advogado pessoal de Bolsonaro e do filho mais velho do presidente? Quais são suas contradições? E quais ameaças ele representa para Jair e Flávio? Neste episódio, Renata Lo Prete faz estas e outras perguntas para Andréia Sadi, repórter da Globo que acompanha essa história desde o começo e entrevistou o advogado em diversas ocasiões.
6/23/202032 minutes, 50 seconds
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Direto da UTI, o diário de um intensivista

Dois plantões. Ao fim do primeiro, esperança: "A noite foi relativamente tranquila. [...] No leito, a dona Terezinha teve uma alta”. Depois do segundo, angústia: “Infelizmente os pacientes são muito graves. [...] Então eu encerro meu plantão com algo angustiado". Neste episódio você ouve o relato de Alboino Lucena, de 26 anos, médico que se divide entre cinco UTIs de hospitais do Ceará - estado do Nordeste com mais número de casos de Covid-19 e mortes pela doença. Em tempo real, ele narra o atendimento a pacientes com a doença, fala suas impressões sobre a Covid-19, seus medos e preocupações com pacientes, familiares e colegas de profissão.
6/22/202022 minutes, 22 seconds
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Queiroz preso: clã Bolsonaro ameaçado

O desaparecido mais famoso do país está agora na penitenciária de Bangu. Ele estava na casa de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o repórter da Globo Arthur Guimarães e com a comentarista da GloboNews Natuza Nery. Arthur desenrola os fios da investigação que envolve Queiroz e Flavio Bolsonaro – e explica as ligações entre os dois. Natuza fala como a prisão de Queiroz é mais um revés em uma semana cheia de problemas para o governo e como Bolsonaro pode reagir.
6/19/202036 minutes, 4 seconds
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O estrago da Covid-19 no mercado de trabalho

“Não tenho e não sei mais o que fazer. Tudo que eu podia fazer já fiz, já esgotou todas as possibilidades que eu achava que eu tinha”. “Como a gente fica? Um monte de criança, desempregada, não pode sair". O drama de cada um dos mais de 30 milhões de brasileiros sem renda de trabalho pode ficar escondido no meio das estatísticas. Neste episódio, Renata Lo Prete ouve Cimar Azeredo, diretor-adjunto de pesquisas do IBGE, e Daniel Duque, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Azeredo explica que a situação real é muito pior do que mostram os números oficiais e por que a queda da informalidade, neste caso, não é um bom resultado. Duque detalha as perspectivas para os próximos meses e como a situação do mercado antes da pandemia contribui para uma recuperação ainda mais demorada.
6/18/202023 minutes, 45 seconds
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A segunda onda de Covid-19 na Ásia

Nesta terça-feira, Pequim voltou a fechar escolas e limitar a circulação de pessoas, dias depois que um novo surto de coronavírus foi confirmado em um dos maiores mercados da cidade. China, Japão, Coreia do Sul... Países que já avançavam na reabertura agora voltam a tomar medidas de restrição para conter uma nova onda de casos. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Luiz Tasso Neto, brasileiro que trabalha na agência de notícias chinesa Xinhua. É ele que conta a sensação de ver o fantasma da Covid-19 voltar a assombrar uma rotina que parecia voltar ao "novo normal". Participa também Carlos Gil, correspondente da Globo no Ásia. Gil fala dos novos casos em países do continente, das medidas tomadas pelas autoridades e detalha o caso da Índia, que prepara a reabertura apesar do avanço da doença entre sua população.
6/17/202023 minutes, 57 seconds
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As reações à ofensiva de Bolsonaro contra o STF

As ofensas e ameaças vieram de todos os lados: o próprio presidente, alguns de seus ministros e parte de seus apoiadores já avançaram contra o Supremo. Neste sábado, contudo, o limite do ataque verbal foi ultrapassado: um grupo disparou fogos de artifício contra o prédio da Corte. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o comentarista da GloboNews Merval Pereira para entender e explicar o que motiva a ofensiva bolsonarista. Merval explica por que, depois de dias de trégua, a tensão voltou a escalar. Ele comenta as consequências para o julgamento da chapa eleitoral no TSE, a posição das Forças Armadas diante do conflito e as reações à tensão.
6/16/202030 minutes, 41 seconds
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Deflação, por que ela é um problema?

Abril e maio registraram recuo no índice que mede a alta nos preços - e a inflação caminha para ficar abaixo da meta do governo. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central. Schwartsman explica o que é a deflação e o que os últimos resultados do IPCA mostram sobre a economia brasileira. Ele detalha ainda por que seria problema a inflação ficar abaixo da meta estipulada pelo governo para este ano. E responde o que pensa da ideia de emitir dinheiro como medida para estimular a economia.
6/15/202027 minutes, 15 seconds
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Renda Brasil, o Bolsa Família de Bolsonaro

O governo vai manter o auxílio emergencial por mais dois meses, mas pretende reduzir o valor à metade. Para depois desse período, o ministro Paulo Guedes promete o Renda Brasil, um Bolsa Família turbinado, que incluiria trabalhadores informais. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Fabio Graner, repórter do Valor Econômico, que revela esboços da equipe econômica para o novo programa. Participa também Julia Duailibi, comentarista da GloboNews. Ela descreve o ambiente político em que a proposta vai tramitar - da rejeição do Congresso à ideia de desidratar o auxílio de R$ 600 a resistências ao ministro da Economia dentro do próprio governo.
6/12/202027 minutes, 52 seconds
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A epidemia que a ditadura escondeu

Escolas vazias, hospitais lotados, um governo que sonega informações... O Brasil da meningite tem algumas semelhanças com o da Covid-19. Na década de 1970 o país viveu sua pior epidemia letal da doença, que matou 13% dos infectados só na cidade de São Paulo. Para mostrar o subdimensionamento da crise praticado pelo governo militar, Renata Lo Prete fala com Carlos Fidelis Ponte, pesquisador do Observatório História e Saúde da Fiocruz. Ele explica como isso atrapalhou o enfrentamento do problema e aumentou a letalidade. Participa também a jornalista Eliane Cantanhêde, que conta o episódio da censura a uma entrevista reveladora feita por ela com o então ministro da Saúde.
6/10/202029 minutes, 13 seconds
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Bolsonaro e Mourão na mira do TSE

Nesta terça-feira o tribunal retoma o julgamento da chapa eleita em 2018. Para entender o que está em jogo nas 8 ações contra o presidente e o vice, as chances de elas avançarem e as consequências do julgamento, Renata Lo Prete conversa com Maria Cristina Fernandes, repórter especial e colunista do jornal Valor Econômico. Maria Cristina explica por que essas ações geram temor no Palácio do Planalto e fala ainda dos movimentos do vice-presidente Hamilton Mourão, que vem tentando fazer acenos para a base bolsonarista.
6/9/202025 minutes, 39 seconds
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A boiada do desmonte do Meio Ambiente

Na inesquecível reunião ministerial de 22 de abril, Ricardo Salles recomendou aos colegas aproveitar a “tranquilidade” da pandemia para implementar, longe dos olhos do Congresso, da imprensa e do público em geral, toda a desregulamentação possível. A fala lhe rendeu acusações formais de improbidade administrativa, crime de responsabilidade e, na última sexta-feira, um pedido de impeachment. Em conversa com Renata Lo Prete, a pesquisadora Natalie Unterstell explica que a “desregulamentação” é, na verdade, um desregramento generalizado da proteção ambiental, feito por meio de decretos, portarias e desmoralização de funcionários públicos de carreira. Integrante de um grupo que monitora cada decisão da área publicada no Diário Oficial da União, ela mostra também o que essa política já está custando ao Brasil em reputação e recursos externos perdidos.
6/8/202028 minutes, 38 seconds
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Cloroquina, estudos, usos e disputas

Enquanto pesquisadores se desdobram em busca de vacina e remédio para o novo coronavírus, a cloroquina e sua derivada, a hidroxicloroquina, estão no centro da pauta científica e política. Nesta quinta-feira, foi invalidada uma extensa pesquisa que apontava riscos no uso das substâncias. Na política, Jair Bolsonaro e Donald Trump seguem em defesa do medicamento. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o infectologista Marcus Lacerda, coordenador do estudo CloroCovid-19 da Fundação de Medicina Tropical em parceria com a Fiocruz. Lacerda fala sobre os ataques que sofreu de militantes governistas e explica por que a disputa política em torno da cloroquina atrapalha os estudos clínicos. Participa também a jornalista da TV Globo especializada em saúde Fabiane Leite. Ela detalha o que os principais estudos sobre a droga dizem até aqui.
6/5/202028 minutes, 19 seconds
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O Artigo 142 e os limites das Forças Armadas

O que está previsto dentro da Constituição no artigo citado pelo presidente Jair Bolsonaro? Há espaço dentro da lei para uma eventual intervenção militar? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Oscar Vilhena, diretor da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas. Vilhena explica a discussão jurídica em torno do artigo e por que ele passou a ser invocado pelo presidente e aliados. Participa também o repórter da TV Globo em Brasília Márcio Falcão, que relembra em qual contexto Bolsonaro lembrou o artigo, fala do papel do procurador-geral da República Augusto Aras e da reação do Supremo, e explica o que está previsto no artigo da Constituição.
6/4/202028 minutes, 23 seconds
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A ameaça da Covid-19 aos indígenas

O novo coronavírus se espalhou por quase 80 etnias, infectou mais de 1.800 índios e fez cerca de 180 mortos. A situação é especialmente grave na região amazônica, onde está a técnica de enfermagem Vanda Ortega Witoto, que vive na comunidade Parque das Tribos. Vanda conversa com Renata Lo Prete e explica como a realidade da pandemia é muito diferente do que mostram os números oficiais: "O número de casos e óbitos é muito maior e não temos a assistência do Estado. Até na morte nossa identidade é negada”. Este episódio tem também a participação de Ailton Krenak, escritor e líder indígena fundador da Aliança dos Povos da Floresta. Krenak explica como seu povo está se protegendo e reagindo ao coronavírus. Ele ainda analisa a relação entre índios e não-índios diante da pandemia e como a humanidade está se preparando para futuras crises.
6/3/202026 minutes, 28 seconds
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George Floyd, explosão e fúria nos EUA

A impunidade de crimes raciais e a desigualdade acentuada pela pandemia da Covid-19 se misturaram no caldeirão social norte-americano. O país líder em casos e mortes pelo novo coronavírus agora se vê em meio a manifestações contra o racismo e a desigualdade. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Silvio Almeida, professor de Direito da USP, da FGV e do Mackenzie, atualmente professor convidado na Universidade de Duke, na Carolina do Norte. Almeida explica como, na visão dele, a pandemia dará nova forma ao racismo. Fala também qual o nó que ainda não foi desatado no racismo estrutural nos EUA. Participa também o correspondente da Globo em NY Guga Chacra, que traça um raio-x dos protestos e como eles podem ter consequências na campanha presidencial.
6/2/202027 minutes, 23 seconds
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O Assunto, 200 episódios

Desde a estreia foram mais de 22 milhões de downloads, 291 convidados e quase 79 horas de programa.
6/1/20201 minute, 17 seconds
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A síria que escapou da guerra e morreu de Covid

Khadouj Makhzoum, de 55 anos, sobreviveu aos bombardeios em Aleppo, na guerra que já dura nove anos, deixou mais de 380 mil mortos e provocou a fuga de 11 milhões de pessoas. Trazida ao Brasil pelo filho Abdulbaset Jarour, de 30 anos, morava em São Paulo. Khadouj é uma das vítimas de outra guerra, essa mais silenciosa: a pandemia de Covid-19. No episódio 200, Renata Lo Prete ouve Abdul, que lembra a saga para trazer a mãe ao Brasil, os primeiros sintomas e a dificuldade de os médicos se comunicarem com uma paciente que não falava português. Abdul faz um relato emocionante de um filho que salvou a mãe da guerra, mas foi vencido na batalha contra a pandemia.
6/1/202032 minutes, 33 seconds
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Qual é a hora de afrouxar o isolamento?

A curva de casos de Covid-19 no Brasil parece mais uma reta em ascensão - o país superou 26 mil mortes e 400 mil casos. Enquanto isso, várias capitais e Estados inteiros começaram a relaxar as medidas de isolamento social. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o jornalista Raphael Faraco, da afiliada da TV Globo em Santa Catarina. Faraco lembra o que aconteceu por lá, onde a reabertura do comércio fez o número de casos triplicar em 3 semanas. Participa também o reitor da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal. Doutor em epidemiologia e coordenador da maior pesquisa sobre a Covid-19 no país, Hallal responde, entre outras perguntas: quais os critérios para começar a afrouxar a quarentena? Existe no Brasil alguma região onde convém fazer isso agora?
5/29/202026 minutes, 38 seconds
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Fake news e bolsonaristas na mira da PF

Empresários, ativistas e blogueiros que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. Eles foram alvo de uma operação da Polícia Federal, por ordem do STF, no inquérito que investiga a disseminação de fake news. Justamente uma das investigações que mais preocupam o presidente. Quem explica a investigação, os alvos, os indícios e o que acontece agora é a repórter da Globo em Brasília Camila Bomfim. Participa também Pablo Ortellado, filósofo e professor da USP que investiga a disseminação de notícias políticas, falsas ou não, na internet. Ortellado explica por que as investigações podem ir até muito mais longe, inclusive até a campanha eleitoral de 2018.
5/28/202028 minutes, 24 seconds
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A parceria entre Bolsonaro e o Centrão

Durante a campanha, Jair Bolsonaro dizia que não ia negociar cargos em troca de apoio. Com 18 meses de governo, o presidente se aproxima do bloco que sempre criticou, o Centrão. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Thiago Vidal, analista político da consultoria Prospectiva, e com o repórter da GloboNews Nilson Klava. Vidal esmiúça a relação entre Centrão e governo, fala como a aproximação da eleição para a presidência da Câmara ajuda a explicar o flerte entre as duas partes e quais os interesses dos dois lados. Klava detalha o que é esse bloco e responde ainda qual o tamanho da bancada, quem são os personagens dessa história e como estão as negociações com o governo.
5/27/202028 minutes, 29 seconds
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O Brasil isolado do mundo

O que significa, na prática, a decisão de Trump de barrar viajantes que estiveram em território brasileiro? Como o Brasil está sendo visto lá fora? Para responder a estas e outras perguntas, Renata Lo Prete conversa com o diplomata e ex-ministro Rubens Ricupero e com o jornalista da GloboNews Marcelo Lins. Ricupero explica a mudança de rumo da diplomacia brasileira, como o governo Bolsonaro adotou uma posição "autoexcludente" em várias questões - e as consequências que isso pode ter. Lins fala da relação Trump-Bolsonaro e da linha divisória entre os dois presidentes.
5/26/202026 minutes, 46 seconds
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A luta de um médico contra a Covid-19

Mais de 110 médicos já morreram no Brasil de coronavírus. O Rio de Janeiro lidera essa triste estatística, seguido pelo Pará. Neste episódio, é contada a história do médico Danilo dos Santos Silva, que une a realidade de RJ e PA. Nascido em Belém, uma das cidades com a mais alta taxa de mortalidade do vírus, Danilo atendia pacientes na capital fluminense. Quem conta a história de Danilo é a mãe dele, Francisca, e o marido dele, o biólogo e estudante de medicina Gilberto Amaral. Eles relatam a evolução dos sintomas, os dias de interação e a despedida à distância.
5/25/202023 minutes, 24 seconds
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EDIÇÃO EXTRA - O governo Bolsonaro nu e cru

Existe de fato uma prova de tentativa de interferência na Polícia Federal? O que o presidente quer dizer quando fala em “armar o povo”? O que Damares Alves, Abraham Weintraub, Ricardo Salles e Paulo Guedes disseram de grave? “O presidente dá o tom, e os ministros seguem”, explica Maria Cristina Fernandes, repórter especial e colunista do jornal Valor Econômico. Em mais um episódio extra depois de outra turbulenta sexta-feira em Brasília, Renata Lo Prete conversa com Maria Cristina. Elas destrincham os principais pontos do vídeo da reunião ministerial de Jair Bolsonaro, cujo sigilo foi retirado pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal.
5/23/202030 minutes, 42 seconds
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O avanço da Covid-19 no interior do Brasil

O coronavírus chegou a mais de 60% das cidades do país. O número de municípios com casos confirmados aumentou 12 vezes em menos de 2 meses. Helyn Thami, pesquisadora do Instituto de Estudos para Políticas Públicas de Saúde (IEPS) e integrante da plataforma CoronaCidades, explica os desafios dos municípios no combate à Covid-19. Helyn detalha os perigos da interiorização da doença, em um país onde 15% da população que depende do SUS está em regiões que não têm leitos de UTI. Participa também Alan Severiano, repórter e apresentador da Globo, que fala como a doença se espalhou de metrópoles como São Paulo e Manaus para o interior dos Estados.
5/22/202024 minutes, 16 seconds
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Os erros na ajuda do governo a pessoas e empresas

Auxílio emergencial de R$ 600, complemento salarial pago pelo governo e crédito para empresas. A realidade do socorro à economia é muito diferente do discurso oficial. Filas, juros altos, o dinheiro que não cai na conta... Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Juliana Rosa, repórter especial de economia da GloboNews, que explica o fiasco dos programas de crédito e onde está o nó para a ajuda chegar a quem mais precisa. Participa também Manoel Pires, economista pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Ele fala como a incerteza sobre o futuro prejudica empréstimos a microempresários e como a falta de ação agora pode comprometer a economia brasileira ainda mais no pós-crise.
5/21/202028 minutes, 53 seconds
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A corrida por uma vacina contra a Covid-19

Quanto vai demorar para termos uma vacina contra o novo coronavírus? Quem está mais à frente nesta corrida? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o biólogo e doutor em imunologia Gustavo Cabral e também com o repórter do Fantástico Álvaro Pereira Júnior. Cabral, do grupo de pesquisa do Incor (USP) que desenvolve uma vacina, explica as etapas até chegar à imunização eficaz e responde qual a previsão para os trabalhos serem concluídos. Álvaro fala quais países estão na busca por uma vacina e quem desponta como favorito nessa descoberta que pode valer bilhões de dólares.
5/20/202027 minutes, 4 seconds
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A Covid-19 nas prisões do Brasil

"Hoje eu tentei ir para a enfermaria, mas não consegui". "Dor em todo o corpo, febre, dor no peito. [...] Quase metade da cela está com esses sintomas". As cartas enviadas por presos a familiares retratam o cenário de superlotação, uma realidade incompatível com o isolamento social. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Eduardo Matos de Alencar, sociólogo e autor de um livro sobre o desafio de governar uma prisão no Brasil. Alencar fala como a infraestrutura das prisões contribui para a transmissão da Covid-19. Participa também Renato de Vitto, defensor público e ex-diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), que avalia a eficácia das medidas de prevenção na população carcerária e as recomendações do Conselho Nacional de Justiça para liberação temporária de parte dos presos.
5/19/202026 minutes, 49 seconds
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Mundo pós-Covid: a relação China-EUA

Maiores economias, maiores parceiros comerciais, maiores inimigos... China e EUA travaram uma guerra comercial nos últimos anos, e ensaiaram um acordo nos últimos meses. Mas chegou a pandemia de Covid-19 e com ela nova troca de acusações e disputa entre os dois lados. Renata Lo Prete conversa com Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil em Washington, e Tatiana Prazeres, ex-secretária de Comércio Exterior do Brasil. Os dois falam como fica a relação entre as duas potências no pós-pandemia, quais os impactos da disputa entre os dois países para a economia e, principalmente, para o Brasil.
5/18/202022 minutes, 41 seconds
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EDIÇÃO EXTRA - A sexta-insana em Brasília

Em episódio extra, Renata Lo Prete e Natuza Nery conversam sobre como a cloroquina derrubou dois ministros da Saúde em um mês - e por que Bolsonaro insiste em defender o medicamento. Falam de outro problema que está no colo do presidente: o inquérito que investiga se Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal. Natuza analisa ainda como está o ministro Paulo Guedes no meio de tanta confusão e quais seriam as perspectivas de um eventual processo de impeachment.
5/16/202026 minutes, 8 seconds
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A fritura do ministro da Saúde

Isolado, desgastado, anulado... A situação de Nelson Teich culminou com o pedido de demissão no fim da manhã desta sexta-feira. O ministro sai dois dias antes de completar um mês no governo. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o médico sanitarista José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde (2007-2010) e hoje pesquisador da Fiocruz. Temporão detalha a importância de o Ministério da Saúde exercer um papel de liderança em tempos de epidemia e o que podemos fazer para achatar a curva de casos e de mortes de Covid-19 no Brasil. Participa também a comentarista Cristiana Lôbo, que conta como foi o mês de Teich na pasta, o processo de isolamento dele e as rasteiras que o ministro tomou.
5/15/202029 minutes, 54 seconds
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O uso de UTIs particulares pelo SUS

A falta de leitos de tratamento intensivo para pacientes com Covid-19 já é uma realidade na rede pública de vários Estados. Uma opção das autoridades é recorrer à rede particular. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o médico Gonzalo Vecina, ex-diretor da Anvisa, ex-secretário do Ministério da Saúde e que esteve à frente do Hospital Sírio Libanês. Vecina fala sobre a rede particular requisitando vagas do SUS, de como é a fila única de UTIs e como garantir um atendimento igualitário a pacientes durante a pandemia. O médico comenta também a demissão de funcionários da rede particular no meio da crise do novo coronavírus. Participa também a repórter da Globo Graziela Azevedo, que está na linha de frente da cobertura sobre a Covid-19 em São Paulo. Ela descreve o cenário atual como "o Titanic afundando, com a confusão das pessoas tentando se salvar".
5/14/202026 minutes, 37 seconds
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Enem 2020 – o que vai acontecer com a prova?

Sabrina (SP), Mariana (PA) e Ramona (PE) estão se preparando para fazer o Enem e contam quais são as principais dificuldades para estudar para a prova em tempos de ensino à distância. Por que manter a data do exame, como quer o MEC? Quais as consequências de adiar a prova? Para responder a estas e outras perguntas, Renata Lo Prete conversa com Maria Inês Fini, ex-presidente do Inep e uma das idealizadoras do exame. Para ela, em um ano atípico, os estudantes não estarão prontos para entrar na universidade em 2021 e é preciso uma coordenação nacional em busca de solução viável para o Enem 2020. Participa também Samanta Cunha, coordenadora do cursinho popular PreVest – Voluntários pela Educação, de Salvador. Ela relata o desafio de manter a motivação de alunos que, em situações normais, já têm dificuldades para estudar.
5/13/202024 minutes, 8 seconds
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Desmatamento em alta em plena pandemia

Enquanto todas as energias estão voltadas para o combate à Covid-19, os alertas de desmate na Floresta Amazônica cresceram 64% em abril – isso depois de baterem recorde de janeiro a março. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Carlos Nobre, presidente do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da USP. Nobre fala por que devemos nos preocupar com a aceleração da derrubada da floresta: “Se nós continuarmos perturbando a Amazônia, ela vai se tornar uma fonte de pandemia”. Participa também o repórter do Fantástico Marcelo Canellas, autor de uma série de reportagens sobre a tensão em áreas protegidas da floresta. Ele relata como a pandemia contribuiu para as ofensivas a terras indígenas, além das sinalizações políticas que deixaram invasores à vontade para agir.
5/12/202030 minutes, 45 seconds
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Perdi meu pai para a Covid-19

Sintomas silenciosos, falta de testes, hospitais em colapso, luto sem despedida: diferentes dramas da pandemia se juntam na história de Thiago Ladislau, 33, pequeno comerciante da região metropolitana do Recife que acompanhou o calvário de seu José, 74. Em depoimento a Renata Lo Prete, Thiago relata sua hipótese para a contaminação do pai, que vinha cumprindo as regras do isolamento: “Numa fugidinha pra ir na padaria, tudo aconteceu”. Conta dos sintomas que precederam a dificuldade de respirar: “foi quando a luz vermelha acendeu”. Na UPA lotada lhe explicaram: exame, “só depois do óbito”. Que veio após uma semana de espera, em vão, por um leito de UTI. Mesmo sem resultado, não houve velório nem cova: "Caixão fechado, na gaveta escrito Covid-19".
5/11/202029 minutes, 27 seconds
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A ida teatral de Bolsonaro ao STF

O presidente atravessou a pé a Praça dos Três Poderes e bateu na porta - de maneira inesperada - do presidente do Supremo, Dias Toffoli. Para entender o que queria o presidente, Renata Lo Prete conversa com Merval Pereira e Valdo Cruz, dois jornalistas com experiências de décadas em Brasília. Valdo relata a reação de empresários que estavam com Bolsonaro, e qual o papel do ministro Paulo Guedes na cena da quinta-feira. Merval explica o simbolismo desta visita surpresa e qual foi a reação do presidente do STF.
5/8/202030 minutes, 38 seconds
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Lockdown - quando o bloqueio total é necessário

O isolamento social obrigatório está decretado em duas capitais do país por causa da pandemia de Covid-19. Com a escalada no número de casos e de mortes, o ministro da Saúde do governo Bolsonaro admitiu que em alguns casos as medidas extremas vão precisar ser adotadas. Para entender quais critérios devem ser levados em conta na hora de decretar o lockdown, Renata Lo Prete conversa com Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fiocruz que até março dirigia o Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde. A repórter Regina Souza, da afiliada da Globo no Maranhão, relata a situação nas ruas de São Luiz, primeira capital do país a impor bloqueio mais rígido para tentar frear a doença.
5/7/202028 minutes, 30 seconds
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Hospitais no limite: quem os médicos salvam?

Emergências e UTIs lotadas. Falta de leitos, de material e de profissionais da saúde. Retratos do colapso no sistema de saúde por causa da pandemia de Covid-19. Médicos se deparam com um dilema: qual paciente priorizar? Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a médica intensivista Lara Kretzer, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Lara fala das recomendações para médicos que têm poucos recursos e precisam escolher quais casos privilegiar. Participa também a repórter Gabriela de Palhano, que descreve a situação do Rio de Janeiro - onde unidades estão superlotadas, mas também há hospitais com leitos de sobra.
5/6/202026 minutes, 54 seconds
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Bolsonaro e o Supremo

O governo vem de uma série de derrotas no STF. O presidente da República não digeriu bem nenhuma delas, mas a que o deixou mais inconformado foi o bloqueio à nomeação de um amigo da família para o comando da PF. Em conversa com Joaquim Falcão, professor de Direito Constitucional da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Renata Lo Prete avalia o significado e as consequências da pregação de Jair Bolsonaro contra o tribunal numa manifestação antidemocrática no domingo. Falcão analisa também os recados que os ministros têm enviado ao presidente por meio de suas decisões, e o que esperar do inquérito aberto para investigar as acusações de Sergio Moro contra Bolsonaro.
5/5/202023 minutes, 6 seconds
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Bernardinho e Bruno, separados na quarentena

Pai e filho que personificam algumas das maiores conquistas da história do vôlei brasileiro, eles conversam com Renata Lo Prete, cada um a partir de sua casa no Rio de Janeiro, sobre as transformações provocadas pelo novo coronavírus no esporte e na vida. Bruno conta como foi o isolamento na Itália, no momento em que a situação saiu de controle por lá e ele finalizava um ciclo de seis anos jogando no exterior. E reflete a respeito das adaptações de um fenômeno de massa a uma realidade em que a aglomeração da torcida ficou inviável. Bernardinho, que depois da premiada carreira como jogador e técnico se tornou um dos palestrantes motivacionais mais requisitados do país, fala da importância de valores como disciplina e solidariedade para atravessar o momento atual e também a reconstrução pós-pandemia.
5/4/202024 minutes, 37 seconds
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As vítimas ocultas da Covid-19

Cemitérios lotados, mortes em casa, internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave... a cada dia aumentam os indícios de que os números oficiais subestimam muito a realidade da pandemia. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Paulo Lotufo, epidemiologista, professor da Faculdade de Medicina da USP. Autor de um levantamento sobre a subnotificação na cidade de São Paulo, Lotufo detalha as evidências de que o número de casos é muito superior ao dos boletins oficiais. Participa também o médico socorrista Eduardo, que trabalha no Samu de Manaus. Em depoimento a Isabel Seta, da equipe de O Assunto, ele relata como é a transferência de pacientes graves para hospitais, em uma cidade onde já não há mais leitos.
4/30/202025 minutes, 19 seconds
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O impacto das mudanças na PF e na Justiça

A troca no comando do Ministério da Justiça e da Polícia Federal causou a maior crise política do governo Bolsonaro. O presidente indicou Alexandre Ramagem, próximo de sua família, para a PF. André Mendonça entra na Justiça no lugar de Sergio Moro. Para entender o impacto das indicações, Renata Lo Prete conversa com o jornalista da TV Globo em Brasília Marcio Falcão, que explica o impacto das indicações políticas para a direção da PF, a importância do cargo de Ministro da Justiça e em que pé estão as investigações contra Bolsonaro e seus filhos. Participa também o comentarista de política da GloboNews Merval Pereira, que fala quem ganha com as trocas na PF e no Ministério da Justiça e se há algum sinal de que o autoritarismo de Bolsonaro será freado por alguém em Brasília.
4/29/202029 minutes, 54 seconds
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Os sintomas silenciosos da Covid-19

Da falta de ar à internação e entubação em poucas horas. Com oxigenação baixíssima e pulmões "destruídos", pacientes com Covid-19 desenvolvem uma pneumonia específica, que em muitos casos pode ser silenciosa. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com o médico Carlos Carvalho, diretor da divisão de pneumologia do Instituto do Coração e chefe da UTI Respiratória do Hospital das Clínicas de São Paulo. O médico explica por que a oxigenação de algumas pessoas cai tanto e tão rápido, fala dos diferentes tipos de pneumonia e como fica o pulmão de uma pessoa com Covid-19. Participa também o repórter Ernesto Paglia – ele relata a entrevista que fez com um médico americano que questiona: as pessoas estão buscando os hospitais tarde demais?
4/28/202028 minutes, 54 seconds
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Vidas em quarentena – Selminha Sorriso e Claudinho da Beija-Flor

O casal mestre-sala e porta-bandeira desfila junto há quase três décadas - há 25 anos só na Beija-Flor. Agora, em tempos de isolamento social, foram obrigados a dançar separados, cada um em sua casa. Em conversa com Renata Lo Prete, a dupla relata como faz para dançar junto, mesmo de longe. Selminha Sorriso e Claudinho contam como está a vida onde moram, o que querem fazer quando o isolamento acabar e o que esperam para o Carnaval de 2021.
4/27/202025 minutes, 57 seconds
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EDIÇÃO EXTRA - Moro fora do governo Bolsonaro

O casamento durou quase um ano e meio, mas nesta sexta-feira Sergio Moro pediu demissão do governo e acusou o presidente de tentar interferir na Polícia Federal. A saída de Moro provocou um terremoto em Brasília em meio à pandemia. Neste episódio especial, Renata Lo Prete conversa com a repórter da Globo Andréia Sadi, que conta como a relação entre Moro e Bolsonaro chegou até aqui. Participa também o sociólogo Celso Rocha de Barros, que fala o que este momento representa e como fica a situação de Jair Bolsonaro daqui para frente.
4/25/202030 minutes, 45 seconds
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O plano da economia e o sumiço de Guedes

O governo apresentou novas medidas econômicas nesta semana em meio à pandemia de Covid-19. Na cerimônia, faltou Paulo Guedes, ministro da Economia antes todo-poderoso do governo. Para explicar o conteúdo - ou a ausência de detalhes - do plano, Renata Lo Prete conversa com Carlos Alberto Sardenberg, comentarista de economia da Globo. Participa também o jornalista Thomas Traumann, autor de um livro sobre a trajetória de outros 14 ministros da Fazenda. Traumann responde onde está Guedes e como o ambiente político mudou para o ministro.
4/24/202027 minutes, 18 seconds
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O rastreamento de pessoas no combate à Covid-19

Como a tecnologia pode ser aliada no controle do novo coronavírus e ajudar na saída do isolamento social? Para falar sobre como governos estão discutindo o uso do rastreamento para a reabertura da economia e a volta gradual "ao novo normal", Renata Lo Prete conversa com Ronaldo Lemos, advogado diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro. Lemos fala quais são os tipos de monitoramento e coleta de dados e até onde eles podem ir. Participa também o colunista do G1 Altieres Rohr, que explica como a coleta de dado é feita e fala sobre a privacidade dos usuários.
4/23/202024 minutes, 7 seconds
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Alemanha e Portugal: acertos contra a Covid-19

Enquanto a Europa amarga uma taxa média de mortalidade superior a 8% entre os infectados pelo novo coronavírus, no país mais rico e populoso do bloco ela é inferior a 3%. E está pouco acima disso em Portugal, que vem conseguindo conter os danos da pandemia apesar da vizinhança com a devastada Espanha. Muita testagem, reforço do sistema hospitalar, coordenação das autoridades e adesão da sociedade a medidas de distanciamento social: Renata Lo Prete discute as circunstâncias e as ações que levaram a resultados positivos em conversas com dois jornalistas brasileiros. Silvia Bittencourt vive na Alemanha há quase 30 anos. Leonardo Monteiro está há quatro em Portugal.
4/22/202025 minutes, 10 seconds
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O morde-assopra de Bolsonaro

No domingo, o presidente da República participou de manifestação que pedia intervenção militar e retorno do AI-5. Na segunda-feira, declarou respeito aos outros Poderes e à Constituição. Em conversa com o cientista político Fernando Abrucio, da Fundação Getúlio Vargas, Renata Lo Prete procura entender o jogo de ambivalências de Bolsonaro, que acaba de trocar o ministro da Saúde e de sofrer derrotas no Congresso e no Supremo. Abrucio, que se recupera em casa da Covid-19, analisa o papel dos personagens desta crise e a especificidade do Brasil, único país de grande porte a ter de lidar ao mesmo tempo com o coronavírus e com instabilidade política.
4/21/202024 minutes, 37 seconds
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Vidas em quarentena, com Galvão Bueno e Casagrande

Eles trabalham juntos há mais de duas décadas, em variados estádios, estúdios, cidades e países. Agora, a parceria virou remota e ganhou um novo objeto: a retransmissão de jogos históricos do futebol brasileiro. No quarto episódio da série sobre as transformações causadas no cotidiano pelo isolamento social, Renata Lo Prete conversa com narrador Galvão Bueno e o comentarista Walter Casagrande Jr. Galvão descreve o esquema que montou para trabalhar de casa e reflete sobre o futuro do esporte de massa pós-trauma do coronavírus. Casagrande conta da preocupação em se manter emocionalmente conectado com o mundo, que deu origem a “lives” nas quais entrevista profissionais de diversas áreas.
4/20/202031 minutes, 59 seconds
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A troca de ministro e o futuro da Saúde

Depois de mais de um mês de guerra aberta, Jair Bolsonaro demitiu Luiz Henrique Mandetta e colocou em seu lugar o médico oncologista Nelson Teich, estreante em administração pública e consultor da campanha do presidente em 2018. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Hélio Gurovitz, colunista do G1, sobre o saldo da gestão Mandetta e o que esperar do governo federal no momento em que a Covid-19 escala no Brasil.
4/17/202021 minutes, 43 seconds
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Mandetta fica até quando na Saúde?

Nesta quarta-feira, com casos e mortes por Covid-19 escalando no Brasil, a equipe de Luiz Henrique Mandetta mais uma vez ocupou o centro do noticiário. O braço direito do ministro pediu demissão, mas ele recusou: "Trabalhamos juntos e saímos juntos", disse. Para entender a queda-de-braço entre Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro, e o que esperar da provável substituição do ministro e de seus principais auxiliares, Renata Lo Prete conversa com Natuza Nery, comentarista da GloboNews. O outro convidado é o médico Gonzalo Vecina, ex-secretário Nacional de Vigilância Sanitária. Ele fala dos riscos de enfrentar uma pandemia com os gestores sob ataque do próprio governo.
4/16/202027 minutes, 5 seconds
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Amazonas em colapso pela Covid-19

Com mais de 1.200 casos, o Estado tem a maior proporção de confirmações de coronavírus por número de habitantes no país. Neste cenário, a UTI do hospital referência para tratar Covid-19 está lotada e faltam profissionais da área da saúde para tratar dos doentes. Para falar da situação limite no Amazonas, Renata Lo Prete conversa com o repórter da TV Globo Alexandre Hisayasu. Ele relata como Estado chegou a esse ponto e qual era a situação antes da pandemia. Participa também o enfermeiro Michel Lemos, que fala como é trabalhar em hospitais do Estado que atendem pacientes com a doença.
4/15/202024 minutes, 58 seconds
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Cloroquina: o que dizem os estudos até aqui

Sem vacina nem tratamento específico para a Covid-19, uma droga que já havia sido usada contra outros vírus, com resultados limitados, passou a integrar o coquetel prescrito a pacientes hospitalizados e, no Brasil, virou objeto de disputa política. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Natália Pasternak, pós-doutora em microbiologia, pesquisadora do Instituto de Ciências Biomédicas da USP e diretora do Instituto Questão de Ciência. Ela explica a diferença entre cloroquina e hidroxicloroquina, esclarece erros e acertos dos testes já feitos com a substância e fala da importância de obter conclusões científicas sobre eficácia e segurança.
4/14/202024 minutes, 4 seconds
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Vidas em quarentena - Ruy Castro e Heloisa Seixas

No terceiro episódio da série especial do Assunto sobre o cotidiano transformado pelo isolamento social, Renata Lo Prete recebe os escritores Ruy Castro e Heloisa Seixas. Enquanto muitos casais estão momentaneamente separados, eles fizeram o caminho inverso: depois de 30 anos de convivência, compartilham o mesmo teto pela primeira vez. Ao analisar os impactos da Covid-19, Ruy aponta semelhanças e diferenças com a gripe espanhola de 1918, epidemia descrita em seu livro mais recente, “Uma Metrópole À Beira Mar”. Heloisa fala da importância da literatura neste momento e do projeto de leituras virtuais que os dois estão tocando a partir da vasta biblioteca do apartamento no Leblon.
4/13/202027 minutes, 40 seconds
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Os casos e mortes não registrados de Covid-19

Prestes a atingir a marca de mil óbitos causados pelo novo coronavírus, o Brasil acumula indícios de que esse número pode já ser bem maior. Testagem restrita e notificação apenas dos casos graves explicam o descompasso entre estatística e realidade. Imersa nos números, a jornalista Ana Carolina Moreno, da TV Globo, explica a matemática da subnotificação e as consequências para o enfrentamento da pandemia. Também entrevistado neste episódio, Erik von Poser, do Profissão Repórter, relata sua recente incursão pelo maior cemitério de São Paulo, num dia de sepultamentos muito acima da média e, em sua maioria, de caixões lacrados em razão da suspeita de morte por Covid-19.
4/10/202026 minutes, 46 seconds
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O saque de R$ 600 para os informais

Anunciado como uma medida para frear o impacto da crise do coronavírus, o benefício começa a ser pago nesta quinta-feira. Quem tem direito? Como se cadastrar para receber? Quantas pessoas serão beneficiadas? Para responder a esta e a outras perguntas, Renata Lo Prete conversa com o repórter de economia do G1 Luiz Gerbelli, que fala também sobre a MP que permite saques do FGTS.
4/9/202014 minutes, 57 seconds
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A guerra por respiradores e máscaras

Dos Estados Unidos ao Brasil, todos os países impactados pelo novo coronavírus se voltam para a China, maior produtora de equipamentos essenciais no enfrentamento da Covid-19. Enquanto os americanos se apoderam de grande parte dos estoques e são acusados até de pirataria por países como Alemanha e França, o Brasil tenta contornar uma crise diplomática com os chineses para conseguir se abastecer. Com a doutrina “América primeiro” aplicada à pandemia, e a China em posição privilegiada no mercado, que mudanças geopolíticas a crise de saúde pública deve provocar? Os entrevistados neste episódio são a jornalista Claudia Trevisan, ex-correspondente em Pequim e pesquisadora do Instituto de Política Externa da Universidade Johns Hopkins, nos EUA, e Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV.
4/8/202025 minutes, 1 second
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Nova York sitiada pelo coronavírus

Uma das cidades mais visitadas do mundo está irreconhecível, semideserta de dia e fantasmagórica à noite. Aglomeração, só nos hospitais. “Tem leito até na entrada”, conta a enfermeira brasileira Karina Felix. Ela está isolada, com sintomas de Covid-19, mas, como a febre passou, deve voltar à ativa a qualquer momento, mesmo sem ter sido testada. Neste episódio Renata Lo Prete conversa também com o correspondente Tiago Eltz, que descreve a cena de caminhões frigoríficos estacionados junto a hospitais, que já não dão conta da quantidade de corpos. Tiago explica por que o Estado de Nova York responde por quase metade dos pacientes de coronavírus nos EUA. E completa com um panorama de outras regiões do país, hoje líder em número de casos.
4/7/202024 minutes, 9 seconds
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Gilberto Gil e Preta - separados pela quarentena

O pai está na serra fluminense. A filha, na cidade do Rio de Janeiro, depois de encarar sozinha, em São Paulo, a infecção pelo novo coronavírus. Para ele, o isolamento social não é de todo estranho, além de oferecer oportunidades de reflexão e recomeço. Ela conta como Gil a ajuda, mesmo à distância. Na conversa com Renata Lo Prete, os dois também revelam seus planos para o “depois” e cantam juntos a música da quarentena.
4/6/202028 minutes, 39 seconds
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A lentidão do governo para socorrer trabalhadores

Para explicar as novas medidas anunciadas nesta semana pelo governo, Renata Lo Prete conversa com o economista Manoel Pires, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV. Pires analisa o tamanho da perda de renda para trabalhadores e fala quais medidas adicionais deveriam ser tomadas neste momento, como por exemplo o saque do FGTS. Participa também o jornalista da Globo em Brasília Valdo Cruz. Ele relata o porquê da demora em colocar propostas em prática, fala da bateção de cabeça no governo e detalha a Medida Provisória que prevê cortes de salários e jornadas.
4/3/202024 minutes, 34 seconds
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Covid-19: o drama de quem trata de pacientes

Enfermeira há 18 anos, mãe de duas crianças e casada com um profissional da área da saúde, Mara conta que, agora, antes de ir para o plantão tem crises de choro. Ismael é médico da UTI de dois grandes hospitais e fala do choque que é ver colegas morrendo no meio da pandemia. Lariane é residente em um hospital na capital paulista e relata que saiu da casa dos pais idosos com medo de contaminá-los. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com três profissionais da área da saúde que estão na linha de frente e tratam pacientes internados com o novo coronavírus.
4/2/202026 minutes, 7 seconds
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Covid-19: vai faltar leito de UTI?

Neste episódio, Carlos Carvalho, diretor da divisão de pneumologia do Instituto do Coração e chefe da UTI Respiratória do Hospital das Clínicas de São Paulo, fala da importância de treinar equipes para lidar com pacientes graves de coronavírus. Estes, eles explica, precisam ser entubados rapidamente e de forma segura. Participa também Walter Cintra, médico coordenador do curso de Especialização em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde da FGV. Ele dá um retrato da distribuição dos leitos de UTI no país e reitera o papel do isolamento social para garantir que o sistema chegue mais preparado ao pico da pandemia.
4/1/202026 minutes, 41 seconds
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Saúde x economia, o falso dilema do que salvar

O isolamento social é criticado pelo presidente Jair Bolsonaro, sob o argumento de preservar a atividade, e com ela os empregos. Em entrevista a Renata Lo Prete, o economista Carlos Góes explica por que a quarentena, único meio de frear o ritmo da escalada da Covid-19, é também o melhor caminho para a recuperação econômica, uma vez controlada a pandemia. Ele fala também da importância - e da urgência - de fazer com que o socorro financeiro efetivamente chegue a trabalhadores e empresas.
3/31/202021 minutes, 24 seconds
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Vidas separadas pela quarentena

Boris Fausto e o filho Sergio Fausto conversam - à distância - com Renata Lo Prete sobre os aprendizados do cotidiano em isolamento social. Eles estão cada um em sua casa, na cidade de São Paulo. O historiador de 89 anos faz reflexões que vão desde o paralelo com a gripe espanhola, um século atrás, até a oportunidade de repensar hábitos e modos de pensar. O cientista político de 57 analisa o momento do Brasil, enquanto tenta conciliar o home office com as tarefas domésticas.
3/30/202017 minutes, 4 seconds
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O isolamento de Bolsonaro na crise da Covid-19

O momento em que a doença ganha escala no Brasil coincide com um impasse institucional provocado pela recusa do presidente em aceitar a realidade da pandemia. Nesse contexto, Renata Lo Prete conversa com o filósofo Marcos Nobre, presidente do Cebrap, sobre o confronto de Bolsonaro com governadores e o papel, nessa história, do Congresso, das Forças Armadas e dos filhos do presidente.
3/27/202026 minutes, 30 seconds
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Coronavírus - o impacto para quem vive em favelas

Três líderes de comunidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Recife participam deste episódio para contar o que mudou na rotina dos moradores com o avanço da Covid-19 no país. Do RJ, Jota Marques, educador e morador da Cidade de Deus - onde há caso confirmado. De SP, Macarrão, líder comunitário em Heliópolis, onde pessoas com sintomas tentam fazer isolamento. Do Recife participa Levi Costa, presidente da Associação de Moradores da Comunidade Três Carneiros, que relata a dificuldade para conscientizar moradores que sofrem com o risco de perder renda.
3/26/202024 minutes, 42 seconds
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Coronavírus: as medidas do Brasil na economia

O impacto da Covid-19 na economia está dado: recessão. Mas qual o tamanho dela? As ações anunciadas pelo governo têm capacidade de amortecer os impactos da pandemia? Para mais um debate, Renata Lo Prete recebe os economistas Alexandre Scheinkman, brasileiro na Universidade de Columbia (EUA), e Alexandre Schwartsman, ex-diretor para Assuntos Internacionais do Banco Central.
3/25/202023 minutes, 22 seconds
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A vacina da gripe na pandemia de Covid-19

A campanha de imunização contra influenza foi antecipada neste ano por causa do coronavírus. A vacina não protege contra a Covid-19, mas é um instrumento importante para evitar a sobrecarga da rede hospitalar. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Marilda Siqueira, médica virologista, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz. Marilda explica a importância de se vacinar agora e qual a relação entre influenza e coronavírus. Participa também o jornalista Márcio Gomes, que apresenta na Globo o programa Combate ao Coronavírus.
3/24/202022 minutes, 52 seconds
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Coronavírus: o que as crianças querem saber

O coronavírus pode crescer e virar um monstro? Já que o álcool em gel mata o vírus, por que não criar uma vacina com ele? Com as crianças em casa neste período de isolamento, as dúvidas sobre o vírus aparecem aos montes - e para ajudar a respondê-las, Renata Lo Prete tem convidados especiais neste episódio: 9 crianças de idades diferentes fazem perguntas ao infectologista Renato Kfouri, presidente do departamento de imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Kfouri também dá dicas de como os pais devem falar sobre a pandemia com os pequenos.
3/23/202014 minutes, 10 seconds
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O governo Bolsonaro na crise do coronavírus

No começo, o presidente falou em “fantasia” ao citar notícias e reações sobre a pandemia. Nesta semana, mudou o tom e apareceu de máscara para dar entrevista ao lado de ministros. Ao mesmo tempo, pela primeira vez, Bolsonaro se viu alvo de protestos. Para entender o que mudou e os diferentes aspectos da crise, Renata Lo Prete conversa com o comentarista Demétrio Magnoli.
3/20/202021 minutes, 4 seconds
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Coronavírus: por que faltam testes no Brasil?

O Ministério da Saúde diz que vai comprar mais kits para o diagnóstico da Covid-19, porém mantendo a política de usá-los apenas nos casos graves. Já está claro que não teremos testagem em massa, como recomenda a OMS e foi feito com sucesso, por exemplo, na Coreia do Sul. Para entender como os testes são feitos e onde está o gargalo, Renata Lo Prete entrevista Fernando Motta, tecnologista do laboratório de vírus respiratórios do Instituto Oswaldo Cruz. Participa também a jornalista da TV Globo Fabiane Leite, especializada na cobertura da área de saúde, que explica o impacto da testagem mais restrita sobre a estratégia de combate à doença.
3/19/202025 minutes, 20 seconds
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Coronavírus: como reagir aos efeitos na economia

A Covid-19 contaminou os mercados e a atividade como um todo, levando até o presidente dos EUA a admitir a perspectiva de recessão. No Brasil, as medidas anunciadas até aqui são consideradas insuficientes. Neste episódio, Renata Lo Prete recebe dois economistas para debater o diagnóstico dessa crise e os remédios para combatê-la: Monica de Bolle, pesquisadora do Instituto Peterson, em Washington, e Samuel Pessôa, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.
3/18/202022 minutes, 59 seconds
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Coronavírus: brasileiros isolados contam rotina

Fabrice mora em Barcelona com a mulher e um bebê. Priscilla vive em Roma com o marido e a filha. E Flávia reside em Xangai com o marido e um adolescente. Em comum, o cotidiano revolucionado por causa do novo coronavírus. Em conversa com Renata Lo Prete, Fabrice explica por que decidiu trabalhar em casa. Priscilla fala dos desafios enfrentados no país europeu com o maior número de casos e de mortes. Da China, Flávia relata seus 53 dias em isolamento.
3/17/202025 minutes, 53 seconds
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Um surto de sarampo na FAB

Enquanto as atenções estão voltadas para o novo coronavírus, a Academia da Força Aérea de Pirassununga, no interior de São Paulo, registrou quase 100 casos de sarampo. Como essa história começou? E como a base se transformou em um centro de quarentena? Renata Lo Prete ouve o relato da repórter do G1 Fabiana Assis, que foi atrás dessa história. Participa também a infectologista Rosana Richtmann, uma das maiores autoridades do país em sarampo. A médica explica a importância da vacina, quem deve ser imunizado e o que o surto explica sobre a situação do sarampo no país.
3/16/202026 minutes, 7 seconds
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Coronavírus: como se proteger e o que esperar?

A perspectiva é de que as confirmações cresçam exponencialmente no Brasil nos próximos dias. Quais as medidas de prevenção? Faz sentido cancelar eventos e aulas? Qual o impacto social disso? Para responder a estas e outras perguntas, Renata Lo Prete conversa com Marco Aurélio Safadi, presidente do departamento de infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria. Safadi dá recomendações caso você tenha sintomas e explica a importância do SUS neste momento.
3/13/202022 minutes, 57 seconds
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Coronavírus: os EUA no meio da pandemia

A OMS (Organização Mundial da Saúde) declarou que vivemos uma pandemia da Covid-19, deixando claro que alguns governos subestimaram a ameaça da doença. Renata Lo Prete conversa com Candice Carvalho, jornalista da GloboNews nos Estados Unidos, que relata a situação por lá, como a vida foi afetada e a reação do governo Trump. Participa também Helio Gurovitz, colunista do G1, que explica as medidas do governo dos EUA e os impactos políticos e econômicos.
3/12/202025 minutes, 29 seconds
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Bolsa: como funciona e o impacto na sua vida

A Bolsa de Valores serve para quê? E suas oscilações, o que significam? Para explicar como a Bolsa surgiu, o que querem dizer as quedas e altas das ações, Renata Lo Prete conversa com Mauro Rodrigues Jr, professor de economia da USP. Participa também Luiz Gerbelli, repórter de economia do G1, que explica como começar a investir e quais cuidados tomar para não levar sustos com as turbulências dos mercados.
3/11/202021 minutes, 27 seconds
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A guerra do petróleo e o pânico das Bolsas

Preço do petróleo em queda livre, mercados de ações derretendo e dólar disparando no Brasil... A queda de braço entre Rússia e Arábia Saudita acirrou turbulências nas Bolsas. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Fernanda Delgado, coordenadora de pesquisa na FGV Energia, que analisa o panorama do setor de óleo e gás no mundo. Participa também Juliana Rosa, repórter especial de economia da GloboNews, para explicar o passo a passo desta crise.
3/10/202021 minutes, 43 seconds
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As ameaças a Fernando de Noronha

Patrimônio natural da humanidade tombado pela Unesco, o arquipélago é destino de dezenas de milhares de turistas - e agora a Embratur quer liberar cruzeiros, o que aumentaria ainda mais o número de visitas. Para entender os riscos a Noronha e todos os lados envolvidos nessa história, Renata Lo Prete conversa com Ana Clara Marinho, repórter do G1 que vive por lá há 30 anos e é responsável pelo blog Viver Noronha. Ana Clara relata como é a vida em Noronha - que sofre com falta de saneamento básico e racionamento de água. Participa também Beatrice Padovani Ferreira, professora de oceanografia da UFPE que monitora os recifes de corais de Noronha desde 2002.
3/9/202021 minutes, 52 seconds
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Tragédia no litoral de SP: a ajuda dos voluntários

No episódio #137, Renata Lo Prete conversa com a repórter do G1 Paula Paiva Paulo, que acompanhou o trabalho de buscas aos desaparecidos após o temporal que deixou mais de duas dezenas de mortos na Baixada Santista. Paula relata o que ouviu de moradores e descreve as cenas de destruição - e de solidariedade de quem sobreviveu. Participa também o capitão Marcos Palumbo, do Corpo de Bombeiros, que fala direto do Guarujá e explica como é o trabalho dos bombeiros, além da sensação de impotência diante da catástrofe.
3/6/202023 minutes, 41 seconds
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Quem vai enfrentar Trump na eleição?

‘Dia D’ das prévias democratas para a eleição presidencial dos Estados Unidos, a Superterça definiu: restam apenas dois candidatos para o duelo com Donald Trump pela Casa Branca, em novembro. Joe Biden foi o grande vencedor e levou dez dos 14 estados em disputa, mas Bernie Sanders segue vivo na briga e lidera na Califórnia, estado mais importante em número de votos. Renata Lo Prete conversa com Guga Chacra, comentarista da Globo em Nova York, sobre o que significam os resultados da Superterça e os rumos das primárias democratas, e com Bruno Carazza, especialista em financiamento eleitoral, que explica para onde o dinheiro deve ir nesta campanha.
3/5/202024 minutes, 11 seconds
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Como o coronavírus está derrubando a economia

O efeito dominó do coronavírus mexeu com muitas pedras essa semana. O Banco Central dos EUA fez o primeiro corte emergencial nos juros desde a grande crise de 2008. Na Europa e na Ásia, governos já anunciam medidas para reduzir o impacto da epidemia em seus índices econômicos. No Brasil, fábricas já sentem a falta de peças importadas da China. Renata Lo Prete conversa com Rodrigo Zeidan, professor da Universidade de Nova York em Shangai, que está em autoexílio na Espanha. Ele conta como sua rotina foi afetada na China e analisa a perspectiva de crescimento global em 2020. Participa também Humberto Saccomandi, editor de Internacional do jornal Valor Econômico, que explica as ações dos governos para enfrentar o coronavírus.
3/4/202024 minutes, 13 seconds
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O cabo de guerra do Orçamento impositivo

A disputa entre Executivo e Congresso gira em torno de uma fatia de aproximadamente R$ 30 bilhões. Para entender como é elaborado o Orçamento da União, e como o grau de controle do Congresso sobre ele foi aumentando em anos recentes, Renata Lo Prete conversa com o economista Marcos Mendes, especialista em finanças públicas e consultor do Senado. Participa também Raphael Di Cunto, repórter do jornal Valor Econômico, que explica o que querem o governo e as demais partes envolvidas nessa disputa.
3/3/202025 minutes, 28 seconds
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Beethoven, 250 anos do gênio da música

O aniversário é em dezembro, mas as celebrações já começaram no mundo todo. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Arthur Nestrovski, diretor-artístico da Orquestra Sinfônica de São Paulo. Ele resgata a história do menino prodígio ao piano, que atravessou toda sorte de adversidades para se tornar um dos maiores compositores de todos os tempos. Nestrovski também oferece um passo a passo para quem quer mergulhar na obra de Beethoven, mostra como ela está presente até onde não desconfiamos e explica por que é importante ouvi-la hoje.
3/2/202027 minutes, 12 seconds
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Incêndios florestais: como combater?

Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Fernanda Santos, jornalista brasileira que trabalhou por 12 anos no “New York Times” e escreveu um livro a partir de sua experiência profissional mais desafiadora: a cobertura da morte de 19 bombeiros que tentavam controlar o fogo numa região do Arizona em 2013. Na entrevista, ela parte desse caso para chegar ao mais recente, na Austrália, onde o fogo se alastrou por uma área do tamanho da Coreia do Sul. E conta a evolução das técnicas de enfrentamento dos incêndios florestais, num mundo em que eles estão cada vez mais longos e devastadores.
2/28/202023 minutes, 56 seconds
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Coronavírus no Brasil, e agora?

Confirmado o primeiro caso de Covid-19 no país, Renata Lo Prete conversa com Alberto Beltrame, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, para entender o que esperar a partir de agora. Beltrame fala sobre nossos sistemas de vigilância e monitoramento de casos, explica por que o paciente que mora em São Paulo está em casa e dá dicas de prevenção. A principal delas: lavar as mãos, repetidas vezes. Participa também Ilze Scamparini, correspondente da Globo na Itália, país da Europa onde a situação é mais crítica, com 12 mortes, e onde o brasileiro foi contaminado.
2/27/202024 minutes, 17 seconds
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Ceará: PM ainda em greve e violência em alta

Nove dias sem policiamento nas ruas e 170 assassinatos - média de quase uma morte por hora. Qual a perspectiva para a solução da crise na segurança pública do Ceará? Para entender qual a situação nas ruas do Estado, as demandas dos policias, o que oferece o governo e como a crise chegou a este ponto, Renata Lo Prete conversa com Cadu Freitas, repórter da TV Verdes Mares. Participa também Tânia Pinc, cientista política e ex-PM que pesquisa temas relacionados à segurança pública.
2/26/202025 minutes, 46 seconds
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A história do samba-enredo

O que faz um samba ser inesquecível? Para responder a esta pergunta, Renata Lo Prete conversa com escritor e compositor Luiz Antônio Simas. Para ele, a avenida é que define quais sambas vão entrar para sempre na memória cultural do país - além do imponderável, é claro. Simas, que é autor do livro 'Samba-enredo, história e arte', conta a evolução do gênero, detalha critérios de avaliação dos jurados e relembra os grandes sambas-enredo de todos os tempos.
2/24/202018 minutes, 21 seconds
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O carnaval de Marcelo Adnet

Qual a diferença entre compor paródia e samba-enredo? Na abertura do Carnaval, Renata Lo Prete procura a resposta em conversa com Marcelo Adnet. O humorista, que cresceu numa família de músicos e levou essa influência para seu trabalho, estreia este ano como autor de samba-enredo, para duas escolas do Rio: a São Clemente, do Grupo Especial, e a pequena Botafogo Samba Clube. Ele fala da experiência, da expectativa pelo desfile na Sapucaí - do qual participará - e ainda dá uma palhinha dos dois sambas.
2/21/202020 minutes, 41 seconds
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O futuro do Fundeb, cofre da educação básica

O fundo que ajuda Estados e municípios a pagar salários de professores, comprar material escolar e manter o funcionamento de creches e escolas acaba em dezembro. No episódio #127, Renata Lo Prete conversa com Ursula Peres, professora e pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole da USP. Para ela, a educação no Brasil seria ainda mais desigual se o Fundeb não existisse. Participa também Letícia Carvalho, jornalista da Globo em Brasília – ela conta como está a discussão no Congresso sobre a proposta de aumentar a participação federal no fundo, torná-lo permanente e o que querem os ministérios da Educação e da Economia.
2/20/202025 minutes, 26 seconds
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ICMS: como o imposto virou briga política

Quatro letras que têm grande peso na arrecadação dos Estados colocaram governadores e presidente em lados opostos. Para entender a importância do ICMS nas contas estaduais, como o imposto surgiu e o que está por trás dessa disputa, Renata Lo Prete conversa com Valdo Cruz, da TV Globo em Brasília, e com a economista Ana Carla Abrão.
2/19/202023 minutes, 37 seconds
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Greve de petroleiros: vai faltar combustível?

No episódio #125, Renata Lo Prete conversa com o repórter do Valor Econômico Rodrigo Polito sobre os argumentos da estatal e dos grevistas e os possíveis efeitos da paralisação, que já dura 18 dias. Polito também compara a atual conjuntura do mercado e do movimento sindical com as de greves anteriores da categoria.
2/18/202020 minutes, 31 seconds
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Dólar: até onde ele vai?

No episódio #124, Renata Lo Prete entrevista o economista Sérgio Vale, que analisa a trajetória da moeda americana para além do nervosismo dos últimos dias _quando ela chegou a R$ 4,35 e só recuou para R$ 4,29, no fechamento da semana, depois de intervenções do Banco Central. A outra convidada é a jornalista Maria Cristina Fernandes, que avalia o papel, nessa história, do ministro Paulo Guedes e de sua fala sobre empregadas domésticas na Disney. Em que medida ela é um caso de verborragia ou de demofobia? E por que o presidente Jair Bolsonaro não achou a menor graça na declaração.
2/17/202024 minutes, 2 seconds
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A dança das cadeiras no governo

Com as novas mudanças na Esplanada, sobrou algum “superministro” na gestão Bolsonaro? No episódio #123, Renata Lo Prete e Natuza Nery conversam sobre o eterno clima de ‘paredão de BBB’ entre os ministros do governo, como fica o Bolsa Família agora sob o comando de Onyx Lorenzoni e as recentes mudanças no governo. Depois de um processo de fritura, Onyx sai da Casa Civil. Na vaga dele, entra Braga Netto, general que agora forma com outros ministros um quarteto militar no Planalto.
2/14/202025 minutes, 13 seconds
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Coronavírus: o pior já passou?

Covid-19, nome dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a doença provocada pelo novo coronavírus, já matou mais de 1.300 pessoas. No Episódio #122, Renata Lo Prete entrevista o virologista Gúbio Soares Campos, coordenador do laboratório do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia. Ele participou do desenvolvimento de um teste rápido para detectar o vírus. Gúbio explica a taxa de contágio, fala das perspectivas para uma vacina e dos riscos de a doença chegar ao Brasil.
2/13/202018 minutes, 54 seconds
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Chuvas extremas, o novo normal

No episódio #121, o climatologista José Marengo, do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, explica por que podemos esperar temporais cada vez mais frequentes, por que as cidades são tão vulneráveis às fortes chuvas e como poderiam se preparar para enfrentá-las. Renata Lo Prete conversa também com o repórter da Globo Filippo Mancuso, que diz que não cobre "mais chuvas, e sim dilúvios".
2/12/202024 minutes, 45 seconds
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Miliciano morto: as perguntas sem respostas

Capitão Adriano, chefe da milícia de Rio das Pedras (RJ), era figura central nas investigações sobre o grupo de extermínio Escritório do Crime e sobre a denúncia de rachadinha no gabinete de Flavio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. No episódio #120, para montar o quebra-cabeça da milícia fluminense e explicar qual a relação dele com o caso Marielle, Renata Lo Prete conversa Leslie Leitão, jornalista da Globo no Rio, e com o sociólogo José Claudio de Souza Alves, que estuda o tema há mais de duas décadas.
2/11/202028 minutes, 3 seconds
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Mortes no campo, nos 15 anos do assassinato de Irmã Dorothy

No episódio #119, Renata Lo Prete conversa com o repórter da GloboNews Victor Ferreira, que visitou a região de Anapu, no Pará, onde a missionária americana deixou sua marca. Apesar desse legado, moradores relatam crimes ambientais e ameaças no estado que ainda é o campeão de crimes contra trabalhadores rurais e suas lideranças.
2/10/202017 minutes, 39 seconds
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Trump absolvido: e agora?

No episódio #118, Renata Lo Prete conversa com o correspondente Guga Chacra sobre o saldo político do impeachment e as perspectivas eleitorais do presidente americano, no momento turbinadas pela grande indefinição no campo adversário. A crise do Partido Democrata é avaliada também na entrevista com o professor do Insper Carlos Eduardo Lins da Silva, que fala ainda do absoluto controle de Trump sobre o Partido Republicano e das diferenças entre o processo de impeachment recém-encerrado e o de Bill Clinton.
2/7/202025 minutes, 22 seconds
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Oscar: como funciona a principal premiação do cinema

No episódio #117, Renata Lo Prete conversa com duas jornalistas que conhecem a fundo a principal premiação do cinema. Maria Beltrão, apresentadora do Oscar na Globo, conta como é narrar a cerimônia e como é sua preparação, iniciada pelo menos dois meses antes da festa, que acontece neste domingo. E Ana Maria Bahiana, há anos baseada em Los Angeles, explica o processo de indicação dos filmes e escolha dos vencedores e discute se nos dias de hoje o prêmio ainda é tão relevante.
2/6/202022 minutes, 16 seconds
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O que aconteceu com o Bolsa Família em um ano de governo Bolsonaro

A nova gestão introduziu o 13º, ainda não garantido para os próximos anos. Mas o número de beneficiados caiu, e a fila dos que esperam ser incluídos no programa tem hoje cerca de 500 mil pessoas. Para tratar dos números, Renata Lo Prete entrevista Gil Castelo Branco, da ONG Contas Abertas. E, para avaliar o impacto social do programa, o convidado é Pedro Ferreira de Souza, pesquisador do Ipea.
2/5/202020 minutes, 58 seconds
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A perspectiva para os brasileiros na China, agora que o governo Bolsonaro resolveu trazer os que quiserem voltar

Diante da repercussão do vídeo no qual brasileiros residentes na região mais afetada pelo novo coronavírus apelam ao presidente, começam os preparativos para o retorno. Em entrevista a Renata Lo Prete, o treinador de futebol Marcelo Alves Vasconcelos conta como a vida mudou por lá e expõe seu dilema: ficar ou voltar? O outro convidado do episódio é Fernando Gatti, doutor em infectologia. Ele avalia a necessidade de quarentena e explica os cuidados a tomar para proteger a população.
2/4/202022 minutes, 46 seconds
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As regras da campanha eleitoral americana, que começa para valer agora

Nesta segunda-feira (3), no Estado de Iowa, os democratas dão o primeiro passo para escolher o adversário de Donald Trump na disputa pela Casa Branca. O processo inclui prévias de vários tipos, votação popular e decisão no Colégio Eleitoral, em novembro. No episódio 114, para entender melhor cada uma dessas etapas, Renata Lo Prete conversa com o cientista político Lucas de Aragão, especializado em campanhas eleitorais.
2/3/202021 minutes, 16 seconds
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As milhares de crianças brasileiras que durante décadas foram separadas à força dos pais, portadores de hanseníase

No episódio de 31 de janeiro, dia nacional de combate à doença, Renata Lo Prete conversa com a jornalista do G1 Laís Modelli, que por cinco anos apurou histórias dessas famílias e dos maus tratos sofridos por muitas das crianças. Em meados de 2019, a Justiça decidiu pela primeira vez que elas devem ser indenizadas pelo Estado brasileiro.
1/31/202025 minutes, 53 seconds
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A tragédia das enchentes e dos deslizamentos de terra no Sudeste

A tragédia das enchentes e dos deslizamentos de terra no Sudeste
1/30/202023 minutes, 43 seconds
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As respostas da China ao novo coronavírus e os impactos na economia global

Os números de mortos e de casos confirmados não param de crescer, principalmente na China, mas também em outros países. No Brasil, há três casos suspeitos. E a economia global já sente as consequências. Para explicá-las, Renata Lo Prete conversa com Roberto Dumas, professor de economia chinesa no Insper. Ela entrevista também o correspondente Carlos Gil, que atualiza a situação na China.
1/29/202021 minutes, 59 seconds
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A sucessão de equívocos no Enem que provocou a suspensão da divulgação dos resultados do Sisu

A Justiça Federal decidiu suspender a divulgação dos resultados do Sisu depois de falhas na correção do Enem - a lista seria divulgada nesta terça-feira (28). O Ministério da Educação reconheceu erro na correção de 6 mil provas, mas o número de reclamações já passa de 200 mil. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a jornalista da TV Globo Ana Carolina Moreno, que conta quais foram os problemas com o exame, e com a professora Maria Helena Guimarães Castro, ex-secretária executiva do MEC, que avalia a resposta do governo à crise.
1/28/202024 minutes, 22 seconds
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Por que a caderneta de poupança ainda é o principal destino das reservas dos brasileiros, mesmo perdendo para a inflação

O volume total de dinheiro guardado pelos brasileiros na poupança chegou a R$ 845 bilhões em 2019. A captação foi a menor dos últimos três anos, mas ainda assim os depósitos na poupança superaram em R$ 13 bilhões os resgates. Isso em um cenário no qual seu rendimento não cobre a inflação. Renata Lo Prete conversa com Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC, e com Gabriela Mendes, economista e fundadora do NoFront Empoderamento Financeiro, para entender o que faz da poupança o principal investimento do brasileiro e quais as melhores práticas para o seu dinheiro.
1/27/202022 minutes, 23 seconds
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Como o celular de Jeff Bezos teria sido hackeado – e a suspeita de participação de um príncipe

O homem mais rico do mundo supostamente teve o celular invadido depois de receber um vídeo do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman. O roubo de informações de Bezos precedeu uma série de chantagens, seu divórcio e o assassinato de um jornalista do The Washington Post que era crítico ao governo saudita. Marcio Gomes conversa com Thiago Lavado, repórter de tecnologia do G1, que conta essa trama. Participa também Altieres Rohr, colunista de segurança digital do G1, que diferencia o ataque ao celular de Bezos de outros golpes aplicados em aplicativos de mensagens. Altieres detalha quais medidas podem ser tomadas para não cair em golpes digitais.
1/24/202024 minutes, 41 seconds
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Coronavírus, o novo vírus que colocou o mundo em alerta

A China isolou na quarta-feira a cidade de Wuhan, epicentro do novo vírus que provocou a morte de 17 pessoas no país. Além da China, cinco países já confirmaram casos do novo vírus. No Brasil, um caso suspeito é investigado em Belo Horizonte. Para falar sobre o nascimento desse novo vírus, explicar os sintomas e as medidas que foram tomadas para evitar sua propagação, Marcio Gomes conversa com a jornalista da TV Globo Fabiane Leite e com a médica infectologista Nancy Junqueira Bellei.
1/23/202025 minutes, 50 seconds
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Brumadinho, 1 ano - a maior operação de buscas do Brasil e como está a cidade varrida pela lama

O rompimento da barragem da Vale que deixou 270 mortos completa 1 ano em 25 de janeiro e até agora o trabalho dos bombeiros não terminou. As equipes seguem em busca de 11 desaparecidos. Para contar sobre o trabalho incansável das equipes de resgate, Marcio Gomes conversa com a repórter do G1 Minas Gerais Raquel Freitas. Ela conta como estão os moradores da cidade e como está a reconstrução de Brumadinho.
1/22/202023 minutes, 52 seconds
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A fuga de presos brasileiros no Paraguai e como atua o crime organizado na fronteira

No fim de semana 76 presos escaparam de uma prisão no Paraguai, 40 brasileiros e 36 paraguaios. Segundo o Ministério da Justiça paraguaio, eles são integrantes da facção criminosa que nasceu em São Paulo e atua dentro e fora dos presídios. Os presos fugiram em Pedro Juan Caballero, cidade na fronteira com o Mato Grosso do Sul. Para falar da situação por lá, Marcio Gomes conversa com a repórter da TV Morena Graciela Andrade, que está do lado brasileiro da fronteira, em Ponta Porã. Participa também Camila Nunes, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que fala como é a atuação do crime na fronteira.
1/21/202024 minutes, 16 seconds
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A queda de Roberto Alvim e o que ela revela sobre a essência e o modo de operação do governo Bolsonaro

A sexta-feira foi de avalanche no governo: o presidente de início resistiu, mas teve que exonerar o secretário nacional da Cultura, que gravou vídeo com trechos tirados de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda da Alemanha nazista. Para falar sobre quem é Alvim, o que o vídeo representa e o que ele mostra sobre o governo, Renata Lo Prete conversa com a jornalista da GloboNews Julia Duailibi e com o colunista do jornal O Globo Arnaldo Bloch.
1/20/202026 minutes, 52 seconds
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A água suja no Rio, a fala das autoridades sobre o problema e o que ela revela sobre a situação do saneamento no país

Desde o começo do ano a água que abastece 9 milhões de pessoas no Rio de Janeiro está com gosto e cheiro de terra. A Cedae diz que a causa na mudança do aspecto da água é a geosmina, uma substância orgânica presente em algas. Renata Lo Prete conversa com o repórter Ari Peixoto, que acompanha o caso desde o começo, e com o biólogo Francisco Esteves, professor da UFRJ que assinou uma nota junto com outros 5 professores afirmando que há uma ameaça à segurança hídrica do Rio.
1/17/202020 minutes, 25 seconds
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O atraso nos pagamentos e as filas do INSS, e as respostas do presidente do instituto sobre o problema

'O tempo já tem caído', diz o presidente do INSS, Renato Vieira, na conversa com Renata Lo Prete, ao falar sobre a demora na análise dos pedidos. Vieira fala das causas do represamento e explica as medidas adotadas para normalizar a situação. Participa também o repórter Guilherme Balza, da GloboNews em SP. Ele conta o que diz quem espera por uma resposta e também funcionários do INSS.
1/16/202026 minutes, 21 seconds
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Megxit - como Harry e Meghan pretendem se livrar de muitas restrições, mantendo alguns dos privilégios da Coroa britânica

O príncipe Harry e sua mulher, Meghan Markle, estão em negociações com a rainha para deixar a condição de integrantes sênior da família real. Para entender o projeto de “independência financeira” do casal, nos moldes da vida pós-presidência dos Obamas, Renata Lo Prete conversa com as jornalistas Stephanie Wegenast, da TV Globo em Londres, e Barbara Gancia, do canal GNT. Barbara conta como surgiu seu interesse por Elizabeth 2ª e relembra até uma breve conversa que teve com a rainha.
1/15/202026 minutes, 55 seconds
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A inauguração da nova estação brasileira na Antártica e a importância dela para a ciência do país

Quase oito anos depois do incêndio que destruiu 70% da Base Comandante Ferraz, o Brasil coloca em funcionamento sua nova estrutura na Antártica, maior e mais moderna que a anterior. De lá conversam com Renata Lo Prete o repórter da TV Globo Vinicius Leal e o botânico Paulo Câmara, da UnB.
1/14/202024 minutes, 30 seconds
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O impacto do enfrentamento EUA x Irã no preço do petróleo, e o que esperar agora

Neste comecinho de 2020, o conflito no Oriente Médio deixou o mundo atento à variação dos preços do barril de petróleo. Cada nova notícia se refletiu na cotação -para cima e para baixo-, alarmando economias ao redor do planeta. No Brasil, o governo estuda mecanismos para amortecer o impacto dessa variação na bomba de combustível. Renata Lo Prete conversa com a jornalista Miriam Leitão para explicar as oscilações e o que elas revelam sobre a transição energética.
1/13/202021 minutes, 30 seconds
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Austrália em chamas - e por que não faz sentido comparar os incêndios de lá com as queimadas na Amazônia

A fumaça do fogo que atinge a Austrália cruzou o Oceano Pacífico e chegou nesta semana ao Brasil. Os incêndios mataram mais de 25 pessoas, dizimaram centenas de milhões de animais, deslocaram moradores e emitiram 370 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com a jornalista brasileira Aline Peres, que relata a situação no país, e com a pesquisadora da Universidade de Oxford Erika Berenguer, que estuda o impacto do fogo na Floresta Amazônica.
1/10/202023 minutes, 48 seconds
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O patrimônio cultural e histórico do Irã, e o risco que ele corre diante do conflito com os EUA

O acirramento das tensões militares entre Irã e Estados Unidos envolveu ameaças de Donald Trump aos 24 sítios considerados patrimônio da humanidade pela Unesco. A história iraniana remonta há mais de 2.500 anos e guarda uma riqueza cultural inestimável. Renata Lo Prete conversa com André Fran, do programa Que Mundo É Esse?, da GloboNews, e com Arlene Clemesha, historiadora especializada em cultura árabe e persa, sobre o que há de mais especial na cultura do país.
1/9/202025 minutes, 58 seconds
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A manobra de Nicolás Maduro para enquadrar a oposição na Venezuela

O ano começou com novo impasse em Caracas: um aliado de Nicolás Maduro foi eleito, em sessão-relâmpago e sem quórum, presidente da Assembleia Nacional, cargo que era ocupado pelo oposicionista Juan Guaidó. Para entender o quadro e as possíveis consequências no país vizinho, Renata Lo Prete conversa com a jornalista Elianah Jorge, correspondente na Venezuela, e com Eduardo Rios, pesquisador do Observatório Político da América Latina e do Caribe da Scienses Po.
1/8/202022 minutes, 39 seconds
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O programa nuclear do Irã. Que grau de ameaça ele representa, agora que o país se desobrigou de cumprir o acordo de 2015

O assassinato do general iraniano Qassem Soleimani pelos Estados Unidos levou o Irã a anunciar que voltará enriquecer urânio sem limites. Renata Lo Prete explora as possíveis consequências conversando com Hussein Kalout, pesquisador da Universidade Harvard, ex-secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência na gestão Temer. O outro convidado é o físico Dalton Barroso, professor do Instituto Militar de Engenharia, autor do livro 'A Física dos Explosivos Nucleares'.
1/7/202023 minutes, 5 seconds
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O mundo em alerta diante dos desdobramentos do assassinato do principal comandante militar do Irã pelos EUA

A morte de Qassem Soleimani desencadeou uma série de ameaças entre EUA e Irã desde a última sexta-feira. De um lado, iranianos prometeram vingança. Do outro, Trump ameaça usar força 'desproporcional'. Para entender quem era Soleimani, quem fica do lado norte-americano - e do iraniano - e qual o tamanho do risco de guerra, Renata Lo Prete conversa com Samy Adghirni, jornalista brasileiro ex-correspondente em Teerã, que conhece de perto a sociedade persa. Adghirni fala ainda sobre como o Iraque se tornou campo de batalha entre os dois países.
1/6/202026 minutes, 16 seconds
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Carlos Ghosn, ascensão, queda e a fuga espetacular do superexecutivo nascido no Brasil

Homem à frente da recuperação das gigantes Renault e Nissan, Carlos Ghosn foi preso no Japão em novembro de 2018 acusado de fraude fiscal. Ele cumpria prisão domiciliar e era vigiado, mas nos últimos dias de 2019, escapou do país e viajou até o Líbano - numa fuga cujos detalhes ainda não foram desvendados. Para falar sobre a fuga, Renata Lo Prete conversa com o correspondente da Globo no Japão Carlos Gil. Participa também Guga Chacra, que fala da situação de Ghosn no Líbano e dos efeitos da fuga.
1/3/202025 minutes, 45 seconds
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2020 no espaço - eclipse solar, missão até Marte... O que esperar da astronomia

Para falar sobre as missões esperadas para o ano e os eventos astronômicos esperados, Marcio Gomes conversa com Cássio Barbosa, astrofísico que é colunista do G1, e com a repórter do G1 Carolina Dantas.
1/2/202019 minutes, 7 seconds
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2019 em frases e sons

O último episódio do ano é uma seleção de sons que contam a história de 2019. Da posse de Bolsonaro, passando por Brumadinho, Venezuela, massacre em Suzano, incêndio em Notre-Dame... O ano do Flamengo, da Copa América... As mortes de João Gilberto e Gabriel Diniz... A crise do meio ambiente, na Educação... Uma cápsula sonora do que foi o ano.
12/31/201937 minutes, 52 seconds
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A medida do governo para regularizar a posse de terras

O governo quer beneficiar assentados em terras da União. Neste episódio, o professor da Esalq-USP Gerd Sparovek explica o que muda com a medida provisória, e a repórter do G1 Fabiana Assis conta a história de um assentamento em SP que aguarda há 30 anos os títulos da terra.
12/30/201920 minutes, 42 seconds
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Por que 2019 foi o ano dos protestos

As ruas não tiveram descanso: manifestações, pacíficas ou não, se multiplicaram pelo mundo. Na América do Sul, Venezuela, Equador, Chile e Bolívia entraram em ebulição. No Oriente Médio, a onda de protestos segue forte. Na Ásia, Hong Kong questiona o poder chinês. Na Europa, protestos na França e na Espanha. Renata Lo Prete conversa com o sociólogo Demétrio Magnoli para entender o que esperar no cenário internacional em 2020.
12/27/201929 minutes, 38 seconds
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O primeiro ano do governo Bolsonaro

Renata Lo Prete conversa com Maria Cristina Fernandes, repórter e colunista do jornal Valor Econômico. Passado um ano, o que se confirmou das previsões sobre o governo de Jair Bolsonaro? E o que dizer dos chamados ‘superministros’ – Paulo Guedes e Sergio Moro? E qual a atuação dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo? Renata e Maria Cristina respondem a estas e a outras perguntas, falam ainda sobre a relação com o Congresso e o que esperar do segundo ano de governo.
12/26/201932 minutes, 19 seconds
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Mega da Virada, as chances de você ganhar e para onde vai o dinheiro das apostas

A Mega-Sena da Virada promete pagar R$ 300 milhões no sorteio do próximo dia 31 de dezembro. Nesse episódio, o matemático Marcelo Viana explica o quanto aumenta a probabilidade de ser o sortudo vencedor caso você jogue mais vezes ou mais números. Renata Lo Prete conversa também com Paulo Henrique Ângelo, vice-presidente da Caixa, que conta para onde vai o dinheiro das vendas das apostas – e o que a Mega da Virada tem de diferente dos outros concursos da loteria.
12/24/201917 minutes, 1 second
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DPVAT, o seguro obrigatório

O STF derrubou a decisão do presidente Jair Bolsonaro de suspender o DPVAT, seguro obrigatório a quem tem veículos. Mas você sabe para onde vai esse dinheiro? Para entender o vai e vem em torno do seguro e a importância dele para o governo, Renata Lo Prete conversa com a jornalista da Globo em Brasília Mariana Oliveira e com Antonio Penteado Mendonça, advogado e vice-presidente da Academia Nacional de Seguros e Previdência.
12/23/201918 minutes, 40 seconds
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O impeachment de Trump – capítulo 3

Renata Lo Prete conversa com Guga Chacra sobre a situação do presidente dos EUA após a Câmara aprovar o impeachment. Trump tem conseguido controlar a situação do processo contra ele? E quais os próximos passos dessa história? Guga Chacra compara ainda o caso de Trump com o do ex-presidente Bill Clinton.
12/20/201918 minutes, 22 seconds
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Como ficou o Orçamento de 2020

Neste episódio, Renata Lo Prete recebe o jornalista Valdo Cruz para analisar os pontos mais importantes da peça orçamentária do ano que vem, a primeira elaborada pelo governo Bolsonaro. A entrevista contempla Fundo Eleitoral, salário mínimo, Bolsa Família, emendas impositivas e outros aspectos do Orçamento - cuja aprovação é uma espécie de passaporte para as férias do Congresso.
12/19/201920 minutes, 42 seconds
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O avião que parou de ser fabricado após 2 acidentes matarem 346 pessoas

O modelo 737 MAX, que era o mais vendido da Boeing, vai parar de ser fabricado pela empresa norte-americana em janeiro de 2020. Para entender a decisão da maior fabricante de aviões do mundo, Renata Lo Prete conversa com o comandante Ondino Dutra e com o jornalista do G1 especializado em aviação Ricardo Gallo.
12/18/201920 minutes, 6 seconds
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Por que a COP frustrou expectativas e o que o Brasil tem a ver com isso

A conferência do clima terminou com negociações travadas e com as discussões adiadas para 2020. Ao fim do evento, o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Ricardo Salles, afirmou que a COP 'deu em nada'. Para entender as discussões e o tamanho do fracasso, Renata Lo Prete conversa com duas pessoas que acompanharam o evento de perto, em Madri: a repórter do jornal Valor Econômico Daniela Chiaretti e o secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl.
12/17/201924 minutes, 55 seconds
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Depois do divórcio entre Reino Unido e União Europeia, quem vai cuidar dos filhos?

Com a ampla vitória eleitoral do Partido Conservador, o primeiro-ministro Boris Johnson tem tudo à mão para concretizar o Brexit na data marcada: 31 de janeiro. Para entender o Reino Unido que emergiu das urnas e as consequências da saída da UE, Renata Lo Prete conversa com Helio Gurovitz, colunista do G1.
12/16/201922 minutes, 6 seconds
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O Brasil conseguirá universalizar o acesso a água potável até 2033?

Para entender o novo marco regulatório do saneamento e suas metas, Renata Lo Prete conversa com Fernanda Vivas, jornalista da TV Globo em Brasília. Participa também o presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos, que explica se o projeto resolve o problema do saneamento básico.
12/13/201919 minutes, 45 seconds
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O que muda com o pacote anticrime

Para avaliar o sentido e os possíveis efeitos das medidas de endurecimento da legislação penal aprovadas pelo Congresso, Renata Lo Prete entrevista as criminalistas Patrícia Vanzolini, integrante do grupo de juristas que elaborou parte das propostas, e Daniella Meggiolaro, vice-presidente do Instituto de Defesa do Direito de Defesa.
12/12/201922 minutes
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Os índios assassinados no Maranhão

Renata Lo Prete conversa com o repórter Erisvaldo Santos, da TV Globo no Maranhão, sobre as mortes de dois caciques Guajajara, da Terra Indígena Cana Brava, e, um mês antes, de um índio do mesmo povo na Terra Indígena Arariboia. Erisvaldo, que está na região onde ocorreu o caso mais recente, conta a história dos Guajajara no Estado e explica os conflitos, principalmente com madeireiros.
12/11/201919 minutes, 15 seconds
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Vai faltar carne no mercado? O preço vai recuar nas próximas semanas?

A carne bovina subiu, em média, 8% em novembro, com forte impacto sobre a inflação. Entre os motivos está a demanda aquecida da China, nosso maior comprador. Para entender esse e outros fatores, Renata Lo Prete conversa com Cassiano Ribeiro, editor-chefe da revista Globo Rural, e com Bruno Lucchi, superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
12/10/201922 minutes, 33 seconds
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Alter do Chão: como o Caribe Amazônico se tornou objeto de cobiça de grileiros e foco de incêndios

A história dos brigadistas que a Polícia Civil tentou incriminar e detalhes da investigação da PF, que apura a atuação de grileiros na região. Renata Lo Prete conversa com Fabiano Villela, repórter da TV Globo no Pará, que narra a situação em Alter do Chão e explica como o local se tornou um microcosmo da crise ambiental na Amazônia.
12/9/201924 minutes, 52 seconds
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HIV no Brasil - portadores contam como é viver com o vírus da Aids

A partir de entrevistas com dois portadores do vírus, Renata Lo Prete expõe como está o programa de prevenção ao vírus no Brasil e como é o tratamento de soropositivos. Participam deste episódio Gabriel Comicholi, que descobriu ser portador aos 21 anos, em 2016. A partir da descoberta, ele criou um canal no Youtube para falar sobre o vírus. Participa também a consultora para prevenção de HIV e Aids, Silvia Almeida. Ela conta como foi descobrir o HIV em 1994 e também fala sobre como era o tratamento há 25 anos e como é agora.
12/6/201922 minutes, 3 seconds
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Maconha medicinal - as mudanças após a decisão da Anvisa e o depoimento de quem foi à Justiça para importar e cultivar

Renata Lo Prete conversa com o ex-diretor da Anvisa Renato Porto, que explica o alcance da decisão da agência. Participam também Norberto Fischer, primeiro brasileiro a conseguir o direito de importar medicamento a base de maconha, e Margarete Brito, primeira pessoa autorizada a plantar maconha para fins medicinais no Brasil.
12/5/201924 minutes, 46 seconds
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As dificuldades que Trump quer impor ao Brasil para exportar aço e alumínio

No episódio #73, Renata Lo Prete conversa com Roberto Abdenur, diplomata que foi embaixador do Brasil em Washington entre 2004 e 2007. Abdenur explica os motivos que levaram Trump a anunciar que vai impor sobretaxa aos produtos brasileiros. Participa também o repórter do Valor Econômico Fábio Murakawa, que descreve a estratégia do governo para tentar reverter a decisão do presidente dos EUA.
12/4/201917 minutes, 42 seconds
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A morte de 9 jovens em Paraisópolis, segunda maior favela de São Paulo

No episódio #72, Renata Lo Prete conversa com Gilson Rodrigues, presidente da Associação de Moradores de Paraisópolis. Gilson explica como surgiu o Baile da 17 e fala sobre as dificuldades de acesso dos moradores à infraestrutura, saneamento básico e lazer. Participa também o repórter Bruno Tavares, que acompanha as investigações sobre o caso.
12/3/201924 minutes, 59 seconds
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Dólar nas alturas, as causas e as consequências

No episódio #71, Renata Lo Prete conversa com Alexandre Schwartsman, economista que é ex-diretor do Banco Central. A moeda fechou novembro com alta de 5,7%, depois de bater vários recordes na semana passada. Schwartsman explica os fatores externos e internos para a alta - e conta quem ganha e quem perde com a valorização da moeda americana.
12/2/201921 minutes, 10 seconds
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Uruguai encerra 15 anos da esquerda no poder sem as turbulências vistas em outros países na América do Sul

No episódio #70, Renata Lo Prete conversa com Oscar Vilas, editor do jornal El País no Uruguai, sobre os fatores que explicam a derrota da Frente Ampla. O outro entrevistado é Thomaz Favaro, diretor para o Cone Sul da organização Control Risks. Ele fala dos desafios diante do presidente eleito, Lacalle Pou, e da relação com o Brasil.
11/29/201922 minutes, 3 seconds
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Excludente de ilicitude, o que é o projeto de Bolsonaro, as chances de aprovação e efeitos práticos

No episódio #69, Renata Lo Prete conversa com a repórter da TV Globo em Brasília Marina Franceschini, que explica o que tem no projeto que livra de punições policiais e militares que estejam atuando em operações de Garantia da Lei e da Ordem. Participa também Tânia Pinc, ex-policial militar que pesquisa temas relacionadas à segurança pública e responde a perguntas como: o que leva um policial a usar arma de fogo? A criminalidade cai quando os policiais têm mais incentivo para atirar?
11/28/201924 minutes, 37 seconds
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AI-5, o que o ato representou e o que significam as menções a ele feitas por personagens do governo

No episódio #68, Renata Lo Prete conversa com o colunista Demétrio Magnoli, que relembra o que aconteceu no Brasil depois da assinatura do ato institucional número 5 em 1968, durante a ditadura militar. Demétrio também analisa a sequência de declarações de integrantes do governo evocando o AI-5.
11/27/201923 minutes, 2 seconds
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Flamengo, histórias do clube e da maior torcida do mundo

No episódio #67, Renata Lo Prete conversa com o jornalista e escritor Ruy Castro, rubro-negro que resgatou em livro as origens no Rio e o processo de nacionalização do Flamengo. Numa entrevista repleta de memórias, Ruy ainda responde se a dupla conquista da Libertadores e do Brasileiro deste ano o levou a mudar a escalação de seu “time dos sonhos”, que inclui Leônidas, Zico e Raul. Gabigol entra nesse escrete?
11/26/201925 minutes, 54 seconds
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Os caçadores brasileiros de dinossauros - e a descoberta da ossada de um predador de 230 milhões de anos

No episódio #66, Márcio Gomes conversa com o repórter do Fantástico Marcelo Canellas, que esteve em São João do Polêsine, onde foi encontrado o mais antigo predador do mundo, o Gnathovorax Cabrerai, espécie de tataravô do Tiranossauro Rex. Falam também os paleontólogos Leonardo Kerper e Felipe Pinheiro, que caçam fósseis de dinossauros em diferentes regiões do Brasil.
11/25/201923 minutes, 16 seconds
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Impeachment de Trump, em que pé está o inquérito contra o presidente dos EUA

No episódio #65, Renata Lo Prete conversa com Caio Blinder. O jornalista, que vive nos EUA há 30 anos, acompanha de perto a política do país e é um dos apresentadores do Manhattan Connection, explica a situação de Trump. Nos últimos dias, dois depoimentos foram especialmente comprometedores para o presidente. Ambos reforçaram a suspeita de que ele usou a política externa em proveito próprio. Quais as consequências dessa investigação para a eleição presidencial de 2020? E qual a importância disso para o Brasil? Caio responde a estas e outras perguntas.
11/22/201924 minutes, 11 seconds
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O que fazer para salvar a Amazônia após o maior desmatamento em 11 anos

No episódio #64, Renata Lo Prete conversa com Tasso Azevedo, coordenador da ONG Mapbiomas, que analisa as intenções apresentadas pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, para combater o desmatamento. Azevedo responde à pergunta: o quanto estamos perto de a devastação da Amazônia não ser revertida? Participa também João Paulo Capobianco, que foi secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente e participou da implementação de um programa que reduziu o desmatamento em mais de 80% em oito anos.
11/21/201925 minutes, 17 seconds
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No Dia da Consciência Negra, como vive e resiste uma comunidade quilombola em 2019

No episódio #63, Renata Lo Prete conversa com Paula Paiva Paulo, repórter do G1 que viajou para o território Kalunga, maior quilombo do país. Os kalungas vivem há 300 anos na região nordeste de Goiás e preservam tanto as tradições da comunidade quanto o Cerrado, bioma em que vivem. Paula relata como foi passar 5 dias na comunidade e como surgiu o quilombo. Os kalungas são parte dos chamados povos tradicionais brasileiros – da qual fazem parte 650 mil famílias, segundo um levantamento do Ministério Público Federal.
11/20/201914 minutes, 43 seconds
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O que está em jogo no julgamento do STF sobre o compartilhamento de dados com órgãos de investigação

No episódio #62, Renata Lo Prete conversa com Mariana Oliveira, repórter da Globo que cobre o STF, e com o advogado e mestre em direito penal Rogério Taffarello. Mariana explica o que o STF vai julgar nesta quarta-feira. Taffarelo dá um panorama jurídico sobre a decisão e detalha o peso das informações obtidas pelo antigo Coaf nas investigações de corrupção.
11/19/201924 minutes, 14 seconds
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Desigualdade recorde

Depois de quatro anos de crise econômica, o número de brasileiros vivendo em extrema pobreza e a distância que os separa dos mais ricos atingiram altas históricas, informa o IBGE. No episódio #61, Marcio Gomes conversa com quem estuda o problema a fundo: o economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social. E também com quem lida com ele na ponta: Rodrigo Afonso, diretor-executivo da ONG Ação da Cidadania. Neri detalha os fatores por trás dos números. E Afonso explica como a ONG organiza suas atividades, que voltaram a incluir a campanha "Natal Sem Fome".
11/18/201918 minutes, 47 seconds
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O lugar onde as tragédias das manchas de óleo e de Mariana se encontram

No episódio #60, Renata Lo Prete conversa com o repórter Eduardo Dias, que visitou o distrito capixaba de Regência. Quatro anos atrás, os pescadores que moram ali perderam seu meio de vida quando a lama da Samarco chegou à foz do Rio Doce. Agora, eles tentam se defender de um novo desastre ambiental. Além das histórias dos moradores, o episódio traz relatos de nossos repórteres no Nordeste, que atualizam a situação das praias atingidas pelo petróleo.
11/15/201920 minutes
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O programa para criar emprego para jovens, como as medidas vão funcionar e qual o alcance que podem ter

No episódio #59, Renata Lo Prete conversa com Rogério Marinho, secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, que explica ponto a ponto as medidas anunciadas na segunda-feira pelo governo. Fala também com Helio Zylberstajn, professor de economia da Universidade de São Paulo, que analisa as medidas e explica se, de fato, elas vão conseguir ajudar os jovens – parcela da população mais afetada pelo desemprego.
11/14/201922 minutes, 19 seconds
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A saída de Bolsonaro do PSL, o que o presidente vai fazer agora, e por que isso importa

No episódio #58, Renata Lo Prete conversa com Maria Cristina Fernandes sobre as causas do fim do casamento entre o presidente Jair Bolsonaro e o PSL. Maria Cristina explica a disputa em torno do fundo partidário e eleitoral - soma que chega a R$ 360 milhões só em 2020 - como fica a situação do presidente fora da sigla e o processo para a criação de um novo partido.
11/13/201923 minutes, 44 seconds
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Bolívia – Por que Evo Morales caiu e o que acontece agora no país?

No episódio #57, Renata Lo Prete conversa com Carlos de Lannoy, enviado especial da Globo a La Paz, que relata os eventos no país na esteira da renúncia do presidente. Participa também Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV. Ele explica as causas mais profundas da queda de Evo, seu legado e que forças podem formar maioria para tentar estabilizar o quadro na Bolívia.
11/12/201923 minutes, 22 seconds
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Lula solto após decisão do STF e o que acontece agora na política

No episódio #56, Márcio Gomes conversa com a repórter da Globo Mariana Oliveira, que explica as consequências da decisão do Supremo e como estão os processos contra o ex-presidente. Conversa também com Gerson Camarotti, que comenta sobre a fala de Lula após ser solto e como fica o cenário político.
11/11/201923 minutes, 25 seconds
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Cientistas alertam para a crise do clima – e o que cada um pode fazer para mudar o aquecimento do planeta

No episódio #55, Márcio Gomes conversa com Carlos Nobre, brasileiro que é um dos 11 mil cientistas que assinaram o documento que declara que vivemos uma emergência do clima. E fala também com a repórter do G1 Carol Dantas, que visitou a Amazônia duas vezes este ano e explica como o desmatamento contribuiu para o aquecimento global.
11/8/201922 minutes, 57 seconds
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As reformas econômicas do governo que podem acabar com municípios que não se bancam e diminuir o funcional

No episódio #54, Márcio Gomes conversa com Valdo Cruz, comentarista de política da GloboNews e colunista do G1. Valdo explica o que tem no plano de medidas econômicas entregue pela equipe de Paulo Guedes e como as propostas foram recebidas em Brasília.
11/7/201925 minutes, 3 seconds
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O megaleilão do pré-sal pode salvar as finanças do Brasil?

No episódio #53, Márcio Gomes conversa com Daniel Rittner, repórter do Valor Econômico, que explica de forma didática o básico: o que é a cessão onerosa? Participa também a jornalista da GloboNews Julia Duailibi, que conta como o dinheiro do leilão pode mudar as finanças do governo federal, de estados e municípios.
11/6/201921 minutes, 31 seconds
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4 anos após rompimento de barragem em Mariana, a tragédia continua

No episódio #52, Renata Lo Prete conversa com a repórter do G1 Minas Patrícia Fiuza, que voltou a Bento Rodrigues e conta como estão os atingidos. O episódio tem também a participação de Carlos Sperber, professor de ecologia da Universidade de Viçosa, que coordena uma pesquisa sobre os impactos da lama na vida do Rio Doce.
11/5/201920 minutes, 25 seconds
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30 anos da queda do Muro de Berlim, e o que aconteceu com a ordem mundial nascida desse evento

No episódio #51, Renata Lo Prete entrevista o repórter Sílio Boccanera, que trabalhou por mais de três décadas na Globo e cobriu em Berlim os acontecimentos de 9 de novembro de 1989. A outra convidada é a editora Manuela Aragão, que recentemente passou dois meses na Alemanha colhendo depoimentos de pessoas que testemunharam aquele dia e, depois, a reunificação do país.
11/4/201926 minutes, 28 seconds
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O assassino do shopping e o risco de ser solto 20 anos depois

No episódio #50, Renata Lo Prete resgata o caso que apresentou ao Brasil um tipo de crime até então considerado exclusividade de países como os Estados Unidos. Os entrevistados são a repórter da Globo Graziela Azevedo, escalada para cobrir, desde os primeiros momentos, a história do estudante de medicina que abriu fogo contra a plateia numa sessão de cinema em SP. E o jornalista do G1 Kleber Tomaz, que conversou com sobreviventes do ataque e apurou que há a possibilidade de o assassino ser solto.
11/1/201916 minutes, 42 seconds
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O caminho do ouro no Brasil - quem extrai e como isso é feito por mineradoras e garimpos

No episódio #49, Renata Lo Prete conversa com Marcos de Moura e Souza, repórter do jornal Valor Econômico, e com Bruno Feigeldon, advogado especialista em direito minerário. Marcos explica sobre os caminhos do ouro no Brasil e quem o extrai. Bruno dá um panorama sobre os regimes para exploração mineral no país.
10/31/201922 minutes, 41 seconds
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Líbano, Iraque, Chile, Bolívia, Equador, Hong Kong, Espanha... O que causa tantos protestos pelo mundo?

No episódio #48, Renata Lo Prete conversa com Guga Chacra sobre um dos temas que ele mais domina: o Líbano, com sua mistura explosiva de crise econômica aguda e corrupção na política, que acaba de derrubar o primeiro-ministro. Além do correspondente da Globo, Renata recebe o comentarista Demétrio Magnoli, que analisa diferenças e semelhanças entre movimentos de rua em países do Oriente Médio, da América do Sul, da Europa e da Ásia.
10/30/201922 minutes, 55 seconds
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O que a volta do peronismo significa para a Argentina e o que muda na relação com o Brasil

No episódio #47, Renata Lo Prete conversa com Carlos de Lannoy, repórter da TV Globo que está na Argentina, e com o economista Eduardo Crespo, professor da UFRJ. Lannoy relata como está Buenos Aires depois da vitória da chapa Fernández-Kirchner e qual deve ser o papel de Cristina no futuro governo. Eduardo Crespo explica o que deu errado na economia do governo Macri e os desafios do novo governo.
10/29/201922 minutes, 19 seconds
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Enem – como é a sala secreta onde ficam as perguntas da prova? E como não zerar a redação?

No episódio #46, Renata Lo Prete conversa com a repórter de Educação do G1 Ana Carolina Moreno e com a professora de redação Cida Custódio. Carolina Moreno conta como a prova é elaborada e fala do complexo sistema de correção. Além disso, Ana Carolina Moreno fala como a prova é preparada e as questões de segurança envolvidas na aplicação do exame. Cida Custódio dá dicas de como não zerar a redação e ainda fala quais são suas apostas de tema.
10/28/201921 minutes, 48 seconds
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O que dizem os voluntários que correm riscos para ajudar a limpar praias atingidas por óleo no Nordeste

No episódio #45, Renata Lo Prete conversa com Sidney Marcelino, gestor ambiental que é voluntário e trabalha na limpeza de praias. Para ele, a situação é 'desesperadora'. Sheylane Luz, presidente do Conselho Regional de Química de Pernambuco, fala sobre os riscos de ter contato com o petróleo. A repórter da TV Globo em Pernambuco Beatriz Castro, esteve nas praias e conta como é o trabalho dos voluntários.
10/25/201925 minutes, 19 seconds
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E agora, quando você vai poder se aposentar? Entenda como fica sua aposentadoria com a nova Previdência

No episódio #44, Renata Lo Prete conversa com Leonardo Rolim, secretário de Previdência do Ministério da Economia. Qual a principal mudança no cálculo do valor das aposentadorias? Como fica a regra de transição? Qual a orientação para os brasileiros após a reforma? O secretário responde a estas e a outras perguntas.
10/24/201922 minutes, 38 seconds
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Bolívia, novo foco de protestos na América do Sul, com a vitória de Evo sob suspeita de fraude eleitoral

No episódio #43, Renata Lo Prete conversa com Freddy Suarez, jornalista boliviano, que fala direto de La Paz. E Everaldo de Andrade, professor de história contemporânea da USP. Freddy relata a turbulência nas ruas e os movimentos da oposição para contestar a lisura do pleito que deu a Evo seu 4º mandato de presidente. Everaldo explica as particularidades históricas e econômicas do quadro boliviano, e o que pode acontecer agora.
10/23/201919 minutes, 18 seconds
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Caos no Chile. Mortes, depredação e as Forças Armadas nas ruas pela primeira vez desde o fim da ditadura

No episódio #42, Renata Lo Prete conversa com Dennis Barbosa, editor de Mundo do G1, e com Leandro Gavião, doutor em história política pela UERJ e professor da Universidade Católica de Petrópolis. Dennis conta como está a situação no Chile depois de um fim de semana de muita violência. Leandro analisa as semelhanças com os protestos de 2013 no Brasil e explica as causas das atuais manifestações.
10/22/201922 minutes, 50 seconds
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K-pop, a onda sul-coreana que produz hits planetários e levanta debate sobre a superexposição dos ídolos

No episódio #41, Renata Lo Prete conversa com Rodrigo Ortega, repórter de música do G1, e Babi Dewet, uma das autoras do livro 'K-Pop: Manual de Sobrevivência' e apresentadora do podcast KPAPO. Ortega explica a origem desse movimento e o que a Coreia do Sul ganha ao investir no gênero musical. Babi fala do processo de seleção e preparação dos ídolos e de como o Brasil está na rota do K-pop -além de ensinar um pouco de coreano para Renata.
10/21/201921 minutes, 32 seconds
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Vazamento de áudios, mais um episódio da crise no casamento de Bolsonaro e o PSL e suas consequências

No episódio #40, Renata Lo Prete conversa com o repórter Nilson Klava direto do Congresso Nacional sobre os detalhes do desentendimento entre os integrantes do PSL. Nilson Klava explica a confusão na disputa pela liderança da sigla na Câmara.
10/18/201922 minutes, 19 seconds
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O julgamento sobre prisão em 2ª instância no STF e o que está envolvido na decisão

No episódio #39, Renata Lo Prete conversa com Mariana Oliveira, repórter da TV Globo que cobre o STF, com o advogado Walfrido Warde e com o promotor Fabio Bechara. Mariana explica o que será julgado e a expectativa sobre a decisão dos ministros. Warde e Bechara dão argumentos contra e a favor a prisão após julgamento em segunda instância.
10/17/201921 minutes, 43 seconds
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A limpeza das praias atingidas por petróleo no Nordeste e o que ainda precisa ser feito

No episódio #38, Renata Lo Prete traz relatos de repórteres da Globo em vários Estados da região sobre o trabalho de profissionais e voluntários. E entrevista o professor Ícaro Moreira, da Universidade Federal da Bahia, especialista na recuperação de áreas costeiras atingidas por atividade petrolífera.
10/16/201924 minutes, 11 seconds
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A aliança dos curdos com a Síria depois da saída das tropas dos EUA do norte do país

No episódio #37, Renata Lo Prete conversa com o jornalista Guga Chacra sobre a reconfiguração de forças no Oriente Médio a partir do movimento de retirada de Donald Trump. O papel da Rússia e o futuro do Estado Islâmico.
10/15/201919 minutes, 16 seconds
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A informalidade recorde, o futuro do trabalho e como se preparar para a automação no Brasil

No episódio #36, Renata Lo Prete conversa com Ruy Braga, sociólogo da USP, sobre a precarização do emprego e suas consequências. Entrevista também Bruno Villas Bôas, jornalista do Valor Econômico, autor da reportagem sobre o impacto dos robôs em diferentes profissões nos próximos 20 anos.
10/14/201920 minutes, 9 seconds
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Equador, o novo foco de instabilidade na América do Sul

No episódio #35, Renata Lo Prete conversa com a jornalista Maria Teresa Escobar, que cobre em Quito a violenta onda de protestos contra o governo do presidente Lenín Moreno. E com o sociólogo Gustavo Menon, autor de teses de mestrado e doutorado sobre o país.
10/11/201920 minutes, 36 seconds
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A crise no casamento de Jair Bolsonaro com o PSL

No episódio #34, Renata Lo Prete recebe no estúdio a comentarista Natuza Nery. As duas conversam sobre a ameaça do presidente de deixar o partido pelo qual se elegeu no ano passado. Avaliam os riscos para ambas as partes e os possíveis desfechos dessa história.
10/10/201917 minutes, 21 seconds
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De onde veio o petróleo que mancha praias do Nordeste, e os danos que ele pode causar

No episódio #33, Renata Lo Prete conversa com Ardilhes Moreira, editor de Natureza do G1, e César Coelho, engenheiro de pesca do projeto Tamar. Ardilhes conta em que pé estão as investigações sobre a origem do petróleo que atinge mais de 130 pontos do litoral do Nordeste. César explica os riscos para espécies marinhas, especialmente as tartarugas, e diz o que pode ser feito.
10/9/201919 minutes, 27 seconds
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Protestos em Hong Kong testam limites na China

No episódio, Renata Lo Prete traz relatos de brasileiros que vivem no território semiautônomo da China. Conversa com a jornalista Luiza Duarte, outra residente, que em 2014 cobriu a “Revolta dos Guarda-Chuvas” e também acompanha as atuais manifestações. E com o diplomata Fausto Godoy, que serviu na China. Ele explica as origens e os limites do movimento pró-democracia.
10/8/201924 minutes, 57 seconds
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A canonização de irmã Dulce, a primeira santa nascida no Brasil

Santa Dulce dos Pobres será canonizada no dia 13 de outubro pelo Papa Francisco. Nascida na Bahia, Maria Rita tem dois milagres atribuídos a ela pelo Vaticano. Neste episódio, Renata Lo Prete conversa com Graciliano Rocha, jornalista autor da biografia de irmã Dulce. Conversa também com Zé Raimundo, repórter da TV Globo que conheceu a santa e conta histórias de quem conviveu com a freira baiana.
10/7/201924 minutes, 16 seconds
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A investigação e as novas prisões do caso Marielle

O que falta para solucionar o caso Marielle Franco? Nesta quinta-feira a investigação deu novos passos: mais quatro pessoas foram presas. Mais de um ano e seis meses depois do crime, ainda não se sabe quem mandou matar a vereadora do Rio de Janeiro. Renata Lo Prete conversa com Leslie Leitão, jornalista da TV Globo. Leslie, que chegou ao local do crime minutos depois dos disparos que mataram Marielle e o motorista Anderson, conta o que muda a partir destas prisões e explica como estão as investigações.
10/4/201923 minutes, 40 seconds
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Adoção de crianças e adolescentes - as iniciativas que mudam o processo no Brasil

O novo Sistema Nacional de Adoção promete agilizar o processo no Brasil – juntando famílias que pretendem adotar e crianças aptas a serem recebidas. Para falar sobre um aplicativo que conecta essas duas pontas, sobre como é o processo atual e quais as perspectivas para o futuro, Renata Lo Prete conversa com Iberê Dias e com Isabela Scalabrini. Iberê é juiz titular da Vara da Infância e Juventude de Guarulhos, em São Paulo. Isabela é jornalista da Globo.
10/3/201923 minutes, 29 seconds
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O que vai mudar na educação do Brasil com a queda no número de nascimentos?

O envelhecimento da população vai diminuir o número de alunos nas salas de aula – o impacto será sentido por professores e também nas políticas públicas para educação. Renata Lo Prete fala com os jornalistas Luisa Sá e Alan Severiano. Luisa fala dos números: explica o patamar em que estamos hoje e o que pode mudar com a queda na taxa de natalidade. Alan relata o que viu em escolas do Pará, de Pernambuco e de São Paulo.
10/2/201920 minutes, 11 seconds
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Quem é Rodrigo Janot, o ex-procurador-geral que disse ter ido armado ao STF para matar Gilmar Mendes - e a

A declaração do ex-procurador-Geral da República é mais um ingrediente na tumultuada relação entre Ministério Público Federal e Supremo. Quais são os efeitos da fala de Janot? Para falar sobre esse assunto, Renata Lo Prete conversa com Isabela Camargo, repórter da TV Globo, e com Rubens Glezer, professor de Direito da FGV-SP.
10/1/201922 minutes, 54 seconds
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As vítimas de tráfico humano e o que o Brasil faz para combater esse crime

Terceira atividade criminosa mais lucrativa do mundo, o tráfico humano faz milhares de vítimas por ano. Para falar sobre isso, Renata Lo Prete conversa com Candice Carvalho, correspondente da Globonews em Nova York, e com Renata Braz, do Ministério da Justiça. Candice conta histórias de vítimas de tráfico humano no exterior, entre elas uma brasileira. Renata Braz explica como o Brasil se mobiliza para combater esse crime.
9/30/201922 minutes, 18 seconds
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Sirius, o laboratório do tamanho de um estádio de futebol que vai transformar a ciência feita no Brasil

Sirius, que leva o nome da estrela mais brilhante do céu noturno, é o laboratório gigantesco no interior de São Paulo que vai revolucionar a ciência no Brasil. Para falar sobre esse laboratório, Renata Lo Prete conversa com José Roque, diretor do Sirius, e com Fernando Evans, repórter do G1 Campinas que entrou no laboratório. Roque explica como o Sirius funciona. Fernando Evans conta como estão as obras e como o contingenciamento do governo afeta a conclusão do projeto.
9/27/201920 minutes, 58 seconds
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Impeachment de Trump, as chances de o processo avançar e como isso muda a eleição dos EUA

Uma ligação telefônica entre Trump e o presidente da Ucrânia levou à abertura de um processo de impeachment contra o presidente dos EUA. Márcio Gomes conversa com Raquel Krähenbühl, correspondente da Globo em Washington, e com Helio Gurovitz, colunista do G1, sobre as consequências desse processo – e como isso pode afetar a eleição presidencial de 2020 no país.
9/26/201922 minutes, 19 seconds
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O discurso de Bolsonaro na ONU e seus reflexos para a imagem do Brasil

Marcio Gomes conversa com Sandra Cohen, colunista do G1. Sandra comenta os principais pontos citados pelo presidente em seu discurso de abertura na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
9/25/201918 minutes, 13 seconds
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Como a morte da menina Ágatha reabriu discussão sobre o pacote do ministro Sérgio Moro

Márcio Gomes conversa com o comentarista de segurança da TV Globo, Fernando Veloso, que explica as políticas públicas de combate ao crime. Já a repórter Fernanda Calgaro fala como a morte reacendeu o debate sobre um dos itens do pacote anticrime do ministro.
9/24/201920 minutes, 36 seconds
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A emergência do clima - ainda dá tempo de salvar o planeta?

Nesta segunda-feira, líderes mundiais se reúnem em Nova York para debater planos de redução das emissões de gases do efeito estufa. Para entender o que é o aquecimento global, Renata Lo Prete conversa com o economista Sergio Besserman, que explica as consequências das mudanças climáticas, e o que pode ser feito para mudar essa crise.
9/23/201922 minutes, 57 seconds
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As contradições do caso Flordelis e como a deputada passou a ser suspeita da morte do marido

A deputada federal Flordelis estava com o pastor Anderson do Carmo, marido dela, quando ele foi assassinado. Os dois chegavam em casa, em Niterói, quando ele foi atingido por vários tiros. O jornalista Felipe Freire conta as várias versões para o crime – e como a deputada passou a ser suspeita.
9/20/201921 minutes, 17 seconds
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Dinheiro para campanhas eleitorais - e como o Congresso quer mudar as regras do jogo

Renata Lo Prete conversa com Nilson Klava e Bruno Carazza. Nilson fala de como estão as negociações no Congresso sobre o fundo eleitoral. Carazza explica como é nosso sistema de financiamento de campanhas – e o que poderia ser mudado.
9/19/201924 minutes, 5 seconds
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Existe risco de guerra após os ataques na Arábia Saudita?

Por que os Estados Unidos acusam o Irã de atacar uma refinaria na Arábia Saudita? O que pode acontecer com os conflitos na região e como ficam a economia e o petróleo brasileiros? Renata Lo Prete conversa com os comentaristas Guga Chacra e João Borges para esclarecer essas questões.
9/18/201923 minutes, 42 seconds
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O Zimbábue depois da morte do ditador que ficou 4 décadas no poder

Renata Lo Prete conversa com o repórter Vinícius Assis, que esteve no Zimbábue no fim de semana. Vinícius relata a situação do país, conta sua experiência lá e traz detalhes da famosa mansão azul do ex-ditador. O antropólogo Peter Fry, que viveu no país e hoje vive no Brasil, dá um panorama geral do governo de 37 anos do ex-ditador Robert Mugabe.
9/17/201925 minutes, 39 seconds
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Maconha medicinal - quem é beneficiado e quem pode cultivar no Brasil?

Renata Lo Prete conversa com André Resende, do G1 Paraíba, que visitou a única associação do Brasil que tem autorização para cultivar a planta. O neurologista Eduardo Faveret explica para quais pacientes a maconha medicinal é prescrita.
9/16/201924 minutes, 11 seconds
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Como sacar o FGTS e o que fazer com seu dinheiro

Renata Lo Prete conversa com o vice-presidente de fundos de governo da Caixa e com Ricardo Rocha, do Insper, que dá dicas de como aproveitar os recursos das contas.
9/13/201921 minutes, 19 seconds
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A polêmica sobre uma nova CPMF e como ela ajudou a derrubar o secretário da Receita

Renata Lo Prete conversa com Valdo Cruz, colunista do G1, sobre a nova CPMF e como ela foi a gota d'água para a queda do secretário especial da Receita Marcos Cintra. O economista Carlos Góes conta como a "nova CPMF" pode impactar no cotidiano dos brasileiros.
9/12/201920 minutes, 26 seconds
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O impacto da crise na Argentina - para eles e para nós

Renata Lo Prete conversa com Ariel Palácios e Sergio Fausto. Ariel, que vive na Argentina há 24 anos, conta o que mudou na vida por lá e explica o que essa crise tem de diferente das outras. Sergio Fausto, cientista político, explica as semelhanças e diferenças entre Brasil e Argentina.
9/11/201922 minutes, 13 seconds
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Como fica a Procuradoria-Geral da República sob nova direção?

Bolsonaro escolheu o subprocurador Augusto Aras para o cargo de procurador-geral da República: quais as consequências da indicação para o Ministério Público e para o governo? Renata Lo Prete conversa com o jornalista Matheus Leitão e com o cientista político Fabio Kerche para responder esta e outras perguntas.
9/10/201922 minutes, 42 seconds
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O Assunto #11: A nova corrida espacial e por que a Índia quer pousar na Lua e achar água

O Assunto são os novos atores da corrida espacial. No episódio desta segunda-feira, Renata Lo Prete conversa com Cássio Barbosa, astrofísico e colunista do G1, sobre o recente tropeço da Índia e os esforços de outros países para integrar o seleto clube das potências com missões bem-sucedidas à Lua. Participa também a repórter Sandra Coutinho, que, nos EUA, visitou a Nasa para conhecer de perto o treinamento de mulheres para a missão Artêmis.
9/9/201923 minutes, 44 seconds
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A saúde de Bolsonaro 1 ano depois da facada - por que uma nova cirurgia e o que a PF ainda investiga

Renata Lo Prete conversa com César Menezes, repórter que acompanha a evolução do quadro do presidente desde o dia do ataque. Ele relembra a aflição das primeiras horas e a maratona hospitalar, além de trazer as últimas informações sobre a cirurgia deste domingo. Já a repórter Camila Bomfim conta bastidores das investigações da PF. Em maio deste ano, o agressor, Adélio Bispo, foi considerado inimputável pela Justiça. Nesta semana, a polícia pediu a prorrogação do segundo inquérito por mais 90 dias.
9/6/201920 minutes, 37 seconds
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A voz e a luta dos índios xikrin contra invasores na Amazônia

Renata Lo Prete conversa com o repórter Victor Ferreira, da GloboNews, que foi à Terra Indígena Trincheira-Bacajá, entre os dois municípios paraenses com maior área desmatada e mais focos de incêndios neste ano: Altamira e São Félix do Xingu. Na região, vivem os índios da etnia xikrin, que vem denunciando ameaças de morte e invasões dentro da terra indígena, além de áreas com desmatamento e garimpos ilegais. O repórter conta essa história, fala sobre como os indígenas reagem à construção da usina hidrelétrica de Belo Monte e aos invasores. Victor conta o que viu, e ouviu, de devastação.
9/5/201921 minutes, 24 seconds
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A seca de recursos para pesquisa no Brasil

Para discutir as consequências dos cortes anunciados pelo governo nas bolsas do CNPq e da Capes, Renata Lo Prete ouve Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, e Ardilhes Moreira, editor de educação do G1. Nesta semana, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (Capes) anunciou a suspensão de 5.613 bolsas de estudo, a partir desse mês. É o terceiro corte anunciado. Na prática, novos pesquisadores não serão aceitos em 2019. Já o CNPQ a situação não é muito diferente – a concessão de novas bolsas está suspensa e os atuais bolsistas correm o risco de parar de receber o dinheiro já neste mês.
9/4/201922 minutes, 43 seconds
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30 anos do voo Varig 254, e o que mudou na aviação brasileira depois do acidente

Episódio relembra a queda do Boeing 737-200, em 1989. Renata Lo Prete conversa com Mônica Waldvogel, que cobriu o acidente na época, e com Ricardo Gallo, jornalista especializado em transporte aéreo.
9/3/201924 minutes, 23 seconds
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A queda no número de assassinatos no Brasil

Renata Lo Prete conversa com Thiago Reis, editor do Monitor da Violência, Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, e com Thais Itaqui, repórter da GloboNews.
9/2/201923 minutes, 19 seconds
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A lenta retomada da economia brasileira

Renata Lo Prete ouve a jornalista Miriam Leitão e o economista José Roberto Mendonça de Barros sobre o avanço tímido do PIB no segundo trimestre deste ano.
8/30/201918 minutes, 51 seconds
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A volta do sarampo e a necessidade de vacinação

Renata Lo Prete conversa com Helena Sato e Francisca Andrade, especialistas na área de saúde, e com Fabiane Leite, jornalista da TV Globo especializada em jornalismo de Saúde. Elas explicam: o que é o sarampo? E como o Brasil, que chegou a eliminar a doença, vê agora uma nova explosão de casos. E o que pode ser feito para reverter a baixa na cobertura vacinal da população?
8/29/201923 minutes, 1 second
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40 anos depois, o que significa a Lei de Anistia?

No episódio, Fernando Gabeira conta sobre sua volta do exílio após ser contemplado pela anistia, e o historiador Marcos Napolitano explica as particularidades da lei brasileira.
8/28/201920 minutes, 48 seconds
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Sete meses após Brumadinho, a saga de uma sobrevivente

No episódio, a jornalista do G1 Minas Gerais Thais Pimentel conta a história de Talita Oliveira, a última sobrevivente do rompimento da barragem a receber alta. E como está Brumadinho?
8/27/201922 minutes, 28 seconds
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O Assunto #01: Amazônia em chamas

Episódio de estreia discute as queimadas na Floresta Amazônica. Por que o mundo voltou os olhos para o Brasil agora? Participam o repórter do Fantástico Álvaro Pereira Júnior e Ane Alencar, diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
8/26/201920 minutes, 41 seconds
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Conheça "O Assunto"

Um grande assunto do momento discutido com profundidade. Estreia: 26/08/2019.
8/21/20191 minute, 22 seconds